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MÁFIA RUSSA
ROSALIE ROSE
Copyright © 2021 Rosalie Rose
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Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida em qualquer forma ou por
qualquer meio eletrônico ou mecânico, incluindo sistemas de armazenamento e
recuperação de informações, sem a permissão por escrito do autor, exceto para o
uso de breves citações em uma resenha de livro.
Esta história é uma obra de ficção e qualquer retrato de qualquer pessoa viva ou
morta é mera coincidência e não é intencional.
CONTENTS
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
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CAPÍTULO UM
VLADIMIR
B ella tinha feito seu pacto com o diabo, e esse diabo era
eu. Eu podia ver nos olhos dela que me odiava, mas seu
corpo dizia que estava atraída por mim, mesmo após as
ameaças contra a vida de seu pai. O engraçado sobre os humanos
é que todos somos complexos. Bella poderia me odiar o quanto
quisesse, mas ela havia concordado com o nosso negócio.
Seu pai viveria e, apesar de sua filha tomar o prejuízo por ele, eu
sabia que ele continuaria a apostar feito um idiota. Parte de mim
esperava que ele viesse a um dos meus contadores novamente,
para que eu tivesse alguma outra razão para usar Bella. Eu sou tão
nojento.
Três dias depois, tudo estava indo de acordo com o planejado.
"Estou orgulhoso de você", Alexei disse enquanto socava meu
ombro levemente. Não havia força real naquilo, mas meu pai estava
muito fraco para colocar qualquer esforço em qualquer coisa. Olhei
para meu pai, seu rosto pálido quebrado com um sorriso leve. Ele
sabia que essa situação arranjada era uma piada e, ainda
assim, estava orgulhoso. Ele queria me ver com esposa e filho.
Como era fácil marcar um casamento. Arrumei tudo após
Bella aceitar sua situação. Embora ela fosse tagarela quando não
devia, pelo menos ela era suficientemente inteligente para ser
razoável. Ela queria que seu pai vivesse.
E eu queria Bella, porque ela era linda. Ela não tinha escolha. Eu
gostava de ter o destino dela em minhas mãos, mas quanto mais
rápido as coisas aconteciam, mais feliz eu ficava com essa situação
arranjada.
"Obrigado", eu disse friamente a meu pai. Ele transbordava de
felicidade mesmo nas horas sombrias de sua debilitada saúde. Ele
se recostou no sofá da suíte do hotel e, por um momento, pareceu
cada centímetro do Pakhan que já foi. Eu balancei meu pulso e olhei
para a hora, impaciente para acabar com isso, quando uma leve
batida soou à porta.
"As testemunhas estão prontas", disse uma mulher de rosto
simples, funcionária do hotel. "Conforme solicitado, a cerimônia
de hoje será celebrada sob sigilo absoluto." Eu balancei a cabeça e
estava prestes a perguntar sobre o padre quando ela disse: "O
padre está pronto também."
Bom. Eficiente. Mais para uma reunião de negócios do que uma
celebração, mas eu não estava tão interessado em uma festa. Se
tivesse sorte, uma vez que voltássemos ao meu
apartamento, talvez Bella me beijasse em vez de arrancar minha
cabeça com uma mordida entre quatro paredes.
Quem eu estava enganando? A segunda opção era muito mais
provável, pelo menos pelos próximos meses. Eu eventualmente a
machucaria, ou ela aprenderia a lutar contra mim do seu próprio
jeito. Algo me dizia que ela era uma lutadora. Eu sorri. Gostava de
um desafio. Homens mais fracos poderiam não ser capazes de
casar com uma mulher que mal conheciam, a fim de servir a sua
família, mas eu era mais frio do que a maioria dos homens.
"Vou esperar aqui", disse Alexei. Seu tanque de oxigênio o
deixava relutante de aparecer em qualquer lugar. Ele odiava ser
visto como fraco, algo que eu mais do que entendia. Não
importava. Ele sabia o que iria acontecer e ele simplesmente queria
estar no mesmo prédio enquanto acontecia. Afinal, minha natureza
controladora vinha de algum lugar. Fiz tudo o que pude para dar ao
velho seus luxos antes de morrer. Que ele esteja lá enquanto seu
filho único se casa. Não havia amor nesta
cerimônia. Eram negócios.
Eu segui o funcionário do hotel até a sala de conferências
principal, que dava uma visão matadora do horizonte da cidade
durante o dia. Eu queria que isso fosse feito o mais rápido
possível, e Bella havia pedido dois dias para se despedir de
seus pais. Eu a mandei para uma boutique no centro para tirar suas
medidas e dei a ela meu cartão de crédito para comprar o vestido
que quisesse.
"O noivo está pronto?", perguntou o padre em russo.
Que bom. Eles haviam trazido alguém do nosso país para cá. A
julgar pelos olhos azuis frios do homem, ele sabia exatamente quem
eu era e por que estava ali. Ele faria seu trabalho com eficiência.
"Eu estou". Eu estava sempre pronto.
A mulher do hotel sorriu por cima do meu ombro quando a porta
se abriu novamente. Um leve cheiro de flores atingiu meu
nariz. Virei-me para ver Bella, radiante em um vestido
branco simples. Não era nada chamativo, mas combinava
imensamente com ela. Eu meio que esperava que ela aparecesse
de preto, com suas lindas curvas cobertas como se estivesse indo a
um funeral para enterrar sua antiga vida.
Bella ergueu o olhar para encontrar meus olhos. Ela estava com
medo, mas disposta. Eu respeitava alguém que via a lógica
de uma situação. Ela ficava muito bem com o vestido. Oferecia uma
visão deliciosa de sua abundância com o decote profundo, embora o
resto fosse perfeitamente conservador. Na verdade, ela ficaria ainda
melhor de preto.
Eu podia me acostumar com sua beleza. Ia ser divertido com ela
na cama, a julgar pela fagulha de agressividade em seus
olhos. Uma parte de mim esperava que ela engravidasse o mais
rápido possível, pois isso tornaria nossas vidas mais fáceis. Ao
mesmo tempo, o egoísta nojento em mim esperava que demorasse
um pouco, para que eu tivesse tempo de apreciá-la. Primeiro... ela
precisava me deixar tocá-la. Eu segurei um sorriso feroz. Deixaria
isso para mais tarde.
A mulher do hotel saiu, sem dar sequer um segundo olhar
a Bella. Aquela mulher achava que estávamos apaixonados? Nós
tínhamos pago o suficiente para calar este hotel.
"Você está pronta?", perguntou o padre em inglês.
Bella acenou com a cabeça, num ar solene. O padre nos colocou
diante dele na frente da sala. Ele leu algumas passagens breves em
russo, mas todos na sala sabiam o que estava acontecendo. Era
mais um acordo de negócios do que um casamento. Boris e Viktor
assistiram do lado de fora como nossas testemunhas. Bella preferiu
não ter ninguém com ela. Sem aliados. Algo que podia ser
percebido, já que estava dura feito uma tábua. Uma pena que essa
postura só servia para evidenciar seu peito ainda mais. Não que
seja da minha conta.
"Sim", eu disse ao padre quando se tratava da minha
parte. Mesmo que eu fosse um bastardo, eu protegeria Bella,
contanto que ela fosse leal e compromissada comigo. Era o honroso
a se fazer.
Chegou a hora da parte dela. Ela olhou para frente, não para o
padre, mas para um ponto na parede. Seus olhos não encontravam
os meus em momento algum.
"Você aceita este casamento?"
"Sim", ela respondeu, com a voz sempre firme. Que bom. Uma
fracote nunca aguentaria fazer isso comigo. Eu esperava que ela
fosse tão forte por baixo disso tudo quanto fingia ser.
Bella concordou em ser minha princesa da máfia. Ela
permaneceria minha até que produzisse um herdeiro. Era para isso
que estávamos dizendo sim – sem essa besteira de amor
eterno. Bella era minha. Coloquei o brilhante anel em
seu pequeno dedo. Minha avó foi a dona dele até a sua
morte. Alexei queria que o anel fosse usado.
Bella se recusava a me olhar nos olhos. O padre nos encarou,
mas apenas acenou com a cabeça. O anel selava nosso destino
juntos por enquanto. Bella Rein era minha. Ela se submeteria a mim,
o mais novo Pakhan da família Bratva.
Antes que o padre pudesse pedir para que nos beijássemos, eu
acenei para ele, e pelo vacilo nos ombros de Bella, eu não
conseguia dizer se ela estava aliviada ou um pouco abatida. Nós
nos viramos e eu coloquei minha mão em suas costas para guiá-la,
mas ela se afastou, olhando para mim antes de caminhar até
Boris, que estava esperando na mesa de conferência com a
papelada necessária. Eu não sabia por que a resposta dela me
incomodava, mas incomodava. Peguei a caneta de Boris e assinei
meu nome – em uma grande e bagunçada letra cursiva preta – e
estendi a caneta para Bella.
"Você precisa assinar", eu disse a ela.
O padre a encarou, talvez com muito medo de olhar em minha
direção.
"Eu vou", ela disse, soltando um som sibilante.
Encarou a caneta como se pudesse mordê-la. Relutantemente,
ela a tomou da minha mão. Quando nossos dedos roçaram
acidentalmente, uma pequena faísca subiu pelo meu braço. Olhei
em seu rosto para ver se ela tinha sentido isso também, mas seus
olhos estavam no papel com um olhar assustado. O padre
observava, mas não dizia nada enquanto Bella assinava seu nome
com a mão trêmula.
"Pronto", ela disse, e bufou. "Está feito."
"Estou orgulhoso de você", eu disse lentamente, apreciando a
forma como ela endurecia debaixo do meu falso elogio. Todos nós
tínhamos que fazer coisas na vida contra a nossa vontade.
Boris e Viktor assinaram a papelada depois dela, como nossas
testemunhas oficiais. Tudo complementava um final armado e
anticlimático que eu aproveitei imensamente, já que havia
conseguido tudo o que eu queria. E de certa forma, Bella conseguiu
o que precisava. Seu pai continuaria a viver e a cuidar de sua
mãe. O que mais ela poderia pedir de mim?
Bella mordia o lábio enquanto o padre terminava sua curta
declaração final. Eu verificava meu relógio enquanto ele fazia isso,
sinalizando para os meninos que era melhor isso
terminar rapidamente. Estava ansioso para levar Bella de volta para
o condomínio.
Boris e Viktor entenderam, conduziram o padre para fora, e
deixaram Bella e eu no quarto.
"Eu lhe agradeço por seguir em frente em silêncio", disse a ela.
Ela cruzou os braços sobre o peito com força e se virou para
olhar a cidade. Mesmo com raiva de mim, estava linda. Havia algo
nela que me puxava de uma maneira que minhas ex-amantes não
faziam.
Eu gosto da luta nela. Eu só ansiava que ela pudesse lidar com
esta nova vida pela qual havia assinado.
"Vamos?", perguntei a ela, e sem esperar por uma resposta, abri
a porta. Ela teimosamente marchou para dentro. Boris e Viktor nos
encontraram no corredor com um par de olhares impassíveis em
seus rostos. O carro estava esperando por nós lá embaixo, já que
meu pai sabia que eu não era do tipo que fazia despedidas. Não
haveria taças de champanhe nem felicitações. Eu o deixei aos
cuidados de Viktor e Boris, enquanto estaria na companhia da
minha nova esposa.
Acompanhei Bella até o meu carro e abri a porta para ela. Ela
mantinha o olhar abaixado enquanto se sentava no banco do
passageiro. Seu vestido subiu quando ela o fez, dando-me uma
visão tentadora de suas pernas bem torneadas. Estava ansioso para
vê-las enrolados na minha cintura quando eu a adentrasse.
Posicionei os espelhos e olhei em volta, garantindo que
estávamos sozinhos. Apenas os tolos deixavam de notar o que
estava ao redor. Eu teria que treinar Bella para ser cuidadosa com
todos. Ninguém confiava em ninguém na máfia, exceto na família, e
agora ela era parte dessa família.
"Nós seguiremos de volta ao condomínio." Eu liguei o motor, que
ronronou ao acordar. Lancei um olhar em sua direção enquanto
colocava o carro em marcha. "Minha posição vem acompanhada de
muitos inimigos e daqueles que fingem ser meus aliados para
conseguir algo de mim. Não acredite em ninguém."
Bella olhou em minha direção. "Isso inclui você?"
Meus dedos flexionaram no volante e eu tinha vontade de dizer a
ela para confiar em mim, mas me segurei. Resisti ao desejo de olhar
para ela e respondi: "Especialmente eu."
Ela soltou um bufo como resposta e virou a cabeça para olhar
pela janela. Eu gostava de irritar ela.
Eu nos deixei cair em silêncio. Era sempre melhor aproveitar o
prazer do poder do que tentar forçar alguém a falar. Gemidos no
quarto seriam conversa suficiente. Eu teria Bella onde eu a
queria. Mais cedo ou mais tarde.
CAPÍTULO QUATRO
BELLA
V ocê tem que mimar as mulheres que ama. Meu pai tinha
me ensinado isso. A questão era ter certeza de que a
mulher valia a pena ser mimada. Pela primeira vez na
minha vida, eu havia encontrado uma mulher dessas em Bella.
Desde aquela noite no clube, ela havia se afundado dentro da
minha mente e dos meus pensamentos, como um vírus. Eu respirei
seu perfume e memorizei os contornos de seu corpo. O último mês
tinha sido um turbilhão de ação. Voltamos dos Hamptons e eu me
esforcei para garantir que Bella nunca se sentisse indesejada por
um único minuto sequer. Eu a levei para as melhores lojas, para
grandes degustações de vinho, para todos os museus que ela
queria visitar.
As coisas pareciam... diferentes. Meus homens notaram, mas
não disseram nada sobre meu repentino desejo em agradar minha
nova esposa. Eu estava viciado, mesmo que não dissesse isso a
Bella. Meu afeto vinha através de dinheiro e travessuras repletas de
luxúria em qualquer superfície do apartamento na qual eu pudesse
colocá-la. Eu estava viciado nela e, a julgar pelos gemidos que eu
extraía dela, o sentimento era quase mútuo, pelo menos no nível
físico. Pelo menos eu sabia com certeza que eu tinha o corpo de
Bella em minhas mãos. Seu coração era outra história, mas eu
afastava esses pensamentos sempre que surgiam. Eu não era um
fraco. Eu não era um idiota.
Se recomponha.
Bella se reclinou no sofá. Seu nariz estava enterrado em um
livro, um que Viktor pegou, a pedido dela, da biblioteca. Por que ela
insistia em usar a biblioteca em vez de apenas comprar um monte
de livros, eu não fazia a mínima, mas Bella era diferente da maioria
das mulheres. Ela era uma felina selvagem se tratando de amante e
um enigma eu ainda não havia decifrado.
"Que foi?", ela perguntou maliciosamente quando levantou a
cabeça para me ver olhando para ela.
"Pensando sobre sua devoção às bibliotecas", eu disse a ela
casualmente, não querendo que ela sentisse a profunda sensação
de apego fermentando por baixo dos panos. Esta mulher tinha mais
poder sobre mim do que ela jamais poderia compreender.
Ela torceu o nariz de brincadeira. Meu coração parou. Por um
momento, seu rosto brilhou com algo semelhante à expressão que
eu tinha visto quando Bella finalmente me procurou no chuveiro em
Hamptons. Nunca tinha visto uma das minhas amantes com um
rosto assim. Era como se fosse um misto de luxúria, amor e
aceitação de todo a minha fodacidade, de uma vez só. Um
pensamento perigoso e sedutor pra se apegar...
"Eu amo bibliotecas", disse ela.
Quando ela se moveu no sofá, chutou o cobertor para o lado
sem querer. Isso me deu uma bela vista de sua perna
tonificada. Minha virilha apertou de desejo e eu já estava dando um
passo em direção a ela para rasgar fora suas roupas quando meu
telefone tocou.
"Oi."
"Eu peguei o atirador, Vlad", Viktor sussurrou baixo na
ligação. Eu enrijeci e me afastei de Bella, não querendo que ela
visse meu rosto. "É ele com certeza. Estava tentando obter
informações, mas ele é um cara teimoso. Eu acho que você devia
vir aqui para o clube. Agora."
Meu estômago apertou. Eu não estava acostumado a sentir
qualquer tipo de medo na minha linha de trabalho. Eu expulsava a
maioria das emoções que sentia ao longo dos anos, mas algo na
voz de Viktor me dizia que eu estava a ponto de ter que fazer o que
eu sempre fazia entre nós: ser sanguinário.
Bella chamou minha atenção do sofá e sorriu suavemente. "Tudo
bem?"
"Tudo bem", eu menti. "Tenho que correr para o clube por causa
de trabalho. Estarei de volta em poucas horas." Ela assentiu com a
cabeça, e minha performance deve ter enganado porque ela voltou
para seu livro. Eu respirei fundo e saí, indo para o clube com a
suspeita de que minhas mãos iriam ter mais sangue nelas esta
noite.
Esta era a vida de um chefe da máfia. Você tinha que fazer o que
tinha que fazer. Mas... algo em Bella havia me mudado.
Desci para o porão do clube como sempre. Era para lá que
levávamos qualquer pessoa na qual precisávamos trabalhar. Ou dar
fim. Boris e Viktor esperaram por mim na parte inferior da escada
em frente à nossa sala à prova de som. Eu já sabia o que
encontraria lá dentro.
" Eu já adiantei um trabalho nele", Boris resmungou e balançou a
cabeça. "Ele é teimoso e leal, tenho que dar esse crédito."
A fúria explodia dentro de mim. Não gostava de atiradores leais.
"Fiquem do lado de fora", eu disse a eles. Eles acenaram com a
cabeça e destrancaram a porta, me deixando entrar.
Boris estava falando sério. Ele tinha trabalhado ferozmente no
cara. Um homem de estatura mediana e cabelo castanho claro
estava amarrado à cadeira. Era difícil dizer qual era sua aparência já
que Boris havia distribuído socos e algo mais na cara do
homem. Ele estava espancado e todo machucado, sangrando com
um olho inchado. O olho aberto olhou para mim com ódio.
Ele sabia exatamente quem eu era.
"Seu fodido", eu disse a ele. "Você sabe que isso pode acontecer
de duas maneiras. Da fácil ou da difícil. Você pode morrer sem dor
ou através de tortura."
O homem curvou os lábios, estremecendo de dor enquanto o
fazia. "Vá para o inferno."
A raiva me percorreu. O rosto de Bella passou pela minha
mente, mas eu coloquei de lado o pensamento de sua bela
inocência. Eu era um homem mau e homens maus às vezes tinham
que fazer coisas más. Este homem havia tentado me matar.
"Para quem você está trabalhando?" Eu demandei, andando até
ele. Um carrinho prateado com vários instrumentos de tortura estava
posicionado à minha direita. Haviam muitas ferramentas que eu
poderia usar para matar esse homem ou prolongar seu sofrimento
pelo tempo que quisesse. A pistola de pregos geralmente era a mais
eficiente. Eu gostava da sua facilidade de uso e de como ela soava
quando eu a trazia ao rosto do meu inimigo. Eles sabiam que aquilo
os traria dor. Este atirador devia saber que eu não estava brincando.
Rezei para que Bella estivesse alegremente relaxando em casa,
em algum lugar longe das duras realidades do mundo para as quais
eu tinha, de forma egoísta, trazido ela.
O homem enrijeceu uns dois centímetros quando peguei a
pistola de pregos, segurando-a na mão. Eu encarei a
pistola. Parecia... uma traição em minhas mãos, como se o lugar
dela não fosse mais ali. Eu tinha matado muitos homens e tinha
ordenado tantas mais mortes por meio de outras mãos. Meu pai
tinha me ensinado a ser frio e cruel, mas eu havia me ensinado a
bloquear esses sentimentos. Nunca sentia uma pontada de culpa
dentro de mim durante esses momentos. A morte e a dor sempre
fizeram parte do negócio na máfia; uma parte que eu
conhecia intimamente desde muito jovem.
Bella em casa. Bella debaixo de mim. Bella suspirando em meu
ouvido.
Eu deixo a arma pairar sobre a mão do atirador, que estava
amarrada ao braço da cadeira. Meus olhos frios o encararam. Este
homem havia tentado tirar minha vida.
"Esta é sua última chance", eu disse a ele. "Eu não ofereço
misericórdia."
O atirador olhou para mim. Sua carranca dizia tudo. Ele se
recusava a ceder a mim, exatamente como meus outros
inimigos. Alguém me queria morto.
Eu atirei o prego em sua mão. Ele gritou de dor, mas não fez
nada a meu favor. Não senti misericórdia. A única pontada de
emoção dentro de mim era a profunda e primordial necessidade de
me certificar de que Bella nunca me visse assim. O homem
continuava gritando. O sangue jorrava dele. Minha arma estava em
meu paletó.
"Me diz um nome", gritei.
O homem gritava e gritava. Daí, coloquei um fim aos seus gritos
para sempre. Se um homem com tanta dor se recusava a falar, ele
nunca me daria um nome. Eu reconhecia um rato assim quando via
um.
Ele morreu fácil. Tudo era fácil com uma arma. Agora, sobrou eu,
com uma sensação inquietante na boca do estômago. Encarei o
homem morto. Normalmente, matar alguém me deixaria com um
tremor de dormência gelada, mas desta vez, meu estômago forçava.
"Você está bem?", Boris perguntou ao abrir a porta. Ele olhou
através de mim para o homem morto na cadeira.
"Eu tô bem", respondi friamente. "Eu não posso ficar esta
noite. Coloque nossos homens a par da situação. Precisamos
descobrir quem contratou esse bastardo."
Boris acenou com a cabeça. "Claro. Cuidaremos disso." Meus
homens sempre cuidavam.
Eu corri pelas escadas e pelo estacionamento até meu carro. Eu
não podia sair mais rápido do clube do que isso. Essa sensação no
estômago me corroía enquanto eu ligava o carro. Que porra estava
acontecendo?
Segurei o volante e exalei lentamente. Bella estaria em casa,
esperando por mim. Se ela ficasse entediada do seu livro, teria o
monte de sacos de compra que deixei lá no mês passado depois de
tê-la levado para sair para cada boutique que lhe chamava a
atenção, e ela ainda não tinha desempacotado todos. A sensação
de corrosão havia ido embora por um momento, mas voltou duas
vezes mais forte. Bati minha mão no volante e xinguei
descontroladamente, sentindo a raiva me invadir.
O que estava errado comigo? Fui para casa, pronto para voltar
para Bella. Eu queria cheirar seu lindo perfume e envolvê-la em
meus braços. A sensação de frustração dentro de mim acalmou. Eu
dirigi até o sinal vermelho, meus dedos tamborilavam contra o
volante.
Bella estava me mudando, não estava?
Desde que ela havia chegado... eu estava tendo mais dificuldade
em me sentir eu mesmo. Ou talvez o meu antigo eu, mas eu não
tinha certeza de que havia perdido essa versão antiga
de mim. Merda. Minha cabeça estava toda confusa. Suspirei quando
o sinal ficou verde e pisei no acelerador, curtindo a forma como meu
carro acelerava como um raio. A memória da pistola de pregos soou
novamente em minha mente. Nunca parei pra pensar no quão alto
ela soava. Quando eu me imaginava estendendo a mão para Bella
esta noite, tudo que eu podia imaginar eram mãos encharcadas de
sangue tocando sua linda pele. Ela não merecia isso.
"Merda", eu murmurei enquanto virava a próxima esquina. Eu a
trouxe para uma vida de pecado absoluto. A morte daquele
homem era minha culpa. Eu respirei fundo enquanto estacionava o
carro. Bella estaria esperando por mim.
Quando abri a porta, foi ao som de jazz suave. Eu me movi em
direção ao som e parei na entrada da frente. Bella normalmente me
cumprimentava de seu lugar favorito no sofá, mas ela não estava na
sala de estar.
"Bella?", gritei, tateando minha arma. O jazz vinha do corredor
do banheiro principal. Às vezes, ela dormia no meu quarto, a menos
que alegasse que meu ronco era terrível demais. E aqui estou eu,
falando sobre ela como se fossemos um casal de velhos e não um
casamento arranjado.
"Aqui", veio a resposta suave. Meu coração apertou
dolorosamente. Ela parecia... preocupada. Corri para o banheiro
para ver Bella na beira da grande banheira. Ela estava sentada em
seu roupão de banho, que eu havia lhe comprado recentemente. O
tecido roxo fazia com que sua pele brilhasse. Ela olhava para mim
com lágrimas boiando em seus olhos.
Por um momento terrível, me perguntava se de alguma forma ela
sabia. Será que ela sabia que havia matado um homem naquele
dia? Ela sabia que eu havia voltado tranquilamente após matar outro
homem? Seus lindos lábios carnudos puxavam para baixo
e ela enxugou os olhos enquanto seu olhar pousava em seu colo.
Eu olhei. Bella estava segurando algo. Era um teste de gravidez.
"Estou grávida", ela sussurrou com voz vacilante. Corri para
frente, meus pés se movendo antes que eu pudesse me conter. Eu
joguei meus braços em volta dela. Ela estava gravida. Isso era
ótimo. Isso era...
Possivelmente o fim. A sensação corrosiva voltou
rapidamente. Nosso acordo sempre era que Bella só precisava
gerar meu filho, e então ela poderia se divorciar de mim.
Mesmo assim, ela me beijou. "Era isso que você queria", ela
sussurrou, e eu sabia que ela estava certa.
Mas agora eu queria que ela ficasse. Pela primeira vez na minha
vida, eu não tinha certeza se eu tinha coragem pra dizer alguma
coisa.
CAPÍTULO DEZ
BELLA
"V ocê está linda, querida." Me virei para ver minha mãe em pé,
segurando o Alex. "Eu só queria que seu pai pudesse estar aqui
para te ver... para ver ele." Ela olhou para o bebê antes de enxugar
as lágrimas.
Hoje era o dia do meu casamento. De novo. Foi Vlad quem
sugeriu que nos casássemos novamente e depois fizéssemos uma
festa para comemorar. Ele queria que o mundo inteiro soubesse
como éramos felizes. Bem, talvez não o mundo inteiro, mas sua
família e amigos. Depois da festa, ele havia me prometido uma lua
de mel, mas não havia dito onde. Minha mãe havia se oferecido
para cuidar de Alex enquanto estávamos fora, mas, nas últimas
noites, eu vinha acordava suada, preocupada que estivéssemos
esquecendo nosso filho, então Vlad insistiu que ele viesse conosco.
Ele também havia insistido que Alex estivesse no casamento. Eu
não podia acreditar o quão adorável o nosso filho parecia num
pequeno smoking. Meu coração apertava ao olhar para ele. Uma
das enfermeiras de Alexei levou Alex dela a medida que o estilista
terminava com o meu cabelo e maquiagem. A planejadora do
casamento apareceu para me dizer que estava na hora. De pé,
estendi a mão para pegar as de minha mãe. "Pronta?" Ela assentiu
com a cabeça e, juntos, saímos do quarto onde eu estava me
preparando e saímos para o jardim dos fundos da mansão Hampton
onde meu marido estava esperando por mim. Minha mãe me levava
pelo corredor no lugar do meu pai.
Sem que eu soubesse, depois que eu fui morar com Vlad,
ele deu ordem para seus contadores que não aceitassem aposta
alguma vinda do meu pai. Ele esperava que, pondo alguma
dificuldade para que meu pai apostasse nos pôneis,
ele eventualmente desistisse. Porém, ele encontrou outra pessoa
disposta a lhe emprestar dinheiro, e essa pessoa cobrou. Meu pai
jamais me ligou ou pediu ajuda. Suspeito que ele já se sentia
humilhado demais. Dois dias depois, encontraram seu corpo no rio,
sem sinais claros de um crime.
Isso foi há quatro meses atrás, e Vlad imediatamente mudou
minha mãe, da nossa velha casa para algo melhor. Embora eu
pudesse ver em seus olhos que ela sofria por meu pai, ela também
parecia mais feliz do que fora há muito tempo.
Enquanto esperávamos o início da marcha nupcial, minha mãe
estendeu a mão para tocar minha bochecha. "Estou tão orgulhosa
de você, Bella."
Eu comecei a me engasgar e não queria chorar depois de todo
esse tempo que havia gasto me preparando. Estendi a mão para
apertar a dela, mas não respondi nada, porque a música tinha
começado.
Eu olhei para o corredor e vi Vlad esperando por mim,
diabolicamente bonito em seu smoking. Ao lado dele estavam Boris
e Viktor, ambos parecendo um pouco desgastados. Vlad deixou
para eles a decisão sobre quem seria o seu padrinho e
eles acabaram brigando por isso. Boris tinha vencido, mas também
estava com o olho roxo maior. Na frente deles estava Alex sentado
em seu carrinho, chupando o punho e batendo os pés.
Eu não conseguia parar de soluçar enquanto olhava para a
minha família. Todos eles. Minha mãe apertava minha mão
novamente, com os próprios olhos marejados em lágrimas. Eu
estava tão feliz.
Enquanto eu caminhava pelo corredor em direção ao meu futuro,
aquele que eu tinha aceito por vontade própria, notava os acenos e
sorrisos de nossos convidados. Todos eles queriam o melhor para
nós. Quando chegamos à frente, Alexei estava lá, radiante. Desde o
nascimento do neto, ele parecia dar sinais de melhora. Ou podia ser
porque ele havia passado a responsabilidade da organização para
Vlad e oficialmente se aposentado, como ele próprio dizia ser. Fiz
uma pausa, me inclinando para beijar sua bochecha antes de virar o
rosto para meu marido.
Trocamos votos desta vez, ambos prometendo amar e honrar, e
quando o padre disse a ele para beijar a noiva, ele o fez – com
muitos vivas e assobios.
Ah, como eu amo este homem perigoso mais do que qualquer
coisa.
Saímos da festa mais cedo, ansiosos para pegar nosso voo em
direção ao desconhecido. Vlad tinha arrumado um jato privado, mas
ainda não me dizia para onde estávamos indo. Na verdade,
ele havia providenciado todo um guarda roupa de lua de mel para
mim, portanto eu não sabia sequer para qual tipo de clima estava
indo. Eu esperava que fosse no Hawaii ou talvez em algum lugar do
Caribe.
Coloquei meu filho em seu berço de viagem. Era uma
loucura como o tempo havia passado tão rápido. Num momento, eu
estava no hospital usando cada palavrão que eu conhecia durante o
parto e, no momento seguinte, eu estava olhando para o meu filho
de seis meses de idade enquanto ele adormecia em um avião.
Vlad estava certo. Tínhamos um bebê tranquilo, embora ele
tenha começado a sorrir como eu desde os dois meses. Eu estava
certa sobre isso. Um ponto para a mamãe. É melhor Vlad ir se
acostumando a perder para mim.
Eu sorria enquanto Alex se mexia durante o sono. Cada
movimento do meu filho trazia uma alegria estranha e delirante em
mim. Me lembrei de quando pensei que nunca teria a chance de dar
à luz. Eu queria protegê-lo. Eu imaginava que havia sido dessa
maneira que Vlad havia se sentido por mim quando me resgatou do
sequestro tempos atrás.
Eu tremia, tentando não pensar sobre, focando no rosto belo do
meu filho em vez disso. Ele já tinha traços da estrutura física de
Vlad. Seria emocionante vê-lo crescer e ver como ele começava a
se parecer conosco.
Suspirei e saí do quarto na ponta dos pés. Eu vi o rosto bonito de
Vlad enquanto ele se sentava em uma poltrona de couro para
ler. Ele havia se trocado do smoking que vestia e estava sentado
com os pés para cima. Coloquei um dedo na boca, o sinal universal
de que o bebê estava dormindo.
Com uma babá eletrônica debaixo do braço, me juntei ao meu
marido, montando em seu colo. Sua mão tocou minhas costas e ele
me empurrou contra ele, trazendo uma onda quente de desejo às
minhas entranhas. Eu gemi contra ele, enterrando meu rosto em seu
peito forte.
"Não me tente, estou exausta."
"Eu poderia pensar numa maneira de recarregar você." Ele sorriu
e levantou uma sobrancelha.
Borboletas reviraram meu estômago com o olhar divertido, mas
cheio de desejo, que Vlad havia me dado. Mesmo depois de todo
o nosso tempo juntos, eu o achava incrivelmente bonito. Ele fazia
meus joelhos enfraquecerem, sem sequer tentar. Bastava uma frase
dele ou um olhar enquanto eu passava por ele para precisar tomar
banho. Normalmente, acabávamos no chuveiro juntos gastando
muito mais água do que o necessário e, provavelmente, seguindo
uma tendência que daria a Alex um irmão mais novo mais rápido do
que eu provavelmente gostaria.
Eu balancei para frente e para trás sobre o colo de
Vlad, provocando um gemido dele.
"Sua devassa. Achei que você estava cansada."
Me sentando, dei a ele o meu melhor olhar de corça. "Então, tem
alguma chance de você me dizer onde estamos indo para a nossa
lua de mel?" Vlad se esticou para retirar o descanso de pé, fazendo
com que a cadeira balançasse para trás, me jogando contra seu
peito. "Ei!"
Sua risada em resposta quase me levou à loucura.
Com seus braços me envolvendo, seus lábios procuraram os
meus. Eu nunca estava saciada deste homem e sempre precisava
de mais. Deslizando de seu colo, comecei a tirar minhas roupas
enquanto ele olhava agradecido. Pausando, gesticulei para suas
roupas e ele se levantou. Abaixando-se, ele enfiou o ombro na
minha cintura e me jogou por cima do ombro enquanto eu
gritava. "O que você está fazendo?" Eu estava rindo enquanto ele
atravessava a curta distância até o outro quarto no
avião. Caminhando para dentro, ele me colocou na cama.
"Não que os funcionários não sejam discretos, mas eu prefiro
fazer amor com minha esposa sabendo que eles não nos
verão. Embora eles possam nos ouvir."
Vlad levou pouco tempo lidando com nossas roupas, me
espalhando na cama enquanto olhava para mim como se eu fosse
uma espécie de banquete. Por alguma razão, eu precisava dele em
meus braços, agora. Estendi a mão para ele e ele rapidamente se
juntou a mim.
Depois, ficamos deitados entrelaçados na cama, ouvindo os
ruídos do sono que nosso filho fazia através da babá
eletrônica. Tocando meu marido, me inclinei para o conforto de sua
presença. Sempre seríamos uma família... Nada nos separaria.
"Eu te amo", ele sussurrou em meu ouvido enquanto me
pressionava contra ele. Me deixei derreter nele. Meu coração se
enchia de amor.
"Eu também te amo", eu disse.
Naquele momento, o piloto surgiu pelo alto-falante para anunciar
que chegaríamos em trinta minutos. "Então, você vai me dizer para
onde estamos indo?" Vlad sorriu para mim. "É uma ilha
tropical?" Ele não respondia enquanto se vestia, só sorria para
mim. "É Bali?" Mais uma vez, ele me ignorou enquanto saía para
pegar o nosso filho, me dando tempo para me vestir.
Quando saí do quarto, encontrei meu marido segurando Alex
enquanto apontava para algo pela janela. Olhando para fora, eu
engasguei. "Isso é...?"
Vlad se virou para mim, sorrindo. "Sei o quanto você adora
museus, então pensei que poderíamos começar em Paris e
possivelmente ir para a Itália, ou até mesmo para a Espanha. O que
você acha?"
Soltei um grito, o que fez Alex pular antes de tentar me imitar,
para nossa alegria. Sentado ao lado deles, fiquei sem palavras
enquanto olhava para a Torre Eiffel com o nascer do sol atrás dela.
O piloto anunciou que estávamos nos aproximando e nos
prendemos. Me encostei em Vlad enquanto ele aninhava Alex em
seu colo. Pegando minha mão, Vlad a beijou.
"Antes de te conhecer, pensei que tinha tudo que eu poderia
querer, mas a partir do momento em que você entrou na minha vida,
você me mostrou que isso não era verdade. O que estava faltando
era o amor de uma família e uma linda mulher ao meu lado que
significasse o meu mundo. Assim, já que eu sou um homem mais de
ação do que de palavras, pensei em te mostrar o quanto você é
importante para mim, te mostrando o mundo. O que você me diz,
minha princesa da máfia, vai explorar o mundo comigo?"
As rodas começaram a descer e olhei para o que podia ver de
Paris. Estávamos prestes a iniciar um novo capítulo em nossa
vida, e eu mal podia esperar pelo próximo.
FIM
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