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Textos para a exposição

1) Nicho Cozinha
Do campo à cozinha
Nos tempo de outrora, quando as famílias residentes na zona colonial
tinham muitos filhos e todos moravam juntos, partilhando da lida diária, a
cozinha das residências exerciam várias funções. Para além de ser um espaço
de concretização dos saberes culinários, eram locais de confraternização –
verdadeiros espaços de comunhão entre familiares, vizinhos e amigos.
A cozinha, reino da matriarca, a portadora de saberes ancestrais, era
comandada por ela. A balbúrdia que envolvia a colheita, separação, limpeza e
cortes dos legumes e das frutas se transformava em uma espécie de dádiva: o
alimento para a alma, que servia de substrato para tecer memórias sociais.
Nessa mistura de sabores, cores, aromas, a fumaça e o tão querido cheiro de
rancho cedia lugar às delícias que eram servidas e partilhadas com todos os
presentes.
As risadas, os causos, os gritos, discussões, acidentes de percurso,
ingredientes da magnífica mistura, enriqueciam ainda mais as memórias e
tradições refletidas em modos de fazer e de viver as culturas, agregando mais
sabor ao cotidiano.
Uma das tradições comumente vivenciada nesta época e que se
estende até o presente, é a colheita da macela ao final da Quaresma. Durante
a madrugada da Sexta-feira, familiares colhem galhos e flores da macela
conservando as gotas de orvalho. Levadas à cozinha, a macela agrega
aromas, cores e sabores ao cenário familiar. Após a secagem e
acondicionamento, será utilizada durante todo o restante do ano.
A macela ou marcela (Achyrocline satureioides), espécie nativa da
América do Sul, é muito encontrada e utilizada no Rio Grande do Sul, na
Argentina e no Uruguai. Com uso medicinal reconhecido pela Ciência, o chá de
macela é comumente consumido por possuir propriedades anti-inflamatória,
calmante, bactericida, antidiarreica, antiespasmódica, digestiva, estomáquica e
antiviral.
A indústria de cosméticos utiliza as inflorescências da macela para a
fabricação de sabonetes, cremes e shampoos, indicadas para a saúde do
couro cabeludo e clareamento dos cabelos. Tradicionalmente, folhas,
inflorescências e galhos secos eram muito utilizados no enchimento de
colchões e travesseiros. Muito empregada na aromaterapia, devido ao cheiro
perfumado e efeito calmante.
Você sabia?
Carlos deu uma ideia maravilhosa! Interromper o texto aqui
com um QrCode – que trará a origem da planta e a utilização pelos indígenas.
Texto 2 – Nicho cozinha
Você sabia?
Por ser uma planta nativa da América do Sul, a macela era muito utilizada pelos
indígenas, desde antes da “descoberta das Américas”. A macela é considerada como símbolo
oficial do Rio Grande do Sul, sendo seu uso nesta região amplamente disseminado. Os
indígenas, especialmente os Kaigang, utilizam a macela há anos para problemas digestivos,
anti-inflamatório, emenagogo (induzir a menstruação) e antisséptico. Outros usos tradicionais
já relatados desta planta são: antiespasmódico, antiarteriosclerótico, sedafivo, diurético,
antiasmático, antitussígeno, antidiarreico e hipoglicemiante.

Segundo reportagem publicada no site1 da Rádio Planalto,

Um grupo grande de indígenas estava desde as primeiras horas da


manhã vendendo macela e cestos em frente a Catedral
Metropolitana de Passo Fundo. Alguns vindos da comunidade de
Charrua. Uma família inteira estava reunida para garantir boas
vendas na sexta-feira santa.O pai Fábio com dois filhos menores e a
mulher abordam as pessoas para vender o molho da erva medicinal
comercializada por quatro reais e que foi colhida na área indígena na
qual eles pertencem. Ele garante que a erva ajuda muito na saúde
especialmente para dores de garganta, dor de estômago e gripes
(ZANATA, 2014).

1
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Créditos: Alessandra Zanatta

“A fé ajuda a curar mais rápido. A natureza, ao usar as folhas da planta para rezar,
fortalece a pessoa que reza para curar mais rápido. Algumas pessoas podem fazer sua própria
reza. Tudo se liga. Pois tem o momento, o dia e o lugar exato para encontrar e retirar tudo da
natureza, as raízes, plantas e outros”. Palavra de professores e lideranças indígenas Tremembé
de Almofala, Pitaguary, Tapeba, Kanindé, Jenipapo-Kanindé e Anac.

Texto apelativo:

-E eu com isso?

-Você poderá contribuir para fortalecer a tradição da colheita da macela. Convide seus
familiares e participe da colheita neste ano. Aproveite, fotografe o momento e compartilhe em
nossas páginas.

Nicho 2: Feitio dos doces

Texto biografia do tacho de cobre

Um pouco sobre mim


Olá, eu não sou um tacho qualquer! Tenho uma longa
trajetória de vida, que soma mais de 125 anos. Estive na
família Krolow Büttow por muito tempo! Cheguei como
presente no casamento da D. Ida Berwald Krolow e fui
herdado pela Sr.ª Elza Krolow Büttow (1916 a 2009).
Durante a minha vida de uso cotidiano, fiz muito doce
de melancia de porco, doce de abóbora, abóbora com
coco, morango etc. De tanto fazer doce sobre o fogo à
lenha, tive que passar por alguns reparos. Na época, o Sr.
Augusto Eduardo Büttow procurou um grupo de ciganos
que estava acampado no atual município de Morro
Redondo, ocasião em que eles me deram um novo fundo.
Foi um processo incrível. Vou contar para vocês: os
ciganos usaram um martelinho e encaixaram uma placa de
cobre toda cheia de dentinhos para formarem meu novo
fundo. Se vocês me observarem bem, verão que ainda
conservo essas marcas! Depois disso, voltei a fazer o que
tanto amo: adoçar a vida das pessoas através dos doces
coloniais.
Adoro o “bafafá” de pessoas reunidas ao meu redor!
Madeira, fogo, fumaça, vento, mas também memórias,
gestos, causos, crendices... Crianças afoitas, correndo por
todo lado, adultos cuidando para elas não se queimarem! O
mexedor roçando a minha superfície para não deixar o
doce queimar. Depois do doce pronto, sinto as colheradas
raspando em mim. Quando o doce já está terminando, aí
vem o raspar do pão e dos dedos afoitos. Não sobra nada!
Assim foi a minha vida utilitária. Quanta saudade desses
momentos!
Após a morte da minha amada D. Elza, depois de um
convívio de décadas, fui levado pelo Sr. Ervino Büttow, um
dos fundadores do Museu Histórico de Morro Redondo,
para o espaço expositivo. Foi nesse momento que virei
“peça de museu”. Ganhei novo status! Fiquei muito
orgulhoso disso! Todos que chegam à Instituição, olham
para mim e lembram de suas vivências “lá de fora” com o
doce colonial. Eu amo ouvir as narrativas, sempre presto
muita atenção a todas elas!
Com o tempo, eu passei a visitar uns eventos bem
legais! Tudo começou com o tal de “Café com Memórias”!
Nele, um grupo de idosos chegou e começou a falar da
vida deles com os tachos de cobre! Nossa, fiquei muito
emocionado! Meus parentes estavam fazendo a diferença
na vida daqueles idosos... E eu também! Nesse “Café com
Memórias” eu estava construindo as memórias daquelas
pessoas e, ao mesmo tempo, as pessoas estavam me
construindo através de suas narrativas, seus gestos e
emoções. Foi muito lindo!
Em um segundo momento, eu fui levado às escolas
públicas para que os alunos tivessem contato comigo e
lembrassem das suas passagens com o doce colonial! Foi
demais! “Educação Para o Patrimônio”, foi isso que me
disseram que eu estava fazendo. Chorei de emoção porque
acredito muito no poder da Educação!
Participei também de muitas festas em Morro
Redondo, dentre elas: as Festas do Doce Colonial, a Feira
do Artesanato e dos Produtos Coloniais e a Festa do
Pêssego. Em todas elas, os públicos sempre chegavam até
mim e não resistiam: davam sempre uma mexidinha que
me trazia vida novamente! A minha alma vibra com tanto
significado e memórias que eu invoco nas pessoas. Fui
parar em muitas redes sociais! Fiquei famoso!!! Nunca
imaginei uma coisa dessas!
Outro momento importante na minha trajetória foi a
participação nas diferentes reuniões com o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Caramba! Virei patrimônio cultural brasileiro, juntamente
com o saber-fazer doceiro colonial, quando as tradições
doceiras em Pelotas e na Antiga Pelotas foram registradas
no Livro dos Saberes. Eu tô muito chique, viu???
Atualmente, ando fomentando umas discussões sobre
a concepção de uma política pública que permita a minha
utilização na prática do fazer do doce colonial. A ANVISA
proibiu que os doceiros coloniais utilizassem meus
parentes, mas esqueceu que eu faço parte de um
conhecimento ancestral e por isso a minha participação
ativa é muito importante para a continuidade da tradição
doceira colonial. Estou lutando por isso!
Nessa caminhada, fico super feliz quando percebo
que estou sendo utilizado para propagar o saber-fazer dos
doces coloniais. E na sua vida, quais são as memórias que
eu evoco? Conta ai! Eu estou curioso!

Texto 3 – Para acompanhar as receitas das crianças


O Museu Histórico de Morro Redondo participa de inúmeras atividades
com o objetivo de salvaguardar os patrimônios culturais do município. Essas
ações envolvem escolas e instituições que trabalham no sentido de promover o
fortalecimento da relação intergeracional através do diálogo das crianças com
os idosos.
Dessa forma, o Museu esteve presente durante a I Semana dos Idosos,
organizada pela EMATER/RS-ASCAR juntamente com a Secretaria Municipal
de Educação, Cultura e Desporto; a Associação de Amigos da Cultura e o
Colégio Estadual Nosso Senhor do Bonfim. Através da atividade intitulada,
“Resgate de Receitas da Cultura Alimentar”, com objetivo de “Promover o
diálogo intergeracional no ambiente familiar, a ação favoreceu o
compartilhamento de receitas antigas (características da culinária da família), a
valorização do saber fazer dos idosos e a socialização entre eles.

A E.M.E.F. Professora Maria Luíza Oliveira, localizada na Colônia São


Domingos, também participou ativamente da ação: (colocar as fotos e receitas)

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