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CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS – CURSO REGULAR - AFRFB 1

PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI

AULA TRÊS

Prezados (as) Alunos (as),

Começo a aula perguntando a vocês como estão os estudos? Espero que a


matéria esteja sendo bem explanada e que vocês estejam conseguindo assimilar
todos os conceitos. Relembro que estou à disposição no fórum de dúvidas.

O ponto do conteúdo programático será o seguinte:

Incidência tributária

Muito embora possa parecer um pequeno tópico, posso adiantar a vocês que
se trata de um assunto fundamental no âmbito do estudo das Finanças Públicas.
Assim sendo, peço que vocês tenham muita atenção na aula, até mesmo porque
deste ponto do conteúdo programático que foi fundamentada uma das questões da
prova discursiva do concurso de AFRFB de 2009.

Um abraço e bons estudos,

Mariotti

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1. Incidência Tributária

A análise dos impactos da tributação sobre consumidores e produtores


pode ser evidenciada por meio da ferramenta microeconômica utilizada para
demonstrar a reação destes as variações nos preços dos bens e serviços. Trata-
se pois da relação existente entre oferta e demanda. Vejamos os principais
conceitos que embasam esta análise.

1.1 Curva de Demanda – Função Demanda

A demanda, ou também chamada de procura, pode ser definida como as


várias quantidades de um determinado bem ou serviço que os consumidores
estão dispostos e aptos a adquirir, em função dos vários níveis de preços
possíveis, em determinado período de tempo. Ou seja, a demanda é a correlação
entre as diversas quantidades procuradas de um bem, com os diversos níveis de
preços apresentados.

A demanda é dependente de uma série de variáveis, dentre as quais o


preço do bem X (PX), a renda dos consumidores (R), o preço dos outros bens
(PY), assim como os gostos dos consumidores (G).

DX = f (PX, R, PY, G), sendo a demanda dada em função dos parâmetros


anteriores.

A Lei da Demanda1 diz que há uma correlação inversa entre preços e


quantidades demandadas, coeteris paribus (expressão latina que significa tudo o
mais constante, como a renda do consumidor, os preços de outros bens e as
preferências dos consumidores). Quanto maior for o preço, menor será a
quantidade demandada do bem que o consumidor estará disposto a adquirir e
vice-versa.

Perceba o gráfico que se segue:

1
Não se trata de uma lei em sentido explícito, mas sim se uma máxima da economia.

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P Quanto maior o preço,


menor a quantidade
10 A demandada (coeteris
paribus).
B
5

20 40 Q

Sendo assim, corroboramos a informação de que existe uma relação


inversa entre o preço e quantidade demandada, o que nos leva a interpretar,
conforme o gráfico acima, que a curva apresenta uma declividade (inclinação)
negativa.

A curva de demanda é negativamente inclinada devido ao efeito conjunto


de três fatores: o efeito substituição, o efeito renda e a utilidade marginal do
produto:

Efeito substituição: se um bem X possui um substituto Y, ou seja, outro bem


similar que satisfaça a mesma necessidade, quando seu preço aumenta, coeteris
paribus, o consumidor passa a adquirir o bem substituto Y, reduzindo assim a
demanda pelo bem X. Exemplo: se o preço do fósforo subir demasiadamente, os
consumidores passam a consumir isqueiro, reduzindo a demanda por fósforo;

Efeito renda: quando aumenta o preço de um bem, tudo o mais constante


(renda do consumidor e preços de outros bens constantes), o consumidor perde
poder aquisitivo e a demanda pelo produto cai;

Utilidade Marginal: quanto maior a quantidade de um produto que o


consumidor pode adquirir, menor será a utilidade ou satisfação adicional (marginal)
com cada unidade adicional consumida, o que o levará a reduzir a quantidade
demandada do bem. Exemplo: o primeiro copo de água, para quem está com muita
sede, proporciona uma certa satisfação (utilidade); o segundo copo proporcionará

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uma satisfação adicional, mas com uma utilidade marginal inferior ao primeiro copo e
assim sucessivamente. Pense se isso não é verdadeiro?!

1.2 Curva de Demanda: Deslocamento da curva e ao longo da curva -


distinção entre demanda e quantidade demandada

Embora tais termos tendam a serem utilizados como sinônimos, estes


possuem interpretações diferentes. Por demanda entendemos toda a escala ou
curva que relaciona os diferentes preços e quantidades dos bens transacionados
na economia. Por quantidade demandada devemos entender um ponto da curva
que relaciona o preço e a quantidade demandada de um determinado bem.

No gráfico a seguir, a curva de demanda esta indicada pela letra D, sendo


que a quantidade demandada Q0 é relacionada ao preço P0. Caso o preço
aumentasse para P1, haveria uma diminuição na quantidade demandada e não na
demanda. Ou seja, as alterações da quantidade demandada ocorrem ao longo da
mesma curva de demanda.

P1

P0 D

Q0 Q1 Q

No gráfico abaixo a curva da demanda inicial está indicada por D 0. Caso


ocorresse um aumento na renda dos consumidores, coeteris paribus, a
demanda irá se deslocar para a direita D1, indicando que o consumidor estaria
disposto a adquirir maiores quantidades de bens e serviços.

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P1
D1
P0
D0

Q1 Q0 Q

Verificamos que movimentos da quantidade demandada ocorrem ao


longo da mesma curva de demanda (D0), devido somente a mudanças no preço
do bem. Quando a curva de demanda se desloca (devido a variações da renda
ou de outras variáveis, que não o preço do bem), temos um deslocamento da
demanda (e não da quantidade demandada).

1.3 Curva de Oferta - Função de Oferta

Pode-se conceituar a curva de oferta como as várias quantidades de bens


e serviços que produtores estão dispostos a oferecer no mercado aos mais
variados níveis de preços. Ao contrário da função demanda, a função oferta
representa a correlação positiva (direta) entre quantidade ofertada e nível de
preços.

P O0

10

Q
20 40

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1.3.1 Distinção entre oferta e quantidade ofertada

A oferta representa o total de bens e serviços oferecidos por determinada


empresa. Esta mesma oferta é dependente de uma série de variáveis, tais como
o preço do bem a ser vendido (PX), preço dos insumos (produtos utilizados na
produção) (PINS), a tecnologia empregada no processo produtivo (T), bem como o
preço dos demais bens (PY).

Podemos demonstrar a função oferta da seguinte maneira:

OX = f (PX, PINS., T, PY), sendo a oferta dada em função dos parâmetros


anteriores.

Assim como ocorre na análise da demanda, as variações na quantidade


ofertada são derivadas tão somente de alterações no preço do produto, conforme
exposto pelo mesmo gráfico acima.

Já as variações na oferta de bens e serviços são devidas a outros fatores


que não a mudança de preços. Um bom exemplo pode ser derivado, por exemplo,
da descoberta de nova bacia exploratória de petróleo em águas profundas
brasileiras. Neste caso ocorrerá o deslocamento da curva de oferta para baixo e
para direita, de acordo com o gráfico seguinte.

P O0

O1
10
5

20 40 Q

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1.4 Equilíbrio entre demanda e oferta – o mercado de concorrência


perfeita

OBS: Nesta parte da análise trataremos as curvas de oferta e demanda como se


fossem retas, ok? Faremos isto pelo fato de estarmos utilizando uma
aproximação, o que torna mais fácil a análise da dinâmica entre preços e
quantidades na relação existente entre a demanda e a oferta de bens e serviços.

Outra questão a ser considerada a partir de agora é a que se refere à


definição do mercado no qual ocorrem as trocas entre consumidores e
produtores. Para fins de análise, estas se realizarão dentro do chamado mercado
de concorrência perfeita2, mercado que melhor representa as negociações
existentes entre consumidores e produtores.

1.4.1 Determinação do Preço de Equilíbrio de Mercado

A interação entre a demanda e a oferta por bens e serviços determina o


preço e a quantidade de equilíbrio no mercado.

As negociações entre consumidores e produtores funcionam da seguinte


maneira: quando ocorre um excesso de oferta de bens frente à demanda, existe
uma tendência natural a que ocorra uma sobra de produtos no mercado. Esta
sobra tende a puxar os preços dos produtos para baixo.

De forma inversa, quando ocorre um excesso de demanda frente a uma


mesma oferta existe a tendência de que os preços negociados dos produtos
subam. É o que chamaríamos de escassez de bens.

2
Elucidaremos de forma mais precisa o mercado de concorrência perfeita dentro da aula que abordará as
estruturas dos mercados de bens. Outra consideração é a de que o mercado de concorrência perfeita é uma
abstração teórica, ou seja, este é pouco factível, existindo na economia apenas aproximações deste tipo de
mercado, como por exemplo o mercado de produtos hortifrutigranjeiros.

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Excesso de oferta

P
O

QEQUIL Equilíbrio entre a oferta e a


demanda por bens.
.
D

PEQUIL. Q

Excesso de demanda

Em algumas questões de concurso a definição das curvas de demanda e


de oferta é feita a partir de uma formatação matemática. Como a maior parte das
vezes consideramos as curvas de oferta e de demanda como sendo retas, a sua
formatação é propriamente a equação de uma reta (todos se lembram como é a
formatação matemática de uma reta?). Senão vejamos:

Demanda = QD = 120 – 4PX


Sendo:
QD = quantidade demandada e PX o preço do bem X;

Oferta = Qo = -20 + 3PX

Sendo:
Qo = quantidade ofertada e P X o preço do bem X.

No equilíbrio, como a oferta deve ser igual à demanda, temos os seguintes


níveis de preço e quantidades:

QD = 120 – 4PX = Qo = -20 + 3PX;

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120 – 4PX = -20 + 3PX


-7 PX = -140
PX = 20

Substituindo PX = 20 em qualquer uma das duas equações, temos a


quantidade de equilíbrio exatamente igual a 40.

2. A incidência tributária e os impostos específicos (ad-rem) e ad-valorem


(alíquota)

A tributação realizada pelo governo impacta não somente os


consumidores, mas também os produtores de bens e serviços. A mera incidência
do tributo tende a aumentar o preço dos bens, levando os consumidores a
diminuírem suas compras. Não obstante, destaca-se, a priori, que os preços
elevados não representam ganhos extras para produtores mas, tão somente,
repasse do ônus tributário e consequente aumento da arrecadação
governamental.

Ao analisarmos os impactos dos impostos sobre a oferta e a demanda por


bens e serviços, temos que distinguir a forma de incidência destes na formação
dos preços dos produtos.

2.1 O imposto específico

Este imposto é representado por um valor fixo em unidades monetárias,


incidente sobre cada unidade de produto vendido, independente do valor da
mercadoria. Um imposto específico de R$ 100,00 agrega-se ao valor do produto
vendido (R$ 1000,00), gerando um preço final de R$ 1.100,00. Trata-se assim
de um imposto sobre a quantidade.

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De forma gráfica, anteriormente à incidência do imposto, teríamos o


seguinte equilíbrio entre a oferta (empresas) e a demanda (consumidores), com
os preços em P0 e Q0 sendo transacionados.

P
O0

P0

D0

Q0 Q

Com a incidência do imposto específico ocorre um deslocamento da curva


de oferta para cima, especialmente porque a imposição do imposto é feita pelo
governo às empresas, mesmo em situações em que estas últimas repassem
parte da majoração tributária aos consumidores.

Podemos compor o novo preço do produto vendido da seguinte forma:

P1 = P2 + T; ou
P2 = P1 - T

Vejamos o novo equilíbrio entre preços e quantidades conforme o gráfico


abaixo:
O1 (COM IMPOSTO)
P
O0 (SEM IMPOSTO)

P1
P0

P2

D0

Q1 Q0
Q

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Perceba que o novo equilíbrio entre consumidores e as empresas ocorre


em P1 e Q1. P1 é o preço pelo qual o produto foi vendido (adquirido pelo
consumidor), mas não o preço recebido pela indústria. O preço recebido pelo
produtor foi, na verdade, P2, abaixo do preço de equilíbrio P 0. Para entendermos
o porquê desse resultado, com um nível maior de preço do produto sendo
cobrado (P1 > P0), mas com uma menor oferta de bens (Q1 < Q0), é importante
que relembremos alguns conceitos anteriormente aprendidos.

Com a incidência do tributo ocorre uma imperfeição nas relações entre


consumidores e produtores. Esta imperfeição é devida ao imposto específico, que
faz alterar o equilíbrio representado pela combinação de preço P 0 e quantidade
Q0. Como o valor recebido pelo produtor agora é P 2, menor do que P0, menos
bens e serviços ele oferta de bens e serviços (Q1).

O imposto devido é repartido entre consumidores e produtores na diferença


entre o novo preço do produto (P1) e o preço inicial (P0) para os consumidores.
Para a indústria, é devido na diferença entre o preço do produto antes da
incidência do imposto (P0) e o novo valor recebido (P2).

Assim temos:
Imposto arcado pelos consumidores = P 1 – P0
Imposto arcado pela empresa= P 0 – P2

Cabe destacar que a arrecadação tributária do governo será composta pelo


diferencial pago pelos consumidores com a compra do bem, multiplicado pelo
número de unidades demandadas. Adicionada à arrecadação tem-se o valor não
recebido pelos produtores, que é o resultado do preço sem tributação menos o
novo preço recebido por conta da incidência tributária.

Valor total de imposto pago pelos consumidores = ((P1 – P0) * Q1)


Valor total de imposto pago pelos produtores = ((P0 – P2) * Q1)

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Considerando que o ônus tributário recai sobre consumidores e produtores,


importa-nos saber como essa incidência é repartida entre os agentes. O conceito
da elasticidade procura demonstrar a reação de consumidores e produtores a
alterações nos preços dos bens e serviços.

A parte hachurada em vermelho representa o chamado peso morto dos


impostos, que caracteriza a perda de bem estar econômico e social proveniente
da imposição da tributação. Trata-se do chamado custo social dos impostos.
Como ocorre uma diminuição da quantidade produzida e vendida em mercado, é
natural a perda de geração de renda.

2.1.1 A elasticidade e os impactos sobre consumidores e empresas

Entende-se que para todo produto que possui demanda elástica às


variações positivas nos preços, o consumo por tal bem tende a ser amplamente
diminuído. Traduzindo-se de outra forma, podemos dizer que com a
imposição do ônus tributário, que tende a elevar o preço dos produtos,
consumidores acabam por diminuir em grande percentual a procura pelo
bem, deixando nas mãos do produtor a necessidade de arcar com a maior
parte do ônus do tributo.

De forma inversa, caso a demanda pelo produto seja inelástica,


variações nos preços tendem a ser mais bem aceitas pelos consumidores,
ou seja, eles aceitam arcar com a maior parte do ônus da tributação,
possibilitando, por conseqüência, maior margem ao produtor de poder
transferir ao consumidor o máximo de imposto possível.

Estas conclusões estão expressas no gráfico abaixo:

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O (COM IMPOSTO)

(inelástica) P1
O (SEM IMPOSTO)
(elástica) P1
(equilíbrio) P0
(inelástica) P2
(elástica) P2
D (ELÁSTICA)

D (INELÁSTICA)

Q1 (elástica) Q1 (inelástica) Q0 (equilíbrio)

É importante destacar que com a incidência tributária ocorre um


deslocamento da curva de oferta para a esquerda, sem que haja mudança na
inclinação da reta (coeficiente angular).

2.2 O imposto ad-valorem

Os impostos do tipo ad-valorem, também chamados de impostos sobre o


valor, são comumente calculados levando-se em consideração que a base de
cálculo é o valor de venda do bem. Destaca-se desta forma, que, na base de
cálculo, já está incluído o valor do imposto. É o que a literatura denomina de imposto
“por dentro”. O cálculo do preço de um bem é feito da seguinte forma:

= preço pago pelo consumidor

= preço recebido pelo produtor.

Impostos como o ICMS são calculados pelo método “por dentro”.

Outra forma de cobrança do imposto ad-valorem é feita pelo chamado


conceito “por fora”, em que o imposto é calculado a partir do preço do bem antes da
incidência tributária.

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= preço pago pelo consumidor

= preço recebido pelo produto.

O IPI é um imposto calculado por fora.

O imposto ad valorem, diferentemente do imposto específico, altera a


inclinação da curva de oferta, pois na medida em que aumenta o valor do bem,
maior será a fatia arrecadada pelo governo.

Vejamos esta conclusão através do gráfico seguinte:

P O1 Veja que a incidência


tributária altera a inclinação
O0 da curva de oferta. Perceba
também que quando a oferta
P1
de bens e serviços é “zero”, a
(equilíbrio) P0 Peso morto dos
P2 arrecadação tributária
impostos.
também é igual a zero. Na
medida em que aumenta o
D0 preço do bem, maior é a
arrecadação tributária.
Q1 Q0 Q

Vejamos uma questão elaborada para prova de Auditor Fiscal da Receita


Federal de 2003 que versa sobre os conceitos ora desenvolvidos:

(AFRF/SRF – ESAF/2003) Com base na imposição de um imposto, assinale a única


opção falsa:

a) Quando um imposto é aplicado num mercado, há dois preços de interesse: o que


o demandante paga e o que o ofertante recebe.

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b) O imposto sobre a quantidade é uma taxa cobrada por cada unidade vendida
ou comprada do bem.
c) O imposto sobre o valor é uma taxa expressa em unidades percentuais.
d) A parte de um imposto que é repassada aos consumidores independe das
inclinações relativas das curvas de oferta e demanda.
e) A produção perdida é o custo social do imposto.

Resposta:

a) Nos mercados taxados pela incidência tributária, consumidores e produtores


realizam trocas. Diante da tributação deste mercado as trocas não ocorrem de forma
eficiente, devido ao fato do ônus tributário recair diretamente sobre o bem ou serviço
vendido, alterando por conseqüência o preço pago pelo consumidor e recebido pelo
produtor. Destaca-se, conforme vimos, que o preço pago pelo consumidor é
diferente do preço recebido pelo produtor, isto pelo fato de que no valor do bem
vendido está incluída a tributação. Conforme o gráfico acima, o valor que o
demandante paga é maior que o recebido pelo produtor.
Assertiva Correta

b) Para cada unidade comprada ou vendida (quantidade) é cobrada uma taxa (valor
unitário – ex: R$ 1,00) na forma de tributação.
Assertiva Correta

c) O imposto sobre o valor, também chamado de imposto ad valorem, incide sobre o


preço pago pelo consumidor. Assim, temos que:

Preço recebido pelo produtor P2 = P1 (preço pago pelo consumidor) – t * P1 = P1 *


(1 – t). O cálculo desse imposto é feito pelo método “por dentro”. O valor pago de
tributação é T = P1*t. Com isso podemos dizer que o cálculo do imposto “por dentro”
se utiliza do preço do produto já com a contabilização do imposto.
Assertiva Correta

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d) Os impactos da incidência tributária sobre os bens e serviços adquiridos pelos


consumidores estão diretamente relacionados à elasticidade das curvas de oferta e
de demanda. Quanto mais elásticos forem os consumidores, menor a aceitação de
variações positivas nos preços dos bens adquiridos. De forma inversa, quanto mais
inelásticos forem os consumidores, maior a aceitação de variações positivas nos
preços dos bens.
Assertiva Incorreta (Gabarito)

e) A diminuição da produção por parte dos ofertantes de bens e serviços está


relacionada à perda que estes têm com a diminuição dos valores provenientes das
vendas dos produtos. É o chamado custo social dos impostos.
Assertiva Correta

Apenas para fins de esclarecimento, a tributação cobrada pelo governo pode ser
imposta diretamente aos consumidores, o que no entanto levará a um deslocamento
da curva de demanda para baixo.

2.3 Os impactos dos impostos sobre firmas competitivas e em regime de


monopólio

A incidência tributária exerce impactos diferenciados nas diversas


estruturas de mercado existentes na economia. Os mercados de compra e venda
de bens e serviços são em sua maioria divididos em mercado de perfeita
competição (muitas empresas atuantes), monopolizado (uma única empresa) e
oligopolizado (poucas empresas).

Para a nossa análise, vamos nos deter rapidamente aos impactos da


tributação sobre os mercados de concorrência perfeita e monopólio, normalmente
solicitados nas questões de concurso.

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2.3.1 As empresas no regime de concorrência perfeita

Inicialmente, e como forma de definir o nosso resultado, podemos dizer


que no regime de concorrência perfeita, o impacto de um imposto tipo lump-
sun tax (imposto por unidade fabricada) sobre as empresas, se dará na forma do
aumento dos custos (inicialmente no custo fixo, sendo repassado ao custo total).
A repartição da tributação sobre consumidores e produtores será diretamente
dependente das elasticidades da demanda e da oferta.

Empresas que atuam em mercados competitivos trabalham no regime em que


cada unidade adicional produzida é vendida ao preço “P”, sendo este preço igual à
receita marginal (receita adicional com cada unidade adicional de produto vendida).
O mercado concorrencial é o tipo de mercado em que há um grande número de
vendedores (empresas), de tal sorte que uma empresa, isoladamente, não afeta
os níveis de oferta de bens e serviços do mercado e, conseqüentemente, o preço
de equilíbrio. Trata-se do conceito de mercado atomizado (muitas empresas).
Alguns conceitos adicionais podem ser relembrados, como forma de melhor
compreender o impacto dos impostos sobre o mercado de concorrência perfeita,
tais como:

i. não-diferenciação entre produtos ofertados pelas empresas concorrentes


(conhecida como hipótese da homogeneidade);

ii. atomicidade, que representa o mercado com infinitos vendedores e


compradores, de forma que um agente isolado não tem condições de afetar o
preço de mercado. Assim, o preço de mercado é único, sendo “fixado” para
empresas e consumidores (price-takers ou tomadores de preço);

iii. não-existência de barreiras para o ingresso de empresas no mercado, ou


seja, as empresas podem entrar e sair livremente do mercado;

iv. Transparência de mercado (todas as informações sobre lucros, preços,


etc., são conhecidas por todos).

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As empresas atuantes no mercado de concorrência perfeita visam à


maximização dos seus lucros. O resultado de suas vendas é representado pela
Receita Total de vendas.

O resultado da Receita Média será igual à receita total dividido pela


quantidade de bens vendidos.

Conforme podemos constatar, a Receita Média (Rme) obtida pela empresa


é igual ao preço do produto (p).

Já que estamos falando de receitas, podemos nos perguntar: Qual seria a


Rmg de cada unidade adicional vendida?

Considerando a hipótese de que as firmas são tomadoras de preços, já que


existe uma série de empresas que atuam no mercado, o preço do produto
oferecido pela empresa será sempre o mesmo. Como a Receita Marginal (ou
adicional) representa o quanto a empresa ganha com cada unidade
adicional vendida, podemos concluir que a RMg de cada unidade adicional
vendida será igual ao preço do bem ou serviço que, conseqüentemente,
será igual a Rme da empresa.

RMg = p = Rme

Conforme verificamos em aula anterior, a curva de demanda é negativamente


inclinada, ou seja, quanto maior for o preço, menor será a quantidade demandada e
vice-versa. Como no mercado concorrencial o produto é vendido sempre pelo
mesmo preço (preço P = Rme = Rmg), independente da quantidade vendida, a
curva de demanda será horizontal, representando a manutenção do preço do bem.

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Vejamos o gráfico abaixo:

P P
O

P = Rme = RMg
Demanda pelo bem X

Q(mercado)
Q q

A curva de demanda, do ponto de vista da empresa perfeitamente


competitiva, é dada conforme o gráfico acima, em nível do preço estabelecido pelas
forças de mercado. A esse preço, toda a produção da empresa será absorvida pelo
mercado. Não há interesse em operar abaixo desse nível e não há possibilidade de
praticar preço superior a “p”, pelo simples fato de que a empresa seria expulsa do
mercado, já que não conseguirá vender qualquer unidade do bem.

2.3.1.1 A interligação do resultado da empresa concorrencial e o Custo


Marginal (CMg)

Conforme já verificamos, toda empresa busca maximizar o seu lucro,


procurando, para isso, aplicar a regra na qual a RMg com a venda da última
unidade vendida seja exatamente igual ao CMg com a última unidade produzida.
Veja que quando isto ocorre não há porque a empresa querer produzir mais, uma
vez que esta não conseguirá aumentar o seu lucro. Neste sentido, se sabemos que
no mercado concorrencial a RMg é igual ao preço “p”, que também é igual a RMe,
podemos dizer que o Custo Marginal (CMg) se igualará a estas duas, chegando a
seguinte equação:

RMe = p = RMg = CMg

Para que melhor possamos entender esta idéia, interpretamos abaixo a


seguinte tabela:

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Tabela 1
Lucro Receita Custo
Custo
Preço Quant. Receita Total Custo Total (RT- Marginal Marginal
Médio
(P) (Q) (RT=PxQ) (CT) CT) RMg CMg
0 $0,00 $3,00 ($3,00)
$6,00 1 $6,00 $5,00 $5,00 $1,00 $6,00 $2,00
$6,00 2 $12,00 $8,00 $4,00 $4,00 $6,00 $3,00
$6,00 3 $18,00 $12,00 $4,30 $6,00 $6,00 $4,00
$6,00 4 $24,00 $17,00 $4,50 $7,00 $6,00 $5,00
$6,00 5 $30,00 $23,00 $4,60 $7,00 $6,00 $6,00
$6,00 6 $36,00 $30,00 $5,00 $6,00 $6,00 $7,00
$6,00 7 $42,00 $38,00 $5,40 $4,00 $6,00 $8,00
$6,00 8 $48,00 $47,00 $5,90 $1,00 $6,00 $9,00

Se plotarmos inicialmente o gráfico referente à estrutura de custos médio e


marginal da empresa e, posteriormente, o gráfico referente à tabela acima, teremos
o seguinte equilíbrio:
Cmg, Cme

CMg
CMe

P, Cmg, Cme

CMg

CMe
p* = 6 p = RMg = RMe = CMg

Cme = 4,6

q* = 5 q

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De acordo com o que vimos acima, no mercado concorrencial, para que uma
empresa maximize seus lucros, no curto prazo, a última unidade fabricada gerará um
custo marginal (adicional) que é exatamente igual à receita marginal com a venda do
produto. Outro ponto é que no curto prazo o custo médio de produção é menor do
que a receita média, o que garante o lucro da empresa.

2.3.2 A incidência tributária no mercado concorrencial

Verifica-se, a partir das informações dispostas acima, que em um mercado


concorrencial o equilíbrio ocorre a partir da igualdade entre a receita marginal e o
custo marginal. Neste equilíbrio temos ainda a igualdade com o preço do bem, afinal
de contas as empresas atuantes neste mercado são tomadoras de preço.

Não obstante, o que importa verificar, para fins de análise, é como se dará a
imposição do ônus da tributação (imposto específico) sobre consumidores e
produtores no mercado concorrencial. Para isso teremos que voltar a considerar a
elasticidade da demanda pelo bem ora taxado. Sabendo que a imposição do ônus
da tributação recai sobre a curva de oferta, e que a própria incidência tributária leva
ao aumento do preço do bem, derivado do aumento do custo (custo marginal),
podemos verificar qual será o novo equilíbrio em termos de quantidade e preço.
Vejamos a interpretação pelo gráfico abaixo:

A curva de oferta desloca-se para cima (O2), visto que o produtor deve
adicionar ao preço do bem o custo do ônus da tributação. Este deslocamento leva
ao aumento do preço e a conseqüente redução da quantidade demandada. A
imposição do ônus da tributação gerará novamente o peso morto dos impostos,
conforme demonstrado pela parte hachurada do gráfico.

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O2
P
O1

P1 = Rme1 = RMg1

P0 = Rme0 = RMg0

Q1 Q0 Q

O resultado do ônus da tributação será maior ou menor em função das


elasticidades de demanda e de oferta pela bem tributado.

2.3.3 A empresa Monopolista

No regime de monopólio o produtor exerce grande influência sobre a


formação do preço do produto, estabelecendo o seu ganho a partir da composição
dos custos, neste incluído o imposto. Ressalta-se ainda que o produtor monopolista
estabelece o preço a ser cobrado pelo bem ou serviço oferecido da mesma forma
que no mercado concorrencial, partindo da igualdade existente entre a receita
marginal e o custo marginal de produção. Vejamos o funcionamento da empresa
monopolista.

No regime de monopólio o comprador se submete às condições impostas


pelo vendedor ou simplesmente deixará de consumir o produto3. No Brasil os
exemplos mais comuns são aqueles referentes ao regime de monopólio natural,
tais como produção e transmissão de energia elétrica (em hidroelétricas),
fornecimento de água e esgoto, bem como o refino de petróleo 4.

3
Ressaltamos que é sempre válida a relação da demanda, ou seja, mesmo que o monopolista sendo
o único vendedor, ele não poderá estabelecer qualquer preço, sob pena de não conseguir vender
nenhuma unidade do bem ou serviço produzido.
4
Existem exceções, mas que não merecem maiores comentários para fins deste material.

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No mesmo sentido do exposto no mercado concorrencial, destacamos


algumas características dos monopólios:

i. Apenas uma única empresa é a produtora de bens ou serviços;


ii. O produto oferecido não apresenta substitutos;
iii. Existência de barreiras à entrada de outras empresas, o que aumenta o seu
poder de mercado.

Cabe-nos relembrar novamente que no regime monopolista não existe


uma curva de oferta que se oriente de acordo com as variações nos preços dos
bens e serviços. Como ele é o único oferecedor do bem, a definição do preço é
feita de acordo com a sua intenção de venda no mercado. É o que definimos
como discriminação de preços dos bens. Para que o monopolista aumente a sua
receita de vendas ele terá que obrigatoriamente reduzir o preço do bem.
Analisemos isto cuidadosamente no próximo tópico.

2.3.3.1 A demanda pelo produto oferecido pelo Monopolista (RT,


RMe, RMg e o Preço)

No regime de monopólio a curva de demanda da empresa é a própria curva


de demanda do mercado como um todo. Ao ser exclusiva no mercado, a empresa
não estará sujeita aos preços vigentes. Ela pode estabelecer o preço que melhor
lhe convier. Veja que esta situação é exatamente o inverso do regime de
concorrência em que, diante da existência de muitas firmas, existe o impedimento
natural de que o preço seja manipulado.

A demanda de mercado é a
própria curva de demanda do
monopolista.
D

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A liberdade do monopolista não significa que este pode estabelecer o


preço do jeito que bem entender. Ele deve sempre considerar a elasticidade-
preço da demanda onde a empresa atua.

A receita total auferida pelo monopolista é dada pelo preço que este
vende cada produto no mercado, multiplicado pela quantidade de cada produto.
Assim temos que:

, sendo Q a quantidade de mercado, já que o monopolista é o

único oferecedor.

Vejamos ainda que a receita média é o próprio preço do bem vendido:

Veja que estando o monopolista sujeito à lei da demanda, ou seja, quanto


menor o preço, maior será a quantidade demandada, ele deve saber qual será o
comportamento da demanda do consumidor toda vez que diminuir o preço do seu
bem produzido. Se com a queda do preço ele conseguir aumentar a sua receita,
ele continuará a discriminar preços.

Diante desta consideração, percebe-se uma importante definição do


mercado monopolista. Como para vender cada unidade adicional de produto a
empresa necessita reduzir o preço do produto, conclui-se que a receita marginal
(que é a receita ADICIONAL com cada unidade vendida) será menor do que o
próprio preço do produto. Vejamos um exemplo simples:

Um monopolista vende apenas uma unidade de produto ao preço de R$


10,00, auferindo assim uma receita total igual a R$ 10,00. Para que ele venda
duas unidades, terá que reduzir o preço do produto para R$ 9,00. A receita total
dos produtores será igual a R$ 18,00. Veja, no entanto, que a receita marginal

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(adicional) foi apenas de R$ 8,00 (R$ 18,00 (da venda de duas unidades) – R$
10,00 (da venda de uma unidade)), enquanto a receita média com a venda de
dois produtos é igual a R$ 9,00 (18/2).

Estas informações levam a uma importante conclusão a respeito do regime


monopolista. A receita marginal no regime de monopólio é sempre inferior à
receita média obtida com a venda do bem. Em termos gráficos temos a seguinte
disposição entre a receita média (que é a própria curva de demanda) e a receita
marginal:

P, RMg,
RMe

Rme = Demanda

RMg

Mas qual será a relação existente entre a Receita Média (RMe) e a Receita
Marginal (RMg). E como se comporta a relação entre receita marginal e custo
marginal?

Para que esta pergunta possa ser respondida, precisamos novamente nos
valer dos gráficos que demonstram a estrutura de custos de uma empresa,
independentemente do fato de ela estar trabalhando no mercado concorrencial ou
no mercado monopolista. Adicionalmente, iremos plotar a estrutura de custos da
empresa monopolística junto a sua estrutura de receitas, interpretando assim o
resultado da interação existente da igualdade entre a receita marginal e o custo
marginal.

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P, Lucro do Monopolista = O ponto maximizador do lucro


Cme, do monopolista é aquele no
(P – Cme)* Q*
Cmg,
Rmg qual a RMg é igual ao custo
Marginal. O lucro do
monopolista dependerá da
CMg CMe diferença existente entre o
P*
Custo Médio e o preço de
Cme* venda do bem ou serviço
oferecido.
Rme = P
RMg

Q* Q

O preço de venda que maximiza o lucro do monopolista será aquele obtido a


a partir da igualdade entre a RMg e o CMg. De acordo com o gráfico, o preço
maximizador do lucro de curto prazo é obtido a partir do encontro da linha pontilhada
(que demonstra a igualdade entre RMg e CMg) com a curva de demanda do
monopolista.

2.3.4 A incidência tributária no monopólio

Com a imposição do ônus da tributação, irá ocorrer o aumento do custo de


produção (custo médio), o que naturalmente reflete-se no aumento do custo
marginal de produção. Lembrando-se que uma empresa ao maximizar o seu lucro
iguala a receita marginal ao custo marginal, com a subida deste, teremos um
resultado do aumento do preço do bem, isto pelo simples fato de que o produtor
não arcará com a integralidade do imposto devido. Logicamente, lembrando-se
que o monopolista se depara com a curva de demanda do consumidor, quanto
mais elásticos forem estes, menor será a sua margem de ganho, até porque
menos ele poderá repassar do imposto para o demandante do seu bem.

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P, Com a imposição da tributação


Cme, o produtor monopolista
Cmg,
Rmg repassa parte do ônus aos
consumidores, gerando
impactos negativos na
Cme1
quantidade e o conseqüente
P1 CMg1
aumento nos preços. O
Cme0
P0
Cme1 CMg0 repasse do ônus da tributação
dependerá do quão necessário
Cme0 é o produto para o consumidor,
Rme = P o que representamos por
elasticidade da demanda.
RMg

Q1 Q0 Q

Anteriormente à incidência tributária, o lucro do monopolista é representado


pela diferença entre P0 e Cme0, multiplicada pela quantidade Q0. Posteriormente à
incidência tributária, o lucro do monopolista diminui, medida pela diferença entre P 1
e Cme1, multiplicado pela quantidade Q1.

3. A transferência do ônus da tributação (a repartição dos impostos)

Conforme verificamos, a repartição dos tributos entre consumidores e


produtores está diretamente vinculada ao grau de elasticidade da demanda e da
oferta. Não obstante, destaca-se que a repartição dos impostos também está
costumeiramente associada à parte da tributação bancada pelo produtor, ou seja, o
quanto ele arca versus o quanto repassa ou ao consumidor do seu produto ou
mesmo ao fornecedor de suas matérias primas. Vejamos estas situações:

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3.1 Transferências para frente

A chamada transferência “para frente” ocorre quando os produtores


conseguem transferir senão plenamente, a maior parte da carga tributária ao
consumidor final, ficando assim assegurado a estes a perfeita mensuração da sua
rentabilidade com a produção e venda dos produtos ofertados. A transferência “para
frente” é muito comum em mercados monopolizados (apenas uma empresa
vendedora) e oligopolizados (poucas empresas vendedoras).

3.2 Transferências para trás

A transferência “para trás” ocorre quando o comprador da matéria-prima ou


do produto consegue impor ao seu fornecedor à redução do preço do bem ou
serviço por ele consumido, uma vez que associado a este preço encontra-se a
tributação indireta incidente sobre o produto. É comum a existência da transferência
“para trás” nos mercados monopsônicos (apenas um comprador) ou oligopsônicos
(poucos compradores).

A imposição da tributação sobre os diversos mercados tende a promover


impactos diretos sobre os agentes econômicos, promovendo o desequilíbrio nas
relações de negócios entre consumidores e produtores. Ao analisarmos os tipos
de impostos, verificamos que estes podem incidir de forma direta ou indireta
sobre os agentes e que, associada a esta incidência, encontra-se a proporção do
impacto do ônus tributário.

4. A incidência tributária e a necessidade de reformas

Conforme deve ter ficado claro por meio das abordagens desenvolvidas,
não é fácil a estruturação de um sistema tributário ideal. Afora as questões já
narradas, algumas outras tendem a obstruir a geração de uma efetiva reforma no

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sistema. Segundo Biderman e Arvate, apud Bordin5, está obstrução é gerada por
três conflitos de interesses:

1. O conflito de interesses entre o setor público (que quer maior


disponibilidade de receitas) e o setor privado (que quer a redução
do impacto negativo da tributação sobre a eficiência e a
competitividade do setor produtivo nacional,a prestação de serviços
públicos compatíveis e, ainda, que se faça a justiça social;

2. O conflito distributivo entre as regiões num mesmo nível de


governo (conflito horizontal), como é o caso da tributação do
ICMS na origem ou no destino, opondo os estados produtores do Sul
e Sudeste e os estados do Norte e Nordeste.

3. O conflito entre as esferas de governo (conflito vertical) –


União, estados e municípios (que brigam por fatias maiores no
“bolo tributário” a fim de fazer face aos seus encargos e que lutam,
no caso da União e estados, pela hegemonia legislativa em relação
ao principal imposto da federação – o ICMS;

O conflito de interesses entre o setor público e o setor privado é o


mais visível dos pontos que permeiam os debates sobre uma reforma tributária
ampla e efetiva, uma vez que a visão da sociedade sobre o setor público é que
este é extremamente ineficiente, impondo à iniciativa privada uma alta taxação
sem uma contrapartida efetiva na forma de melhoria dos serviços públicos
(educação, saúde) e no estímulo à competitividade da industria nacional.

Diferentemente, o conflito distributivo entre as regiões num mesmo


nível de governo está refletido na guerra fiscal que permeia a arrecadação do
imposto gerador da maior fatia do “bolo tributário”, o ICMS. Dentre a série de
mudanças impostas em matéria tributária pela Constituição Federal, destaca-se a

5
Biderman, C.;Arvate, P. Economia do Setor Público no Brasil. 2004, Ed. Campus. Rio de Janeiro, pág. 171.

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mudança que trata da ampliação da base de cálculo do ICM, que passou a se


chamar ICMS (o imposto sobre o consumo e de maior valor de arrecadação
nacional). Os estados passaram a legislar plenamente sobre o imposto, podendo
fixar as alíquotas internas 6. Devido à lei Kandir, aprovada em 1996, o ICMS
passou a não mais incidir sobre as operações com bens primários e semi-
elaborados destinadas ao exterior.

Considerando que a arrecadação do ICMS pertence ao estado de origem


em transações dentro de suas divisas, mas que nas transações entre estados ela
é dividida entre a origem e o destino, gerou-se a constante guerra fiscal entre
estes. Segundo Giambiagi e Alem7, para que situações como estas sejam
minimizadas, é necessária a redução da autonomia dos níveis subnacionais do
governo quanto à capacidade de legislar sobre matéria tributária, sendo esta
competência transferida ao governo central (União).

Finalmente, destaca-se que o conflito entre as esferas de governo,


também chamada de federalismo fiscal. A Constituição de 1988 atribuiu
diferentes responsabilidades aos três entes da federação. O problema associado
a estas atribuições foi a desproporção imposta principalmente aos estados frente
a sua parte no “bolo” da arrecadação. A transferência das atribuições de
oferecimento de saúde e educação sem o repasse de pessoal e de bens do ativo
fixo destinados a este fim, obrigaram os entes subnacionais a expandirem
consideravelmente os seus gastos. Resumidamente, pode-se afirmar que à União
coube a responsabilidade do pagamento de pessoal, auxílio desemprego,
aposentadorias e os serviços da dívida pública, inclusive por meio do assunção
das dívidas de estados e municípios nos anos de 1990. De todo modo, destaca-
se que à União coube a capacidade de criação de novas contribuições sociais,
permitindo ao ente recompor a sua receita disponível. No caso dos municípios,
em termos de verticalidade do bolo da arrecadação, estes foram os principais
beneficiados, em especial os pequenos municípios que sem necessidade de

6
Considerando que as alíquotas dos produtos destinados ao exterior são fixadas pelo Senado Federal e que as
exportações estão desoneradas da incidência do referido imposto.
7
Giambiagi. F; Além. Ana Cláudia. Finanças Públicas. Teoria e Prática no Brasil. Página 329.

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atendimento de grandes demandas da sociedade, puderam desfrutar de uma


receita total muito maior do que a receita própria gerada. Por fim, verificou-se que
os estados foram os mais prejudicados na repartição de competências, uma vez
que tendo a si associado à necessidade de atendimento de demandas na área de
saúde a educação, teve a sua receita disponível diminuída, uma vez por mais que
este receba transferências da União, boa parte das receitas dos impostos de sua
competência, ICMS e IPVA e também 25% da transferência que o estado recebe
do Fundo do IPI-Exportação deve ser destinado aos municípios.

Adiciona-se que os estados procuraram, ao longo dos anos de 1990,


subterfúgios para fugirem da quebra na suas receitas efetivas, financiando seus
gastos por meio de empréstimos contratados via seus antigos bancos estaduais.
Com a promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF em 2000 foram
criadas novas amarras às finanças públicas dos entes da federação, o que
enrijeceu ainda mais as ações dos governos estaduais.

Pelo todo exposto, verifica-se que uma reforma tributária ampla e efetiva é
naturalmente complexa, exigindo um intenso trabalho dos governos e da
sociedade. Não se trata de uma missão impossível, devendo gerar resultados em
termos de ganhos econômicos e sociais que suplantem o somatório dos custos
individuais impostos a cada agente da sociedade. Na próxima aula teceremos
maiores considerações a respeito deste ponto.

Vamos á realização de alguns exercícios.

Grande abraço a todos ótimos estudos,

Mariotti

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Questões Propostas:

1 - (AFRF/SRF – ESAF/2005) Com relação à incidência tributária de um


imposto, assinale a única opção incorreta.
a) Quando o governo cria um imposto ou subsídio, o preço geralmente não
reflete elevação ou queda igual ao valor total do imposto ou subsídio.
b) A incidência de um imposto ou de um subsídio é, normalmente, compartilhada por
produtores e consumidores, sendo que a fração que cada um acabará pagando,
dependerá das elasticidades da oferta e da demanda.
c) A intervenção governamental resulta, geralmente, em um peso morto.
d) O peso morto é uma forma de ineficiência econômica que deve ser levada em
consideração quando políticas são elaboradas e implementadas.
e) Se o governo impõe um imposto sobre vendas de determinada mercadoria, esse
imposto terá por efeito deslocar a curva de demanda dessa mercadoria para cima.

2 - (AFRF/SRF – ESAF/2003) Suponha uma alíquota tributária de 50%, incidente


sobre um produto que agrega valor a matérias-primas, sem o uso de outros
produtos que tenham passado previamente por algum processo de
transformação. O valor por unidade do produto é de R$100,00. O preço do
produto quando o imposto é calculado “por dentro” será:
a) R$ 125,00
b) R$ 175,00
c) R$ 150,00
d) R$ 155,00
e) R$ 200,00

3 - (APO/MPOG – ESAF/2003) No que concerne à incidência tributária, aponte a


única opção incorreta.
a) A análise da incidência de impostos sobre vendas preocupa-se em examinar as
condições em que o ônus do pagamento do tributo pode ser transferido para
terceiros.
b) Diz-se que ocorre transferência “para frente”, quando o imposto, incorporado ao
preço da mercadoria, é transferido para o consumidor final.

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c) Afirma-se que ocorre transferência “para trás”, no caso em que o ônus do imposto
é transferido para os fornecedores dos principais insumos utilizados pela empresa
via redução na remuneração de mão-de-obra e/ou no preço pago pelas matérias-
primas utilizadas no processo de produção.
d) A transferência do imposto depende da forma pela qual o poder de influenciar os
preços se distribui entre produtores, fornecedores e consumidores.
e) Em um mercado de concorrência perfeita, a possibilidade de transferência do
imposto sobre vendas é total para o consumidor, quando a demanda for
perfeitamente elástica.

4 - (AFRFB/SRFB – ESAF/2003) Sob o ponto de vista da distribuição da


incidência tributária, indique a opção errada:
a) Um imposto sobre os vendedores desloca a curva de oferta para cima, em
montante maior ao do imposto.
b) Quando um bem é tributado, compradores e vendedores compartilham o ônus do
imposto.
c) A única diferença entre tributar o consumidor e tributar o vendedor está em quem
envia o dinheiro para o governo.
d) A incidência tributária depende das elasticidades-preço da oferta e da demanda.
e) O ônus do imposto tende a recair sobre o lado do mercado que for menos
elástico.

5 - FISCAL DE RENDAS/SEC. FAZENDA SP – FCC/2006) Numa determinada


economia, um imposto sobre o valor adicionado, não-cumulativo e do tipo
multiestágio, tem uma alíquota fixa de 20% e é cobrado “por fora”. Há um
setor dessa economia que produz um bem que passa por quatro etapas
produtivas até atingir o consumidor final, sendo que a primeira etapa é
constituída por uma firma totalmente integrada verticalmente. Supondo-se
que o preço cobrado por essa empresa é 100 e que as outras três empresas
na cadeia produtiva acrescentam 100% ao valor do insumo recebido para
formar seu preço, o governo desse país arrecadará, por unidade vendida do
bem,
a) 160

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b) 180
c) 220
d) 250
e) 300

6 - (APO/MPOG – ESAF/2002) Existem várias modalidades de impostos sobre


vendas de mercadorias e serviços. No tocante à incidência de um imposto
sobre vendas, indique a opção incorreta
a) Os impostos sobre as vendas são impostos indiretos, pois incidem sobre o preço
das mercadorias.
b) Afirma-se que o imposto específico apresenta um valor fixo, em unidades
monetárias, por unidade vendida, independente do valor da mercadoria.
c) Diz-se que, no imposto ad valorem, se aplica uma alíquota fixa sobre o valor, em
unidades monetárias, de cada unidade de mercadoria vendida.
d) A incidência do imposto específico depende das elasticidades das curvas de
oferta e demanda da mercadoria.
e) O estabelecimento de um imposto sobre vendas funciona como custo adicional
para o produtor, deslocando a curva de oferta para baixo e para a direita.

7 – (AFRF/SRF – ESAF/2000) Considere que o governo, num mercado em


concorrência perfeita, lança um imposto sobre a venda de determinada
mercadoria, sendo estabelecido um imposto por unidade vendida. Com
relação aos impactos sobre o consumidor e sobre o produtor desse tipo de
imposto, não é correto afirmar que:

a) se a demanda for menos elástica que a oferta, quem deve arcar com a menor
parcela do imposto é o consumidor.
b) a parcela do imposto paga pelo produtor é a diferença entre o que receberia sem
o imposto menos o que recebe após o imposto, multiplicada pela quantidade
vendida.
c) a parcela do imposto paga pelo consumidor é a diferença entre o que paga com o
imposto menos o que pagaria sem o imposto, multiplicada pela quantidade
comprada.

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d) se a demanda for mais elástica que a oferta, a maior parte do imposto incidirá
sobre os produtores.
e) a arrecadação total do governo é a soma da parcela do imposto paga pelo
consumidor mais a parcela do imposto paga pelo produtor.

8 – (Auditor/TCE-SP – FCC/2008 – com alterações) Considere as informações


apresentadas a seguir para responder às questões abaixo.

Em um mercado de concorrência perfeita, a demanda do bem X é representada pela


reta QD = 1.600 – 2P e a de oferta, pela reta QO = –200 + 3P. O Governo decide
instituir um imposto específico sobre as vendas do bem X de R$ 20,00 por unidade.

É correto afirmar que


a) o ônus do imposto será repartido igualmente entre produtores e consumidores.
b) o preço de equilíbrio do bem X no mercado aumentará R$ 12,00.
c) a parcela do imposto que será paga pelos produtores corresponde a 60% do total.
d) a quantidade transacionada do bem X no mercado diminuirá em 30 unidades.
e) a eficiência do mercado não será afetada por esse imposto.

O peso morto da tributação corresponde, em unidades monetárias, a


a) R$ 300,00.
b) R$ 288,00.
c) R$ 228,00.
d) R$ 150,00.
e) R$ 240,00.

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Gabarito Comentado:

1 - (AFRF/SRF – ESAF/2005) Com relação à incidência tributária de um


imposto, assinale a única opção incorreta.
a) Quando o governo cria um imposto ou subsídio, o preço geralmente não
reflete elevação ou queda igual ao valor total do imposto ou subsídio.
b) A incidência de um imposto ou de um subsídio é, normalmente, compartilhada por
produtores e consumidores, sendo que a fração que cada um acabará pagando,
dependerá das elasticidades da oferta e da demanda.
c) A intervenção governamental resulta, geralmente, em um peso morto.
d) O peso morto é uma forma de ineficiência econômica que deve ser levada em
consideração quando políticas são elaboradas e implementadas.
e) Se o governo impõe um imposto sobre vendas de determinada mercadoria, esse
imposto terá por efeito deslocar a curva de demanda dessa mercadoria para cima.

Resolução:

Essa questão é relativamente fácil de ser respondida. Com base na análise feita dos
impactos decorrentes da incidência tributária sobre consumidores e produtores, a
partir da relação entre oferta e demanda, verificou-se que a imposição de um
imposto sobre vendas de determinada mercadoria desloca a curva de oferta para
cima e para a esquerda, conforme disposto no item 2.2.
Em relação às demais alternativas, todas encontram amparo na abordagem teórica
feita na aula.

Gabarito: letra “e”.

2 - (AFRF/SRF – ESAF/2003) Suponha uma alíquota tributária de 50%, incidente


sobre um produto que agrega valor a matérias-primas, sem o uso de outros
produtos que tenham passado previamente por algum processo de
transformação. O valor por unidade do produto é de R$100,00. O preço do
produto quando o imposto é calculado “por dentro” será:
a) R$ 125,00

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b) R$ 175,00
c) R$ 150,00
d) R$ 155,00
e) R$ 200,00

Resolução:

Essa questão pode acabar enganando bastante gente. Vejamos!

O imposto ad-valorem

Os impostos com alíquota incidente, ou seja, impostos do tipo ad-valorem,


também chamados de impostos sobre o valor, são comumente calculados levando-
se em consideração que a base de cálculo do imposto é o valor de venda do bem.

Destaca-se assim, que, na base de cálculo, já está incluído o valor do


imposto. É o que a literatura denomina de imposto “por dentro”. O cálculo do preço
de um bem é feito da seguinte forma:

= preço pago pelo consumidor

= preço recebido pelo produtor.

Impostos como o ICMS são calculados pelo método “por dentro”.

Em decorrência desta informação, fica fácil ser calculado o valor do bem com
imposto.

= 200

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Outra forma de cobrança do imposto ad-valorem é feita pelo chamado


conceito “por fora”, em que o imposto é calculado a partir do preço do bem antes da
incidência tributária.

= preço pago pelo consumidor

= preço recebido pelo produto.

O IPI é um imposto calculado por fora.

Gabarito: letra “e”.

3 - (APO/MPOG – ESAF/2003) No que concerne à incidência tributária, aponte a


única opção incorreta.
a) A análise da incidência de impostos sobre vendas preocupa-se em examinar as
condições em que o ônus do pagamento do tributo pode ser transferido para
terceiros.
b) Diz-se que ocorre transferência “para frente”, quando o imposto, incorporado ao
preço da mercadoria, é transferido para o consumidor final.
c) Afirma-se que ocorre transferência “para trás”, no caso em que o ônus do imposto
é transferido para os fornecedores dos principais insumos utilizados pela empresa
via redução na remuneração de mão-de-obra e/ou no preço pago pelas matérias-
primas utilizadas no processo de produção.
d) A transferência do imposto depende da forma pela qual o poder de influenciar os
preços se distribui entre produtores, fornecedores e consumidores.
e) Em um mercado de concorrência perfeita, a possibilidade de transferência do
imposto sobre vendas é total para o consumidor, quando a demanda for
perfeitamente elástica.

Resolução:

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Se a demanda por um bem é perfeitamente elástica, qualquer aumento no preço do


deste bem decorrente da incidência tributária levará a total redução da demanda
pelo bem. Com essa informação é possível afirmar que a possibilidade de
transferência do imposto sobre vendas é nula quando a demanda é totalmente
elástica.

Gabarito: letra “e”.

4 - (AFRFB/SRFB – ESAF/2003) Sob o ponto de vista da distribuição da


incidência tributária, indique a opção errada:
a) Um imposto sobre os vendedores desloca a curva de oferta para cima, em
montante maior ao do imposto.
b) Quando um bem é tributado, compradores e vendedores compartilham o ônus do
imposto.
c) A única diferença entre tributar o consumidor e tributar o vendedor está em quem
envia o dinheiro para o governo.
d) A incidência tributária depende das elasticidades-preço da oferta e da demanda.
e) O ônus do imposto tende a recair sobre o lado do mercado que for menos
elástico.

Resolução:

Um imposto sobre vendedores desloca a curva de oferta para cima, em um


montante no máximo igual ao valor do imposto. Esta situação ocorreria caso a curva
de demanda pelo bem fosse totalmente inelástica, ou seja, os consumidores não se
importam em pagar mais pelo bem. Graficamente teríamos a seguinte situação:

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D0 O1 (COM IMPOSTO)
P
O0 (SEM IMPOSTO)
P1

P0

Q0
Q

A diferença entre P1 e P0 refere-se à incidência do imposto sobre os


produtores.

Quanto às demais alternativas, todas estão corretas.

Gabarito: letra “a”.

5 - FISCAL DE RENDAS/SEC. FAZENDA SP – FCC/2006) Numa determinada


economia, um imposto sobre o valor adicionado, não-cumulativo e do tipo
multiestágio, tem uma alíquota fixa de 20% e é cobrado “por fora”. Há um
setor dessa economia que produz um bem que passa por quatro etapas
produtivas até atingir o consumidor final, sendo que a primeira etapa é
constituída por uma firma totalmente integrada verticalmente. Supondo-se
que o preço cobrado por essa empresa é 100 e que as outras três empresas
na cadeia produtiva acrescentam 100% ao valor do insumo recebido para
formar seu preço, o governo desse país arrecadará, por unidade vendida do
bem,
a) 160
b) 180
c) 220
d) 250
e) 300

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Resolução:

Algumas informações do enunciado permitem encaminhar o pensamento sobre a


resolução da questão. São elas:

1 – O imposto é sobre o valor adicionado, ou seja, a base de tributação é somente o


que foi adicionado de valor, sem cobrança de imposto em cascata;
2 – O imposto é não cumulativo, ou seja, na base de cálculo do imposto não existe
imposto cobrado em estágio anterior;
3 – é do tipo multiestágio, ou seja, cobrado em todos os estágios da produção;
4 – possui alíquota fixa e é cobrado “por fora”, ou seja, na base de cálculo do
imposto não existe qualquer imposto incluído, nos moldes do ICMS que é cobrado
“por dentro”.
5 – Firma integrada verticalmente, ou seja, constitui uma cadeia de produção desde
a produção do bem primário até o bem final.

Considerando que a primeira empresa cobra 100 unidades monetárias e que as


demais empresas acrescentam 100% ao valor do insumo recebido para formar o seu
preço, temos que:

Primeira Empresa (primeiro estágio):

Calculo do Imposto por fora:


100 *0,2 = 20;

Segunda Empresa (segundo estágio):

Agrega-se 100% ao valor do bem, ou seja, mais 100. De todo modo, como o imposto
incide apenas sobre o valor agregado, temos:

100 * 0,2 = 20;

Terceira Empresa (terceiro estágio):

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Agrega-se 100% ao valor do bem (que já é de 200), ou seja, mais 200. De todo
modo, como o imposto incide apenas sobre o valor agregado (que é de 200), temos:

200 * 0,2 = 40;

Quarta Empresa (quarto estágio):

Agrega-se 100% ao valor do bem (que já é de 400), ou seja, mais 400. De todo
modo, como o imposto incide apenas sobre o valor agregado (que é de 400), temos:

400 * 0,2 = 80

O somatório de imposto acumulado em todos os estágios de produção será igual 20


+ 20 + 40 + 80 = 160.

Considerando que o imposto é por fora, uma maneira melhor de resolver este
problema seria simplesmente aplicar a alíquota de 20% sobre o valor final do bem
no último estágio de produção, que é de 800. Sendo assim, teríamos:

800 * 0,2 = 160.

Gabarito: letra “a”.

6 - (APO/MPOG – ESAF/2002) Existem várias modalidades de impostos sobre


vendas de mercadorias e serviços. No tocante à incidência de um imposto
sobre vendas, indique a opção incorreta
a) Os impostos sobre as vendas são impostos indiretos, pois incidem sobre o preço
das mercadorias.
b) Afirma-se que o imposto específico apresenta um valor fixo, em unidades
monetárias, por unidade vendida, independente do valor da mercadoria.
c) Diz-se que, no imposto ad valorem, se aplica uma alíquota fixa sobre o valor, em
unidades monetárias, de cada unidade de mercadoria vendida.

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d) A incidência do imposto específico depende das elasticidades das curvas de


oferta e demanda da mercadoria.
e) O estabelecimento de um imposto sobre vendas funciona como custo adicional
para o produtor, deslocando a curva de oferta para baixo e para a direita.

Resolução:

Vamos à análise de cada uma das assertivas:

a) Impostos como IPI e o ICMS são considerados impostos sobre as vendas e,


consequentemente, indiretos, pois o destinatário final da cobrança do imposto não é
conhecido a priori. Graficamente é representado pelo item 2.2 da aula.
b) De forma específica, o IPI incidente sobre cigarros e bebidas alcoólicas é
considerado um imposto específico, que apresenta um valor fixo, em unidades
monetárias, por unidade vendida, incorporando-se ao valor da mercadoria sempre
no mesmo montante, independente do valor estipulado pelo produtor/vendedor para
a mercadoria.
c) Conforme exposto na assertiva “a”, o IPI e o ICMS são impostos ad valorem, em
que é aplicado uma alíquota fixa sobre o valor, em unidades monetárias, de cada
unidade de mercadoria vendida. Graficamente é representado pelo incidência
tributária disposta no item 2.2 da aula.
d) A incidência do imposto específico depende das elasticidades das curvas de
oferta e demanda da mercadoria, conforme amplamente analisado.
e) Na verdade o estabelecimento de um imposto sobre vendas funciona de fato
como custo adicional para o produtor, deslocando, no entanto, a curva de oferta para
cima e para a esquerda e não para baixo e para a direita. Graficamente, temos:
O1 (COM IMPOSTO)
P
O0 (SEM IMPOSTO)

P1
P0

P2

D0

Q1 Q0
Q

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7 – (AFRF/SRF – ESAF/2000) Considere que o governo, num mercado em


concorrência perfeita, lança um imposto sobre a venda de determinada
mercadoria, sendo estabelecido um imposto por unidade vendida. Com
relação aos impactos sobre o consumidor e sobre o produtor desse tipo de
imposto, não é correto afirmar que:

a) se a demanda for menos elástica que a oferta, quem deve arcar com a menor
parcela do imposto é o consumidor.
b) a parcela do imposto paga pelo produtor é a diferença entre o que receberia sem
o imposto menos o que recebe após o imposto, multiplicada pela quantidade
vendida.
c) a parcela do imposto paga pelo consumidor é a diferença entre o que paga com o
imposto menos o que pagaria sem o imposto, multiplicada pela quantidade
comprada.
d) se a demanda for mais elástica que a oferta, a maior parte do imposto incidirá
sobre os produtores.
e) a arrecadação total do governo é a soma da parcela do imposto paga pelo
consumidor mais a parcela do imposto paga pelo produtor.

Resolução:

Os pontos debatidos nesta questão já foram exaustivamente debatidos ao longo da


aula. Assim sendo, vamos direto ao ponto. A letra “a” afirma que se a demanda for
menos elástica que a oferta, quem deve arcar com a menor parcela do imposto é o
consumidor. Na verdade, sendo a demanda menos elástica que a oferta, ou de outra
forma, mais inelástica que a oferta, quem arcará com a menor parcela do imposto
será o produtor.

Gabarito: letra “a’.

8 – (Auditor/TCE-SP – FCC/2008 – com alterações) Considere as informações


apresentadas a seguir para responder às questões abaixo.

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Em um mercado de concorrência perfeita, a demanda do bem X é representada pela


reta QD = 1.600 – 2P e a de oferta, pela reta QO = –200 + 3P. O Governo decide
instituir um imposto específico sobre as vendas do bem X de R$ 20,00 por unidade.

É correto afirmar que


a) o ônus do imposto será repartido igualmente entre produtores e consumidores.
b) o preço de equilíbrio do bem X no mercado aumentará R$ 12,00.
c) a parcela do imposto que será paga pelos produtores corresponde a 60% do total.
d) a quantidade transacionada do bem X no mercado diminuirá em 30 unidades.
e) a eficiência do mercado não será afetada por esse imposto.

O peso morto da tributação corresponde, em unidades monetárias, a


a) R$ 300,00.
b) R$ 288,00.
c) R$ 228,00.
d) R$ 150,00.
e) R$ 240,00.

Resolução:

Como se trata de duas perguntas, vamos responder uma de cada vez.

Considerando que a questão apresenta as fórmulas matemáticas que definem a


demanda e a oferta, a primeira coisa que temos que fazer é encontrar o preço e a
quantidade de equilíbrio anteriormente à incidência tributária.

Demanda = Oferta

1.600 – 2P = –200 + 3P
P = 360
Q = 880

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Partindo do pressuposto de que a incidência tributária recai sobre o preço final do


bem, ou seja, sobre os consumidores, adicionamos à fórmula que define a demanda,
a incidência do imposto no valor de R$ 20,00 e igualamos esta novamente à oferta.

1.600 – 2(P + 20) = –200 + 3P


P = 352

Muito bem, mas será que R$ 352 é o preço pago pelo consumidor ou recebido pelo
produtor? Bem, se o preço antes da incidência tributária era R$ 360,00 não tem
como o preço de R$ 352,00 ser relativo ao novo preço pago pelo consumidor.
Adicionalmente, foi encontrado o preço “P” e não preço com a incidência tributária “P
+ 20”. Assim sendo, temos que P igual a R$ 352,00 refere-se ao preço recebido pelo
produtor e R$ 372,00 (P + 352,00) refere-se ao preço pago pelo consumidor.

Como anteriormente à incidência tributária o preço de equilíbrio era R$ 360,00,


temos que o produtor esta ganhando R$ 8,00 a menos por produto vendido e o
consumidor esta pagando R$ 12,00 a mais por produto comprado. Essa afirmação
nos aponta o gabarito da primeira parte da questão como sendo a letra “b”. De todo
modo, para aferirmos está informação, precisamos verificar as demais assertivas:

a – Bem, o ônus não é repartido igualmente, sendo o consumidor responsável pela


maior parte do pagamento do imposto. Essa constatação inclusive nos permite dizer
que, neste caso, o consumidor é mais inelástico em relação aos aumentos que o
produtor.

c – Sendo R$ 20,00 equivalente a 100% do imposto, R$ 8,00 correspondem a 40% e


não 60%.

d – Para se calcular a nova quantidade transacionada, deve-se simplesmente


substituir o preço de venda do bem na curva de demanda. Sendo assim, temos:

QD = 1.600 – 2P
QD = 1.600 – 2(372)

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QD = 856

Como a quantidade transacionada no mercado antes da incidência tributária era


igual a 880, pode-se concluir que a nova quantidade transacionada diminui em 24
unidades.

e – Logicamente que a eficiência deste mercado é afetado, uma vez que passa a
existir um peso morto que equivale ao que os produtores deixaram de ganhar com a
venda do bem e o quanto os consumidores estão pagando a mais para poderem
comprar o mesmo bem.

Gabarito: letra ”b”.

Para respondermos a segunda pergunta, basta apenas visualizarmos o gráfico com


demonstra a nova situação de equilíbrio e assim calcularmos o peso morto
provocado pela incidência do imposto específico no valor de R$ 20,00.

O1 (COM IMPOSTO)
P
O0 (SEM IMPOSTO)

372
360

352

D0

856 880
Q
A área do triângulo em vermelho apontado acima refere-se ao peso morto dos
impostos. Para se calcular a área de um triângulo, basta apenas utilizarmos a
fórmula (base X altura)/2. A base é representada pela diferença entre o preço pago
pelo consumidor e o preço recebido pelo produtor. A altura é representada pela
quantidade de equilíbrio inicial e quantidade final transacionada. Sendo assim,
temos:
Peso Morto = (20 X 24)/2 = 240
Gabarito: letra “e”.

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