Você está na página 1de 40

Um guia para qualidade do sono infantil

Maria Laura Nogueira Pires


Edwiges Ferreira de Mattos Silvares
(Organizadoras)

Assis
UNESP - Campus de Assis
2014
O sono da criança
Um guia para qualidade do sono infantil
Maria Laura Nogueira Pires
Edwiges Ferreira de Mattos Silvares
(Organização)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca da F.C.L. – Assis – UNESP

S699 O sono da criança: um guia para a qualidade do sono /


Maria Laura Nogueira Pires, Edwiges Ferreira de
Silvares (Organizadoras). - Assis: UNESP - Campus de
Assis, 2014
36 p. : il. - (Sono e saúde )

ISBN: 978-85-66060-04-1

1. Crianças. 2. Sono. 3. Insônia. 4. Saúde. 5. Pais. 6. Psico-


logia I. Pires, Maria Laura Nogueira. II. Silvares, Ed-
wiges Ferreira de

CDD 155.4
O sono da criança
Um guia para qualidade do sono infantil
Maria Laura Nogueira Pires
Edwiges Ferreira de Mattos Silvares
(Organização)

Assis
UNESP - Campus de Assis
2014
Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer a Pró-Reitoria de Extensão


Universitária - PROEX, o Departamento de Psicologia
Experimental e do Trabalho, o Laboratório de Psicologia da
Saúde e do Sono – LAPSS, o Centro de Pesquisa e Psicologia
Aplicada “Dra. Betti Katzenstein”- CPPA, pelo apoio na
realização desta obra. Agradecemos também a contribuição
da Seção Técnica de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão -
STAEPE e Setor de Gráfica, Faculdade de Ciências e Letras de
Assis / Unesp.
Mensagem aos pais

O sono é prioritário para a saúde e bem-estar da criança


e sua família. Este livreto visa oferecer informações aos
pais sobre o papel do sono no desenvolvimento infantil e
apresenta aspectos gerais do sono, rotinas para dormir,
medo noturno, pesadelos, terror noturno, sonambulismo,
dormir com os pais e xixi na cama.
Considerando que grande parte dos problemas de sono
na infância é de ordem comportamental, acreditamos que
essas informações podem vir a ajuda-los a estabelecerem
rotinas e comportamentos que melhorem a qualidade de
sono das suas crianças.
Esta obra é resultado de parceria entre o Projeto de
Extensão Universitária O Sono e a Infância (UNESP, Assis) e
Projeto Enurese Noturna (IP-USP).

As Organizadoras
SUMÁRIO

CAPÍTULO UM ......................................................................................... 11
Dormir bem faz bem!...

CAPÍTULO DOIS ...................................................................................... 14


Mais ou menos do mesmo jeito: a rotina na hora
da criança dormir...

CAPÍTULO TRÊS ....................................................................................... 18


Coisas diferentes podem acontecer: medo noturno,
pesadelo, terror noturno e sonambulismo...

CAPÍTULO QUATRO ............................................................................... 27


Crianças que dormem com os pais...

CAPÍTULO CINCO ................................................................................... 30


Ixi...escapou: o xixi na cama...
Capítulo 1
Dormir bem faz bem!

Maria Laura Nogueira Pires


Renatha El Rafihi-Ferreira
Edwiges Ferreira de Mattos Silvares
Rafaela Luana Câmara
Débora Cristina Aquino Pinheiro
Caroline Batista Vilela

11
O sono ocupa grande parte do tempo de uma criança e
é fundamental para sua saúde, bem-estar e disposição
para aprender!

Crianças que dormem bem são mais ativas, apresentam melhor


desenvolvimento físico e equilíbrio emocional;

Não se trata apenas da quantidade, mas especialmente da


qualidade de sono;

Nas crianças, uma boa qualidade de sono melhora a capacidade


de memória e aprendizagem, assim como afeta o humor e o seu
comportamento durante o dia.

Além disso, noites bem dormidas ajudam o organismo a


desenvolver defesas naturais contra doenças.

A quantidade adequada de sono varia de acordo com a idade da


criança.

O quadro a seguir mostra a média de horas de sono necessárias


para cada idade durante a noite e, também, em cochilos durante o
dia. Após os primeiros meses, o tempo total de sono vai diminuindo
gradualmente. Esses padrões vão mudando durante a infância.

A quantidade total de sono varia pouco entre as crianças, embora


o momento de sono possa ser diferente entre elas. Algumas podem
dormir por várias horas seguidas durante a noite e terem cochilos
curtos durante o dia, enquanto outras dormem menos a noite e
tiram cochilos mais longos durante o dia.

Geralmente, as crianças com até 3 anos de idade necessitam de


mais cochilos, e isso também pode ocorrer em crianças um pouco
mais velhas.

Lembre-se: crianças são diferentes uma das outras e a quantidade


12 de sono pode variar entre elas.
(Figura adaptada de Ferber, 2006)

O padrão de sono de sua criança tem características


que nascem junto com ela e outras que são aprendidas e
influenciadas pelo ambiente.

Algumas crianças relutam em ir para a cama, apresentam


dificuldades para adormecer, despertam durante a noite e
buscam a atenção dos pais.

Tais comportamentos devem receber a atenção e cuidados


necessários, pois um sono de má qualidade pode interferir
na disposição física e na capacidade de atenção e memória
da criança durante o dia. Assim como isso pode afetar toda a
família.

Ajudar a sua criança a desenvolver hábitos saudáveis de sono,


influencia positivamente tanto os pais quanto a criança!

13
Capítulo 2
Mais ou menos do mesmo jeito:
a rotina na hora da criança dormir

Maria Laura Nogueira Pires


Renatha El Rafihi-Ferreira
Rafaela Luana Câmara
Débora Cristina Aquino Pinheiro
Juliana França
Ananda Carlini de Almeida
Gabriella Rodrigues Oliveira
Luiza Machado dos Santos

14
Um sono saudável depende em grande parte do que
você ensinou para a sua criança. E quanto mais cedo ela for
ensinada, melhor!

Ensine sua criança a dormir sozinha: coloque-a na cama


enquanto está acordada (alimentada, sonolenta e capaz de
cair no sono sem a sua ajuda).

Essa é uma dica muito importante para uma boa rotina


de sono e para o desenvolvimento da independência da
criança para adormecer.

O estabelecimento de uma rotina, com horários regulares


para adormecer e acordar, é fundamental e reconfortante
para a criança: é importante para a qualidade de sono,
contribui positivamente para seu bem estar e a ajuda a
entender que logo mais virá a hora de dormir!

Aa rotina deve ter um horário estabelecido para começar


e para terminar, com duração de aproximadamente 30
minutos e contar com atividades relaxantes, de acordo com
a idade da criança.

O momento ideal para começar a estabelecer uma rotina


antes de dormir é em torno dos 3 meses. Nesta idade, a
rotina pode ser simples e breve, como a troca de fraldas,
colocar pijamas e uma canção de ninar.

15
A rotina de sono para crianças maiores de 1 ano pode ter
atividades como cantigas, contação de histórias ou alguma
brincadeira calma e relaxante.

Uma ou duas horas antes da hora de dormir, prepare um


lanche leve.

Evite comidas pesadas e bebidas com cafeína


(refrigerante, café, chá e chocolate, por exemplo), pois
podem interferir na qualidade de sono de sua criança.

Um banho quente pode ser muito relaxante e pode ser


uma forma perfeita para terminar o dia.

Evite que sua criança fique dependente de estímulos


como TV e música para adormecer.

Use a criatividade e faça desse horário uma experiência


positiva e relaxante para você e para sua criança.

16
Um exemplo de rotina:

1. Tomar banho/ Usar o banheiro


2. Escovar os dentes
3. Vestir pijamas
4. Levar a criança para a cama
5. Ler uma historia / conversar sobre o dia
6. Dar beijo de boa noite

Finalizada a rotina, os pais devem apagar as luzes e sair


do quarto.

Os pais não devem esperar que a criança adormeça para


colocá-la na cama. Ela deve ir para a cama sonolenta, mas
ainda acordada.
A criança não deve precisar que seus pais fiquem ao seu
lado para que ela consiga adormecer, pois se adormece
sozinha, é capaz de voltar a dormir depois dos despertares
que normalmente ocorrem durante a noite.

É importante que a rotina seja agradável e termine no


quarto da criança! Assim, ela vai aprender a relacionar o
quarto e a hora de dormir com sentimentos positivos!

Lembre-se: É importante não usar o quarto como


punição (um lugar de castigo)

É importante que a criança tenha rotina também durante


o dia: horários regulares para as refeições, higiene (tomar
banho, escovar os dentes, etc), brincadeiras e atividades.

17
Capítulo 3
Coisas diferentes podem acontecer:
medo noturno, pesadelo, terror noturno e
sonambulismo

Rafaela Luana Câmara


Maria Laura Nogueira Pires
Débora Cristina Aquino Pinheiro

18
Medo noturno

Medos noturnos são normais no desenvolvimento


e a maioria das crianças passa por essa experiência,
principalmente na hora de dormir ou no meio da noite, em
algum momento durante a infância.

O medo noturno acontece principalmente em crianças


pré-escolares.

As crianças mais novas, geralmente, têm medo de


monstros e outras criaturas imaginárias, de ficarem sozinhas
no escuro e situações atípicas, como chuvas fortes e trovões;
já as crianças mais velhas, têm maior probabilidade de ter
medo de ser prejudicado ou ferido por perigos mais reais,
como pessoas estranhas, ladrões ou catástrofes naturais.

O medo também pode estar relacionado ao estresse,


ansiedade ou algum evento traumático com a própria criança
ou alguém de seu convívio.

Crianças ou adolescentes que apresentam medo noturno


de forma persistente devem ser encaminhados a um
psicólogo.

Evite programas de TV, vídeos ou histórias que possam


assustar seu filho.

19
O que fazer?

Ouça e compreenda: Os medos da criança podem


parecer bobos para um adulto, no entanto, não se deve
ignorá-los ou fazer piada deles. Ouça o que sua criança tem
a dizer e ajude-a a compreendê-los.

Tranquilize: É importante tranquilizar as crianças que


estão com medo. Diga algo como: “Você está seguro,
estamos aqui”.

Ensine a enfrentar o medo: Seja criativo e crie formas


alternativas de responder aos medos noturnos. Pegue
uma garrafa tipo spray e preencha-a com água. Na hora
de dormir, você ou seu filho pode pulverizar o espaço para
manter os monstros longe.

Use um abajur: Uma luz fraca pode ajudar. Deixe a porta


do quarto aberta para que seu filho não se sinta isolado do
resto da família.

Defina limites: Se a criança acordar no meio da noite com


medo, tranquilize-a. Repita que ela está segura e que vai ficar
bem. Tranquilize a criança de maneira que ela entenda que a
cama e o quarto dela são lugares seguros para dormir.

20
Pesadelos

Pesadelos são sonhos assustadores que despertam as


crianças durante a noite.

Crianças muito jovens, muitas vezes não conseguem


distinguir entre um sonho e uma realidade, e elas podem
insistir que algo terrível continua existindo.

Os conteúdos dos pesadelos variam de acordo com a


idade da criança:

Crianças mais novas tem medo de serem separadas


de seus pais e crianças maiores de 2 anos tem medo de
monstros e criaturas imaginárias. Crianças em torno de 5
anos de idade podem ter medo de programas de televisão,
filmes ou estórias de terror.

Os pesadelos também podem estar relacionados com


alguma experiência perturbadora que a criança vivenciou
durante o dia.

Crianças que sofrem com pesadelos podem desenvolver


uma aversão à sua cama ou ao quarto, porque associam
o dormir com pesadelos e podem também relatar medos
diurnos.

21
O que fazer?

Ofereça segurança: A melhor coisa que você pode fazer se


uma criança tem um pesadelo é confortá-la!

Use uma lâmpada: Possibilita que a criança volte a dormir,


desde que seja fraca e não o atrapalhe durante o sono.

Converse no dia seguinte: Você pode tentar falar com seu


filho sobre seu pesadelo. Se a criança começar a tê-los com
muita frequência, tente descobrir o que a perturba.

Evite histórias assustadoras: Programas de televisão ou


filmes antes de dormir aumentam a probabilidade de um
pesadelo.

Identifique os estressores: Se há algo na vida de seu


filho que você sabe que o está afligindo, tente cuidar disso e
tranquiliza-lo. Olhe para os temas recorrentes de pesadelos que
poderiam lhe dar uma pista sobre a causa dos pesadelos.

Assegure que seu filho tenha a quantidade suficiente de


sono: As crianças são mais propensas a ter pesadelos depois de
não dormirem o suficiente. Dormir bem pode ajudar a diminuir
a frequência e a intensidade com que os pesadelos ocorrem.

Encoraje o uso da imaginação: Desenhe ou crie uma história


sobre o tema do pesadelo, dando a ele um final diferente.

Dê à sua criança um objeto que a deixe confiante: Dormir


com um objeto (como um urso de pelúcia) pode ser benéfico.
Esse tipo de ajuda pode fazer com que ela se sinta mais
relaxada.

Se os pesadelos de seu filho estão interferindo na qualidade


de vida dele, procure ajuda psicológica.
22
Terror Noturno

Os terrores noturnos são bastante comuns em crianças e


geralmente ocorrem em crianças com idade pré-escolar e
escolar, sendo superado na adolescência.

Ocorre quase sempre dentro de 1 a 2 horas depois de


adormecer e é diferente dos pesadelos, pois a criança não
está sonhando durante este evento.

Durante o episódio, a criança fica muito agitada, confusa,


com medo e em pânico.

No início dos episódios a criança pode chorar, gritar,


murmurar ou dar respostas inapropriadas às perguntas.

Após o episódio a criança não tem nenhuma memória


destes acontecimentos.

Não se sabe ao certo o que causa os terrores noturnos,


mas alguns fatores podem favorecer esses episódios, como:
não dormir a quantidade de horas suficiente, ter um horário
de sono irregular, dormir com a bexiga cheia, dormir em um
ambiente diferente ou ruidoso, estresse, febre ou doença e o
uso de alguns medicamentos.

23
O que fazer?

Mantenha sua criança segura: Certifique-se de que todas


as janelas e portas exteriores estão fechadas.

Não acorde sua criança e tente não interferir: Ela pode


ficar mais agitada.

Guie seu filho de volta para a cama: Encoraje a criança


a retomar o sono, guie-a gentilmente à cama. Se ela recusar,
não insista.

Certifique-se que a criança está dormindo o suficiente:


Faça com que ela durma o tempo que precisa.

Mantenha um horário de dormir regular: O terror


noturno é mais provável de ocorrer nas noites em que a
criança dorme fora de seu horário habitual.

Não discuta o terror noturno no dia seguinte: Basta


tranquilizá-la na hora do episódio.

Na maioria dos casos, os terrores noturnos não requerem


tratamento. No entanto, em casos graves, quando esses
comportamentos envolvem ferimentos, violência ou grave
perturbação da família, procure ajuda psicológica.

24
Sonambulismo

Sonambulismo é um comportamento do sono não


prejudicial e comum nas crianças que ocorre entre 1 a 2 horas
após a criança adormecer e dura cerca de 20 minutos.

Durante o episódio, o sonâmbulo sai da cama e pode


andar, urinar, comer, realizar tarefas comuns, sair de
casa, murmurar e dar respostas impróprias às perguntas,
parecendo confuso ou inconsciente.

Após o episódio a criança não tem nenhuma memória


destes acontecimentos.

Não se sabe a causa exata do sonambulismo, mas alguns


fatores podem favorecê-la, como: não dormir a quantidade
de horas suficiente, ter um horário de sono irregular, dormir
com a bexiga cheia, dormir em um ambiente diferente
ou ruidoso, estresse, febre ou doença e o uso de alguns
medicamentos.

25
O que fazer?

Mantenha sua criança segura: Sonâmbulos podem se


ferir ou sair de casa durante um episódio. Certifique-se de
que todas as janelas e portas exteriores estão fechadas.

Guie sua criança de volta à cama: Fale com calma e de


maneira reconfortante com ela.

Não acorde sua criança: É difícil de acordar um


sonâmbulo, mas contrariamente à crença popular, não é
perigoso.

Certifique-se que a criança está dormindo o suficiente:


Faça com que ela durma o tempo que precisa.

Mantenha um horário de sono regular: O sonambulismo


é mais provável de ocorrer nas noites em que a criança
dorme fora de seu horário habitual.

Caso o sonambulismo coloque a criança em risco ou


aconteça com muita frequência, procure ajuda psicológica.

26
Capítulo 4
Crianças que dormem com os pais

Renatha El-Rafihi Ferreira


Maria Laura Nogueira Pires
Edwiges Ferreira de Mattos Silvares

27
Dormir com os pais pode ser uma escolha da família.
Compartilhar a mesma cama ou o mesmo quarto em cochilos
durante o dia ou durante a noite pode ser uma experiência
agradável.

Alguns pais ficam mais tranquilos ao dormir junto com


suas crianças durante a noite por estarem por perto, caso
elas precisem de ajuda. As crianças também podem se sentir
mais protegidas ao dormirem acompanhadas.

Mas existem algumas desvantagens:

Por dividir a cama, pais e filhos podem despertar mais


vezes durante a noite e demorar mais para dormir;

Os pais podem ter dificuldade em relaxar durante a noite


por estarem preocupados com a possibilidade de sufocar sua
criança.

A presença da criança também pode prejudicar a relação


do casal durante a noite;

A criança pode associar o inicio do sono com a presença


dos pais e só conseguir adormecer na presença destes,
tendo dificuldade em dormir sozinha.

Pais que dormem junto com suas crianças e querem


mudar esse hábito devem fazer isso aos poucos.

28
O que fazer?

1º Passo: Estabeleça uma rotina pré-sono com sua


criança. Atividades calmas que levem até o quarto de
dormir. Isto inclui, por exemplo, banho, janta escovar os
dentes, conversar sobre o dia, contar uma história e beijo
de boa noite. Esta rotina deve ser agradável para os pais
e para as crianças. É importante os pais explicarem para
suas crianças a importância de dormir sozinho. O quarto da
criança deve ser um lugar seguro e agradável para ela. Por
isso, evite colocar a criança de castigo no quarto. Verifique
se o quarto está arejado, limpo, com colchão e travesseiros
confortáveis.

2º Passo: Após estabelecer a rotina pré-sono, a criança tem


que compreender que ela deve adormecer em seu próprio
quarto. Para isso, a presença dos pais deve ser retirada aos
poucos. Assim, nos primeiros dias os pais podem permanecer
no quarto da criança, ao lado da cama, até esta adormecer. Aos
poucos, os pais vão se distanciando da cama até o momento de
saírem do quarto.

3º Passo: Sempre que a criança dormir sozinha, os pais


podem recompensa-la com elogios ou pequenos prêmios.

29
Capítulo 5
Ixi...escapou: O xixi na cama

Edwiges Ferreira de Mattos Silvares


Carmen Lucia Souza
Renatha El Rafihi-Ferreira

30
Uma das grandes conquistas da criança, à medida que ela
cresce, é conseguir controlar o xixi.

Primeiro, as crianças desenvolvem o controle do xixi durante o


dia, quando estão acordadas. O controle do xixi durante a noite
ocorre um pouco mais tarde.

Por que algumas crianças fazem xixi na cama?

A dificuldade de controlar o xixi pode ser causada por 3 tipos


de fatores: médicos, orgânicos ou emocionais.

Escapadas de xixi também podem acontecer quando muda


a rotina da criança, como o nascimento de um irmãozinho, a
entrada na escola, visitas em casa, morte (inclusive bichos de
estimação) ou mudança de casa.

 É importante os pais entenderem que a criança não se


molha porque quer: ela não consegue controlar o xixi.

 A criança sente vergonha por não controlar o xixi e sofre.

 O xixi na calça ou na cama não deve ser motivo de piada


ou broncas/castigos por parte dos adultos que convivem
com a criança.

Broncas e castigos atrapalham, ao invés de ajudar.

31
O que fazer?

COMO AJUDAR A CRIANÇA A NÃO MOLHAR A CAMA?

1° Passo: Olhar e registrar:


Os pais devem observar e registrar durante uma semana:
• Hábitos alimentares e quantidade de líquido (água,
refrigerante, leite, etc) que a criança toma, especialmente à
noite.
• Quantas vezes a criança vai ao banheiro durante o dia.
• Horários em que a criança dorme e acorda
• Número de escapadas de xixi durante a noite
• Reações da criança e familiares frente às escapadas de xixi e
reações quando a criança acorda seca.

2° Passo: Conversar com a criança:


• Comentar sobre as observações feitas no primeiro passo;
dar atenção a todo e qualquer aspecto positivo observado,
mesmo que não se relacione com o controle do xixi, pois as
crianças gostam de ser elogiadas;
• Mostrar as dificuldades como obstáculos a serem vencidos (as
crianças gostam de desafios);
• Falar dos passos que serão dados para que ela aprenda a
controlar o xixi (as crianças adoram novidades).

32
3° Passo: Nova rotina
• Controlar a quantidade de sucos, leite e refrigerantes após as
18 horas (a água deve continuar com moderação)
• Levar a criança ao banheiro antes de colocá-la para dormir,
tanto de dia, quanto a noite.
• Levar a criança ao banheiro durante a noite, mesmo que ela
esteja dormindo.
• Ensinar a criança a perceber as sensações de bexiga cheia e a
desenvolver controle sobre a liberação do xixi. Para isso, dois
tipos de exercício podem ser ensinados como brincadeiras
para a hora de fazer xixi. Essas brincadeiras devem ser feitas
somente durante o dia. As idas ao banheiro à noite devem ser
rápidas, para não atrapalhar o sono da criança.

Exercício I:
• Ao levar a criança ao banheiro, desafiá-la a segurar o xixi um
pouquinho antes de soltar.
• Esse “pouquinho” pode ser contado: “1,2,3” (contados
pausadamente).
• À medida que a criança consegue segurar o xixi durante esse
intervalo, aumentá-lo aos poucos. Para isso pode-se usar o
recurso de aumentar a contagem de “1,2,3” para “1,2,3 e já”
e mais tarde para “1,2,3, agora já”

33
Exercício II:
• Ao levar a criança ao banheiro desafiá-la para a brincadeira
de soltar e segurar o xixi: a criança começa a fazer xixi, pára,
conta até 3, volta a fazer xixi, pára novamente e assim por
diante.

4° Passo: Registrando as noites secas


• Construir com a criança um calendário, onde cada noite seca
será marcada.

5° Passo: Comemorar as conquistas


• As conquistas que a criança alcança em controlar o xixi devem
ser festejadas.
• Isso pode ser feito das mais diversas formas (elogios, carinhos,
comentários elogiosos) sendo da máxima importância que
cada família encontre sua forma própria e particular.

Se esses passos não funcionarem e sua criança tiver


mais de 5 anos, procure ajuda de um especialista, um
psicólogo clínico.

34
Sobre as autoras

Ananda Carlini de Almeida


Graduanda em Psicologia pela Faculdade de Ciências e
Letras de Assis - Unesp

Carmen Lúcia Souza


Psicóloga, Doutora em Psicologia Clinica pela Universidade
de São Paulo

Caroline Batista Vilela


Psicóloga pela Faculdade de Ciências e Letras de Assis -
Unesp

Débora Cristina Aquino Pinheiro


Graduanda em Psicologia pela Faculdade de Ciências e
Letras de Assis - Unesp

Edwiges Ferreira de Mattos Silvares


Professora titular da Universidade de São Paulo- USP,
Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Clínica

Gabriella Rodrigues Oliveira


Graduanda em Psicologia pela Faculdade de Ciências e
Letras de Assis - Unesp
Juliana França
Mestranda em Psicologia da Saúde pelo ISPA- Instituto
Universitário: Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida,
Lisboa- Portugal

Luiza Machado dos Santos


Graduanda em Psicologia pela Faculdade de Ciências e Letras de
Assis - Unesp

Maria Laura Nogueira Pires


Professora Assistente Doutora do Departamento de Psicologia
Experimental e do Trabalho, Faculdade de Ciências e Letras de
Assis – Unesp. Coordenadora do Laboratório de Psicologia da
Saúde e do Sono – LAPSS

Rafaela Luana Câmara


Graduanda em Psicologia pela Faculdade de
Ciências e Letras de Assis – Unesp

Renatha El Rafihi-Ferreira
Doutoranda em Psicologia Clínica pela
Universidade de São Paulo - USP

Ilustração
Letícia Giovannetti
Graduanda em Psicologia pela Faculdade de Ciências e
Letras de Assis - Unesp
O Sono da Criança.
Um guia para qualidade do sono infantil

Maria Laura Nogueira Pires


Edwiges Ferreira de Mattos Silvares
(Organização)

Este livreto é direcionado aos pais e cuidadores de crianças com o


objetivo de promover uma melhor qualidade de sono infantil.

A partir de uma leitura acessível e interativa oferece educação para os


pais e cuidadores de como lidar com diferentes questões do sono da
criança.

Inclui informações sobre o sono durante o desenvolvimento da criança,


explicações sobre algumas dificuldades que ocorrem à noite e oferece
dicas de hábitos saudáveis que podem ajudar a criança a ter uma
ótima noite de sono e, com isso, ser ativa e feliz durante o dia.

Você também pode gostar