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DISCIPLINA: DIREITO PENAL III

Prof. Me. Ana Carolina Tomicioli Cotrim

ROTEIRO (03): DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA e o CASAMENTO

1. BIGAMIA

2. INDUZIMENTO A ERRO ESSENCIAL E OCULTAÇÃO DE


IMPEDIMENTO

3. CONHECIMENTO PRÉVIO DE IMPEDIMENTO

4. SIMULAÇÃO DE AUTORIDADE PARA CELEBRAÇÃO DE


CASAMENTO

5. SIMULAÇÃO DE CASAMENTO

6. REVOGAÇÃO DO ADULTÉRIO

1. BIGAMIA

Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:

Pena - reclusão, de dois a seis anos.

§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada,
conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três
anos.

§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo


que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.

Objetividade jurídica: tutela o casamento monogâmico, que é a ordem jurídica


matrimonial, e consequentemente, a organização da família.

Sujeitos:
• Sujeito ativo:
- caput: somente a pessoa casada (CRIME PRÓPRIO).
- § 1º: qualquer pessoa

Obs.: e as testemunhas do casamento que sabem ser a pessoa casada? Respondem


como partícipe.

• Sujeito passivo: o Estado (primeiramente). O cônjuge do primeiro matrimônio e


até mesmo o do casamento subsequente (eivado de bigamia) caso este esteja de
boa-fé e tenha sido enganado.

Conduta: contrair (assumir) novo casamento sem desfazer o primeiro.

Atenção:
a.) o casamento anterior não precisa ser válido, mas deve ser vigente.
b.) O casamento religioso antes ou depois do segundo casamento, somente
configurará crime de bigamia se for realizado na forma do art. 226, § 2º da CF/88
(siga os trâmites do Código Civil)

Obs.: o crime deixa de existir se:


a.) O primeiro casamento for anulado por qualquer motivo.
b.) O segundo casamento for anulado por outro motivo que não a própria bigamia.

Elemento Subjetivo do Tipo: Somente o dolo.

Consumação e tentativa:
• Consuma-se no momento que é declarado perfeito o segundo casamento.
(manifestada a vontade de ambos os nubentes dispensando a lavratura do termo)
• Tentativa é possível.

Obs.: Prazo Prescricional: começa a correr a partir da data em que o segundo


casamento se torna conhecido e não do dia que o crime se consumou.

2. INDUZIMENTO A ERRO ESSENCIAL E OCULTAÇÃO DE


IMPEDIMENTO

Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou


ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não


pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença (civil) que, por
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.

Objetividade jurídica: a instituição do casamento e a organização da família.


Sujeitos:
• Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).

Obs.: pode ser através de dolo bilateral: os dois contraentes praticam


simultaneamente enganando um ao outro.

• Sujeito passivo: É o Estado, mas também pode figurar o contraente enganado


(de boa-fé)

Condutas:

a.) Induzir outrem a erro essencial. (art. 1557 do CC)

Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:


I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal
que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge
enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne
insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não
caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por
herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

b.) Ocultar o impedimento (art. 1521 do CC) (atenção! se o impedimento for


casamento anterior será crime de bigamia)

Art. 1.521. Não podem casar:


I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau
inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas; (bigamia)
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de
homicídio contra o seu consorte.

Elemento Subjetivo do Tipo: apenas o dolo.

Consumação e Tentativa:
• Consumação: com o casamento, não sendo suficiente o induzimento a erro ou a
ocultação.
• Tentativa: é possível.

Atenção! Neste tipo penal a ação penal é privada personalíssima, não transmitindo
aos sucessores o direito de queixa.
3. CONHECIMENTO PRÉVIO DE IMPEDIMENTO

Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe


cause a nulidade absoluta:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Objetividade jurídica: a instituição do casamento e a organização da família.

Sujeitos:
• Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).

• Sujeito passivo: É o Estado, mas também pode figurar o contraente enganado


(de boa-fé)

Conduta: contrair casamento conhecendo a existência de impedimento (art. 1521 do


CC) que lhe cause a nulidade absoluta. aqui não há emprego de fraude (induzimento
ou ocultação), sendo suficiente que um dos nubentes saiba da existência do
impedimento.

Elemento Subjetivo do Tipo: apenas o dolo.

Consumação e Tentativa: Consuma com a efetiva celebração do casamento, ou seja,


após o assentimento dos nubentes.

4. SIMULAÇÃO DE AUTORIDADE PARA A CELEBRAÇÃO DE


CASAMENTO

Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento:

Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Objetividade jurídica: a instituição do casamento e a organização da família e


segurança jurídica na celebração da união.

Sujeitos:
• Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).

• Sujeito passivo: É o Estado, mas também pode figurar os contraentes de boa-fé.

Conduta: Atribuir (intitular-se) falsamente autoridade para celebração de casamento.

Obs.: o casamento celebrado nesta situação é anulável. Porém, se os nubentes


estiverem de boa-fé é possível a convalidação do casamento, sem, entretanto, deixar
de caracterizar o crime.
Elemento Subjetivo do Tipo: apenas o dolo.

Consumação e Tentativa: não é necessária a celebração do casamento para


consumação. Basta a prática do ato inequívoco de atribuir-se autoridade.

Tentativa é possível.

5. SIMULAÇÃO DE CASAMENTO

Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa:

Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.

Objetividade jurídica: a instituição do casamento e a organização da família.

Sujeitos:
• Sujeito ativo: um dos nubentes.

• Sujeito passivo: É o Estado, mas também pode figurar o nubente de boa-fé.

Conduta: simular, fingir o casamento enganando a outra pessoa.

Elemento Subjetivo do Tipo: apenas o dolo.

Consumação e Tentativa:
• Consuma-se com a realização fraudulenta da cerimônia.
• A tentativa é possível.

6. REVOGAÇÃO DO ADULTÉRIO

Adultério
Art. 240 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Qual a consequência penal e processual penal desta revogação para inquéritos em


andamento, processos em curso e penas em cumprimento de execução?

Resposta: Trata-se do fenômeno da Abolitio Criminis, que tem por consequência, a


extinção da punibilidade.

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