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O Sono da Criança

e do Adolescente
UM GUIA PARA PAIS E CUIDADORES

Conselho de Psicologia do Sono


Associação Brasileira do Sono - ABS
Conselho de Psicologia do Sono Mensagem aos pais
Sumário
Associação Brasileira do Sono e cuidadores
Biênio 2022 - 2023

O
sono é uma necessidade biológica essen- 1. O sono e o bem que faz dormir bem!
Alicia Carissimi
cial para a vida, assim como a água, o ar e o Maria Laura N. Pires, Renatha Rafihi-Ferreira, Ila M. P.
Ila Marques Porto Linares
alimento. O sono é peça chave para o bem Linares, Alicia Carissimi, Laura Castro, Mônica Muller
Laura Castro
Maria Laura Nogueira Pires estar emocional da criança e do adolescente e con-
2. O sono do bebê e da criança
Mônica Müller tribui de maneira importante para a sua capacidade
Ila M. P. Linares; Maria Laura N.Pires, Letícia Soster
Renatha Rafihi-Ferreira de aprender, memorizar e de lidar com as emoções
no dia a dia. 3. O jeito de dormir mudou: o sono do adolescente
Diretoria Associação Brasileira do Sono Ila M. P. Linares, Mônica Müller, Alicia Carissimi
Biênio 2022-2023 A boa receptividade a um livreto sobre sono na
infância, organizado no âmbito universitário pelas 4. O quarto e os eletrônicos
Presidente: Luciano Drager
professoras Dra. Laura Pires e Dra. Edwiges Silva- Alicia Carissimi, Mônica Müller, Katie Almondes
Vice-Presidente: Márcia Assis
Tesoureira: Evelyn Lucien Brasil Vieira Pinto res, funcionou como inspiração para o Conselho de
5. A quietude para dormir: estratégias para relaxar
Secretária: Luciana Moraes Studart Pereira Psicologia do Sono da ABS se dedicar juntamente Maria Laura N. Pires, Renatha Rafihi-Ferreira,
Diretora de Relações Institucionais: Andrea Bacelar aos colaboradores à confecção de um material atu- Ila M. P. Linares, Ksdy M. M. Sousa
alizado e ampliado dirigido a pais e cuidadores de
crianças e adolescentes. Da concepção à apresen- 6. Quando chega a hora de dormir, o medo vem
tação final, o projeto recebeu o apoio valioso da Di- também! O medo noturno
Renatha Rafihi-Ferreira, Maria Laura N. Pires
retoria da ABS e a obra é resultante de um trabalho

O Sono da Criança conjunto.


7. Sonhos que assustam! O pesadelo

e do Adolescente
Laura Castro, Sílvia Conway
Pais bem informados podem cuidar melhor do
sono de seus filhos! O livreto traz informações 8. Despertar confusional, sonambulismo e terror
UM GUIA PARA PAIS E CUIDADORES gerais sobre o sono do bebê, da criança e do ado- noturno
Clarissa Bueno, Ana Carolina Luvizotto Monazzi, Renata A.
lescente, a importância do ambiente de dormir e os
Prado Gobetti
Coordenação efeitos do uso de eletrônicos no sono, a rotina na
Maria Laura Nogueira Pires hora de dormir e sugestões de técnicas que podem 9. O xixi na cama
Ila Marques Porto Linares ajudar a criança a relaxar. O leitor também encon- Letícia Soster, Simone, Fagundes Sammour, Rosana Alves.
Letícia Santoro Azevedo Soster trará informações e dicas de como lidar com alguns Maria Cecilia Lopes
problemas de sono comuns, como o medo noturno,
Colaboradores pesadelos, terror noturno, sonambulismo, o xixi na 10. A criança que só dorme com os pais

Alicia Carissimi Renatha Rafihi-Ferreira, Ila M. P. Linares, Maria Laura N.


cama e a criança que tem dificuldade para dormir
Pires
Ana Carolina Luvizotto Monazzi sozinha. Outros temas abordados são o sono da
Beatriz Barbisan mãe durante a gestação e no pós-parto, a síndrome 11. A mamãe também dorme! O sono na gestação e
Clarissa Bueno da morte súbita em bebês e como os modos de in- no pós-parto
Gustavo Moreira teração dos pais com seus filhos afetam o sono da Laura Castro, Ila M. P. Linares, Mônica Müller, Ksdy M. M.
Katie Almondes criança e do adolescente. Sousa
Ksdy M. M. Sousa
Laura Castro 12. Os estilos dos pais e o sono da criança
Esperamos que a leitura seja agradável e proveitosa! Mônica Müller, Alicia Carissimi
Maria Cecília Lopes
Mônica Müller
Coordenadoras e colaboradores 13. O sono seguro
Renata A. Prado Gobetti
Beatriz Barbisan, Gustavo Moreira
Renatha Rafihi-Ferreira
Rosana Alves
Sílvia Conway
Simone Fagundes Sammour

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O Sono da Criança e do Adolescente O Sono da Criança e do Adolescente
um guia para pais e cuidadores um guia para pais e cuidadores

1. O sono e o bem que faz dormir bem! Eles são os principais agentes envolvidos na regu- 2. O sono do bebê e da criança 1 a 2 anos
laridade dos horários de dormir e acordar da crian- O sono vai ficando cada vez mais consolidado à
Maria Laura N. Pires, Renatha Rafihi-Ferreira, Ila M. P. Linares, Ila M. P. Linares; Maria Laura N.Pires, Letícia Soster
ça, são os pais que, à noite, estabelecem limites, de noite, mas as sonecas ainda costumam acontecer e
Alicia Carissimi, Laura Castro, Mônica Muller

O
maneira clara, consistente e apropriada à idade da padrão e a quantidade de sono variam de o momento, a frequência e a duração variam entre

O
sono é um processo biológico fundamental criança, sobre algumas atividades como, por exem- acordo com a idade da criança. E, embo- as crianças, muito em função de suas atividades ao
na vida humana. Grande parte do tempo plo, o uso de eletrônicos, e são eles que estão dire- longo do dia. No entanto, é importante evitar so-
ra existam diferenças entre elas, há uma
de um bebê, da criança ou de um adoles- tamente envolvidos na criação de uma atmosfera necas no final da tarde, após as 17h, pois isso pode
quantidade de sono que é recomendada para bebês
cente é preenchido pelo sono e dormir bem é es- afetuosa para a rotina pré-sono, com atividades atrapalhar o sono à noite.
e crianças. Também, é preciso compreender que o
sencial para saúde, para o pleno desenvolvimento agradáveis, relaxantes e calmas, que auxiliem a
momento que a criança dorme de sono pode ser di-
físico, para o organismo desenvolver defesas natu- criança e o adolescente a aprenderem a relacionar 3 a 5 anos
ferente entre elas e conhecer o padrão da sua crian-
rais contra doenças, para a boa qualidade de vida o quarto e a hora de dormir com sentimentos positi-
ça é fundamental! A seguir, algumas informações Em geral, as sonecas costumam deixar de aconte-
e bem estar geral. O sono é importante para todas vos e a atingirem um estado de quietude necessário
importantes sobre o sono em diferentes momentos cer e a quantidade de sono tende a diminuir. Neste
as idades e dormir bem influencia positivamente o para cair no sono.
da vida da criança: momento a criança apresenta maior capacidade de
comportamento durante o dia, melhorando a capa- imaginação e pode levar para a cama essa imagina-
cidade de concentração, memória e aprendizado. O sono saudável, com duração suficiente e de boa
Zero a 4 meses ção influenciando, às vezes, o conteúdo dos seus
Crianças que dormem bem são mais ativas e alertas, qualidade, é bastante influenciado por outras con-
O bebê ainda não diferencia noite e dia, em par- sonhos. A maior capacidade de imaginar pode ser
têm mais disposição, aprendem mais e lidam melhor dições familiares, como o nível de organização geral
te porque o processo cerebral responsável pela aproveitada para dar à criança o prazer das histó-
com suas emoções. da casa à noite, no momento da criança dormir, mas
produção do hormônio melatonina ainda não está rias para dormir!
também ao longo do dia. A presença de uma certa
Compreender sobre o sono e suas alterações é um organização quanto aos horários das diferentes ati- amadurecido. O ritmo de produção de melatonina 6 a 12 anos
passo fundamental para o estabelecimento dos cui- vidades cotidianas, como das refeições, do banho, é importante para a regularidade do sono: a mela- Um pouco mais à frente, começa-se a notar algu-
dados necessários para que a criança e o adoles- do descanso, do estudo, da brincadeira, de assistir tonina começa a ser produzida no começo da noite, mas alterações no padrão de sono da criança, como
cente obtenham sono de boa duração e de ótima Tv e outras irá promover na criança um senso de com a diminuição da luminosidade, e essa produ- ela querer dormir e acordar mais tarde. Isso pare-
qualidade. A quantidade de sono adequada varia segurança e previsibilidade que irá ajudá-la a lidar ção é interrompida com a claridade. Dessa manei- ce estar relacionado à proximidade da puberdade e
de acordo com a idade da criança, diminuindo gra- com as mudanças de uma atividade a outra que na- ra, expor a criança à luz durante o dia e a ambientes ao fato de que, naturalmente, a melatonina começa
dualmente ao longo do desenvolvimento. Contudo, turalmente acontece no dia, incluindo a transição com baixa luminosidade durante a noite pode aju- a ser liberada um pouco mais tarde à noite. Contu-
as crianças são diferentes umas das outras e tanto da vigília para o sono, à noite. Assim, a regularidade dar nesse processo de diferenciação. do, é importante manter uma rotina de preparação
a quantidade de sono quanto o momento de sono ao longo do dia ajuda a regularidade do horário de
para o sono e não estender muito o horário de ir
podem ser diferentes entre elas. Algumas podem ir para a cama à noite e crianças que vivem em am- 4 meses a 1 ano
para a cama. Lembre-se, o padrão de sono de sua
dormir por várias horas seguidas durante a noite e bientes organizados, onde há maior previsibilidade
Os períodos de sono vão se tornando mais previsí- criança tem características que nascem junto com
nas rotinas diárias, dormem mais e melhor. Final-
terem cochilos curtos durante o dia, enquanto ou- veis e a diferenciação do dia e noite está cada vez ela e outras que são aprendidas e influenciadas
mente, ressaltamos que o sono é um processo que
tras dormem menos à noite e tiram cochilos mais melhor estabelecida. O sono noturno está cada pelo ambiente em que ela vive. Compreender essa
não pode ser forçado. No entanto, pais e cuidadores
longos durante o dia. vez mais contínuo e os despertares vão diminuin- variedade de características sobre o sono do seu
podem fazer muito ao tomarem decisões e desen-
do. Aqui o ritmo de liberação da melatonina está filho pode tornar mais claro como ajudá-lo.
volverem práticas saudáveis que contribuam para
Já na adolescência, é esperado que o sono apresen-
que suas crianças tenham um sono bom e assim se mais estabelecido. Os despertares noturnos são Horas recomendadas de sono para crianças,
te outras alterações. Em especial, há uma tendência
natural do adolescente em sentir sono mais tarde e
desenvolvam de maneira saudável e plenamente. consequência dos ritmos normais dos ciclos de incluindo cochilos
com isso atrasar os horários de dormir e de acordar.
sono. É por volta dos 4 meses de idade que a crian- 16
O adolescente poderá, então, enfrentar dificuldades ça começa a desenvolver a sua habilidade de se
auto-acomodar após despertar à noite; O hábito 12 a 16
em conciliar sua inclinação natural para ficar acor-
dado até mais tarde e a necessidade de atender aos de colocar a criança para dormir quando ela está 12 11 a 14
10 a 13
horários escolares que acontecem logo cedo no dia, sonolenta mas ainda acordada ensina a criança a 9 a 12
com impacto na quantidade e qualidade do sono. desenvolver essa habilidade de se auto-acomodar;
8
Grande parte das crianças com 6 meses de idade
O sono acontece dentro da família e é importante tem um padrão de cochilos longos pela manhã e à
que os hábitos saudáveis de sono se desenvolvam tarde, enquanto outras continuam tirando cochilos 4
desde cedo, pois eles auxiliam o sono bom para toda a curtos (de 30 a 45 minutos após uma hora e meia
vida. É nesse contexto que se destaca o papel funda-
a duas horas acordada) até aproximadamente 10
mental dos cuidadores na promoção de um conjunto 0
meses;
de ações que facilitam o sono bom de suas crianças. 4 - 12 meses 1 - 2 anos 3 - 5 anos 6 - 12 anos

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O Sono da Criança e do Adolescente O Sono da Criança e do Adolescente
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Número necessário de horas de sono à noite Com a duração de sono reduzida durante os dias 4. O quarto e os eletrônicos
de escola, os jovens tendem a tentar recuperar o
Hora de Acordar 9 Horas 10 Horas 11 Horas 12 Horas sono no final de semana, e este hábito pode au-
Alicia Carissimi, Mônica Müller, Katie Almondes

G
mentar as dificuldades para manter uma rotina arantir a qualidade do sono é fundamental
06:00 deitar às 21:00 deitar às 20:00 deitar às 19:00 deitar às 18:00 de estudos e de atividades. Neste sentido, o sono para a manutenção de nossa saúde física e
precisa de cuidados e de boas práticas de higiene mental. Porém, observa-se que muitas pes-
06:30 deitar às 21:30 deitar às 20:30 deitar às 19:30 deitar às 18:30 do sono. Conscientizar os adolescentes sobre todo soas, em especial, crianças e adolescentes, estão so-
esse contexto é o primeiro passo para ajudá-los a frendo cada dia mais com o sono insuficiente - um
07:00 deitar às 22:00 deitar às 21:00 deitar às 20:00 deitar às 19:00
fazer diferente. problema cada vez mais frequente em nossa socie-
07:30 deitar às 22:30 deitar às 21:30 deitar às 20:30 deitar às 19:30 dade.
Os pais também podem ajudar, incentivando os
adolescentes a realizarem algumas mudanças em O sono insuficiente gera prejuízos na saúde, e é
A rotina pré-sono deve começar ao redor de 30 minutos antes da hora de deitar
suas rotinas, tais como: considerado um problema de saúde pública. Uma
das causas principais do sono insuficiente ou a
O estabelecimento de uma rotina pré-sono, com 3. O jeito de dormir mudou: o sono • Criar uma rotina consistente com atividades re- redução do tempo do sono é o uso excessivo de
laxantes antes de dormir, como um banho morno e
horários regulares para ir para a cama, irá ajudar a do adolescente aparelhos eletrônicos no período noturno, como
exercícios de relaxamento, meditação, leitura;
sua criança a entender que a hora de dormir está smartphones, laptops, videogame e televisão.
Ila M. P. Linares, Mônica Müller, Alicia Carissimi
chegando. A rotina deve ser consistente, sem • Manter horários regulares de sono nos dias de

S
grandes alterações de um dia para outro, e come- ão inúmeras as mudanças que ocorrem na fase escola e finais de semana, levando em conta a sua Os adolescentes com sono insuficiente tendem a
çar e terminar mais ou menos no mesmo horário da adolescência, dentre elas, as alterações no necessidade de sono diária e compromissos, como sofrer com consequências tais como o ganho de
todos os dias. A rotina pré-sono pode começar por sono. O horário de dormir e de acordar cos- a escola; peso e maior predisposição a ansiedade e depres-
volta dos 3 meses de idade, com atividades simples tuma ser alvo de atritos entre pais e filhos, no en- são, além da piora do desempenho escolar ou nas
tanto, é importante que os pais compreendam as • Interromper o uso de aparelhos eletrônicos no atividades diárias. Apesar do uso de aparelhos
como troca de fraldas, colocar pijamas e uma can-
características e alterações do sono nessa etapa do mínimo meia hora antes de dormir; eletrônicos fazer parte da rotina diária dos jovens,
ção de ninar.
desenvolvimento para que façam eventuais direcio- torna-se necessário limitar o uso destes dispositi-
namentos. • Manter o ambiente do quarto escuro, silencioso vos eletrônicos, favorecendo os estados de rela-
A rotina de sono para crianças maiores pode in- e com temperatura agradável; xamento e sonolência, que são importantes para
cluir uma sequência de atividades mais elaboradas, O adolescente costuma dormir, em média, entre 8 a consolidação de um sono noturno de qualidade.
como cantigas, contação de histórias ou outra ati- e 10 horas por dia. O processo de maturação bio- • Expor-se à luz do sol pela manhã, pois a luz auxilia
lógica durante a adolescência influencia no horário na regulação do sono;
vidade calma e relaxante. A rotina deve ser praze- No entanto, é justamente no período noturno que
rosa, agradável, curta e terminar no quarto! Assim em que o mesmo costuma sentir sono, isso porque, os adolescentes tendem a usar tais dispositivos,
• Evitar cafeína e bebidas energéticas, especial-
a criança irá associar o quarto e a hora de dormir dentre outras explicações, o corpo leva mais tem- principalmente smartphones, ocasionando pro-
mente à tarde e à noite;
com sentimentos positivos! po para começar a produzir melatonina, hormônio blemas no sono e em suas saúdes física e mental,
que ajuda a promover o sono. Desta forma, há uma • Evitar utilizar o quarto para muitas atividades. como as alterações no humor (irritabilidade, apre-
tendência a dormir e acordar mais tarde, se houver ensão e isolamento social). O uso de dispositivos
Os pais não devem esperar que a criança adormeça
possibilidade. Além da variável biológica, também Além dos pontos descritos acima, também é im- eletrônicos pelos adolescentes antes de dormir,
para só então colocá-la na cama. A criança deve ir
existem questões ambientais que podem contri- portante que os pais auxiliem seus filhos tanto na leva à maior ativação, causada tanto pelo conteúdo
para a cama sonolenta, mas ainda acordada. Dessa
buir com essa tendência a dormir e acordar mais que está sendo assistido como também pelo conta-
maneira, a criança irá desenvolver sua capacidade organização de suas atividades ao longo da sema-
tarde, resultando em uma possível privação de to com a luz emitida pelas telas.
de se auto-acomodar, sem que seja necessário que na, ou seja, no horário dos estudos, de tarefas de
sono do adolescente. Alguns exemplos disso são:
alguém esteja ao lado dela para que consiga cair no casa e extracurriculares, do sono, das atividades de
Outra importante consequência do uso excessivo
sono. • O tempo de uso de eletrônicos e a utilização pró- lazer - incluindo aí, o tempo do uso de eletrônicos.
de eletrônicos, é a piora do desempenho cogniti-
ximo ao horário de dormir;
vo - principalmente para os jovens que estudam no
Sobre os eletrônicos, apesar de fazerem parte da
turno da manhã, que apresentam maior lentidão
• Pouca supervisão parental sobre a rotina de sono rotina acadêmica e social dos adolescentes, tanto
e horário de dormir do adolescente;
na execução das tarefas e dificuldades na atenção
tempo de uso quanto conteúdo requerem moni-
e concentração.
toramento por parte dos pais. Além disso, o uso
• Grande demanda de atividades acadêmicas, prin-
excessivo de eletrônicos no período da noite geral-
cipalmente no ensino médio;
mente impacta negativamente no horário, duração
• Horário de início das aulas; e qualidade do sono. Caso o adolescente encontre
dificuldades para estabelecer uma rotina de sono
Nos dias da semana, os adolescentes tendem a dormir saudável, é importante buscar a orientação de um
mais tarde, e necessitam acordar cedo para as aulas, profissional especialista na área.
reduzindo portanto, o tempo de sono nestes dias.

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O Sono da Criança e do Adolescente O Sono da Criança e do Adolescente
um guia para pais e cuidadores um guia para pais e cuidadores

Como o uso de eletrônicos faz parte de nossas ro- Ajudando a mente se acalmar: Pote da calma
tinas, é importante organizar e definir o período de
realização de cada uma das atividades ao longo do Suco de Laranja 1. Despeje água morna até mais ou menos a metade de
dia para que no período da noite haja uma maior fa- Guie sua criança com as seguintes instruções: um pote de plástico com tampa; a quantidade vai va-
cilidade do jovem para desligar esses dispositivos e Imagine-se em um pomar onde há laranjeiras. Finja riar de acordo com o tamanho do pote;
engajar em atividades que causem menor ativação, que você tem uma laranja na mão. Pode começar
usando outros estímulos promotores do relaxa- com a mão direita ou com a esquerda, a que você 2. Adicione 1 ou 2 colheres de sopa de cola glitter;
mento que não necessitem do uso de telas como Você pode usar a cena que quiser, desde de que
preferir. Estique ambos os braços para alcançar a
banho morno, leitura, técnicas de relaxamento, seja uma visualização que transmita tranquilida- 3. Adicione 1 ou 2 gotas de corante alimentício líquido.
árvore e pegue uma laranja com cada mão. Espre-
meditação, dentre outros. de, Aí vai um exemplo: você pode pedir para que Não ponha demais pois a mistura poderá ficar escura e
ma as laranjas com força para tirar todo o líquido,
eles se imaginem em um campo cheio de flores co- será difícil ver o glitter;
como se fosse um suco - então - esprema, esprema
Vimos o quanto o sono é fundamental, por isso loridas (pode falar as cores se quiser). Peça para
e esprema muito. Jogue as laranjas na terra e relaxe
desmitificar conceitos como “Dormir é perda de que eles respirem fundo e sintam o cheiro das 4. Adicione e misture o glitter numa quantidade sufi-
as mãos e braços. Novamente, repita até conseguir
tempo!” “Horas de sono perdidas serão facilmente flores no campo. Detalhe bem a cena (fale do céu ciente para dar textura; se preferir, use também um
um copo cheio de suco de laranja. Depois do seu
recuperadas e não trazem malefícios!” e “Usar os azul, do sol, do vento). Sugira que eles caminhem pouco de brocal ou lantejoulas de cores sortidas em
último aperto e arremesso, solte as mãos e relaxe!
dispositivos eletrônicos não prejudicará meu sono” tranquilamente pelo campo, usando os cinco sen- formato de estrelinhas, por exemplo;
contribui para a família educar o jovem e plane- tidos (paladar, audição, tato, olfato e visão), como
Cachorro preguiçoso
jar em conjunto uma rotina regular e saudável de ouvir o canto dos pássaros, sentir o frio do vento 5. Preencha o restante do pote com água quente dei-
sono. Os pais e/ou cuidadores podem auxiliar seus Guie sua criança com as seguintes instruções: e os pés descalços no campo, o sabor de uma fru- xando um espaço livre para a mistura se movimentar;
filhos a realizarem um melhor uso de eletrônicos, Finja que você é um cachorro preguiçoso que aca- ta, etc. Aos poucos peça que eles parem de andar,
e muitas vezes, eles mesmos podem se beneficiar bou de acordar de uma longa soneca. Dê um gran- focando na respiração e, em seguida, abrir aos pou- 6. Se quiser, adicione algumas gotas de óleo para bebê
ao controlar o uso desses estímulos, contribuindo de bocejo. Agora pode dar algumas latidas. Estique cos os olhos. Use essa técnica sempre que quiser para a mistura se movimentar ainda mais vagarosa-
para a criação de um período mais tranquilo e re- os braços, pernas e costas – lentamente como um fazer com que as crianças diminuam sua atividade mente;
laxante antes de dormir, a obtenção de uma rotina cachorro – e relaxe. mental e física, de preferência antes de dormir.
mais organizada e melhora no funcionamento diur- 7. Feche o pote de maneira bem firme e segura de ma-
no e sensação de bem estar geral. Respiração do bichinho de pelúcia Cheirando a florzinha e soprando a velinha neira que a criança não consiga abrir. Se preferir, cole
Peça que sua criança se deite na cama. Coloque a tampa.
Devemos lembrar também que, para aumentar Essa atividade tem por objetivo ensinar às crian-
um bichinho de pelúcia pequeno sobre a barriga da ças exercícios de respiração. Adequada para crian-
a qualidade do sono, a prática regular de ativida-
criança. Oriente que a criança inspire lentamente ças a partir de 2 anos, essa atividade pode ajudá-
de física é fundamental, auxiliando na redução do
inflando o abdômen e fazendo com que o bichinho -las a controlar suas emoções bem como auxiliar Explicando o Pote da Calma para a criança
tempo de ociosidade em frente à televisão, compu-
tador e celular. de pelúcia acompanhe o movimento da barriga. em outras atividades de relaxamento e meditação.
Oriente que a criança expire lentamente murchan- • Chacoalhe o pote e faça a criança observar
É importante que essa atividade seja supervisio-
do o abdômen e fazendo com que o bichinho de pe- como os flocos se agitam e depois começam a cair
5. A quietude para dormir: estratégias nada por um adulto, pois iremos utilizar uma vela
lúcia acompanhe o movimento da barriga. O exer- vagarosamente, se acomodando no fundo;
para relaxar acesa. Acenda a vela em um local e recipiente se-
cício pode ser repetido por alguns minutos guro; pegue uma flor, pode ser de qualquer tipo.
Maria Laura N. Pires, Renatha Rafihi-Ferreira, Ila M. P. Linares, • Os flocos agitados podem ser usados no sentido
Ksdy M. M. Sousa Oriente a criança a se sentar em uma posição con-
Exercício de visualização criativa figurado de uma mente cheia de preocupações e
fortável e cômoda. Primeiro, apresente a florzinha

E
stratégias de relaxamento podem ajudar as inquieta e os flocos acomodados no fundo do
Esse exercício tem por objetivo ajudar as crianças sugerindo que a criança respire fundo para sentir
crianças a relaxar e a se preparar para dor- pote podem ser comparados a uma mente tran-
a criarem imagens mentais através da imaginação, o seu cheiro. Em seguida, oriente que segure o ar
mir. Tornar esses exercícios uma prática diária quila e corpo relaxado;
desviando os pensamentos acelerados do dia e por alguns minutos. Logo em seguida apresente
contribui para melhorar o padrão de sono. A seguir assim poderem relaxar e dormir tranquilamente. a velinha e peça para que ele solte o ar pela boca
apresentamos alguns exercícios de relaxamento de • Os flocos também podem ser nosso corpo,
Pode ser realizado por crianças a partir de 4 anos para apagar a velinha. Repita essa atividade por
forma lúdica para usar com sua criança. sentimentos e pensamentos ...quando estamos
de idade. Você pode pedir para as crianças senta- uns 5 a 7 minutos. Caso queira realizar essa ativi-
agitados, não conseguimos lidar bem com as coi-
rem em um local confortável e tranquilo, tire um dade sem os materiais citados, sugerimos que uti-
Para aplicar os exercícios de relaxamento em sua sas....mas vagarosamente eles também vão se
tempo para realizar a atividade sem pressa. É ne- lize imagens mentais, ou seja, peça para a criança
criança é importante estar em um ambiente tran- acalmando.
quilo e silencioso. Comece com exercícios curtos cessário que você explique para que serve esse imaginar uma florzinha e cheirá-la e depois imagi-
para ir habituando sua criança a relaxar. Lembre-se exercício, para que os pequenos possam aproveitar nar uma velinha e soprá-la. As atividades podem
que as instruções precisam ser claras e envolventes. melhor sem ansiedade. ser adaptadas de acordo com a disponibilidade de
recursos. Use sua criatividade.

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O Sono da Criança e do Adolescente O Sono da Criança e do Adolescente
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6. Quando chega a hora de dormir, Crianças e adolescentes que apresentam medo Personagens encorajadores • Elogie a criança e a ensine a dizer coisas positi-
o medo vem também! O medo noturno noturno persistente devem ser encaminhados vas enquanto está procurando pelos brinquedos,
Livros de histórias, com modelos de enfrentamen-
para um profissional de Psicologia. Certifique-se como “eu sou corajoso; eu sou valente”.
Renatha Rafihi-Ferreira, Maria Laura N. Pires to ajudam a criança a se identificar com persona-
que sua criança não acesse conteúdos que possam

O
gens que passam pelos mesmos desafios que elas.
s medos noturnos são reações normais a assustá-la. Por isso EVITE: Vídeos, filmes ou pro-
Crie uma história de enfrentamento: Seja criativo,
ameaças reais ou imaginárias que ocorrem gramas considerados assustadores.
conte para sua criança uma pequena histórinha uti-
à noite. Apresentar temores à noite é na-
lizando personagens que enfrentaram os próprios
tural e comum no desenvolvimento infantil, sendo Ajudando a enfrentar o medo.. O que fazer?
medos com resultados encorajadores.
vivenciado pela maioria das crianças em diferentes
• Acolha sua criança;
idades. Quando se apresentam de forma branda e
Construa com sua criança, um novo personagem,
transitória podem ser superados pela maioria das • NÃO puna, ignore ou faça piada do medo rela- disposto a enfrentar os medos durante a noite. Seja
crianças. Entretanto, para algumas crianças, o mo- tado por sua criança; criativo e construa um personagem que enfrente
mento de ir para a cama representa uma grande
com bravura os medos infantis. Importante colocar
dificuldade, associada ao medo noturno severo e • Ouça, acolha e ajude sua criança na compreen- a realidade da criança e mostrar que o personagem
recorrente, ansiedade e sofrimento para a criança são do medo; também sente medo e apresenta dificuldades. Mas
e sua família.
ainda assim está disposta a enfrentar!
• É importante que sua criança se sinta segura e Livros infantis com histórias encorajadoras podem
O conteúdo dos medos varia de acordo com a ida- tranquila. Conforte-a; ser um bom modelo de enfrentamento ao medo! O
de. Crianças pequenas frequentemente demons-
modelo dos personagens contribui para o compor-
tram medo de se separarem de seus pais, de baru- • Use uma pequena lanterna ou um abajur para
tamento de imitação.
lhos altos e pessoas desconhecidas; enquanto que que a criança consiga reconhecer o ambiente
crianças pré-escolares demonstram medo de estí- como seguro; Caça ao tesouro com lanterna Cuidando de quem tem medo: pelúcias
mulos e monstros imaginários. As crianças gradu-
almente desenvolvem a capacidade de distinguir • Mantenha a porta do quarto da criança aberta, A utilização de pelúcias, panos ou outros objetos
• Sem contar à criança onde está, esconda um
entre realidade e imaginação/fantasia. No entanto, para a criança sentir que está próxima a família e podem auxiliar a criança no processo de enfren-
brinquedo favorito num lugar simples no quarto
uma vez que as crianças possam diferenciar entre não isolada em seu quarto. tamento de uma realidade compartilhada entre a
de maneira que ela possa encontrar rapidamente;
coisas reais e imaginárias, elas podem sentir medo criança e o mundo. A pelúcia/boneco é um objeto
de coisas realistas, como danos físicos, desempe- de apego que pode auxiliar a criança a necessitar
Ensine a enfrentar o medo: • Apague a luz no quarto e faça a criança usar
nho escolar, saúde e perigo. Entre os medos notur- menos de ajuda dos adultos, e consequentemente
Não importa o conteúdo do medo, se é real ou ima- uma lanterna e entrar no quarto para procurar o desenvolver a própria independência no enfrenta-
nos, o medo do escuro é um dos mais reportados
ginário. Dizer que não é real não ajuda a criança a brinquedo escondido; mento de desafios. Assim, a oferta de um boneco
pelas crianças em diferentes idades.
superar seus desafios. Ouça e respeite a fala da sua ou pelúcia pode ajudar a criança tanto na identifi-
criança. E então ensine-a a enfrentar os próprios • Conforme a criança vai se sentindo mais con- cação dos seus próprios medos a partir de um obje-
É comum que as crianças que apresentam medos
medos. fortável e menos amedrontada, esconda mais to como também servir como um objeto de confor-
noturnos sofrem de ansiedade à noite, pedem para
brinquedos (3, 4, 5..). Isso irá motivar a criança a to e segurança no enfrentamento do medo.
dormir acompanhadas, despertam durante a noi- A seguir apresentamos algumas formas lúdicas
te com frequência e chamam os pais /cuidadores permanecer no escuro com a lanterna por perío-
para o enfrentamento do medo noturno:
dos cada vez mais longos; Ofereça uma pelúcia/boneco para a criança e peça
ou até mesmo ficam acordadas sozinhas durante
que ela ajude a cuidar de quem tem medo, no caso
a noite. Devido ao sofrimento causado pelo medo Spray anti-monstro
a pelúcia/boneco. Instrua a criança para quando
durante a noite, é comum que as crianças além do • Em seguida, esconda os brinquedos em lugares
Utilize um borrifador. Seja criativo(a) e decore- sentir medo, abraçar e cuidar da pelúcia.
medo também apresentem problemas de sono, tais mais difíceis, o que vai encorajar a criança a ficar no
-o com um rótulo de um spray anti-monstro. Use
como dificuldades de adormecer e despertares no- escuro com a lanterna por períodos mais longos;
os personagens que você considera interessante Encoraje sua criança a comportamentos indepen-
turnos, especialmente quando estão sozinhas. O
para sua criança. Encha o borrifador com água. Se dentes no momento de dormir e no enfrentamento
medo noturno intenso é uma das razões para difi- • No começo, reforçe o comportamento da crian-
preferir, pode usar água perfumada. Na rotina pré- do medo noturno.
culdade com o sono na infância. Quando frequente ça com pequenos prêmios (stickers, adesivos)
-sono, inclua como ingrediente de rotina borrifar
e persistente, este medo pode causar prejuízos no
a água como um spray anti-monstro, mantendo o toda vez que ela encontrar os brinquedos escon-
desenvolvimento infantil, afetando a qualidade de
quarto da criança protegido de “eventuais surpre- didos. Isso pode dar a motivação necessária para
sono e as atividades diárias da criança, podendo se
sas desagradáveis”. ir ao quarto escuro;
estender na adolescência.

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10
O Sono da Criança e do Adolescente O Sono da Criança e do Adolescente
um guia para pais e cuidadores um guia para pais e cuidadores

7. Sonhos que assustam! O pesadelo Por exemplo, fazer um cerco de confetes ao redor Os eventos são considerados um distúrbio benigno
da cama, para impedir que os pesadelos cheguem. do sono, ou seja, que não causam prejuízo diurno
Laura Castro, Sílvia Conway
Também construir junto e ensinar a história do ou noturno, e ocorrem mais frequentemente em
O que são os sonhos filtro de sonhos[1], pendurando na cabeceira ou crianças entre 3 e 13 anos, tendendo a se resolver

O
sonho é o resultado de uma série de pro- colocando embaixo do travesseiro. Há muitas his- após a adolescência. Embora possam ocorrer em
cessos fundamentais para a organização tórias e lendas em livros sobre o filtro dos sonhos crianças mais novas, não é esperado que ocorram
de nossa vida mental. É pelo sonhar que que podem facilitar. Esse tipo de recurso costuma em bebês. A criança não se lembra e não consegue
aprendemos, quando conectamos novos saberes proporcionar um sentimento de segurança e pro- relatar o que aconteceu, ao contrário do que acon-
àqueles guardados em nossa memória, planejando teção, ensinando coragem e força para lidar com as tece com outros tipos de parassonias como os pe-
o futuro e desenvolvendo nossa criatividade. So- emoções. sadelos, por exemplo.
nhamos em qualquer fase do sono, mas os conteú-
dos são diferentes. Sonhos ligados a tarefas do dia As crianças aprendem a nomear o que sentem a Frequentemente há relatos de outros familiares
Como lidar com os pesadelos do meu filho? partir do que contam os adultos. Por isso, não mi- com quadro semelhante na infância. Situações
acontecem mais no sono profundo, chamado N3. Já
os sonhos bizarros e simbólicos ocorrem durante a nimizar ou desqualificar o conteúdo dos sonhos é como febre, privação de sono, higiene de sono
É importante acolher o que a criança sente, sem
fase REM (sigla em inglês para movimento rápido muito importante, porque eles refletem experiên- inadequada, uso de alguns medicamentos e a pre-
julgamento ou banalização, pois isso a ajuda a se
dos olhos), que organiza nossa memória emocional. cias e como desenvolvemos nossa forma de com- sença de distúrbios respiratórios do sono são pre-
reorganizar. Os pais ou cuidadores podem explicar
É no sono REM que acontecem os pesadelos. preender o mundo. cipitadores das parassonias e devem sempre ser
que há os sonhos bons, cheios de aventuras, mas
excluídos.
também os que assustam ou são tristes, mas que
Quando a memória é bem processada, não nos Nesse sentido, no dia a dia, vale observar filmes,
acabam depois de acordar. Observar o ambiente Sonambulismo:
lembramos necessariamente do sonho. Mas, mui- desenhos e conversas às quais a criança fica expos-
pode ajudar a criança a discernir fantasia e realida-
tas vezes, o conteúdo do sonho é ameaçador po- ta. Pode haver conteúdos agressivos pouco per- O episódio é caracterizado por sair da cama e an-
de, acendendo a luz de um abajur, indicando seus
dendo causar despertar com angústia, medo ou ceptíveis para adultos, mas pela falta de maturida- dar pela casa, com movimentos usualmente cal-
objetos no mesmo lugar de quando foi dormir. Não
confusão. Esses sonhos configuram sonhos de an- de da criança, podem dificultar sua compreensão. mos, podendo apresentar comportamentos mais
é para negar o pesadelo, mas diferenciar sonho de
gústia ou pesadelos, que podem acontecer tanto A rotina corrida e o acesso facilitado às mídias po- complexos como urinar, comer, cozinhar, brincar e
realidade, e pode encorajar a criança a falar sobre
por motivos psicológicos quanto biológicos. dem expor à criança a conteúdos complexos, para limpar a casa. Durante o episódio o mais importan-
o que viu no sonho.
os quais não tem crítica ainda e condições de inter- te é garantir a segurança da criança. Certifique-se
O pesadelo é considerado um transtorno do sono pretar. A observação e estímulo de que os sonhos de que todas as janelas e portas exteriores estejam
Quando a criança encontra um clima amigável, são amigos e que trazem mensagens sobre como
quando se torna recorrente e com importante so- fechadas. Guie sua criança de volta à cama, falando
que não minimiza ou desconsidera suas fantasias estamos aprendendo as coisas do mundo tende a
frimento emocional. com ela de maneira calma e reconfortante. Não há
e sentimentos, sente-se segura para se expressar ajudar. Mas, é importante não hesitar em procurar necessidade de acordá-lo, mas contrariamente à
livremente e revelar medos ou inseguranças rela- ajuda profissional se os episódios de pesadelos fo-
Os pesadelos das crianças
crença popular, isso não é perigoso.
cionadas às experiências do dia a dia. Em geral, o rem persistentes e frequentes.
Podem ser frequentes, porque as crianças estão amparo e a expressão são suficientes para a crian- Terror noturno:
expostas a conteúdos novos o tempo todo. Para ça se acalmar, se organizar e retomar o sono. [1] Filtro dos sonhos é um artefato produzido pelos índios
norte-americanos para proteger o sono das crianças. Eventos caracterizados por uma criança com apa-
algumas dessas experiências não possuem reper- Transformar o conteúdo ameaçador em histórias é
rência assustada, que chora e grita intensamente,
tório e nem recursos de linguagem que a ajudem uma estratégia que pode ajudar. Isso pode ser fei-
acompanhada de aceleração dos batimentos car-
a compreender e elaborar. Cenas envolvendo to também através do desenho do sonho, pedindo 8. Despertar confusional, sonambulismo
e terror noturno díacos, respiração ofegante, sudorese intensa e
agressividade, seja de jogos ou mídias, desarmo- à criança para colorir detalhes que lembram e, na
pupilas dilatadas. Embora pareça estar acordada,
nias familiares, bullying ou dificuldades escolares sequência, contar a história a partir das figuras e Clarissa Bueno, Ana Carolina Luvizotto Monazzi, Renata A.
ela não tem consciência do que está acontecendo,
são exemplos de sobrecargas psicoemocionais cores que escolheu (mesmo que sejam rabiscos, Prado Gobetti
nem tampouco da presença dos pais, podendo, in-

D
que podem ser gatilhos para pesadelos. A falta de pontos ou formas desconexas). Ao terminar, po-
espertar confusional, sonambulismo e ter- clusive, dar chutes e debater durante a tentativa
sono e alguns remédios também podem desenca- de-se sugerir que amasse, pique, corte em tiras e
ror noturno fazem parte de um grupo de dos pais de acalmá-la.
deá-los, assim como eventos fisiológicos. A obstru- jogue fora. Estimular a imaginação de finais dife-
transtornos do sono chamado parassonias Os episódios podem ser curtos ou prolongados e
ção nasal durante o sono ou a apneia do sono, que rentes para o sonho, também é um jeito de superar
do sono não REM. São descritos como eventos físi- as tentativas de interromper devem ser evitadas.
causam limitação do fluxo respiratório durante a a ameaça e retomar o controle da situação.
cos e/ou experiências indesejáveis que usualmente A orientação é garantir que a criança esteja segura,
noite, podem produzir pesadelo de sufocamento, Há outras estratégias ainda que podem ser úteis,
ocorrem nas primeiras horas do sono, cerca de 2 a sem o risco de se machucar e aguardar o episódio
por exemplo. Outras manifestações físicas, como a que ensinam a criança a cuidar de si, colocando
3 horas após o início, geralmente na transição dos se resolver sozinho.
má digestão, o refluxo ou bruxismo também podem barreiras ao que não lhe faz bem e trazendo segu-
estágios mais profundos para os mais superficiais
ser gatilhos para pesadelos. rança.
do sono.

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O Sono da Criança e do Adolescente O Sono da Criança e do Adolescente
um guia para pais e cuidadores um guia para pais e cuidadores

Despertar confusional: Este sintoma poderá ser desde que “saiu” das fral- 10. A criança que só dorme com os pais
das durante o dia (também chamada de enurese
Ocorre um despertar parcial durante o sono pro- primária) ou que tenha ficado mais de seis meses
Renatha Rafihi-Ferreira, Ila M. P. Linares, Maria Laura N. Pires O que fazer?
fundo, com confusão mental, desorientação, agita-

D
sem xixi na cama e depois voltou a molhar a cama ormir com os pais ou outro membro da
ção e em alguns casos choro inconsolável. Nesses (enurese secundária). Na verdade, hoje em dia se 1º Passo:
família, incluindo o compartilhamento da
eventos, os movimentos costumam ser mais sua- fala no termo apenas como enurese, pois este ter- Estabeleça uma rotina pré-sono com sua criança.
cama durante a noite ou parte da noite é
ves e menos intensos que no terror noturno, como mo já se refere ao sintoma de xixi na cama duran- Atividades calmas que levem até o quarto de dor-
uma experiência comum para muitas famílias. Com-
se a criança estivesse desorientada. Em geral, os te o sono. As crianças também podem apresentar mir. O quarto da criança deve ser um lugar seguro
sintomas de incontinência de urina (perdas de xixi partilhar a cama ou o quarto pode ter várias razões,
eventos são breves, mas podem durar até mais de e agradável para ela. Por isso, evite colocar a crian-
durante o dia nas roupas íntimas) associados ou podendo ser devido a uma escolha familiar; pela fal-
uma hora e assim como nas outras parassonias, não ça de castigo no quarto. Verifique se o quarto está
não a urgência de ir fazer xixi ou vontade frequente ta de disponibilidade de espaço; como resultado de
é necessário nenhum tipo de tratamento, além de arejado, limpo, com colchão e travesseiros confor-
de urinar (urge-incontinência). Assim procure um uma dificuldade de sono na infância; ou mesmo por
garantir a segurança da criança e a implementação táveis.
profissional sempre que você/seu filho apresentar um valor cultural
de bons hábitos de sono.
enurese: seis anos de idade ou mais, dois ou mais 2º Passo:
episódios ao mês, com ou sem sintomas diurnos. Cuidadores podem se sentir mais tranquilos ao
Após estabelecer a rotina pré-sono, a criança tem
dormir junto com suas crianças durante a noite por
que compreender que ela deve adormecer em seu
Lembramos que a enurese pode vir junto de muitas estarem por perto, caso elas precisem de ajuda. As
próprio quarto ou em sua própria cama.
doenças associadas. Presença de constipação (difi- crianças também podem se sentir mais protegidas
Para isso, a presença dos cuidadores deve ser reti-
culdade para evacuar, “côco” duro), apneia (dificul- ao dormirem acompanhadas. No entanto, algumas
rada aos poucos, de modo que vão se distanciando
dade para respirar no sono, roncos), hipercalciúria desvantagens são observadas com esta prática.
da cama até o momento de saírem do quarto.
( “pedras” nos rins e/ou eliminação de “areia” e/ou
sangue na urina), diabetes melitus (“açúcar no san- Dormir compartilhado está associado a prejuízos 3º Passo:
gue”), epilepsia, parassonias (sonambulismo, ter- no sono tanto da criança, como dos pais. Por dividir
ror noturno, despertar confusional), Transtornos Sempre que a criança dormir sozinha, os pais po-
a cama, pais e filhos podem despertar mais vezes dem recompensá-la com elogios ou pequenos prê-
afetivos e/ou emocionais, Transtorno do déficit de
9. O xixi na cama durante a noite, demorar mais para dormir, e con- mios.
atenção e hiperatividade, Transtorno opositor de-
Letícia Soster, Simone, Fagundes Sammour, Rosana Alves, sequentemente dormir menos.
safiador, são comorbidades que podem se manifes-
Maria Cecília Lopes
tar através do sintoma enurese.

O
É importante mencionar que há um risco de sufo-
“xixi” na cama é uma situação difícil para
O sucesso do tratamento é a abordagem/visão car a criança ao compartilhar a cama. Além disso,
pais e para todos que estão nesta situação.
multidisciplinar. Assim, outros especialistas (gas- os cuidadores podem ter dificuldade em relaxar
Lidar com tristeza, desânimo, medo, timi-
troenterologistas, otorrinolaringologistas, nefro- durante a noite por estarem preocupados com a
dez, ansiedade, angústia após cada episódio, fragili-
logistas, endocrinologistas, neurologistas, especia- possibilidade de sufocar sua criança. A presença da
za psicologicamente as crianças e adolescentes.
listas em medicina do sono, psicólogos) precisam criança pode prejudicar a relação do casal durante
atuar concomitantemente. Tratamentos atual- a noite.
A impotência dos pais diante de episódios repeti- mente propostos são o condicionamento pelo uso
dos dos filhos trazem, por vezes, atitudes de pu- de alarmes, uso de medicamentos, psicoterapia e Sobre este aspecto, é importante que os pais te-
nições físicas e/ou verbais. Os pacientes podem fisioterapia. Fundamental na enurese é procurar
nham um ambiente para relações que não seja di-
apresentar sentimentos internalizantes (timidez, ajuda a partir do momento em que se pode tratar
vidido com sua criança. O momento de intimidade
dificuldades de aprendizado na escola, dificulda- a enurese, o mais precocemente para minimizar os
deve ficar apenas com o casal!
des de relacionamento com os amigos,...) e/ou ex- impactos psicológicos que podem advir do “xixi” na
ternalizantes (agressividade, impulsividade, rom- cama, propiciando uma melhor qualidade de vida
individual e familiar! A criança pode associar o início do sono com a pre-
pimento de regras sociais...) à medida que crescem,
sença dos cuidadores e só conseguir adormecer na
podendo até prolongar este período e passam mais
presença destes, tendo dificuldade em dormir sozi-
tempo com enurese.
nha ou retornar ao sono quando desperta a noite.
Para ensinar e treinar sua criança a dormir de for-
Importante saber o quanto a criança e/ou adoles-
ma independente, você pode ensiná-la de forma
cente sofre do sintoma. Ou seja, indivíduos que so- Vale lembrar que as estratégias para ensinar e trei-
gradual.
frem de enurese precisam ter mais de cinco anos nar sua criança a dormir de forma independente
de idade e que isto ocorra pelo menos mais de duas dependerão de uma série de variáveis, tais como
vezes ao mês. idade da criança, perfil da criança e da família.

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O Sono da Criança e do Adolescente O Sono da Criança e do Adolescente
um guia para pais e cuidadores um guia para pais e cuidadores

11. A mamãe também dorme! O sono na A recomendação é que as mães procurem dormir
gestação e no pós-parto de lado, em especial do lado esquerdo, o que aju-
da no aumento do fluxo sanguíneo. Colocar um
Laura Castro, Ila M. P. Linares, Mônica Müller, Ksdy M.
M. Sousa travesseiro no meio das pernas e usar travessei-

D
ros extras para apoiar o corpo também ajudam
urante os períodos de gravidez e pós parto,
as mulheres experimentam grandes desafios bastante.
para manter a saúde de seu sono. Gestantes
sentem mais sono e tendem a cochilar mais durante As mães devem estar atentas a hábitos e com-
o dia, também acordam mais durante o período de portamentos que auxiliam o sono como horários
sono e, em geral, a qualidade do sono pode sofrer regulares para dormir e acordar, expor-se à luz
nos primeiros trimestres de gestação, e ainda piorar natural pela manhã, não praticar exercícios exte- 12. Os estilos dos pais e o sono da criança
ao final da gravidez. nuantes à noite, evitar uso de eletrônicos e ca- Mônica Müller, Alicia Carissimi

E
feína antes de dormir, alimentar-se de maneira
m nossa vida, é importante definir rotinas, in-
Além das alterações que podem acontecer na distri- balanceada ao longo do dia, evitando refeições
clusive no que diz respeito ao sono. Isto se faz
buição das fases do sono, há um aumento nas chan- pesadas e líquidos em excesso à noite e seguir
possível por meio de boas práticas de higiene
ces de se desenvolver alguns distúrbios do sono, uma rotina relaxante antes de se deitar.
principalmente a insônia, a síndrome de pernas in- do sono, tais como estabelecer horários regulares
quietas, o ronco e a apneia do sono. para dormir e acordar e adotar comportamentos
Ainda durante a gestação, é importante apren-
Nesses casos, é importante que a mãe consulte um saudáveis no momento que antecede o período de
der sobre as características do sono do bebê e da
A gestação é um processo que envolve mudanças médico do sono que irá avaliar a necessidade do sono.
criança, assim como se informar sobre possíveis
importantes na vida da mulher. Tais mudanças, uso de aparelhos que aplicam uma pressão positiva
estratégias de manejo frente a alterações/ dificul- No caso das crianças, tais rotinas as beneficiam,
além de envolverem tranformações do corpo, têm contínua na via aérea (CPAP), melhorando a respi-
um impacto emocional significativo. dades com o sono do bebê. Conhecer mais sobre proporcionando-lhes uma sensação de previsibili-
ração durante a noite e aumentando a oxigenação,
sono está associado a uma melhor qualidade de dade e segurança, ajudando-as nas transições de
melhorando também o desenvolvimento do bebê.
Em paralelo às oscilações hormonais e emocio- sono da criança e consequentemente dos cuida- suas atividades. Para que as rotinas de sono das
nais causadas pela gestação, o sono também so- dores. crianças sejam estabelecidas, as práticas parentais
As mulheres vivem também uma pressão moral e
fre interferências, sendo inevitável vivenciar as social muito grande com a maternidade. Há uma precisam ser consistentes tanto na estruturação
consequências disso. Nos primeiros três meses pós parto, as interrup-
idealização do que é ser mãe e de como será o dia da rotina, quanto na manutenção da mesma.
ções no sono ocorrem com maior frequência e
a dia dos encontros e desencontros com as ne-
É a partir da 22a semana de gestação, no chamado são mais comuns entre mulheres que já apresen-
cessidades do bebê. Isso muitas vezes gera auto O conjunto de comportamentos por meio dos
período perinatal, que as mudanças no sono come- tavam queixas de sono antes da gravidez. As mães
çam a ficar mais marcantes. E somado a elas, há cobranças e culpa, o que pode levar as mulheres a quais os pais interagem com seus filhos pode ser
são afetadas pela grande demanda do bebê, horá- classificado como estilos parentais. Os mesmos
outras inúmeras consequências para a saúde que se questionarem quanto à capacidade para serem
rios da criança incluindo os despertares noturnos. podem ser de 3 tipos: permissivo, autoritário e
as mulheres enfrentam, incluindo as adaptações mães, com sentimentos de arrependimento e até
necessárias à rotina que vêm com o nascimento e de repulsa pelo bebê. É difícil gerenciar todas essas autoritativo (democrático).
O tempo total de sono da mãe é tanto insufi-
desenvolvimento da criança, mudanças nos rela- emoções e ainda assim dormir o suficiente. A falta
cionamentos interpessoais e alterações de humor. ciente quanto insatisfatório. Além disso, no pós O estilo parental permissivo está diretamente re-
de sono amplifica todas as dores do mundo.
parto, ansiedade e os transtornos do humor con- lacionado ao desenvolvimento de problemas com
Algumas mulheres podem apresentar dificuldades tinuam a ser fatores de risco para um sono de má o sono. Neste tipo, observamos um estilo de disci-
Existem alguns recursos que podem auxiliar ou
para respirar no final da gestação, mas já no segun- qualidade. plina inconsistente entre os pais, que muitas vezes
atenuar algumas queixas de sono presentes du-
do trimestre a gestante pode apresentar sintomas rante a gestação e o puerpério. Buscar apoio para evitam conflitos com os filhos, evitando chamar a
de apneia obstrutiva do sono, devido ao ganho de Após a chegada do bebê, é fundamental a exis-
lidar com as emoções é estratégia importante para atenção para os maus comportamentos ou impon-
peso e crescimento do bebê. tência de uma rede de apoio para que a puérpera
a melhora do sono, bem como do bem estar ma- do consequências às atitudes ruins. Neste estilo,
possa ter condições de descansar. Quanto mais os pais não estabelecem ou organizam um crono-
terno. Meditações, atividade física leve, ioga, boa
a sociedade compreender que o nascimento de grama para as atividades dos filhos.
alimentação e rede de apoio podem contribuir para
um bebê requer suporte, maior a probabilidade
uma boa noite de sono das mamães.
da puérpera ter melhores condições de saúde No estilo autoritário, observamos um elevado
mental e sono. nível de exigência e obediência, desencorajando a
É comum que as mães tenham maior dificuldade
para encontrar uma posição confortável para dor- autonomia da criança, gerando nela emoções como
mir conforme o bebê cresce. o medo e a ansiedade, que, por sua vez, geram um
impacto negativo na qualidade do sono.

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O Sono da Criança e do Adolescente O Sono da Criança e do Adolescente
um guia para pais e cuidadores um guia para pais e cuidadores

Por último, o estilo autoritativo, está associado 13. O sono seguro Evitar roupas de cama macias, protetores laterais,
com o comportamento assertivo e auto-suficiente Beatriz Barbisan, Gustavo Moreira travesseiros, brinquedos fofos e cobertas soltas;
da criança. Neste estilo, os pais estabelecem um
padrão razoável e claro para comportamentos que A Síndrome da Morte Súbita em Bebês
Evitar superaquecimento, não cobrir a cabeça

A
são exigidos em sua rotina, sem a utilização de mé- , também chamada, morte do berço é conhe- com gorros;
todos punitivos, mas sim, métodos acolhedores. cida desde os tempos bíblicos e pode estar
na origem dos temores que levam as mães a
Evitar enrolar a criança em cueiros ou charutos
A partir do entendimento dos estilos parentais acordar na madrugada e vigiar a respiração do filho
de pano;
pode-se compreender variáveis ambientais que recém-nascido.
Sempre coloque o bebê para dormir
estão envolvidas na precipitação e perpetuação de de barriga para cima
A designação Morte Súbita e Inesperada do Lac- Aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6
alguns problemas de sono da criança.
tente inclui todas as mortes súbitas e inesperadas meses de vida;
Compreender mais sobre estilo parental também em menores de um ano. Investigação do local do
possibilita que o problema de sono da criança pos- óbito, autópsia, histórico médico e exames labora- Considerar uso de chupeta durante o sono;
sa ser corrigido através da modificação do compor- toriais da criança podem identificar causas de mor-
tamento parental, tornando a rotina da criança e te como: asfixia, aprisionamento, estrangulamento, Evitar tabaco, álcool, opióides e drogas ilícitas du-
da família mais funcional e organizada. trauma, infecção, intoxicações, doenças metabóli- rante a gravidez e no ambiente do bebê;
cas ou arritmias cardíacas. Quando a causa não é
Em geral, os pais precisam auxiliar seus filhos a esclarecida, chamamos de Síndrome da Morte Sú-
Quando o bebê é trazido para a cama dos pais, no
definir o tempo de uso de telas, os horários para a bita do Lactente.
meio da noite, para alimentação ou outros cuida-
realização de tarefas escolares, o horário de dor-
Felizmente, o evento é bastante raro, sendo a inci- dos, deve ser recolocado no berço assim que pos-
mir/acordar e a limitarem o consumo de bebidas
dência em torno de 2 casos para cada 10.000 be- sível, para evitar que o cuidador adormeça com a
cafeinadas. Sempre deixe o berço Divida o quarto com
bês. Acomete crianças de até 1 ano de vida, mas o criança na cama; livre de cobertores, seu bebê, mas
período de maior risco é entre 2 e 4 meses. Não travesseiros não a mesma cama
Tais práticas, contribuem para uma maior duração
se sabe exatamente por que a SIDS acontece, mas Sofás e poltronas são lugares perigosos para o e brinquedos
de sono durante a semana, facilitando assim, a cria-
estão envolvidos fatores de amadurecimento do bebê dormir;
ção e manutenção de hábitos saudáveis, colabo-
próprio lactente, a idade mais vulnerável e fatores
rando com o aumento do bem-estar geral.
do ambiente como fumo e ambiente de sono inse-
Dispositivos para sentar (assentos de carro, car-
guro. A principal prevenção, identificada nos anos
Além disso, o maior envolvimento dos pais, ou seja, rinhos, balanços, cadeirinhas e slings para bebês)
90, é a posição de barriga para cima para dormir. As
interesse, proximidade e conhecimento sobre o medidas para promover um ambiente de sono se- não são recomendados para o sono, principal-
filho e sua rotina, beneficia o sono de toda a famí- guro para lactentes menores de 1 ano recomenda- mente em lactentes menores de 4 meses;
lia, já que muitas vezes, ao corrigirem a rotina de das pela Academia Americana de Pediatria e pela
sono da criança, eles mesmos, podem se deparar Sociedade Brasileira de Pediatria são: Vacinação de rotina recomendada pelo Plano Na-
com a necessidade de implementarem mudanças cional de Imunizações;
em suas próprias rotinas, favorecendo o sono de Dormir em posição supina (barriga para cima)
todos. numa superfície firme. Dormir de lado não é re-
comendado; Qualquer produto para dormir para bebês deve
atender aos padrões nacionais de segurança;
A manutenção de uma rotina organizada do sono e
Dormir no quarto dos pais, mas em uma superfí-
das atividades da criança, colabora para um desen-
cie separada, até 1 ano de vida (pelo menos nos Evite o uso de dispositivos ou monitores cardior-
volvimento mental, físico e emocional nas crianças. primeiros 6 meses);
Tanto a forma quanto a consistência parental na respiratórios domésticos, eles não reduzem o risco.
condução dessa rotina são fundamentais para que Elevação da superfície de dormir deve ser infe- Nunca coloque o bebê para
a criança tenha maior previsibilidade e segurança rior a 10 graus; Se os pais seguirem essas recomendações, podem dormir no sofá, cama de adulto,
estar certos de que seu bebê estará mais protegido poltrona ou cadeirinha de carro
em seus cuidadores.
Manter o berço longe de cordas de cortina, mo- contra um evento tão trágico. para crianças
bile ou cordão de chupetas devido ao risco de es-
trangulamento;

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17 Associação Brasileira do Sono - ABS Associação Brasileira do Sono - ABS 18
O Sono da Criança
e do Adolescente
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