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ADI 5766: Desvendando os Segredos da Proteção dos

Trabalhadores

Introdução: (BOM DIA NOSSO GRUPO IRÁ FALAR SOBRE A…)

A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5766, julgada pelo Supremo Tribunal


Federal (STF) em 2021, representa um marco na defesa dos direitos dos trabalhadores
brasileiros.

A decisão considerou inconstitucionais (parcialmente) três dispositivos da Reforma


Trabalhista (Lei 13.467/2017). Com isso, fortaleceu o princípio da proteção no âmbito
do Direito do Trabalho, assegurando o acesso à justiça para a população mais
vulnerável.

Mergulhando no Contexto Histórico e Social:

A Reforma Trabalhista teve como um de seus objetivos a modernização das relações


de trabalho e a implementação de medidas que garantam maior flexibilidade e
dinamismo nas ações trabalhistas, adaptando-se às novas realidades do mercado e às
demandas de trabalhadores e empresas.

Ocorre que no caso em questão, as inclusões de alguns artigos na CLT acerca da


Gratuidade de justiça e honorários advocatícios, na prática, fragilizaram as proteções
conquistadas ao longo de décadas pelos trabalhadores.

Entre as mudanças, destaca-se a inserção de dispositivos que oneravam o trabalhador


com o pagamento de custas processuais e honorários periciais, mesmo que
beneficiário da justiça gratuita.

(ASSIM ANTES DE APONTAR TAIS DISPOSITIVOS, GOSTARIAMOS DE FALAR


SOBRE O INSTITUTO ALVO DO NOSSO ACÓRDÃO..)
GJ

A gratuidade de justiça é um direito fundamental previsto no artigo 5º, inciso LXXIV, da


Constituição Federal Brasileira, que estabelece: "o Estado prestará assistência jurídica
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos".

O benefício da justiça gratuita, além de estar previsto nos arts. 98 a 102 do CPC
(Código de Processo Civil), sempre possuiu regulamentação específica na legislação
trabalhista, estando seus requisitos presentes no art. 790 da CLT (Consolidação das
Leis do Trabalho).

Ocorre que, com a entrada em vigor da Lei 13.467/2017 (Lei intitulada de reforma
trabalhista), houve a inclusão de novos requisitos para a concessão do benefício da
Justiça Gratuita, proporcionando imenso debate nos Tribunais e no campo acadêmico,
pois a implementação destas mudanças supostamente encontraria barreiras no
princípio do acesso à justiça.

Tal cenário se justifica, pois os requisitos para a concessão do benefício da justiça


gratuita, no regramento anterior à reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), eram, em
resumo, os dois seguintes:

a) recebimento de salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal;

b) declaração, sob as penas da lei, de impossibilidade das despesas


processuais sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, tendo tal
declaração presunção relativa de veracidade.

Com a entrada em vigor da Lei 13.467/2017, o cenário foi alterado de forma


significativa, tendo acrescentando novos requisitos e retirando, de forma polêmica, a
menção feita à chamada declaração de hipossuficiência.
Dessa forma, tornou-se mais dificultoso a concessão do benefício da Justiça Gratuita e
criou se mecanismos para responsabilizar o beneficiário da justiça gratuita por
determinados ônus processuais como honorários sucumbenciais e periciais,
compromentendo de certa forma, o acesso à justiça.

No entanto, acredita-se que a intenção do legislador ao alterar os requisitos e


implementar novos visou suprimir determinadas situações de distorção em que era
concedido o benefício a empregados que auferiam altíssimos salários e também criar
empecilhos para ações temerárias em que a parte autora adentrava sem qualquer
lastro probatório, tumultuando e comprometendo a eficiência do Poder Judiciário.

Cabe ressaltar que enquanto se esperava o julgamento da matéria, os principais


doutrinadores do país, como por exemplo, o professor Carlos Henrique Bezerra Leite,
propuseram uma solução para dirimir tal controvérsia. Tal solução era que, diante de tal
cenário, deveria-se buscar uma interpretação sistemática e teleológica da nova
legislação com o CPC, pois o direito processual é uma unidade na visão científica e,
como tal, deve ser analisado, buscando-se, ainda, uma interpretação conforme à
Constituição Federal para se preservar o acesso à justiça.

Ainda assim, o aludido cenário trouxe relevante repercussão no âmbito dos principais
Tribunais Regionais do Trabalho do país, forçando com que o TST e o STF se
manifestassem a respeito, pacificando a matéria em âmbito jurisprudencial.

(AGORA, COM ESSES BREVES APONTAMENTOS, PODEMOS ANALISAR TAIS


DISPOSITIVOS)

Análise Minuciosa dos Dispositivos Inconstitucionais:

● Art. 790-B, caput: A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da


parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça
gratuita.
○ Responsabilizava o trabalhador vencido por honorários periciais, mesmo
que beneficiário da justiça gratuita. Essa medida onerava o acesso à
justiça, violando o princípio da proteção e dificultando a defesa de seus
direitos.

● Art. 790-B, §4º: Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha
obtido em juízo créditos capazes de suportar a despesa referida no caput, ainda que
em outro processo, a União responderá pelo encargo.
○ Estabelecia que a União só pagaria as custas processuais se o
trabalhador não tivesse créditos em outro processo. Essa restrição
impedia o acesso à justiça para aqueles que, em um momento de
dificuldade, necessitassem da tutela jurisdicional.

● Art. 791-A, §4º: Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
obrigações do beneficiário.
○ Condicionava a suspensão da exigibilidade das custas processuais à
inexistência de créditos em outro processo. Essa exigência
desconsiderava a realidade socioeconômica dos trabalhadores e criava
obstáculos à defesa de seus direitos.

● Um dos maiores doutrinadores do Processo do Trabalho, professor Carlos Henrique


Bezerra Leite, reflete em sua obra que os novos requisitos previstos nos §3º e 4º do
art. 790 comprometem o acesso à justiça. Nas palavras do autor:
○ ‘‘[...] os §§ 3º e 4º do art. 790 e o art. 790-B, caput e § 4º, da CLT
(redação dada pela Lei n. 13.467/2017) também dificultam o acesso à
Justiça do Trabalho [...]’’ (BEZERRA LEITE, 2019, p. 278).

Desvendando o Impacto da Decisão do STF:

A declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos mencionados representa uma


importante vitória para os trabalhadores, pois:

● Facilita o acesso à justiça do trabalho: Permite que pessoas em situação de


vulnerabilidade social busquem seus direitos sem o receio de arcar com custos
processuais.
● Promove a igualdade processual: Reduz a disparidade entre trabalhadores e
empregadores, garantindo que todos tenham acesso à justiça em condições de
igualdade.
● Fortalece o princípio da proteção: Reforça a proteção legal dos trabalhadores,
assegurando que seus direitos fundamentais sejam preservados.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de


outubro de 1988. 2024.

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº 5.442, de 01.mai.1943.


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452compilado.htm.
Acesso em: 13 mar. 2024.

BRASIL. Lei nº 13.467, de 2017. Dispõe sobre a Reforma Trabalhista. Acesso em:
13 mar. 2024.

SZCZYPIOR, Ana Paula. ADI 5766: COMO FICARAM OS HONORÁRIOS TRABALHISTAS.


Disponível em:
https://calculojuridico.com.br/efeitos-adi-5766-honorarios-advocaticios/#disqus_thread
. Acesso em: 15 mar. 2024.
SERRANO JÚNIOR, Luiz Paulo de Carvalho. Os novos requisitos para a concessão
da justiça gratuita e a garantia de acesso à justiça. 16 f. Trabalho de Conclusão de
Curso (no curso de Pós-Graduação Lato Sensu, em nível de especialização, em Direito
Processual) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG,
2021

DELGADO, Maurício Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A reforma trabalhista no


Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. 2 ed. re, atual. e ampl. – São
Paulo: LTr, 2018.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. STF mantém em vigor a garantia constitucional do


acesso à justiça. Disponível em: https://www.jorgesoutomaior.com/blog

GALVÃO, Andréia; KREIN, José Dari; BIAVASCHI, Magda Barros; TEIXEIRA, Marilane
Olveira (et all). Contribuição crítica à reforma trabalhista. Campinas. GT: Reforma
Trabalhista CESIT/ IE/ UNICAMP. 2017.

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