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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MILTON FABIANO CAMARGO e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo,

protocolado em 03/05/2022 às 17:06 , sob o número 10008546220228260274.


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MILTON FABIANO CAMARGO – OAB/SP 179.759

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


COMARCA DE ITÁPOLIS – ESTADO DE SÃO PAULO.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000854-62.2022.8.26.0274 e código D09A5E1.
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Júlio Domingos Soares, brasileiro, casado, aposentado,


portador do RG nº 12.160.807 e do CPF nº 002.834.348-48, com endereço na
Rua do Café, nº 690, Centro, Itápolis-SP, por intermédio de seu advogado que
assina digitalmente (tel.: 16 99765-9885), vem aos autos para propor a
presente Ação de Reparação de Danos Morais em face Luiza Cred S.A.
Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento, CNPJ nº
02.206.577/0001-80, com endereço na Rua Amazonas, nº 27, Vila Guilherme,
CEP 02051-001, São Paulo – SP e Serasa S.A., pessoa jurídica devidamente
inscrita no CNPJ nº 62.173.620/0001-80, Avenida das Nações Unidas, nº
14401, Torre C-1, cond. parque da cidade, conj. 191-192-201-202-211, conj.
212-221-222-231- 232, conj. 241 e 242, Vila Gertrudes, CEP: 04.794-000, São
Paulo/SP (atende.serasa@br.experian.com), tendo em vista os fatos, motivos
e fundamentos a seguir expostos:

Trata-se de questão envolvendo falha na relação de


consumo, consubstanciada na inobservância legal do dever de prévia
notificação de anotação em cadastro de inadimplentes que resultou em danos
de ordem moral ao consumidor, ora requerente.

O juízo da presente Comarca revela-se competente para a


propositura da presente ação, nos termos do artigo 101, I, do Código de
Defesa do Consumidor.

RUA ODILON NEGRÃO, Nº 520, SALA 02, CENTRO, ITÁPOLIS/SP


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Em relação aos fatos, temos que no dia 14 de abril de


2022 o requerente foi até o comércio local para realizar a compra de uma
lavadora de roupas, sendo surpreendido no momento de pagar pelo produto

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com a informação de que seu nome estava negativado e que a conclusão da
compra não poderia ser concretizada. 2

Verdadeiro rugir de face, o requerente ficou extremamente


constrangido, tamanha a sensação de vergonha e indignação, já que não estava
sabendo de nenhuma dívida, tendo em vista levar seus pagamentos sempre em
dia.

Diante da situação desagradável, o requerente indagou ao


vendedor da loja onde tentava comprar a máquina de lavar roupas sobre a
origem da referida negativação, obtendo a informação de que se tratava de um
apontamento solicitado pela empresa Magazine Luiza.

O requerente já havia comprado na indicada empresa,


porém, nunca teve notícias de existiam eventuais dívidas junto à mesma.

Transtornado, e sem conseguir concretizar a compra, o


requerente então se dirigiu à unidade local da rede Magazine Luiza para
esclarecer os fatos.

Chegando lá foi dito pelo funcionário da empresa


requerida que constava um débito em seu nome no valor de R$ 151,50 e que
se o mesmo fosse pago naquele momento haveria um desconto de R$ 102,66
(o requerente pagaria, portanto, o valor de R$ 48,84).

O requerente não reconheceu o tal débito e alegou que


todas as contas com a empresa estavam quitadas, indagando o funcionário da
empresa sobre do que se tratava, alegando este que não sabia exatamente qual
era a origem do débito.

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Diante do constrangimento, nervoso e querendo se ver


livre da restrição, o requerente decidiu pagar a importância – até pelo valor
que estavam cobrando –, mas não sem antes manifestar sua indignação e pedir

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para que a empresa desse informações objetivas sobre a cobrança
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Mas o funcionário se limitou a dizer que não tinha acesso
às informações, já que as operações de crédito da empresa se davam por
setores ou empresas distintas, sendo liberado para o consumidor apenas a
proposta de renegociação e o boleto para pagamento.

Feito o pagamento, a promessa era de que o nome do


requerente sairia das listas de maus pagadores dentro de até cinco dias, com o
comprovante de pagamento em mãos, a primeira loja onde o requerente
negociava a compra da lavadora acabou liberando a venda.

Apesar de ter realizado o pagamento o requerente não se


conformou com a situação e, chegando em sua casa, começou a investigar
com a ajuda de familiares a origem do tal apontamento.

Aqui cabe esclarecer que no dia 27 de Junho de 2020 o


requerente de fato comprou na loja requerida um refrigerador duplex 2 portas
de 437 litros, marca Consul, conforme mostra a cópia da nota fiscal anexa.

Naquela ocasião, diante das inúmeras “vantagens”


apresentadas pela loja, o pagamento foi ajustado de forma parcelada, com a
venda sendo feita por meio de um cartão de crédito (cartão Magazine Luiza nº
5305 9904 1445 1453). O requerente pagou R$ 1.000,00 (mil reais) de entrada
e mais 09 (nove) parcelas no valor de R$ 226,88.

A geladeira saiu pelo preço de R$ 2.831,98, sendo que a


acionada também vendeu um seguro residencial ao requerente no valor de R$

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209,90, totalizando uma compra no valor de R$ 3.041,92, conforme mostram


os documentos anexados.

Apesar da venda ter sido feita por meio de cartão de

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crédito, a requerente nunca recebeu nenhuma fatura, sendo todas as parcelas
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pagas diretamente na loja.

Ocorre que alguns meses após o pagamento da última


parcela, feita mais precisamente no dia 14.04.21, o requerente decidiu cancelar
o cartão de crédito, já que na verdade nunca foi usuário de cartão de crédito e
só mesmo aceitou a modalidade devido às condições de parcelamento na
aquisição do refrigerador.

Foi então que, se dirigindo à loja acionada no mês de


setembro de 2021, o requerente solicitou o cancelamento do cartão,
assegurando-lhe o funcionário na ocasião que o cliente nada mais devia, que
não havia mais nenhuma pendência a ser liquidada.

A vida seguiu até o lamentável (e já narrado) episódio


onde o requerente tomou conhecimento de forma vexatória de que seu nome
estava negativado.

Diante de todo o imbróglio e não obtendo


esclarecimentos adequados junto à loja do Magazine Luiza, o requerente
entrou em contato com a requerida por meio do seu canal de atendimento por
telefone, quando finalmente obteve informações mais precisas a respeito da
origem da negativação do seu nome.

Segundo o que lhe foi passado, a última parcela da compra


do refrigerador vencia no dia 09.04.21, tendo sido ela paga pelo requerente no
dia 14.04.21, no terceiro dia útil após o vencimento.

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Segundo a empresa isto teria gerado um encargo


financeiro ao requerente no valor de R$ 24,00, que teria ficado “em aberto”
até o momento em que o cartão fora cancelado.

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A informação dada por telefone também é imprecisa, pois,
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conforme mostra o cupom fiscal emitido no dia da compra do refrigerador, os
dia para vencimento da fatura era o dia 12. Verificando o calendário, notamos
que dia 09 de abril de 2021, sendo o dia vencimento o dia 12 (segunda-feira),
com a parcela sendo paga no dia 14 daquele mês e ano.

Para o autor, no entanto, o pagamento havia abrangido


tudo, com acréscimos, eventuais juros, etc, a exemplo do que já havia
acontecido anteriormente quando do pagamento de outras parcelas, como por
exemplo, a referente ao mês de janeiro de 2021 (anexa), assim como pelo fato
de que nada foi computado ou mencionado pelo atendente quando do
pagamento da última parcela ou no momento em que o requerente pediu o
cancelamento do cartão.

A empresa silenciou, mas de forma açodada encaminhou o


nome do requerente para ficar negativado por meses e meses.

O nome disso é desídia, falta de respeito com o


consumidor e certeza de impunidade.

Como já mencionado, a última parcela foi paga no mês de


abril de 2021 e o cancelamento do cartão se deu no mês de setembro daquele
mesmo ano, momento em que foi assegurado ao cliente que não havia
nenhum débito ou encargo a ser saldado.

Para o requerente estava tudo certo, sendo que durante


todo este tempo o mesmo nunca teve notícias de juros e encargos, da mesma
forma que nunca foi notificado a respeito da suposta dívida, dívida que,

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conforme mostram os documentos, foi sendo acumulada pela requerida até


atingir a importância de R$ 151,50, que posteriormente, com os “descontos”
de renegociação, foi reduzida para R$ 48,48.

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O requerente descobriu que seu nome foi incluído nas
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listas de restrição já no dia 09 de junho de 2021, no mês seguinte ao
pagamento da última parcela.

O fato é que o requerente já estava negativado há meses


quando solicitou o cancelamento do cartão, momento no qual, repita-se, a
empresa Magazine Luiza (Luizacred) assegurou que não havia nada a ser
quitado.

Ao mesmo tempo, nenhum aviso de cobrança ou de


inscrição nos cadastros de maus pagadores foi enviado ao requerente com
antecedência, resultando a conduta abusiva e negligente das requeridas na
situação constrangedora e absolutamente desnecessária pela qual passou o
requerente ao ser barrado na outra loja.

O requerente nunca mudou de endereço (mora no mesmo


lugar há mais de dez anos), tampouco alterou seus dados cadastrais, de
maneira que o nome do requerente ficou negativado indevidamente por
praticamente um ano, sujeito a inúmeras consultas (conforme mostra relatório
anexo) e avaliações depreciativas, vindo o mesmo a saber da existência do tal
saldo devedor apenas e tão somente no momento em que teve seu crédito
negado, barrado em público no meio da loja.

No que diz respeito à empresa Serasa, como sendo a


responsável pelas anotações solicitadas pela primeira acionada (pelas
empresas, de uma maneira geral), de rigor a adoção dos mesmos cuidados e
estrita observância das determinações legais com relação ao envio de prévio
aviso, sendo, portanto, igualmente responsável pelos danos aqui relatados.

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O requerente sente-se lesado e para tanto busca a devida


reparação pela via judicial, já que extrajudicialmente as referidas empresas
jamais adotarão qualquer medida neste sentido.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000854-62.2022.8.26.0274 e código D09A5E1.
Antes de prosseguir com a exposição dos direitos e
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formulação dos pedidos, vale ressaltar a aplicação das disposições do Código
de Defesa do Consumidor, que em seus artigos 2º e 3º especifica:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que


adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade
de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo
nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública
ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou
imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Os documentos acostados demonstram a verossimilhança


dos fatos, ao mesmo tempo em que o requerente não tem como fazer prova
da ausência da comunicação prévia, por ser ela prova negativa ou diabólica,
situação em que o ônus de provar o cumprimento da providência é da parte
ré, dada a dificuldade natural de se produzir este tipo de prova.

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No que tange à proteção e garantias do consumidor, o


artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor determina que:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

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I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos
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provocados por práticas no fornecimento de produtos e
serviços considerados perigosos ou nocivos;

(...)

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais


e morais, individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com


vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a
proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com


a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias
de experiências;

IX - (Vetado);

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em


geral.

Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do


caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com
deficiência, observado o disposto em
regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
(Vigência)

Mais especificamente, temos que houve a prática abusiva e


consequentemente lesiva, já que o requerente não foi comunicado que ainda
tinha alguma dívida, tampouco que teria seu nome negativado, em claríssimo
desrespeito ao disposto no § 2º do artigo 43 do CDC, que determina:

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Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86,


terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas,
registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre
ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.

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§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser
objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil 9
compreensão, não podendo conter informações negativas
referentes a período superior a cinco anos.

§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados


pessoais e de consumo deverá ser comunicada por
escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.

(...)

Portanto, dado o grau de reprovabilidade da conduta ilícita,


evidente o dano de ordem moral, uma vez que a autor experimentou
sentimento de violação que atingiu seu senso de preservação de dignidade e de
honra, gerando assim abalo decorrente do fato de ter sido exposto a ridículo.

A situação revela, pois, a falta de segurança na prática


comercial, de maneira que torna vulneráveis os consumidores a não terem
nem os mais básicos dos seus direitos respeitados.

Para Sérgio Cavalieri Filho (Programa de Responsabilidade


Civil, 6ª edição, Malheiros, 2005, p. 103) reflete que “não se pode ignorar a
necessidade de se impor uma pena ao causador do dano moral, para não
passar impune a infração e, assim, estimular novas agressões. A indenização
funcionará também como uma espécie de pena privada em benefício da
vítima”.

Caio Mário (2002, p.54) considera o dano moral como


“qualquer sofrimento humano que não é causado por uma perda pecuniária e

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abrange todo atentado à sua segurança e tranquilidade, ao seu amor


próprio,estético, à integridade de sua inteligência, às suas afeições, etc...”

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Por isso a má prática deve ser reparada, e isto em
contemplação à tríplice função da indenização por danos morais, que é 10

ressarcitória, punitiva e pedagógica.

Portanto, este aspecto punitivo de uma indenização por


danos morais deve ser contemplado, pois sua finalidade não é a de
simplesmente garantir à vítima o recebimento de algum dinheiro, mas o de
servir como desestímulo para que o fornecedor não volte a incidir na mesma
reprovável prática.

Fica demonstrado, portanto, o nexo causal entre a conduta


das empresas que agiram em conjunto na comercialização e cobrança do
seguro e os danos suportados pela autora, que despendeu valores que não
eram devidos e agora se vê obrigada a buscar o Judiciário para obter a
reparação.

O Código Civil Brasileiro determina que:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

(...)
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo
único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo

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autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os


direitos de outrem.

Já o Código de Defesa do Consumidor estabelece:

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Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação 11
dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação de serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.

E nesse sentido é a jurisprudência:

Ação declaratória de cancelamento de registro c.c. indenização por


danos morais – legitimidade passiva "ad causam" da SPC BRASIL -
a orientação do C. STJ é no sentido de atribuir a responsabilidade
pela notificação prévia, mesmo em se tratando de informações
constantes do CCF, aos órgãos mantenedores dos cadastros de
proteção ao crédito, os quais divulgam tais informações – Súmula
359/STJ - "in casu", ausente prova da prévia comunicação ao
consumidor da negativação dos seu nome, prevista no art. 43, § 2º,
do CDC - direito do postulante de exclusão da anotação
desabonadora e à compensação por danos morais – - desnecessária
comprovação dos prejuízos - fixação do "quantum debeatur",
segundo padrões desta Corte - demanda parcialmente procedente -
sucumbência recíproca – recursos do autor e da ré improvidos.* (TJ-
SP - AC: 10022647220198260077 SP 1002264-72.2019.8.26.0077,
Relator: Jovino de Sylos, Data de Julgamento: 09/03/2021, 16ª
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 14/03/2021)

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Inscrição


do nome do consumidor em cadastro de inadimplentes sem a devida
comunicação. Ação ajuizada em face do órgão mantenedor do
cadastro. Sentença de improcedência. Irresignação da parte autora.
Sentença suficientemente fundamentada. Observância do art. 93, IX,
da CF, e do artigo 489, § 1º, do CPC/15, na hipótese. Nulidade
inexistente. Órgão de Proteção ao Crédito que disponibilizou, sem
prévia comunicação, dados existentes no Cadastro de Emitente de
Cheques sem Fundos – CCF. Banco de acesso restrito ao público.
Necessidade de prévia comunicação ao consumidor acerca da
negativação de seu nome. Dever de informação que não foi
observado, nos termos da Súmula nº 359 do E. STJ. Baixa da
inscrição determinada. Dano moral configurado. 'Quantum'
indenizatório fixado em R$5.000,00. Precedentes. Juros moratórios
que devem incidir a partir do evento danoso (Súmula 54 do STJ) e
correção monetária a partir do arbitramento. Ação julgada

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MILTON FABIANO CAMARGO – OAB/SP 179.759

procedente. Ônus de sucumbência invertido. Honorários


advocatícios fixados em 20% do valor da condenação. Recurso
provido em parte. (TJ-SP - AC: 10412314720198260576 SP
1041231-47.2019.8.26.0576, Relator: Walter Barone, Data de
Julgamento: 30/03/2020, 24ª Câmara de Direito Privado, Data de

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Publicação: 30/03/2020).
DIREITO DO CONSUMIDOR. NEGATIVAÇÃO SEM
PRÉVIA COMUNICAÇÃO AO DEVEDOR. VIOLAÇÃO AO 12
CDC. DANOS MORAIS. A entidade cadastral é responsável por
proceder à inclusão do nome dos consumidores inadimplentes em
seus arquivos; responde civilmente nas hipóteses em que não
notificar previamente o consumidor acerca da negativação de seu
nome/CPF. O dano moral é re ipsa: dispensa a comprovação de
mácula aos direitos da personalidade, uma vez que decorrente do
próprio ato ofensivo. Recursos conhecidos e não providos.
Unânime. (TJ-DF 20100111042428 DF 0038149-47.2010.8.07.0001,
Relator: WALDIR LEÔNCIO LOPES JÚNIOR, data de
julgamento: 26/09/2012, 2ª Turma Cível, Data de Publicação:
Publicado no DJE : 04/10/2012 . Pág.: 103).

Por isso, colocados os fatos e fundamentado o direito,


sem a necessidade de maiores delongas, o autor pede:

a) A citação das requeridas para, querendo, apresentarem


defesa, sob pena de serem reputados como verdadeiros os fatos ora alegados,
nos termos do art. 285 e 319 do Código de Processo Civil;

b) A inversão do ônus da prova, nos termos do artigo 6º,


inciso VIII, do CDC;

c) A concessão dos benefícios da assistência judiciária nos


termos do artigo 98 e seguintes do CPC;

d) Seja julgada totalmente procedente a presente ação para


condenar as requeridas a pagarem a importância de R$ 10.000,00 (dez mil
reais) a título de danos morais; valor pedido com parcimônia, considerando a
pluralidade de partes e o aspecto pedagógico da necessária condenação, bem

RUA ODILON NEGRÃO, Nº 520, SALA 02, CENTRO, ITÁPOLIS/SP


Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MILTON FABIANO CAMARGO e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 03/05/2022 às 17:06 , sob o número 10008546220228260274.
fls. 13

MILTON FABIANO CAMARGO – OAB/SP 179.759

como, condenando as acionadas no pagamento de todas as custas, despesas e


honorários advocatícios;

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000854-62.2022.8.26.0274 e código D09A5E1.
e) Nos termos do artigo 319, VIII, do Código de Processo
Civil, o autor informa que não tem interesse na realização de audiência 13

de conciliação, tendo em vista que em diversos outros casos onde as


acionadas são parte, sequer propostas de acordo são apresentadas, o que torna
oportuna a dispensa da aludida audiência conciliatória. Ademais, uma vez
citadas, as partes poderão tratar de um eventual acordo diretamente por meio
de seus advogados, podendo, inclusive, apresentarem as respectivas propostas
por escrito.

O requerente protesta provar o alegado por todos os


meios de prova em direito admitidas, sejam elas documentais, testemunhais,
periciais ou quaisquer outras que se fizerem necessárias para o deslinde da
questão.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Termos em que, pede deferimento.

Itápolis-SP, em 02 de maio de 2022.

Milton Fabiano Camargo


OAB/SP 179.759

RUA ODILON NEGRÃO, Nº 520, SALA 02, CENTRO, ITÁPOLIS/SP

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