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MI N I

GUIA
higiene do sono
do bebê
eb ooks
g rá ti

@camilla_pitanga

DRA. CAMILLA PITANGA


CRM 5294844-6 | RQE 26845 CAMILLA PITANGA
SOU
EM E
U
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Médica e Pediatra pela Universidade do
Rio de Janeiro (UFRJ) e Pneumologista
Pediátrica, na cidade do Rio de Janeiro.
Mãe da Betina e do Enrico,
compartilhando minhas experiências de
maternidade e explicações de Pediatria
no Instagram (@camilla_pitanga).

Dra. Camilla Pitanga


CRM 5294844-6 | RQE 26845

Esse e-book gratuito foi criado com o intuito de


esclarecer dúvidas comuns e fornecer explicações de
perguntas recebo em meu Instagram com grande
frequência, não sendo substituto de uma consulta
médica. Caso tenha alterações no sono ou outras
queixas, procure seu Pediatra.
índice

Fatores que influenciam


positivamente o sono

A importância das
sonecas

Por que meu bebê acorda


quando coloco no berço?

Meu bebê só dorme no


colo. Como mudar?
arte 1
p

Fatores que influenciam


positivamente o sono
higie ne
do son o
Se você tiver algum problema para dormir e
procurar um médico do sono (sim! Medicina
do sono é uma especialidade médica, ou seja,
se aprende sobre sono na faculdade
também), a primeira coisa que ele irá
perguntar à você será sobre sua higiene do
sono. Ela consiste na adoção de um conjunto
de bons comportamentos, rotinas e
condições ambientais relacionadas com o
sono, que possibilitam uma melhor qualidade
e duração dele. O ideal é que ela seja
aplicada a todos. Tanto adultos, quanto
crianças têm benefícios com essas ações.

Dentre as medidas possíveis, separei algumas que


podemos usar na infância (e modificá-las para
seguirmos usando na fase adulta também).
Ter uma rotina que
inclua horário fixo
Para deitar e acordar, mesmo durante o fim de semana.
Não adianta seguir uma ordem cronológica de eventos
que antecedem o sono, se a cada dia eles ocorrerem em
horários distintos. Dormir em um horário estipulado
influencia na liberação do hormônio do crescimento à
noite e cortisol (hormônio do estresse) pela manhã. Ou
seja, tentar dormir sempre no mesmo horário traz
benefícios fisiológicos para o bebê/criança.

Evitar sonecas longas


no final de tarde
que ultrapassem 17:00/17:30. Isso vai depender da
hora que seu filho vai dormir. Como exemplo, uma
criança que irá dormir às 19:00 não deveria cochilar
até após 17:00, pois isso retardaria o início do sono
noturno.

cafeína?
Evitar a ingestão de alimentos e bebidas com
cafeína antes de dormir, como café, chás, chocolate
ou refrigerantes, como guaraná e cola (tanto por
mães que amamentam, quanto para
crianças/adolescentes quejá consumam esses
alimentos).
Praticar
atividades diárias

Seja alguma atividade física, como natação por


exemplo, ou passeios regulares na rotina). Mas
evitar fazê-lo próximo do horário de dormir.

Evitar brincadeiras agitadas próximo ao horário de


dormir. É comum termos dificuldade para nos
acalmarmos rapidamente. Os bebês, mais ainda.

Promover um ambiente
silencioso e com pouca luz
Quanto menos estímulo visual, melhor. Vale lembrar
também que a melatonina (que influencia no sono)
é liberada quando estamos no escuro.
Cheque se a temperatura está agradável. Bebês não
costumam sentir tanto frio quanto as pessoas
imaginam. Se ele transpira muito quando mama ou
acorda suado, pode ser que o ambiente esteja muito
quente.

Evite telas Evite mobilies


Evitar telas (seja Principalmente sonoros, no
TV, tablet ou berço. Em muitos, faz o efeito
telefone) próximo à contrário. Ao invés de distrair
hora de dormir. e acalmar, podem agitar.
Evite colocar o bebê durante
o dia para brincar no berço.

O ideal é que ele reconheça o berço/cama


como um local para dormir. Para as crianças
maiores (e até adultos) orientamos não
estudar ou trabalhar no mesmo ambiente
onde a pessoa irá adormecer (quando
possível, claro).
arte2
p

A importância das
sonecas
SONECA
S

S
Talvez antes de
termos filhos até pensemos
que o lógico seria que uma
criança dormir muito durante o
dia, atrapalharia o sono noturno.
Mas, na prática, quando se trata
de bebês, não é bem o que
vemos.

QUANTO MELHOR DORMEM NAS SONECAS,


MAIS CHANCE DE DORMIREM MELHOR À
NOITE.
Isso acontece porque a criança pequena
precisa dormir muitas horas para estar 100%.
Muito mais do que apenas 10 a 12h noturnas.

Quanto mais novo o bebê, maior a necessidade


de sono e menor a janela de sono.

E o que seria a tal janela


de sono?
É um termo usual para o período em que uma
criança consegue ficar acordada sem ter prejuízo
de suas funções. Ou seja, é o tempo em que a
criança consegue ficar bem entre duas sonecas.
Quanto menor o bebê, menor a janela de sono.
Por exemplo, recém nascidos mal conseguem
ficar 30 a 40 minutos acordados, enquanto
crianças de 1 ano podem ficar algumas horas.
E qual a importância de
conhecer isso?

É impedir o “efeito vulcânico”. Vamos


entender melhor.

Em algum momento da vida você já deve ter


passado muitas horas acordado e estava tão
cansado, que não conseguia adormecer. Isso
também acontece com o bebê.
Se o deixarmos muito tempo desperto e
ultrapassamos essa tal “janela de sono”, ele
pode ficar exausto e irritado de tal forma que
não consegue dormir. É o famoso relato de
que “ele está lutando contra o sono”. Na
verdade, não há luta. O bebê quer dormir.
Apenas não consegue.
Então, reconhecer qual o período ideal
para seu bebê é um mistério que
descobriremos com o tempo e observação.
Existe uma média estimada de acordo
com a idade. Mas cada criança tem suas
peculiaridades. E os sinais que
demonstram também variam. Por
exemplo, aqui em casa os sinais de sono
eram: piscadas longas, coçar nariz e
espirros, apertar os olhos, puxar orelha...

Quando observava esses sinais, era o momento


ideal de acalmar o ambiente e já prepará-los
para adormecer. Hoje, com 1 ano e 6 meses, a
rotina se fez tão certa que as sonecas
acabam sendo nos mesmos horários com poucas
variações e já não dependemos mais dos tais
“sinais de sono”.
arte3
p

Por que meu bebê acorda


quando coloco no berço?
IMAGINE DORMIR NA SUA CAMA E ACORDAR
NO MEIO DO JARDIM? ASSUSTADOR? PARA O
BEBÊ TAMBÉM.

VAMOS ENTENDER O PORQUÊ O


BERÇO/CAMA ÀS VEZES PARECE TER
ESPINHOS.
Quando despertamos, temos
imediatamente a lembrança de onde
estávamos quando adormecemos. Isso é
fisiológico. Para tentarmos entender
sobre isso, precisamos conhecer alguns
pontos importantes. O primeiro é
compreender o que é propriocepção.

Essa palavra esquisita é o termo


utilizado para nomear a capacidade
que temos em reconhecer a
localização espacial do corpo, sua
posição e orientação, a força exercida
pelos músculos e a posição de cada
parte do corpo em relação às demais,
sem utilizar a visão. Essas
informações são encaminhadas ao
sistema nervoso central pelos
receptores encontrados em músculos,
tendões, ligamentos, articulações ou
pele. Veja bem!
Pele! Ou seja, tato.
Agora, visualize um bebê envolto em um
colo. Suas partes do corpo que estão em
contato com o corpo do cuidador. A
posição de seus membros. O calor do
corpo que abraça. A pressão que
exercemos sobre suas partes para o
mantê-lo próximo à nós. Todas essas
informações se somam para mostrar ao
cérebro qual o lugar que aquele corpo se
encontra. Então o bebê relaxa. Adormece.
E você o transfere para um colchão de
berço/cama.

Consegue perceber a enorme diferença das


informações que são automaticamente
trocadas nesse momento? Temos o susto.
Começa o choro.

O problema não é o colchão em si.


Mas a troca de ambiente,
que gera desamparo.
Os bebês acordam quando são
colocados no berço porque seus corpos
mudaram de posição quando
comparados ao momento em que
adormeceram.

E o contrário também ocorre.

Se uma criança adormece no colchão, ela


provavelmente também acordará se for pega
no colo ou trocada para qualquer outro local
diferente quando não estiver em sono
profundo. Agora você consegue entender o
porquê, para alguns, o berço parece ter os tais
“espinhos”.
E como
evitamos isso?

Evitando a troca de ambientes entre o


momento “adormecer-permanecer
dormindo”. Ou seja, a melhor forma de
uma criança não acordar quando
estiver no berço é adormecendo nele.

Ah! Camilla! Mas meu bebê só


adormece no colo. Isso é tema do
próximo capítulo. Continue lendo!
parte

Meu bebê só dorme no


colo!
O que fazer?
Como mudar?
Isso é normal?
Não aguento mais...
Você ficou achando que haveria uma
resposta mágica. Mas não tem.
Vamos lá! Se o seu bebê dorme no
colo e você está feliz com isso: pule
esse capítulo!

Mas se o seu acorda 8765 vezes para


mamar na madrugada, o pai foi
expulso da cama e não está feliz com
isso, você está exausta e não aguenta
mais..aí sim, siga lendo!
Existem duas formas do bebê
parar de dormir no colo: aguardar
o bebê não querer mais ou parar
de adormecê-lo no colo.

Aguardar o bebê pode durar dias, semanas, meses


ou anos (sim! Existem crianças de anos que
precisam de colo ou dormirem entre os pais).
Teremos que aguardar para ver. E existem outras
que passaram a dormir melhor em algum
momento. Não saberemos qual caso será. Como
eu disse, a segunda forma é você parando de
adormecê-lo no colo.“Ah! Camilla! Mas envolverá
choro”. Sim. Porém, você jamais deixará chorando.
Só que, muito provavelmente, o choro existirá. Da
mesma forma que existe em diversas outras
situações que você precisará tolerar. “Camilla! Não
consigo ouvir meu filho chorar. Acho que é
maldade. Vou traumatizá-lo”. Sim. Vou te contar
que, mesmo se nós tentarmos ser “perfeitas”,
iremos traumatizá-los.
Mas aí já é assunto para conversar na
terapia. O importante é entender que não
estou falando sobre o choro controlado. Na
MINHA opinião não devemos deixar uma
criança chorando para que aprenda
qualquer coisa. Principalmente a dormir.

Vamos dar seguimento ao tema da


questão... Existe uma diferença enorme entre
dormir mamando e mamar para dormir.

Resumirei nas próximas páginas a seguir


formas que podemos conseguir que não
durmam mamando de acordo com a idade.
recém-nascido
Quando se trata de um recém nascido (bebês
até 28 dias de vida) não conseguiremos isso.

Eles mal têm forças para se manterem


acordados e todos acabarão dormindo enquanto
mamam. Nessa idade, o aconselhável seria
colocá-lo onde você espera que ele durma,
assim que adormecer mamando.

Já falamos sobre a propiocepção no capítulo


anterior e ela ajuda a entender a importância
que tenha no berço/cama um ambiente
acolhedor que envolva o bebê.
Para lactentes jovens (até 3 meses) mas que
já não são mais recém nascidos começa a ficar
mais fácil fazer com que não adormeçam
enquanto mamam.

E uma forma de ajustar isso é quando


estipulamos a rotina noturna. Inverter a ordem de
“banho-mamar-dormir” para “mamar-banho-
dormir” já ajuda bastante. Conseguir fazer isso
durante o dia também (mamar/brincar-dormir)
também ajudará nas sonecas de dia. Assim, eles
mamam para dormir mas não dormirão
mamando. Isso não restringe tempo ou volume
de mamada. Os bebês seguem em livre
demanda.
Quando os bebês ainda são bem pequenos, mas
não mais recém nascidos, alguns seguem
adormecendo muito rapidamente.

Nesse caso, podemos usar a técnica do


travesseiro/ninho.

O funcionamento dela também é explicado pela


propiocepção. Consiste em colocar sob o seu
colo um travesseiro seu grande ou o ninho.
Colocar o bebê ali e amamentá-lo segurando os
dois juntos. O bebê adormece e então você o
transfere junto com a superfície (travesseiro/
ninho) direto para cama/berço. Isso faz com que
não tenhamos tanta mudança de tato no bebê.
Ele seguirá no mesmo “ambiente” onde
adormeceu. Mas atenção! Só pode nas sonecas
de dia porque precisa ser vigiada já que a SBP
(sociedade brasileira de pediatria) orienta que a
criança durma apenas no berço (sem nada
dentro).
Para bebês maiores de 3 meses
já fica um pouco mais complexo.

Imagine você passar 100% da sua vida fazendo


algo e ter que mudar? Nessa idade, eles já
conseguem mamar e não adormecer no seio.
Mas a maioria segue dormindo enquanto mama,
provavelmente, porque seguimos desde que
eram recém nascidos (os mantendo no colo
mesmo após terem adormecido). Então como
tentar melhorar isso? Aqui entra a “Pick up/put
down”. Se ele mamou há pouco tempo e está
saudável no momento, ela pode ser tentada. É
tentar colocá-lo no berço/cama ainda sonolento.
No início, pode ser que ele desperte algumas
vezes ao ser colocado ali. E devemos pega-lo,
acalma-lo e colocá-lo de volta. Mesmo que isso
aconteça várias vezes, no dia seguinte será
menos, no outro menos ainda.. entenda que, em
nenhum momento, você o deixará chorando.
Maiores de 1 ano

Para crianças maiores de 1 ano, nós já


conseguimos conversar e explicar.

Ficaremos ao lado e podemos inicialmente deitar


junto ou ficar próximo até que adormeça. Aos
poucos, vamos nos afastando posicionalmente
do local onde ele dorme. Até que não será mais
necessária nossa presença ali durante muito
tempo. Para essas crianças a ajuda do
pai/avó/babá também pode ser muito boa. A
criança sentir que existe outro cuidador que
possa colocá-la para dormir e que passa
segurança, é muito positivo para o
desenvolvimento emocional dela.
Vale a pena passar pelo estresse que
poderá ser para dormir melhor à noite?
Para uns, com certeza. Para outros, de
forma alguma. Só você poderá responder
essa pergunta.
A questão é avaliar se a situação atual do
sono na sua casa está sendo boa para
todos que moram nela. Caso esteja,
maravilha! Mas se não tiver, vale a pena
rever isso.
Eu não estou aqui dizendo o que você deve
ou não fazer. Apenas expliquei as formas
possíveis.
E se você conhecer alguma forma
milagrosa, conte! Tenho certeza que vai
ajudar muita gente!
fim!
Espero que esse e-book tenha te ajudado a
entender um pouquinho melhor sobre a
higiene do sono do bebê (e que facilite sua
vida, rs).

Salve para consultar no


computador/celular quando quiser.

Gostou do e-book?

1) Responda, se possível, esse


questionário (clique no ícone
ao lado). Não se preocupe: é anônimo!

2) Recomende-o para mais mães e pais


(para ter acesso, só ir no post no meu perfil
no Instagram @camilla_pitanga)

@camilla_pitanga

CAMILLA PITANGA

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