Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Módulo 2
Aula 1 - Aula 2 - Aula 3
Professoras Autoras:
Celina Camargo Bartalotti e Marcia Rodriguez Vasquez Pauferro
Bartalotti, Celina Camargo
Pauferro, Márcia Rodriguez Vasquez
Bioética: Módulo 2 – Centro Universitário São Camilo –
São Paulo: 2016.
31 f.
Apostila - Módulo 2– Aula 1 – Fundamentos da Bioéti-
ca. Aula 2 – Princípios da Bioética. Aula 3 – Tomada de
decisão em Bioética - Centro Universitário São Camilo
Virtual, 2016.
2
Sumário
Aula-1...................................................................................................................... 7
1.1 Fundamentos da Bioética................................................................................... 7
1.2 Definições de Bioética ....................................................................................... 7
1.3 Documentos Fundamentais................................................................................ 10
1.4 Conceito de Pessoa Humana.............................................................................. 14
1.5 Conceito de dignidade....................................................................................... 15
1.6 Valores Morais.................................................................................................... 16
1.7 Multidisciplinaridade, Interdisciplinaridade, Transdiciplinaridade..................... 17
Referências Bibliográficas........................................................................................ 19
Aula-2...................................................................................................................... 20
2.1. Princípios da Bioética........................................................................................ 20
Não Maleficência.................................................................................................. 21
Justiça.................................................................................................................. 21
Autonomia........................................................................................................... 22
2.2. Correntes da Bioética........................................................................................ 24
Bioética Principialista.......................................................................................... 24
Liberalismo em Bioética....................................................................................... 25
Bioética das Virtudes........................................................................................... 25
Bioética Casuística .............................................................................................. 25
Bioética Feminista............................................................................................... 25
Bioética Naturalista............................................................................................. 26
Bioética Personalista........................................................................................... 26
Bioética Contratualista......................................................................................... 26
Bioética da Libertação......................................................................................... 26
Referências Bibliográficas........................................................................................ 27
Aula-3...................................................................................................................... 28
3.1. Processos de tomada de decisão em Bioética................................................... 28
Método Principialista........................................................................................... 28
Método de Diego Garcia....................................................................................... 28
Considerações finais................................................................................................. 30
Referências Bibliográficas........................................................................................ 31
3
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
4
Considerações iniciais …..
Olá!
Espero que sim. Então, vamos ver quais serão os seus desafios de aprendizagem.
Saiba você que, neste módulo, serão introduzidos alguns temas considerados es-
senciais para a reflexão Bioética.
Acompanhe-me!
O conceito de pessoa, que vai muito além da biologia do ser humano, é o valor que
se dá a pessoa humana em cada uma de suas fases - infância, adulto, velhice e até
mesmo antes de nascer (o embrião). Tal valor determinará como a sociedade se re-
lacionará com os demais de sua espécie, seja nas questões cotidianas ou na priori-
zação de recursos para a saúde, ou ainda, na investigação científica (pesquisas em
seres humanos).
5
Valores morais fundamentais: existem diversos valores morais, mas talvez a ade-
são a alguns valores mínimos possa garantir uma existência mais harmônica, numa
sociedade mais tolerante às diferenças.
No que se refere aos Modelos de tomada de decisão, entende-se que para viver é
preciso fazer escolhas o tempo todo, mas como é possível respeitar todos os Prin-
cípios Bioéticos e valores morais que estão em jogo numa decisão? Estudaremos
alguns métodos para tomar decisões fundamentadas na Bioética, ok!
6
Aula-1
7
√ Bioética Ponte
Quando Van Rensselaer Potter usou o termo pela primeira vez na Universidade de
Wisconsin, seus ensinamentos trouxeram à tona a ideia de que a Bioética pode
ser caracterizada como uma ponte entre o conhecimento biológico e os valores
humanos, por esse motivo, ele afirmava que:
“Eu proponho o termo Bioética como forma de enfatizar os dois componentes mais
importantes para se atingir uma nova sabedoria, que é tão desesperadamente
necessária e tem por base o conhecimento biológico e os valores humanos”.
(Potter, Van Rensselaer. Bioethics: bridge to the future. Englewood Cliffs: Prentice
Hall, 1971)
√ Enciclopédia de Bioética
8
atenção em saúde pública e ambiental. Assim, a revisão desta obra de referência
demonstra nitidamente o dinamismo do campo de evolução do conhecimento
bioético, inspirando novas linhas de pesquisa e perspectivas que ainda não
mereceram a devida atenção no estágio atual de evolução da Bioética.
√ Bioética e dignidade
A Bioética pode também ser definida como “uma dinâmica reflexiva que procura
resgatar a dignidade da pessoa e sua qualidade de vida desde o nível micro até
o nível macro.” Sua abrangência vai muito além das questões da saúde e da bio-
medicina, pois envolve também as questões sociais, políticas e ambientais, entre
outras. Para que isso ocorra, é preciso que haja um entrelaçamento das ciências
humanas, biológicas e exatas. A Bioética é, por definição, multidisciplinar, interdis-
ciplinar e transdisciplinar (BARCHIFONTAINE; PESSINI, 2002).
Podemos considerar que as questões micro são aquelas que se referem ao local em
que a ação ocorre e as questões macro são aquelas relacionadas ao âmbito global.
Assim, uma ação que ocorre no local de trabalho ou no seio da convivência familiar
pode gerar repercussões que a pessoa nem imagina, na comunidade em que está
inserida e, em maior extensão, no Estado ou no país em que ela vive ou até mes-
mo no mundo todo.
Relato de Experiência!
Quando uma pessoa joga um copo no chão parece um ato sem maiores conse-
quências, mas isso pode fazer com que outras pessoas sigam seu exemplo geran-
do o entupimento dos bueiros o que, num dia de chuva forte, pode dar origem a
uma enchente capaz de afetar uma comunidade inteira. A ideia de não se impor-
tar com o lixo gerado pode ser assimilada por outras comunidades, chegando ao
ponto de haver uma repercussão global, envolvendo vários países que assimila-
ram isso em sua cultura e adquiriram hábitos semelhantes.
9
1.3 Documentos Fundamentais
http://bioetica.org.br/?siteAcao=DiretrizesDeclaracoesIntegra&id=2
Leia aqui o Código de Nuremberg.
1948: Publicada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Declaração Universal
dos Direitos Humanos tem como objetivo definir os direitos básicos do ser humano,
ainda impactados pelo horror das atrocidades cometidas na guerra.
Saiba mais!
O documento já sofreu várias revisões – em 1975, 1983, 1989, 2000, 2004 2008 e
2013.
http://amb.org.br/_arquivos/_downloads/491535001395167888_DoHBrazi-
lianPortugueseVersionRev.pdf
10
Saiba mais!
Vale ressaltar que a Resolução 466/12 - que estabelece diretrizes éticas para
a realização de pesquisas em seres humanos no Brasil - NÃO considera essa
última atualização da Declaração de Helsinque emitida pela AMM.
1. Princípio da Autonomia.
3. Princípio da Beneficência.
4. Princípio da Justiça.
11
O principialismo tenta buscar soluções para os problemas e as controvérsias éti-
cas a partir de uma perspectiva negociável e aceitável pelo conjunto das pessoas
envolvidas no processo.
http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001229/122990por.pdf
2004: Em 16 de outubro de 2004, em sua 32ª sessão, a UNESCO aprovou por unani-
midade a Declaração Universal sobre o Genoma Humano, visando garantir o res-
peito à dignidade humana e a proteção dos direitos humanos e liberdades fun-
damentais em matéria de recolha, tratamento, utilização e conservação de dados
genéticos humanos, em conformidade com os imperativos da igualdade, justiça e
solidariedade. O documento na íntegra está disponível em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001361/136112porb.pdf
12
Saiba mais!
http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001461/146180por.pdf
Ao tratar das questões éticas suscitadas pela medicina, ciências da vida e tecnolo-
gias associadas à sua aplicação em seres humanos, esta Declaração incorporou os
Princípios bioéticos como regras que norteiam o respeito pela dignidade humana,
pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais.
Saiba você que estes temas polêmicos serão aprofundados nos próximos módulos.
Falaremos mais sobre a clonagem de embriões humanos no módulo três. Já para o
quarto módulo, reservamos as diretrizes necessárias para a realização de pesquisas
em seres humanos. Não deixe de relacionar todos esses saberes para aprimorar sua
capacidade de reflexão e tomar decisões mais prudentes no âmbito profissional.
Vamos adiante!
13
1.4 Conceito de Pessoa Humana
Segundo Pegoraro (2004), a pessoa humana pode ser definida como substância
individual, existência relacional e potencial. Vamos entender o que quer dizer cada
um desses conceitos.
Definir pessoa como substância individual significa dizer que o ser humano de-
fine-se como animal que pensa e que convive politicamente (Aristóteles). O ser
humano é, portanto, um indivíduo que existe em uma natureza racional. Podemos
dizer então, que uma pessoa se define como substância individual porque é um ser
pensante e autossuficiente.
14
É interessante observar que as três concepções pressupõem um ser humano que se
desenvolve em direção a uma vida autônoma.
Existem várias outras definições da pessoa humana, já que esse é um tema muito
estudado pela Filosofia e Teologia ao longo dos tempos. Para finalizar, gostaríamos
de deixar uma célebre definição dada por Emmanuel Kant, no século XVII, e que
continua válida e atual , de certo modo, pois é capaz de sintetizar tudo o que apre-
sentamos sobre pessoa humana.
“Age de tal modo que consideres a humanidade tanto na tua pessoa como na pes-
soa de todos os outros sempre como um fim e não como simples meio.”
Figura – 2
15
O sentido social, pelo qual o termo designa méritos pessoais e que merecem res-
peito, ou seja, a pessoa é considerada digna de respeito e admiração na sociedade
em função das suas atitudes. Um bombeiro é considerado digno de admiração e
respeito quando põe sua vida em risco para salvar outra pessoa.
Cortina (2005) destaca que o agir humano também é influenciado por valores es-
téticos, religiosos, saúde, intelectuais ou de utilidade que não são essenciais. Con-
sidera que uma ação ética deve ser determinada pelos valores morais fundamen-
tais. E quais seriam esses valores? A autora destaca a liberdade, a solidariedade, o
respeito ativo, a igualdade e o diálogo.
16
A igualdade parte do Princípio de que todas as pessoas são iguais em dignidade e,
por isso, merecem as mesmas oportunidades.
E, finalmente, o diálogo, cujo pressuposto indica que a palavra é uma ação capaz
de comprometer quem a realiza e quem a aceita, nesse contexto, dialogar implica
a participação dos afetados pela decisão. Quem dialoga está disposto a ouvir e não
julga que já tem toda a verdade. O diálogo busca uma solução justa.
Saiba mais!
http://30reuniao.anped.org.br/trabalhos/GT17-3672--Int.pdf
Multimídia
https://www.youtube.com/watch?v=ezJSUPkyxlg
Clique, aqui, e veja como trabalhar em equipe ajuda a resolver problemas que
sozinhos não daríamos conta.
17
Já a transdisciplinaridade implica rompimento de fronteiras entre as disciplinas.
Nessa modalidade de construção de conhecimentos voltados à solução de proble-
mas temos a abertura das disciplinas envolvidas para algo que é maior do que elas
e ultrapassando-as. O conhecimento não pertence a nenhuma disciplina específica.
Figura – 3
Seguiremos para a Aula 2, cuja proposta de estudo está baseada nos Princípios da
Bioética.
18
Referências Bibliográficas
https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/viewFile/1518-2924.2011v16n3
2p1/19336
Acesso em 24 jan. 2013.
http://www.bioeticaefecrista.med.br/textos/origem%20e%20complexidades.pdf
Acesso em 13 jan. 2012.
PEGORARO, O.A. Capítulo 17: Uma justificativa ética para a clonagem humana. In:
GARRAFA, V.; PESSINI, L (org.) Bioética: poder e inJustiça. 2ª edição. São Paulo:
Loyola, 2004. P. 179-185.
19
Aula-2
Beneficência
Segundo Durand (2003, p. 162), a Beneficência refere-se à ação a ser feita. É, por-
tanto, o dever de agir no interesse do outro. É, ao mesmo tempo, “um dever, uma
virtude, um Princípio, um valor”.
20
Não Maleficência
Justiça
Quem deve receber os benefícios da pesquisa e os riscos que ela acarreta? Esta é
uma questão de Justiça no sentido de ‘distribuição justa’ ou ‘o que é merecido’.
Segundo o Relatório Belmont, uma inJustiça ocorre quando um benefício que uma
pessoa merece é negado sem uma boa razão ou quando algum encargo lhe é im-
posto indevidamente.
21
* A cada pessoa uma parte igual;
Saiba mais!
http://www.bioetica.ufrgs.br/justica.htm
Autonomia
Uma pessoa autônoma é um indivíduo capaz de deliberar sobre seus objetivos pes-
soais e de agir na direção desta deliberação. Respeitar a Autonomia é valorizar a
consideração sobre as opiniões e escolhas, evitando, da mesma forma, a obstrução
de suas ações, a menos que elas sejam claramente prejudiciais para outras pesso-
as.
22
Autonomia Reduzida: nem todas as pessoas têm a capacidade de se autodetermi-
nar. Esta capacidade evolui durante a vida do indivíduo e algumas pessoas perdem
esta capacidade total ou parcialmente devido a doenças, distúrbios mentais ou cir-
cunstâncias que severamente restrinjam a liberdade. Essas são pessoas que preci-
sam ser protegidas, muitas vezes é necessário que outro decida por elas e aí temos
uma questão bastante delicada, pois implica decidir o que é melhor para o outro e
não para si mesmo.
23
2.2. Correntes da Bioética
Bioética Principialista
Até hoje, alguns autores defendem que todos os problemas de ordem Bioética
podem ser solucionados usando-se os quatro Princípios estudados. Essa corrente de
pensamento é chamada de Bioética Principialista, mas, será que os quatro Prin-
cípios (Autonomia, Beneficência, Não Maleficência, Justiça) dão conta de analisar
todos os conflitos e dilemas éticos que a Bioética se propõe?
24
São exemplos de outros referenciais úteis a solidariedade, a responsabilidade, a
confidencialidade e a privacidade.
Liberalismo em Bioética
Bioética Casuística
Caracteriza-se por uma análise caso a caso, não assentando as decisões morais em
quaisquer Princípios ou teorias a priori. Tende a acentuar a importância dos casos e
suas particularidades permitindo fazer analogias com outros casos.
Bioética Feminista
25
Bioética Naturalista
Procura estabelecer bens fundamentais da pessoa humana, a começar por sua pró-
pria vida como um todo e para condições básicas que constituam sua dignidade.
Bioética Personalista
Trata-se de uma ampla visão antropológica que incide na ética valorizando, entre
outros aspectos, a dignidade humana como centro da elaboração ética, por sua
capacidade e vocação a dar sentido às coisas e ao próprio rumo da vida. É a corren-
te defendida pela Igreja Católica, pois tende a valorizar a pessoa humana enquanto
unidade dotada de espírito e corpo.
Bioética Contratualista
Bioética da Libertação
Adiante, em nossa terceira aula, você entrará em contato com os processos de to-
mada de decisão em Bioética.
Vamos em frente!
26
Referências Bibliográficas
27
Aula-3
Método Principialista
Ao analisar uma situação, Diego Gracia nos propõe alguns passos a serem seguidos.
Inicialmente a identificação clara do problema. Em seguida, a análise dos fatos, a
partir da obtenção do maior número de informações e visões sobre o caso. Poste-
riormente, realiza-se a identificação dos valores implicados e se existem valores
em conflito. Havendo conflito, passa-se a deliberação sobre o conflito fundamental,
buscando a melhor decisão. Uma vez tomada a decisão, deve-se submetê-la à “pro-
va de consistência”, que implica três questões:
28
1. Prova de legalidade - A decisão que será tomada é legal?
Segundo Gracia, a função da ética não é buscar unanimidade, mas evitar que as
decisões sejam imprudentes. O método proposto consiste em diminuir as incertezas
a um ponto que se possa dizer que tomamos uma decisão prudente.
Multimídia
http://www.bioetica.org.br/?siteAcao=EntrevistaIntegra&id=34&p=
29
Considerações finais...
A Bioética não traz respostas prontas sobre o que é certo ou errado. Ela procura
ser um instrumento de reflexão para a tomada de decisões, mas, como pudemos
perceber ao longo deste módulo, as tomadas de decisão estão muito relacionadas
às convicções pessoais de cada um, seus valores, suas crenças, sua capacidade de
ouvir diferentes pontos de vista e refletir sobre eles.
Para ser um bom profissional, não basta ter competência técnica. A competência
técnica é fundamental e é uma obrigação (regulamentada pelo seu Código de Ética
Profissional), mas quem pretende ser, de verdade, um bom profissional, precisa ir
mais além. No trabalho (não importa qual seja ele), é necessário relacionar-se com
outras pessoas. Será que você consegue se colocar no lugar do outro para o qual
você prestará algum serviço?
Competência técnica não é tudo. A formação científica nem sempre tem sido acom-
panhada da devida formação humanística e moral necessárias para que ocorra uma
reflexão ética sobre as práticas. Em geral, procura-se nas palavras do profissional
honestidade, precisão, acessibilidade e informação consistentes em relação à sua
doença ou o que quer que o tenha levado ao profissional, assim como suas implica-
ções (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2006).
É por meio desse olhar humanizado que a Bioética nos propõe a possibilidade de
cuidar das relações e tomar decisões.
Continue se dedicando aos estudos relacionados à Bioética, pois é preciso que você
compreenda a importância desse saber para se tornar um profissional mais respon-
sável e mais consciente de si e dos outros.
30
Referências Bibliográficas
PESSINI, L.; BARCHIFONTAINE, C.P. (Orgs.). Bioética e longevidade humana. São Pau-
lo: Loyola, 2006.
31