Você está na página 1de 2

VIDA E MORTE PARA OS YORUBÁS.

Os yorubá, como os demais grupos africanos, crêem na existência ativa dos


antepassados. A morte não representa simplesmente um fim da vida humana, mas
a vida terrestre se prolonga em direção à vida além-túmulo, exatamente em algum
dos nove espaços do Òrun, o domínio dos seres desprovidos do Èmì. Assim, a
morte não representa uma extinção, mas mudança de uma vida para outra. Os
antepassados ou ancestrais são denominados Òkú Òrun e Abagbà, ou ainda pelo
título de Ésà, usado para reverenciar os ancestrais nos ritos de Ìpàdé, dos
candomblés do Brasil. Um antepassado é alguém de quem uma pessoa descende,
seja través do pai ou da mãe, em qualquer período do tempo, e que o ser vivente
conserva relações filiais afetuosas. Somente alcançarão a condição de ancestral
com merecimento de culto a aqueles que atingiram uma idade avançada, com uma
vida de boa qualidade e trabalho expressivo para a sociedade, além de terem
deixado bons filhos. Para os yorubá, um casamento sem filho é algo mal sucedido
Embora os ancestrais compreendam membros masculinos e femininos das
gerações anteriores, os ancestrais masculinos são os mais importantes.Ao seguirem
para o Òrun, os ancestrais são libertos de todas as restrições impostas pela terra,
dessa forma, adquirem potencialidades que podem ser usadas para beneficiar seus
familiares que ainda estão na terra.Por essa razão, é necessário mantê-los num
estado de paz e contentamento.Quando dissemos que existe um culto ao ancestral,
queremos dizer que o que existe de fato é uma manifestação de relacionamento
familiar indestrutível entre o familiar que partiu e seus descendentes que aqui
ficaram. A palavra culto então colocada tem o significado de homenagem que
melhor expressa o nosso entendimento sobre o assunto. O encaminhamento do
espírito, depois dos rituais realizados, corresponde a passar de volta pelo portão do
Oníbodè em direção a Olódùmarè, para receber o julgamento de seus atos na
tera.A morte é denominada Ikú, e trata -se de um personagem masculino.Sua
lógica é para as pessoas mais velhas e que dadas certas condições, devem viver até
uma idade avançada. Por isso , quando uma pessoa jovem morre, o fato é
considerado tragédia, por outro lado, a morte de uma pessoa idosa é ocasião para
se alegrar. Sobre isto, costuma-se dizer: Ikú Kí pani, ayò I'o npa ni - "a morte não
mata, são os excessos que matam".No Brasil, para os indicados das religiões de
etnia yorubá, os ritos são denominados Àsèsè - retorno às origens.O falecimento
de um iniciado é marcado pela retirada, com o corpo já no ataúde do elemento
central de sua iniciação, o osù. Trata-se de uma retirada simbólica de algo, agora
abstrato, juntamente com alguns fios de cabelo do alto da cabeça, no lugar onde foi
colocado o osù.Outros elementos são utilizados neste ritual Posteriormente , o jogo
do obí tudo confirmará .Em alguns casos, o ritual é feito em cima de um igbá, uma
meia cabeça.O manipulador deste ritual deve ser sempre uma pessoa com orô mais
antigo que o falecido, ou , pelo menos com a mesma expressão religiosa.Após o
enterro é iniciada uma seqüência de cerimônias noturnas, idênticas e diárias, que
duram sete dias, sendo que, no sexto dia, deverão ser feitos os sacrifícios
propiciatórios e o Erù Éégún. Entre os yorubá, quando morre uma pessoa, o corpo
é envolvido imediatamente numa mortalha branca. Antes ele é banhado. Se for
uma mulher, o cabelo é devidamente penteado, e se for homem, algumas vezes é
inteiramente raspado. A condição de estar devidamente limpo é para ser bem
recebido na morada de seus ancestrais. Em algumas religiões, um pouco do cabelo,
das unhas dos dedos dos pés e das mãos do falecido é cortado e guardado para "2º
enterro", que ocorrerá dias ou semanas depois. Conhecedores da maneira de
preservar o corpo, o mesmo pode ficar dois ou mais dias sem exalar mau cheiro e
recebendo as honras devidas .Os sacrifícios efetuados objetivam fortalecer o
espírito, igualmente os alimentos e oferendas fortalecer o espírito, igualmente os
alimentos e oferendas, que são colocados aos pés do morto como forma dele não
sentir fome durante a jornada à terra dos ancestrais.Os parentes e amigos chegam
para cantar, dançar e comer.Antes do pôr do sol a dança pára e o corpo é
envolvido em roupas pesadas e bonitas, tudo conduzido em procissão solene até a
sepultura.Há o costume de se mandar recados para os antepassados que se foram
antes, numa prova da crença no além e no poder dos antepassados.Todo este
conjunto de situações objetivas não perde o vínculo com os familiares e que a vida
lá continue do mesmo modo que a vida na Terra.Em outros tempos, as sepulturas
eram cavadas no interior da casa, mas o costume passou.Vários dias após o
funeral, há um outro rito conhecido como fífa éégún Òkùú wo lé - "Trazer o
espírito falecido para a casa".Um santuário é construído no canto da casa, onde
são feitos os pedidos e oferendas, numa conversa íntima familiar.Este vínculo
fortalece a condição deles tudo verem o que está acontecendo na Terra.

"Todas as coisas que fazemos na terra Damos conta, de joelhos no céu" Somente
quando se é absolvido por Olodumaré é que se tem a oportunidade de reunir-se
com seus ancestrais, podendo-se reencarnar e renascer dentro da mesma família.

Você também pode gostar