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Cunene é uma província no sul de Angola, com uma área de 87.

342 km² e com uma


população estimada de 700 mil habitantes. A sua capital é Ondjiva , dista a 1424 km
de Luanda e a 415 km do Lubango. A província compreende os municípios
de Cahama, Cuanhama, Curoca, Cuvelai, Namacunde e Ombadja. É nesta província que
o Rio Cunene ganha o seu nome
CULTURA E ETNIA
Existem 4 grupos étnicos:
 Koysan (nómadas que vivem da recolha de frutos silvestres e da caça)
 Ovambos (que se subdividem em Kwanyamas, Cuamatos e Muvales)
 Nyanecas Humbes
 Hereros (que se subdividem em Mucahones e Mutuas)

A língua mais falada no Cunene é o Kwanyama.

A sua população dedica-se sobretudo à agricultura de subsistência, à pesca artesanal e


à pecuária.
Milho, massango, massambala e feijão são os principais cereais.

O ferro e o cobre são os minerais mais abundantes.


A província próspera actualmente graças à sua situação sobre a principal rota comercial entre
Namíbia e Angola.

HÁBITOS E COSTUMES

A cultura dos mushimbas resiste à civilização do penteado de uma trança, chamada


"ndombi” para os rapazes, que simboliza o estado solteiro.
Segundo o ritual, o rapaz depois de ter sido circuncidado começa a criar cabelo até
fazer trança. Esta trança é desfeita quando estiver prestes a contrair o matrimónio.
Para tal, a tradição atribui uma importância essencial ao costume do penteado, embora
haja grande variedade de formas e de estilos, cultivo dos cabelos e dos penteados.
Em geral, seguem os qualificativos de género (cortes e penteados infantis, femininos e
masculinos), idade (segundo ritos de passagem da infância, puberdade, vida adulta) e de
acordo com determinado papel social, em que desempenha uma função identitária.
Os meninos Chimba ou Muhimba, tradicionalmente aos 9 ou 14 anos, utilizam trança
única que, em geral, é desfeita por um especialista assim que atingem 20 e 25 anos, altura em
que ela é repartida em duas tranças (semelhante aos chifres dos gados).
O cabelo do adolescente é untado pelo seu pai com manteiga e bosta de boi no ritual
de passagem, indicando-lhe em voz alta que agora está apto para “tomar uma mulher”.
Porém, na chegada desse período, seu cabelo é raspado e seis meses depois,
aproximadamente, é-lhe feito outro penteado “pequena trunfa”, no qual se aplica uma unção
com manteiga e folhas aromáticas. Recebe adornos e colares e fica, por fim, recluso por três
dias, para possibilitar a passagem à vida adulta.
Segundo o soba grande da etnia Mushimba no Curoca, Baptista Kamukuva,
actualmente existe tendência da aculturação da comunidade, uma vez que hoje se verifica o
uso de tecidos por parte de alguns jovens, bem como os doentes já recorrem às unidades
hospitalares em construção de betão, ao contrário da anterior prática em que os doentes eram
acamados por baixo de árvores e os enfermeiros se dirigiam ao encontro deles para o
tratamento.
Por outro lado, disse, os jovens que vão trabalhar nas cidades acabam por “se render”
a outros modelos de civilização.
CERIMÓNIA DE CIRCUNCISÃO

Outro ritual para o sexo masculino prende-se com a festa da circuncisão, considerada tradição
fundamental, pois o respeito social, a consideração a um homem e até o futuro casamento dele
dependem. Essencialmente, a circuncisão dos meninos pode ser levada a cabo a partir dos sete
meses de idade até cerca de 12anos, mas nunca depois dos 18, pois aquele que não se
submeter à prática é considerado marginal.
As características principais da cerimónia de circuncisão dos Muhimba decorrem ainda hoje
numa festa de final de ano. Colocam-se sobre pedras chamadas Coluo, nas quais se faz
reverência aos antepassados. Diz-se na ocasião que a circuncisão será feita fora da aldeia (é
um tabu fazê-la nas cercarias de dentro).
A criança é então levada para fora e faz-se um pequeno corte ao redor da pele que cobre a
glande do pênis (o prepúcio), deixando-a descoberta.
CASAMENTO

A relação matrimonial da tribo Mushimba é do estilo polígamo, podendo ter três ou


mais esposas, dependendo da situação financeira do esposo, na qual quem negocia a primeira
noiva é o pai do rapaz, que pode muito bem ser uma criança de 5 anos, e a medida que a
menina vai crescendo é sensibilizada de que já está comprometida até o dia em que assume o
papel de esposa. Já na segunda ou terceira mulher, quem deve negociar a escolha é a primeira
esposa.
O filho não deve negar a oferta do pai, pois segundo os hábitos e costumes o noivo
nunca mais poderá vir a se casar.
Outro mito tem a ver com o tratamento entre esposo (a) ou filhos, pois pelos costumes não se
pode chamar o nome do primeiro filho, bem como a mulher também não pode tratar o marido
pelo seu nome, mas são chamados apenas pelos adjectivos (o pai chama filho e a mulher
chama marido) e se chamar pelo nome tem um significado ofensivo.
Quanto à fidelidade conjugal, os mushimbas preservam ainda a cultura antiga, na qual
quando um amigo visita outro o dono da casa cede uma das suas esposas ao visitante para lhe
fazer companhia durante a noite; um gesto que se espera ser retribuído.
Os costumes indicam que os homens das etnias mushimbas não devem entrar em sua própria
casa depois das 19 horas. O homem é obrigado a passar a noite na casa de um amigo ou
familiar e na manhã do dia seguinte quando for para casa tem de anunciar a chegada para dar
espaço de manobra ao amante.
RITOS DE ÓBITO

Falando do ritual de morte, a tradição dos mushimbas indica que quando morre o
chefe de família tem que se matar vinte ou mais cabeças de gado bovino, dependendo da
situação económica, cuja carne não é consumida, mas sim levada até ao cemitério e posta ao
ar livre, enquanto os chifres são colocados em volta de um tronco de árvore, símbolo de
alguém que foi rico e possuidor de gado. Esta carne é posteriormente furtada pelos povos
Vátuas (considerada a tribo dos pobres e que não pode ser sepultado neste cemitério).
Em caso da morte de um filho do sexo masculino procede-se da mesma forma, só que
a transladação do corpo é feita pelos tios mais velhos, que invocam aos antecessores ao entrar
no cemitério, com uma palavra-chave: “Ontueya”, que significa “chegamos e estamos a trazer
o filho de alguém que morreu”.
Depois, são retiradas folhas de uma árvore (omufiaity), como sinal de permissão para
entrar no local para realização do funeral, um acto que se for violado origina inflamação dos
membros inferiores das pessoas.
Já na morte de uma mulher não se deve proceder o ritual da matança de gado, mesmo
que ela possua gado. O boi não é considerado dela, mas sim da família.

Pratos típicos e onde comer


Os pratos típicos desta região geralmente é o funge acompanhado de diversos molhos,
hortaliças, peixe, e carne. A carne bovina é muito apreciada no cunene.
CONCLUSÃO
Depois da pesquisa feita chegou-se a conclusão de que a província do cunene preserva os seus
hábitos e costumes de acordo as suas etnias e culturas. O tipo humano dos mushimbas revela
traços que provam a sua interligação com os povos Cushiticos, através de algumas notórias
características, nomeadamente a coloração da pele, influência linguística, traços faciais finos,
hábitos de vida e de comportamento, e grande semelhança de costumes e tradições.

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