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KAWAIWETE

(KAIABI)
NOME

• Durante séculos, os Kawaiwete foram designados pelo nome Kaiabi. A origem e o


significado desse termo perdeu-se no tempo. 

• No século XXI, decidiram adotar publicamente a sua autodenominação Kawaiwete, que significa


“povo verdadeiro”.

• Encaminharam documentos a diversos órgãos e instituições não indígenas informando que a partir
de agora devem adotar sua verdadeira autodesignação.
LÍNGUA

• A língua Kawaiwete, é da família linguística Tupi-Guarani, pertencente ao tronco Tupi.

• Alguns indivíduos, que vivem em aldeias com outros povos ou são casados com pessoas
de outra etnia, falam uma segunda língua indígena, além do Kawaiwete e do Português.

• Apesar do grande número de pessoas pertencentes a esse povo, é possível dizer que a
língua Kawaiwete está ameaçada, pois o português tem se fortalecido e, por vezes, se
sobreposto à língua indígena.
POPULAÇÃO

• Devido a violência na ocupação de suas terras, a partir das primeiras décadas do século
XX, a falta de assistência e a disseminação desenfreada de doenças representaram uma
tragédia demográfica para esse povo.

• Apenas na década que vai de 1955 a 1965, a população foi reduzida a um terço. Não há
dados para a década anterior, mas é possível supor que tenham perdido outro terço de
sua população naquele período.

• Desta forma, em 30 ou 40 anos, o grupo testemunhou a morte de aproximadamente 60 a


70% de sua população.
POPULAÇÃO

• A queda demográfica começou a ser revertida de forma mais contundente a partir dos
anos 1970.

• Entre 1970 e 1999, a população do grupo que vive do Território Indígena do Xingu
saltou de 204 para 758 indivíduos, demonstrando um crescimento populacional médio
da ordem de 4,5% ao ano.

• O mesmo se verificou em outras duas áreas habitadas pelos Kawaiwete. A população


que vive no Rio dos Peixes (MT) e no Rio Teles Pires (PA) também se encontra em
franca recuperação populacional.
POPULAÇÃO

• Essas altas taxas de crescimento também são encontradas em muitos outros povos
indígenas após a superação da crise demográfica.

• A melhoria da assistência médica e da prevenção, a maior resistência a agentes


infecciosos, a garantia de territórios e um explícito desejo de aumentar a sua população
em um contexto de fortalecimento político e sociocultural são os fatores principais que
explicam a forte retomada demográfica.

• Em 2014, a população de Kawaiwetes era de 2.242 (SIASI/SESAI)


TERRAS E TERRITÓRIOS

• Os Kawaiwete resistiram com vigor às invasões de suas terras ancestrais por empresas
seringalistas desde o final do século XIX.

• A partir dos anos 1950, a região dos rios Arinos, dos Peixes e Teles Pires foi retalhada
em pequenas áreas que viraram fazendas e, forçados a deixar suas áreas tradicionais,
dividiram-se em três grupos.

• A maioria da população foi transferida para o Território Indígena do Xingu (TIX) e os


demais permaneceram em áreas reduzidas na região do Rio dos Peixes e no Baixo Rio
Teles Pires.
TERRITÓRIO INDÍGENA DO XINGU
(TIX)
• No Território Indígena do Xingu (TIX), localizado na região nordeste do Mato Grosso, as
diversas aldeias kawaiwete localizam-se a montante e a jusante do Posto Indígena
Diauarum.
TERRITÓRIO INDÍGENA APIAKÁ-KAYABI

• Está localizada no Rio dos Peixes, também chamado de Rio das Mortes, no município de
Juara, no estado de Mato Grosso.

• Essa área é compartilhada com outros dois povos, os Apiaká e os Munduruku, e por
grupos indígenas isolados no Rio dos Peixes.
TERRA INDÍGENA KAYABI

• Está localizada no Rio Teles Pires (ou São Manoel), nos estados do Pará e Mato
Grosso.

• É uma área de pouco mais de um milhão de hectares nos municípios de Apiacás (MT) e
Jacareacanga (PA).

• É de posse dos povos Kaiabi, Munduruku e Apiaká.


MODOS DE VIDA

• O trabalho, em geral, segue um padrão muito comum entre os povos indígenas no


Brasil: os homens abrem a roça, caçam, pescam e fabricam utensílios necessários para
a realização de suas atividades.

• Além disso, constroem as casas, buscam e transportam lenha, coletam mel e sabem
construir canoas.

• As mulheres plantam, colhem e transportam os produtos da roça, preparam os


alimentos, fiam o algodão para confeccionar redes e tipoias (faixas para carregar
crianças) e fabricam pulseiras e colares a partir da amêndoa de diversos tipos de
palmeira.
MODOS DE VIDA

• Em conjunto, homens e mulheres coletam e transportam frutos, cuidam das crianças e da criação
de animais domésticos.

• A maior parte da caça e da pesca é obtida pelo grupo de moços solteiros, a quem cabe,
como uma das principais responsabilidades, prover as famílias com carne fresca.

• Cabe às mulheres o preparo, depois que o homem limpou e esquartejou a presa. Eles
trocam entre si a maior parte dos gêneros alimentícios de acordo com regras bastante
rigorosas.
MODOS DE VIDA

• O momento da refeição, o dono da casa distribui o alimento para outros homens que ele
escolhe de acordo com sua importância para aquela situação. Essas pessoas provam
uma parte e aguardam que os demais homens sejam servidos.

• Depois disso, o dono que começou a distribuição se serve e dirige-se a cada homem já
servido, com o seu prato ou cuia para que provem o alimento, tirando um pequeno
bocado com seus dedos. Tudo é feito em silêncio e de forma solene.

• As mulheres e crianças observam e vão alimentar-se depois disso.


MORTE

• Quando um homem morre, seu corpo será pintado com urucum por sua esposa,
enfeitado com todos os seus ornamentos e amarrado de cócoras, com os braços
cruzados sobre o peito.

• Ele será deitado assim na sua rede e enterrado perpendicularmente em uma cova
redonda dentro da maloca. Suas armas são queimadas. A viúva também se pinta de
urucum e corta bem curtos os seus cabelos.

• De modo semelhante ocorre o enterro de uma mulher. São queimados os seus cestos e
as suas cabaças. Seu marido não precisa cortar os cabelos.
TATUAGEM

• Na pintura do corpo, eles utilizam a tinta do jenipapo ou urucum e usam uma técnica muito
parecida com a que os tatuadores utilizam de furar a pele e introduzir nela a tintura.

• Essas "tatuagens" podem simbolizar seus próprios nomes, os nomes dos guerreiros que
matavam (no passado) e hoje, estão relacionadas com a luta por direitos e resistência
cultural.

• Eles ganham novos nomes ao longo de suas vidas, a depender de eventos rituais e de
passagem como: a entrada na vida adulta, o nascimento de um filho, casamento, entre
outros.
Jovens kaiabi com tatuagem.
CLASSES DE IDADE
ADORNOS

• Alguns exemplos de adornos usados são pulseira, miçangas, colares, sementes, barbantes, cocar, etc..
Auricular feminino

Adorno de braço Colar de anéis de


Auricular masculino cocos de tucum

Colar de cocos de inajá


Colar festivo de
Colar festivo de
presas de jaguatirica
dentes de macaco

Colar de sementes
ALIMENTAÇÃO

• Eles são conhecidos por sua culinária rica e variada, tanto no modo de preparo dos
alimentos quanto no uso de grande diversidade de ingredientes: cultivos agrícolas,
peixes e carnes de caça.

• Eles cultivam mandioca, milho, cana de açúcar, inhame, batata doce, feijão, cará,
mangarito, tajá, pimentas, amendoim, frutas (banana, abacaxi, mamão e caju), além de
frutas silvestres (cacau, castanhas, coco e buriti)

• Na caça os animais mais consumidos são: porco do mato, macacos, veado, aves,
girinos, saúvas. Pesca: traíra, tucunaré, pacu, jaú, matrinchã, pintado, entre outros.

• O mel de abelha é muito apreciado por eles, encontrado em ocos de árvores.


XAMANISMO

• A iniciação xamânica acontece por ocasião de uma doença grave ou acidente.

• Por isso, os pajés desempenham nas comunidades um papel central nas relações com o
exterior "sobrenatural", isto é, com os seres não humanos que compõem o cosmos.

• Em sonho, o pajé viaja para todas as partes, também para junto dos grandes pajés já
falecidos que vivem onde nasce o sol; recebem orientações que os ajudam no
tratamento dos parentes vivos acometidos de doenças.
XAMANISMO

• O xamã, depois de fumar tabaco e cantar sobre as interações de seus sonhos passados
com os espíritos que povoam o cosmos, senta-se dentro da cabana e recebe os espíritos
em seu corpo.

• Estes espíritos falam pela boca do xamã, cada um com um tipo de fala particular, um
pouco incomum, como uma voz aguda, uma fala cantada, ou com em ritmo rápido ou
lento.

• Do lado de fora, a pessoa cumprimenta e dialoga com cada espírito que ao chegar
sinaliza com um tremor das folhas de palmeiras que cobrem o abrigo.
CASAMENTO

• Querendo casar, o homem dirige-se a mãe da futura esposa, expressa sua intenção e
está a transmite a filha.

• Ele presenteia a mãe com objetos por ele fabricados, como cestos e cordéis enfiados de
contas de tucum.

• E então muda-se para junto da esposa, onde recebe uma repartição própria e um local
para o fogo. Marido e esposa recebem um novo nome.
EDUCAÇÃO

• Segundo os Cinco artigos da Carta Magna: o artigo 210 assegura às comunidades


indígenas o uso de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem no
processo de escolarização;

• O artigo 215 garante o pleno exercício dos direitos culturais, o acesso às fontes da
cultura nacional, o apoio e incentivo à valorização e à difusão das manifestações
culturais das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras;

• O artigo 216 torna patrimônio cultural brasileiro as formas de expressão, os modos de


criar, fazer e viver dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira;
EDUCAÇÃO

• O artigo 231 reconhece a organização social, costumes, línguas, crenças e tradições indígenas, os
direitos originários das terras que tradicionalmente ocupam, e, atribui à União a tarefa de demarcar
essas terras, além de proteger e o fazer respeitar todos os seus bens;

• E por fim, o artigo 232 reconhece como dos indígenas o direito de ingressar em juízo junto ao
Ministério Público na defesa de seus direitos e interesses.
ARTESANATO/CESTARIA
• As peneiras desenhadas de arumã, confeccionadas pelos homens para as mulheres
fiarem algodão, são os objetos mais elaborados de sua cultura material.

• As peneiras são totalmente pintadas com a tinta avermelhada da casca de jequitibá e


depois são colocadas no sol pra secar. Depois de totalmente secas, a tinta é raspada,
revelando o desenho que fica aderido à parte interna da tala.
Auricular feminino

Adorno de braço Colar de anéis de


Auricular masculino cocos de tucum

Colar de cocos de inajá


Colar festivo de
Colar festivo de
presas de jaguatirica
dentes de macaco

Colar de sementes

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