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À AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DO DISTRITO FEDERAL – TERRACAP.

Processo nº 160.003.921/1999.

FINITURA MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO E ACABAMENTOS – LTDA,


devidamente qualificada nos autos do processo em epígrafe, vem, por sua advogada que
a esta subscreve, informar e requerer o que se segue.

I – DOS FATOS

1. A empresa acima citada, fez o pagamento de dois boletos emitidos no site da


TERRACAP, no dia 21/11/2022, conforme anexo. Verifica-se que, após o pagamento, o
empresário identificou que o nome do recebedor não era a TERRACAP, e sim de um
fraudador! A peticionante tentou entrar no site da TERRACAP e viu que esse se
encontrava fora do ar.

2. Adiante, o empresário acionou esta TERRACAP para relatar o evento criminoso e


quando o funcionário da empresa pública foi tentar ver os títulos, notou também que o site
estava fora do ar, o que persistiu até a data da lavratura do boletim de ocorrência em
anexo. Em face da necessidade de assinar o contrato de concessão de direito real de uso
com opção de compra e sendo cobrada novamente pelo mesmo valor pago, a empresa
realizou novo pagamento de boletos que foram emitidos pessoalmente pelo servidor da
TERRACAP.

3. Após o conhecimento de todo o enredo criminoso, e ainda percebendo que havia


sido vítima de toda essa artimanha, a concessionária apresentou informações por meio do
protocolo nº (202301030057) buscando que esta TERRACAP investigasse essa fraude,
além da devolução dos valores pagos em dobro.

4. O representante da pessoa jurídica, ingressou no site da Polícia Civil do Distrito


Federal e registrou um boletim de ocorrência que foi distribuído para a TERCEIRA
DELEGACIA DE POLÍCIA - ÁREA ESPECIAL - LOTE 16 - CRUZEIRO VELHO/DF –
CRUZEIRO. OCORRÊNCIA Nº: 190.303/2022-1. NATUREZA OCORRÊNCIA:
ESTELIONATO. Data/hora em que a peticionante comunicou o crime: 25/11/2022 às
14:58. (sexta-feira) e 21/11/2022 (segunda-feira). ENDEREÇO DO FATO: SIA TRECHO
3 LT 1010/1050, ED AC COELHO 1º ANDAR. CIDADE/UF: SIA / DISTRITO FEDERAL.

5. Ocorre que, até a presente data esta Companhia Imobiliária sequer debruçou-se
sobre o pedido apresentado pela concessionária, e muito menos realizou a devolução dos
valores pagos indevidamente.

2 - DO DIREITO

6. Imperioso esclarecer que, a situação em comento, encontra-se amparo no Decreto


lei de nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940 (Código Penal), no qual assevera em seu
Artigo 71:

Art. 71: Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo


alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício,
ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis


a dez contos de réis. (Vide Lei nº 7.209, de 1984).

7. Veja, a concessionária de forma legal, buscou o site da TERRACAP no afã de


realizar o pagamento de débitos em aberto para que pudesse assinar o seu CDRU-C.
Contudo, diante da falta de segurança no site da empresa pública, restou-se lesada.
Sendo vítima de possível estelionatário. Situação que, coaduna-se com o dispositivo em
estudo.

8. Embora o fato exposto comporte natureza aparentemente incomum para a


concessionária, esse não esgueira-se do olhar minucioso de condutas criminosas
similares, há precedentes jurídicos que tocam de perto o fato em exposição.
9. Assim, destaca-se que já existe jurisprudência consolidada do Tribunal de Justiça
do Distrito Federa e Territórios (TJDFT) sobre o tema, vejamos:

“A 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito


Federal manteve decisão que condenou o Banco Pan S/A a
restituir um cliente o valor pago incorretamente na negociação
de uma dívida com a instituição financeira.

“De acordo com os autos, o autor firmou contrato de


financiamento de veículo com o primeiro réu, o Banco Pan, o qual
foi contatado, em 12/4 deste ano, para negociar a quitação da
dívida. O autor alega que, quatro dias depois, recebeu uma
proposta do referido banco, via WhatsApp, por meio da qual
oferecia a quitação pelo valor de R$ 4.115,67. Com base nisso,
realizou o pagamento do boleto na Caixa Econômica Federal,
sendo que o comprovante tem como beneficiário o segundo réu,
Banco Inter. Ocorre que, para sua surpresa, continuou a receber
ligações de cobrança referente ao inadimplemento das parcelas,
razão pela qual entrou com pedido de restituição em dobro e
reparação por danos morais contra os réus.”

(PJE: 0703407-10.2019.8.07.0010)

10. Como base no precedente emitido pelo TJDFT é possível verificar que a situação vivenciada
pela concessionária se adequa ao entendimento prestado pela Corte Distrital, demostrando assim
que, seus direitos foram lesados.
11. É premente saber que esta TERRACAP assume a obrigação de restituir o valor pago pela
concessionária de forma equivocada imediatamente.
12. Pertinente dizer que, mesmo que a fraude (clonagem de boleto bancário) tenha sido causada
por terceiro estelionatário, a instituição tem responsabilidade objetiva (independe da existência de
culpa) uma vez que a obrigatoriedade legal de buscar mecanismos para evitar golpes dessa natureza
e manter a segurança dos dados bancários da peticionante, bem como proteção do site de onde os
boletos foram emitidos, é desta TERRACAP.

13. Ainda, dentro do precedente indicado, o magistrado que julgou a causa destacou que não se
mostra razoável exigir que o consumidor se atente às divergências entre um boleto original e um
falso, porquanto apenas o responsável pela emissão do documento conseguiria indicar os detalhes
que evidenciam sua adulteração (...)”, seguiu ainda dizendo o magistrado: “Impende salientar ainda
que o boleto continha os dados corretos do consumidor (nome e CPF) e a discriminação das
parcelas em aberto, tudo a subsidiar o reconhecimento da boa-fé do autor/recorrido ao efetuar o
pagamento do documento fraudado”.
14. Não sendo suficiente pagar boletos fraudados, emitidos diretamente por esta TERRACAP, o
empresário foi submetido a pagar novamente tais taxas, posto que, se não o fizesse, não conseguiria
firma o contrato de concessão de direito real de uso com opção compra junto à empresa pública.

15. Portanto, torna-se evidente que a concessionária deverá ser restituída pelos valores pagos
atualizados monetariamente de forma imediata. E ainda, vale salientar que conforme estipula o
Código do Consumidor, por meio do art. 42, os valores pagos indevidamente, deverão ser
restituídos em dobro.

3 – DO PEDIDO

16. Diante de todo o exposto, bem como da fundamentação delineada requer que:

a) A devolução do valor pago em dobro na forma do que estipula o art. 42, do Código do
Consumidor;

b) Caso esta TERRACAP entenda não ser devida a devolução em dobro do valor pago
indevidamente pela concessionária, que se restitua o valor corrigido, declarando esta
concessionária que buscará as medidas judiciais pertinentes.

Nesses termos, pede e aguarda o deferimento.

Brasília 17 de março de 2023

Glenda Sousa Marques


OAB/DF 32.881

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