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Manual de Contabilização: Bônus de adimplência fiscal

Resumo:
Veremos nesse Roteiro de Procedimentos como contabilizar o bônus de adimplência fiscal previsto no Artigo 38 da Lei nº 10.637 de
20/12/2002, bem como as regras gerais aplicadas a este benefício fiscal.

1) Introdução:
O bônus de adimplência fiscal é aplicável às pessoas jurídicas submetidas ao regime de tributação com base no Lucro Real ou Presumido.
Ele foi instituído pela Lei nº 10.637 de 20/12/2002 (Conversão da MPv nº 66/2002), com vigência a partir de 01/01/2003, para premiar às
empresas adimplentes com os tributos e contribuições federais administrados pela Receita Federal do Brasil (RFB) nos últimos 5 (cinco)
anos-calendário.

O período de 5 (cinco) anos-calendário será computado por ano completo, inclusive aquele em relação ao qual dar-se-á o aproveitamento
do bônus. Na hipótese de período de apuração trimestral, o bônus será calculado em relação aos 4 (quatro) trimestres do ano-calendário e
poderá ser deduzido da CSLL devida correspondente ao último trimestre.

Referido bônus:

a. corresponde a 1% (por cento) da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) determinada segundo as
normas estabelecidas para as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido, ainda que a pessoa jurídica não esteja
submetida a esse regime de tributação;
b. será calculado em relação à base de cálculo referida na letra "a", relativamente ao ano-calendário em que foi permitido seu
aproveitamento.

Contabilmente, o bônus de adimplência fiscal deve ser reconhecido por ocasião da aquisição do direito ao seu aproveitamento e devem
ser registrado sem trânsito por conta de resultado, diretamente no patrimônio líquido, como crédito à conta "Lucros ou Prejuízos
Acumulados", conforme determina o artigo 119 da Instrução Normativa SRF nº 390/2004.

Apesar de estar em vigência desde o ano-calendário de 2003, ainda existe empresas com dúvidas de como operacionalizar esse benefício
fiscal, assim, veremos nesse Roteiro de Procedimentos como contabilizar o bônus de adimplência fiscal, bem como as regras gerais
aplicadas a este benefício fiscal.

Base Legal: Artigo 38 da Lei nº 10.637 de 20/12/2002 e; Artigos 114 a 120 da Instrução Normativa SRF nº 390/2004.

2) Beneficiários:
Fará jus ao benef?www.tax-contabilidade.com.brAAncia fiscal às empresas adimplentes com os tributos e contribuições federais
administrados pela Receita Federal do Brasil (RFB) nos últimos 5 (cinco) anos-calendário e que não se enquadre em qualquer das
seguintes hipóteses de impedimento:

a. lançamento de ofício (Auto de Infração ou Notificação de lançamento);


b. débitos com exigibilidade suspensa (Inpugnação, recurso, depósito judicial ou administrativo, ou liminar em ação judicial);
c. inscrição em dívida ativa;
d. recolhimentos ou pagamentos em atraso (Tributos e Contribuições Federais); ou
e. falta ou atraso no cumprimento de obrigação acessória (Declarações).

As restrições contidas nas letras "a" e "b" acima serão desconsideradas desde a origem, quando sobrevier decisão definitiva, na esfera
administrativa ou judicial, que implique a desoneração da pessoa jurídica.

Já a hipótese prevista na letra "d" acima, não se aplica quando a pessoa jurídica promover espontaneamente o pagamento ou
recolhimento da totalidade dos débitos em atraso, juntamente com os acréscimos relativos aos juros e à multa de mora, até a data da
utilização do bônus.

Na hipótese de período de apuração trimestral, o bônus será calculado em relação aos 4 (quatro) trimestres do ano-calendário e poderá
ser deduzido da CSLL devida correspondente ao último trimestre.

Base Legal: Artigo 38, §§ 2º a 4º da Lei nº 10.637 de 20/12/2002 e; Artigo 115, § 2º e 118 da Instrução Normativa SRF nº 390/2004.

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3) Forma de Cálculo:
O bônus de adimplência fiscal será calculado aplicando-se o percentual de 1% (um por cento) sobre a base de cálculo da CSLL,
determinada segundo as normas estabelecidas para as pessoas jurídicas submetidas ao regime de apuração com base no lucro presumido
(1), e calculada relativamente ao ano-calendário em que for permitido seu aproveitamento.

O valor do bônus não utilizado integralmente em um ano-calendário poderá sê-lo no encerramento do ano calendário subsequente, vedado
o ressarcimento ou a compensação com outros tributos e contribuições. Nesse sentido vejamos a Solução de Consulta nº 160/2010 da 6ª
Região Fiscal:

Processo de Consulta nº 160/2010

Orgão: Superintendência Regional da Receita Federal - SRRF / 6ª RF

Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL

Ementa: BÔNUS DE ADIMPLÊNCIA FISCAL.

A parcela do bônus de adimplência fiscal que não puder ser aproveitada em determinado período
poderá sê-lo em períodos posteriores, vedado o ressarcimento ou a compensação distinta da
referida na lei.

DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei Nº 10.637 de 2002, art. 38; Instrução Normativa SRF Nº 231/2002;
Instrução Normativa SRF Nº 390/2004.

SANDRO LUIZ DE AGUILAR - Chefe

Lembramos que não há previsão de aplicação de correção ou juros SELIC sobre o saldo não aproveitado.

Nota:

(1) As regras do Lucro Presumido será utilizado no cálculo do bônus ainda que a pessoa jurídica não
esteja submetida a esse regime de tributação.

Base Legal: Artigo 38, § 1º da Lei nº 10.637 de 20/12/2002 e; Artigo 115, caput, § 1º da Instrução Normativa SRF nº 390/2004.

3.1) Momento de reconhecimento do bônus:


O bônus de adimplência fiscal poderá ser reconhecido pela pessoa jurídica tributada com base no Lucro Real ou presumido no final do 5º
(quinto) ano sem que todas as condições impeditivas tenham ocorrido, assim, no final do 5º (quinto) a pessoa jurídica poderá efetuar o
registro contábil do bônus a que tiver direito.

O período de cinco anos-calendário será computado por ano completo, inclusive em relação ao próprio ano do aproveitamento do bônus.

3.2) Momento da utilização do bônus:


A dedução do bônus dar-se-á em relação à CSLL devida no último trimestre do ano-calendário, no caso de pessoa jurídica tributada com
base mo lucro real trimestral ou lucro presumido ou no ajuste anual, na hipótese da pessoa jurídica tributada com base no lucro real
anual.

A parcela do bônus que não puder ser aproveitada em determinado período poderá sê-la em períodos posteriores, vedado o ressarcimento
ou a compensação distinta da CSLL.

Base Legal: Artigo 38, §§ 6º e 7º da Lei nº 10.637 de 20/12/2002.

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4) Utilização indevida do bônus:
A utilização indevida do bônus de adimplência fiscal implica a imposição das seguintes multas, calculadas sobre o valor da CSLL que
deixar de ser recolhida em razão da dedução indevida do bônus:

a. 150% (cento e cinquenta por cento);


b. 225% (duzentos e vinte e cinco por cento), nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para
prestar esclarecimentos.

Base Legal: Artigo 44 da Lei nº 9.430 de 27/12/1996; Artigo 38, § 8º da Lei nº 10.637 de 20/12/2002 e; Artigo 118 da Instrução Normativa SRF nº
390/2004.

5) Tratamento Contábil:
A Instrução Normativa SRF nº 390/2004, em seu artigo 119 estabelece que o bônus de inadimplência fiscal deva ser registrado na
contabilidade da pessoa jurídica beneficiária da seguinte forma:

a. na aquisição do direito, a débito de conta de Ativo Circulante e a crédito de Lucros ou Prejuízos Acumulados;
b. na utilização, a débito da provisão para pagamento da CSLL e a crédito da conta de Ativo Circulante referida na letra "a".

Nota:

(2) Observarmos que, no que diz respeito às sociedades por ações, no encerramento do exercício social,
a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados não deve apresentar saldo positivo. Eventual saldo positivo
remanescente nesta conta deve ser destinado para a conta Reserva de Lucros, nos termos dos artigos
194 a 197 da Lei nº 6.404/1976, ou distribuído como dividendo (Instrução Normativa CVM nº 469/2008,
artigo 5º).

Base Legal: Artigo 119 da Instrução Normativa SRF nº 390/2004.

5.1) Exemplo Prático:


Para efeito de exemplificação, admitamos que a empresa Vivax Indústria e Comércio de Eletrônicos Ltda., empresa tributada com base no
Lucro Real Anual, estejam adimplente com suas obrigações fiscais nos últimos 5 anos e que tenha apurado os seguintes valores a título de
bônus de adimplência fiscal no ano-calendário de 20X1:

Período Base de Cálculo da CSLL Bônus de adimplência fiscal (1%)


1º trimestre R$ 215.000,00 R$ 2.150,00
2º trimestre R$ 160.000,00 R$ 1.600,00
3º trimestre R$ 130.000,00 R$ 1.300,00
4º trimestre R$ 190.000,00 R$ 1.900,00
Total: R$ 659.000,00 R$ 6.950,00

Considerando os valores acima apurados, teremos os seguintes lançamentos contábeis relativamente ao bônus de adimplência fiscal:

Pela aquisição do direito ao bônus relativamente ao 1º trimestre de 20X1:


D - Bônus de adimplência fiscal a compensar (AC) _ R$ 2.150,00
C - Lucros Acumulados (PL) _______________________ R$ 2.150,00

Pela aquisição do direito ao bônus relativamente ao 2º trimestre de 20X1:


D - Bônus de adimplência fiscal a compensar (AC) _ R$ 1.600,00
C - Lucros Acumulados (PL) _______________________ R$ 1.600,00

Pela aquisição do direito ao bônus relativamente ao 3º trimestre de 20X1:


D - Bônus de adimplência fiscal a compensar (AC) _ R$ 1.300,00
C - Lucros Acumulados (PL) _______________________ R$ 1.300,00

Pela aquisição do direito ao bônus relativamente ao 4º trimestre de 20X1:


D - Bônus de adimplência fiscal a compensar (AC) _ R$ 1.900,00
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C - Lucros Acumulados (PL) _______________________ R$ 1.900,00

Legenda:
AC: Ativo Circulante; e
PL: Patrimônio Líquido.

Observemos que, independentemente do regime de tributação, o bônus de adimplência fiscal é calculado sobre a base de cálculo da CSLL
trimestral, segundo as normas estabelecidas para o lucro presumido.

Agora, no final do período de apuração da CSLL (quando Lucro Real Anual), conhecido o total do benefício fiscal, a Vivax deverá proceder
em sua escrita o seguinte lançamento contábil pela utilização do bônus:

Pela utilização do bônus relativamente ao ano de 20X1:


D - Provisão para a CSLL a Pagar (PC) ____________ R$ 6.950,00
C - Bônus de adimplência fiscal a compensar (AC) _ R$ 6.950,00

Legenda:
PC: Passivo Circulante; e
PL: Patrimônio Líquido.

Informações Adicionais:
Este material foi escrito pela Equipe Técnica da Tax Contabilidade. Todos os direitos reservados.

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