Você está na página 1de 2

AC Improbidade Administrativa

Miguel Lima Rezende (matrícula:202051313421)

Doutrina:
Com a promoção da nova lei 14.230/2021, informalmente conhecida como Nova Lei da
Improbidade Administrativa, ela trouxe alguns novos conceitos e parâmetros sobre o que é
improbidade administrativa e a sua maior modificação, clara e evidente, da antiga lei
8.429/92 foi no art. 3º, onde estabelece que o ato de improbidade administrativa pode ser
caracterizado quanto à culpa ou o dolo do agente. Porém, a nova lei retirou a culpa do artigo,
portanto, se a prática do ato do agente resultar em improbidade administrativa é necessário
analisar a culpa do mesmo, caso comprovado que o agente não teve a intenção de gerar tal
fato o crime é atípico. Antes da nova lei entrar em vigor, os agentes públicos e terceiros
acabaram sendo punidos pela prática de improbidade administrativa de forma culposa. Pelo
fato do novo texto legal não ter estabelecido se os benefícios irão retroceder ou não em favor
dos réus que já foram e estão sendo julgados, existe a discussão se o benefício que a nova lei
traz, tem a possibilidade de haver a retroatividade ou não.

O posicionamento do Ministério Público é de que o retrocesso dos benefícios da nova lei é


inconstitucional, isso porque ele se em baseia no art.37,§4 da Constituição de 88 que diz: “Os
atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível." O MP interpreta tal artigo e argumenta
que o dispositivo veda o retrocesso no combate à corrupção e impede a retroatividade das
normas mais benéficas da Lei de Improbidade Administrativa para beneficiar os atuais réus.

Porém, há uma doutrina majoritária que estabelece e aponta que o argumento do Ministério
Público é errado, isso porque a interpretação ao dispositivo, transcrito anteriormente, foi feita
de forma equivocada. Pelo fato do artigo, segundo tal doutrina, não se tratar sobre a questão
da irretroatividade da legislação e nem mesmo da instituição de um sistema de combate à
corrupção, mas tão somente da previsão dos atos de improbidade administrativa, suas
respectivas sanções e da necessidade de edição de legislação específica sobre o assunto.
Outro argumento desta doutrina é que existem precedentes do STJ que tratam da
possibilidade de aplicação retroativa da atual redação da Lei de Improbidade com base no
artigo 5º, XL, da Constituição, permitindo que norma sancionadora retroage quando for para
beneficiar o administrado, outras doutrinas que são à favor da retroatividade da nova lei em
favor do réu, também se utiliza do artigo 5, XL da Constituição de 88, isso porque ele aborda
que a “lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”, sendo assim eles interpretam tal
dispositivo e entendem que é possível sim que os benefícios da nova lei de improbidade
administrativa retrocedam em favor do réu.
Jurisprudência:
STF, tema 1199 - que tratou sobre Recurso extraordinário em que se discute, à luz do artigo
37, § 5º, da Constituição Federal, a prescritibilidade dos atos de improbidade administrativa
imputados à recorrente, por alegada conduta negligente na condução dos processos judiciais
em que atuava como representante contratada do INSS, sem demonstração do elemento
subjetivo dolo (Temas 666, 897 e 899 do STF). Delimita-se a temática de repercussão geral
em definir se as novidades inseridas na Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992,
com as alterações dadas pela Lei 14.230/2021) devem retroagir para beneficiar aqueles que
porventura tenham cometido atos de improbidade administrativa na modalidade culposa,
inclusive quanto ao prazo de prescrição para as ações de ressarcimento. Sendo assim, o STF
entende que os benefícios que a nova lei de improbidade administrativa possui, devem
retroagir à favor do réu.

O STJ julgou o Recurso em Mandado de Segurança n°37.031 de SP, que tratava sobre
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE
DA LEI MAIS BENÉFICA AO ACUSADO. APLICABILIDADE. EFEITOS
PATRIMONIAIS. PERÍODO ANTERIOR À IMPETRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULAS 269 E 271 DO STF. Tal poder julgou a favor da demanda, sendo que os
Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça acordaram, na conformidade
dos votos e das notas taquigráficas por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso
ordinário em mandado de segurança, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora, que
decidiu pela retroatividade da nova lei em favor do réu.

Sendo assim, percebe-se que os tribunais, em maioria, entendem que existe a possibilidade da
retroatividade das normas de improbidade mais benéficas após a Reforma promovida pela Lei
14.230/2021. Embora a decisão do STF não seja uma súmula vinculante, ela é de extrema
importância, isso porque a maioria dos tribunais irão acabar seguindo tal sentença.

Fontes:
www.migalhas.com.br/depeso/356085/mudanças-na-lei-de-improbidade-administrativa-
normas-benéficas.
Constituição Federal de 1988.
Lei 14.230/2021 e a irretroatividade da prescrição intercorrente na ação de improbidade -
Jus.com.br | Jus Navigandi
Supremo Tribunal Federal (stf.jus.br)
Superior Tribunal de Justiça STJ - Recurso Ordinário em Mandado de Segurança: Rms
Xxxxx SP Xxxx/xxxxx-5 | Jurisprudência (jusbrasil.com.br)

Você também pode gostar