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CASO CONCRETO 3 - GRUPO.....................

Quando eu tinha 18 anos minha mãe se casou com João, então com
50 anos. Por dois anos foram casados e felizes, mas minha mãe acabou
morrendo em 2006 em virtude de um câncer de mama tardiamente
descoberto e que lhe retirou a vida em pouquíssimos meses. Eu tinha um
relacionamento muito bom com João e, após superarmos a morte prematura
da minha mãe acabamos descobrindo que tínhamos muita coisa em comum.
Resultado, começamos a namorar em 2008 e, em 2009 resolvemos casar.
Fizemos todo o procedimento de habilitação para o casamento e, naquele
mesmo ano, casamo-nos. Neste mês, no entanto, fomos surpreendidos por
uma ação de anulação do casamento proposta pelo Ministério Público que
afirma que a lei proíbe o nosso casamento em virtude do parentesco. Amo
João e depois de tantos anos juntos não posso acreditar que nosso
casamento esteja sendo questionado. O Ministério Público tem
legitimidade para propor essa ação? Depois de tanto tempo já casados
este pedido não estaria prescrito? Nunca tive nenhum um vínculo de
parentesco com João, como esse fato pode estar sendo alegado?
Segundo este dispositivo legal: "Art. 1.522. Os impedimentos podem ser

opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.

Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência

de algum impedimento, será obrigado a declará-lo". No caso, cuida-se de casamento

de enteada com padrasto - hipótese prevista no art. 1.521, inciso  II, do  CC. A

questão é o prazo, já que o texto de lei é claro quando sobre a nulidade antes da

celebração qualquer pessoa ou MP tem legitimidade para solicitar a anulação do

enlace, as jurisprudências tem se inclinado na mesma situação do casamento com

enfermo mental, em todo tempo ele é pode ser anulável mesmo não sendo expresso o

lapso temporal .
"No sistema de nulidade do casamento, fica bem nítida a distinção entre vícios

insanáveis e vícios sanáveis. Os impedimentos, as causas as causas de anulação e as

causas suspensivas visam evitar que essas hipóteses ocorram. No entanto, se o

casamento se realizar com infração aos impedimentos do art. 1.521, o casamento será

nulo, por expressa redação do art. 1.548, II. Também é nulo o casamento do enfermo

mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil (art. 1.548, I).

As demais hipóteses, já vistas quando tratamos dos impedimentos, ocasionam um vício

sanável."(p. 127, g.n.))

E continua o renomado autor:

"...Como referido, além do casamento contraído pelo enfermo mental sem

discernimento, são nulos os casamentos realizados com infração aos impedimentos

descritos no art. 1.521. Lembre-se, ademais, que o casamento pode ser anulado, pois

se trata de negócio jurídico anulável, também, pela participação do incapaz de

consentir, a qualquer título, quando do ato do casamento.

As primeiras cinco hipóteses declaram írrito o matrimônio incestuoso. O

patrimônio consangüíneo em linha reta é obstáculo intransponível para o matrimônio,

como examinamos. A proibição relativa à afinidade é limitada e quanto aos colaterais

é restrita a casamentos de parentes até o terceiro grau. (...)

Como em todo decreto judicial de nulidade, os efeitos dessa sentença

retroagem à data do ato, no caso no momento da celebração"(p. 128/129, g.n.).

Daí que não se aplica às ações de nulidade de casamento, regulamentadas pelo

art. 1.548 do Código Civil, o prazo de que trata o artigo 1.522 do mesmo diploma

legal.

O fato de o processo de habilitação do casamento não ter sido impugnado não

impede o ajuizamento da respectiva ação de nulidade, não podendo ser convalidado o


ato nulo, em hipótese alguma.

Assim, pelos motivos acima expostos, rejeito a preliminar suscitada pela apelante e

nego provimento ao recurso. Apelação Cível Nº 1.0382.10.015138-2/001 -

COMARCA DE Lavras - Apelante (s): G.M.O.M. - Apelado (a)(s):

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

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