Você está na página 1de 9

Indenização por Danos Morais e Materiais -

Compra em site - mercadoria não enviada -


Juizados
Publicado por Ana Margarida de Paula Barreto - 10 meses atrás

EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL


DA COMARCA DE ARACAJU/SE

Fulana de Tal, brasileira, divorciada, autônoma, residente e


domiciliada à Rua Coelho e Campos, nº 100, Centro, na Cidade de
Aracaju, Estado de Sergipe, CEP 49.000-000, vem através da honrosa
presença de Vossa Excelência, através do seu patrono, propor a
presente

AÇÃO INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E DANOS


MATERIAIS

em face de NOME DA EMPRESA, com CNPJ nº, com Endereço


profissional na Rua Tal, nº 90, Cidade de Belo Horizonte, no Estado
de Minas Gerais, CEP: 37000-000, com fulcro nos artigos 35 e
demais pertinentes do Código de Defesa do Consumidor pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:
DOS FATOS

Na data de 16 de dezembro de 2014 fora feita compra no site da Loja


Centauro, no sítio eletrônico www.com.br, de um SKATE X7
MANDALA BAMBOO, na cor MARROM, tamanho ÚNICO, tendo
como número do pedido 903862938.
O valor total do produto ficou em R$ 99,90 (noventa e nove reais e
noventa centavos), com frete grátis, comprado no Cartão de Crédito
Visa, em três vezes sem juros.

Através de consulta no próprio site da NOME DA EMPRESA, o


pedido fora realizado na data de 16/12/2014, às 09:55 horas, com o
pagamento aprovado pela operadora do Cartão de Crédito na data
de 16/12/2014, às 00:00 hs, com data máxima prevista para a
entrega até 08 de janeiro de 2015 (o site fornece prazo estipulado de
12 à 15 dias úteis para a região informada), conforme documentação
em anexo.

Acontece, Excelência, durante muito tempo ficou constando que o


produto encontra-se no site com o status "EM SEPARAÇÃO", não
tendo sido entregue à demandante.

Atualmente, observamos que consta como "Cancelado antes da


expedição", com data de 11/02/2015, como também com a
observação de que o pagamento fora recebido.

Na segunda quinzena do mês de janeiro, inconformada com a


demora e o extrapolamento no prazo de entrega da mercadoria, a
requerente entrou em contato com a Centauro, através do
atendimento on line, no chat.

Informado que o produto até aquele momento não tinha sido


entregue em sua residência, recebeu a orientação do funcionário, de
que o mesmo contactaria o setor responsável pela separação e envio
do produto, pedindo que a mesma aguardasse um prazo de 3 (três)
dias úteis, quando receberia resposta, através do seu e-mail
cadastrado, sobre a solução do seu impasse.

Na data de 20 de janeiro, conforme previsto, a autora recebeu e-mail


da loja, onde dizia que:

“Prezado Cliente. Informamos que o pedido 903862938, ao


consultarmos nosso estoque para gerarmos novo pedido,
identificamos que o item adquirido não se encontra
disponível em nosso estoque para o reenvio. Sendo assim,
disponibilizamos um vale troca em seu cadastro no valor
pago, com validade de 1 ano, para utilização
exclusivamente em nosso site. Lamentamos o ocorrido e
permanecemos à disposição para qualquer esclarecimento
que se faça necessário”. (Segue em anexo aos autos o e-
mail recebido).

Imediatamente, a demandante acessou o sítio eletrônico para ver se


o produto comprado estava indisponível para venda, quando,
pasmada, observou que o mesmo encontrava-se ainda à venda, com
disponibilidade para "PRONTA ENTREGA", contrariando a
informação prestada no e-mail, onde dava conta que o produto não
se encontrava mais disponível na sua estocagem, apenas observou
que o mesmo encontrava-se com valor à maior, ou seja, R$ 149,90
(cento e quarenta e nove reais e noventa centavos), não mais
permanecendo com o valor ao qual tinha adquirido à época, em
promoção, por R$ 99,90 (noventa e nove reais e noventa centavos).

Inconformada com o conteúdo da correspondência eletrônica e com


o que tinha visualizado no site, dessa vez, entrou em contato
telefônico com a NOME DA EMPRESA, através do nº 40046006, na
mesma data de 20 de janeiro de 2015, recebendo o número de
protocolo CE2015012002304.

Já nesse novo contato, informou ao atendente que não tinha


qualquer interesse em um vale troca no mesmo valor, e sim na
própria mercadoria ou então, caso não fosse possível, o estorno do
valor no cartão de crédito.

A requerente ainda questionou o motivo pelo qual o “Skate X7


Mandala” encontrava-se disponível para venda no site, com a
informação de que tinha em estoque. O funcionário não soube
responder o motivo do envio da correspondência eletrônica para a
autora com aquele conteúdo e, para sanar o impasse, estaria
endereçando, naquele momento, ao setor responsável, o pedido de
reenvio do produto, afirmando que, em um prazo máximo de 72
horas, a demandante receberia um e-mail confirmando o reenvio do
skate.

Acontece que, até a presente data, não houve mais qualquer tipo de
contato do site NOME DA EMPRESA com a autora, sendo que o
produto continua disponível para compra no endereço eletrônico,
COMO SEMPRE ESTEVE, em total desrespeito com o consumidor,
como também não houve qualquer modificação no status do pedido,
ainda encontrando-se “EM SEPARAÇÃO” durante muito tempo,
atualmente com o status de "CANCELADO ANTES DA SEPARAÇÃO",
conforme se observa nos documentos juntados aos autos.

DO DIREITO

1. Da indenização por danos materiais.

O Código de Defesa do Consumidor preceitua no seu artigo35, in verbis:


Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar o
cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor
poderá, alternativamente e à sua livre escolha:

I- exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta,


apresentação ou publicidade;

II- aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;

III-rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia


eventualmente antecipada, monetariamente atualizada e as perdas e
danos.

A requerente comprou o produto para presentear o seu enteado,


Cicrano de Tal, que mora na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande
do Sul, que conta com oito ano de idade, que passaria férias na sua
casa no período de 31/12/2014 até 27/01/2015, juntando a esta peça
comprovação do vôo da criança, como também o seu documento de
identidade.

Nunca imaginou que não haveria tempo hábil para o não


recebimento do skate, uma vez que procedeu com a compra no site
na data de 16 de dezembro de 2014, o que seria mais de um mês de
prazo para a entrega do produto.
De qualquer sorte, a autora tinha comentado com o enteado o intuito
de presenteá-lo com um skate, sendo que conseguiu, à época da
compra, uma promoção de 50% do valor, que se observa, inclusive
nos documentos em anexo, pois a mercadoria estava na oferta de R$
199,90 (cento e noventa e nove reais e noventa centavos), por R$
99,90 (noventa e nove reais e noventa centavos).

Mostrou, inclusive, a foto no site o produto em questão, o que gerou


toda uma expectativa no infante em ganhar o seu primeiro skate,
sendo que foi embora para a sua terra, no Rio Grande do Sul, sem
ganhar o seu presente de natal, prometido pela parte autora, sua
madrasta.

Desta forma, como a requerente comprou o produto a sua real


necessidade e interesse, a empresa, em conformidade com o inciso III
do artigo supra citado, deve entregar o produto conforme a oferta
ou então rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada e as perdas e
danos, na qual faria jus ao recebimento dos DANOS MATERIAIS,
conforme prevê a Lei do Consumidor.

Uma vez não sendo mais o interesse da requerente pelo recebimento


do produto, uma vez que o natal já passou há muito, e o enteado já
voltou para Porto Alegre, a cidade onde reside, desde a data de 27 de
janeiro de 2015.

Desta forma, pleiteia pela rescisão do contrato, com a restituição do


valor já pago, monetariamente atualizado, juntamente com as perdas
e danos por conta de todos os prejuízos causados, ensejando o
recebimento de danos materiais e morais, por tamanho desrespeito,
não aceitando a proposta da Empresa Ré de valer-se de vale compras
no mesmo valor (documento em anexo), não tenho qualquer interesse
em nenhum dos produtos oferecidos pela mesma depois de todos os
dissabores perpetrados, ainda ser obrigada a comprar outro produto,
corroborando com a falta de respeito com o consumidor, que até
talvez eles já estejam acostumados.
E frise-se, Excelência, durante TODO ESSE TEMPO o produto
esteve DISPONÍVEL no sítio eletrônico para compra, conforme os
diversos documentos comprobatórios juntados em anexo, com a
informação EM ESTOQUE, só que mais caro, não mais com o valor
promocional oferecido à época da compra.

2. Dos Danos Morais.

Não é difícil imaginar os sofrimentos pelos quais passou a requerente,


que foi, literalmente, feita de "boba" pela empresa requerida.

A cada nova data que se passava, a demandante e, principalmente, o


seu enteado Hiram, criança com apenas 8 anos, se enchiam de
expectativas que, ao final, se transformavam em frustração a cada dia
em que a entrega não era realizada.

A autora perdeu tempo e dinheiro entrando em contato, repedidas


vezes, com a empresa requerida, que não apenas não resolveu o
problema, como também a enganou por repetidas vezes,
demonstrando o seu total descaso com o consumidor.

Excelência, percebe-se corriqueiramente que essas empresas


modernizam o seu sistema, mas acabam por ferir o direito de alguns
consumidores, considerando que não tem controle de suas operações,
fazendo constantemente cobranças indevidas, não enviando os
produtos comprados em seu site, que é o caso em tela, posto que, até a
presente data, apesar de constar o produto no site como existente à
pronta entrega, não foi enviado para o endereço desta reclamante,
apenas a fatura, pois isso eles “lembraram” de mandar.

São inúmeros os casos que encontramos diariamente com clientes


insatisfeitos, pagando o que não devem, tendo que entrar em contato
inúmeras vezes com centrais de atendimento, nos quais muitas vezes
não são bem atendidos e, o que é pior, não tendo os seus pedidos
solucionados como se deveria.
Como esta reclamante não conseguiu solucionar o problema
diretamente com a parte reclamada, faz-se necessário acionar o
judiciário para que tenha o seu direito atendido, como também com o
intuito de que se coíba futuras práticas desse mesmo porte, para os
consumidores de boa-fé, o que é o caso em análise.

O direito a indenização tem que ser visto sobre vários aspectos, o


primeiro é de ressarcimento pelo estresse psicológico causado, o
segundo tem que ser encarado como um meio de deter estas práticas
abusivas de cobrança pela requerida, o terceiro analisa-se o binômio
empresa-pagadora pelo dano e pessoa física assalariada-pelo
ressarcimento.

A empresa requerida mantém um site com inúmeras ofertas,


ofereceu a comodidade da compra em casa pela internet e no final
apenas deu aborrecimentos e frustrações à autora, que agora
precisa exigir o cumprimento da obrigação via judicial.

Este é, inclusive, o entendimento que observamos em diversos


julgados no nosso país, senão vejamos:

COMPRA E VENDA DE PRODUTOS POR MEIO DO SITE DA


EMPRESA RÉ NA INTERNET RELAÇÃO DE CONSUMO DEMORA
EXCESSIVA NA ENTREGA DO PRODUTO ADQUIRIDO
DESCUMPRIMENTO DO PRAZO COMBINADO FALTA DE
INFORMAÇÕES E EMPENHO EM RESOLVER O PROBLEMA
CANCELAMENTO DA VENDA E ESTORNO DO DINHEIRO NO
CURSO DA AÇÃO DANO MORAL CONFIGURADO - INDENIZAÇÃO
DEVIDA E ARBITRADA EM R$ 7.748,10 (DÉCUPLO DO VALOR DO
FREEZER NÃO ENTREGUE) VALOR RAZOÁVEL, COMPATÍVEL E
PROPORCIONAL MANUTENÇÃO AÇÃO JULGADA PROCEDENTE
SENTENÇA CONFIRMADA. - Apelação e recurso adesivo
desprovidos. (TJ-SP - APL: 00873521020118260002 SP 0087352-
10.2011.8.26.0002, Relator: Edgard Rosa, Data de Julgamento:
20/08/2014, 11ª Câmara Extraordinária de Direito Privado, Data de
Publicação: 21/08/2014).
Desta forma, patentemente cabível o ressarcimento aos danos
morais causados à requerente, a ser arbitrado por vossa Excelência,
de conformidade com os princípios de equidade e justiça.

DO PEDIDO

1) A citação da empresa requerida, em seu endereço citado no


preâmbulo da inicial, par que querendo venha contestar a presente,
sob pena de revelia, assim como a desconsideração da personalidade
jurídica das empresas, nos termos do artigo 28 do Código de Defesa do
Consumidor, com o prosseguimento da ação contra seus dirigentes;
2) A condenação da empresa requerida ao pagamento de
indenização por danos materiais, devidamente atualizado, no
importe de R$ 111,37 (cento e onze reais e trinta e sete centavos).

3) A condenação da empresa requerida no pagamento de


indenização por danos morais, equivalente à vinte vezes o valor do
bem, ou seja, R$ 2.997,00 (dois mil, novecentos e noventa e sete
reais), tendo em vista todos os dissabores causados à requerente, à
expectativa gerada no seu enteado, que só tem 8 anos, que receberia
o skate de presente de final de ano, como também como forma de
coibir a prática rotineira de desrespeito ao consumidor, conforme
vem atuando, como também no percentual de 20% (vinte por cento)
do valor da condenação em honorários advocatícios;

4) Por se tratar de relação de consumo, requer-se que seja


determinada a inversão do ônus da prova, prevista no art.6º, VIII, da
Lei 8.078/90;
6) E ao final, a PROCEDÊNCIA TOTAL dos pedidos e a condenação
da empresa requerida nas cominações de estilo.

Dá-se ao pleito o valor de R$ 3.108,37 (três mil, cento e oito reais e


trinta e sete centavos).

Termos em que,

Pede deferimento.
ADVOGADO

OAB/SE Nº 9.999

Você também pode gostar