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Tecendo considerações sobre a tese abraçada e citando decisões a respeito, requer, por fim, a
reforma da decisão agravada.
É o relatório.
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL.
EXECUÇÃO FISCAL. LANÇAMENTO. DCTF. DÉBITO DECLARADO E
NÃO PAGO. AUTO-LANÇAMENTO. PRESCRIÇÃO. OCORRÊNCIA.
DESPACHO CITATÓRIO. ART. 8º, § 2º, DA LEI Nº 6830/80. ART. 219, § 4º,
DO CPC. ART. 174, DO CTN. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA.
PRECEDENTES.
1. Agravo regimental contra decisão que desproveu agravo de instrumento.
2. “Considerando-se constituído o crédito tributário a partir do momento da
declaração realizada, mediante a entrega da Declaração de Contribuições de
Tributos Federais (DCTF), não há cogitar-se da incidência do instituto da
decadência, que retrata o prazo destinado à 'constituição do crédito tributário', in
casu, constituído pela DCTF aceita pelo Fisco. Destarte, não sendo o caso de
homologação tácita, não se opera a incidência do instituto da decadência (artigo
150, § 4º, do CTN), incidindo a prescrição nos termos em que delineados no
artigo 174, do CTN, vale dizer: no qüinqüênio subseqüente à constituição do
crédito tributário, que, in casu, tem seu termo inicial contado a partir do momento
da declaração realizada mediante a entrega da DCTF.” (REsp nº 389089/RS, 1ª
Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 16/12/2002)
3. “A constituição definitiva do crédito tributário ocorre com o lançamento
regularmente notificado ao sujeito passivo. Em se tratando de débito declarado
pelo próprio contribuinte e não pago, não tem lugar a homologação formal,
sendo o mesmo exigível independentemente de notificação prévia ou instauração
de procedimento administrativo.” (REsp nº 297885/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Garcia
Vieira, DJ de 11/06/2001).
4. A mera prolação do despacho que ordena a citação do executado produz, por si só, o
efeito de interromper a prescrição, impondo-se a interpretação sistemática do art. 8º, §
2º, da Lei nº 6.830/80, em combinação com o art. 219, § 4º, do CPC e com o art. 174 e
seu parágrafo único do CTN. Precedentes desta Corte e do colendo STF.
5. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a declaração do contribuinte por
meio da Declaração de Contribuições e Tributos Federais - DCTF - elide a necessidade
da constituição formal do débito pelo Fisco.
6. Há de se extinguir a execução fiscal se os débitos declarados e não pagos , através
da DCTF, estão atingidos pela prescrição. Precedentes desta Corte superior.
7. Agravo regimental não-provido.
VOTO
Vistos, etc.
Cuida-se de agravo de instrumento para reformar decisão que inadmitiu recurso
especial intentado contra acórdão assim ementado (fl. 120):
EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL - PRESCRIÇÃO - DÉBITOS
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Superior Tribunal de Justiça
DECLARADOS EM DCTF.
1 - Pacificou-se na jurisprudência a orientação de que o recibo de entrega da
Declaração de Contribuições e Tributos Federais- DCTF, subscrito pelo sujeito
passivo da obrigação tributária, é representativo do lançamento, e importa
notificação para pagamento. Conseqüentemente, ainda que o tributo seja sujeito
a regime de lançamento por homologação, se declarado em DCTF e não pago no
prazo legal, a sua cobrança decorre do autolançamento, sendo exigível
independentemente de notificação prévia ou de instauração de procedimento
administrativo.
2 - Na hipótese de crédito tributário constituído pela entrega da DCTF, o prazo
que o Fisco dispõe para homologação do lançamento, previsto no art. 150, § 4º,
do CTN, não se agrega ao prazo de cinco anos que ele dispõe para cobrar o
valor devido.
3 - Constituído o crédito tributário pela entrega da DCTF, não há necessidade de
qualquer ulterior providência do Fisco, iniciando-se o prazo prescricional de
cinco anos de que ele, Fisco, dispõe para cobrar o tributo. Precedentes do STJ.
4 - O termo inicial do prazo prescricional, em caso de tributo declarado e não
pago, não se inicia da declaração, mas da data estabelecida como vencimento
para o pagamento da obrigação tributária constante da declaração.
5 - Hipótese em que, dada a particularidade do caso, a data de entrega da DCTF
foi considerada como marco inicial do prazo prescricional.
6 - O artigo 46 da Lei nº 8.212/91 é inconstitucional, pois invadiu matéria
reservada à lei complementar, violando o artigo 146, III, "b", da Constituição
Federal.
O decisório a quo foi complementado por embargos declaratórios.
Alega-se violação dos arts. 150, § 4º, e 174 do CTN, 2º, § 3º, e 8º, § 2º, da LEF.
Aduz-se que somente há constituição definitiva do tributo declarado e não pago, com a
homologação tácita após cinco anos da apresentação da DCTF, assim como que a
entrega da DCTF constitui o crédito tributário, mas não o constitui definitivamente.
Relatados, decido.
O agravo de instrumento não merece ser provido.
O despacho que inadmitiu o Especial encontra-se em perfeita harmonia com a visão
deste Relator, pelo que o reproduzo como razões de decidir (fls. 178/179), litteratim :
O recurso sob exame não merece ser admitido. No que diz respeito ao artigos
da LEF, a inadmissibilidade justifica-se tendo em conta o mandamento da
Súmula nº 83, do Egrégio STJ, aplicável igualmente quanto ao permissivo das
alíneas "a" e "c", na medida em que a jurisprudência da aludida Corte Superior
pelo afastamento da Lei nº 6.830/80 ante a aplicação do Código Tributário
Nacional. Neste sentido: "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO
FISCAL. PRESCRIÇÃO . 1. O prazo prescricional da execução fiscal é de
cinco anos, contados do lançamento do débito tributário. 2. Inscrito o crédito
em dívida ativa e não promovido o executivo fiscal dentro no prazo suspensivo
de 180 dias, o qüinqüênio é contado computando-se o tempo transcorrido antes
da inscrição, por tratar-se de suspensão e não interrupção do prazo. 3. As
disposições da Lei 6.830/80 não se sobrepõem às normas traçadas no CTN e no
CPC, com as quais devem ser interpretadas harmonicamente no que se refere à
interrupção da prescrição . 4. Acórdão em sintonia com a orientação da Corte,
incidindo a Súmula 83/STJ. 5. Recurso não conhecido" (REsp 146480/RS, Rel.
Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
16.06.2000, DJ 21.08.2000 p. 106); "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO.
EXECUÇÃO FISCAL. DESPACHO CITATÓRIO. NÃO-INTERRUPÇÃO DO
PRAZO PRESCRICIONAL. 1. O despacho judicial que ordena a citação do
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Superior Tribunal de Justiça
executado não tem o condão de interromper a prescrição em processo de
execução fiscal. 2. Apenas a citação do devedor produz o efeito de interromper
o prazo prescricional, em obediência às normas contidas na Lei n. 6.830/80 em
conformidade com os arts. 219, § 4º, do CPC e 174, parágrafo único, do CTN.
Precedentes. 3. Paralisado o feito por mais de cinco anos, correta a decretação
da prescrição a pedido do contribuinte. 4. Recurso especial provido" (REsp
293257/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA
TURMA, julgado em 17.11.2005, DJ 19.12.2005 p. 302).
Outrossim, tendo em conta o já mencionado mandamento da Súmula nº 83, do
Egrégio STJ, é aplicável igualmente quanto ao permissivo das alíneas "a" e "c",
na medida em que a jurisprudência da aludida Corte Superior se consolidou no
sentido de que a apresentação da DCTF pelo contribuinte constitui o crédito
tributário e o seu vencimento firma o termo a quo do prazo prescricional.
Colaciono precedentes corroborando o entendimento esposado: "2. Em se
tratando de tributos lançados por homologação, ocorrendo a declaração do
contribuinte, por DCTF, e na falta de pagamento da exação no vencimento,
mostra-se incabível aguardar o decurso do prazo decadencial para o
lançamento. Tal declaração elide a necessidade da constituição formal do débito
pelo Fisco, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornando-se
exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de
notificação ao contribuinte. 3. O termo inicial do lustro prescricional, em caso
de tributo declarado e não pago, não se inicia da declaração, mas da data
estabelecida como vencimento para o pagamento da obrigação tributária
constante da declaração. No interregno que medeia a declaração e o vencimento,
o valor declarado a título de tributo não pode ser exigido pela Fazenda Pública,
razão pela qual não corre o prazo prescricional da pretensão de cobrança nesse
período. 4. Recurso especial improvido." (REsp 658138/PR, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 08.11.2005, DJ 21.11.2005
p. 186); "(...) 2. Segundo jurisprudência pacífica do STJ, a apresentação, pelo
contribuinte, de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais - DCTF
(instituída pela IN-SRF 129/86, atualmente regulada pela IN SRF 395/2004,
editada com base no art. 5º do DL 2.124/84 e art. 16 da Lei 9.779/99) ou de
Guia de Informação e Apuração do ICMS - GIA, ou de outra declaração dessa
natureza, prevista em lei, é modo de formalizar a existência (= constituir) do
crédito tributário, dispensada, para esse efeito, qualquer outra providência por
parte do Fisco. 3. A falta de recolhimento, no devido prazo, do valor
correspondente ao crédito tributário assim regularmente constituído acarreta,
entre outras conseqüências, as de (a) autorizar a sua inscrição em dívida ativa,
(b) fixar o termo a quo do prazo de prescrição para a sua cobrança, (c) inibir a
expedição de certidão negativa do débito e (d) afastar a possibilidade de
denúncia espontânea. 4. Nesse entendimento, a 1ª Seção firmou jurisprudência
no sentido de que o recolhimento a destempo, ainda que pelo valor integral, de
tributo anteriormente declarado pelo contribuinte, não caracteriza denúncia
espontânea para os fins do art. 138 do CTN." (AgRg nos EREsp 638069, 1ª
Seção, Rel. Min. Teori Zavascki, DJ 13/06/2005, p. 163); "RECURSO
ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. DECLARAÇÃO DO
CONTRIBUINTE. (DCTF). NÃO-PAGAMENTO. CONSTITUIÇÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. 1. Os créditos oriundos de declaração pelo
contribuinte e não pagos na data do vencimento da obrigação conferem ao fisco
a prerrogativa de exigir o pagamento. A partir do nascimento da obrigação
inicia-se o prazo prescricional de cinco anos para a cobrança do débito, via ação
judicial. 2. Não há que se falar em prazo decadencial, pois este só ocorre antes
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da constituição do crédito tributário. A entrega das declarações sem a quitação
prescinde de homologação, notificação e abertura de procedimento
administrativo tendente a apurar o crédito. A entrega da DCTF corresponde à
constituição definitiva do crédito tributário. 3. Recurso especial conhecido e
improvido" (REsp 433693/PR, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 07.04.2005, DJ 02.05.2005 p. 155); "TRIBUTÁRIO.
OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS DECLARADAS EM DCTF. DÉBITO
DECLARADO E NÃO PAGO. PRESCRIÇÃO. INCIDÊNCIA. 1. Na falta de
pagamento da exação no vencimento, em se tratando de tributos lançados por
homologação, com a declaração do contribuinte por DCTF, é incabível aguardar
o decurso do prazo decadencial para o lançamento. Tal declaração elide a
necessidade da constituição formal do débito pelo Fisco, podendo este ser
imediatamente inscrito em dívida ativa, tornando-se exigível, independentemente
de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte. 2.
Recurso especial provido." (REsp 192509/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,
SEGUNDA TURMA, julgado em 19.05.2005, DJ 01.08.2005 p. 367).
Ante o exposto, não admito o recurso especial.
Corroboro as assertivas explanadas no despacho supratranscrito, não havendo
possibilidade de se emitir pronunciamento modificador do julgado guerreado.
Como acima afirmado, a matéria submetida a exame já foi apreciada pela egrégia 1ª
Turma deste Tribunal, surgindo do julgado a seguinte ementa:
TRIBUTÁRIO. IPI. CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITOS.
OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS DECLARADAS EM DCTF. DÉBITO
DECLARADO E NÃO PAGO. AUTO-LANÇAMENTO. PRÉVIO
PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. PRESCRIÇÃO.
INCIDÊNCIA.
1. Tratando-se de Declaração de Contribuições de Tributos Federais (DCTF)
cujo débito declarado não foi pago pelo contribuinte, torna-se prescindível a
homologação formal, passando a ser exigível independentemente de prévia
notificação ou da instauração de procedimento administrativo fiscal.
2. Considerando-se constituído o crédito tributário a partir do momento da
declaração realizada, mediante a entrega da Declaração de Contribuições de
Tributos Federais (DCTF), não há cogitar-se da incidência do instituto da
decadência, que retrata o prazo destinado à 'constituição do crédito tributário', in
casu, constituído pela DCTF aceita pelo Fisco.
3. Destarte, não sendo o caso de homologação tácita, não se opera a incidência
do instituto da decadência (artigo 150, § 4º, do CTN), incidindo a prescrição
nos termos em que delineados no artigo 174, do CTN, vale dizer: no qüinqüênio
subseqüente à constituição do crédito tributário, que, in casu, tem seu termo
inicial contado a partir do momento da declaração realizada mediante a entrega
da DCTF.
4. Recurso improvido. (REsp nº 389089/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de
16/12/2002)
No voto da ementa supra, o eminente Min. Luiz Fux desenvolveu as seguintes
fundamentações:
A empresa impetrou mandamus objetivando o fornecimento de Certidão
Negativa de Débito, cuja emissão fora negada pela Receita Federal em virtude da
existência de débitos declarados em Declaração de Contribuições de Tributos
Federais (DCTF) e impagos.
A sentença julgou procedente o pedido e determinou a expedição de CND,
com a posterior exclusão de débitos constantes em certidão positiva, sob o
Com relação à irresignação da parte agravante, não vislumbro nenhuma novidade em seu agravo
modificadora dos fundamentos supra-referenciados, pelo que nada tenho a acrescer.
Da mesma forma, ficou consignado que “a constituição definitiva do crédito tributário ocorre
com o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo. Em se tratando de débito
declarado pelo próprio contribuinte e não pago, não tem lugar a homologação formal, sendo
o mesmo exigível independentemente de notificação prévia ou instauração de procedimento
administrativo.” (REsp nº 297885/SC, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ de 11/06/2001).
Registre, também, que a mera prolação do despacho que ordena a citação do executado não
produz, por si só, o efeito de interromper a prescrição, impondo-se a interpretação sistemática do art.
8º, § 2º, da Lei nº 6.830/80, em combinação com o art. 219, § 4º, do CPC e com o art. 174 e seu
parágrafo único do CTN. Precedentes desta Corte e do colendo STF.
Conclui que nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a declaração do contribuinte por
meio da Declaração de Contribuições e Tributos Federais - DCTF - elide a necessidade da
constituição formal do débito pelo Fisco, demonstrando, ao final, que os autos revelam o seguinte:
É como voto.