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1 CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

11.1 CONCEITO

Contrato Administrativo é o contrato celebrado pela Administração Pública, com o propósito


de satisfazer as necessidades de interesse público. De acordo com Bellote Gomes[4]:

“Contrato administrativo é um acordo de vontades celebrado entre a Administração Pública e


o particular ou outro ente administrativo (órgão ou pessoa jurídica de direito público ou
privado) para a realização de objetivos de interesse público, nas condições estabelecidas pela
própria Administração Pública, sendo disciplinado preferencialmente pela Lei de Licitações”.

11.2 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Os contratos administrativos devem estabelecer com clareza e precisão as condições para a


sua execução, expressas em cláusulas que definam os direitos, obrigações e responsabilidades
das partes, em conformidade com os termos da licitação e da proposta a que se vinculam.
Sendo assim, conforme o disposto no artigo 55 da Lei nº 8.666/93, são consideradas cláusulas
necessárias em todo contrato administrativo:

“Art. 55 São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:

I- o objeto e seus elementos característicos;

II- o regime de execução ou a forma de fornecimento;

III- o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do


reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento
das obrigações e a do efetivo pagamento;

IV- os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de


recebimento definitivo, conforme o caso;
V- o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional
programática e da categoria econômica;

VI- as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas;

VII- os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das


multas;

VIII- os casos de rescisão;

IX- o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão administrativa


prevista no art. 77 desta Lei;

X- as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso;

XI- a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à


proposta do licitante vencedor;

XII- a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos omissos;

XIII- a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em


compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e
qualificação exigidas na licitação”.

Além das cláusulas necessárias, os contratos administrativos possuem determinadas


características especiais que os diferenciam dos contratos submetidos a outros regimes
jurídicos. São elas:

11.2.1 Formalidade
A formalidade caracteriza, em regra, os contratos administrativos. Assim, é nulo e de nenhum
efeito o contrato verbal com a Administração Pública, exceto o que tenha por objeto pequenas
compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a R$ 4.000,00
(quatro mil reais).

Todo contrato administrativo deve trazer o nome das partes e os de seus representantes, a
finalidade, o ato que autoriza a sua lavratura, o número do processo de licitação, da dispensa
ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas previstas na Lei de Licitações e às
cláusulas contratuais.

11.2.2 Licitação Prévia

Ressalvadas as hipóteses legais de dispensa e inexigibilidade de licitação, a celebração dos


contratos administrativos deve ser precedida de licitação, sob pena de nulidade, devendo
ainda a minuta do futuro contrato administrativo constar do edital ou do ato convocatório da
licitação.

11.2.3 Cláusulas Exorbitantes

São cláusulas existentes apenas nos contratos administrativos e que conferem determinadas
prerrogativas à Administração Pública, colocando-a em posição de superioridade em relação
aos contratados. Estão previstas no artigo 58 da Lei de Licitações.

11.2.4 Prazo Determinado

Como regra, os contratos administrativos devem ter início e término predeterminados, sendo
vedados os contratos administrativos com prazo indeterminado.

11.2.5 Prestação de Garantias

A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde que prevista no instrumento


convocatório, poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e
compras, não excedendo 5% do valor do contrato, podendo o contratado optar por uma das
seguintes modalidades de garantia: seguro-garantia, fiança bancária ou caução em dinheiro ou
em títulos da dívida pública, devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, mediante
registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do
Brasil, e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da
Fazenda.

Ressalta-se que, para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto, envolvendo alta
complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis, demonstrados por meio de parecer
tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia de 5% poderá ser
elevado para até 10% do valor do contrato.

A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída após a execução do contrato,
e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente.

11.2.6 Publicidade

Depois de celebrado o contrato, este é publicado na imprensa oficial, até o quinto dia útil do
mês seguinte ao de sua assinatura, como condição de sua eficácia, uma vez que a Lei de
Licitações define a imprensa oficial como o veículo oficial de divulgação da Administração
Pública, sendo para a União o Diário Oficial da União e, para os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, o que for definido nas respectivas leis.

11.3 HIPÓTESES DE ALTERAÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Os contratos administrativos podem ser alterados, desde que haja motivação legal, de forma
unilateral pela Administração Púbica ou por acordo entre as partes.

11.4 RESPONSABILIDADE CONTRATUAL

O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração Pública ou a


terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, sendo de sua
responsabilidade, ainda, os encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais
resultantes da execução do contrato. A inadimplência de sua parte com relação a tais
obrigações não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem
poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e
edificações, inclusive perante o registro de imóveis.

11.5 PRINCIPAIS MODALIDADES DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Os contratos administrativos são usualmente classificados nas seguintes modalidades,


conforme seu objeto: contratos de obra, contratos de serviço, contratos de compra, contratos
de alienação, parcerias público-privadas, contratos de gestão, contratos de concessão de uso
de bem público, contratos de concessão de serviço público precedida da execução de obra
pública, contratos de empréstimo público, consórcios e convênios.

11.6 HIPÓTESES DE EXTINÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Os contratos administrativos podem ser extintos pela conclusão do objeto, pelo término do
prazo ou por rescisão contratual.

CONCLUSÃO

Nota-se, de forma clara e precisa, a importância da Administração Publica, como responsável


pela gestão do dinheiro público. Assim, diante da necessidade de regulamentar e padronizar os
procedimentos, o legislador pátrio instituiu a Lei n°8.666/93, para controlar de forma mais
estrita as atividades do administrador público, relacionados à contratação de obras, serviços,
inclusive publicidade, compras, alienações e locações no âmbito da Administração Pública,
aperfeiçoando as regras contidas em normas já existentes.

O controle imposto pela Lei de Licitações visa proporcionar que o administrador atue em
harmonia com os princípios que norteiam a sua atividade e busque, na contratação de bens de
serviços, a proposta mais vantajosa, de modo a evidenciar o interesse público.

Ademais, pode-se concluir que a licitação é a regra imposta pela Constituição da República e
pode ser definida como o conjunto de regras destinadas à seleção da melhor proposta, dentre
as apresentadas, por aqueles que desejam controlar com a Administração Pública.
Por fim, cabe a sociedade e administradores, exercer uma fiscalização habitual, capaz de
proporcionar alterações no quadro de gestão do dinheiro público, de forma a impulsionar os
administradores a utilizarem à licitação de forma contida na legislação.

Referências

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 4. ed. Niterói: Impetus, 2010.

GOMES, Fábio Bellote. Elementos de Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

PALAVÉRI, Marcelo. Licitações Públicas: Comentários e notas às súmulas e à jurisprudência do


Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Belo Horizonte: Fórum, 2009.

DINIZ, Paulo de Matos Ferreira. Coletânea Administração Pública: Lei nº 8666/93. 2. ed. São
Paulo: Brasília Jurídica, 1997.

CHAVES, Luiz Cláudio de Azevedo. Curso Prático de Licitações: Os Segredos da Lei nº 8666/93.
1. ed. São Paulo: Lumen Júris, 2011.

Notas:

[1] Direito Administrativo. 4. ed. Niterói: Impetus, 2010, p. 315, grifo do autor.

[2] Elementos de Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 133.

[3] Direito Administrativo. 4. ed. Niterói: Impetus, 2010, p. 340.

[4] Elementos de Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 163, grifo do autor.

Informações Sobre o Autor

Daniela Cerri Junqueira

Bacharel em Direito pelo Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos - Unifeob
- São João da Boa Vista Conclusão em 2013. Servidora Pública da Prefeitura Municipal de São
Sebastião da Grama - SP

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