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Lei
Complementar 190/2022. DIFAL. Art. 3º186;.
Aplicabilidade dos princípios da anterioridade anual
e nonagesimal. Art. 24-A, §167; 4º186;. Lapso
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temporal para adaptação tecnológica. Liberdade de
conformação. Procedência do pedido formulado na
0
2/2
ADI 7.066/DF. Improcedência dos pleitos deduzidos
nas ADI’s 7.070/DF e 7.078/CE.
1
1. Trata-se três ações diretas de inconstitucionalidade,
09/
com pedido de medida cautelar, ajuizadas pela
Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e
-
Equipamentos – ABIMAQ (ADI 7.066/DF), pelo
to
Governador do Estado de Alagoas (ADI 7.070/DF) e
vo
pelo Governador do Estado do Ceará (ADI 7.078/CE),
em face de dispositivos da Lei Complementar 190
de
/2022.
2. Alegações dos autores.
ta
1
Afirma, ainda, que o art. 24-A, §167; 4º186;, da LC 87
/1996, incluído pela Lei Complementar 190/2022, ao
suspender a exibilidade do tributo até o primeiro dia
útil do terceiro mês subsequente ao da
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disponibilização do portal , consubstancia isenção do
ICMS concedido pela União Federal.
0
2/2
2.3. O Governador do Estado do Ceará (ADI 7.078
/CE), por fim, assevera que a Lei Complementar 190
1
/2022 não criou ou majorou tributo, sendo, portanto,
09/
inconstitucional que os Estados sejam impedidos de
imediatamente cobrar o Diferencial de Alíquota de
-
ICMS nas operações interestaduais envolvendo
to
mercadorias a consumidor não contribuinte .
vo
3. O Presidente da República, o Advogado-Geral da
União e o Procurador-Geral da República arguem
de
preliminar de ilegitimidade ativa ad causam da
associação autora da ADI 7.066/DF e, no mérito,
ta
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anual e a anterioridade nonagesimal, de modo que a
observância conjunta de ambos os princípios revela-
0
2/2
se como regra, pois as duas modalidades de
anterioridade – a genérica e a especial – entrecruzam-
1
se, ampliando a proteção conferida aos contribuintes
09/
(COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário .
12. ed. São Paulo: SaraivaJur, 2022, p. 102). Assim, a
-
anterioridade nonagesimal consubstancia regra de
to
observância conjugada com a anterioridade anual, de
modo que o tributo somente poderá ser cobrado a
vo
partir do primeiro dia útil do exercício seguinte
àquele em que a lei que o instituiu ou aumentou foi
de
editada, a exigência só poderá ser feita, de qualquer
modo, noventa dias após a publicação da lei , tudo a
ta
nesse sentido.
5.4. O art. 3º186; da Lei Complementar 190/2022 ao
Vi
outro sentido.
5.5. O legislador ordinário não só optou,
legitimamente, a teor do art. 3º186; da Lei
Complementar 190/2022, pela incidência dos
princípios da anterioridade anual e nonagesimal,
como também – assim como ressaltado pelo Ministro
Edson Fachin em seu voto nas ADI’s 7.066/DF, 7.070
/DF e 7.078/CE – revela-se impositiva sua aplicação,
tendo em vista que o DIFAL estabelece nova
3
obrigação tributária, a caracterizar a instituição e/ou
aumento de tributo.
6. Mérito . Art. 24-A, §167; 4º186;, da Lei
Complementar 87/1996, incluído pela LC 190/2022 .
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6.1. A regra legal em questão objetiva viabilizar ao
0
contribuinte lapso temporal para sua adaptação
2/2
tecnológica. A disponibilização do portal e o período
em referência consubstanciam mecanismos para
1
possibilitar ao contribuinte tempo para ajuste de
09/
práticas e, posterior, recolhimento do DIFAL por
meio da plataforma governamental.
-
6.2. Não há falar, na espécie, em violação do art. 113
to
do ADCT. Não estamos diante de criação ou alteração
vo
de despesas obrigatórias, tampouco de renúncia de
receita, mas tão somente de lapso temporal para
de
devida e imprescindível adaptação tecnológica.
6.3. A argumentação do Governador do Estado de
ta
prosperar.
Vi
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/DF, para declarar a inconstitucionalidade parcial,
0
sem redução de texto, do art. 3º186; da Lei
2/2
Complementar 190/2022, estabelecendo que o DIFAL,
em razão da aplicabilidade, ao caso, dos princípios da
1
anterioridade anual e nonagesimal, somente poderá
09/
ser cobrado a partir de 1º186;.01.2023.
7.2. Julgo improcedente os pleitos formulados nas
-
ADI’s 7.070/DF e 7.078/CE.
to
Voto-Vogal
vo
A Senhora Ministra Rosa Weber (Presidente) : 1. Trata-se três ações
diretas de inconstitucionalidade, com pedido de medida cautelar, ajuizadas
de
pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos –
ABIMAQ (ADI 7.066/DF), pelo Governador do Estado de Alagoas (ADI
ta
anual (CF, art. 150, III, b ) e, conforme preceitua o art. 3º186; de referido
diploma legal, a anterioridade nonagesimal (CF, art. 150, III, c ).
rio
5
ICMS entre os estados da federação envolvidos nas operações de consumo,
conclui-se pela absoluta impertinência de submetê-lo à anterioridade, seja
do exercício, seja nonagesimal .
Afirma, ainda, que o art. 24-A, §167; 4º186;, da LC 87/1996, incluído pela
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Lei Complementar 190/2022, ao suspender a exibilidade do tributo até o
primeiro dia útil do terceiro mês subsequente ao da disponibilização do
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portal , consubstancia isenção do ICMS concedido pela União Federal.
2/2
Pleiteia, em medida cautelar e no mérito, a declaração de
inconstitucionalidade ( i ) do art. 24-A, §167; 4º186;, da LC 87/1996, incluído
1
09/
pela Lei Complementar 190/2022 e ( ii ) da expressão observado, quanto à
produção de efeitos, o disposto na alínea “c” do inciso III do caput do art.
150 da Constituição Federal constante do art. 3º186; da Lei Complementar
-
190/2022.
to
4. O Governador do Estado do Ceará (ADI 7.078/CE), por fim, assevera
vo
que a declaração de inconstitucionalidade, nos autos da ADI 5.469/DF, do
Convênio 93/2015 não teria acarretado a invalidação das leis estaduais
de
instituidoras do diferencial de alíquota a que se refere a EC 87/2015. Na
realidade, de tais diplomas estaduais voltaram a produzir seus efeitos
ta
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prazo assinalado.
8. O Advogado-Geral da União pronunciou-se, em preliminar, pelo não
0
conhecimento da ADI 7.066/DF em razão da ilegitimidade ativa da autora e,
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no mérito, pela aplicabilidade da anterioridade anual e nonagesimal, no
tocante às ADI’s 7.070/DF e 7.078/CE pela improcedência dos pedidos.
1
09/
9. O Procurador-Geral da República, de outro lado, também opinou pela
ilegitimidade ativa ad causam da ABIMAQ (ADI 7.066/DF) e, no mérito,
pela procedência do pedido formulado na ADI 7.066/DF e pela
-
improcedência dos pedidos deduzidos nas ADI’s 7.070/DF e 7.078/CE. Eis a
to
ementa de seu parecer:
vo
“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO
TRIBUTÁRIO. ART 3º186; DA LEI COMPLEMENTAR FEDERAL 190
de
/2022. PRELIMINAR. ILEGITIMIDADE ATIVA DA REQUERENTE.
MÉRITO. ATO NORMATIVO QUE REGULA A COBRANÇA DO
ta
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de exercício (CF, art. 150, III, “c”), ressalvadas disposições
constitucionais em sentido contrário.
0
5. Na hipótese de não se submeter o conteúdo da Lei
2/2
Complementar 190/2022 ao postulado da anterioridade geral, que seja
observado o prazo mínimo estabelecido pelo legislador para a
1
09/
produção dos efeitos do diploma legal, qual seja, 90 (noventa) dias a
contar de sua publicação.
— Parecer pelo não conhecimento da ação direta e, no mérito, pela
-
procedência do pedido, para que seja conferida interpretação
to
conforme à Constituição ao art. 3º186; da Lei Complementar 190/2022,
vo
de modo a reconhecer que os efeitos do diploma legal estão
submetidos ao princípio da anterioridade de exercício.”
de
10. O Ministro Alexandre de Moraes, Relator, em 17.5.2022, indeferiu as
medidas cautelares requeridas.
ta
30.9.2022, pediu vista, sendo certo que devolveu os autos para continuidade
de julgamento na Sessão Virtual de 04.11.2022 a 11.11.2022. Na
oportunidade, Sua Excelência, assim como o Relator, assentou que a Lei
Complementar 190/2022 não instituiu ou aumentou imposto, a afastar, em
relação à Lei Complementar 190/2022, a aplicação dos princípios da
anterioridade anual e da anterioridade nonagesimal (art. 150, III, b e c , CF).
Reconheceu, no entanto, a constitucionalidade da parte final do art. 3º186;
da LC 190/2022, por entender que o legislador infraconstitucional desejou
8
estabelecer lapso temporal mínimo de 90 (noventa) dias para produção de
efeitos do novo diploma legislativo, devendo prevalecer a deliberação
congressual.
Na Sessão Virtual em que devolvida a vista, o Ministro Edson Fachin
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apresentou divergência em relação aos votos dos Ministros Alexandre de
Moraes e Dias Toffoli, para julgar procedente o pedido deduzido na ADI
0
7.066/DF, para dar interpretação conforme à Constituição ao art. 3º186; da
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Lei Complementar 190/2022 estabelecendo a necessidade de observância
dos princípios da anterioridade anual e da anterioridade nonagesimal (art.
1
09/
150, III, b e c , CF), pois o diploma legal em questão criou nova obrigação e
aumentou o ônus tributário.
Em referida Sessão Virtual (04.11.2022 a 11.11.2022), acompanhei a
-
divergência aberta pelo Ministro Edson Fachin juntamente com os
to
Ministros Ricardo Lewandowski e André Mendonça e com a Ministra
vo
Cármen Lúcia. Posteriormente, o julgamento foi paralisado, uma vez mais,
por pedido de vista do Ministro Gilmar Mendes.
de
O Ministro Gilmar Mendes devolveu os autos para continuidade de
julgamento na Sessão Virtual de 09.12.2022 a 16.12.2022, oportunidade na
ta
Dias Toffoli.
Na sequência, em 12.12.2022, tendo em vista a profusão de
mi
É o breve relatório .
rtu
22
no art. 103, IX, da CF e no art. 2º186;, IX, da Lei 9.868/99.
14. Como já assentado pela jurisprudência desta Casa, o princípio da
0
anterioridade tributária traduz expressiva garantia titularizada pelos
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contribuintes em face do Estado, haja vista consubstanciar uma importante
e poderosa limitação ao poder de tributar. É por essa razão que o Plenário
1
09/
desta Corte, ao exame da ADI 939/DF, Rel. Min. Sydney Sanches , Tribunal
Pleno, DJ 18.3.1994, assentou que referido princípio constitucional (art. 150,
III, b , CF) revela-se como verdadeira cláusula pétrea, por se constituir em
-
garantia individual associada à segurança jurídica.
to
O princípio da anterioridade, nesse contexto, tem como intuito
vo
possibilitar o planejamento anual das atividades econômicas, sem o
inconveniente da insegurança, pela incerteza quanto ao ônus tributário a ser
de
considerado (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário . 37.
ed. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 217), suprimindo, desse modo, a surpresa
ta
na seara tributária. É por essa razão que a Carta Política, a teor do art. 150,
nu
Política.
Ple
22
Saraiva, 2012, p. 217).
Desse modo, para não incidência cumulativa da anterioridade anual e
0
da anterioridade nonagesimal imprescindível a existência de disposição
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constitucional expressa nesse sentido. Destaco, ainda – estabelecido que, em
regra, ambas as anterioridades devem incidir –, que o tributo somente
1
09/
poderá ser cobrado no exercício posterior à lei que o criou ou majorou e
após o transcurso de noventa dias de sua publicação, sendo que os prazos
transcorrem simultaneamente, e não sucessivamente (ADI 5.282/PR, Rel.
-
Min. André Mendonça , Tribunal Pleno, DJe 07.11.2022, v.g. ).
to
Nessa senda, impõe-se destacar que, a teor do art. 150, III, b e c , da
vo
Constituição da República, o princípio da anterioridade – além de, nos
termos da disciplina constitucional, comportar inúmeras mitigações, a
de
exemplo dos empréstimos compulsórios (art. 148, I, c/c art. 150, §167; 1º186;,
ambos da CF) – se aplica às hipóteses de instituição ou majoração de
ta
tributos.
nu
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A, §167; 4º186;, da Lei Complementar 87/1996, incluído pela LC 190/2022.
O dispositivo legal impugnado, ao estabelecer que as novas definições
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de contribuinte, local e momento do fato gerador em operação envolvendo
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consumidor final em outra unidade da federação somente produzirão
efeitos após a disponibilização do portal do DIFAL com as informações
1
09/
necessárias ao cumprimento das obrigações tributárias, principais e
acessórias, em análise, não padece de qualquer vício de
inconstitucionalidade.
-
Como amplamente exposto pelo Ministro Alexandre de Moraes,
to
Relator, a regra legal em questão objetiva viabilizar ao contribuinte lapso
vo
temporal para sua adaptação tecnológica. A disponibilização do portal e o
período em referência consubstanciam mecanismos para possibilitar ao
de
contribuinte tempo para ajuste de práticas e, posterior, recolhimento do
DIFAL por meio da plataforma governamental.
ta
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determinada comunidade. É por essa razão que a Constituição confere, ao
legislador, amplo espectro para fazer ou deixar de fazer em conformidade
com a conveniência e oportunidade que lhe é dispensada.
Disso resulta que, ao contrário do que ocorreria caso se adotasse a
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concepção da Constituição como instrumento veiculador de deveres e de
obrigações para todos os aspectos imagináveis da atividade legislativa – o
0
que a doutrina chama de Constituição genoma –, não é necessário
2/2
reconhecer, no texto constitucional, norma autorizativa para toda e
qualquer deliberação legislativa .
1
09/
Assim, não se revela inconstitucional a norma em análise, tendo em
vista, na linha do exposto, a liberdade de conformação de que titular o
legislador ordinário e a ausência de transgressão, direta ou indireta, a
-
quaisquer dispositivos constitucionais, revelando-se insuficiente a
to
inexistência de previsão de prazo para cobrança do DIFAL na Carta da
vo
República.
20. Ante o exposto, com a devida vênia aos entendimentos em sentido
de
contrário, acompanho a divergência aberta pelo Ministro Edson Fachin,
para julgar ( i ) procedente o pedido deduzido na ADI 7.066/DF, para
ta
É como voto .
al
rtu
Vi
rio
ná
Ple
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