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A pergunta correta não é qual o orixá que rege o ano e, sim, qual o orixá que rege
o ano para aquelas pessoas que cultuam as divindades e estão vinculadas à
comunidade em que o jogo de búzios foi utilizado. Se isso não for bem esclarecido
e, consequentemente, bem compreendido, parece que todos os sacerdotes erram em suas
respostas, uma vez que uma iyalorixá diz que o orixá do ano é Iyemanjá, enquanto
outra diz que é Oxum, ou um babalorixá diz que é Oxossi. Mesmo correndo o risco de
o texto ficar enfadonho, insistirei em alguns pontos, a fim de elucidá-los melhor.
No nosso terreiro, o Ilê Axé Opô Afonjá, o regente do ano 2012 é Xangô. A referida
divindade, que se revelou no jogo feito por mim, não esta comandando o mundo
inteiro, nem mesmo o Brasil ou a Bahia. Ela é o guia das pessoas que, de uma
maneira ou outra (mais profunda – como é o caso dos iniciados; ou mais superficial
– os devotos que freqüentam a “Casa”), estão vinculadas a mim enquanto iyalorixá,
ou ao terreiro em questão.
O natural são os pais e avós morreram antes dos filhos e não o inverso. Há casos
mais severos onde o ori àbíkú permanece renascendo várias vezes numa mesma família
para trazer constante sofrimento. É possível reconhecer o espírito àbíkú através de
consulta ao Ifá.
Tudo nesta vida há um universo paralelo. Temos um duplo, uma cópia nossa no òrun
que se não for tratado começa a trazer sofrimento para muitas pessoas, impedindo
que se viva satisfatoriamente, por exemplo, pessoas com sintomas (nem sempre todos
juntos) de depressão, suicídas, sonambulismo, infertilidade, abortos, não conseguem
relacionamento sério ou casamento, não páram em emprego, estão sempre doentes
fisicamente, tristes, insônia, abusam de drogas e têm vícios, arriscando- se em
situações sem necessidade, entre outros.
Processos iniciáticos no Ifá e neste orixá Egbé cortam esse pacto e permitem que o
àbíkú permaneça no aiyé tendo uma vida saudável, mas em constante manutenção e
vigilância. É comum também o culto ao Ibejis (vide post Ancestrais Veneráveis:
Ibeji), Kori e Iroko para maior estabilidade física e emocional do devoto,
fortalecendo mais os laços com a terra. Para cultuar Ibeji é necessário o culto a
Egbé.
Algumas situações importantes na vida de um devoto devem ser sinais de alerta para
riscos de vida como aniversários, casamentos, mudanças ou conquistas; são momentos
em que o Égbé òrun pode desejar fortemente o seu retorno e atuar para conseguir
isso. Vésperas de aniversários o àbíkú poderá adoecer, mesmo já tendo sido tratado
espiritualmente.
Não importa se o homem já é iniciado em outro orixá. Somente Egbé é capaz de salvar
e afastar as tendências àbíkú.Para àqueles que ainda possuem dúvidas (pois, muitos
vieram me questionar sobre) em relação ao nome de Ọ̀ṣọ́ọsì,
̀ baseando-se em meus
aprendizados e pesquisas, e respeitando o conhecimento daqueles que podem ter
aprendido diferente de mim, resolvi escrever este pequeno texto para melhor
esclarecer aqueles que ainda possuem dúvidas.
Inicio dizendo que, feiticeiro em iorubá é Oṣó (Oxô) e não Ọ̀ṣọ́ (Óxó). Oṣó entre os
iorubás é todo homem que é pactuado no culto de Ìyámi Òṣòròngà ou todo homem que
pratica “magia negativa”, feitiçaria, este termo não é bem visto entre os iorubás,
assim como o termo Àjẹ́ (feiticeira/bruxa). Ọ̀ṣọ́ entre os iorubás significa tanto
vigilante/vigia, que também é chamado de Ẹ̀ṣọ́, quanto adorno, enfeite. Os caçadores
(Ọdẹ) em terras iorubás possuem além do hábito de caçarem e trazerem o sustento
paras as famílias, aldeias e cidades, o hábito de vigiar, guardar aldeias e cidades
iorubás, o verbo vigiar, ficar de olho, em iorubá é “ṣọ́”, que gera o substantivo
“Ẹ̀ṣọ́/Ọ̀ṣọ́” = vigilante, vigia, guarda.
A tradução de Ọ̀ṣọ́ọsì
̀ como “O feiticeiro canhoto”, rsrsrsrs, é uma tradução
publicada pelo Bàbáláwo Ọbanífá, tradução que foi copiada por alguns Bàbáláwo
brasileiros, respeito, mas discordo completamente e qualquer pessoa pode ver
claramente que etimologia do nome é diferente, como eu bem mostrei neste artigo.
Ju significa “espinho”
Remá, “cheiro ruim”.
A jurema é uma planta da família da leguminosas. Os frutos das plantas leguminosas
são vagens. Existem várias espécies de jurema, como por exemplo: Jureminha, Jurema
Branca, Jurema Preta, Jurema da Pedra e Jurema Mirim.
Esta planta tem muita importância no culto espiritual dos caboclos e nas regiões
Norte e Nordeste do Brasil, tanto que dá nome a um culto chamado de “Culto à
Jurema”.
Esse culto deve-se ao fato de que os nossos índios enterravam seus mortos junto a
raiz da jurema. Daí passavam a cultuar esses mortos para que eles evoluíssem
espiritualmente e habitassem o tronco da jurema ajudando a todos da tribo em suas
necessidades.
No Nordeste, este culto recebeu outros nomes como: Toré, Curicurí Praiá e Juremado.
Mas, o culto de caboclo não ficou restrito apenas ao índio brasileiro. Os negros de
origem banto incorporaram os caboclos aos seus cultos e passaram a chamar este
culto de “Candomblé de Caboclo” ou “Samba de Caboclo”.
UTILIZAÇÃO:
A jurema é utilizada para tomar banho de descarga com suas folhas. Serve como
defumador para cura de dor de dente, doenças sexualmente transmissíveis, insônia,
nervos, dores de cabeça. Faz ainda: figas, patuás, rosários. Utiliza-se para fazer
rezas com suas folhas contra mau-olhado e olho-grande.
Serve ainda para fazer um dos maiores fundamentos do Culto à Jurema, que é uma
bebida à base de infusão das folhas da jurema, com casca do tronco e da raiz
misturado com mel de abelha, garapa de cana-de-açúcar e cachaça. Essa é a bebida
preferida dos Encantados que baixam no Toré e no Culto à Jurema
O VINHO DA JUREMA
O vinho de Jurema, preparado à base de variedades de jurema, principalmente a
jurema-preta Mimosa hostilis, a jurema-embira ou vermelha (Mimosa ophthalmocentra)
e a Jurema-branca (Mimosa verrucosa), é usado pelos remanescentes índios e caboclos
do Brasil. Além de conhecido pelo interior do Brasil na farmacopeia popular como
cicatrizante, tratamento de infecções é também utilizado nas cidades em rituais de
Candomblé, combinado com diferentes ervas, com diversas formas de preparo (mantidas
como segredo).
Os efeitos do vinho de jurema são muito bem descritos por José de Alencar no
romance Iracema. Para entender seu efeito psicoativo não basta analisar a
composição molecular e comparar com as denominadas drogas alucinógenas é necessário
situar-se no contexto de expectativas e formas de uso da substancia nos sistemas de
crenças brasileiros. Deve-se considerar o processo aculturação, assimilação
resultante dos ´”aldeamentos” indígena da missões colonizadoras bem como o retorno
à identidade étnica, períodos quando não se registrou o hábito de beber a jurema e
momentos em que os torés foram resgatados ou criados entre os grupos indígenas do
Nordeste. Nos referidos grupos tanto a bebida da jurema voltou a se fazer presente,
como permanece apenas sendo citada em suas canções, invocações, enquanto símbolo –
alicerce de sua autoctonia.
Fonte: grupomazucadaquixaba.wordpress.com/Wikipedia.
Adaptado por Fábio Oliveira.