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Contratos Administrativos na NLLC 14.

133/2021

Lindineide Oliveira Cardoso


Servidora de carreira da Justiça Eleitoral. Bacharel em Direito.
Especialista em Direito Processual Civil, com Formação
para o Magistério Superior na área do Direito, Especialista
em Licitações e Contratos. Larga experiência em Direito
Administrativo, com ênfase em Gestão e Fiscalização de
Contratos. Ex-Chefe da Seção de Gestão de Contratos do
Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas. Palestrante, professora e
instrutora em Gestão e Fiscalização de Contratos. Colunista do
portal Sollicita. Criadora do perfil no Instagram @o_xdagestao
onde compartilha gratuitamente conhecimento sobre o dever
de acompanhamento da execução contratual.

Apresentação
A Lei 14.133/2021, intitulada de nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos,
alterou significativamente a ultrapassada Lei 8.666/1993, trazendo mudanças que já estão
impactando profundamente a forma de se interpretar o regime jurídico dos contratos
administrativos. A nova era é sedimentada pela ampliação do uso dos ajustes firmados entre a
Administração Pública e particulares, pela diminuição das barreiras e redução de burocracias,
tudo isso como reflexo do nosso atual Estado Democrático de Direito.
Neste redesenho da tutela jurídica dos contratos administrativos encontram-se os
aplicadores do novo sistema que devem revestir-se de novo olhar, em especial quando lançar
mão das cláusulas exorbitantes, privilégio excepcionalmente conferido pelo legislador.
Na nova legislação, há ainda notória evolução acerca da celebração de contratos de
fornecimentos contínuos os quais, como regra, serão celebrados por um prazo mais alongado -
de até 5 (cinco) anos, podendo atingir vigência máxima decenal (artigos 106 e 107).
Sob a égide da Lei nº 8.666/1993, adota-se como preceito, a vigência limitada ao
exercício financeiro, sendo exceções à regra, a vigência que ultrapasse esse lapso temporal
(incisos I a IV do art. 57).
Na nova Lei de Licitações o legislador é taxativo ao dispor que, para os contratos de
prestação de serviços ou fornecimento contínuos, a regra é a possibilidade de prazo inicial
ampliado, desde que presentes os requisitos legalmente estabelecidos.
Essas e outras mudanças trazidas pela Lei nº 14.133/2021 são objeto deste volume IV.
Um boa leitura.

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Sumário

1. Das Prerrogativas da Administração.......................................................................................pág. 04

1.1. Mesmas prerrogativas

1.2. Novos tempos

2. Da Duração dos Contratos........................................................................................................pág. 08

2.1. Contratos com duração de até 5 anos (art. 106)

2.2. Prorrogações sucessivas e prazo decenal para contratos de serviços e fornecimentos

contínuos (art. 107)

2.3. Contratos celebrados com duração de até 10 (dez) anos (art. 108)

2.4. Contratos celebrados com duração indeterminada (art. 109)

2.5. Contratos celebrados com duração de até 35 (trinta e cinco) anos (art. 110)

2.6. Prorrogação automática para os contratos por escopo (art. 111)

2.7. Contratos firmados sob o regime de fornecimento e prestação de serviço associado

(art. 113)

2.8. Contrato de operação continuada de sistemas estruturantes (art. 114)

3. Você está preparado para o acompanhamento desses contratos?..................................pág. 14

4. O uso do CONTRATOS GOV como um importante aliado da Administração Pública...pág. 16

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Das Prerrogativas
da Administração
Contratos Administrativos na NLLC 14.133/2021

1. Das Prerrogativas da Administração


1.1. Mesmas prerrogativas

As prerrogativas da Administração ou cláusulas exorbitantes consubstanciam verdadeiros


poderes para a satisfação do interesse público, colocam a administração em “um patamar
de relativa superioridade, na relação contratual formada”1, independentemente de expressa
previsão editalícia ou contratual.
Sob o fundamento do princípio da supremacia do interesse público, o art. 104 da Lei
14.133/2021 estabelece que a Administração Pública possui, quanto aos contratos por ela
celebrados, as prerrogativas de:

➜ modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse


público, respeitados os direitos do contratado;
➜ extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados na Lei de Licitações e
Contratos;
➜ fiscalizar sua execução;
➜ aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
➜ ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e serviços
vinculados ao objeto do contrato nas hipóteses de:
- risco à prestação de serviços essenciais;
- necessidade de acautelar a apuração administrativa de faltas contratuais
pelo contratado, Inclusive após extinção do contrato.

Prevalece a regra de que o “exercício das competências anômalas da Administração”2 não


pode ser realizado em afronta à garantia de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
contratual (inciso XXI, do art. 37 da CF).
Sendo certo que a equação econômico-financeira do contrato abrange todos os
aspectos econômicos ligados às prestações das partes, compreendendo o montante devido
ao particular, o prazo e a periodicidade dos pagamentos, os encargos e todos os fatores que
possam influenciar o custo e o resultado da contratação.

1.2 Novos tempos

Embora diante das mesmas prerrogativas presentes na antiga e quase extinta LGL a
interpretação que se faz das cláusulas exorbitantes do artigo 104 da nova lei de licitações deve
conviver bem com os tempos atuais. Afinal de contas, migramos de uma lei proveniente de
tempos analógicos para uma nova regulação, sancionada em plena era digital.

1 Ronny Charles Lopes de Torres e Fernando Ferreira Baltar Neto. Direito Administrativo. Coleção Sinopses para
Concursos. Volume 9. Pág. 411.
2 Marçal Justen Filho. Curso de Direito Administrativo. p. 454.

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A Lei nº 14.133/2021 inaugura uma era digital das contratações públicas decorrente,
entre outros fatores, da ampliação do uso dos ajustes firmados entre a Administração Pública
e particulares, da diminuição das barreiras e da redução de burocracias, como reflexo do nosso
atual Estado Democrático de Direito.
Nesse sentido, Ronny Charles Lopes de Torres3:

(...) a tendência de contratualização da atividade administrativa é, na verdade, um


reflexo da ampliação do Estado Democrático de Direito, conceito que, ao mesmo
tempo, impõe a relativização dos autoritarismos estatais (inclusive nos contratos)
incompatíveis com essa formatação constitucional de Estado.

Vale mencionar que o exercício das competências anômalas das Administração Pública
não é ilimitada, decorrente de autoritarismos ou quereres, posto que necessário o atendimento
de determinadas condições de validade a saber.

• A finalidade, melhor adequação às finalidades públicas.


• Obediência aos princípios, às regras contratuais e às disposições da LINDB.
• A medida tem que ser adequada, apta, necessária e proporcional.
• Respeito aos direitos do contratado, em especial o direito constitucional à
manutenção do equilíbrio econômico financeiro do contrato.

O gestor público ao fazer uso das cláusulas exorbitantes deve demonstrar a existência
de nexo causal entre o fato e a necessidade de aplicação desse poder extroverso, atento aos
limites impostos pela própria lei e às condições de validade do seu ato.

1.3 Princípios e consequências

Na atualidade invocar o exercício das cláusulas exorbitantes significa que a autoridade


pública, diante de determinada situação, antes de decidir deve considerar todas as opções
disponíveis, utilizar-se de critérios de proporcionalidade, adequação e necessidade, do dever
de motivação, de fato e de direito e ter como motivo determinante o bom funcionamento dos
serviços públicos.
Tudo isso impõe o dever de observação aos princípios da legalidade, da impessoalidade,
da moralidade, da publicidade, da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa,
da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da segregação de funções,
da motivação, da vinculação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da
razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economicidade e do
desenvolvimento nacional sustentável, assim como as disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de
4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).4
Sendo assim, FERE o princípio da supremacia do interesse público:

3 Ronny Charles Lopes de Torres, Leis de Licitações Públicas Comentadas. Editora Jus PODIVM. 2020.
4 Artigo 5º da Lei nº 14.133/2021.

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1. A modificação unilateral SEM demonstrar o atendimento às finalidades de


interesse público e SEM respeito aos direitos do contratado, em especial o direito à
manutenção do equilíbrio contratual;
2. A extinção unilateral SEM atentar aos casos legalmente especificados;
3. A AUSÊNCIA de fiscalização por representante designado pela Administração;
4. A NÃO aplicação da penalidade cabível, quando constatada a inexecução parcial
ou total do ajuste;
5. A ocupação pela Administração de bens móveis e imóveis e a utilização de
pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, de forma IMOTIVADA ou sem
demonstração de que a medida era a única necessária e apta, em face das possíves
alternativas também consideradas.

O gestor público não pode se valer dessas competências especiais legalmente


estabelecidas para fundamentar decisões vazias, fundadas em análises superficiais, cujos
impactos, aos longo dos anos, têm sido desastrosos para o Poder Público, afinal “o núcleo
do direito administrativo não é o poder (e suas conveniências) mas a realização dos direitos
fundamentais. Qualquer invocação genérica do interesse público deve ser repudiada por ser
incompatível com o Estado Democrático de Direito e a consagração dos direitos fundamentais”5.

CAPÍTULO IV
DAS PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO
Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a
eles, as prerrogativas de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados
os direitos do contratado;
II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta Lei;
III - fiscalizar sua execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e serviços vinculados ao objeto do
contrato nas hipóteses de:
a) risco à prestação de serviços essenciais;
b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, inclusive após
extinção do contrato.
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos não poderão ser alteradas sem prévia
concordância do contratado
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I docaputdeste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do contrato
deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual.

5 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de licitações e contratos administrativos: Lei 8.666/1993. 18. ed.
rev., e ampl.. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019.

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Da Duração
dos Contratos
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2. Da Duração dos Contratos


A nova Lei Geral de Licitações e Contratos Administrativos quebra a regra da Lei nº
8.666/1993 de duração dos contratos limitada à vigência do respectivo crédito orçamentário,
autorizando, em seu artigo 106, a celebração de contratos com duração superior a um ano,
desde que atendidos os seguintes requisitos:

• previsão em edital;
• disponibilidade de créditos orçamentários;
• previsão no plano plurianual.

2.1 Contratos com duração de até 5 anos (art. 106)

Notória evolução diz respeito à possibilidade de a Administração celebrar contratos


de fornecimentos contínuos de bens, aluguel de equipamentos, utilização de programas de
informática e de serviços contínuos6, com prazo de até 5 (cinco) anos, desde que observadas
as seguintes diretrizes:

➜ a autoridade competente do órgão ou entidade ateste a maior vantagem


econômica vislumbrada em razão da contratação plurianual;
➜ a Administração ateste, no início da contratação e de cada exercício, a existência de
créditos orçamentários vinculados à contratação e a vantagem em sua manutenção;
➜ a Administração poderá extinguir o contrato, sem ônus, quando não dispuser de
créditos orçamentários para sua continuidade ou quando entender que o contrato
não mais lhe oferece vantagem.

Embora o legislador estabeleça uma duração mais alongada dos contratos e amplie essa
possibilidade para os contratos de fornecimentos contínuos, acertadamente impõe requisitos
que podem ser divididos em duas categorias:

i. Requisitos para a celebração com prazo de até 5 (cinco) anos:


a. serviços e fornecimentos de natureza contínua;
b. existência de créditos orçamentários vinculados à contratação;
c. autoridade competente ATESTE maior vantagem econômica vislumbrada em
razão da contratação plurianual.

6 Serviços de natureza contínua são serviços auxiliares e necessários à Administração no desempenho das
respectivas atribuições. São aqueles que, se interrompidos, podem comprometer a continuidade de atividades
essenciais e cuja contratação deva estender-se por mais de um exercício financeiro. (TCU. Licitações e Contratos,
p. 722)..

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ii. Requisitos para manutenção do contrato


a. no início de cada exercício financeiro a Administração ATESTE a existência de
créditos orçamentários vinculados à contratação;
b. a Administração ATESTE a vantagem em sua manutenção.

De notar-se que se estabelece um dever de reavaliação anual do contrato, o qual, em


nossa opinião, será fundamental para a manutenção ou extinção (sem ônus) da avença.
Ressalta-se que à Administração não é facultado manter contrato com execução precária,
restando-lhe, com fundamento no histórico do acompanhamento realizado pela fiscalização,
promover a resolução desse contrato com fundamento no inciso III, do art. 106.
Em artigo publicado no Portal Sollicita7, assim opinamos:

Em nossa opinião a vantajosidade a ser verificada deve ser ampla (preço + condições
de execução). Situação que envolve um detalhado acompanhamento por parte da
fiscalização, inclusive, prestando à autoridade competente, em tempo hábil, informações
técnicas sobre a satisfatoriedade da execução do contrato. Não comungamos do
entendimento de que a análise da vantajosidade diz respeito apenas ao fator “preço”,
afinal a manutenção de contrato com execução precária acarreta graves danos à
Administração.

Fique atento!

A extinção acima mencionada ocorrerá apenas na próxima data de aniversário


do contrato e não poderá ocorrer em prazo inferior a 2 (dois) meses, contado da
referida data (§1º do art. 106).

2.2 Prorrogações sucessivas e prazo decenal para contratos de serviços e


fornecimentos contínuos (art. 107)

Para os contratos de serviços e fornecimentos contínuos a nova Lei admite a possibilidade


de prorrogações sucessivas, respeitada a vigência máxima decenal, atendidos os seguintes
requisitos:

➜ haja previsão em edital;


➜ que a autoridade competente ateste que as condições e os preços permanecem
vantajosos para a Administração;
➜ permitida a negociação com o contratado ou a extinção contratual sem ônus para
qualquer das partes.

7 Duração dos Contratos Administrativos: você sabe quais são as inovações?

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2.3 Contratos celebrados com duração de até 10 (dez) anos (art. 108)

A nova Lei também faculta à Administração celebrar contratos diretamente comduração


de até 10 (dez) anos nas hipóteses previstas nas alíneas “f” e “g” do inciso IV e nos incisos V, VI,
XII e XVI do caput do art. 75, hipóteses de dispensa de licitação que se referem, resumidamente,
a:

➜ alta complexidade tecnológica e defesa nacional;


➜ materiais de uso das Forças Armadas, para fins de padronização (com exceções);
➜ inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo;
➜ comprometimento da segurança nacional;
➜ transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de
Saúde (SUS);
➜ insumos estratégicos para a saúde.

2.4 Contratos celebrados com duração indeterminada (art. 109)

A Administração também poderá celebrar contratos com duração por prazo indeterminado
nas situações em que seja usuária de serviço público oferecido em regime de monopólio, desde
que comprovada, a cada exercício financeiro, a existência de créditos orçamentários vinculados
à contratação.

2.5 Contratos celebrados com duração de até 35 (trinta e cinco) anos (art. 110)

O contrato de eficiência é aquele cujo objeto é a prestação de serviços, que pode incluir
a realização de obras e o fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao
contratante, na forma de redução de despesas correntes, sendo o contratado remunerado
com base em percentual da economia gerada.
A Lei estabelece que na contratação que gere receita e no contrato de eficiência que
gere economia para a Administração, os prazos serão de:

➜ até 10 (dez) anos, nos contratos sem investimento;


➜ até 35 (trinta e cinco) anos, nos contratos com investimento, assim considerados
aqueles que impliquem a elaboração de benfeitorias permanentes, realizadas
exclusivamente a expensas do contratado, que serão revertidas ao patrimônio da
Administração Pública ao término do contrato.

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Fique atento!

NOS CONTRATOS DE EFICIÊNCIA, O QUE OCORRE SE A ECONOMIA NÃO


FOR ALCANÇADA?
Nos termos do art. 39 da Lei 14.133/2021, caso a economia não seja
alcançada:

• a diferença entre a economia contratada e a efetivamente obtida será


descontada da remuneração do contratado;
• se a diferença entre a economia contratada e a efetivamente obtida
for superior ao limite máximo estabelecido no contrato, o contratado
sujeitar-se-á, ainda, a outras sanções cabíveis.

2.6 Prorrogação automática para os contratos por escopo (art. 111)

Considera-se serviços não contínuos ou contratados por escopo aqueles que impõem ao
contratado o dever de realizar a prestação de um serviço específico em período predeterminado,
podendo ser prorrogado, desde que justificadamente, pelo prazo necessário à conclusão do
objeto.
A Lei 14.133/2021 previu para esse tipo de ajuste que o prazo de vigência será
automaticamente prorrogado quando seu objeto não for concluído no período firmado no
contrato.
No entanto, se a não conclusão decorrer de culpa do contratado:

➜ o contratado será constituído em mora, aplicáveis a ele as respectivas sanções


administrativas;
➜ a Administração poderá optar pela extinção do contrato e, nesse caso, adotará as
medidas admitidas em lei para a continuidade da execução contratual.

2.7 Contratos firmados sob o regime de fornecimento e prestação de serviço associado


(art. 113)

O contrato firmado sob o regime de fornecimento e prestação de serviços associado


é aquele em que, além do fornecimento do objeto, o contratado responsabiliza-se por sua
operação, manutenção ou por ambas, por tempo determinado.
Esse modelo de contratação terá sua vigência máxima definida pela soma do prazo
relativo ao fornecimento inicial ou à entrega da obra com o prazo relativo ao serviço de operação
e manutenção, este limitado a 5 (cinco) anos contados da data de recebimento do objeto inicial,
autorizada a prorrogação decenal prevista no art. 107 da nova Lei.

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Fique atento!

O contrato que previr a operação continuada de sistemas estruturantes de


tecnologia da informação poderá ter vigência máxima de 15 (quinze) anos.

2.8 Contrato de operação continuada de sistemas estruturantes (art. 114)

O contrato que previr a operação continuada de sistemas estruturantes de tecnologia


da informação8 poderá ter vigência máxima de 15 (quinze) anos.

➜ haja previsão em edital;


➜ que a autoridade competente ateste que as condições e os preços permanecem
vantajosos para a Administração;
➜ permitida a negociação com o contratado ou a extinção contratual sem ônus para
qualquer das partes.

8 Os sistemas estruturantes oferecem apoio informatizado a atividades como a execução financeira e orçamentária
do governo federal, a administração de pessoal, contabilidade, auditoria e serviços gerais. Fonte: https://www.
serpro.gov.br/menu/noticias/noticias-antigas/noticias-2015/voce-sabe-o-que-sao-sistemas-estruturantes

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Você está preparado
para o acompanhamento
desses contratos?
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3. Você está preparado para o


acompanhamento desses contratos?
É inegável que a duração mais duradoura dos contratos impôe uma atuação mais
estratégica, reflexiva e apta ao alcance de resultados satisfatórios ou, ao menos, de contínua
melhoria das contratações públicas.
A manutenção do contrato dependerá de uma atitude do poder público inclinada a
avaliar e reavaliar perenemente as reais condições de sua execução, isso porque os contratos
administrativos com duração plurianual, ainda que patente a alocação de seus riscos, sujeitam-
se a adversidades imprevistas, ou, se previstas de consequências incalculáveis, sendo socorridos
pela características da mutabilidade.

Tal característica, embora permita a realização de alterações nas condições iniciais


do contrato, inclusive de forma unilateral pela Administração, encontra limitação na própria
legislação e nos direitos legal e contratualmente previstos para o contratado, em especial
quanto à manutenção da equação econômico-financeira do ajuste, a qual, ensina o professor
Marçal Justen Filho9:

“abrange todos os aspectos econômicos relevantes para a execução da prestação.


Isso compreende não apenas o montante de dinheiro devido ao particular contratado,
mas também o prazo estimado para o pagamento, a periodicidade dos pagamentos, a
abrangência do contrato e qualquer outra vantagem que a configuração da avença possa
produzir”

Por certo, a duração maior do ajuste deve considerar a dinâmica da fase de execução
contratual e os riscos circunstanciais nela envolvidos, exigindo-se um acompanhamento
mais rigoroso por parte da fiscalização e uma maior comunicação entre as diversas áreas, na
busca de soluções inovadoras, do aprimoramento da fases que antecedem a contratação e da
implementação de estratégias favoráveis ao efetivo alcance dos objetivos estabelecidos no
caput do art. 11, da Lei 14.133/202110, não dando margem para que se perpetuem contratações
reputadas desvantajosas para a Administração.

9 Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 13. ed. rev., atual. e ampl., São Paulo:
Thomson Reuters. Brasil. 2018. p. 455.
10 Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos: I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado
de contratação mais vantajoso para a Administração Pública, inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto;
II - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem como a justa competição; III - evitar contratações
com sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis e superfaturamento na execução dos contratos;
IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável.

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O uso do
CONTRATOS GOV
como um importante
aliado da Administração
Pública
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3. O uso do CONTRATOS GOV


como um importante aliado da
Administração Pública

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LEGISLAÇÃO APLICADA
CAPÍTULO V Pública ao término do contrato.
DA DURAÇÃO DOS CONTRATOS Art. 111. Na contratação que previr a
conclusão de escopo predefinido, o prazo de vigência
Art. 105. A duração dos contratos regidos será automaticamente prorrogado quando seu objeto
por esta Lei será a prevista em edital, e deverão ser não for concluído no período firmado no contrato
observadas, no momento da contratação e a cada Parágrafo único. Quando a não conclusão
exercício financeiro, a disponibilidade de créditos decorrer de culpa do contratado:
orçamentários, bem como a previsão no plano plurianual, I - o contratado será constituído em mora,
quando ultrapassar 1 (um) exercício financeiro. aplicáveis a ele as respectivas sanções administrativas;
Art. 106. A Administração poderá celebrar II - a Administração poderá optar pela extinção
contratos com prazo de até 5 (cinco) anos nas hipóteses do contrato e, nesse caso, adotará as medidas admitidas
de serviços e fornecimentos contínuos, observadas as em lei para a continuidade da execução contratual.
seguintes diretrizes: Art. 112. Os prazos contratuais previstos nesta
I - a autoridade competente do órgão ou Lei não excluem nem revogam os prazos contratuais
entidade contratante deverá atestar a maior vantagem previstos em lei especial.
econômica vislumbrada em razão da contratação Art. 113. O contrato firmado sob o regime de
plurianual; fornecimento e prestação de serviço associado terá sua
II - a Administração deverá atestar, no início da vigência máxima definida pela soma do prazo relativo
contratação e de cada exercício, a existência de créditos ao fornecimento inicial ou à entrega da obra com o
orçamentários vinculados à contratação e a vantagem prazo relativo ao serviço de operação e manutenção,
em sua manutenção; este limitado a 5 (cinco) anos contados da data de
III - a Administração terá a opção de extinguir recebimento do objeto inicial, autorizada a prorrogação
o contrato, sem ônus, quando não dispuser de créditos na forma do art. 107 desta Lei.
orçamentários para sua continuidade ou quando Art. 114. O contrato que previr a operação
entender que o contrato não mais lhe oferece vantagem. continuada de sistemas estruturantes de tecnologia da
§ 1º A extinção mencionada no inciso III do informação poderá ter vigência máxima de 15 (quinze)
caput deste artigo ocorrerá apenas na próxima data de anos.
aniversário do contrato e não poderá ocorrer em prazo
inferior a 2 (dois) meses, contado da referida data.
§ 2º Aplica-se o disposto neste artigo ao
aluguel de equipamentos e à utilização de programas
de informática.
Art. 107. Os contratos de serviços e
fornecimentos contínuos poderão ser prorrogados
sucessivamente, respeitada a vigência máxima
decenal, desde que haja previsão em edital e que a
autoridade competente ateste que as condições e os
preços permanecem vantajosos para a Administração,
permitida a negociação com o contratado ou a extinção
contratual sem ônus para qualquer das partes.
Art. 108. A Administração poderá celebrar
contratos com prazo de até 10 (dez) anos nas hipóteses
previstas nas alíneas “f” e “g” do inciso IV e nos incisos
V, VI, XII e XVI do caput do art. 75 desta Lei.
Art. 109. A Administração poderá estabelecer
a vigência por prazo indeterminado nos contratos em
que seja usuária de serviço público oferecido em regime
de monopólio, desde que comprovada, a cada exercício
financeiro, a existência de créditos orçamentários
vinculados à contratação.
Art. 110. Na contratação que gere receita e
no contrato de eficiência que gere economia para a
Administração, os prazos serão de:
I - até 10 (dez) anos, nos contratos sem
investimento;
II - até 35 (trinta e cinco) anos, nos contratos
com investimento, assim considerados aqueles que
impliquem a elaboração de benfeitorias permanentes,
realizadas exclusivamente a expensas do contratado,
que serão revertidas ao patrimônio da Administração

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Referências
Contratos Administrativos na NLLC 14.133/2021

Referências
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/constituicao/constituicao.html. Acesso em: 10 jun. 2022.

Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da


Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e
dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, p. 8269, Brasília, DF, 22 jun. 1993.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.html. Acesso em: 10 jun.
2022.

Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos.


Diário Oficial da União: seção 1, Edição Extra -F - p. 1, Brasília, DF, 1 abr. 2021. Disponível
em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.133-de-1-de-abril-de-2021-311876884.
Acesso em: 10 jun. 2022.

Licitações e Contratos: orientações e jurisprudência do TCU / Tribunal de Contas


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Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Secretaria de Gestão.


Instrução Normativa nº 5, de 26 de maio de 2017. Dispõe sobre as regras e diretrizes do
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Duração dos Contratos Administrativos: você sabe quais são as inovações?

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