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Tribunal Regional Federal da 5ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico


Consulta Processual

09/09/2018

Número: 0811322-75.2018.4.05.0000
Classe: HABEAS CORPUS
Partes
Tipo Nome
ADVOGADO Caio Cesar Vieira Rocha
PACIENTE IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
PACIENTE GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO
PACIENTE JERONIMO ALVES BEZERRA
IMPETRADO JUÍZO DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
CUSTOS LEGIS MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PACIENTE FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
IMPETRANTE Marcelo Leal de Lima Oliveira
ADVOGADO tiago asfor rocha lima
ADVOGADO ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
ADVOGADO Marcelo Leal de Lima Oliveira

Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
4050000.1178945 23/07/2018 Habeas Corpus Petição Inicial
9 17:31
4050000.1178946 23/07/2018 1 Deusmar Habeas Corpus TRF5 dosimetria Documento de Comprovação
0 17:31 Garimpagem final Corrigido Papel Timbrado
4050000.1178946 23/07/2018 2 Denúncia Documento de Comprovação
3 17:31
4050000.1178946 23/07/2018 3 Sentença Documento de Comprovação
6 17:31
4050000.1178947 23/07/2018 4 Acórdão Apelação Documento de Comprovação
2 17:31
4050000.1178947 23/07/2018 5 Acórdão 1 EDcl Documento de Comprovação
4 17:31
4050000.1178947 23/07/2018 6 Acórdão 2 EDcl Documento de Comprovação
5 17:31
4050000.1178947 23/07/2018 7 Decisão Monocrática Fischer Documento de Comprovação
8 17:31
4050000.1178948 23/07/2018 8 Acórdao AgRg no REsp Documento de Comprovação
2 17:31
4050000.1178993 23/07/2018 Certidão de Distribuição Certidão
7 17:35
4050000.1179082 23/07/2018 CERTIDÃO Certidão
4 18:12
4050000.1179083 23/07/2018 Certidão de Redistribuição Certidão
1 18:13
4050000.1179490 24/07/2018 Certidão de Retificação de Autuação Certidão de retificação de autuação
1 00:00
4050000.1198131 09/08/2018 Decisão Decisão
3 13:55
4050000.1198446 09/08/2018 Solicitação de Informação aoJuízo da Informação
5 17:41 11ªVara/CE
4050000.1198447 09/08/2018 Intimação Expediente
5 17:42
4050000.1198606 09/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
9 18:48
4050000.1198607 09/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
0 18:48
4050000.1198607 09/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
1 18:48
4050000.1198607 09/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
2 18:48
4050000.1203353 14/08/2018 Informações da 11ª Vara Federal - JFCE Informações da autoridade coatora
1 18:46
4050000.1203353 14/08/2018 Informação HC 0811322-75.2018.4.05.0000 Informações da autoridade coatora
2 18:46
4050000.1203353 14/08/2018 Intimação Expediente
9 18:47
4050000.1203526 14/08/2018 Petição Petição
4 20:16
4050000.1203526 14/08/2018 Deusmar Juntada de Documentos HC Documento de Comprovação
5 20:16 Dosimetria
4050000.1203531 14/08/2018 01 - Termo de Acusação - CVM Documento de Comprovação
7 20:16
4050000.1203533 14/08/2018 02 -Termo de compromisso CVM Documento de Comprovação
8 20:16
4050000.1203533 14/08/2018 03 - Interrogatório PF - Deusmar Documento de Comprovação
9 20:16
4050000.1203534 14/08/2018 04 - Interrogatório PF - Geraldo Documento de Comprovação
1 20:16
4050000.1203534 14/08/2018 05 - Interrogatório PF - Ielton Documento de Comprovação
2 20:16
4050000.1203534 14/08/2018 06 - Interrogatório PF - Jerônimo Documento de Comprovação
3 20:16
4050000.1203534 14/08/2018 07 - Ata de audiência - Deusmar Documento de Comprovação
8 20:16
4050000.1203535 14/08/2018 08 - Ata de audiência - Geraldo Documento de Comprovação
0 20:16
4050000.1203535 14/08/2018 09 - Ata de audiência - Ielton Documento de Comprovação
3 20:16
4050000.1203536 14/08/2018 10 - Ata de audiência - Jerônimo Documento de Comprovação
3 20:16
4050000.1203538 14/08/2018 11- Parecer TENDENCIAS - Deusmar reduzido Documento de Comprovação
7 20:16 Parte1
4050000.1203539 14/08/2018 11- Parecer TENDENCIAS - Deusmar reduzido Documento de Comprovação
6 20:16 Parte2
4050000.1204717 15/08/2018 Intimação Expediente
3 14:55
4050000.1209170 19/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
2 00:00
4050000.1213024 22/08/2018 2018 FJAF 283 PAR HC 0811322-75 Petição
0 16:35 dosimetria.pdf
4050000.1214844 23/08/2018 Pedido de Sustentação oral Petição
5 17:01
4050000.1214845 23/08/2018 Deusmar TRF5 HC Pedido de sustentação oral Documento de Comprovação
0 17:01 2
4050000.1214855 23/08/2018 Decisão Decisão
3 18:09
4050000.1215180 23/08/2018 Intimação Expediente
3 19:05
4050000.1215557 24/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
8 00:00
4050000.1215725 24/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
3 10:42
4050000.1216300 24/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
3 17:11
4050000.1217383 25/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
4 00:00
4050000.1219424 28/08/2018 PRR5 REGIAO-MANIFESTACAO- Petição
8 11:19 15442_2018.pdf
4050000.1224253 31/08/2018 Intimação de Pauta Intimação de Pauta
9 13:50
4050000.1224672 31/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
1 17:16
4050000.1224685 31/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
9 17:33
4050000.1224686 31/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
0 17:33
4050000.1224686 31/08/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
1 17:34
4050000.1229534 05/09/2018 Certidão de Intimação Certidão de Intimação
5 14:17
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT

PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

Conexo ao HABEAS CORPUS Nº 0802530-35.2018.4.05.0000

FRANCISCO CÉSAR ASFOR ROCHA, brasileiro, casado, advogado, inscrito na OAB/SP nº 329.034,
podendo ser localizado no SHIS, QL 14, Conjunto 9, Casa 18, Brasília - DF, ANASTACIO JORGE
MATOS DE SOUSA MARINHO, OAB/CE 8502, CAIO CESAR VIEIRA ROCHA, OAB/CE 15.095 e
TIAGO ASFOR ROCHA LIMA, OAB/CE 16.386, sócios de Rocha, Marinho e Sales Advogados S/S,
com Endereço na Av. Des. Moreira, 760, 6º andar, Fortaleza - CE, e MARCELO LEAL DE LIMA
OLIVEIRA e LUIZ EDUARDO RUAS BARCELLOS DO MONTE, advogados inscritos na Ordem dos
Advogados do Brasil sob os nºs 21.932/DF e 41.950/DF, ambos com endereço profissional no SMDB,
Conjunto 06, Lote 06, Brasília - DF, vêm, à presença deste Sodalício, impetrar

HABEAS CORPUS

(com pedido de liminar)

em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS , brasileiro, casado, empresário, portador da


Carteira de Identidade RG nº 207.206 SSP/CE, residente e domiciliado na Avenida Beira Mar, 2270, apto.
1300, Fortaleza - CE, GERALDO GADELHA FILHO , brasileiro, casado, advogado, portador do RG
nº 950.021.727-86 SSP/CE, residente e domiciliado à Rua Joaquim Nabuco, nº 1400, apt. 602,
Fortaleza/CE, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA , brasileiro, separado judicialmente, economista,
portador do RG nº 10.781-82 SSP/CE, residente e domiciliado à Rua Silva Jatahy, nº 220, apt. 1600,
Fortaleza/CE e JERÔNIMO ALVES BEZERRA , brasileiro, solteiro, inscrito no CPF/MF sob o nº
232.814.993-68, residente e domiciliado à Rua Paula Ney, nº 827, apt. 1301, Aldeota, Fortaleza/CE, em
face de ato coator praticado pelo juízo da 11ª Vara Federal da Seção Judiciária do Ceará, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

1/22
I - BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. 1. Os Pacientes foram denunciados pela suposta prática dos crimes previstos


nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76.

1. 2. A sentença acabou condenando-os, havendo aplicado pena de 15 anos e 10


meses de reclusão ao Paciente FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS e de 10 anos de reclusão
aos demais.

1. 3. Em sede de Recurso de Apelação, houve por bem este Tribunal Regional


Federal da 5ª Região reconhecer a prescrição em relação ao crime previsto no art. 27-C da Lei nº
6.385/76, restando as penas fixadas em relação ao crime previsto no artigo 7º, IV, da Lei nº
7.492/86, da seguinte forma:

FRANCISCO DEUSMAR - 9 anos e 2 meses de reclusão

GERALDO GADELHA - 5 anos de reclusão

IELTON BARRETO - 5 anos de reclusão

JERÔNIMO BEZERRA - 5 anos de reclusão

1. 4. Interposto Recurso Especial, seu julgamento ainda não foi finalizado ante a
oposição de Embargos de Declaração para a integração do acórdão.

1. 5. Neste ínterim, ao compulsar os autos da Ação Penal, os Impetrantes,


recentemente constituídos, perceberam grave constrangimento ilegal no tocante à dosimetria
da pena , o que reverbera na liberdade dos Pacientes, em razão da iminência do trânsito em julgado
que poderá culminar nas suas prisões.

1. 6. Trata-se de constrangimento praticado pela sentença e jamais analisado, por


esta Corte ou pelo próprio Superior Tribunal de Justiça, autorizando o conhecimento da presente
impetração, como se verá.

II - DO CABIMENTO DA PRESENTE IMPETRAÇÃO

2/22
1. 7. A impetração de habeas corpus para a verificação das ilegalidades
praticadas na aplicação da pena dos Pacientes é perfeitamente cabível.

1. 8. Trata-se de Ação Constitucional [1] cujo manejo é autorizado sempre que


alguém sofrer coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade praticada contra o Paciente,
exatamente como no caso presente.

1. 9. Com efeito, a sentença cometeu gravíssima ilegalidade no tocante à


dosimetria da pena, deixando de aplicar a atenuante da confissão espontânea (art. 25, § 2º da Lei
7.492/86), além de incorrer em odioso bis in idem no tocante à habitualidade delitiva e, por fim, por
aplicar pena mais gravosa apenas ao Paciente FRANCISCO DEUSMAR, sem diferenciar, com
elementos concretos, sua situação.

1. 10. Mencionadas teses, apesar de evidentes, jamais foram objeto de manifestação


por esta Corte.

1. 11. Com efeito, no que diz respeito à dosimetria da pena, o voto condutor do
acórdão de apelação limitou-se a discutir duas teses.

1. 12. A primeira delas, dizia respeito à ausência de individualização da pena, em


razão de todas as circunstâncias judiciais terem sido valoradas de forma idêntica para todos os
Pacientes. Confira-se:

"Por fim, como pedido subsidiário, a defesa pugna pela nulidade da sentença, aduzindo que não houve
individualização efetiva das penas, uma vez que o exame das circunstâncias judiciais teria sido idêntico
para todos os acusados.

Não assiste razão à defesa. Da leitura da sentença, constato que o douto magistrado adotou corretamente
critérios para a fixação da reprimenda, em observância ao sistema trifásico, examinando separadamente
para cada acusado as circunstâncias judiciais, atenuantes e agravantes e causas de diminuição e de
aumento.

O fato de a avaliação de algumas circunstâncias judiciais mostrar-se desfavorável para mais de um réu
não pressupõe ausência de individualização da conduta, mas tão somente que, por terem agido em
conluio, comungaram de mesmos objetivos e compartilharam os fins atingidos com a conduta, o que
indica, ao menos a princípio, que a análise das circunstâncias e consequências do delito, por exemplo,
'não seria diversa apenas porque diferentes os réus."

1. 13. A segunda e última discussão acerca da dosimetria circunscreveu-se à

3/22
1.
idoneidade dos fundamentos utilizados pela sentença para justificar como negativa a culpabilidade
dos Pacientes. Vejamos:

"Além da suposta nulidade, a defesa postula a redução da pena-base sob a tese de que o juiz interpretou
desfavoravelmente aos réus determinadas circunstâncias judiciais de forma errônea. A primeira das
controvérsias, refere-se, à culpabilidade.

Neste tocante, o magistrado considerou a culpabilidade do réu Francisco Deusmar Queiroz como
extremamente elevada e a dos demais réus como elevada. E, de fato, é a esta conclusão a que se chega
quando observado o modo como o crime fora praticado.

Aqui, registre-se, não se trata de sopesar a culpabilidade enquanto dolo ou culpa, tendo em vista que
esses elementos fazem parte da tipicidade e sem a tipicidade sequer haveria crime. Ao trazer a
circunstância da culpabilidade, o art. 59 do CP refere-se ao modo como o crime foi praticado, ou seja, a
censurabilidade da conduta típica. Se toda conduta típica já pressupõe censurabilidade, na primeira fase
da' dosimetria convém observar as particularidades da execução do crime que justifiquem a
desfavorabil1idade da circunstância judicial da culpabilidade, como por exemplo, a premeditação e o
planejamento do delito.

Nesta ação penal, a maneira como os apelantes executaram o delito, a organização, o planejamento e a
estratégia, nos fornecem elementos concretos que demonstram a elevada reprovabilidade da conduta
delituosa perpetrada pelos agentes, a justificar a valoração negativa da culpabilidade.

No apelo, argumenta-se ainda que o juiz majorou a pena-base com base na "plena e elevada consciência
de antijuridicidade dos atos". Apesar desse fundamento não ser elemento que justifique aumento da
pena-base, por ser a antijuridicidade elemento essencial ao crime, percebe-se que o julgador menciona
este fundamento, mas o que pesa em desfavor do réu é a culpabilidade que, pelos argumentos acima
expostos, deve mesmo ser avaliada negativamente."

1. 14. Já em sede de Embargos de Declaração, esta Corte analisou a legalidade da


fração (2/3) de aumento utilizada pela sentença no momento de aplicar a continuidade delitiva.

"A defesa aduz ter havido omissão relativamente aos tópicos da imprescindibilidade de individuação das
condutas dos réus na denúncia; da tese de atipicidade da conduta; da deficiência da prova da
materialidade delitiva, bem como' quanto aos tópicos da "ausência de elementos que indiquem fatos
criminosos concretos" e "ausência, de provas da autoria" e, finalmente, no tocante à dosimetria.

Ocorre que, excetuando o questionamento do aumento da pena pela continuidade delitiva, tais matérias
foram devidamente analisadas no acórdão, denotando os presentes embargos tão somente o
inconformismo do recorrente com o teor da decisão, com o fito de ser reapreciado o mérito do recurso
apelatório.

Reconhecida a omissão quanto- à incidência do, art. 71, do CP, passemos a aclarar a matéria.

Com referência às fís. 495/496, o embargante. sustenta a impossibilidade de aplicação do aumento


máximo da pena em razão da continuidade delitiva, uma vez que a sentença não fundamenta o aumento
com base no número de crimes, o qual sequer é mencionado.''

Compulsando a sentença, contudo, percebe-se que o julgador não incorreu em erro, pois adotou o

4/22
número de crimes como parâmetro para a incidência da fração da continuidade delitiva, como se conclui
da leitura da fl. 339 da sentença - "a RENDA negociou ações habitualmente em mercados. organizados
(Bovespa e Soma) entre 2000 e 2005. Por exemplo, no ano 2000, ela realizou cerca de 5 (cinco)
operações de venda de ações por mês e nos anos 2001 e 2004, a média mensal foi de 4 (quatro). Essas
médias, no entanto, não refletem o vigor com que a RENDA, por intermédio da PAX, praticou a atividade
de intermediação irregular de ações ("garimpagem") - e às fls. 345 - "ademais, cabe lembrara que, no
caso dos autos, somente no ano de 2001, foram realizadas cerca de 4000 (quatro) mil transferências de
ações a crédito da RENDA".

Diante dessa reiteração, afasta-se a tese de impossibilidade de aplicação da fração máxima prevista no
art. 71 do CP, pois o elevado número de crimes justifica tal incidência."

1. 15. Por outro lado, importa salientar que não se desconhece, o entendimento
jurisprudencial segundo o qual não é cabível o habeas corpus substitutivo de recurso legalmente
previsto para a hipótese.

1. 16. Tal entendimento, no entanto, por vezes é superado quando se constata a


existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado, como no presente caso, em que os
Pacientes estão condenados a pena em patamar mais gravoso do que o devido em razão da não
atenuação legalmente prevista de sua pena.

1. 17. Nesse sentido, julgado desse Corte, admitindo o conhecimento do writ ,


ainda que sucedâneo do recurso aplicável à espécie, para redimensionar a pena aplicada ao
Paciente:

"PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ATAQUE À DOSIMETRIA DA PENA FIXADA


EM SENTENÇA. EXCEPCIONALIDADE DA MEDIDA. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM.

1. Cuida-se de habeas corpus contra sentença penal condenatória. Sabe-se que o writ não deve ser usado
como sucedâneo de recursos não interpostos ou de revisão criminal. Sucede que a tramitação da
apelação foi interceptada por intempestividade em primeiro grau. Na sequência, já contra esta decisão, o
réu manejou recurso em sentido estrito (RSE 2402-PE). O caso, então, é de "dúvida objetiva" acerca da
tempestividade da apelação, porque o assunto ainda está sendo vivamente debatido. De outro lado,
também não se pode falar sobre o cabimento da ação de revisão criminal, porque esta dependeria da
certificação incontroversa do trânsito em julgado, algo que não aconteceu. Tudo torna, então, menos
extravagante o manejo do HC, que, no fim de contas, noticia algumas ilegalidades na sentença que
podem e devem ser corrigidas, donde seu conhecimento;

2. Não há, é certo, como empreender funda incursão no HC sobre a causa e os elementos de convicção
colacionados aos autos do apelo, algo que a estreiteza probatória do writ limita. Rejeita-se, por isso, a
discussão sobre a culpabilidade do réu, que não se pode divisar como teratológica ou absurda; e também
não há erro relativamente à tipificação legal, porque a sonegação de diversos tributos conjuntados,
inclusive de contribuições destinadas ao custeio do sistema "S" (SESI, SENAI e SABRAE), pode dar
ensejo, como deu, à incidência da normal penal incriminadora encartada na Lei 8137/90, Art. 1º, I, não
havendo nisso - muito pelo contrário - qualquer extravagância;

3. Houve, porém, dois erros na dosimetria da pena estipulada, os quais podem ser divisados mesmo a
olho desarmado, donde a cognoscibilidade do presente writ:

5/22
(i) a pena-base foi aumentada (também) pelo fato da existência de outras ações penais sem trânsito em
julgado, nisso havendo agressão à Súmula 444 do Superior Tribunal de Justiça (pouco importando que o
impacto, segundo pretendido pela sentença, tenha se dado em outras circunstâncias judiciais que não a
dos antecedentes; é erro e precisa ser reparado);

(ii) reduz-se a pena-base, então, para 02 anos e 06 meses, ao contrário dos 03 anos fixados em sentença
(o aumento de 06 meses além pena mínima, que é de 02 anos, justifica-se porque a culpabilidade do réu
foi considerada de grau mediano, não havendo no HC, repete-se, qualquer possibilidade de concluir-se
de forma diversa);

(iii) não há, em segunda-fase, circunstâncias atenuantes e/ou agravantes;

(iv) em terceira-fase, ao contrário do pretendido pela impetração, tenho como correta a incidência na
causa de aumento prevista na Lei 8137/90, Art. 12, I (sonegação que causa "grave dano à sociedade").
Cumpre, no ponto, não distinguir o tributo originariamente sonegado (R$ 129.716,21) daquele que
acabou lançado pelo Fisco (R$ 521.660,78), envolvendo também multa (R$ 97.287,19), juros (R$
207.713,92) e demais encargos legais (R$ 86.943,46);

(v) relevante dizer, outrossim, que a sentença, tendo margem para majorar a pena pelo "grave dano à
sociedade" (Lei 8137/90, Art. 12, I) optou pelo mínimo estabelecido em lei (1/3), demonstrando, no
ponto, prudência e razoabilidade;

(vi) ainda em terceira-fase, todavia, outro ajuste deve ser feito, agora quanto à continuidade delitiva (CP,
Art. 71), que permitiria majoração no intervalo de 1/6 a 2/3, sendo certo que foram 12 os meses de
sonegação, não havendo, então, motivo para elevação em grau máximo. Aumento que se aplica em 1/2;

(vii) tudo, então, contabilizado, chega-se à pena de 05 anos de reclusão, em regime inicial semiaberto
(sem mudança na pena de multa estipulada);

4. Ordem parcialmente concedida.

(PROCESSO: 00008412320174050000, HC6342/PE, DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO


ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA, Segunda Turma, JULGAMENTO: 01/08/2017, PUBLICAÇÃO: DJE
04/08/2017 - Página 43)

1. 18. A ausência de aplicação da atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, 'd',
do CP), a ocorrência de bis in idem no tocante à habitualidade e a não apresentação de elementos
concretos para justificar a diferença de pena aplicada ao Paciente FRANCISCO DEUSMAR, teses
que animam a presente impetração, também não foram analisadas pelas instâncias superiores .

1. 19. Afinal, os Recursos Extraordinários assacados do julgamento do Recurso de


Apelação, por previsão legal e jurisprudencial (prequestionamento, violação direta a norma
infraconstitucional etc.,), limitaram-se às teses objeto de análise em sede de apelação.

1. 20. Ademais, também não foi possível apresentar o constrangimento ilegal


suportado pelos Pacientes diretamente perante às Cortes Superiores por ser incabível o ineditismo
recursal, o que ocasionaria indevida supressão de instâncias.

1. 21. Como se tudo isso não bastasse, a necessidade de conhecimento do presente

6/22
1.
writ, não há dúvidas, decorre do primado constitucional da inafastabilidade do Poder Judiciário da
análise de lesão ou ameaça a direitos, especialmente aqueles atinentes à liberdade.

1. 22. Mais do que isso, deriva da obrigatoriedade de que a jurisdição na seara


penal seja balizada pela legalidade, afastando, sempre que verificada, a falibilidade de algum ato
judicial na cominação de penas desproporcionais e desarrazoadas.

1. 23. Equívocos na dosimetria da pena, quando são flagrantes e decorrem da mera


análise do próprio ato impugnado, não dependendo de qualquer reexame dos fatos ou provas,
justificam, inclusive, a concessão da ordem de habeas corpus de ofício , com fulcro no artigo 654,
parágrafo 2º do Código de Processo Penal [2] , como já reconheceu o STJ em diversas
oportunidades [3] .

1. 24. No presente caso, com o devido respeito, as violações praticadas pela


autoridade impetrada são evidentes e não devem ser ignoradas. Vejamos.

III - DO MÉRITO

III.1 - DA NÃO APLICAÇÃO DA ATENUANTE DE CONFISSÃO

1. 25. A sentença, apesar de utilizar os depoimentos, judicial e inquisitorial, como


fundamento para a individualizar a conduta de cada um dos Pacientes e, em consequência,
condená-los, deixou de reconhecer a evidente atenuante da confissão espontânea.

1. 26. Com efeito, em relação ao Paciente FRANCISCO DEUSMAR, consta


expressamente da decisão condenatória:

45. Ao ser interrogado, perante a autoridade policial, o acusado FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
afirmou (fls. 24/26 - IPL):

" QUE, é o atual Diretor da PAX Corretora de Valores e Câmbio Ltda.; QUE foi acionista majoritário
da RENDA Corretora de Mercadorias Ltda. até o ano de 2006, mas nunca foi diretor ou administrador
da citada sociedade; QUE, a gerência administrativa da RENDA sempre foi exercida pelo Sr. IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA, conforme informado à CVM, na data de 14/12/2007, apresentando, neste
momento, o interrogando documento que se refere a tal comunicação, para juntada aos autos; QUE, a
empresa RENDA era cliente da PAX como vários outros clientes desta última empresa; QUE, em
resposta a afirmação elaborada pela CVM no Relatório de Inspeção CVM/SFIIGFE-02 nº 01/2007, de
que a empresa RENDA operava irregularmente no mercado de valores mobiliários, adquirindo ações de
terceiros ("garimpagem"), para depois revendê-las por intermédio da PAX, respondeu que tal afirmação

7/22
não procede, pois a RENDA adquiria ações para sua carteira própria, conforme seu contrato social, e
posteriormente as entregava a PAX para fazer a venda em bolsa regularmente, conforme reconhecido
pela CVM ; QUE, quando o afirmação elaborada pela CVM no Relatório de Inspeção CVM/SFIGFE-02
ng 01/2007, de que pessoas naturais ou jurídicas procuravam a corretora PAX para vender suas ações e
eram encaminhadas para vender à corretora RENDA, do mesmo grupo, e eram remuneradas pela metade
do preço de mercado, ao invés de vendê-las em bolsa por intermédio da PAX, respondeu que nunca
qualquer pessoa que tenha procurada a PAX com a documentação correta deixou de ser atendida, e
muito menos foi encaminhada para outra instituição, no entanto, algumas pessoas na pressa de receber o
dinheiro fruto da venda, por conta que o processo para regularizar a movimentação demorava de 30 a 60
dias, procuravam a RENDA Corretora, que adquiria essas ações para sua carteira própria , sem nenhum
processo que possa ser classificado como garimpagem, uma vez que ela (RENDA) não procurava
clientes, e sim os clientes, por conhecimento, a procuravam, com deságio que variava entre 5% a 10%1,
até porque no período de 60 dias a bolsa oscila bastante; QUE, confirma as declarações feitas pelo
interrogando à CVM no processo que culminou com a elaboração do relatório acima citado, de que os
Srs. GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, Diretor Executivo da PAX, e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, Gerente da PAX, receberam procurações da empresa RENDA, pelo profissionalismo e
confiança os controladores da PAX depositavam em ambos ; QUE, indagado se conhece as corretora
ANDRÉA JUCÁ TERCEIRO, ANA ANGÉLICA ADERALDO JUCA, ISABELLE JUCÁ RIBEIRO e VERA
LÚCIA DA SILVA LOPES NOGUEIRA, respondeu que não as conhece e nem teve qualquer
relacionamento com as mesmos; QUE, nunca foi preso, porém responde a um processo em trâmite na
Justiça Estadual, por suposto envolvimento em grupo de extermínio."

46. Em juízo, FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS confirmou ser sócio fundador das empresas PAX e
RENDA, esclarecendo que a parte operacional das mesmas foi transferida para os corréus GERALDO
DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO) DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA (...)

"(...) parte não, esclarecendo que, na verdade, várias pessoas, incluindo CARLOS e ABEL, referenciados
nos depoimentos anteriores, formavam carteiras próprias de ações, entregando-as à PAX para
intermediação junto à Bolsa de Valores, vez que a PAX era autorizada para tanto, esclarecendo que, em
torno de 2007, dita empresa ficou sendo a única autorizada a negociar com o Bolsa de Valores de São
Paulo "

1. 27. Em outras palavras, foi utilizado como razão de convencimento pelo


magistrado de origem os depoimentos prestados por FRANCISCO DEUSMAR, especialmente para
o reconhecimento de sua atuação perante as empresas cujas atividades foram inquinadas de ilícitas.

1. 28. Embora JERÔNIMO BEZZERA, GERALDO GADELHA e IELTON


BARRETO, não tenham prestado depoimento em juízo, os esclarecimentos que deram à autoridade
policial foram amplamente utilizados pela sentença para justificar suas respectivas condenações.

1. 29. No que diz respeito ao Paciente JERÔNIMO BEZZERA, assim afirmou a


sentença:

8/22
47. Em sede policial, o acusado JERÔNIMO ALVES BEZERRA asseverou que (fis. 3 1/33 - IPL):

"QUE, trabalha há vinte e cinco anos na empresa PAX Corretora de Valores e Câmbio Ltda., empresa
pertencente ao Sr. FRANCISCO DEUSMAR QUEIRÓS, exercendo a função de Gerente Operacional;
QUE, um ano após ingresso na empresa PAX, o Sr. DEUSMAR outorgou procuração ao interrogando
conferindo plenos poderes para o mesmo representá-la; QUE, também recebeu procuração em nome da
empresa RENDA Corretora, desde a sua constituição, não sabendo declinar se tal procuração foi
outorgada pelo Sr. FRANCISCO DEUSMAR QUEIRÓS ou pelo Sr. IELTON BARRETO DE OLIVEIRA;
QUE, confirma que o Sr. FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS é o principal Diretor da PAX
Corretora e há cerca de três anos o mesmo foi Diretor da empresa RENDA; QUE, IELTON BARRETO
DE OLIVEIRA é o atual Diretor da RENDA Corretora; QUE o Sr. GERALDO DE LIMA GADELHA
FILHO é Diretor Executivo da PAXI e ao mesmo também foi outorgado procuração em nome da
Empresa Renda; QUE, em resposta a afirmação elaborada pela CVM no Relatório de Inspeção
CVM/SFI/GFE-02 nº 01/200 7, de que a empresa RENDA operava irregularmente no mercado de valores
mobiliários, adquirindo ações de terceiros (garimpagem), para depois revendê-las por intermédio da
PAX respondeu que desconhece qualquer envolvimento desta empresa na atividade de garimpagem de
ações, no entanto, confirma que a PAX intermediava a venda de ações adquiridas pela empresa
RENDA ; (...)"

1. 30. Como visto, sua participação nas empresas investigadas e, por conseguinte,
na prática delituosa foi retirado de seu depoimento.

1. 31. Aliás, a própria relação entre as mencionadas empresas, tidas pela sentença
como "coirmãs" é obtida do depoimento de JERÔNIMO ao afirmar que "a PAX intermediava a
venda de ações adquiridas pela empresa RENDA".

1. 32. Ainda sobre a relação das empresas e participação dos Pacientes, a sentença
não deixou dúvida quanto à utilização do depoimento de JERÔNIMO:

57. Ainda a confirmar a relação de promiscuidade entre RENDA e PAX, observou-se, ainda, que
GERALDO DE LIMA GADELHA também assinava documentos como diretor executivo da PAX (Apenso
1/Volume IV - fl. 697), como, aliás, salientado na denúncia, sendo notório, pois, que RENDA e PAX se
confundiam, seja pela localização comum, seja pela liderança de um mesmo representante (FRANCISCO
DEUISMAR DE QUEIRÓS), ou ainda por partilharem de um mesmo escopo operacional.

58. Nesse mesmo sentido, foi o depoimento, em sede policial, do acusado JERÔNIMO ALVES BEZERRA
quando declarou: "QUE, trabalha há vinte e cinco anos na empresa PAX Corretora de Valores e Câmbio
Ltda., empresa pertencente ao Sr. FRANCISCO DEUISMAR QUEIRÓS, exercendo a função de Gerente
Operacional, QUE. um ano após ingresso na empresa PAX, o Sr. DEUSMAR outorgou procuração ao
interrogando conferindo Plenos Poderes para o mesmo representá-la; QUE, também recebeu
procuraçãoo em nome da empresa RENDA Corretora, desde a sua constituicão, não sabendo declinar se
tal procuração foi outorgada pelo Sr. FRANCISCO DEUSMAR QUEIRÓS ou pelo Sr. IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA* QUE, confirma que o Sr. FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS é o
principal Diretor da PAX Corretora e há cerca de três anos o mesmo foi Diretor da empresa RENDA;
QUE, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA é o atual Diretor da RENDA Corretora; QUE o Sr. GERALDO
DE LIMA GADELHA FILHO é Diretor Executivo da PAX e ao mesmo também foi outorgado procuração
em nome da Empresa Renda" (grifamos e destacamos)

9/22
1. 33. Já no que tange às informações prestadas por GERALDO GADELHA,
constou da sentença:

49. Ao ser interrogado pela autoridade policial, o acusado GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
disse (fis. 279/280 - IPL):

"QUE, nunca foi preso ou processado criminalmente; QUE, é aposentado do Banco do Nordeste, onde
trabalhou por trinta anos; QUE, é Superintendente de Relações Institucionais de Empreendimentos
Pague Menos e Farmácias Pague Menos; QUE, é Ouvidor da empresa PAX Corretora de Valores e
Câmbio Ltda; QUE indagado sobre as conclusões do processo administrativo sancionador da Comissão
de Valores Mobiliários, às fís. 243/267, onde o indiciado é tido como um dos responsáveis por operações
nas quais a empresa Renda operava irregularmente no mercado de valores mobiliários, adquirindo ações
de terceiros, numa espécie de "garimpagem", para depois revendê-las por intermédio da empresa PAX,
respondeu que a PAX é uma empresa corretora de valores mobiliários, anteriormente membro da bolsa
regional e após sua extinção, membro da BOVESPA; QUE, os clientes de PAX corretora, ao emitirem
um ordem de venda, compete a corretora checar se existe a posição acionária de venda em nome de
quem emitiu a ordem; QUE, se existe a posição, a operação será realizada no recinto da BOVESPA ,
com as características de confiabilidade e transparência requeridos; QUE, indagado sobre outra
conclusão remanescente do Relatório da CVM, de que pessoas naturais e jurídicas procuravam a
empresa PAX para vender suas ações e eram encaminhadas para vender suas ações à corretora RENDA,
do mesmo grupo, sendo remuneradas pela metade do preço de mercado, ao invés de vendê-las em bolsa ,
por intermédio da PAX respondeu que desconhece essa operação triangular e acrescenta que a PAX
possui incontáveis clientes de pequena expressão econômica ; QUE, as empresas RENDA Corretora e
PAX pertencem ao mesmo controlador, senhor FRANCISCO DEUSMAR QUEIROZ; QUE o indiciado
apresentou cópias dos documentos a seguir especificados, requerendo sua juntada aos autos: Processo
Administrativo Sancionador CVM nº SP 2008/0040-Termo de Compromisso, Guia de Recolhimento da
União, no valor de R$ 430.000,00 quatrocentos e trinta e trinta (sic) mil reais) e "AR" (aviso de
recebimento)."

1. 34. Do depoimento de GERALDO a sentença obteve valiosa informação sobre o


funcionamento da empresa PAX, especialmente em relação a seus clientes e sua participação na
empresa.

1. 35. Por fim, ao mencionar o Paciente IELTON BARRETO, aduziu a sentença:

51. A seu turno IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, afirmou em sede policial o seguinte (fís. 287/288):

"QUE, é sócio gerente da empresa Renda Corretora de Mercadorias S/C Ltda; QUE, indagado sobre as
conclusões do processo administrativo sancionador da Comissão de Valores Mobiliários, às fls. 243/269.
onde o indiciado e tido como um dos responsáveis por operações nas quais a empresa Renda operava
irregularmente no mercado de valores mobiliários, adquirindo ações de terceiros, numa espécie de
"garimpagem", para depois revendê-las por intermédio da empresa PAX respondeu que a empresa

10/22
RENDA adquiria lotes de ações fracionados, numa espécie de "mercado de balcão" e depois as
custodiava em bolsa de valores para vendê-las na bolsa através da empresa PA X; QUE, indagado
sobre outra conclusão remanescente do Relatório da CM de que pessoas naturais e jurídicas procuravam
a empresa PAX para vender suas ações e eram encaminhadas para vender suas ações à corretora
RENDA, do mesmo grupo, sendo remuneradas pela metade do preço de mercado, ao invés de vendê-las
em bolsa, por intermédio da PAX, respondeu que elas não procuravam a PAX Corretora, procuravam
diretamente a Renda; QUE, as empresas Renda Corretora e PAX pertencem ao mesmo controlador,
senhor FRANCISCO DEUSMAR QUEIROZ."

1. 36. Como se vê, o depoimento de IELTON foi utilizado para descortinar sua
atuação perante a RENDA e a atuação da citada empresa no mercado, bem como sua relação com a
empresa PAX, esclarecendo, ademais, que ambos os empreendimentos pertenciam ao Paciente
FRANCISCO DEUSMAR.

1. 37. Como visto, não há dúvidas de que a sentença se socorreu das declarações
prestadas pelos Pacientes para justificar suas condenações , sendo lhes devida, portanto, a
atenuação de pena, nos termos do artigo 25, § 2º da Lei 7.492/86.

1. 38. É que, sempre que a palavra do réu é utilizada para fundamentar sua
condenação, deve ser aplicada a ele a atenuante da confissão espontânea.

1. 39. Por se tratar de matéria recorrente no Superior Tribunal de Justiça, foi


editada a Súmula nº 545/STJ, garantindo que, havendo a sentença se utilizado da palavra do réu
para condená-lo, a atenuante de confissão espontânea deve ser utilizada . Confira-se:

Súmula nº 545/STJ - "Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador,
o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, 'd', do Código Penal. "

1. 40. Como não poderia deixar de ser, essa Corte tem aplicado mencionado
entendimento sumular para atenuar a pena pela confissão do réu:

"PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE RESPONSABILIDADE.


EX-PREFEITO. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CONVÊNIO CELEBRADO COM A
UNIÃO. TENTATIVA DE ATRIBUIR A RESPONSABILIDADE A TERCEIRO. DEVER DE FISCALIZAR
QUE CABE AO CHEFE DO PODER, SIGNATÁRIO DO CONVÊNIO. FATO OCORRIDO.
RESPONSABILIDADE IDENTIFICADA. DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS EXTRAPENAIS
RELEVANTES. IMPOSSIBILIDADE DE O MUNICÍPIO CONTRATAR COM A UNIÃO. VALORAÇÃO
NEGATIVA. POSSIBILIDADE. CONFISSÃO QUALIFICADA. UTILIZAÇÃO COMO
FUNDAMENTAÇÃO NA SENTENÇA. APLICAÇÃO DA ATENUANTE. PROVIMENTO PARCIAL DO
RECURSO APENAS PARA REDUZIR A PENA.

1. Narrou a denúncia que aos 23 de dezembro de 2009, I. R. A., na qualidade de prefeito de Algodão de
Jandaíra/PB, firmou o convênio n.º 058/2009 (SIAFI 705344) com o Ministério do Desenvolvimento

11/22
Social e Combate à Fome, tendo por objeto a implantação de unidade de comercialização direta, na
importância de R$ 119.443,50 (cento e dezenove mil quatrocentos e quarenta e três reais e cinquenta
centavos), e contrapartida do município no valor de R$ 4.980,00 (quatro mil, novecentos e oitenta reais),
e restando determinado que fosse prestadas contas no prazo de 60 (sessenta) dias, após o término do
convênio. Nada obstante, deixou o réu transcorrer em branco o prazo, tendo as contas do município
julgadas irregulares pelo Tribunal de Contas da União, razão pela qual foi como incurso no artigo 1º,
VII, do Decreto-Lei n.º 201/67.

2. Embora sustente ter delegado a responsabilidade de prestar contas a seu assessor chefe, a delegação
de competência não é escusa do dever legal dos administradores públicos de fiscalizar seus
subordinados, em especial naquelas atribuições delegadas.

3. Não há que se falar em bis in idem quando as consequências consideradas para exasperar a pena-base
destoam, fundamentalmente, das consequências inerentes ao tipo penal. A omissão na prestação de
contas culminou com a impossibilidade de o município contratar com a União, consequência esta que
não é inerente ao tipo. Neste sentido é que as consequências extrapenais do presente caso são relevantes
à fixação da pena-base em patamar mais elevado.

4. Quando o juiz se utiliza, de qualquer forma, da confissão - seja aquela promovida em juízo ou em
sede policial - é de se reconhecer que a confissão se deu em favor da função jurisdicional do Estado,
reforçando e facilitando, de algum modo, o dever de fundamentar do magistrado. Esta foi a hipótese
dos autos, razão pela qual impera a aplicação da redução da pena nos termos do artigo 65, III, 'd', do
Código Penal Brasileiro, conforme a redação da súmula 545 do Superior Tribunal de Justiça .

V - Apelação parcialmente provida.

(PROCESSO: 00012336620154058201, ACR14137/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL LEONARDO


AUGUSTO NUNES COUTINHO (CONVOCADO), Quarta Turma, JULGAMENTO: 08/05/2018,
PUBLICAÇÃO: DJE 29/05/2018 - Página 64)"

1. 41. No caso em tela, havendo os Pacientes sido condenados por crime previsto
na Lei 7.492/86, deve ser aplicado a eles o disposto no art. 25, § 2º do mencionado dispositivo
legal.

1. 42. A não aplicação da atenuante de confissão, para todos os Pacientes,


demonstra o constrangimento ilegal por eles suportado e que deve, neste momento, ser prontamente
afastado por esta Corte, para que suas penas sejam redimensionadas.

III. 2 - DO BIS IN IDEM QUANTO À HABITUALIDADE DELITIVA

1. 43. Não bastasse a ilegalidade acima apontada, a pena aplicada aos Pacientes foi
recrudescida em razão do reconhecimento da habitualidade delitiva gerando duplo bis in idem .

1. 44. A primeira ilegalidade que salta aos olhos está relacionada à aplicação de
continuidade delitiva em relação ao delito previsto do art. 7º, IV, da Lei n. 7.492/1986, pelo qual os

12/22
1.

Pacientes foram condenados.

1. 45. É que o mencionado crime possuiu como elemento inerente ao próprio tipo
penal a habitualidade delitiva, não admitindo, portanto, que tal elementar seja novamente utilizada
para justificar a continuidade delitiva, nos termos do art. 71 do CP.

1. 46. Com efeito, a configuração do crime de "garimpagem de ações" pressupõe a


comercialização de títulos ou valores mobiliários de maneira habitual , rotineira e organizada, não
se configurando o ilícito com a prática de um único ato isolado.

1. 47. Trata-se de crime habitual sendo imprescindível para sua configuração um


conjunto de ações realizadas de forma organizada e reiterada.

1. 48. O crime habitual pressupõe, como cediço, a prática de um conjunto de atos


sucessivos, de modo que cada conduta isoladamente considerada constitui um 'indiferente' penal, ou
seja, são delitos que reclamam habitualidade, por traduzirem em geral um modo de vida do agente.

1. 49. Para GUILHERME DE SOUZA NUCCI [4] :

"O delito habitual é aquele cuja consumação se dá através da prática de várias condutas, em sequência,
de modo a evidenciar um comportamento, um estilo de vida do agente, que é indesejável pela sociedade,
motivo pelo qual foi objeto de previsão legal. Uma única ação é irrelevante para o Direito Penal.
Somente o conjunto se torna figura típica , o que é fruto da avaliação subjetiva do juiz, dependente das
provas colhidas, para haver condenação."

1. 50. Mais especificamente, ao comentar a modalidade "negociar", previsto no art.


7º, inciso IV da Lei 7.492/86, afirma NUCCI [5] :

"() negociar significa transacionar, comerciar. Os objetos das condutas são os títulos (documentos que
certificam um direito) ou valores mobiliários (são os títulos emitidos por sociedades anônimas, que
podem negociados em bolsa), preenchidas as hipótese descritas nos incisos."

1. 51. Não por outra razão, de acordo com a sentença, o crime se configurou porque
os réus passaram a exercer de forma habitual, rotineira e organizada a negociação de valores
mobiliários, sem "autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida",
fazendo da atividade um meio de vida.

1.
13/22
1. 52. Aliás, ao refutar a afirmação do Paciente FRANCISCO DEUSMAR que
afirmou que a empresa RENDA possuía uma carteira própria, a sentença, para justificar a
ocorrência do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei n. 7.492/1986, fez a seguinte definição do crime
de "garimpagem":

"60. No que se refere à afirmação do acusado FRANCISCO DEUSMAR QUEIRÔS de que a RENDA, na
verdade, adquiria ações para formação de carteira própria, tem-se que desprovida de razoabilidade.
Com efeito, se ao adquirir ações de companhias telefônicas em negociações privadas por que as alienava
em bolsa de valores num curto espaço de tempo, tal como apurado nas inspeções da CVMV? Como esse
modus operandi se coadunaria com a montagem de uma carteira própria de ações? A resposta a tais
questionamentos não nos leva a ilação outra senão a de que as compras e vendas de ações por parte da
RENDA se amoldam à atividade de "garimpagem" de ações caracterizada pelo alto giro dos papéis,
com ingresso frequente, por meio de transferências em contas de custódia, de pequenas quantidades de
ações adquiridas em sua maior parte de pessoas físicas, pela montagem de lotes mais significativos e
por sua subsequente venda em bolsa , como bem salientado no respectivo Termo de Acusação."

1. 53. Em outras palavras, segundo a própria sentença, a garimpagem de ações se


perfaz com a compra e venda (negociação) frequente de ações e posterior venda em bolsa, não
bastando um único ato.

1. 54. Tal informação, aliás, foi confirmada em sede de apelação.

1. 55. Com efeito, embora, a habitualidade não tenha sido discutida sob o enfoque
ora debatido, o voto condutor do acórdão de apelação apresentou o conceito de garimpagem
fornecido pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM:

"Como se trata de uma matéria estritamente técnica, entendo ser elucidativo o conceito de garimpagem
de ações fornecido pela Comissão de Valores Mobiliários, segundo, a qual a "garimpagem de ações", ou
intermediação irregular, caracteriza-se pela compra, com habitualidade, por pessoas não integrantes do
sistema de distribuição, de valores mobiliários diretamente de investidores, para revendê-los em bolsa
de valores ou no mercado de balcão organizado ."

1. 56. Em seguida, concluiu que "para caracterizar a garimpagem, é preciso que a


compra das ações de forma privada se transforme em uma atividade, não bastando uma ação
isolada."

1. 57. Nada obstante, ao aplicar a continuidade delitiva em seu patamar máximo


para todos os Pacientes, afirmou a sentença que:

"como houve reiteração, durante o período de 2000 a 2006, do delito em questão (cf. Termo de Acusação

14/22
acima), e tendo em vista que essa reiteração apresenta, no presente processo, harmonia com o art. 71 do
Código Penal, deve incidir a causa de aumento de pena prevista no referido dispositivo. Assim sendo, e
considerando o quantitativo da reiteração, aumento em 2/3 (dois terços) a pena fixada para o delito
previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/1986"

1. 58. Ora, se a atuação de forma organizada, habitual e rotineira, fazendo da


"garimpagem de ações" uma atividade, é elemento necessário a configuração do próprio tipo penal,
não pode, sob pena de configurar indevido bis in idem , também servir para elevar pena a título de
reiteração delitiva, nos termos do art. 71 do CP.

1. 59. Há, como visto, flagrante incompatibilidade do delito previsto no art. 7º, IV,
da Lei 7.492/86 ou "garimpagem de ações", com a continuidade delitiva (art. 71 CP), sendo
necessária sua exclusão da pena aplicada aos Pacientes.

1. 60. Como se tudo isso não bastasse, há outro indevido bis in idem praticado pela
sentença, também no que concerne à habitualidade delitiva.

1. 61. É que ainda que fosse possível o reconhecimento da continuidade delitiva


como elemento que não está contido no tipo previsto no art. 7º, IV, da Lei 7.492/86, a sentença
utilizou a habitualidade delitiva tanto na primeira como na terceira fase de aplicação da pena dos
Pacientes.

1. 62. Com efeito, para fixar a pena-base, afirmou à sentença quanto às


circunstâncias do delito:

"Também devem ser consideradas as circunstâncias dos delitos, pois, na qualidade de sócio-gerente da
RENDA, praticou de forma habitual, organizada e irregularmente a atividade de mediação ou
corretagem de valores mobiliários ao adquirir ações de companhias telefônicas por meio de negociações
privadas para, em seguida, aliená-las em bolsa de valores, bem como adquirir fora de bolsa e com
significativo deságio ações de emissão do Banco do Estado do Ceará (BEC) (...)

1. 63. Como se vê, a sentença utilizou-se como fundamento para considerar


negativa as circunstâncias do crime a habitualidade, não podendo se valer deste mesmo critério
para, na terceira fase da aplicação da pena, utilizar a continuidade delitiva como fator de aumento
de pena a fim de não gerar odioso bis in idem.

"AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA O SISTEMA


FINANCEIRO. GESTÃO FRAUDULENTA DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. APROPRIAÇÃO DE
DINHEIRO, TÍTULO, VALOR OU QUALQUER BEM MÓVEL DE QUE SE TEM A POSSE EM
PROVEITO PRÓPRIO OU ALHEIO. ARTS. 4º E 5º DA LEI N. 7.492/1986. PODERES DE GERÊNCIA.
EXISTÊNCIA. ART. 619 DO CPP. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. ART. 59 DO CP. DOSIMETRIA.

15/22
ADEQUAÇÃO LEGAL. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. NÃO OCORRÊNCIA. PRINCÍPIO DA
CONSUNÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. ART. 71 DO CP. CONTINUIDADE DELITIVA NÃO
CARACTERIZADA. ACÓRDÃO A QUO COM ADEQUADA FUNDAMENTAÇÃO. PRETENSÃO DE
REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL.

(...)

4. A teor do disposto no art. 222 do Código de Processo Penal e da jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça, a inversão da oitiva de testemunhas de acusação e defesa não configura nulidade quando a
inquirição é feita por meio de carta precatória, cuja expedição não suspende a instrução criminal.

5. O crime de gestão fraudulenta pode ser visto como crime habitual impróprio, em que uma só ação
tem relevância para configurar o tipo, ainda que a sua reiteração não configure pluralidade de crimes.
Portanto, a sequência de atos fraudulentos perpetrados já integra o próprio tipo penal, razão pela qual
não há falar, na espécie, em crime continuado.

6. Incidência da Súmula 7/STJ.

7. A violação de preceitos, dispositivos ou princípios constitucionais revela-se quaestio afeta à


competência do Supremo Tribunal Federal, provocado pela via do extraordinário; motivo pelo qual não
se pode conhecer do recurso especial nesse aspecto, em função do disposto no art. 105, III, da
Constituição Federal.

8. O agravo regimental não merece prosperar, porquanto as razões reunidas na insurgência são
incapazes de infirmar o entendimento assentado na decisão agravada.

9. Agravo regimental improvido.

(AgRg no AREsp 608.646/ES, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, 6ª TURMA, julgado em 20/10/2015,
DJe 10/11/2015)"

III. 3. DO CONSTRANGIMENTO ILEGAL QUANTO À PENA APLICADA AO RÉU


FRANCISCO DEUSMAR

1. 64. Por fim, no tocante à dosimetria da pena, existe constrangimento ilegal


praticado exclusivamente em relação ao Paciente FRANCISCO DEUSMAR e que jamais foi
analisada.

1. 65. Com efeito sua pena foi aplicada em patamar quase que o dobro acima dos
demais Pacientes sem qualquer fundamentação idônea.

1. 66. No que diz respeito à culpabilidade, afirma a sentença no que diz respeito aos
demais réus que ela é elevada, todavia, utiliza-se do mesmíssimo fundamento para o Paciente
FRANCISCO DEUSMAR apenas acrescentando o advérbio "extremamente", sem qualquer
fundamentação que o justifique. Confira-se:

16/22
1. 67. Como se vê, a simples afirmação de que a culpabilidade do Paciente
FRANCISCO DEUSMAR é "extremamente" elevada, sem qualquer outra fundamentação,
especificando a razão do uso de advérbio, não justifica o aumento de pena por ele experimentado.

1. 68. Quanto às consequências do crime, o fundamento é absolutamente idêntico


para todos os réus. Confira-se:

FRANCISCO GERALDO IELTON JERÔNIMO

C as consequências do as consequências do as consequências do as consequências do


crime também devem crime também devem crime também devem crime também devem
O ser destacadas, visto ser destacadas, visto ser destacadas, visto ser destacadas, visto
que a intermediação que a intermediação que a intermediação que a intermediação
N irregular de valores irregular de valores irregular de valores irregular de valores
mobiliários com a mobiliários com a mobiliários com a mobiliários com a
S utilização das utilização das utilização das co-irmãs utilização das empresas
mencionadas empresas mencionadas empresas, PAX e RENDA, gerou co-irmãs PAX e
E comandadas pelo réu, gerou um lucro de cerca um lucro de cerca de RENDA, gerou um
gerou um lucro de de dois milhões e dois milhões e lucro de cerca de dois
Q cerca de dois milhões e oitocentos e quarenta oitocentos e quarenta milhões e oitocentos e
oitocentos e quarenta mil reais, no período de mil reais, no período de quarenta mil reais, no
U mil reais, no período de 2000 a 2005, sem levar 2000 a 2005, sem levar período de 2000 a 2005,
2000 a 2005, atingindo em conta o considerável em conta o considerável sem levar em conta o
Ê de forma expressiva a prejuízo suportado prejuízo suportado considerável prejuízo
confiabilidade e a pelos investidores, pelos investidores, suportado pelos
N transparência do atingindo de forma atingindo de forma investidores, atingindo
mercado de valores expressiva a expressiva a de forma expressiva a
C mobiliários como um confiabilidade e a confiabilidade e a confiabilidade e a
todo transparência do transparência do transparência do
I mercado de valores mercado de valores mercado de valores
mobiliários como um mobiliários como um mobiliários como um
A todo todo todo

17/22
1. 69. Apenas no que diz respeito às circunstâncias o fundamento tem pequena
variação, na medida em que atribui ao Paciente FRANCISCO DEUSMAR a atuação em ambas as
empresas (RENDA e PAX), e em apenas uma delas para os demais acusados.

FRANCISCO GERALDO IELTON JERÔNIMO

C Também devem ser Também devem ser Também devem ser Também devem ser
consideradas as consideradas as consideradas as consideradas as
I circunstâncias dos delitos, circunstâncias do(s) circunstâncias do(s) circunstâncias do(s)
pois, na qualidade de delito(s), pois, na delito(s), pois, na delito(s), pois, na
R sócio-gerente da RENDA, qualidade de dirigente qualidade de qualidade de gerente
praticou de forma da PAX, permitiu o sócio-gerente da operacional da PAX,
C habitual, organizada e exercício das atividades RENDA, praticou de permitiu o exercício das
irregularmente a atividade de mediação ou forma habitual, atividades de mediação ou
U de mediação ou corretagem por pessoas organizada e corretagem por pessoas
corretagem de valores não autorizadas pela irregularmente a não autorizadas pela CVM,
N mobiliários ao adquirir CVM, utilizando e atividade de mediação utilizando e contratando
ações de companhias contratando pessoas não ou corretagem de pessoas não integrantes do
T telefônicas por meio de integrantes do sistema valores mobiliários ao sistema de distribuição de
negociações privadas de distribuição de adquirir ações de valores mobiliários,
 para, em seguida, valores mobiliários, companhias telefónicas conforme amplamente
aliená-las em bolsa de conforme amplamente por meio de demonstrado nesta
N valores, bem como demonstrado nesta negociações privadas sentença
adquirir fora de bolsa e sentença para, em seguida,
C com significativo deságio aliená-las em bolsa de
ações de emissão do valores, bem como
I Banco do Estado do adquirir fora de bolsa e
Ceará (BEC), Além disso, com significativo
A como dirigente da PAX, deságio ações de
permitiu o exercício das emissão do Banco do
S atividades de mediação Estado do Ceará (BEC),
ou corretagem por conforme demonstrado
pessoas não autorizadas ao longo da sentença
pela CVM, utilizando e
contratando pessoas não
integrantes do sistema de
distribuição de valores
mobiliários, conforme
amplamente demonstrado
nesta sentença, sendo
tudo praticado de forma
simulada

18/22
1. 70. Este só fato, no entanto, não pode justificar pena em patamar que chega
quase ao dobro dos demais.

1. 71. Não é demais lembrar que todos os réus tiveram suas penas agravadas pelas
mesmíssimas circunstâncias judiciais, o que faz com que a pena mais elevada para um deles deva
ser justificada de forma idônea.

1. 72. Por fim, é importante que se diga que, apesar de constar do voto condutor do
acórdão de apelação menção a matéria em análise, efetivamente o tema não foi enfrentado.
Confira-se:

"Além da suposta nulidade, a defesa postula a- redução da pena base sob a tese de que o juiz interpretou
desfavoravelmente aos réus determinadas circunstâncias judiciais de forma errônea.

A primeira das controvérsias, refere-se, à culpabilidade . Neste tocante, o magistrado considerou a


culpabilidade do réu Francisco Deusmar Queiroz como extremamente elevada e a dos demais réus
como elevada. E, de fato, é a esta conclusão a que se chega quando observado o modo como o crime
fora praticado.

Aqui, registre-se não se trata de sopesar a culpabilidade enquanto dolo ou culpa, tendo em vista que
esses elementos fazem parte da tipicidade e sem a tipicidade sequer haveria crime. Ao trazer a
circunstância da culpabilidade, o art. 59 do CP refere-se ao modo como o crime foi praticado, ou seja, a
censurabilidade da conduta típica. Se toda conduta típica já pressupõe censurabilidade, na primeira fase
da' dosimetria convém observar as particularidades da execução do crime que justifiquem a
desfavorabil1idade da circunstância judicial da culpabilidade, como por exemplo, a premeditação e o
planejamento do delito.

Nesta ação penal, a maneira como os apelantes executaram o delito, a organização, o planejamento e a
estratégia, nos fornecem elementos concretos que demonstram a elevada reprovabilidade da conduta
delituosa perpetrada pelos agentes, a justificar a valoração negativa da culpabilidade. No apelo,
argumenta-se ainda que o juiz majorou a pena-base com base na "plena e elevada consciência de
antijuridicidade dos atos". Apesar desse fundamento não ser elemento que justifique aumento da
pena-base, por ser a antijuridicidade elemento essencial ao crime, percebe-se que o julgador menciona
este fundamento, mas o que pesa em desfavor do réu é a culpabilidade que, pelos argumentos acima
expostos, deve mesmo ser avaliada negativamente.

Superadas as controvérsias apontadas pela defesa e afastada a condenação dos réus pelo crime previsto
no art. 27-C da Lei 6.385/76, resulta a pena definitiva para:"

1. 73. Como visto, a matéria não foi objeto de análise pelo acórdão de apelação,
que nada disse sobre os motivos que justificariam a culpabilidade de FRANCISCO DEUSMAR ser

19/22
1.

"extremamente elevada".

1. 74. Aliás, mesmo após a oposição de Embargos de Declaração e, posterior


Recurso Especial, nada se disso sobre o apontado constrangimento ilegal, tratando-se, pois, de
discussão efetivamente inédita.

1. 75. A ausência de demonstração de elementos concretos a justificar o


recrudescimento da pena aplicada à FRANCISCO DEUSMAR importa em grave constrangimento
ilegal que deve ser afastado para que ele receba pena idêntica aos demais.

IV. DO PEDIDO LIMINAR

1. 76. No caso em tela, presentes se encontram todos os requisitos para a concessão


liminar da ordem pretendida.

1. 77. O fumus boni iuris decorre da ausência de fundamento idôneos para a


exasperação da pena aplicada ao Paciente, o que é corroborado pela doutrina e jurisprudência dessa
Corte.

1. 78. Quanto ao periculum in mora , este decorre do risco de prisão que correm os
Pacientes em face da novel decisão do STF no julgamento do HC 126.292, que alterou a
compreensão quanto à aplicação do princípio da inocência, esculpido no art. 5º, inciso LVII, da
Constituição Federal.

1. 79. Com efeito, a concessão do presente HC pode levar à mudança do regime de


cumprimento da pena, não podendo os Pacientes darem início em regime mais gravoso, mormente
em face da possibilidade da mudança para o regime aberto.

1. 80. Isto posto, requerem seja concedida liminarmente a presente ordem de


habeas corpus a fim de que seja determinada a suspensão da decisão que determinou a prisão dos
Pacientes até o julgamento definitivo do presente writ .

20/22
V. DO PEDIDO FINAL

1. 81. Ante o exposto, requerem, por fim, seja concedida em definitivo a ordem de
habeas corpus, a fim de redimensionar a pena imposta aos Pacientes, reconhecendo-se a atenuante
de confissão espontânea e aplicando-se a diminuição máxima prevista no art. 25, § 2º, da Lei
7.492/86 [6] , em face da utilização da palavra dos réus para as suas condenações.

1. 82. Caso assim não se entenda, requerem seja aplicada a atenuante prevista no
art. 65, inciso III, alínea "d", do Código Penal.

1. 83. Em todos os casos, requerem seja reconhecida a impossibilidade de aplicação


do aumento de pena previsto no art. 71 do Código Penal pela continuidade delitiva, em face do
flagrante bis in idem decorrente da condenação por crime que exige habitualidade para sua
tipificação, conforme demonstrado no corpo da presente peça.

1. 84. Por fim, especificamente em relação ao Paciente FRANCISCO DEUSMAR


DE QUEIRÓS, requerem seja sua pena estabelecida no mesmo patamar dos demais pacientes em
face da ausência de fundamentação para o seu agravamento.

P. deferimento.

Recife/PE, 23 de julho de 2018.

Cesar Asfor Rocha Caio Cesar Rocha

OAB/SP 329.034 OAB/CE 15.095

Anastacio Marinho Tiago Asfor Rocha

OAB/CE 8.502 OAB/CE 16.386

Marcelo Leal de Lima Oliveira

OAB/DF 21.932

21/22
[1] CF/88 - Art. 5º, LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de
poder

[2] Art. 654.(...) § 2 o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas
corpus , quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação
ilegal.

[3] AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FUNDAMENTO DA


INADMISSÃO DO RECURSO ESPECIAL NÃO COMBATIDO. SÚMULA N. 182 DO STJ.

RECURSO NÃO PROVIDO. ART. 654, § 2°, DO CPP. ILEGALIDADE RECONHECIDA DE OFÍCIO.
HABEAS CORPUS CONCEDIDO. (...)

2. Consoante previsão do art. 654, § 2°, do CPP, esta Corte Superior pode expedir de ofício habeas corpus
quando, no curso de processo, verificar, icto oculi , que alguém sofre ou está na iminência de sofrer
coação ilegal ao seu direito de locomoção.

(AgRg no AREsp 1019526/MG, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado
em 09/05/2017, DJe 15/05/2017)

[4] NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado.9 ed. rev. atual. e ampl.:
SãoPaulo, Revistados Tribunais, 2009, p.609

[5] NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas, 9a. edição, Forense, vol.
2, Rio de Janeiro, p. 817

[6] Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de
instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes.

(...)

§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que
através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua
pena reduzida de um a dois terços.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18072317230999000000011769701
Data e hora da assinatura: 23/07/2018 17:31:31
Identificador: 4050000.11789459
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 22/22
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT
PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

Conexo ao HABEAS CORPUS Nº 0802530-35.2018.4.05.0000

FRANCISCO CÉSAR ASFOR ROCHA, brasileiro, casado,


advogado, inscrito na OAB/SP nº 329.034, podendo ser localizado no SHIS, QL
14, Conjunto 9, Casa 18, Brasília – DF, ANASTACIO JORGE MATOS DE
SOUSA MARINHO, OAB/CE 8502, CAIO CESAR VIEIRA ROCHA, OAB/CE
15.095 e TIAGO ASFOR ROCHA LIMA, OAB/CE 16.386, sócios de Rocha,
Marinho e Sales Advogados S/S, com Endereço na Av. Des. Moreira, 760, 6º
andar, Fortaleza – CE, e MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA e LUIZ
EDUARDO RUAS BARCELLOS DO MONTE, advogados inscritos na Ordem
dos Advogados do Brasil sob os nºs 21.932/DF e 41.950/DF, ambos com
endereço profissional no SMDB, Conjunto 06, Lote 06, Brasília – DF, vêm, à
presença deste Sodalício, impetrar

HABEAS CORPUS
(com pedido de liminar)

em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, brasileiro, casado,


empresário, portador da Carteira de Identidade RG nº 207.206 SSP/CE,
residente e domiciliado na Avenida Beira Mar, 2270, apto. 1300, Fortaleza - CE,
GERALDO GADELHA FILHO, brasileiro, casado, advogado, portador do RG nº
950.021.727-86 SSP/CE, residente e domiciliado à Rua Joaquim Nabuco, nº
1400, apt. 602, Fortaleza/CE, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, brasileiro,

1/27
separado judicialmente, economista, portador do RG nº 10.781-82 SSP/CE,
residente e domiciliado à Rua Silva Jatahy, nº 220, apt. 1600, Fortaleza/CE e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF/MF sob o nº
232.814.993-68, residente e domiciliado à Rua Paula Ney, nº 827, apt. 1301,
Aldeota, Fortaleza/CE, em face de ato coator praticado pelo juízo da 11ª Vara
Federal da Seção Judiciária do Ceará, pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:

I - BREVE HISTÓRICO PROCESSUAL

1. Os Pacientes foram denunciados pela suposta prática dos


crimes previstos nos artigos 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 e 27-C da Lei nº 6.385/76.

2. A sentença acabou condenando-os, havendo aplicado pena de


15 anos e 10 meses de reclusão ao Paciente FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS e de 10 anos de reclusão aos demais.

3. Em sede de Recurso de Apelação, houve por bem este Tribunal


Regional Federal da 5ª Região reconhecer a prescrição em relação ao crime
previsto no art. 27-C da Lei nº 6.385/76, restando as penas fixadas em relação
ao crime previsto no artigo 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, da seguinte forma:

FRANCISCO DEUSMAR – 9 anos e 2 meses de reclusão


GERALDO GADELHA – 5 anos de reclusão
IELTON BARRETO – 5 anos de reclusão
JERÔNIMO BEZERRA – 5 anos de reclusão

4. Interposto Recurso Especial, seu julgamento ainda não foi


finalizado ante a oposição de Embargos de Declaração para a integração do
acórdão.

5. Neste ínterim, ao compulsar os autos da Ação Penal, os

2/27
Impetrantes, recentemente constituídos, perceberam grave constrangimento
ilegal no tocante à dosimetria da pena, o que reverbera na liberdade dos
Pacientes, em razão da iminência do trânsito em julgado que poderá culminar
nas suas prisões.

6. Trata-se de constrangimento praticado pela sentença e jamais


analisado, por esta Corte ou pelo próprio Superior Tribunal de Justiça,
autorizando o conhecimento da presente impetração, como se verá.

II – DO CABIMENTO DA PRESENTE IMPETRAÇÃO

7. A impetração de habeas corpus para a verificação das


ilegalidades praticadas na aplicação da pena dos Pacientes é perfeitamente
cabível.

8. Trata-se de Ação Constitucional1 cujo manejo é autorizado


sempre que alguém sofrer coação em sua liberdade de locomoção por
ilegalidade praticada contra o Paciente, exatamente como no caso presente.

9. Com efeito, a sentença cometeu gravíssima ilegalidade no


tocante à dosimetria da pena, deixando de aplicar a atenuante da confissão
espontânea (art. 25, § 2º da Lei 7.492/86), além de incorrer em odioso bis in idem
no tocante à habitualidade delitiva e, por fim, por aplicar pena mais gravosa
apenas ao Paciente FRANCISCO DEUSMAR, sem diferenciar, com elementos
concretos, sua situação.

10. Mencionadas teses, apesar de evidentes, jamais foram objeto de


manifestação por esta Corte.

11. Com efeito, no que diz respeito à dosimetria da pena, o voto


condutor do acórdão de apelação limitou-se a discutir duas teses.

1CF/88 – Art. 5º, LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder

3/27
12. A primeira delas, dizia respeito à ausência de individualização
da pena, em razão de todas as circunstâncias judiciais terem sido valoradas de
forma idêntica para todos os Pacientes. Confira-se:

“Por fim, como pedido subsidiário, a defesa pugna pela nulidade


da sentença, aduzindo que não houve individualização efetiva
das penas, uma vez que o exame das circunstâncias judiciais
teria sido idêntico para todos os acusados.
Não assiste razão à defesa. Da leitura da sentença, constato que
o douto magistrado adotou corretamente critérios para a fixação
da reprimenda, em observância ao sistema trifásico,
examinando separadamente para cada acusado as
circunstâncias judiciais, atenuantes e agravantes e causas de
diminuição e de aumento.
O fato de a avaliação de algumas circunstâncias judiciais
mostrar-se desfavorável para mais de um réu não pressupõe
ausência de individualização da conduta, mas tão somente que,
por terem agido em conluio, comungaram de mesmos objetivos
e compartilharam os fins atingidos com a conduta, o que indica,
ao menos a princípio, que a análise das circunstâncias e
consequências do delito, por exemplo, 'não seria diversa apenas
porque diferentes os réus.”

13. A segunda e última discussão acerca da dosimetria


circunscreveu-se à idoneidade dos fundamentos utilizados pela sentença para
justificar como negativa a culpabilidade dos Pacientes. Vejamos:

“Além da suposta nulidade, a defesa postula a redução da pena-


base sob a tese de que o juiz interpretou desfavoravelmente aos
réus determinadas circunstâncias judiciais de forma errônea. A
primeira das controvérsias, refere-se, à culpabilidade.
Neste tocante, o magistrado considerou a culpabilidade do réu
Francisco Deusmar Queiroz como extremamente elevada e a
dos demais réus como elevada. E, de fato, é a esta conclusão a
que se chega quando observado o modo como o crime fora
praticado.
Aqui, registre-se, não se trata de sopesar a culpabilidade
enquanto dolo ou culpa, tendo em vista que esses elementos
fazem parte da tipicidade e sem a tipicidade sequer haveria
crime. Ao trazer a circunstância da culpabilidade, o art. 59 do CP
refere-se ao modo como o crime foi praticado, ou seja, a
censurabilidade da conduta típica. Se toda conduta típica já
pressupõe censurabilidade, na primeira fase da' dosimetria
convém observar as particularidades da execução do crime que
justifiquem a desfavorabil1idade da circunstância judicial da

4/27
culpabilidade, como por exemplo, a premeditação e o
planejamento do delito.
Nesta ação penal, a maneira como os apelantes executaram o
delito, a organização, o planejamento e a estratégia, nos
fornecem elementos concretos que demonstram a elevada
reprovabilidade da conduta delituosa perpetrada pelos agentes,
a justificar a valoração negativa da culpabilidade.
No apelo, argumenta-se ainda que o juiz majorou a pena-base
com base na "plena e elevada consciência de antijuridicidade
dos atos". Apesar desse fundamento não ser elemento que
justifique aumento da pena-base, por ser a antijuridicidade
elemento essencial ao crime, percebe-se que o julgador
menciona este fundamento, mas o que pesa em desfavor do réu
é a culpabilidade que, pelos argumentos acima expostos, deve
mesmo ser avaliada negativamente.”

14. Já em sede de Embargos de Declaração, esta Corte analisou a


legalidade da fração (2/3) de aumento utilizada pela sentença no momento de
aplicar a continuidade delitiva.

“A defesa aduz ter havido omissão relativamente aos tópicos da


imprescindibilidade de individuação das condutas dos réus na
denúncia; da tese de atipicidade da conduta; da deficiência da
prova da materialidade delitiva, bem como' quanto aos tópicos
da "ausência de elementos que indiquem fatos criminosos
concretos" e "ausência, de provas da autoria" e, finalmente, no
tocante à dosimetria.
Ocorre que, excetuando o questionamento do aumento da pena
pela continuidade delitiva, tais matérias foram devidamente
analisadas no acórdão, denotando os presentes embargos tão
somente o inconformismo do recorrente com o teor da decisão,
com o fito de ser reapreciado o mérito do recurso apelatório.
Reconhecida a omissão quanto- à incidência do, art. 71, do CP,
passemos a aclarar a matéria.
Com referência às fís. 495/496, o embargante. sustenta a
impossibilidade de aplicação do aumento máximo da pena em
razão da continuidade delitiva, uma vez que a sentença não
fundamenta o aumento com base no número de crimes, o qual
sequer é mencionado.''
Compulsando a sentença, contudo, percebe-se que o julgador
não incorreu em erro, pois adotou o número de crimes como
parâmetro para a incidência da fração da continuidade delitiva,
como se conclui da leitura da fl. 339 da sentença - "a RENDA
negociou ações habitualmente em mercados. organizados
(Bovespa e Soma) entre 2000 e 2005. Por exemplo, no ano
2000, ela realizou cerca de 5 (cinco) operações de venda de
ações por mês e nos anos 2001 e 2004, a média mensal foi de

5/27
4 (quatro). Essas médias, no entanto, não refletem o vigor com
que a RENDA, por intermédio da PAX, praticou a atividade de
intermediação irregular de ações (“garimpagem”) – e às fls. 345
– “ademais, cabe lembrara que, no caso dos autos, somente no
ano de 2001, foram realizadas cerca de 4000 (quatro) mil
transferências de ações a crédito da RENDA”.
Diante dessa reiteração, afasta-se a tese de impossibilidade de
aplicação da fração máxima prevista no art. 71 do CP, pois o
elevado número de crimes justifica tal incidência.”

15. Por outro lado, importa salientar que não se desconhece, o


entendimento jurisprudencial segundo o qual não é cabível o habeas corpus
substitutivo de recurso legalmente previsto para a hipótese.

16. Tal entendimento, no entanto, por vezes é superado quando se


constata a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado, como
no presente caso, em que os Pacientes estão condenados a pena em patamar
mais gravoso do que o devido em razão da não atenuação legalmente prevista
de sua pena.

17. Nesse sentido, julgado desse Corte, admitindo o conhecimento


do writ, ainda que sucedâneo do recurso aplicável à espécie, para redimensionar
a pena aplicada ao Paciente:

“PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS.


ATAQUE À DOSIMETRIA DA PENA FIXADA EM SENTENÇA.
EXCEPCIONALIDADE DA MEDIDA. CONCESSÃO PARCIAL
DA ORDEM.
1. Cuida-se de habeas corpus contra sentença penal
condenatória. Sabe-se que o writ não deve ser usado como
sucedâneo de recursos não interpostos ou de revisão criminal.
Sucede que a tramitação da apelação foi interceptada por
intempestividade em primeiro grau. Na sequência, já contra esta
decisão, o réu manejou recurso em sentido estrito (RSE 2402-
PE). O caso, então, é de "dúvida objetiva" acerca da
tempestividade da apelação, porque o assunto ainda está sendo
vivamente debatido. De outro lado, também não se pode falar
sobre o cabimento da ação de revisão criminal, porque esta
dependeria da certificação incontroversa do trânsito em julgado,
algo que não aconteceu. Tudo torna, então, menos extravagante
o manejo do HC, que, no fim de contas, noticia algumas
ilegalidades na sentença que podem e devem ser corrigidas,
donde seu conhecimento;

6/27
2. Não há, é certo, como empreender funda incursão no HC
sobre a causa e os elementos de convicção colacionados aos
autos do apelo, algo que a estreiteza probatória do writ limita.
Rejeita-se, por isso, a discussão sobre a culpabilidade do réu,
que não se pode divisar como teratológica ou absurda; e
também não há erro relativamente à tipificação legal, porque a
sonegação de diversos tributos conjuntados, inclusive de
contribuições destinadas ao custeio do sistema "S" (SESI,
SENAI e SABRAE), pode dar ensejo, como deu, à incidência da
normal penal incriminadora encartada na Lei 8137/90, Art. 1º, I,
não havendo nisso - muito pelo contrário - qualquer
extravagância;
3. Houve, porém, dois erros na dosimetria da pena estipulada,
os quais podem ser divisados mesmo a olho desarmado, donde
a cognoscibilidade do presente writ:
(i) a pena-base foi aumentada (também) pelo fato da existência
de outras ações penais sem trânsito em julgado, nisso havendo
agressão à Súmula 444 do Superior Tribunal de Justiça (pouco
importando que o impacto, segundo pretendido pela sentença,
tenha se dado em outras circunstâncias judiciais que não a dos
antecedentes; é erro e precisa ser reparado);
(ii) reduz-se a pena-base, então, para 02 anos e 06 meses, ao
contrário dos 03 anos fixados em sentença (o aumento de 06
meses além pena mínima, que é de 02 anos, justifica-se porque
a culpabilidade do réu foi considerada de grau mediano, não
havendo no HC, repete-se, qualquer possibilidade de concluir-
se de forma diversa);
(iii) não há, em segunda-fase, circunstâncias atenuantes e/ou
agravantes;
(iv) em terceira-fase, ao contrário do pretendido pela impetração,
tenho como correta a incidência na causa de aumento prevista
na Lei 8137/90, Art. 12, I (sonegação que causa "grave dano à
sociedade"). Cumpre, no ponto, não distinguir o tributo
originariamente sonegado (R$ 129.716,21) daquele que acabou
lançado pelo Fisco (R$ 521.660,78), envolvendo também multa
(R$ 97.287,19), juros (R$ 207.713,92) e demais encargos legais
(R$ 86.943,46);
(v) relevante dizer, outrossim, que a sentença, tendo margem
para majorar a pena pelo "grave dano à sociedade" (Lei 8137/90,
Art. 12, I) optou pelo mínimo estabelecido em lei (1/3),
demonstrando, no ponto, prudência e razoabilidade;
(vi) ainda em terceira-fase, todavia, outro ajuste deve ser feito,
agora quanto à continuidade delitiva (CP, Art. 71), que permitiria
majoração no intervalo de 1/6 a 2/3, sendo certo que foram 12
os meses de sonegação, não havendo, então, motivo para
elevação em grau máximo. Aumento que se aplica em 1/2;
(vii) tudo, então, contabilizado, chega-se à pena de 05 anos de
reclusão, em regime inicial semiaberto (sem mudança na pena
de multa estipulada);
4. Ordem parcialmente concedida.

7/27
(PROCESSO: 00008412320174050000, HC6342/PE,
DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO DE
OLIVEIRA LIMA, Segunda Turma, JULGAMENTO: 01/08/2017,
PUBLICAÇÃO: DJE 04/08/2017 - Página 43)

18. A ausência de aplicação da atenuante da confissão espontânea


(art. 65, III, ‘d’, do CP), a ocorrência de bis in idem no tocante à habitualidade e
a não apresentação de elementos concretos para justificar a diferença de pena
aplicada ao Paciente FRANCISCO DEUSMAR, teses que animam a presente
impetração, também não foram analisadas pelas instâncias superiores.

19. Afinal, os Recursos Extraordinários assacados do julgamento do


Recurso de Apelação, por previsão legal e jurisprudencial (prequestionamento,
violação direta a norma infraconstitucional etc.,), limitaram-se às teses objeto de
análise em sede de apelação.

20. Ademais, também não foi possível apresentar o


constrangimento ilegal suportado pelos Pacientes diretamente perante às Cortes
Superiores por ser incabível o ineditismo recursal, o que ocasionaria indevida
supressão de instâncias.

21. Como se tudo isso não bastasse, a necessidade de


conhecimento do presente writ, não há dúvidas, decorre do primado
constitucional da inafastabilidade do Poder Judiciário da análise de lesão ou
ameaça a direitos, especialmente aqueles atinentes à liberdade.

22. Mais do que isso, deriva da obrigatoriedade de que a jurisdição


na seara penal seja balizada pela legalidade, afastando, sempre que verificada,
a falibilidade de algum ato judicial na cominação de penas desproporcionais e
desarrazoadas.

23. Equívocos na dosimetria da pena, quando são flagrantes e


decorrem da mera análise do próprio ato impugnado, não dependendo de
qualquer reexame dos fatos ou provas, justificam, inclusive, a concessão da
ordem de habeas corpus de ofício, com fulcro no artigo 654, parágrafo 2º do

8/27
Código de Processo Penal2, como já reconheceu o STJ em diversas
oportunidades3.

24. No presente caso, com o devido respeito, as violações


praticadas pela autoridade impetrada são evidentes e não devem ser ignoradas.
Vejamos.

III - DO MÉRITO
III.1 - DA NÃO APLICAÇÃO DA ATENUANTE DE CONFISSÃO

25. A sentença, apesar de utilizar os depoimentos, judicial e


inquisitorial, como fundamento para a individualizar a conduta de cada um dos
Pacientes e, em consequência, condená-los, deixou de reconhecer a evidente
atenuante da confissão espontânea.

26. Com efeito, em relação ao Paciente FRANCISCO DEUSMAR,


consta expressamente da decisão condenatória:

45. Ao ser interrogado, perante a autoridade policial, o acusado


FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS afirmou (fls. 24/26 -
IPL):

"QUE, é o atual Diretor da PAX Corretora de Valores e


Câmbio Ltda.; QUE foi acionista majoritário da RENDA
Corretora de Mercadorias Ltda. até o ano de 2006, mas
nunca foi diretor ou administrador da citada sociedade;
QUE, a gerência administrativa da RENDA sempre foi
exercida pelo Sr. IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
2 Art. 654.(...) § 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de
habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência
de sofrer coação ilegal.
3 AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FUNDAMENTO DA

INADMISSÃO DO RECURSO ESPECIAL NÃO COMBATIDO. SÚMULA N. 182 DO STJ.


RECURSO NÃO PROVIDO. ART. 654, § 2°, DO CPP. ILEGALIDADE RECONHECIDA DE
OFÍCIO. HABEAS CORPUS CONCEDIDO. (...)
2. Consoante previsão do art. 654, § 2°, do CPP, esta Corte Superior pode expedir de ofício
habeas corpus quando, no curso de processo, verificar, icto oculi, que alguém sofre ou está na
iminência de sofrer coação ilegal ao seu direito de locomoção.
(AgRg no AREsp 1019526/MG, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
julgado em 09/05/2017, DJe 15/05/2017)

9/27
conforme informado à CVM, na data de 14/12/2007,
apresentando, neste momento, o interrogando documento
que se refere a tal comunicação, para juntada aos autos;
QUE, a empresa RENDA era cliente da PAX como vários
outros clientes desta última empresa; QUE, em resposta a
afirmação elaborada pela CVM no Relatório de Inspeção
CVM/SFIIGFE-02 nº 01/2007, de que a empresa RENDA
operava irregularmente no mercado de valores mobiliários,
adquirindo ações de terceiros ("garimpagem"), para depois
revendê-las por intermédio da PAX, respondeu que tal
afirmação não procede, pois a RENDA adquiria ações
para sua carteira própria, conforme seu contrato
social, e posteriormente as entregava a PAX para fazer
a venda em bolsa regularmente, conforme reconhecido
pela CVM; QUE, quando o afirmação elaborada pela CVM
no Relatório de Inspeção CVM/SFIGFE-02 ng 01/2007, de
que pessoas naturais ou jurídicas procuravam a corretora
PAX para vender suas ações e eram encaminhadas para
vender à corretora RENDA, do mesmo grupo, e eram
remuneradas pela metade do preço de mercado, ao invés
de vendê-las em bolsa por intermédio da PAX, respondeu
que nunca qualquer pessoa que tenha procurada a PAX
com a documentação correta deixou de ser atendida, e
muito menos foi encaminhada para outra instituição, no
entanto, algumas pessoas na pressa de receber o
dinheiro fruto da venda, por conta que o processo para
regularizar a movimentação demorava de 30 a 60 dias,
procuravam a RENDA Corretora, que adquiria essas
ações para sua carteira própria, sem nenhum processo
que possa ser classificado como garimpagem, uma vez
que ela (RENDA) não procurava clientes, e sim os
clientes, por conhecimento, a procuravam, com
deságio que variava entre 5% a 10%1, até porque no
período de 60 dias a bolsa oscila bastante; QUE,
confirma as declarações feitas pelo interrogando à
CVM no processo que culminou com a elaboração do
relatório acima citado, de que os Srs. GERALDO DE
LIMA GADELHA FILHO, Diretor Executivo da PAX, e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA, Gerente da PAX,
receberam procurações da empresa RENDA, pelo
profissionalismo e confiança os controladores da PAX
depositavam em ambos; QUE, indagado se conhece as
corretora ANDRÉA JUCÁ TERCEIRO, ANA ANGÉLICA
ADERALDO JUCA, ISABELLE JUCÁ RIBEIRO e VERA
LÚCIA DA SILVA LOPES NOGUEIRA, respondeu que não
as conhece e nem teve qualquer relacionamento com as
mesmos; QUE, nunca foi preso, porém responde a um
processo em trâmite na Justiça Estadual, por suposto
envolvimento em grupo de extermínio."

10/27
46. Em juízo, FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS confirmou
ser sócio fundador das empresas PAX e RENDA, esclarecendo
que a parte operacional das mesmas foi transferida para os
corréus GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON
BARRETO) DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA (...)

"(...) parte não, esclarecendo que, na verdade, várias


pessoas, incluindo CARLOS e ABEL, referenciados
nos depoimentos anteriores, formavam carteiras
próprias de ações, entregando-as à PAX para
intermediação junto à Bolsa de Valores, vez que a PAX
era autorizada para tanto, esclarecendo que, em torno
de 2007, dita empresa ficou sendo a única autorizada a
negociar com o Bolsa de Valores de São Paulo"

27. Em outras palavras, foi utilizado como razão de convencimento


pelo magistrado de origem os depoimentos prestados por FRANCISCO
DEUSMAR, especialmente para o reconhecimento de sua atuação perante as
empresas cujas atividades foram inquinadas de ilícitas.

28. Embora JERÔNIMO BEZZERA, GERALDO GADELHA e


IELTON BARRETO, não tenham prestado depoimento em juízo, os
esclarecimentos que deram à autoridade policial foram amplamente utilizados
pela sentença para justificar suas respectivas condenações.

29. No que diz respeito ao Paciente JERÔNIMO BEZZERA, assim


afirmou a sentença:

47. Em sede policial, o acusado JERÔNIMO ALVES BEZERRA


asseverou que (fis. 3 1/33 - IPL):
"QUE, trabalha há vinte e cinco anos na empresa PAX
Corretora de Valores e Câmbio Ltda., empresa pertencente
ao Sr. FRANCISCO DEUSMAR QUEIRÓS, exercendo a
função de Gerente Operacional; QUE, um ano após
ingresso na empresa PAX, o Sr. DEUSMAR outorgou
procuração ao interrogando conferindo plenos poderes
para o mesmo representá-la; QUE, também recebeu
procuração em nome da empresa RENDA Corretora,
desde a sua constituição, não sabendo declinar se tal
procuração foi outorgada pelo Sr. FRANCISCO DEUSMAR
QUEIRÓS ou pelo Sr. IELTON BARRETO DE OLIVEIRA;
QUE, confirma que o Sr. FRANCISCO DEUSMAR DE

11/27
QUEIRÓS é o principal Diretor da PAX Corretora e há cerca
de três anos o mesmo foi Diretor da empresa RENDA;
QUE, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA é o atual Diretor
da RENDA Corretora; QUE o Sr. GERALDO DE LIMA
GADELHA FILHO é Diretor Executivo da PAXI e ao mesmo
também foi outorgado procuração em nome da Empresa
Renda; QUE, em resposta a afirmação elaborada pela
CVM no Relatório de Inspeção CVM/SFI/GFE-02 nº 01/200
7, de que a empresa RENDA operava irregularmente no
mercado de valores mobiliários, adquirindo ações de
terceiros (garimpagem), para depois revendê-las por
intermédio da PAX respondeu que desconhece qualquer
envolvimento desta empresa na atividade de garimpagem
de ações, no entanto, confirma que a PAX intermediava
a venda de ações adquiridas pela empresa RENDA; (...)"

30. Como visto, sua participação nas empresas investigadas e, por


conseguinte, na prática delituosa foi retirado de seu depoimento.

31. Aliás, a própria relação entre as mencionadas empresas, tidas


pela sentença como “coirmãs” é obtida do depoimento de JERÔNIMO ao afirmar
que “a PAX intermediava a venda de ações adquiridas pela empresa RENDA”.

32. Ainda sobre a relação das empresas e participação dos


Pacientes, a sentença não deixou dúvida quanto à utilização do depoimento de
JERÔNIMO:

57. Ainda a confirmar a relação de promiscuidade entre RENDA


e PAX, observou-se, ainda, que GERALDO DE LIMA GADELHA
também assinava documentos como diretor executivo da PAX
(Apenso 1/Volume IV - fl. 697), como, aliás, salientado na
denúncia, sendo notório, pois, que RENDA e PAX se
confundiam, seja pela localização comum, seja pela liderança de
um mesmo representante (FRANCISCO DEUISMAR DE
QUEIRÓS), ou ainda por partilharem de um mesmo escopo
operacional.
58. Nesse mesmo sentido, foi o depoimento, em sede policial,
do acusado JERÔNIMO ALVES BEZERRA quando declarou:
"QUE, trabalha há vinte e cinco anos na empresa PAX Corretora
de Valores e Câmbio Ltda., empresa pertencente ao Sr.
FRANCISCO DEUISMAR QUEIRÓS, exercendo a função de
Gerente Operacional, QUE. um ano após ingresso na empresa
PAX, o Sr. DEUSMAR outorgou procuração ao interrogando
conferindo Plenos Poderes para o mesmo representá-la; QUE,

12/27
também recebeu procuraçãoo em nome da empresa RENDA
Corretora, desde a sua constituicão, não sabendo declinar se tal
procuração foi outorgada pelo Sr. FRANCISCO DEUSMAR
QUEIRÓS ou pelo Sr. IELTON BARRETO DE OLIVEIRA* QUE,
confirma que o Sr. FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS é o
principal Diretor da PAX Corretora e há cerca de três anos o
mesmo foi Diretor da empresa RENDA; QUE, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA é o atual Diretor da RENDA Corretora;
QUE o Sr. GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO é Diretor
Executivo da PAX e ao mesmo também foi outorgado
procuração em nome da Empresa Renda" (grifamos e
destacamos)

33. Já no que tange às informações prestadas por GERALDO


GADELHA, constou da sentença:

49. Ao ser interrogado pela autoridade policial, o acusado


GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO disse (fis. 279/280 - IPL):
"QUE, nunca foi preso ou processado criminalmente; QUE,
é aposentado do Banco do Nordeste, onde trabalhou por
trinta anos; QUE, é Superintendente de Relações
Institucionais de Empreendimentos Pague Menos e
Farmácias Pague Menos; QUE, é Ouvidor da empresa
PAX Corretora de Valores e Câmbio Ltda; QUE indagado
sobre as conclusões do processo administrativo
sancionador da Comissão de Valores Mobiliários, às fís.
243/267, onde o indiciado é tido como um dos
responsáveis por operações nas quais a empresa Renda
operava irregularmente no mercado de valores mobiliários,
adquirindo ações de terceiros, numa espécie de
"garimpagem", para depois revendê-las por intermédio da
empresa PAX, respondeu que a PAX é uma empresa
corretora de valores mobiliários, anteriormente membro da
bolsa regional e após sua extinção, membro da BOVESPA;
QUE, os clientes de PAX corretora, ao emitirem um
ordem de venda, compete a corretora checar se existe
a posição acionária de venda em nome de quem emitiu
a ordem; QUE, se existe a posição, a operação será
realizada no recinto da BOVESPA, com as
características de confiabilidade e transparência
requeridos; QUE, indagado sobre outra conclusão
remanescente do Relatório da CVM, de que pessoas
naturais e jurídicas procuravam a empresa PAX para
vender suas ações e eram encaminhadas para vender
suas ações à corretora RENDA, do mesmo grupo, sendo
remuneradas pela metade do preço de mercado, ao invés
de vendê-las em bolsa, por intermédio da PAX
respondeu que desconhece essa operação triangular e
acrescenta que a PAX possui incontáveis clientes de

13/27
pequena expressão econômica; QUE, as empresas
RENDA Corretora e PAX pertencem ao mesmo
controlador, senhor FRANCISCO DEUSMAR QUEIROZ;
QUE o indiciado apresentou cópias dos documentos a
seguir especificados, requerendo sua juntada aos autos:
Processo Administrativo Sancionador CVM nº SP
2008/0040-Termo de Compromisso, Guia de Recolhimento
da União, no valor de R$ 430.000,00 quatrocentos e trinta
e trinta (sic) mil reais) e "AR" (aviso de recebimento)."

34. Do depoimento de GERALDO a sentença obteve valiosa


informação sobre o funcionamento da empresa PAX, especialmente em relação
a seus clientes e sua participação na empresa.

35. Por fim, ao mencionar o Paciente IELTON BARRETO, aduziu a


sentença:

51. A seu turno IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, afirmou em


sede policial o seguinte (fís. 287/288):

"QUE, é sócio gerente da empresa Renda Corretora de


Mercadorias S/C Ltda; QUE, indagado sobre as conclusões
do processo administrativo sancionador da Comissão de
Valores Mobiliários, às fls. 243/269. onde o indiciado e tido
como um dos responsáveis por operações nas quais a
empresa Renda operava irregularmente no mercado de
valores mobiliários, adquirindo ações de terceiros, numa
espécie de "garimpagem", para depois revendê-las por
intermédio da empresa PAX respondeu que a empresa
RENDA adquiria lotes de ações fracionados, numa
espécie de "mercado de balcão" e depois as
custodiava em bolsa de valores para vendê-las na
bolsa através da empresa PAX; QUE, indagado sobre
outra conclusão remanescente do Relatório da CM de que
pessoas naturais e jurídicas procuravam a empresa PAX
para vender suas ações e eram encaminhadas para vender
suas ações à corretora RENDA, do mesmo grupo, sendo
remuneradas pela metade do preço de mercado, ao invés
de vendê-las em bolsa, por intermédio da PAX, respondeu
que elas não procuravam a PAX Corretora, procuravam
diretamente a Renda; QUE, as empresas Renda Corretora
e PAX pertencem ao mesmo controlador, senhor
FRANCISCO DEUSMAR QUEIROZ."

36. Como se vê, o depoimento de IELTON foi utilizado para

14/27
descortinar sua atuação perante a RENDA e a atuação da citada empresa no
mercado, bem como sua relação com a empresa PAX, esclarecendo, ademais,
que ambos os empreendimentos pertenciam ao Paciente FRANCISCO
DEUSMAR.

37. Como visto, não há dúvidas de que a sentença se socorreu


das declarações prestadas pelos Pacientes para justificar suas
condenações, sendo lhes devida, portanto, a atenuação de pena, nos termos
do artigo 25, § 2º da Lei 7.492/86.

38. É que, sempre que a palavra do réu é utilizada para fundamentar


sua condenação, deve ser aplicada a ele a atenuante da confissão espontânea.

39. Por se tratar de matéria recorrente no Superior Tribunal de


Justiça, foi editada a Súmula nº 545/STJ, garantindo que, havendo a sentença
se utilizado da palavra do réu para condená-lo, a atenuante de confissão
espontânea deve ser utilizada. Confira-se:

Súmula nº 545/STJ - "Quando a confissão for utilizada para a


formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
atenuante prevista no art. 65, III, 'd', do Código Penal. "

40. Como não poderia deixar de ser, essa Corte tem aplicado
mencionado entendimento sumular para atenuar a pena pela confissão do réu:

“PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL.


CRIME DE RESPONSABILIDADE. EX-PREFEITO. AUSÊNCIA
DE PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CONVÊNIO CELEBRADO
COM A UNIÃO. TENTATIVA DE ATRIBUIR A
RESPONSABILIDADE A TERCEIRO. DEVER DE FISCALIZAR
QUE CABE AO CHEFE DO PODER, SIGNATÁRIO DO
CONVÊNIO. FATO OCORRIDO. RESPONSABILIDADE
IDENTIFICADA. DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS
EXTRAPENAIS RELEVANTES. IMPOSSIBILIDADE DE O
MUNICÍPIO CONTRATAR COM A UNIÃO. VALORAÇÃO
NEGATIVA. POSSIBILIDADE. CONFISSÃO QUALIFICADA.
UTILIZAÇÃO COMO FUNDAMENTAÇÃO NA SENTENÇA.
APLICAÇÃO DA ATENUANTE. PROVIMENTO PARCIAL DO
RECURSO APENAS PARA REDUZIR A PENA.

15/27
1. Narrou a denúncia que aos 23 de dezembro de 2009, I. R. A.,
na qualidade de prefeito de Algodão de Jandaíra/PB, firmou o
convênio n.º 058/2009 (SIAFI 705344) com o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, tendo por objeto a
implantação de unidade de comercialização direta, na
importância de R$ 119.443,50 (cento e dezenove mil
quatrocentos e quarenta e três reais e cinquenta centavos), e
contrapartida do município no valor de R$ 4.980,00 (quatro mil,
novecentos e oitenta reais), e restando determinado que fosse
prestadas contas no prazo de 60 (sessenta) dias, após o término
do convênio. Nada obstante, deixou o réu transcorrer em branco
o prazo, tendo as contas do município julgadas irregulares pelo
Tribunal de Contas da União, razão pela qual foi como incurso
no artigo 1º, VII, do Decreto-Lei n.º 201/67.
2. Embora sustente ter delegado a responsabilidade de prestar
contas a seu assessor chefe, a delegação de competência não
é escusa do dever legal dos administradores públicos de
fiscalizar seus subordinados, em especial naquelas atribuições
delegadas.
3. Não há que se falar em bis in idem quando as consequências
consideradas para exasperar a pena-base destoam,
fundamentalmente, das consequências inerentes ao tipo penal.
A omissão na prestação de contas culminou com a
impossibilidade de o município contratar com a União,
consequência esta que não é inerente ao tipo. Neste sentido é
que as consequências extrapenais do presente caso são
relevantes à fixação da pena-base em patamar mais elevado.
4. Quando o juiz se utiliza, de qualquer forma, da confissão
- seja aquela promovida em juízo ou em sede policial - é de
se reconhecer que a confissão se deu em favor da função
jurisdicional do Estado, reforçando e facilitando, de algum
modo, o dever de fundamentar do magistrado. Esta foi a
hipótese dos autos, razão pela qual impera a aplicação da
redução da pena nos termos do artigo 65, III, 'd', do Código
Penal Brasileiro, conforme a redação da súmula 545 do
Superior Tribunal de Justiça.
V - Apelação parcialmente provida.
(PROCESSO: 00012336620154058201, ACR14137/PB,
DESEMBARGADOR FEDERAL LEONARDO AUGUSTO
NUNES COUTINHO (CONVOCADO), Quarta Turma,
JULGAMENTO: 08/05/2018, PUBLICAÇÃO: DJE 29/05/2018 -
Página 64)”

41. No caso em tela, havendo os Pacientes sido condenados por


crime previsto na Lei 7.492/86, deve ser aplicado a eles o disposto no art. 25, §
2º do mencionado dispositivo legal.

16/27
42. A não aplicação da atenuante de confissão, para todos os
Pacientes, demonstra o constrangimento ilegal por eles suportado e que deve,
neste momento, ser prontamente afastado por esta Corte, para que suas penas
sejam redimensionadas.

III. 2 - DO BIS IN IDEM QUANTO À HABITUALIDADE DELITIVA

43. Não bastasse a ilegalidade acima apontada, a pena aplicada aos


Pacientes foi recrudescida em razão do reconhecimento da habitualidade delitiva
gerando duplo bis in idem.

44. A primeira ilegalidade que salta aos olhos está relacionada à


aplicação de continuidade delitiva em relação ao delito previsto do art. 7º, IV, da
Lei n. 7.492/1986, pelo qual os Pacientes foram condenados.

45. É que o mencionado crime possuiu como elemento inerente ao


próprio tipo penal a habitualidade delitiva, não admitindo, portanto, que tal
elementar seja novamente utilizada para justificar a continuidade delitiva, nos
termos do art. 71 do CP.

46. Com efeito, a configuração do crime de “garimpagem de ações”


pressupõe a comercialização de títulos ou valores mobiliários de maneira
habitual, rotineira e organizada, não se configurando o ilícito com a prática de
um único ato isolado.

47. Trata-se de crime habitual sendo imprescindível para sua


configuração um conjunto de ações realizadas de forma organizada e reiterada.

48. O crime habitual pressupõe, como cediço, a prática de um


conjunto de atos sucessivos, de modo que cada conduta isoladamente
considerada constitui um ‘indiferente’ penal, ou seja, são delitos que reclamam
habitualidade, por traduzirem em geral um modo de vida do agente.

17/27
49. Para GUILHERME DE SOUZA NUCCI4:

“O delito habitual é aquele cuja consumação se dá através da


prática de várias condutas, em sequência, de modo a evidenciar
um comportamento, um estilo de vida do agente, que é
indesejável pela sociedade, motivo pelo qual foi objeto de
previsão legal. Uma única ação é irrelevante para o Direito
Penal. Somente o conjunto se torna figura típica, o que é
fruto da avaliação subjetiva do juiz, dependente das provas
colhidas, para haver condenação.”

50. Mais especificamente, ao comentar a modalidade “negociar”,


previsto no art. 7º, inciso IV da Lei 7.492/86, afirma NUCCI5:

“(…) negociar significa transacionar, comerciar. Os objetos das


condutas são os títulos (documentos que certificam um direito)
ou valores mobiliários (são os títulos emitidos por sociedades
anônimas, que podem negociados em bolsa), preenchidas as
hipótese descritas nos incisos.”

51. Não por outra razão, de acordo com a sentença, o crime se


configurou porque os réus passaram a exercer de forma habitual, rotineira e
organizada a negociação de valores mobiliários, sem “autorização prévia da
autoridade competente, quando legalmente exigida”, fazendo da atividade um
meio de vida.

52. Aliás, ao refutar a afirmação do Paciente FRANCISCO


DEUSMAR que afirmou que a empresa RENDA possuía uma carteira própria, a
sentença, para justificar a ocorrência do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei n.
7.492/1986, fez a seguinte definição do crime de “garimpagem”:

“60. No que se refere à afirmação do acusado FRANCISCO


DEUSMAR QUEIRÔS de que a RENDA, na verdade, adquiria
ações para formação de carteira própria, tem-se que desprovida
de razoabilidade. Com efeito, se ao adquirir ações de
companhias telefônicas em negociações privadas por que as
alienava em bolsa de valores num curto espaço de tempo, tal
como apurado nas inspeções da CVMV? Como esse modus

4 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado.9 ed. rev. atual. e ampl.:
SãoPaulo, Revistados Tribunais, 2009, p.609
5 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas, 9a. edição,

Forense, vol. 2, Rio de Janeiro, p. 817

18/27
operandi se coadunaria com a montagem de uma carteira
própria de ações? A resposta a tais questionamentos não nos
leva a ilação outra senão a de que as compras e vendas de
ações por parte da RENDA se amoldam à atividade de
"garimpagem" de ações caracterizada pelo alto giro dos
papéis, com ingresso frequente, por meio de transferências
em contas de custódia, de pequenas quantidades de ações
adquiridas em sua maior parte de pessoas físicas, pela
montagem de lotes mais significativos e por sua
subsequente venda em bolsa, como bem salientado no
respectivo Termo de Acusação.”

53. Em outras palavras, segundo a própria sentença, a garimpagem


de ações se perfaz com a compra e venda (negociação) frequente de ações e
posterior venda em bolsa, não bastando um único ato.

54. Tal informação, aliás, foi confirmada em sede de apelação.

55. Com efeito, embora, a habitualidade não tenha sido discutida


sob o enfoque ora debatido, o voto condutor do acórdão de apelação apresentou
o conceito de garimpagem fornecido pela Comissão de Valores Mobiliários –
CVM:

“Como se trata de uma matéria estritamente técnica, entendo ser


elucidativo o conceito de garimpagem de ações fornecido pela
Comissão de Valores Mobiliários, segundo, a qual a
"garimpagem de ações", ou intermediação irregular,
caracteriza-se pela compra, com habitualidade, por pessoas
não integrantes do sistema de distribuição, de valores
mobiliários diretamente de investidores, para revendê-los
em bolsa de valores ou no mercado de balcão organizado.”

56. Em seguida, concluiu que “para caracterizar a garimpagem, é


preciso que a compra das ações de forma privada se transforme em uma
atividade, não bastando uma ação isolada.”

57. Nada obstante, ao aplicar a continuidade delitiva em seu


patamar máximo para todos os Pacientes, afirmou a sentença que:

"como houve reiteração, durante o período de 2000 a 2006, do

19/27
delito em questão (cf. Termo de Acusação acima), e tendo em
vista que essa reiteração apresenta, no presente processo,
harmonia com o art. 71 do Código Penal, deve incidir a causa de
aumento de pena prevista no referido dispositivo. Assim sendo,
e considerando o quantitativo da reiteração, aumento em 2/3
(dois terços) a pena fixada para o delito previsto no art. 7º, IV, da
Lei nº 7.492/1986"

58. Ora, se a atuação de forma organizada, habitual e rotineira,


fazendo da "garimpagem de ações" uma atividade, é elemento necessário a
configuração do próprio tipo penal, não pode, sob pena de configurar indevido
bis in idem, também servir para elevar pena a título de reiteração delitiva, nos
termos do art. 71 do CP.

59. Há, como visto, flagrante incompatibilidade do delito previsto no


art. 7º, IV, da Lei 7.492/86 ou “garimpagem de ações”, com a continuidade
delitiva (art. 71 CP), sendo necessária sua exclusão da pena aplicada aos
Pacientes.

60. Como se tudo isso não bastasse, há outro indevido bis in idem
praticado pela sentença, também no que concerne à habitualidade delitiva.

61. É que ainda que fosse possível o reconhecimento da


continuidade delitiva como elemento que não está contido no tipo previsto no art.
7º, IV, da Lei 7.492/86, a sentença utilizou a habitualidade delitiva tanto na
primeira como na terceira fase de aplicação da pena dos Pacientes.

62. Com efeito, para fixar a pena-base, afirmou à sentença quanto


às circunstâncias do delito:

“Também devem ser consideradas as circunstâncias dos delitos,


pois, na qualidade de sócio-gerente da RENDA, praticou de
forma habitual, organizada e irregularmente a atividade de
mediação ou corretagem de valores mobiliários ao adquirir
ações de companhias telefônicas por meio de negociações
privadas para, em seguida, aliená-las em bolsa de valores, bem
como adquirir fora de bolsa e com significativo deságio ações de
emissão do Banco do Estado do Ceará (BEC) (...)

63. Como se vê, a sentença utilizou-se como fundamento para

20/27
considerar negativa as circunstâncias do crime a habitualidade, não podendo se
valer deste mesmo critério para, na terceira fase da aplicação da pena, utilizar a
continuidade delitiva como fator de aumento de pena a fim de não gerar odioso
bis in idem.

“AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO.
GESTÃO FRAUDULENTA DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.
APROPRIAÇÃO DE DINHEIRO, TÍTULO, VALOR OU
QUALQUER BEM MÓVEL DE QUE SE TEM A POSSE EM
PROVEITO PRÓPRIO OU ALHEIO. ARTS. 4º E 5º DA LEI N.
7.492/1986. PODERES DE GERÊNCIA. EXISTÊNCIA. ART.
619 DO CPP. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. ART. 59 DO CP.
DOSIMETRIA. ADEQUAÇÃO LEGAL. QUEBRA DE SIGILO
BANCÁRIO. NÃO OCORRÊNCIA. PRINCÍPIO DA
CONSUNÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. ART. 71 DO CP.
CONTINUIDADE DELITIVA NÃO CARACTERIZADA.
ACÓRDÃO A QUO COM ADEQUADA FUNDAMENTAÇÃO.
PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ.
MATÉRIA CONSTITUCIONAL. SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL.
(...)
4. A teor do disposto no art. 222 do Código de Processo Penal e
da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a inversão da
oitiva de testemunhas de acusação e defesa não configura
nulidade quando a inquirição é feita por meio de carta precatória,
cuja expedição não suspende a instrução criminal.
5. O crime de gestão fraudulenta pode ser visto como crime
habitual impróprio, em que uma só ação tem relevância para
configurar o tipo, ainda que a sua reiteração não configure
pluralidade de crimes. Portanto, a sequência de atos
fraudulentos perpetrados já integra o próprio tipo penal,
razão pela qual não há falar, na espécie, em crime
continuado.
6. Incidência da Súmula 7/STJ.
7. A violação de preceitos, dispositivos ou princípios
constitucionais revela-se quaestio afeta à competência do
Supremo Tribunal Federal, provocado pela via do extraordinário;
motivo pelo qual não se pode conhecer do recurso especial
nesse aspecto, em função do disposto no art. 105, III, da
Constituição Federal.
8. O agravo regimental não merece prosperar, porquanto as
razões reunidas na insurgência são incapazes de infirmar o
entendimento assentado na decisão agravada.
9. Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 608.646/ES, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, 6ª TURMA, julgado em 20/10/2015, DJe 10/11/2015)”

21/27
III. 3. DO CONSTRANGIMENTO ILEGAL QUANTO À PENA APLICADA AO
RÉU FRANCISCO DEUSMAR

64. Por fim, no tocante à dosimetria da pena, existe constrangimento


ilegal praticado exclusivamente em relação ao Paciente FRANCISCO
DEUSMAR e que jamais foi analisada.

65. Com efeito sua pena foi aplicada em patamar quase que o dobro
acima dos demais Pacientes sem qualquer fundamentação idônea.

66. No que diz respeito à culpabilidade, afirma a sentença no que


diz respeito aos demais réus que ela é elevada, todavia, utiliza-se do
mesmíssimo fundamento para o Paciente FRANCISCO DEUSMAR apenas
acrescentando o advérbio “extremamente”, sem qualquer fundamentação que o
justifique. Confira-se:

22/27
67. Como se vê, a simples afirmação de que a culpabilidade do
Paciente FRANCISCO DEUSMAR é “extremamente” elevada, sem qualquer
outra fundamentação, especificando a razão do uso de advérbio, não justifica o
aumento de pena por ele experimentado.

68. Quanto às consequências do crime, o fundamento é


absolutamente idêntico para todos os réus. Confira-se:

FRANCISCO GERALDO IELTON JERÔNIMO


C as consequências do as consequências do as consequências do as consequências do
O crime também devem crime também devem crime também devem crime também devem
N ser destacadas, visto ser destacadas, visto ser destacadas, visto ser destacadas, visto
S que a intermediação que a intermediação que a intermediação que a intermediação
E irregular de valores irregular de valores irregular de valores irregular de valores
Q mobiliários com a mobiliários com a mobiliários com a mobiliários com a
U utilização das utilização das utilização das co-irmãs utilização das empresas
Ê mencionadas empresas mencionadas PAX e RENDA, gerou co-irmãs PAX e
N comandadas pelo réu, empresas, gerou um um lucro de cerca de RENDA, gerou um lucro
C gerou um lucro de cerca lucro de cerca de dois dois milhões e de cerca de dois
I de dois milhões e milhões e oitocentos e oitocentos e quarenta milhões e oitocentos e
A oitocentos e quarenta quarenta mil reais, no mil reais, no período de quarenta mil reais, no
S mil reais, no período de período de 2000 a 2005, 2000 a 2005, sem levar período de 2000 a 2005,
2000 a 2005, atingindo sem levar em conta o em conta o considerável sem levar em conta o
de forma expressiva a considerável prejuízo prejuízo suportado considerável prejuízo
confiabilidade e a suportado pelos pelos investidores, suportado pelos
transparência do investidores, atingindo atingindo de forma investidores, atingindo
mercado de valores de forma expressiva a expressiva a de forma expressiva a
mobiliários como um confiabilidade e a confiabilidade e a confiabilidade e a
todo transparência do transparência do transparência do
mercado de valores mercado de valores mercado de valores
mobiliários como um mobiliários como um mobiliários como um
todo todo todo

69. Apenas no que diz respeito às circunstâncias o fundamento tem


pequena variação, na medida em que atribui ao Paciente FRANCISCO
DEUSMAR a atuação em ambas as empresas (RENDA e PAX), e em apenas
uma delas para os demais acusados.

23/27
FRANCISCO GERALDO IELTON JERÔNIMO
C Também devem ser Também devem ser Também devem ser Também devem ser
I consideradas as consideradas as consideradas as consideradas as
R circunstâncias dos delitos, circunstâncias do(s) circunstâncias do(s) circunstâncias do(s)
C pois, na qualidade de delito(s), pois, na delito(s), pois, na delito(s), pois, na qualidade
U sócio-gerente da RENDA, qualidade de dirigente qualidade de sócio- de gerente operacional da
N praticou de forma da PAX, permitiu o gerente da RENDA, PAX, permitiu o exercício
T habitual, organizada e exercício das atividades praticou de forma das atividades de
 irregularmente a atividade de mediação ou habitual, organizada e mediação ou corretagem
N de mediação ou corretagem por pessoas irregularmente a por pessoas não
C corretagem de valores não autorizadas pela atividade de mediação autorizadas pela CVM,
I mobiliários ao adquirir CVM, utilizando e ou corretagem de utilizando e contratando
A ações de companhias contratando pessoas valores mobiliários ao pessoas não integrantes do
S telefônicas por meio de não integrantes do adquirir ações de sistema de distribuição de
negociações privadas sistema de distribuição companhias telefónicas valores mobiliários,
para, em seguida, aliená- de valores mobiliários, por meio de conforme amplamente
las em bolsa de valores, conforme amplamente negociações privadas demonstrado nesta
bem como adquirir fora de demonstrado nesta para, em seguida, sentença
bolsa e com significativo sentença aliená-las em bolsa de
deságio ações de valores, bem como
emissão do Banco do adquirir fora de bolsa e
Estado do Ceará (BEC), com significativo
Além disso, como deságio ações de
dirigente da PAX, permitiu emissão do Banco do
o exercício das atividades Estado do Ceará (BEC),
de mediação ou conforme demonstrado
corretagem por pessoas ao longo da sentença
não autorizadas pela
CVM, utilizando e
contratando pessoas não
integrantes do sistema de
distribuição de valores
mobiliários, conforme
amplamente demonstrado
nesta sentença, sendo
tudo praticado de forma
simulada

70. Este só fato, no entanto, não pode justificar pena em patamar


que chega quase ao dobro dos demais.

71. Não é demais lembrar que todos os réus tiveram suas penas
agravadas pelas mesmíssimas circunstâncias judiciais, o que faz com que a
pena mais elevada para um deles deva ser justificada de forma idônea.

72. Por fim, é importante que se diga que, apesar de constar do voto
condutor do acórdão de apelação menção a matéria em análise, efetivamente o
tema não foi enfrentado. Confira-se:

24/27
“Além da suposta nulidade, a defesa postula a- redução da pena
base sob a tese de que o juiz interpretou desfavoravelmente aos
réus determinadas circunstâncias judiciais de forma errônea.
A primeira das controvérsias, refere-se, à culpabilidade. Neste
tocante, o magistrado considerou a culpabilidade do réu
Francisco Deusmar Queiroz como extremamente elevada e
a dos demais réus como elevada. E, de fato, é a esta
conclusão a que se chega quando observado o modo como
o crime fora praticado.
Aqui, registre-se não se trata de sopesar a culpabilidade
enquanto dolo ou culpa, tendo em vista que esses elementos
fazem parte da tipicidade e sem a tipicidade sequer haveria
crime. Ao trazer a circunstância da culpabilidade, o art. 59 do CP
refere-se ao modo como o crime foi praticado, ou seja, a
censurabilidade da conduta típica. Se toda conduta típica já
pressupõe censurabilidade, na primeira fase da' dosimetria
convém observar as particularidades da execução do crime que
justifiquem a desfavorabil1idade da circunstância judicial da
culpabilidade, como por exemplo, a premeditação e o
planejamento do delito.
Nesta ação penal, a maneira como os apelantes executaram o
delito, a organização, o planejamento e a estratégia, nos
fornecem elementos concretos que demonstram a elevada
reprovabilidade da conduta delituosa perpetrada pelos agentes,
a justificar a valoração negativa da culpabilidade. No apelo,
argumenta-se ainda que o juiz majorou a pena-base com base
na "plena e elevada consciência de antijuridicidade dos atos".
Apesar desse fundamento não ser elemento que justifique
aumento da pena-base, por ser a antijuridicidade elemento
essencial ao crime, percebe-se que o julgador menciona este
fundamento, mas o que pesa em desfavor do réu é a
culpabilidade que, pelos argumentos acima expostos, deve
mesmo ser avaliada negativamente.
Superadas as controvérsias apontadas pela defesa e afastada a
condenação dos réus pelo crime previsto no art. 27-C da Lei
6.385/76, resulta a pena definitiva para:”

73. Como visto, a matéria não foi objeto de análise pelo acórdão de
apelação, que nada disse sobre os motivos que justificariam a culpabilidade de
FRANCISCO DEUSMAR ser “extremamente elevada”.

74. Aliás, mesmo após a oposição de Embargos de Declaração e,


posterior Recurso Especial, nada se disso sobre o apontado constrangimento
ilegal, tratando-se, pois, de discussão efetivamente inédita.

25/27
75. A ausência de demonstração de elementos concretos a justificar
o recrudescimento da pena aplicada à FRANCISCO DEUSMAR importa em
grave constrangimento ilegal que deve ser afastado para que ele receba pena
idêntica aos demais.

IV. DO PEDIDO LIMINAR

76. No caso em tela, presentes se encontram todos os requisitos


para a concessão liminar da ordem pretendida.

77. O fumus boni iuris decorre da ausência de fundamento idôneos


para a exasperação da pena aplicada ao Paciente, o que é corroborado pela
doutrina e jurisprudência dessa Corte.

78. Quanto ao periculum in mora, este decorre do risco de prisão


que correm os Pacientes em face da novel decisão do STF no julgamento do HC
126.292, que alterou a compreensão quanto à aplicação do princípio da
inocência, esculpido no art. 5º, inciso LVII, da Constituição Federal.

79. Com efeito, a concessão do presente HC pode levar à mudança


do regime de cumprimento da pena, não podendo os Pacientes darem início em
regime mais gravoso, mormente em face da possibilidade da mudança para o
regime aberto.

80. Isto posto, requerem seja concedida liminarmente a presente


ordem de habeas corpus a fim de que seja determinada a suspensão da decisão
que determinou a prisão dos Pacientes até o julgamento definitivo do presente
writ.

26/27
V. DO PEDIDO FINAL

81. Ante o exposto, requerem, por fim, seja concedida em definitivo


a ordem de habeas corpus, a fim de redimensionar a pena imposta aos
Pacientes, reconhecendo-se a atenuante de confissão espontânea e aplicando-
se a diminuição máxima prevista no art. 25, § 2º, da Lei 7.492/866, em face da
utilização da palavra dos réus para as suas condenações.

82. Caso assim não se entenda, requerem seja aplicada a atenuante


prevista no art. 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal.

83. Em todos os casos, requerem seja reconhecida a


impossibilidade de aplicação do aumento de pena previsto no art. 71 do Código
Penal pela continuidade delitiva, em face do flagrante bis in idem decorrente da
condenação por crime que exige habitualidade para sua tipificação, conforme
demonstrado no corpo da presente peça.

84. Por fim, especificamente em relação ao Paciente FRANCISCO


DEUSMAR DE QUEIRÓS, requerem seja sua pena estabelecida no mesmo
patamar dos demais pacientes em face da ausência de fundamentação para o
seu agravamento.

P. deferimento.
Recife/PE, 23 de julho de 2018.

Cesar Asfor Rocha Caio Cesar Rocha


OAB/SP 329.034 OAB/CE 15.095

Anastacio Marinho Tiago Asfor Rocha


OAB/CE 8.502 OAB/CE 16.386

Marcelo Leal de Lima Oliveira


OAB/DF 21.932

6 Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores
de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes.
(...)
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe
que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama
delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
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F2

RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193 - CE (2014/0091750-6)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


RECORRENTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
RECORRENTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
RECORRENTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
RECORRENTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADOS : ANASTÁCIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO E
OUTRO(S) - CE008502
ARIANO MELO PONTES - CE015593
TIAGO ASFOR ROCHA LIMA - CE016386
MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
CAIO CESAR VIEIRA ROCHA - CE015095
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EMENTA

PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL.


NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ART. 619 DO CPP.
AUSÊNCIA DE OMISSÃO. INÉPCIA DA DENÚNCIA. REQUISITOS
PREENCHIDOS. PRECEDENTES. ADEQUAÇÃO TÍPICA. CORRELAÇÃO
ENTRE A DENÚNCIA E A SENTENÇA. REEXAME DO CONJUNTO
FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
JULGAMENTO CITRA PETITA. INOCORRÊNCIA. ATIPICIDADE DA
CONDUTA. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. REFORMATIO IN
PEJUS. HIPÓTESE NÃO VERIFICADA. DEVOLUTIVIDADE DA
APELAÇÃO. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. FRAÇÃO
DE AUMENTO DA PENA PELA CONTINUIDADE DELITIVA FIXADA EM
CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. RECURSO
CONHECIDO EM PARTE E, NESSA EXTENSÃO, PARCIALMENTE
PROVIDO.

DECISÃO

Trata-se de recurso especial interposto por FRANCISCO DEUSMAR


DE QUEIROS, JERÔNIMO ALVES BEZERRA, GERALDO DE LIMA
GADELHA FILHO e IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, com fundamento no
art. 105, inciso III, alíneas a e c, da Constituição da República, contra o v. acórdão

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prolatado pelo eg. Tribunal Regional Federal da 5ª Região, assim ementado (fls.
603-604):

"PENAL. PROCESSO PENAL. ART. 7, IV, DA LEI


7.492/86. GARIMPAGEM DE AÇÕES. JULGADO CITRA PETITA.
NULIDADE AFASTADA. JULGADO ULTRA PETITA.
RECONHECIMENTO E AFASTAMENTO DA CONDENAÇÃO PELO
CRIME PREVISTO NO ART. 27-C DA LEI 6.385/76. INÉPCIA DA
DENÚNCIA. TESE NÃO ACOLHIDA DIANTE DA DESCRIÇÃO
INDIVIDUALIZADA DOS FATOS TÍPICOS. MATERIALIDADE E
AUTORIA DELITIVAS COMPROVADAS. PRESCRIÇÃO. APELOS
PARCIALMENTE PROVIDOS.
1. Não há falar em julgado citra petita, quando a tese
defensiva de atipicidade da conduta foi plenamente analisada na
sentença apelada.
2. Imputada, na denúncia, aos acusados especificamente
a prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei 7.492/86, sem que da
descrição dos fatos os réus pudessem ter se defendido do cometimento
do delito disposto no art. 27-C da Lei 6.385/76, deve ser afastada a
condenação neste referido dispositivo.
3. É elemento essencial à denúncia a demonstração do
liame entre o fato criminoso e a participação do denunciado, com a
individualização da conduta, sem a qual fica prejudicada a
responsabilização-criminal do agente. Na hipótese, descritas
minuciosamente as condutas imputadas aos réus, bem como a
participação de cada um deles no delito, não. há falar em inépcia de
denúncia.
4. Segundo conceitua a Comissão de Valores Mobiliários,
a "garimpagem de ações" caracteriza-se pela compra, com
habitualidade, por pessoas não integrantes do sistema de distribuição,
de valores' mobiliário diretamente de investidores para revendê-los
em bolsa de valores ou no mercado de balcão/organizado.
Comprovada a negociação de valores mobiliários sem autorização
prévia da CVM, por meio da criação de duas empresas para que uma
operasse às escuras e a outra transparecesse uma suposta legalidade
nas operações, amolda-se a conduta dos apelantes ao tipo previsto no
art. 7º, IV, da Lei 7.492/86, por caracterizar-se como atividade de
"garimpagem de' ações", e não ao art. 27-E da Lei 6.385/76, como
pretendia a defesa.
5. Análise acertada das circunstâncias judiciais do art.
59 do CP e proporcionalmente fixada a pena-base. Pedido de reforma
da dosimetria improvido.
6. Reconhecimento da prescrição dos crimes praticados
em 2001 pelos segundo, terceiro e quarto apelantes, tendo em vista o

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transcurso de mais de oito anos entre a data de cometimento dos


delitos e o recebimento da denúncia (2010).
7. Apelações parcialmente providas.

Opostos embargos de declaração, estes foram providos. Eis a ementa


do julgado (fls. 647):

"PENAL. PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO DA DEFESA. ART. 7º, IV, DA LEI 7.492/86.
JULGADO ULTRA PETITA. NULIDADE REJEITADA. INCIDÊNCIA
DA CAUSA DE AUMENTO PELA CONTINUIDADE DELITIVA.
OMISSÃO SANADA. EMBARGOS PROVIDOS.
1. Embargos de declaração opostos contra acórdão que
manteve a condenação dos réus no tipo penal previsto no art. 7º, IV, da
Lei 7.492/86. Não há falar em julgado ultra petita quando este
ratificou os termos da denúncia e da sentença, mantendo a
condenação dos acusados no referido dispositivo legal. Ademais,
ainda que o acórdão tivesse se referido a tipo diverso do constante na
fundamentação da sentença, inexistiria impedimento à aplicação da
emendatio libelli nesta Corte, pois a utilização da norma prevista nos
arts. 383 e 617, ambos do Código Processual Penal - CPP, para
modificar a capitulação jurídica contida na denúncia, não causa
prejuízo à defesa, quando não se cuida de imputação de fato novo, mas
sim, de adequação do dispositivo legal aplicável aos fatos.
2. Excetuando o questionamento quanto à incidência do
art. 71 do CP, as demais matérias apontadas nos embargos foram
devidamente analisadas no acórdão, denotando a arguição tão
somente o inconformismo do recorrente com o teor do julgamento, com
o fito de ser reapreciado o mérito do recurso apelatório.
3. Reconhecida a omissão quanto à análise da incidência
da fração máxima da causa de aumento pela continuidade delitiva, a
qual deve ser mantida, tendo em vista a elevada reiteração da conduta
delitiva.
4. Embargos de declaração providos."

Opostos aclaratórios, pela segunda vez, o Tribunal Regional Federal da


5ª Região não conheceu do recurso.

Nas razões do recurso especial, os recorrentes sustentam:

a) violação do art. 619 do Código de Processo Penal, pois o Tribunal a

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quo não teria enfrentado questões relevantes postas nos embargos de declaração;

b) violação e divergência jurisprudencial quanto à aplicação dos arts.


383 e 384, ambos do Código de Processo Penal, pois o acórdão manteve a
condenação com fundamento em acusação não descrita na denúncia;

c) violação e divergência jurisprudencial quanto à aplicação do art.


381, incisos III e IV, do Código de Processo Penal, pois não houve análise das teses
suscitadas pela defesa, o que acarreta a nulidade em razão da existência de julgado
citra petita;

d) violação do art. 41 do Código de Processo Penal, pois não houve a


delimitação das imputadas ao sócio-gerente e mandatários;

e) violação do art. 7º, inciso IV, da Lei n. 7.492/1986, art. 16, incisos II
e III, e art. 27-E, ambos da Lei n. 6.385/1976, ao argumento de que as condutas
descritas na denúncia não se enquadram nos tipos penais imputados aos recorrentes;

f) dissídio jurisprudencial quanto à interpretação do art. 27-E da Lei n.


6.385/1976, no que tange ao enquadramento da conduta de atuação no mercado de
valores imobiliários, sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários;

g) violação e divergência jurisprudencial quanto à aplicação do art.


155 do Código de Processo Penal e do art. 11, § 6º, da Lei n. 6.385/1976, na medida
em que a condenação foi fundada apenas nos elementos colhidos na fase
investigatória;

h) violação e divergência jurisprudencial quanto à aplicação dos arts.


59 e 68 do Código Penal, porquanto não houve individualização da pena para cada
um dos recorrentes;

i) violação e divergência jurisprudencial quanto à aplicação dos arts.


59 e 68 do Código Penal e art. 381 do Código de Processo Penal, pois, em relação ao
recorrente FRANCISCO, não houve explicitação quando as razões de ter sido
considerada sua "culpabilidade elevada";

j) violação e divergência jurisprudencial quanto à aplicação dos arts.

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59 e 68 do Código Penal, porque a "plena e elevada consciência da antijuridicidade


dos atos" é elemento essencial à configuração do tipo penal, não sendo possível sua
utilização para exasperar a pena-base;

l) violação do art. 71 do Código Penal, pois não é possível a aplicação


do aumento pela continuidade delitiva, na fração máxima, sem que a efetiva
demonstração do quantitativo de infrações cometidas.

Pretendem, ao final, a anulação da condenação ou a anulação do


acórdão dos embargos de declaração, para a manifestação sobre os pontos omissos.
Subsidiariamente, requerem a reforma do decisum.

Apresentadas as contrarrazões (fls. 829-843), o recurso foi admitido na


origem e os autos encaminhados a esta Corte Superior.

A d. Subprocuradoria-Geral da República apresentou parecer pelo não


provimento do recurso especial (fls. 875-889).

É o relatório.

Decido.

Consta dos autos que os recorrentes foram condenados, em primeiro


grau, pelos delitos previstos do art. 7º, IV, da Lei n. 7.492/1986 c/c art. 27-C da Lei
n. 6.385/1976, na forma do art. 71 do Código Penal. A pena total foi fixada em 15
(quinze) anos de reclusão, em regime fechado, além de 250 (duzentos e cinquenta)
dias-multa, para Francisco Deusmar, e em 10 (dez) anos de reclusão em regime
fechado, além de 200 (duzentos) dias-multa, para Geraldo de Lima, Ielton Barreto e
Jerônimo Alves.

Em segunda instância, o eg. Tribunal a quo deu parcial provimento ao


apelo da defesa para afastar a condenação pelo delito previsto no art. 27-C da Lei n.
6.385/1976, mantendo-se os demais termos da sentença condenatória.

No que concerne à alegada afronta ao que dispõe o art. 619 do Código


de Processo Penal, em razão de o acórdão dos embargos de declaração supostamente
não haver aclarado a omissão relativa às teses suscitadas pela defesa, adiante-se que

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o recurso não merece prosperar.

As razões do recurso especial apontam que não houve manifestação,


em suma, quanto à violação de norma constitucional, atipicidade ou a correta
tipificação das condutas, ausência da materialidade dos delitos e de provas de
autoria, e ausência de fundamentação quanto à dosimetria.

Verifica-se que, no julgamento dos primeiros aclaratórios houve


manifestação expressa do acórdão recorrido a respeito da inexistência de nulidade
por modificação da imputação penal dos fatos descritos na denúncia, do
enquadramento no tipo penal e, ainda, quanto à dosimetria.

Apresentados novos embargos de declaração, consignou-se, nesta


segunda oportunidade, que a pretensão dos embargantes, na hipótese, era a de alterar
o resultado do julgamento, uma vez que não havia que se falar em omissão, no r.
decisum colegiado, acerca dos temas apresentados, novamente, nas razões dos
aclaratórios.

A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que "[a]


omissão configura-se quando o magistrado ou o Colegiado deixam de apreciar
questões relevantes para o julgamento da causa, suscitadas pelas partes ou
cognoscíveis de ofício" (EDcl no HC n. 347.238/SP, Sexta Turma, Rel. Min.
Antônio Saldanha Palheiro, DJe de 16/8/2016).

Assim, demonstrado, por ocasião do julgamento dos embargos de


declaração, de forma satisfatória e suficiente, que o acórdão embargado não padecia
de qualquer vício, e que o embargante em verdade pretendia, com o recurso, obter a
reforma do julgamento, desnecessária e prolixa seria qualquer manifestação
adicional a respeito do tema, posto que esgotada a matéria debatida.

A propósito, o seguinte precedente:

"PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. CITAÇÃO POR HORA CERTA. ART. 362 DO
CPP. VIOLAÇÃO DO ART. 619 DO CPP. PREJUÍZO À DEFESA.
INOVAÇÃO RECURSAL. TODAS AS QUESTÕES RESPONDIDAS.

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AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.


1. "O reconhecimento de violação do art. 619 do CPP
pressupõe a ocorrência de omissão, ambiguidade, contradição ou
obscuridade tais que tragam prejuízo à defesa." (AgRg no Ag
1.203.770/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 14/02/2017, DJe 02/03/2017).
2. Matérias que sequer foram objeto do recurso especial,
por se tratar de inovação recursal, não podem ser discutidas em sede
de agravo regimental.
3. Ademais, mesmo que superado o óbice, convém
destacar que "não está o magistrado obrigado a responder à
totalidade das dúvidas suscitadas pelo réu, quando for possível inferir
das conclusões da decisão a inviabilidade do acolhimento das teses
sustentadas." (HC 185.868/MG, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 12/03/2013, DJe
18/03/2013).
4. Agravo regimental desprovido."
(AgRg no REsp 1427082/PA, Quinta Turma, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, DJe de 18/10/2017)

"AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE


INSTRUMENTO. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. VIOLAÇÃO
AO ART. 59 DO CP. NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL
NÃO PROVIDO.
1. O recurso especial sustentou, a incompetência de juízo
- item em que não indicou o dispositivo de lei federal violado -, bem
como a ilegalidade da condenação, momento em que o recorrente, não
obstante haver citado o dispositivo da legislação infraconstitucional
supostamente violado pelo Tribunal a quo (art. 59 do CP), não
desenvolveu, de forma lógica e com um mínimo de profundidade, as
razões jurídicas acerca dessa violação, o que descumpre requisito
imprescindível para o conhecimento do recurso, nos termos da Súmula
n. 284 do Supremo Tribunal Federal.
2. O reconhecimento de violação do art. 619 do CPP
pressupõe a ocorrência de omissão, ambiguidade, contradição ou
obscuridade tais que tragam prejuízo à defesa. A assertiva, no
entanto, não pode ser confundida com o mero inconformismo da
parte com a conclusão alcançada pelo julgador, que, a despeito das
teses aventadas, lança mão de fundamentação idônea e suficiente
para a formação do seu livre convencimento.
3. No caso, não há nenhuma omissão no julgado
proferido pela Corte de origem, de maneira a gerar o pretendido
reconhecimento de infringência do art. 619 do Código de Processo
Penal, visto que o acórdão proferido na apelação, expressamente,
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manifestou-se sobre todas as questão apresentadas pela defesa.


4. Quanto ao pedido de reconhecimento da extinção da
punibilidade pela prescrição, a própria defesa noticia que, diante da
pena de 3 anos de reclusão, consoante o art. 109, IV, do Código Penal,
o prazo prescricional aplicável é de 8 anos, a contar do registro da
sentença condenatória em 31/1/2007. Todavia, registro que, não
admitido o processamento do recurso especial, aplica-se a
jurisprudência da Terceira Seção deste Tribunal Superior, que, no
julgamento dos EAREsp n. 386.266/SP, sedimentou o entendimento de
que, quando esta Corte Superior, ao analisar o agravo em recurso
especial (ou agravo de instrumento), confirma a decisão do Tribunal
de origem que inadmitiu o recurso especial, a formação da coisa
julgada retroage à data de escoamento do prazo para a interposição
do último recurso cabível.
5. Agravo regimental não provido." (AgRg no Ag
1203770/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe
02/03/2017, grifei)

Ultrapassado esse ponto, pela ordem lógica de verificação das


eventuais nulidades processuais apontadas no recurso especial, a análise da inépcia
da denúncia deve preceder as demais.

Para tanto, os recorrentes afirmam que a acusação não realizou a


delimitação das condutas imputadas ao sócio-gerente e mandatários, o que
ocasionou a violação do art. 41 do Código de Processo Penal.

O Tribunal a quo assim se manifestou (fls. 593-594):

“Neste ponto, a tese defensiva é desprovida de fundamentação


jurídica. Ao contrário do mencionado nas razões recursais, a denúncia se alonga
na análise das condutas imputadas aos réus, bem como na participação de cada um
deles no delito, quais as atividades por eles realizadas nas empresas, de modo que
ao julgador é possível identificar a responsabilidade criminal de cada um deles,
devidamente individualizada. Ratifica o argumento a transcrição do seguinte trecho
da denúncia, ao qual nos limitaremos, por desnecessidades de transcrição de todo o
conteúdo da inicial já que se encontra à disposição nos autos:
"Confirmando a relação de promiscuidade constituída entre a RENDA
e a PAX, FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, na qualidade de sócio-gerente da
RENDA, emitiu procurações a GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA (Apenso I/Volume I - fls. 07 e 08), por meio das
quais aquele denunciado outorgou, a estes amplos, poderes para representá-lo nos
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negócios da RENDA, o que aconteceu por diversas vezes, como se vê nos


documentos de fls. 14 e 37 dos autos (Apenso I/Volume 1). Acumulando funções nas
empresas coirmãs, o Sr. Geraldo também assinava documentos como diretor
executivo da PAX (Apenso I/Volume IV- fl. 697)" (fl. 05).
Registre-se, ainda, que tal matéria já fora objeto do HC 4267, cuja
ordem fora denegada e em cujo acórdão a 3a Turma deste Tribunal entendeu que
resultavam "nítidos, no caso dos autos, o forte lastro documental que embasou a
denúncia, como também a descrição, pormenorizada, do agir de cada um dos
acusados no consórcio delituoso (em tese), diante de inúmeras passa gens que
indicam a atuação de todos, não procedendo o argumento de confecção de peça
acusatória baseada em presunções ou forjada pura e simplesmente com base na
responsabilidade objetiva dos sócios e acionistas (vedada em nosso ordenamento
jurídico-penal), consoante ponto 5 da ementa publicada em 01.06.2011.
Neste termos, rejeito a preliminar arguida."

Como se sabe, a alegação de inépcia da denúncia deve ser analisada de


acordo com o disposto no art. 41 do Código de Processo Penal, que determina a
elaboração da peça acusatória com a exposição do fato delituoso em toda a sua
essência e com todas as suas circunstâncias.

Essa narração impõe-se ao acusador como exigência derivada do


postulado constitucional que assegura ao réu o pleno exercício do direito de defesa.
Denúncias que não descrevem os fatos na sua devida conformação não se coadunam
com os postulados básicos do Estado de Direito e violam o princípio da dignidade da
pessoa humana (HC n. 86.000/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes,
DJU de 2/2/2007).

A inépcia da denúncia caracteriza situação configuradora de


desrespeito estatal ao postulado do devido processo legal. É que a imputação penal
contida na peça acusatória não pode ser o resultado da vontade pessoal e arbitrária
do órgão acusador. Este, para validamente formular a denúncia, deve ter por suporte
necessário uma base empírica idônea, a fim de que a acusação penal não se converta
em expressão ilegítima da vontade arbitrária do Estado.

Assim, incumbe ao Ministério Público apresentar denúncia que veicule,


de modo claro e objetivo, com todos os elementos estruturais, essenciais e
circunstâncias que lhe são inerentes, a descrição do fato delituoso, em ordem a

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viabilizar o exercício legítimo da ação penal e a ensejar, a partir da estrita


observância dos pressupostos estipulados no art. 41 do CPP, a possibilidade de
efetiva atuação, em favor daquele que é acusado, da cláusula constitucional da
plenitude de defesa.

Especificamente quanto à imputação na denúncia pela prática de


delitos societários o col. Supremo Tribunal Federal possui entendimento pacífico
que “a denúncia, na hipótese de crime societário, não precisa conter descrição
minuciosa e pormenorizada da conduta de cada acusado, sendo suficiente que,
demonstrando o vínculo dos indiciados com a sociedade comercial, narre as
condutas delituosas de forma a possibilitar o exercício da ampla defesa” (HC n.
122.450/MG, Primeira Turma, Rel. Ministro Luiz Fux, DJe de 20/11/14).

No presente caso, concluiu o Tribunal de origem pela presença de justa


causa para a persecução penal, bem como de indícios mínimos de autoria e
materialidade da conduta descrita na exordial acusatória.

Ora, conforme reconhecido pelo Tribunal a quo, ao contrário do que


asseveram os recorrentes, a denúncia descreveu as condutas dos acusados e “as
atividades realizadas por eles nas empresas”, de forma que, além de se mostrar
plausível a imputação, possibilitou-se o exercício da ampla defesa, com todos os
recursos a ela inerentes, sob o crivo do contraditório.

Assim, no caso em apreço, foi possível concluir que a inicial continha a


descrição do fato delituoso, a qualificação dos acusados e a classificação do crime,
além da presença de indícios mínimos de autoria e materialidade, de modo que
encontrava-se de acordo com os requisitos exigidos no art. 41 do Código de
Processo Penal.

Nesse sentido:
"PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS.
PECULATO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE
JUSTA CAUSA. INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DELITIVOS.
ILEGALIDADE NÃO CONFIGURADA. ARQUIVAMENTO
IMPLÍCITO. NÃO CABIMENTO. ADITAMENTO. DENÚNCIA.
POSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO.
1. Não padece de inépcia a denúncia que descreve os
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fatos tidos por criminosos, possibilitando identificar os elementos


probatórios mínimos para a caracterização do delito e o pleno
exercício das garantias constitucionais do contraditório e ampla
defesa, em conformidade com o art. 41, CPP.
2. Na hipótese, há a descrição da conduta típica,
apontando que o recorrente, valendo-se da função pública que exerce,
desviou o uso de viaturas da Polícia Civil para realizar serviços de
segurança privada na zona rural da Cidade de Itapeva no período
entre 2009 e 2010.
3. Nos termos dos precedentes desta Corte não se admite
o arquivamento implícito de ação penal pública no ordenamento
jurídico brasileiro.
4. É cabível o aditamento da denúncia a qualquer tempo,
desde que antes de prolatada a sentença e possibilitado ao réu o
exercício do contraditório e da ampla defesa.
5. Recurso em habeas corpus improvido" (RHC n.
48.710/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe de 16/5/2016).

"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. PENAL. ART. 41 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL -
CPP. DENÚNCIA. INÉPCIA NÃO COMPROVADA. DESCRIÇÃO
SUFICIENTE DA CONDUTA, DO RESULTADO E DO NEXO DE
CAUSALIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. A denúncia que descreve as circunstâncias do crime
(conduta, resultado e nexo de causalidade), os indícios de autoria
e a materialidade, na forma do art. 41 do Código de Processo Penal
- CPP, é suficiente para a instauração da persecução penal, pois
permite que o réu exercite o direito de defesa. Precedentes.
2. Agravo regimental desprovido" (AgRg no AREsp
1038365/AM, Quinta Turma, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, DJe de
20/04/2017)

Dessa forma, estando o v. acórdão prolatado pelo eg. Tribunal a quo


em conformidade com o entendimento desta Corte de Justiça quanto ao tema, incide,
no caso o enunciado da Súmula n. 568/STJ, in verbis: "O relator, monocraticamente
e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso
quando houver entendimento dominante acerca do tema."

Ademais, no caso, já foi prolatada sentença condenatória em desfavor


dos recorrentes, bem como houve a confirmação da condenação pelo eg. Tribunal de

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origem, em sede de apelação. Esta Corte Superior tem entendido que, em hipóteses
semelhantes, fica superada a tese de reconhecimento da inépcia da denúncia, haja
vista que, em cognição ampla e exauriente, o d. Juiz Singular e a eg. Corte a quo
entenderam que estavam presentes os requisitos do art. 41 do CPP.

Nesse sentido:

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO


REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
TEMPESTIVIDADE DO ARESP. PROTOCOLO UNIFICADO.
DECISÃO RECONSIDERADA. MATÉRIA CONSTITUCIONAL.
IMPOSSIBILIDADE DE EXAME. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL
NÃO COMPROVADO. MISERABILIDADE DAS VÍTIMAS.
COMPROVAÇÃO. FORMALIDADE. DESNECESSIDADE. AÇÃO
PENAL. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO. INÉPCIA DA
DENÚNCIA. PROLAÇÃO DE SENTENÇA. PREJUDICIALIDADE.
EXPOSIÇÃO DO FATO CRIMINOSO E DE SUAS
CIRCUNSTÂNCIAS. INTERROGATÓRIO DO ACUSADO ANTES DA
VIGÊNCIA DA LEI N. 11.719/2008. DESNECESSIDADE DE
RENOVAÇÃO DO ATO. AUSÊNCIA DE PROVAS PARA A
CONDENAÇÃO. SÚMULA N. 7 DO STJ. REDUÇÃO DA PENA-BASE.
AUSÊNCIA DE INTERESSE. PATAMAR DE AUMENTO PELA
CONTINUIDADE DELITIVA. VIOLAÇÃO DO ART. 71 DO CP. NÃO
CONFIGURAÇÃO. MOTIVAÇÃO IDÔNEA. EMBARGOS
DECLARATÓRIOS ACOLHIDOS PARA CONHECER EM PARTE DO
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E, NESSA EXTENSÃO, NEGAR
PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL.
[...]
5. Com a prolação de sentença condenatória, fica
esvaída a análise do pretendido reconhecimento de inépcia da
denúncia, pois, se, após toda a análise do conjunto fático-probatório
amealhado aos autos ao longo da instrução criminal, já houve um
pronunciamento sobre o próprio mérito da persecução penal
(denotando, ipso facto, a plena aptidão da inicial acusatória), não
há mais sentido analisar eventual inépcia, mácula condizente
com a própria higidez da denúncia. Precedentes.
[...]
11. Embargos declaratórios acolhidos para conhecer
em parte do agravo em recurso especial e, nessa extensão, negar
provimento ao recurso especial" (EDcl no AgRg no AREsp 73.575/SP,
Sexta Turma, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe 21/10/2016).

"PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO


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AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FURTO QUALIFICADO E


LESÃO CORPORAL. PRELIMINAR DE INÉPCIA DA DENÚNCIA.
PROLATAÇÃO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA QUE
CONSIDEROU APTA A DENÚNCIA. SUPERADA A AUSÊNCIA DE
JUSTA CAUSA POR INÉPCIA DA EXORDIAL ACUSATÓRIA. TESE
DE TENTATIVA DE FURTO. PARA A CONSUMAÇÃO DO FURTO É
SUFICIENTE QUE O AGENTE TENHA A POSSE DA COISA, AINDA
QUE NÃO SEJA MANSA E PACÍFICA. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO
NÃO PROVIDO.
1. Entendimento pacífico desta Corte Superior no
sentido de que, após a prolatação da sentença condenatória que
considerou apta a denúncia, resta superada a tese de ausência de
justa causa por inépcia da exordial acusatória, 'isso porque o
exercício do contraditório e da ampla defesa foi viabilizado em sua
plenitude durante a instrução criminal' (AgRg no AREsp
537.770/SP, Rel. Min. ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma,
julgado em 04/08/2015, DJe 18/08/2015).
[...]
4. Agravo regimental não provido." (AgRg nos EDcl no
AREsp 1033354/SC, Quinta Turma, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe
26/05/2017)

"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. PENAL E PROCESSO PENAL. INÉPCIA DA
DENÚNCIA. CRIME DE AUTORIA COLETIVA. DESCRIÇÃO
SUFICIENTE DO FATO. DEMONSTRAÇÃO MÍNIMA DO LIAME
ENTRE A AÇÃO DOS DENUNCIADOS E AS INFRAÇÕES PENAIS
IMPUTADAS. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA
PRESERVADOS. DECRETO CONDENATÓRIO SUPERVENIENTE.
FURTO QUALIFICADO. CONCURSO DE PESSOAS. FORMAÇÃO DE
QUADRILHA. CONDENAÇÃO. PRINCÍPIO DO NON BIS IN IDEM.
VIOLAÇÃO INOCORRENTE. REGIME INICIAL DE
CUMPRIMENTO DE PENA. FECHADO. CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. MOTIVAÇÃO IDÔNEA. AUSÊNCIA
DE IMPUGNAÇÃO. SÚMULA 283/STF. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.
1. A denúncia ofertada em desfavor dos agravantes
contém a narrativa do fato ilícito, com todas as circunstâncias
relevantes, de maneira suficiente ao exercício do direito de defesa.
Ausência de violação do art. 41 do CPP.
2. O acórdão recorrido está em sintonia com a
jurisprudência desta Corte Superior, que, nos crimes de autoria
coletiva, admite o oferecimento de denúncia geral, ou seja, aquela
que, apesar de não detalhar minudentemente as ações imputadas
aos denunciados, demonstra, ainda que de maneira tênue, a
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ligação entre seus comportamentos e os fatos delitivos. Precedentes.


3. Não bastasse, o entendimento desta Corte Superior é
no sentido de que a superveniência da sentença penal condenatória
torna esvaída a análise do pretendido reconhecimento de inépcia
da denúncia, isso porque o exercício do contraditório e da
ampla defesa foi viabilizado em sua plenitude durante a instrução
criminal (AgRg no AREsp 537.770/SP, Rel. Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma, julgado em 04/08/2015, DJe
18/08/2015). Precedentes.
[...]
6. Agravo regimental desprovido." (AgRg no AREsp
1081540/MG, Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, DJe 21/06/2017)

Quanto à alegação de ocorrência indevida da mutatio libelli, verifico


que a irresignação não reúne condições de admissibilidade. Isso porque a regra da
correlação entre a acusação e a sentença requer verificar identidade entre o objeto
da imputação e o da sentença; ou seja, o acusado deve ser julgado pelos fatos que
constam da denúncia ou queixa, não por fato diverso.

Quanto ao tema, o Tribunal a quo assim consignou (fls. 641-642):

"Não subsiste, contudo, a assertiva, uma vez que o acórdão não


"abandonou" a tipificação descrita na denúncia. Ao contrário, manteve a
condenação dos acusados no art. 7º, IV, da Lei 7.492/86, por,constatar ter havido o
exercício de "garimpagem de ações" por meio das empresas Renda e PAX, tal como
fundamentado na sentença, diante das diversas provas que comprovaram "um
volume elevado e constante de compra de ações diretamente a particulares por
valores abaixo ao do mercado e a posterior venda destas ações, cujo valor de
revenda era imensamente superior ao da aquisição, gerando um lucro enorme para
as empresas RENDA e PAX, que, como já mencionado, se confundem inclusive na
estrutura".
Entretanto, considerando que a apelação criminal devolve Tribunal o
exame de toda a matéria, exceto no que possa prejudicar o réu, considerando que
tanto a denúncia como a sentença relatam a compra e revenda de valores
mobiliários pelas empresas Renda e PAX, o acórdão também se referiu ao art. 16,
II, da Lei 6.385/76. Não houve, ressalte-se, modificação do tipo penal a que se
subsume a conduta do réu, uma vez que se manteve a condenação nos termos do art.
70, IV, da Lei 7.492/86, inclusive quanto ao art. 16, II, da Lei 6.385/76, conforme
fundamentação já transcrita.
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Acrescente-se, ainda, que, mesmo na hipótese de modificação da


capitulação jurídica, não haveria nulidade na espécie, porque não se cuidaria de
fato novo, mas sim de adequação do dispositivo legal aplicável aos fatos descritos
na denúncia e embasados por diversas provas documentais. Não se trataria de
julgado ultra petita, mas, no máximo, de emendatio Iibelli, nos termos dos arts. 383,
e 617, do CPP. Precedentes do STJ: HC 135.768/SP; HC 135.768/SP; HC
116.359/SP."

Assim infirmar as conclusões da eg. Corte Regional, em especial a de


que a conduta narrada se subsume à capitulação contida na denúncia, demandaria o
reexame de fatos e provas o que é vedado pela Súmula 07/STJ. Nesse sentido,
destaca-se o seguinte precedente, in verbis:

"PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM


RECURSO ESPECIAL. FALSIFICAÇÃO E SUPRESSÃO DE
DOCUMENTO PÚBLICO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO
OCORRÊNCIA. INOVAÇÃO RECURSAL. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. NULIDADE ALEGADA. AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO. REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO
PROBATÓRIO DOS AUTOS. ADEQUAÇÃO TÍPICA. SÚM. 7 DESTA
CORTE. DOSIMETRIA. REVISÃO. POSSIBILIDADE.
PERSONALIDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
I - Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior,
trata-se de inovação recursal, a matéria não alegada no momento
oportuno, qual seja, apelação, sendo inviável a sua análise pelo
Tribunal de origem, por força do princípio do tantum devolutum
quantum appellatum, ainda que se refira à matéria de ordem pública.
Precedentes.
II - O argumento de ausência de defesa técnica ou da
nulidade pela ausência de participação do representante do Ministério
Público no interrogatório da ré não prosperam, pois vige no
ordenamento pátrio, como regra, o princípio pas de nullité sans grief,
segundo o qual não há falar em nulidade sem a efetiva ocorrência de
prejuízo concreto para a parte, à qual compete revelar.
III - Rever as premissas do acórdão recorrido de
ausência de prejuízo, bem como de efetiva defesa técnica, demandaria
o revolvimento do acervo fático probatório dos autos, providência
vedada nesta sede recursal, ante o óbice contido na Súmula 7 desta
Corte.
IV - Desconstituir o entendimento proferido pelo eg.
Tribunal de origem, quanto à adequação típica da conduta, exigiria
o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, inviável na via
eleita ante o óbice da Súmula 7/STJ.
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V - A equívoca capitulação jurídica encartada na


denúncia pode ser objeto de aditamento ou de emendatio libelli na
sentença, eis que o conteúdo da narrativa fática em nada se alterou,
restando por ileso, assim, o princípio da correlação no sistema
processual penal vigente. Entretanto, perquirir acerca da
equivalência da condenação com os fatos narrados na denúncia
demandaria a análise dos fatos e provas dos autos. Incidência da
Súmula 7/STJ.
[...]" (AgRg nos EDcl no REsp 1389417/BA, Quinta
Turma, de minha relatoria, DJe 16/10/2017, grifei)

"PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. DENÚNCIA.
INÉPCIA. NÃO OCORRÊNCIA. CORRELAÇÃO ENTRE SENTENÇA
E DENÚNCIA. OBEDIÊNCIA. MATERIALIDADE A AUTORIA.
COMPROVAÇÃO. ABSOLVIÇÃO. SÚMULA N. 7 DO STJ. CAUSA DE
AUMENTO ART. 226, II, DO CP. MANUTENÇÃO. CONTINUAÇÃO
DELITIVA. OCORRÊNCIA. FRAÇÃO ADEQUADA. DISPOSITIVOS
CONSTITUCIONAIS. INCOMPETÊNCIA. EXECUÇÃO IMEDIATA
DA PENA. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO
REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. A acusação formalizada pelo Ministério Público
preencheu os requisitos do art. 41 do CP, pois, além da existência da
prova do crime e de indícios suficientes de sua autoria, discriminou os
fatos, em tese, praticados pelo recorrido, com todas as circunstâncias
até então conhecidas, de forma a permitir o contraditório e a ampla
defesa da acusação da conduta tipificada no art. 217-A do Código
Penal.
2. O acórdão ora atacado não incorreu em violação dos
dispositivos apontados pelo recorrente, pois devidamente respeitado
o princípio da correlação entre denúncia e sentença (art. 384 do
Código de Processo Penal), uma vez que o Magistrado singular
condenou o recorrido com base nas provas colhidas nos autos, cuja
base fática foi devidamente descrita na peça de acusação, da qual o
acusado teve oportunidade de se defender.
3. Com a prolação de sentença condenatória, fica
esvaída a análise do pretendido reconhecimento de inépcia da
denúncia. Isso porque, se, após toda a análise do conjunto
fático-probatório amealhado aos autos ao longo da instrução
criminal, já houve um pronunciamento sobre o próprio mérito da
persecução penal (denotando, ipso facto, a plena aptidão da inicial
acusatória), não há mais sentido em se analisar eventual inépcia da
denúncia.
4. A instância antecedente apontou a existência de
provas suficientes da autoria, da materialidade e da continuidade
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delitivas, com base, principalmente, nos depoimentos da vítima, que


estão em consonância com as demais provas dos autos, a saber, as
testemunhas de acusação, o parecer psicossocial e o laudo produzido.
5. Considerar o pedido de absolvição do réu, seria
necessário o revolvimento de todo o conjunto fático-probatório
produzido nos autos, providência que, conforme cediço, é incabível na
via do recurso especial, consoante o enunciado na Súmula n. 7 do STJ.
[...]11. Agravo regimental não provido." (AgRg no
AREsp 1055802/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
DJe 09/10/2017, grifei)

Os recorrentes aduzem a ocorrência de julgamento citra petita,


porquanto não teria ocorrido manifestação sobre a principal tese da defesa, qual
seja, a atipicidade das condutas imputadas.
Contudo, da leitura do acórdão reprochado, percebe-se que tal
alegação não se sustenta. Cumpre transcrever trecho do aresto vergastado (fls.
597-598):

"O que as provas dos autos demonstram é, entre os anos de 2000 a


2006, um volume elevado e constante de compra de ações diretamente a
particulares por valores abaixo ao do mercado e a posterior venda destas ações,
cujo valor de revenda era imensamente superior ao da aquisição, ,gerando um lucro
enorme para as empresas RENDA e PAX, que, como já mencionado, se confundem
inclusive na estrutura.
A conduta apontada na denúncia e comprovada ao longo da instrução
probatória amolda-se ao tipo previsto no art. 7º, IV, da Lei 7.492/86 e não ao art.
27-E da Lei 6.385/76, tendo em vista que é mais especifica ao que se observou no
caso em comento: a negociação de valores mobiliários sem autorização prévia da
CVM, por meio da criação de duas empresas para que uma operasse às escuras e a
outra transparecesse uma suposta legalidade nas operações.
Aliás, é com base nessa constatação que deve ser afastada a tese de
atipicidade da conduta alegada no apelo. Segundo a defesa, os réus não
intermediavam ações fora do mercado, pois, embora adquirisse ações de terceiros,
estas eram revendidas à PAX, que, por sua vez, tinha autorização para operar no
mercado de capitais.
Das provas dos autos, contudo; o que emerge é, a existência apenas
formal de duas empresas, pois, na prática, as duas se confundiam e, atuavam em
conjunto, numa atividade sequencialmente estruturada: enquanto a Renda adquiria,
com deságio, as ações de terceiros, normalmente pessoas físicas, a Pax as revendia,
em curto espaço de tempo, no mercado de ações, a um preço bem superior, gerando

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lucro estimado em R$2.840.026,32, entre os anos de 2000 a 2006.


Desta maneira, a mera alegação da defesa de atipicidade da conduta
não é suficiente para afastar a condenação, diante das diversas provas de que
ambas as empresas atuavam em conjunto e propunham-se aos mesmos fins
operacionais."

Verifica-se, portanto, que as razões lançadas no recurso especial não se


sustentam, porquanto amplamente debatida a tese da defesa em torno da atipicidade
da conduta dos recorrentes, concluindo o acórdão a quo em sentido contrário à
pretensão da parte, o que não caracteriza julgamento citra petita ou deficiência de
fundamentação.

Nesse sentido:

"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. RECEPTAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ART. 619 DO CPP.
OMISSÃO E CONTRADIÇÃO NÃO CARACTERIZADAS. AUSÊNCIA
DE DOLO. SÚMULAS 284/STF E 7/STJ. DECISÃO CITRA PETITA.
INOCORRÊNCIA. FIXAÇÃO DO REGIME SEMIABERTO. MAUS
ANTECEDENTES. LEGALIDADE. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, o órgão
julgador não é obrigado a manifestar-se sobre todos os pontos
alegados pelas partes, mas apenas os necessários ao julgamento do
feito.
2. Não é possível a análise de matéria invocada sob
amparo de dispositivo legal incompatível com a pretensão recursal.
Incidência da Súmula 284/STF.
3. O Tribunal de origem, com base no conteúdo
fático-probatório, entendeu pela ocorrência de dolo eventual na
conduta do agente. Mudar esse entendimento esbarra na Súmula
7/STJ.
4. Não há se falar em decisão citra petita quando a tese
invocada pela defesa foi apreciada pelo acórdão recorrido.
5. Inexiste ilegalidade na fixação do regime semiaberto a
acusado portador de maus antecedentes (quatro condenações, sendo
três pelo mesmo delito dos autos).
6. Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 516.026/SP, Rel. Ministro LEOPOLDO
DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 24/03/2015, DJe 08/04/2015)

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Quanto à aventada atipicidade das condutas ou, ainda, a adequada


tipificação do delito imputado aos recorrentes, se estaria enquadrado no art. 7º,
inciso IV, da Lei n.º 7.492/1986 ou no art. 27-E da Lei n.º 6.385/76, a eg. Corte de
origem afastou a pretensão dos recorrentes, fundamentando o decisum nas provas
presentes nos autos.

Assim, estando a opção pelo enquadramento do delito praticado pela


recorrente na previsão do art. 7º, inciso IV, da Lei n.º 7.492/1986 escudada em
farta remissão ao arcabouço fático-probatório dos autos, que aponta para um
especial abalo à credibilidade do sistema financeiro nacional, a desclassificação
dessa imputação para a de prática do crime previsto no art. 27-E da Lei n.º 6.385/76
esbarra, inevitavelmente, no óbice da Súmula 07/STJ.

Nesse sentido:

"PENAL. PROCESSUAL PENAL. AGRAVO


REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
DESCLASSIFICAÇÃO DE ROUBO PARA FURTO SIMPLES.
MATÉRIA NÃO PREQUESTIONADA. SÚMULA N. 282 DO STF.
NECESSIDADE DE REEXAME DO ACERVO
FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7 DO STJ.
AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. De acordo com a firme jurisprudência desta Corte,
para que se atenda ao requisito do prequestionamento, é necessário
que a questão tenha sido objeto de debate pelo Tribunal de origem, à
luz da legislação federal indicada, com emissão de juízo de valor
acerca do dispositivo legal apontado como violado, situação que não
ocorreu nos autos. Incidência da Súmula n. 282 do STF.
2. Para afastar a conclusão das instâncias ordinárias de
que a conduta praticada pelo agravante se revestiu da violência
necessária para a configuração do roubo e desclassificar o crime para
furto simples, seria necessário o revolvimento do suporte
fático-probatório delineado nos autos, procedimento vedado nesta
esfera, a teor da Súmula n. 7 do Superior Tribunal de Justiça.
3. Agravo regimental não provido" (AgRg no AREsp n.
726.700/SP, Sexta Turma, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, DJe
de 23/11/2015).

"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO.
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DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO. REEXAME DO ACERVO


FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO
REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. A alteração das conclusões do acórdão recorrido
exige reapreciação do acervo fático-probatório da demanda, o que faz
incidir o óbice da Súmula 7, STJ.
2. Agravo regimental não provido" (AgRg no AREsp n.
324.017/ES, Quinta Turma, Rel. Ministro Moura Ribeiro, DJe de
27/06/2014).

Também não merece amparo a alegada violação do art. 155 do CPP, ao


argumento de que a condenação teria sido amparada apenas nas provas colhidas na
fase da investigação, sem que houve confirmação dos fatos em juízo.
Colhe-se do acórdão do julgamento dos embargos de declaração (fls.
643):

"Da descrição fática da inicial acusatória, comprovada pelos diversos


documentos e provas testemunhais, conclui-se que os embargantes negociaram
valores mobiliários sem autorização. prévia da autoridade competente, conduta
descrita no art. 7, IV, da Lei 7.492/86."

Verifica-se, portanto, que, ao contrário do alegado pelos recorrentes, a


condenação não foi respaldada apenas pelo procedimento administrativo promovido
pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que denota a deficiência da
fundamentação recursal, nesse ponto, com a consequente aplicação da Súmula 284
do STF, verbis: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na
sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia".

No tocante à dosimetria da pena, os recorrentes aduzem que: (i) não


houve a necessária individualização das penas; (ii) não foi apresentada
fundamentação idônea para a valoração negativa da circunstância judicial referente
à culpabilidade; (iii) a consideração de que havia “plena e elevada consciência da
ilicitude” não é apta a exasperar a pena-base.

Confira-se, a propósito, o fundamento alinhavado no v. acórdão


recorrido (fls. 599-600):

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"O fato de a avaliação de algumas circunstâncias judiciais mostrar-se


desfavorável para mais de um réu não pressupõe ausência de individualização da
conduta, mas tão somente que, por terem agido em conluio, comungaram de mesmos
objetivos e compartilharam os fins atingidos com a conduta, o que indica, ao menos
a principio, que a análise das circunstâncias e consequências do delito, por
exemplo, 'não seria diversa apenas porque diferentes os réus.
Além da suposta nulidade, a defesa postula a redução da pena-base
sob a tese de que o juiz interpretou desfavoravelmente aos réus determinadas
circunstâncias judiciais de forma errônea. A primeira das controvérsias, refere-se,
á culpabilidade.
Neste tocante, o magistrado considerou a culpabilidade do réu
Francisco Deusmar Queiroz como extremamente elevada e a dos demais réus como
elevada. E, de fato, é a esta conclusão a que se chega quando observado o modo
como o crime fora praticado.
Aqui, registre-se, não se, trata de sopesar a culpabilidade enquanto
dolo ou culpa, tendo em vista que esses elementos fazem parte da tipicidade e sem a
tipicidade sequer haveria crime. Ao trazer a circunstância da culpabilidade, o art.
59 do CP refere-se ao modo como o crime foi praticado, ou seja, a censurabilidade
da conduta típica. Se toda conduta típica já pressupõe censurabilidade, na primeira
fase da dosimetria convém observar as particularidades da execução do crime que
justifiquem a desfavorabilidade da circunstância judicial da culpabilidade, como
por exemplo, a premeditação e o planejamento do delito.
Nesta ação penal, a maneira como os apelantes executaram o delito, a
organização, o planejamento e a estratégia, nos fornecem elementos concretos que
demonstram a elevada reprovabilidade da conduta delituosa perpetrada pelos
agentes, a justificar a valoração negativa da culpabilidade.
No apelo, argumenta-se ainda que o juiz majorou a pena-base com
base na "plena e elevada consciência de antijuridicidade dos atos". Apesar desse
fundamento não ser elemento que justifique aumento da pena-base, por ser a
antijuridicidade elemento essencial ao crime, percebe-se que o julgador menciona
este fundamento, mas o que pesa em desfavor do réu é a culpabilidade que, pelos
argumentos acima expostos, deve mesmo ser avaliada negativamente."

Em relação a este tema, faz-se necessário observar que a operação de


dosimetria da pena está vinculada ao conjunto fático-probatório dos autos. Desse
modo, a revisão do cálculo pelas instâncias superiores depende da constatação de
flagrante ausência de proporcionalidade, que justifique a revisão da pena imposta a
partir da adequada valoração dos fatos e provas que delineiam as circunstâncias
peculiares de cada caso concreto.

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É preciso ter presente que o Supremo Tribunal Federal tem entendido


que "a dosimetria da pena é questão de mérito da ação penal, estando
necessariamente vinculada ao conjunto fático probatório, não sendo possível às
instâncias extraordinárias a análise de dados fáticos da causa para redimensionar
a pena finalmente aplicada" (HC n. 137.769/SP, Primeira Turma, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 24/10/2016).

Na mesma linha, esta Corte tem assentado o entendimento de que a


dosimetria da pena é atividade inserida no âmbito da atividade discricionária do
julgador, atrelada às particularidades de cada caso concreto. Desse modo, cabe às
instâncias ordinárias, a partir da apreciação das circunstâncias objetivas e subjetivas
de cada crime, estabelecer a reprimenda que melhor se amolda à situação,
admitindo-se revisão nesta instância apenas quando for constatada evidente
desproporcionalidade entre o delito e a pena imposta, hipótese em que deverá haver
reapreciação para a correção de eventual desacerto quanto ao cálculo das frações de
aumento e de diminuição e a reavaliação das circunstâncias judiciais listadas no art.
59 do Código Penal.

Na situação destes autos, a exasperação da pena-base foi fundamenta


valoração negativa da culpabilidade dos agentes, considerando a atuação de cada
um em relação ao modus operandi, organização, planejamento e estratégia, na
execução dos delitos.

Assim, verifica-se que o aumento da pena está, de fato, fundamentado,


tendo em vista que o v. acórdão recorrido consignou expressamente os motivos
pelos quais houve a exasperação da pena-base, não havendo tampouco
desproporcionalidade no acréscimo.

Nesse sentido:

REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


PREFEITO. DESVIO E APROPRIAÇÃO DE RENDA PÚBLICA.
CONDENAÇÃO BASEADA EXCLUSIVAMENTE EM ELEMENTOS
COLHIDOS NO INQUÉRITO POLICIAL NÃO OCORRÊNCIA. ÉDITO
REPRESSIVO QUE EXPRESSAMENTE FAZ MENÇÃO AOS
ELEMENTOS DE CONVICÇÃO COLHIDOS NA FASE JUDICIAL.
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INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.


NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO
FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.
1. Embora esta Corte Superior de Justiça tenha
entendimento consolidado no sentido de considerar inadmissível a
prolação do édito condenatório exclusivamente com base em
elementos de informação colhidos durante o inquérito policial, tal
situação não se verifica na hipótese, já que as instâncias ordinárias
apoiaram-se também em elementos de prova reunidos sob o crivo do
contraditório.
2. Reconhecida a materialidade e a autoria do delito, a
pretensão de ser absolvido em recurso especial esbarra no óbice da
Súmula 7/STJ.
EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. CULPABILIDADE E
CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. NEGATIVAÇÃO BASEADA EM
SITUAÇÃO CONCRETA DO DELITO. INEXISTÊNCIA DE
ILEGALIDADE. RECURSO IMPROVIDO.
1. A dosimetria da pena é o momento em que o juiz,
dentro dos limites abstratamente previstos pelo legislador, deve eleger,
fundamentadamente, o quantum ideal da sanção a ser aplicada ao
condenado e, para chegar a uma aplicação justa da lei penal, o
sentenciante, dentro dessa discricionariedade juridicamente
vinculada, deve atentar para as singularidades do caso concreto.
2. O entendimento consolidado no Superior Tribunal de
Justiça é que, quando devidamente fundamentadas em elementos
concretos - como ocorre na presente hipótese -, se afigura possível a
elevação da pena-base a título de culpabilidade e circunstâncias do
crime.
DOSIMETRIA. QUANTUM DE AUMENTO DA
PENA-BASE E FRAÇÃO DA AGRAVANTE.
DESPROPORCIONALIDADE. FLAGRANTE ILEGALIDADE.
HABEAS CORPUS. CONCESSÃO DE OFÍCIO.
1. Dadas as particularidades do caso concreto,
afigurando-se excessiva e desproporcional a fixação da sanção básica
aplicada, assim como a fração adotada pelo reconhecimento de uma
agravante, cumpre reconhecer a ocorrência de ilegalidade manifesta
que reclama a concessão de habeas corpus de ofício, operando-se o
redimensionamento da reprimenda.
2. Agravo regimental desprovido. Ordem concedida de
ofício para reduzir a pena imposta e adequar o regime inicial de
cumprimento." (AgRg no AREsp 947.494/PE, Quinta Turma, Rel.
Min. Jorge Mussi, DJe 06/11/2017)

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


REsp 1449193
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ESPECIAL. PENAL E PROCESSO PENAL. PREFEITO. USO


INDEVIDO DE RECURSOS PÚBLICOS E DISPENSA ILEGAL DE
LICITAÇÃO. ART. 1º, II, DO DECRETO-LEI 201/1967 E ART. 89,
PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 8.666/1993. NULIDADE DA
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. INTIMAÇÃO IRREGULAR.
AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO DE LEI FEDERAL
CONTRARIADO. INADEQUAÇÃO DO USO DA VIA ESPECIAL PARA
ARGUIR VIOLAÇÃO DA SÚMULA DESTA CORTE SUPERIOR.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
JULGADA IMPROCEDENTE. AUSÊNCIA DE PROVAS.
IRRELEVÂNCIA. INDEPENDÊNCIA ENTRE AS ESFERAS CÍVEL E
PENAL. CONDENAÇÃO CRIMINAL APOIADA EM AMPLO
CONTEXTO PROBATÓRIO. PENA-BASE. CONSEQUÊNCIAS DOS
CRIMES. VALORAÇÃO NEGATIVA. MOTIVAÇÃO IDÔNEA.
AGRAVO DESPROVIDO.
1. É deficiente o recurso especial que, a despeito de
suscitar a nulidade da audiência de instrução realizada no processo,
deixa de mencionar o dispositivo de lei federal, em tese, violado.
Ademais, não é adequado o uso da via especial para apontar negativa
de vigência a enunciado sumular do Superior Tribunal de Justiça, uma
vez que essa hipótese não está inserida entre as previstas no art. 105,
III, da CF. Precedentes. 2. Nos termos da jurisprudência desta Corte
Superior, são independentes as esferas penal e cível, exceto nos casos
em que há o reconhecimento da inexistência do fato, coisa inocorrente
na espécie. Precedentes.
3. O Tribunal de origem, quando apreciou o recurso de
apelação interposto pela defesa, manteve a condenação do recorrente
pela prática dos crimes dispostos no art. 1º, II, do Decreto-Lei
201/1967 e art. 89, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, amparando
sua convicção nas provas existentes nos autos, reunidas durante a
instrução criminal, sob o pálio dos princípios constitucionais do
devido processo legal, contraditório e ampla defesa. A análise da tese
recursal suscitada pela defesa, de que seria frágil o contexto
fático-probatório utilizado na demonstração do vínculo subjetivo entre
o recorrente e as infrações penais imputadas, enfrenta o óbice da
Súmula 7/STJ.
4. A instância ordinária fixou maior juízo de censura
sobre as consequências dos crimes por considerar graves os efeitos
concretos provocados em desfavor do ensino fundamental no
município de Cascavel/CE. Com efeito, não há como ignorar o maior
desvalor do resultado da conduta criminosa praticada por gestor
público contra interesse da educação infantil local, que, neste país, é
fato público e notório, agoniza com repetidos casos de malversação
dos escassos recursos que lhe são destinados. Rever a conclusão da
instância ordinária, também neste ponto, demandaria o reexame de
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contexto fático-probatório, o que, em sede de recurso especial,


repita-se, constitui medida vedada pelo óbice da Súmula 7/STJ.
5. Agravo regimental desprovido." (AgRg no AREsp
644.371/CE, Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
DJe 01/08/2017)

"HABEAS CORPUS. PREFEITO. APROPRIAÇÃO DE


RENDAS PÚBLICAS (ART. 1º, I, DO DECRETO-LEI N. 201/1967).
DOSIMETRIA DA PENA. (I) REPRIMENDA BÁSICA ACIMA DO
MÍNIMO LEGAL. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. (II) CONFISSÃO
QUALIFICADA. RECONHECIMENTO. POSSIBILIDADE.
DEPOIMENTO DETERMINANTE À CONDENAÇÃO. 1. Na esteira da
orientação jurisprudencial desta Corte, por se tratar de questão afeta
à certa discricionariedade do Magistrado, a dosimetria da pena é
passível de revisão em habeas corpus apenas em hipóteses
excepcionais, quando ficar evidenciada flagrante ilegalidade,
constatada de plano, sem a necessidade de maior aprofundamento no
acervo fático-probatório. 2. Na espécie, o crime foi cometido no
âmbito de programa público destinado a promover melhorias
habitacionais para o controle da doença de chagas no município,
situação que evidencia menosprezo especial ao bem jurídico tutelado
pela norma, espelhando maior desvalor do comportamento do agente.
Evidente que uma conduta delituosa potencialmente causadora de
irreparáveis prejuízos à população carente, que mais necessita de
proteção dessa espécie, apresenta-se mais repreensível e superior à
comum do delito. Assim, adequada a fundamentação apresentada na
origem para considerar desfavorável a circunstância judicial da
culpabilidade. Precedentes.
3. Do mesmo modo, o sentenciante considerou
desfavoráveis as consequências do crime, porquanto a não
erradicação das moradias precárias permitiu a disseminação de inseto
vetor da doença de chagas, com efeitos nefastos na saúde da
população. Com efeito, a gravidade das consequências do delito,
evidenciada pelos prejuízos causados e pelas obras que deixaram de
ser executadas em benefício da população, permitindo a disseminação
do inseto vetor da doença de chagas, demonstra uma maior
reprovabilidade da conduta, extrapolando o resultado inerente ao tipo
incriminador, justificando a exasperação da pena-base. Precedentes.
4. Incide a atenuante prevista no art. 65, III, "d", do
Código Penal na hipótese em que o réu espontaneamente confessou a
prática do crime que lhe foi imputado, fornecendo dados que
corroboraram a sua condenação, mesmo que à confissão tenha
agregado elementos que afastam a ilicitude da conduta. Precedentes.
5. Ordem concedida em parte para, reconhecida a
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atenuante da confissão espontânea, redimensionar a pena do paciente


e estabelecê-la em 4 (quatro) anos, 10 (dez) meses e 10 (dez) dias de
reclusão, mantido, no mais, o acórdão regional." (HC 370.648/PB,
Sexta Turma, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, DJe
11/05/2017)

Dessa forma, estando o v. acórdão prolatado pelo eg. Tribunal a quo


em desconformidade com o entendimento desta Corte de Justiça quanto ao tema,
incide, no caso o enunciado da Súmula n. 568/STJ, in verbis: "O relator,
monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar
provimento ao recurso quando houver entendimento dominante acerca do tema."

Outrossim, não houve violação do art. 71 do Código Penal. A despeito


de não ter feito expressa referência ao quantitativo exato de condutas praticadas (fl.
460), a instância a quo consignou que a fração de aumento "adotou o número de
crimes como parâmetro para a incidência da fração da continuidade delitiva",
tomando como base os fatos relatados na denúncia (fl. 644).

A esse respeito, sabe-se que "[e]sta Corte Superior firmou a


compreensão de que a fração de aumento no crime continuado é determinada em
função da quantidade de delitos cometidos, 'aplicando-se a fração de aumento de
1/6 pela prática de 2 infrações; 1/5, para 3 infrações; 1/4, para 4 infrações; 1/3,
para 5 infrações; 1/2, para 6 infrações; e 2/3, para 7 ou mais infrações' (HC n.
342.475/RN, Sexta Turma, Relª. Minª. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de
23/2/2016)." (HC 341.036/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, DJe 27/04/2017).

Assim, tendo em vista o número de infrações, as quais, ainda que em


quantidade incerta, ultrapassam o montante de sete, o que justifica a fixação da
fração de 2/3 (dois terços).

Por fim, a interposição do apelo extremo, com fulcro na alínea c, do


inciso III, do art. 105, da Constituição Federal, exige, para a devida demonstração do
alegado dissídio jurisprudencial, além da transcrição de ementas de acórdãos, o
cotejo analítico entre o aresto recorrido e os paradigmas, com a constatação da
identidade das situações fáticas e a interpretação diversa emprestada ao mesmo
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dispositivo de legislação infraconstitucional, situação que não ocorreu na espécie.

De fato, os recorrentes sequer transcreveram trechos dos acórdãos


paradigmas, tampouco procederam à comparação destes com o acórdão recorrido.
Ora, essa ausência de cotejo entre os julgados impede a constatação da divergência,
procedimento necessário para o conhecimento do recurso especial.

Nesse entendimento:

"AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL.


PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONTRABANDO. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. TRANSCRIÇÃO DE EMENTAS. AUSÊNCIA DE
COTEJO ANALÍTICO. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
VERIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DE MATÉRIA
FÁTICO-PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DO ÓBICE DA SÚMULA
7/STJ.
1. A mera transcrição de ementas não configura o
dissídio jurisprudencial, sendo necessário o cotejo analítico dos
acórdãos recorrido e paradigma, para a demonstração da similitude
fática das decisões.
[...]
5. Agravo regimental improvido." (AgRg no REsp
1335090/RJ, Sexta Turma, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, DJe
03/09/2015)

"PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL


FUNDADO NA ALÍNEA C DO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO DEMONSTRAÇÃO .
Esta Corte tem jurisprudência pacífica de que a ausência
de cotejo analítico inviabiliza o conhecimento do recurso especial
fundado na alínea 'c' do permissivo constitucional.
A mera transcrição de ementas dos acórdãos indicados
como paradigmas não supre a exigência dos arts. 541, parágrafo
único, do Código de Processo Civil e 255, § 1º e § 2º, do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça.
Agravo regimental desprovido." (AgRg no AgRg no
AREsp 533.188/SP, Quinta Turma, Rel. Ministro Gurgel de Faria,
DJe 18/08/2015)

Ante o exposto, com fulcro no art. 255, § 4º, incisos I e II, do

REsp 1449193
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F2

Regimento Interno do STJ, conheço em parte do recurso especial e, nessa extensão,


nego-lhe provimento.

P. e I.

Brasília (DF), 30 de novembro de 2017.

Ministro Felix Fischer


Relator

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
REspOliveira
Marcelo Leal de Lima 1449193- Advogado
18072317273728000000011769720
Data e hora da assinatura: 23/07/2018 17:31:31 2014/0091750-6 Documento Página 2 8 de 2 8
Identificador: 4050000.11789478
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 28/28
FJ

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193 - CE (2014/0091750-6)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


AGRAVANTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
AGRAVANTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
AGRAVANTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
AGRAVANTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EMENTA

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.
I - As conclusões do eg. Tribunal de origem a respeito da adequação
típica da conduta não podem ser alteradas sem nova incursão no conjunto de
fatos e provas colacionado aos autos. Tal providência não é viável em sede de
recurso especial, a teor do enunciado sumular n. 7 desta Corte.
II - A dosimetria da pena, quando imposta com base em elementos
concretos e observados os limites da discricionariedade vinculada atribuída ao
magistrado sentenciante, impede a revisão da reprimenda por esta Corte
Superior, exceto se for constatada evidente desproporcionalidade entre o delito
e a pena imposta, hipótese em que caberá a reapreciação para a correção de
eventual desacerto quanto ao cálculo das frações de aumento e de diminuição e
a reavaliação das circunstâncias judiciais listadas no art. 59 do Código Penal.
III - In casu, o aumento da pena-base mostra-se, de fato,
fundamentado, pois considerados o modus operandi, a organização, o
planejamento e a estratégia na execução dos delitos, desempenhos por cada um
dos agentes. Dessa forma, o acórdão da origem consignou expressamente os
motivos que acarretaram a exasperação da pena-base, não havendo tampouco
desproporcionalidade no acréscimo.
IV - A interposição do recurso especial, com fulcro na alínea c do
permissivo constitucional exige o atendimento dos requisitos contidos no art.
1028, e § 1º do Código de Processo Civil, e no art. 255, § 1º, do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça, para a devida demonstração do
alegado dissídio jurisprudencial, pois, além da transcrição de acórdãos para a
comprovação da divergência, é necessário o cotejo analítico entre o aresto
recorrido e o paradigma, com a constatação da identidade das situações

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FJ

fáticas e a interpretação diversa emprestada ao mesmo dispositivo de


legislação infraconstitucional, situação que não ocorreu no presente caso.
Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça,
por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Joel Ilan
Paciornik votaram com o Sr. Ministro Relator.
Impedido o Sr. Ministro Ribeiro Dantas.

Brasília (DF), 20 de fevereiro de 2018 (Data do Julgamento).

Ministro Felix Fischer


Relator

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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193 - CE (2014/0091750-6)

AGRAVANTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS


AGRAVANTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
AGRAVANTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
AGRAVANTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Trata-se de agravo


regimental interposto por FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS, JERÔNIMO
ALVES BEZERRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA, contra a decisão monocrática de fls. 946-973, assim
ementada:

"PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL.


NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ART. 619 DO
CPP. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. INÉPCIA DA DENÚNCIA.
REQUISITOS PREENCHIDOS. PRECEDENTES. ADEQUAÇÃO
TÍPICA. CORRELAÇÃO ENTRE A DENÚNCIA E A SENTENÇA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. JULGAMENTO CITRA PETITA.
INOCORRÊNCIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. REEXAME DO
CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA
7/STJ. DOSIMETRIA. REFORMATIO IN PEJUS. HIPÓTESE NÃO
VERIFICADA. DEVOLUTIVIDADE DA APELAÇÃO. PENA-BASE
ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. FRAÇÃO DE AUMENTO DA PENA
PELA CONTINUIDADE DELITIVA FIXADA EM CONFORMIDADE
COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. RECURSO
CONHECIDO EM PARTE E, NESSA EXTENSÃO, PARCIALMENTE
PROVIDO."

Alegam os agravantes que o reconhecimento da violação das normas


infraconstitucionais independe da análise de fatos e provas, sendo possível a análise
da pretensão do recurso especial para a correta a adequação típica da conduta

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imputada.

Sustentam, ainda, que "[o] tipo penal do art. 7º da Lei 7.492/86, no


entanto, tipifica não a ausência de autorização para operar no mercado de capitais,
fato descrito na denúncia, mas sim o comércio de títulos ou valores mobiliários
falsos ou falsificados, sem lastro ou garantia ou sem autorização prévia da
autoridade competente" (fls. 981-982).

Asseveram que os fatos descritos na denúncia correspondem ao delito


previsto no art. 27-E, da Lei 6.385/1976, que regula especificamente o mercado de
capitais.

Insistem também na violação do art. 59, 68 e 71 do Código Penal, ao


argumento de que não houve a individualização da pena, porquanto os fundamentos
da dosimetria são idênticos para todos os réus.

Aduzem que a matéria atinente à dosimetria, mormente quanto à análise


da culpabilidade, independem do revolvimento fático-probatório, não ensejando,
assim, a aplicação do óbice da Súmula 7/STJ.

Insurgem-se contra o não conhecimento do recurso no que tange à


interposição pela alínea c do permissivo constitucional. Afirmam terem sido
observados todos os requisitos exigidos para comprovação da divergência das
matérias relacionadas: à tipicidade, à dosimetria (falta de individualização da pena)
e à consciência da ilicitude do fato.

Pretendem, ao final, a reconsideração do decisum ou a submissão do


pleito ao Colegiado, dando-se provimento à irresignação para reconhecer o
enquadramento típico dos fatos no art. 27-E da Lei 6.385/1976, com o consequente
redimensionamento das penas aplicas.

É o relatório.

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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.449.193 - CE (2014/0091750-6)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


AGRAVANTE : FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
AGRAVANTE : JERÔNIMO ALVES BEZERRA
AGRAVANTE : GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
AGRAVANTE : IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO : MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E OUTRO(S) -
DF021932
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
EMENTA

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. NEGOCIAÇÃO DE
TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO
TÍPICA DA CONDUTA. REEXAME DO
CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO
MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO
COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.
I - As conclusões do eg. Tribunal de origem
a respeito da adequação típica da conduta não
podem ser alteradas sem nova incursão no
conjunto de fatos e provas colacionado aos autos.
Tal providência não é viável em sede de recurso
especial, a teor do enunciado sumular n. 7 desta
Corte.
II - A dosimetria da pena, quando imposta
com base em elementos concretos e observados
os limites da discricionariedade vinculada
atribuída ao magistrado sentenciante, impede a
revisão da reprimenda por esta Corte Superior,
exceto se for constatada evidente
desproporcionalidade entre o delito e a pena
imposta, hipótese em que caberá a reapreciação
para a correção de eventual desacerto quanto ao
cálculo das frações de aumento e de diminuição e
a reavaliação das circunstâncias judiciais listadas
no art. 59 do Código Penal.
III - In casu, o aumento da pena-base

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mostra-se, de fato, fundamentado, pois


considerados o modus operandi, a organização,
o planejamento e a estratégia na execução dos
delitos, desempenhos por cada um dos agentes.
Dessa forma, o acórdão da origem consignou
expressamente os motivos que acarretaram a
exasperação da pena-base, não havendo
tampouco desproporcionalidade no acréscimo.
IV - A interposição do recurso especial, com
fulcro na alínea c do permissivo constitucional
exige o atendimento dos requisitos contidos no
art. 1028, e § 1º do Código de Processo Civil, e no
art. 255, § 1º, do Regimento Interno do Superior
Tribunal de Justiça, para a devida demonstração
do alegado dissídio jurisprudencial, pois, além da
transcrição de acórdãos para a comprovação da
divergência, é necessário o cotejo analítico
entre o aresto recorrido e o paradigma, com a
constatação da identidade das situações fáticas e
a interpretação diversa emprestada ao mesmo
dispositivo de legislação infraconstitucional,
situação que não ocorreu no presente caso.
Agravo regimental desprovido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Em que pesem os


argumentos dos agravantes, o recurso não merece prosperar, devendo ser mantido o
decisum ora agravado.

Depreende-se dos autos que os ora agravantes foram condenados, em


primeiro grau, pelos delitos previstos do art. 7º, IV, da Lei n. 7.492/1986 c/c art.
27-C da Lei n. 6.385/1976, na forma do art. 71 do Código Penal.

Em segunda instância, o eg. Tribunal a quo deu parcial provimento ao


apelo da defesa para afastar a condenação pelo delito previsto no art. 27-C da Lei n.
6.385/1976, mas manteve a condenação pelos delitos previstos do art. 7º, IV, da Lei

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n. 7.492/1986, na forma do art. 71 do Código Penal.

A pena final foi fixada em 9 (nove) anos e 2 (dois) meses de reclusão,


além de 250 (duzentos e cinquenta) dias-multa, para Francisco Deusmar, e em 5
(cinco) anos de reclusão em regime fechado, além de 200 (duzentos) dias-multa,
para Geraldo de Lima, Ielton Barreto e Jerônimo Alves.

Na decisão monocrática ora agravada, conheci parcialmente e, na


extensão, neguei provimento o recurso especial interposto pelos condenados.

Este regimental cinge-se apenas à parte das questões tratadas na


decisão agravada.

Conforme constou na decisão monocrática, quanto à aventada


atipicidade das condutas ou, ainda, a adequada tipificação do delito imputado aos
agravantes, se estaria enquadrado no art. 7º, inciso IV, da Lei n. 7.492/1986 ou no
art. 27-E da Lei n. 6.385/76, a eg. Corte de origem afastou a pretensão dos
recorrentes, fundamentando o decisum nas provas presentes nos autos.

Cumpre transcrever os fundamentos do v. acórdão da origem (fl. 597):

"O que as provas dos autos demonstram é, entre os anos de 2000 a


2006, um v|olume elevado e constante de compra de ações diretamente a
particulares por valores abaixo ao do mercado e a posterior venda destas ações,
cujo valor de revenda era imensamente superior ao da aquisição, gerando um lucro
enorme para as empresas RENDA e PAX, que, como já mencionado, se confundem
inclusive na estrutura.
As diversas provas constantes nos volumes em apenso, entre as quais
os referidos relatórios, os contratos sociais, as cópias das compras dos títulos, entre
outras, denotam a atividade de garimpagem pela RENDA, sem que esta tivesse
autorização legal para a "compra de valores mobiliários para revendê-los por
conta própria" (art. 16, II, da Lei 6.385/76), numa evidente prática de negociação
de valores mobiliários, em afronta ao art. 7º, IV, da Lei 7.492/86.
A conduta apontada na denúncia e comprovada ao longo da instrução
probatória amolda-se ao tipo previsto no art. 7º, IV, da Lei 7.492/86 e não ao art.
27-E da Lei 6.385/76, tendo em vista que é mais específica ao que se observou no
caso em comento: a negociação de valores mobiliários sem autorização prévia da
CVM, por meio da criação de duas empresas para que uma operasse às escuras e a
outra transparecesse uma suposta legalidade nas operações."

Deve ser ressaltado que a opção pelo enquadramento dos fatos

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praticados pelos ora agravante na previsão do art. 7º, inciso IV, da Lei n.
7.492/1986 foi amparada em farta remissão ao arcabouço fático-probatório dos
autos, que aponta para um especial abalo à credibilidade do sistema financeiro
nacional, a desclassificação dessa imputação para a de prática do crime previsto no
art. 27-E da Lei n. 6.385/76 esbarra, inevitavelmente, no óbice da Súmula 07/STJ.

Nesse sentido:

"PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM


RECURSO ESPECIAL. FALSIFICAÇÃO E SUPRESSÃO DE
DOCUMENTO PÚBLICO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO
OCORRÊNCIA. INOVAÇÃO RECURSAL. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. NULIDADE LAEGADA. AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO. REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO
PROBATÓRIO DOS AUTOS. ADEQUAÇÃO TÍPICA. SÚM. 7 DESTA
CORTE. DOSIMETRIA. REVISÃO. POSSIBILIDADE.
PERSONALIDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
I - Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior,
trata-se de inovação recursal, a matéria não alegada no momento
oportuno, qual seja, apelação, sendo inviável a sua análise pelo
Tribunal de origem, por força do princípio do tantum devolutum
quantum appellatum, ainda que se refira à matéria de ordem pública.
Precedentes.
II - O argumento de ausência de defesa técnica ou da
nulidade pela ausência de participação do representante do Ministério
Público no interrogatório da ré não prosperam, pois vige no
ordenamento pátrio, como regra, o princípio pas de nullité sans grief,
segundo o qual não há falar em nulidade sem a efetiva ocorrência de
prejuízo concreto para a parte, à qual compete revelar.
III - Rever as premissas do acórdão recorrido de
ausência de prejuízo, bem como de efetiva defesa técnica, demandaria
o revolvimento do acervo fático probatório dos autos, providência
vedada nesta sede recursal, ante o óbice contido na Súmula 7 desta
Corte.
IV - Desconstituir o entendimento proferido pelo eg.
Tribunal de origem, quanto à adequação típica da conduta, exigiria o
reexame do conjunto fático-probatório dos autos, inviável na via eleita
ante o óbice da Súmula 7/STJ.
V - A equívoca capitulação jurídica encartada na
denúncia pode ser objeto de aditamento ou de emendatio libelli na
sentença, eis que o conteúdo da narrativa fática em nada se alterou,
restando por ileso, assim, o princípio da correlação no sistema
processual penal vigente. Entretanto, perquirir acerca da equivalência

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da condenação com os fatos narrados na denúncia demandaria a


análise dos fatos e provas dos autos. Incidência da Súmula 7/STJ. VI -
A violação dos artigos 2º, 59, 68, 71, 109, IV, 110, caput, e §2º, e 119,
do Código Penal não pode ser analisada por esta Corte, uma vez
ausente o prévio debate nas instâncias ordinárias. Incidência da
Súmula 211/STJ.
VII - Quanto a alegada violação ao art. 59 do Código
Penal, sob o discrepância na fixação da pena-base, uma vez que os
tipos penais dos artigos 297 e 305, do Código Penal, tutelam o mesmo
bem jurídico, verifica-se a ausência de prequestionamento. VIII - A
revisão do cálculo utilizado na dosimetria da pena pelas instâncias
superiores depende da constatação de ocorrência de ilegalidade
flagrante, que justifique a revisão da pena imposta a partir da
adequada valoração dos fatos e provas que delineiam as
circunstâncias peculiares de cada caso concreto.
IX - Não havendo dados suficientes para a aferição da
personalidade do recorrente, mostra-se incorreta sua valoração
negativa a fim de supedanear o aumento da pena-base, tal qual na
hipótese. Precedentes.
Agravo regimental provido em parte, tão somente para
redimensionar a pena, tornando-a definitiva em 7 (anos) anos, 4
(quatro) meses e 14 (quatorze) dias" (AgRg nos EDcl no REsp
1389417/BA, Quinta Turma, de minha relatoria, DJe 16/10/2017).

"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


IMPORTAÇÃO ILEGAL DE MEDICAMENTOS. ADEQUAÇÃO
TÍPICA. POTENCIAL LESIVO À SAÚDE PÚBLICA. EXAME DE
MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 7 DO STJ.
PRECEDENTES. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. A condenação pela prática do crime previsto no art.
334, caput, do Código Penal ocorreu com fundamento no conjunto
fático-probatório amealhado aos autos, o qual indicou a pequena
quantidade de medicamentos apreendidos e o baixo potencial lesivo à
saúde pública.
2. Para verificar se, na hipótese dos autos, tendo em vista
a natureza e a quantidade de medicamentos apreendidos, haveria
especial potencial lesivo à saúde pública, seria necessário o reexame
das provas contidas nos autos, o que é inadmissível na via do recurso
especial, a teor do enunciado na Súmula n. 7 do STJ. Precedentes.
3. Agravo regimental não provido" (AgRg no REsp
1473685/PR, Sexta Turma, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe
28/04/2016).

No que concerne à dosimetria da pena, os agravantes aduzem que: (i)

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não houve a necessária individualização das penas; (ii) não foi apresentada
fundamentação idônea para a valoração negativa da circunstância judicial referente
à culpabilidade; (iii) a consideração de que havia “plena e elevada consciência da
ilicitude” não é apta a exasperar a pena-base.

Confira-se, a propósito, o fundamento alinhavado no v. acórdão da


origem (fls. 599-600):

"O fato de a avaliação de algumas circunstâncias judiciais mostrar-se


desfavorável para mais de um réu não pressupõe ausência de individualização da
conduta, mas tão somente que, por terem agido em conluio, comungaram de mesmos
objetivos e compartilharam os fins atingidos com a conduta, o que indica, ao menos
a principio, que a análise das circunstâncias e consequências do delito, por
exemplo, 'não seria diversa apenas porque diferentes os réus.
Além da suposta nulidade, a defesa postula a redução da pena-base
sob a tese de que o juiz interpretou desfavoravelmente aos réus determinadas
circunstâncias judiciais de forma errônea. A primeira das controvérsias, refere-se,
á culpabilidade.
Neste tocante, o magistrado considerou a culpabilidade do réu
Francisco Deusmar Queiroz como extremamente elevada e a dos demais réus como
elevada. E, de fato, é a esta conclusão a que se chega quando observado o modo
como o crime fora praticado.
Aqui, registre-se, não se, trata de sopesar a culpabilidade enquanto
dolo ou culpa, tendo em vista que esses elementos fazem parte da tipicidade e sem a
tipicidade sequer haveria crime. Ao trazer a circunstância da culpabilidade, o art.
59 do CP refere-se ao modo como o crime foi praticado, ou seja, a censurabilidade
da conduta típica. Se toda conduta típica já pressupõe censurabilidade, na primeira
fase da dosimetria convém observar as particularidades da execução do crime que
justifiquem a desfavorabilidade da circunstância judicial da culpabilidade, como
por exemplo, a premeditação e o planejamento do delito.
Nesta ação penal, a maneira como os apelantes executaram o delito, a
organização, o planejamento e a estratégia, nos fornecem elementos concretos que
demonstram a elevada reprovabilidade da conduta delituosa perpetrada pelos
agentes, a justificar a valoração negativa da culpabilidade.
No apelo, argumenta-se ainda que o juiz majorou a pena-base com
base na "plena e elevada consciência de antijuridicidade dos atos". Apesar desse
fundamento não ser elemento que justifique aumento da pena-base, por ser a
antijuridicidade elemento essencial ao crime, percebe-se que o julgador menciona
este fundamento, mas o que pesa em desfavor do réu é a culpabilidade que, pelos
argumentos acima expostos, deve mesmo ser avaliada negativamente."

Em relação a este tema, faz-se necessário observar que a operação de

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dosimetria da pena está vinculada ao conjunto fático-probatório dos autos. Desse


modo, a revisão do cálculo pelas instâncias superiores depende da constatação de
flagrante ausência de proporcionalidade, que justifique a revisão da pena imposta a
partir da adequada valoração dos fatos e provas que delineiam as circunstâncias
peculiares de cada caso concreto.

É preciso ter presente que o Supremo Tribunal Federal tem entendido


que "a dosimetria da pena é questão de mérito da ação penal, estando
necessariamente vinculada ao conjunto fático probatório, não sendo possível às
instâncias extraordinárias a análise de dados fáticos da causa para redimensionar
a pena finalmente aplicada" (HC n. 137.769/SP, Primeira Turma, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 24/10/2016).

Na mesma linha, esta Corte tem assentado o entendimento de que a


dosimetria da pena é atividade inserida no âmbito da atividade discricionária do
julgador, atrelada às particularidades de cada caso concreto. Desse modo, cabe às
instâncias ordinárias, a partir da apreciação das circunstâncias objetivas e subjetivas
de cada crime, estabelecer a reprimenda que melhor se amolda à situação,
admitindo-se revisão nesta instância apenas quando for constatada evidente
desproporcionalidade entre o delito e a pena imposta, hipótese em que deverá haver
reapreciação para a correção de eventual desacerto quanto ao cálculo das frações de
aumento e de diminuição e a reavaliação das circunstâncias judiciais listadas no art.
59 do Código Penal.

Na situação destes autos, a exasperação da pena-base foi fundamenta


valoração negativa da culpabilidade dos agentes, considerando a atuação de cada
um em relação ao modus operandi, organização, planejamento e estratégia, na
execução dos delitos.

Assim, conforme ressaltado na decisão monocrática ora impugnada,


verifica-se que o aumento da pena está, de fato, fundamentado, tendo em vista que
o v. acórdão a quo consignou expressamente os motivos pelos quais houve a
exasperação da pena-base, não havendo tampouco desproporcionalidade no
acréscimo.

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Nesse sentido:

"REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


PREFEITO. DESVIO E APROPRIAÇÃO DE RENDA PÚBLICA.
CONDENAÇÃO BASEADA EXCLUSIVAMENTE EM ELEMENTOS
COLHIDOS NO INQUÉRITO POLICIAL NÃO OCORRÊNCIA. ÉDITO
REPRESSIVO QUE EXPRESSAMENTE FAZ MENÇÃO AOS
ELEMENTOS DE CONVICÇÃO COLHIDOS NA FASE JUDICIAL.
INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO
FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.
1. Embora esta Corte Superior de Justiça tenha
entendimento consolidado no sentido de considerar inadmissível a
prolação do édito condenatório exclusivamente com base em
elementos de informação colhidos durante o inquérito policial, tal
situação não se verifica na hipótese, já que as instâncias ordinárias
apoiaram-se também em elementos de prova reunidos sob o crivo do
contraditório.
2. Reconhecida a materialidade e a autoria do delito, a
pretensão de ser absolvido em recurso especial esbarra no óbice da
Súmula 7/STJ.
EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. CULPABILIDADE E
CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. NEGATIVAÇÃO BASEADA EM
SITUAÇÃO CONCRETA DO DELITO. INEXISTÊNCIA DE
ILEGALIDADE. RECURSO IMPROVIDO.
1. A dosimetria da pena é o momento em que o juiz,
dentro dos limites abstratamente previstos pelo legislador, deve eleger,
fundamentadamente, o quantum ideal da sanção a ser aplicada ao
condenado e, para chegar a uma aplicação justa da lei penal, o
sentenciante, dentro dessa discricionariedade juridicamente
vinculada, deve atentar para as singularidades do caso concreto.
2. O entendimento consolidado no Superior Tribunal de
Justiça é que, quando devidamente fundamentadas em elementos
concretos - como ocorre na presente hipótese -, se afigura possível a
elevação da pena-base a título de culpabilidade e circunstâncias do
crime.
DOSIMETRIA. QUANTUM DE AUMENTO DA
PENA-BASE E FRAÇÃO DA AGRAVANTE.
DESPROPORCIONALIDADE. FLAGRANTE ILEGALIDADE.
HABEAS CORPUS. CONCESSÃO DE OFÍCIO.
1. Dadas as particularidades do caso concreto,
afigurando-se excessiva e desproporcional a fixação da sanção básica
aplicada, assim como a fração adotada pelo reconhecimento de uma
agravante, cumpre reconhecer a ocorrência de ilegalidade manifesta
que reclama a concessão de habeas corpus de ofício, operando-se o
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redimensionamento da reprimenda.
2. Agravo regimental desprovido. Ordem concedida de
ofício para reduzir a pena imposta e adequar o regime inicial de
cumprimento" (AgRg no AREsp 947.494/PE, Quinta Turma, Rel.
Min. Jorge Mussi, DJe 06/11/2017).

"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. PENAL E PROCESSO PENAL. PREFEITO. USO
INDEVIDO DE RECURSOS PÚBLICOS E DISPENSA ILEGAL DE
LICITAÇÃO. ART. 1º, II, DO DECRETO-LEI 201/1967 E ART. 89,
PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 8.666/1993. NULIDADE DA
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. INTIMAÇÃO IRREGULAR.
AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO DE LEI FEDERAL
CONTRARIADO. INADEQUAÇÃO DO USO DA VIA ESPECIAL PARA
ARGUIR VIOLAÇÃO DA SÚMULA DESTA CORTE SUPERIOR.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
JULGADA IMPROCEDENTE. AUSÊNCIA DE PROVAS.
IRRELEVÂNCIA. INDEPENDÊNCIA ENTRE AS ESFERAS CÍVEL E
PENAL. CONDENAÇÃO CRIMINAL APOIADA EM AMPLO
CONTEXTO PROBATÓRIO. PENA-BASE. CONSEQUÊNCIAS DOS
CRIMES. VALORAÇÃO NEGATIVA. MOTIVAÇÃO IDÔNEA.
AGRAVO DESPROVIDO.
1. É deficiente o recurso especial que, a despeito de
suscitar a nulidade da audiência de instrução realizada no processo,
deixa de mencionar o dispositivo de lei federal, em tese, violado.
Ademais, não é adequado o uso da via especial para apontar negativa
de vigência a enunciado sumular do Superior Tribunal de Justiça, uma
vez que essa hipótese não está inserida entre as previstas no art. 105,
III, da CF. Precedentes. 2. Nos termos da jurisprudência desta Corte
Superior, são independentes as esferas penal e cível, exceto nos casos
em que há o reconhecimento da inexistência do fato, coisa inocorrente
na espécie. Precedentes.
3. O Tribunal de origem, quando apreciou o recurso de
apelação interposto pela defesa, manteve a condenação do recorrente
pela prática dos crimes dispostos no art. 1º, II, do Decreto-Lei
201/1967 e art. 89, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, amparando
sua convicção nas provas existentes nos autos, reunidas durante a
instrução criminal, sob o pálio dos princípios constitucionais do
devido processo legal, contraditório e ampla defesa. A análise da tese
recursal suscitada pela defesa, de que seria frágil o contexto
fático-probatório utilizado na demonstração do vínculo subjetivo entre
o recorrente e as infrações penais imputadas, enfrenta o óbice da
Súmula 7/STJ.
4. A instância ordinária fixou maior juízo de censura
sobre as consequências dos crimes por considerar graves os efeitos
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concretos provocados em desfavor do ensino fundamental no


município de Cascavel/CE. Com efeito, não há como ignorar o maior
desvalor do resultado da conduta criminosa praticada por gestor
público contra interesse da educação infantil local, que, neste país, é
fato público e notório, agoniza com repetidos casos de malversação
dos escassos recursos que lhe são destinados. Rever a conclusão da
instância ordinária, também neste ponto, demandaria o reexame de
contexto fático-probatório, o que, em sede de recurso especial,
repita-se, constitui medida vedada pelo óbice da Súmula 7/STJ.
5. Agravo regimental desprovido" (AgRg no AREsp
644.371/CE, Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
DJe 01/08/2017).

"PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. CRIME DO ART. 99, § 2º, DA LEI 10.741/03.
MAUS TRATOS A IDOSO, COM RESULTADO MORTE. DOSIMETRIA.
PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA, NÃO
INERENTE AO TIPO. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Não se presta o recurso especial à revisão da
dosimetria das penas estabelecidas pelas instâncias ordinárias,
admitindo-se, em caráter excepcional, o reexame da aplicação das
penas, nas hipóteses de manifesta violação aos critérios dos arts. 59 e
68, do Código Penal, sob o aspecto da ilegalidade, nas hipóteses de
falta ou evidente deficiência de fundamentação ou ainda de erro de
técnica.
2. Constatando-se que o aumento da pena-base se
lastreou em fundamentação concreta, denotando a acentuada
reprovabilidade da conduta do réu, que extrapolou o tipo penal, não
há falar em violação do art. 59 do Código Penal, tampouco em bis in
idem.
3. Agravo regimental improvido" (AgRg no AREsp
1135467/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe 01/12/2017).

Importante ainda registrar que, embora os agravante tenham


argumentado no sentido da inaplicabilidade do óbice da Súmula 7/STJ em relação
ao tema da exasperação da pena-base, o fundamento esculpido no decisum ora
agravado foi no sentido de que o acórdão da origem apresentou fundamentação
idônea e ainda que não houve desproporcionalidade na exasperação.

Por fim, quanto ao não conhecimento do recurso especial em relação à

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interposição com fulcro na alínea c, do inciso III, do art. 105, da Constituição


Federal, melhor sorte não assiste aos agravantes.

Isso porque, para a devida demonstração do alegado dissídio


jurisprudencial, exige-se além da transcrição de ementas de acórdãos, o cotejo
analítico entre o aresto recorrido e os paradigmas, com a constatação da
identidade das situações fáticas e a interpretação diversa emprestada ao mesmo
dispositivo de legislação infraconstitucional, situação que não ocorreu na espécie.

Embora os agravantes tentem demonstrar que observaram os requisitos


legais, é possível verificar nas razões do recurso especial que sequer houve a
transcrição dos trechos dos acórdãos paradigmas, tampouco procedeu-se à
comparação destes com o acórdão recorrido.

Assim, a ausência de cotejo entre os julgados impede a constatação da


divergência, procedimento necessário para o conhecimento do recurso especial.

Nesse entendimento:

"PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO DOLOSO NA
DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. ABSOLVIÇÃO. SÚMULA
7/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO.
ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA.
INAPLICABILIDADE. SÚMULA 231/STJ. PRESTAÇÃO DE
SOCORRO À VÍTIMA. ESTADO DE CHOQUE. SÚMULA 7/STJ.
AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. Para se acolher o pedido de absolvição com base na
tese de insuficiência de provas e ausência de comprovação de que o
acusado teria agido com negligência, imperícia ou imprudência, seria
necessário o reexame do acervo fático e probatório dos autos,
procedimento inviável em recurso especial a teor do que dispõe a
Súmula 7/STJ.
2. Quanto à suscitada divergência jurisprudencial, nos
termos do disposto nos arts. 1.029, § 1º, do CPC e 255, § 1º, do RISTJ,
caberia ao recorrente a realização do devido cotejo analítico para
demonstrar a similitude fática entre os julgados confrontados,
mediante a transcrição dos "trechos dos acórdãos que configurem o
dissídio, mencionando as circunstâncias que identifiquem ou
assemelhem os casos confrontados", requisito não cumprido na
hipótese dos autos.

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3. No que se refere ao pleito de reconhecimento da


atenuante prevista no art. 65, III, 'b', do CP, em que pese as
argumentações deduzidas no recurso defensivo, é assente o
entendimento de que a pena intermediária não pode ser fixada abaixo
do mínimo cominado. Nesse sentido, a Súmula 231/STJ: "A incidência
da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal".
4. A alteração do julgado no sentido de reconhecer que o
agravante estava em choque e, por este motivo, não prestou socorro à
vítima, também demandaria o revolvimento dos elementos fáticos e
probatório dos autos, o que, como visto, não é permitido nesta sede
especial, a teor do que dispões a Súmula 7/STJ 5. Agravo regimental a
que se nega provimento" (AgRg no AREsp 451.868/DF, Quinta
Turma, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 19/12/2017).

"PENAL. RECURSO ESPECIAL E AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR.
VÍTIMAS MENORES DE 14 ANOS. HEDIONDEZ.
RECONHECIMENTO. CONSECTÁRIOS. COMBINAÇÃO DE LEIS.
IMPOSSIBILIDADE. CONTINUIDADE DELITIVA. FRAÇÃO DE
AUMENTO. NÚMERO DE DELITOS. PENA ACIMA DE 8 ANOS DE
RECLUSÃO. REGIME FECHADO. ART. 33, § 2º, "A", DO CP.
REPRESENTAÇÃO. FORMALIDADE. DESNECESSIDADE.
PROTEÇÃO DA VÍTIMA CRIANÇA. LEGITIMIDADE DO
MINISTÉRIO PÚBLICO. ART. 619 DO CPP. OMISSÕES. NÃO
OCORRÊNCIA. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. NÃO
COMPROVAÇÃO. MERA CITAÇÃO DE EMENTAS. AGRAVO NÃO
CONHECIDO. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Quando do julgamento dos EREsp n. 1.225.387/RS,
ocorrido em 28/8/2013, a Terceira Seção deste Superior Tribunal
pacificou o entendimento acerca do caráter hediondo dos delitos de
estupro e de atentado violento ao pudor, ainda que praticados com
violência presumida, cometidos antes da vigência da Lei n.
12.015/2009.
2. Com a revogação do art. 224 do CP, as hipóteses ali
contempladas passaram a ser elementos constitutivos do delito de
estupro de vulnerável (art. 217-A), ausente o cabimento da causa de
aumento de pena nesse mesmo delito, sob pena de afronta ao princípio
do non bis in idem. 3. Já foi pacificado pela Terceira Seção desta
Corte, sobre a combinação de leis, em face do princípio da
retroatividade da lei penal mais benéfica (art. 5º, XL, da Constituição
da República), ser devido o exame, no caso concreto, "de qual diploma
legal, em sua integralidade, é mais favorável" (EResp n.
1.094.499/MG, Rel. Ministro Felix Fischer, 3ª S., DJe 18/8/2010).

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4. Diante da frequência com que os fatos foram


praticados - ao menos três vezes ao longo de 2007 - é adequada a
fixação da fração de 1/5 para o recrudescimento da reprimenda pela
continuidade delitiva.
5. Reconhecida a inconstitucionalidade do óbice contido
no § 1º do art. 2º da Lei n. 8.072/1990, a escolha do regime inicial de
cumprimento de pena deve levar em consideração a quantidade da
reprimenda imposta, a eventual existência de circunstâncias judiciais
desfavoráveis, bem como as demais peculiaridades do caso concreto
(como, por exemplo, o modus operandi empregado no cometimento do
delito), para que, então, seja escolhido o regime carcerário que, à luz
do disposto no art. 33 e parágrafos do Código Penal, se mostre o mais
adequado para a prevenção e a repressão do delito perpetrado.
6. Na espécie, a pena final foi estabelecida em patamar
superior a 8 anos de reclusão e o regime inicial deve ser o fechado,
nos termos do art. 33, § 2º, "a", do Código Penal. 7. Doutrina e
jurisprudência são uniformes em afirmar que a representação
prescinde de qualquer formalidade, sendo suficiente a demonstração
do interesse da vítima em autorizar a persecução criminal.
8. Esta Corte tem entendido que é irrazoável condicionar
à opção dos representantes legais da vítima (ou ao critério econômico)
para excluir da proteção do Estado parcela das crianças submetidas à
prática de delitos dessa natureza. Vale dizer, é descabida a
necessidade de ação dos pais quando o bem jurídico protegido é
indisponível, qual seja, a liberdade sexual de criança de menos de 9
anos à época dos fatos, que, conquanto não tenha sofrido violência
real, não tem capacidade de determinação dos seus atos, dada a sua
vulnerabilidade.
9. O Tribunal de origem, indicou, nitidamente, os motivos
de fato e de direito em que se fundou, para solucionar cada ponto tido
como omisso pela defesa, a teor do art. 381, III, do CPP. Não há
violação do art. 619 do CPP, pois o Tribunal local destacou e
solucionou todos os pontos tidos como omissos pelo recorrente nos
embargos declaratórios.
10. Conforme disposição dos arts. 541, parágrafo único,
do CPC e 255, §§ 1º e 2º, do RISTJ, quando o recurso interposto
estiver fundado em dissídio pretoriano, deve a parte colacionar aos
autos cópia dos acórdãos em que se fundamenta a divergência, bem
como realizar o devido cotejo analítico, demonstrando de forma clara
e objetiva suposta incompatibilidade de entendimentos e similitude
fática entre as demandas, o que não ocorreu na espécie (agravo em
recurso especial da defesa).
11. Agravo em recurso especial da defesa não conhecido
e recurso especial do Ministério Público do Estado do Rio Grande do
Sul parcialmente provido, a fim de reconhecer devida a fração de
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aumento pela continuidade delitiva em 1/5 e majorar a pena imposta


ao réu para 10 anos, 9 meses e 18 dias de reclusão, fixar o regime
fechado e determinar o prosseguimento da ação em relação do quarto
fato delituoso descrito na denúncia" (REsp 1472027/RS, Sexta
Turma, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe 06/11/2017).

"PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO


REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FURTO
PRIVILEGIADO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. NÃO
DEMONSTRADA. COTEJO ANALÍTICO. NECESSIDADE.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. SÚMULA 83/STJ. PRESCRIÇÃO
DA PRETENSÃO PUNITIVA. AGRAVO CONHECIDO E
DESPROVIDO. DATA DO TRÂNSITO EM JULGADO. RETROAGE.
SÚMULA 83/STJ. REGIMENTAL IMPROVIDO.
1. A comprovação da divergência jurisprudencial cabe a
quem recorre, devendo este demonstrar nas razões recursais as
circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados,
com indicação da similitude fático-jurídica entre eles. Para tanto, é
indispensável a transcrição de trechos do relatório e do voto dos
acórdãos recorrido e paradigma, realizando-se o cotejo analítico
entre ambos, com o intuito de bem caracterizar a interpretação legal
divergente, o que não ocorreu na espécie. (REsp 1642748/SP, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
09/03/2017, DJe 20/04/2017)
2. A simples transcrição de ementas soltas e anexação
dos julgados sem que nas razões recursais tenha sido demonstrada a
similitude entre os julgados e a divergência de resultados, desrespeita
os requisitos legais e regimentais (art. 541, parágrafo único, do CPC e
art. 255 do RISTJ) impedindo o conhecimento do recurso especial
previsto na alínea "c" do inciso III do art. 105 da Constituição
Federal. Precedentes.
3. A despeito da ausência dos requisitos essenciais para
o conhecimento do dissídio, tenho a esclarecer que o Colegiado local
concluiu, em consonância com a jurisprudência desta Corte Superior,
pela inaplicabilidade do princípio da insignificância com fundamento
no valor total dos objetos, haja vista que ultrapassaram 1/5 do salário
mínimo vigente à época, além da reincidência e habitualidade
criminosa do recorrente, demonstrando que em análise objetiva e
subjetiva não houve mínima ofensividade na conduta delitiva.
Precedentes.
4. Entende esta Corte Superior que o conhecimento e
desprovimento do agravo implica em recurso inadmissível, devendo,
portanto, a coisa julgada retroagir à data do escoamento do prazo
para interposição do recurso cabível, posicionamento aplicado ao

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caso dos autos. Nesse sentido: EAREsp 386.266/SP, Rel. Ministro


GURGEL DE FARIA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2015, DJe
03/09/2015.
5. Agravo regimental improvido" (AgRg no AREsp
1027408/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe 06/11/2017).

Conclui-se, portanto, que os agravantes não trouxeram fundamentos


capazes de infirmar a decisão agravada.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.

É o voto.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
REspOliveira
Marcelo Leal de Lima 1449193- Advogado
Petição : 676112/2017
18072317273728000000011769724
Data e hora da assinatura: 23/07/2018 17:31:31 2014/0091750-6 Documento Página 1 7 de 1 7
Identificador: 4050000.11789482
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 19/19
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 5ª REGIÃO
PROCESSO Nº: 0811322-75.2018.4.05.0000
CLASSE: HABEAS CORPUS
ADVOGADO: TIAGO ASFOR ROCHA LIMA
ADVOGADO: ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
ADVOGADO: CAIO CESAR VIEIRA ROCHA
ADVOGADO: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
IMPETRADO: JUSTICA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTANCIA SECAO JUDICIARIA DO
CEARA
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JUNIOR - 4ª
TURMA

Certidão de Distribuição

Tipo da Distribuição: Sorteio.


Concorreu(ram): 1ª Turma: Gab 2 - Des. ALEXANDRE LUNA FREIRE, Gab 5 - Des. ROBERTO
MACHADO, Gab 9 - Des. ÉLIO SIQUEIRA. 2ª Turma: Gab 4 - Des. LEONARDO CARVALHO, Gab 7
- Des. PAULO ROBERTO, Gab 12 - Des. VLADIMIR CARVALHO. 3ª Turma: Gab 8 - Des.
FERNANDO BRAGA, Gab 13 - Des. ROGÉRIO FIALHO MOREIRA, Gab 14 - Des. CARLOS
REBELO. 4ª Turma: Gab 1 - Des. LÁZARO GUIMARÃES, Gab 10 - Des. RUBENS CANUTO, Gab 15
- Des. EDILSON NOBRE.
Impedido(s): -
Distribuído para: 4ª Turma: Gab 15 - Des. EDILSON NOBRE.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 23/07/2018 17:35:59
Identificador: 4050000.11789937

1/1
PROCESSO Nº: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
PACIENTE: GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: JERONIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
IMPETRADO: JUÍZO DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ

CERTIDÃO

Certifico que procedi à redistribuição do presente feito, conforme movimento acima ( Certidão de
Redistribuição ), em conformidade com parágrafo único, do art. 1º, do ATO nº 89/2018, da Presidência
deste Tribunal, c/c art. 61, §§ 1º e 2º do RITRF5. Dou fé. Recife, 23 de julho de 2018.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
MAXUEL DE SOUZA SOARES - Diretor da Distribuição
18072318111186300000011771066
Data e hora da assinatura: 23/07/2018 18:12:04
Identificador: 4050000.11790824
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 5ª REGIÃO
PROCESSO Nº: 0811322-75.2018.4.05.0000
CLASSE: HABEAS CORPUS
ADVOGADO: CAIO CESAR VIEIRA ROCHA
PACIENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
PACIENTE: GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO
PACIENTE: JERONIMO ALVES BEZERRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
ADVOGADO: TIAGO ASFOR ROCHA LIMA
ADVOGADO: ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
ADVOGADO: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
IMPETRADO: JUÍZO DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO - 1ª
TURMA

Certidão de Redistribuição

Tipo da Redistribuição: Prevenção.


Motivo de Redistribuição: Prevenção.
Concorreu(ram): 1ª Turma: Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO.
Impedido(s): -
Redistribuído para: 1ª Turma: Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO.
Processo Relacionado: HC-0802530-35.2018.4.05.0000.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 23/07/2018 18:13:42
Identificador: 4050000.11790831

1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/5
CERTIDÃO DE RETIFICAÇÃO

Certifico que, em 23/07/2018, procedi à retificação de autuação deste processo para fazer constar:
Data de Operação Usuário
Item Situação anterior Situação atual
alteração realizada responsável
0811479-82.2017.4.05.0000,
0800582-92.2017.4.05.0000, URSULA
23/07/2018 Processo
Alteração 0811415-72.2017.4.05.0000, DAMASCENO
18:03 Associado
0810630-13.2017.4.05.0000, DE BARROS
0810229-14.2017.4.05.0000
JERONIMO
ALVES
BEZERRA,
tiago asfor
rocha lima,
IELTON
JERONIMO ALVES BARRETO DE
BEZERRA, tiago asfor OLIVEIRA,
rocha lima, IELTON Marcelo Leal de
BARRETO DE OLIVEIRA, Lima Oliveira,
Marcelo Leal de Lima Marcelo Leal de
Oliveira, Marcelo Leal de Lima Oliveira,
Lima Oliveira, FRANCISCO URSULA
23/07/2018 Parte - Polo
Inclusão FRANCISCO DEUSMAR DEUSMAR DE DAMASCENO
17:57 Ativo
DE QUEIROS, QUEIROS, DE BARROS
ANASTACIO JORGE ANASTACIO
MATOS DE SOUSA JORGE
MARINHO, Caio Cesar MATOS DE
Vieira Rocha, GERALDO SOUSA
GADELHA DE LIMA MARINHO,
FILHO Caio Cesar
Vieira Rocha,
Caio Cesar
Vieira Rocha,
GERALDO
GADELHA DE
LIMA FILHO
IELTON BARRETO DE MINISTÉRIO URSULA
23/07/2018 Parte - Outros
Exclusão OLIVEIRA, MINISTÉRIO PÚBLICO DAMASCENO
17:56 Participantes
PÚBLICO FEDERAL FEDERAL DE BARROS
JERONIMO
ALVES
BEZERRA,
tiago asfor
rocha lima,
IELTON
JERONIMO ALVES BARRETO DE
BEZERRA, tiago asfor OLIVEIRA,
rocha lima, Marcelo Leal de Marcelo Leal de
Lima Oliveira, Marcelo Leal Lima Oliveira,
de Lima Oliveira, Marcelo Leal de

2/5
23/07/2018 Parte - Polo FRANCISCO DEUSMAR Lima Oliveira, URSULA
Inclusão DE QUEIROS, FRANCISCO DAMASCENO
17:56 Ativo
ANASTACIO JORGE DEUSMAR DE DE BARROS
MATOS DE SOUSA QUEIROS,
MARINHO, Caio Cesar ANASTACIO
Vieira Rocha, GERALDO JORGE
GADELHA DE LIMA MATOS DE
FILHO SOUSA
MARINHO,
Caio Cesar
Vieira Rocha,
GERALDO
GADELHA DE
LIMA FILHO
IELTON
IELTON BARRETO DE
BARRETO DE
OLIVEIRA, MINISTÉRIO URSULA
23/07/2018 Parte - Outros OLIVEIRA,
Exclusão PÚBLICO FEDERAL, DAMASCENO
17:54 Participantes MINISTÉRIO
GERALDO GADELHA DE DE BARROS
PÚBLICO
LIMA FILHO
FEDERAL
JERONIMO
ALVES
BEZERRA,
tiago asfor
rocha lima,
Marcelo Leal de
JERONIMO ALVES
Lima Oliveira,
BEZERRA, tiago asfor
Marcelo Leal de
rocha lima, Marcelo Leal de
Lima Oliveira,
Lima Oliveira, Marcelo Leal
FRANCISCO
de Lima Oliveira, URSULA
23/07/2018 Parte - Polo DEUSMAR DE
Inclusão FRANCISCO DEUSMAR DAMASCENO
17:54 Ativo QUEIROS,
DE QUEIROS, DE BARROS
ANASTACIO
ANASTACIO JORGE
JORGE
MATOS DE SOUSA
MATOS DE
MARINHO, Caio Cesar
SOUSA
Vieira Rocha
MARINHO,
Caio Cesar
Vieira Rocha,
GERALDO
GADELHA DE
LIMA FILHO
IELTON
JERONIMO ALVES BARRETO DE
BEZERRA, IELTON OLIVEIRA,
BARRETO DE OLIVEIRA, MINISTÉRIO URSULA
23/07/2018 Parte - Outros
Exclusão MINISTÉRIO PÚBLICO PÚBLICO DAMASCENO
17:52 Participantes
FEDERAL, GERALDO FEDERAL, DE BARROS
GADELHA DE LIMA GERALDO
FILHO GADELHA DE
LIMA FILHO
JERONIMO
ALVES
BEZERRA,
tiago asfor
rocha lima,

3/5
tiago asfor rocha lima, Marcelo Leal de
Marcelo Leal de Lima Lima Oliveira,
Oliveira, Marcelo Leal de Marcelo Leal de
Lima Oliveira, Lima Oliveira, URSULA
23/07/2018 Parte - Polo
Inclusão FRANCISCO DEUSMAR FRANCISCO DAMASCENO
17:52 Ativo
DE QUEIROS, DEUSMAR DE DE BARROS
ANASTACIO JORGE QUEIROS,
MATOS DE SOUSA ANASTACIO
MARINHO, Caio Cesar JORGE
Vieira Rocha MATOS DE
SOUSA
MARINHO,
Caio Cesar
Vieira Rocha
JUÍZO DA 11ª
VARA
URSULA
23/07/2018 Parte - Polo FEDERAL DA
Inclusão DAMASCENO
17:51 Passivo SEÇÃO
DE BARROS
JUDICIÁRIA
DO CEARÁ
JUSTICA FEDERAL DE
URSULA
23/07/2018 Parte - Polo PRIMEIRA INSTANCIA
Exclusão DAMASCENO
17:51 Passivo SECAO JUDICIARIA DO
DE BARROS
CEARA
JERONIMO
ALVES
BEZERRA,
IELTON
JERONIMO ALVES
BARRETO DE
BEZERRA, IELTON URSULA
23/07/2018 Parte - Outros OLIVEIRA,
Inclusão BARRETO DE OLIVEIRA, DAMASCENO
17:50 Participantes MINISTÉRIO
GERALDO GADELHA DE DE BARROS
PÚBLICO
LIMA FILHO
FEDERAL,
GERALDO
GADELHA DE
LIMA FILHO
JERONIMO
JERONIMO ALVES ALVES
BEZERRA, IELTON BEZERRA,
BARRETO DE OLIVEIRA, IELTON URSULA
23/07/2018 Parte - Outros
Exclusão FRANCISCO DEUSMAR BARRETO DE DAMASCENO
17:50 Participantes
DE QUEIROS, GERALDO OLIVEIRA, DE BARROS
GADELHA DE LIMA GERALDO
FILHO GADELHA DE
LIMA FILHO
tiago asfor
rocha lima,
Marcelo Leal de
Lima Oliveira,
tiago asfor rocha lima, Marcelo Leal de
Marcelo Leal de Lima Lima Oliveira,
Oliveira, Marcelo Leal de FRANCISCO
DEUSMAR DE URSULA
23/07/2018 Parte - Polo Lima Oliveira,
Inclusão QUEIROS, DAMASCENO
17:50 Ativo ANASTACIO JORGE
ANASTACIO DE BARROS
MATOS DE SOUSA

4/5
MARINHO, Caio Cesar JORGE
Vieira Rocha MATOS DE
SOUSA
MARINHO,
Caio Cesar
Vieira Rocha

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 24/07/2018 00:00:00
Identificador: 4050000.11794901

5/5
PROCESSO Nº: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
PACIENTE: GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: JERONIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
IMPETRADO: JUÍZO DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Trata-se de Habeas Corpus impetrado em favor de IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE


LIMA GADELHA FILHO, JERÔNIMO ALVES BEZERRA e FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS, apontando como autoridade coatora o Juízo da 11ª Vara Federal do Ceará, objetivando o
redimensionamento das penas impostas nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, ainda
pendente de julgamento de recurso perante o STJ (EDcl no EDcl no AgRg no REsp 1.449.193/CE).
Alegam os impetrantes: 1) em sede de apelação, houve reforma parcial da sentença, mantendo-se a
condenação dos pacientes pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, reduzindo-se as
penas impostas no 1º Grau ( FRANCISCO DEUSMAR - 9 anos e 2 meses de reclusão; IELTON,
GERALDO e JERÔNIMO - 5 anos de reclusão ); 2) há grave constrangimento ilegal no tocante à
dosimetria da pena, praticado pela sentença e jamais analisado por este TRF5 ou pelo STJ; 3) a sentença
deixou de aplicar a atenuante da confissão espontânea (art. 25, § 2º, da Lei nº 7.492/86), além de ter
incorrido em odioso bis in idem no tocante à habitualidade delitiva e, por fim, aplicou pena mais gravosa
apenas ao paciente FRANCISCO DEUSMAR, sem diferenciar, com elementos concretos, sua situação; 4)
o voto condutor do recurso de apelação se limitou a discutir a ausência de individualização da pena e a
valoração negativa da culpabilidade dos réus; e, em sede de julgamento de embargos de declaração,
analisou a legalidade da fração (2/3) de aumento utilizada pela sentença em razão da continuidade
delitiva; 5) é cabível o uso do Habeas Corpus em razão da existência de flagrante ilegalidade; 6) a
sentença se socorreu das declarações prestadas pelos pacientes ( na Polícia e em Juízo ) para justificar
suas condenações, sendo-lhes devida, portanto, a atenuação da confissão espontânea, nos termos da
Súmula nº 545 do STJ; 7) o crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 possui como elementar do tipo a
habitualidade delitiva, não admitindo, portanto, o aumento da pena em razão da continuidade delitiva, nos
termos do art. 71 do CP; 8) a sentença utilizou a habitualidade como fundamento para considerar negativa
as circunstâncias do crime, não podendo se valer deste mesmo critério para, na terceira fase da aplicação
da pena, utilizar a continuidade delitiva como fator de aumento de pena; 9) inexistiu fundamentação
idônea para fixar a pena de FRANCISCO DEUSMAR em patamar muito superior aos corréus (id.
11789459, fls. 02/23).

Relatei, decido.

1/2
Ab initio , verifico que as razões aqui deduzidas não foram analisadas pelo TRF5 em grau de apelação,
não integrando também as razões da defesa dos recursos apresentados perante o STJ, onde hoje tramita a
Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100. Desse modo, compete a este Tribunal processar e julgar este
writ , destacando-se que, conforme pacífica jurisprudência do STJ, não cabe Habeas Corpus substitutivo
do recurso legalmente previsto para a hipótese, prestigiando o sistema recursal e impondo o não
conhecimento da impetração, salvo, contudo, quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no
ato judicial impugnado [1] .

Portanto, cumpre examinar se o não enfrentamento das questões ora apresentadas pela defesa, todas
relacionadas à dosimetria das penas impostas aos pacientes, configura flagrante ilegalidade a ensejar a
modificação do julgado.

Nesta fase de cognição sumária, em que se pretende provimento liminar, tenho que é inviável o exame
das teses apresentadas pelos impetrantes, porque exigem exame detalhado e rigoroso das provas
constantes dos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, o que será feito, amiúde, quando de
seu julgamento pelo órgão turmário.

Além disso, não me parece presente, neste azo, o requisito do perigo da demora, porque inexiste risco
eminente das penas serem executadas. Afinal, a decisão condenatória, proferida na Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, ainda não transitou em julgado. E, mesmo que se pretenda executá-la
provisoriamente, tem-se que, nos autos do HC nº 0802530-35.2018.4.05.0000, apreciado em 28/06/2018,
a Primeira Turma deste Tribunal concedeu parcialmente a ordem em favor de FRANCISCO DEUSMAR,
suspendendo aludida execução até o julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38 no
REsp nº 1.449.193/CE, com a extensão da ordem aos corréus IELTON, GERALDO e JERÔNIMO.
Portanto, enquanto não transitada em julgado a decisão proferida naquele pedido de Tutela Provisória
perante o STJ, inexiste risco que voltar a correr as Execuções Provisórias propostas em face dos
pacientes.

Neste contexto, sem prejuízo de reexame em razão de fato novo, impõe-se o indeferimento do pedido
liminar, anotando-se que, como se trata de ação de rito célere, inclusive sendo dispensada a inclusão em
pauta de julgamento, o feito, depois de regularmente processado, será apreciado pelo Órgão Colegiado,
oportunidade em que as teses defensivas poderão ser exaustivamente analisadas.

Assim, indefiro o pedido liminar.

Intime-se a defesa acerca do teor desta decisão, bem como para que traga aos autos, no prazo de 5 (cinco)
dias, o Termo de Acusação CVM/SP nº 2008-40 e o Termo de Compromisso de fls. 302/304 (autos
principais, Volume III), ambos citados na denúncia e na sentença, bem como as atas de audiência dos
interrogatórios dos pacientes prestados na Polícia e em Juízo.

Oficie-se ao Juízo originário, para prestar as informações de estilo, no prazo de cinco (05) dias.

Depois, sigam os autos com vista ao MPF, para o necessário parecer.

Recife, 09 de agosto de 2018.

[1] HC 442.865/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 21/06/2018, DJe
28/06/2018.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado
18080912543170800000011961200
Data e hora da assinatura: 09/08/2018 13:55:35
Identificador: 4050000.11981313
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
PROCESSO Nº: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
PACIENTE: GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: JERONIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
IMPETRADO: JUÍZO DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma
Impresso em: 09/08/2018 às 17:40
RECIBO DE DOCUMENTO ENVIADO E NÃO LIDO
Código de
40520184502819
rastreabilidade:
Documento: Decisão com ID.4050000.11981313 - HC 0811322-75.2018.4.05.0000.pdf
Divisão de Processamento das Causas de Competência da 1ª Turma ( Edvaldo
Remetente:
Almeida do Nascimento )
Destinatário: SJCE - Diretoria da 11ª Vara ( TRF5 )
Data de Envio: 09/08/2018 17:39:20
De ordem do Exmo. Desembargador Federal Roberto Machado, encaminho decisão
Assunto: com ID.4050000.11981313- Habeas Corpus 0811322-75.2018.4.05.0000-
solicitação de informações em cinco dias e para ciência de seu inteiro teor.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
EDVALDO ALMEIDA DO NASCIMENTO - Diretor de Secretaria
18080917404698200000011964352
Data e hora da assinatura: 09/08/2018 17:41:26
Identificador: 4050000.11984465
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PROCESSO Nº: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
PACIENTE: GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: JERONIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
IMPETRADO: JUÍZO DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Trata-se de Habeas Corpus impetrado em favor de IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE


LIMA GADELHA FILHO, JERÔNIMO ALVES BEZERRA e FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS, apontando como autoridade coatora o Juízo da 11ª Vara Federal do Ceará, objetivando o
redimensionamento das penas impostas nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, ainda
pendente de julgamento de recurso perante o STJ (EDcl no EDcl no AgRg no REsp 1.449.193/CE).
Alegam os impetrantes: 1) em sede de apelação, houve reforma parcial da sentença, mantendo-se a
condenação dos pacientes pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, reduzindo-se as
penas impostas no 1º Grau ( FRANCISCO DEUSMAR - 9 anos e 2 meses de reclusão; IELTON,
GERALDO e JERÔNIMO - 5 anos de reclusão ); 2) há grave constrangimento ilegal no tocante à
dosimetria da pena, praticado pela sentença e jamais analisado por este TRF5 ou pelo STJ; 3) a sentença
deixou de aplicar a atenuante da confissão espontânea (art. 25, § 2º, da Lei nº 7.492/86), além de ter
incorrido em odioso bis in idem no tocante à habitualidade delitiva e, por fim, aplicou pena mais gravosa
apenas ao paciente FRANCISCO DEUSMAR, sem diferenciar, com elementos concretos, sua situação; 4)
o voto condutor do recurso de apelação se limitou a discutir a ausência de individualização da pena e a
valoração negativa da culpabilidade dos réus; e, em sede de julgamento de embargos de declaração,
analisou a legalidade da fração (2/3) de aumento utilizada pela sentença em razão da continuidade
delitiva; 5) é cabível o uso do Habeas Corpus em razão da existência de flagrante ilegalidade; 6) a
sentença se socorreu das declarações prestadas pelos pacientes ( na Polícia e em Juízo ) para justificar
suas condenações, sendo-lhes devida, portanto, a atenuação da confissão espontânea, nos termos da
Súmula nº 545 do STJ; 7) o crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 possui como elementar do tipo a
habitualidade delitiva, não admitindo, portanto, o aumento da pena em razão da continuidade delitiva, nos
termos do art. 71 do CP; 8) a sentença utilizou a habitualidade como fundamento para considerar negativa
as circunstâncias do crime, não podendo se valer deste mesmo critério para, na terceira fase da aplicação
da pena, utilizar a continuidade delitiva como fator de aumento de pena; 9) inexistiu fundamentação
idônea para fixar a pena de FRANCISCO DEUSMAR em patamar muito superior aos corréus (id.
11789459, fls. 02/23).

Relatei, decido.

1/2
Ab initio , verifico que as razões aqui deduzidas não foram analisadas pelo TRF5 em grau de apelação,
não integrando também as razões da defesa dos recursos apresentados perante o STJ, onde hoje tramita a
Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100. Desse modo, compete a este Tribunal processar e julgar este
writ , destacando-se que, conforme pacífica jurisprudência do STJ, não cabe Habeas Corpus substitutivo
do recurso legalmente previsto para a hipótese, prestigiando o sistema recursal e impondo o não
conhecimento da impetração, salvo, contudo, quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no
ato judicial impugnado [1] .

Portanto, cumpre examinar se o não enfrentamento das questões ora apresentadas pela defesa, todas
relacionadas à dosimetria das penas impostas aos pacientes, configura flagrante ilegalidade a ensejar a
modificação do julgado.

Nesta fase de cognição sumária, em que se pretende provimento liminar, tenho que é inviável o exame
das teses apresentadas pelos impetrantes, porque exigem exame detalhado e rigoroso das provas
constantes dos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, o que será feito, amiúde, quando de
seu julgamento pelo órgão turmário.

Além disso, não me parece presente, neste azo, o requisito do perigo da demora, porque inexiste risco
eminente das penas serem executadas. Afinal, a decisão condenatória, proferida na Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, ainda não transitou em julgado. E, mesmo que se pretenda executá-la
provisoriamente, tem-se que, nos autos do HC nº 0802530-35.2018.4.05.0000, apreciado em 28/06/2018,
a Primeira Turma deste Tribunal concedeu parcialmente a ordem em favor de FRANCISCO DEUSMAR,
suspendendo aludida execução até o julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38 no
REsp nº 1.449.193/CE, com a extensão da ordem aos corréus IELTON, GERALDO e JERÔNIMO.
Portanto, enquanto não transitada em julgado a decisão proferida naquele pedido de Tutela Provisória
perante o STJ, inexiste risco que voltar a correr as Execuções Provisórias propostas em face dos
pacientes.

Neste contexto, sem prejuízo de reexame em razão de fato novo, impõe-se o indeferimento do pedido
liminar, anotando-se que, como se trata de ação de rito célere, inclusive sendo dispensada a inclusão em
pauta de julgamento, o feito, depois de regularmente processado, será apreciado pelo Órgão Colegiado,
oportunidade em que as teses defensivas poderão ser exaustivamente analisadas.

Assim, indefiro o pedido liminar.

Intime-se a defesa acerca do teor desta decisão, bem como para que traga aos autos, no prazo de 5 (cinco)
dias, o Termo de Acusação CVM/SP nº 2008-40 e o Termo de Compromisso de fls. 302/304 (autos
principais, Volume III), ambos citados na denúncia e na sentença, bem como as atas de audiência dos
interrogatórios dos pacientes prestados na Polícia e em Juízo.

Oficie-se ao Juízo originário, para prestar as informações de estilo, no prazo de cinco (05) dias.

Depois, sigam os autos com vista ao MPF, para o necessário parecer.

Recife, 09 de agosto de 2018.

[1] HC 442.865/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 21/06/2018, DJe
28/06/2018.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
EDVALDO ALMEIDA DO NASCIMENTO - Diretor de Secretaria
18080917420068500000011964362
Data e hora da assinatura: 09/08/2018 17:42:57
Identificador: 4050000.11984475
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 09/08/2018 18:48, o(a) Sr(a) FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi
intimado(a) acerca de Decisão registrado em 09/08/2018 13:55 nos autos judiciais eletrônicos
especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18080917420068500000011964362 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 09/08/2018 18:48 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 09/08/2018 18:48:37
Identificador: 4050000.11986069

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 09/08/2018 18:48, o(a) Sr(a) JERONIMO ALVES BEZERRA foi intimado(a)
acerca de Decisão registrado em 09/08/2018 13:55 nos autos judiciais eletrônicos especificados na
epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18080917420068500000011964362 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 09/08/2018 18:48 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 09/08/2018 18:48:37
Identificador: 4050000.11986070

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 09/08/2018 18:48, o(a) Sr(a) GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO foi
intimado(a) acerca de Decisão registrado em 09/08/2018 13:55 nos autos judiciais eletrônicos
especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18080917420068500000011964362 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 09/08/2018 18:48 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 09/08/2018 18:48:37
Identificador: 4050000.11986071

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 09/08/2018 18:48, o(a) Sr(a) IELTON BARRETO DE OLIVEIRA foi intimado(a)
acerca de Decisão registrado em 09/08/2018 13:55 nos autos judiciais eletrônicos especificados na
epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18080917420068500000011964362 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 09/08/2018 18:48 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 09/08/2018 18:48:37
Identificador: 4050000.11986072

2/2
VIA MALOTE DIGITAL

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
SALVINO BEZERRA DE ANDRADE VASCONCELOS - Diretor de Secretaria
18081418443520100000012013308
Data e hora da assinatura: 14/08/2018 18:46:04
Identificador: 4050000.12033531
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
PODER JUDICIÁRIO

MALOTE DIGITAL

Tipo de documento: Informações Processuais


Código de rastreabilidade: 40520184517221
Nome original: Informação HC 0811322-75.2018.4.05.0000.pdf
Data: 14/08/2018 07:29:19
Remetente:
MARIANNE SAUNDERS GUIMARÃES UCHOA
SJCE - Diretoria da 11ª Vara
TRF5
Prioridade: Normal.
Motivo de envio: Para conhecimento.
Assunto: Ofício OFI.0011.000163-3 2018 - PRESTA INFORMAÇÕES NO HABEAS CORPUS Nº 0811322-7
5.2018.4.05.0000 (pacientes: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA E OUTROS).

1/26
Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05,0000

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA
Seção Judiciária do Estado do Ceará
11a Vara Federal

Ofício n° OFI.0011.000163-3/2018 Fortaleza, 13 de agosto de 2018.

Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000.


(Pacientes: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO GADELHA DE LIMA
FILHO, JERÔNIMO ALVES BEZERRA e FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS)

Senhor Relator,

Utilizo-me do presente para, em cumprimento da r. decisão


proferida nos autos do Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000,
informar a Vossa Excelência o que segue.

Exmo. Sr.
Dr. FRANCISCO ROBERTO MACHADO
Desembargador Federal Relator do Habeas Corpus n° 0811322-
75.2018.4.05.0000
Tribunal Regional Federal da 5a Região
Recife-PE

2/26
Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

Os ora pacientes figuram como réus na Ação Penal n°


0012628-43.2010.4.05.8100, denunciados que foram pelo Ministério Público
Federal pela prática do crime descrito no art. 7°, inciso IV, da Lei n° 7.492/86, e,
após a devida tramitação processual nesta 11a Vara Federal do Ceará, foi
prolatada a sentença SEN.0011.000172-0/2012, aos 5 de julho de 2012,
condenando FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO DE LIMA
GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA nas penas no art. 7°, IV, da Lei n° 7.492/86 c/c art. 27-C da Lei
6385/76 c/c o art. 71 do Código Penal, como no respectivo dispositivo, adiante
reproduzido:

"W - DIPOSITIVO.

67. Diante do exposto, firme em meu convencimento e


de acordo com as provas coligidas aos autos, JULGO
PROCEDENTE a pretensão punitiva estatal para o fim de
CONDENAR nas penas do art. 7°, IV, da Lei n° 7.492/86 c/c art. 27-C
da Lei 6385/76 c/c art. 71 do Código Penal (crime continuado), os
réus FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, brasileiro, casado,
empresário, filho de António Lisboa de Queirós e Maria Madalena de
Queirós, natural de Amontada/CE, nascido em 27.05.1947, portador
do CPF n° 024.922.883-15 e do RG n° 207.206 - SSPDS/CE,
residente na Av. Beira Mar, n° 2020, apto. 1100, bairro Meireles,
Fortaleza/CE, GERALDO DE UMA GADELHA FILHO, brasileiro,
casado, advogado, filho de Geraldo Gadelha e de Maria Zenir de
Lima Gadelha, natural de Fortaleza/CE, nascido em 09.05.1952,
portador do RG n° 95002172786 - SSP/CE, residente na Rua
Joaquim Nabuco, n° 1400, apto. 602, Fortaleza/CE, IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA, brasileiro, separado judicialmente,
economista, filho de Carlos Magno de Oliveira e de Inácia Barreto de
Oliveira, natural de Fortaleza/CE, nascido em 22.07.1960, portador
do RG n° 1078182 - SSP/CE, residente na Rua Silva Jatahy, n° 220,
apto. 1600, Fortaleza/CE e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, brasileiro,
solteiro, securitário, filho de Jerônimo Osmar Bezerra e de Maria
José Alves Bezerra, natural de Fortaleza/CE, nascido em
16.04.1965, portador do CPF n° 232.814.993-68 e do RG n°
53977482 - SSPDS/CE, residente na Rua Paula Ney, n° 827, apto.
1301, bairro Aldeota, Fortaleza/CE, verificando, ainda, que a
participação dos mesmos foi realizada de maneira equânime, sendo
as condutas necessárias e suficientes para a perpetração do ilícito.
68. Esclareça-se, por oportuno, que o caráter extensivo
da tipiddade originária, em face do concurso de agentes, alcança
todos os denunciados. A condição de sócios, administradores e/ou
gestores é transmitida a todos, nos próprios termos que a lei penal
estabelece para o concurso de pessoas (artigos 29 e 30, do Código
Penal). Além disso, os acusados tinham, cada um em sua atividade,

3/26
Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

o domínio do fato delituoso. Destarte, a regra geral prevista no artigo


29, do CP é clara e estabelece que "quem, de qualquer modo,
concorre para o crime, incide nas penas a este cominadas." Passo,
então, à fixação da pena dos réus, adotando, para tanto, ó
procedimento trifásico do art. 68 do Código Penal, o que faço 'nos
seguintes termos:

A- Pena-base.
69. No que diz respeito ao réu FRANCISCO DEUSMAR
QUEIROZ, e, tendo em mente as circunstâncias judiciais previstas no
artigo 59 do Código Penal, destaco inicialmente que a culpabilidade é
extremamente elevada. Diante da natureza da atlvicia.de empresarial
exercida pelo condenado, é inegável que tinha ele plena e elevada
consciência da antijuridicidade dos seus aios; a//as, o conhecimento
que tinha do funcionamento do sistema financeiro e empresarial foi
justamente utilizado para a construção de eficazes instrumentos
voltados a burlar a fiscalização dos órgãos estatais. Também devem
ser consideradas as circunstâncias dos delitos, pois, na qualidade de
sócio-gerente da RENDA, praticou de forma habitual, organizada e
irregularmente a atividade de mediação ou corretagem de valores
mobiliários ao adquirir ações de companhias telefónicas por meio de
negociações privadas para, em seguida, aliená-las em bolsa de
valores, bem como adquirir fora de bolsa e com significativo deságio
ações de emissão do Banco do Estado do Ceará (BEC), Além disso,
como dirigente da PAX, permitiu o exercício das atividades de
mediação ou corretagem por pessoas não autorizadas pela CVM,
utilizando e contratando pessoas não integrantes do sistema de
distribuição de valores mobiliários, conforme amplamente
demonstrado nesta sentença, sendo tudo praticado de forma
simulada. Nessa senda, as consequências do crime também devem
ser destacadas, visto que a intermediação irregular de valores
mobiliários com a utilização das mencionadas empresas
comandadas pelo réu, gerou um lucro de cerca de dois milhões e
oitocentos e quarenta mil reais, no período de 2000 a 2005, atingindo
de forma expressiva a confiabilidade e a transparência do mercado
de valores mobiliários como um todo. Taís fatores, de acordo com o
disposto no art. 59 do Código Penal, ensejam a aplicação da pena
privativa de liberdade e multa além do mínimo cominado. Frente aos
elementos acima aferidos. Dessa forma, entendo ser recomendável a
fixação da pena-base acima do mínimo legal, a fim de que haja
suficiente reprovação e prevenção do(s) delito(s), pelo que FIXO a
pena-base para o crime previsto no art. 7°, IV, da Lei n° 7.492/86 em
05 (cinco) anos e 6 (seis) meses de reclusão e multa e para o crime
previsto no art. 27-C da Lei 6385/76 em 04 (quatro) anos de reclusão
e multa.
B- Agravantes/atenuantes
70. Inexistem agravantes ou atenuantes.

C- Majorantes/minorantes
71. Como houve reiteração, durante o período de 2000
a 2006, do delito em questão (cf. Termo de Acusação acima), e
tendo em vista que essa reiteração apresenta, no presente processo,
harmonia com o art. 71 do Código Penal, deve incidir a causa de
aumento de pena prevista no referido dispositivo. Assim sendo, e

4/26
Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

considerando o quantitativo da reiteração, aumento em 2/3 (dois


terços) a pena fixada para o delito previsto no art. 7°, IV, da Lei n°
7.492/1986 que passa, portanto, a ser de nove anos e dois meses de
reclusão. Aumento tendo em vista as mesmas circunstâncias, a pena
para o crime previsto no art. 27-C da Lei 6385/76, que passa,
portanto, a ser de seis anos e oito meses de reclusão. Considerando,
ainda, que referidos delitos praticados pelo(s) acusado(s) resultaram
de desígnios autónomos, aplica-se o contido no art. 70, in fine, do
Código Penal, pelo que a torno definitiva a pena restritiva de
liberdade em 15 (quinze) anos e 10 (dez) meses de reclusão, a ser
cumprida inicialmente em regime fechado, de acordo com o disposto
no art. 33, "a", do Código Penal.
D- Substituição da pena privativa de liberdade por
pena restritiva de direito e/ou suspensão condicional da pena
72. Diante do quantum da pena privativa de liberdade
que foi imposta ao condenado, é incabível a sua substituição por
pena restritiva de direito, posto que não atendidos os pressupostos
do artigo 44 do Código Penal, ou a sua suspensão condicional,
porque não atendidas as exigências do artigo 77 do Código Penal.
E- Fixação da pena de multa
73. A fixação da pena de multa deve observar o critério
bifásico. Na primeira fase, haverá a fixação da quantidade de dias-
multa, levando em consideração as circunstâncias judiciais do artigo
59, do Código Penal, e, na segunda fase, a fixação do valor do dia-
multa, tendo como parâmetro a situação económica do acusado.
Assim sendo, frente aos elementos já aferidos quando da fixação da
pena privativa de liberdade, além da condição sócio-econômica do
réu - que é boa, pois proprietário de diversas empresas que
compõem seu grupo empresarial, condeno-o à pena de 250
(duzentos e cinquenta) dias-multa, correspondendo cada dia-multa a
10 (dez) salários mínimos vigente à época dos fatos no que diz
respeito ao crime previsto no art. 7°, IV, da Lei n° 7.492/86 e multa
de 03 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em
decorrência do crime, qual seja três vezes os valores das operações
detectadas pela CVM no que diz respeito ao crime previsto no art.
27-C da Lei 6385/76. Os valores serão corrigidos monetariamente
(art. 49, Código Penal), o que na ausência de outros elementos,
torno definitiva.
A- Pena-base.
74. No que diz respeito ao réu GERALDO DE UMA
GADELHA FILHO, e, tendo em mente as circunstâncias judiciais
previstas no artigo 59 do Código Penal, destaco inicialmente que a
culpabilidade é elevada. Diante da natureza da atividade empresarial
exercida pelo condenado, é inegável que tinha ele plena e elevada
consciência da antijurídicidade dos seus aios; a//ás, o conhecimento
que tinha do funcionamento do sistema financeiro e empresarial foi
justamente utilizado para a construção de eficazes instrumentos
voltados a burlar a fiscalização dos órgãos estatais. Também devem
ser consideradas as circunstâncias do(s) delito(s), pois, na qualidade
de dirigente da PAX, permitiu o exercício das ativídades de mediação
ou corretagem por pessoas não autorizadas pela CVM, utilizando e
contratando pessoas não integrantes do sistema de distribuição de
valores mobiliários, conforme amplamente demonstrado nesta
sentença. Nessa senda, as consequências do crime também devem Y
ser destacadas, visto que a intermediação irregular de valores/j

5/26
Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

mobiliários com a utilização das mencionadas empresas, gerou um


lucro de cerca de dois milhões e oitocentos e quarenta mil reais, no
período de 2000 a 2005, sem levar em conta o considerável prejuízo
suportado pelos investidores, atingindo de forma expressiva a
confiabilidade e a transparência do mercado de valores mobiliários
como um todo. Tais fatores, de acordo com o disposto no art. 59 do
Código Penal, ensejam a aplicação da pena privativa de liberdade e
multa além do mínimo cominado. Frente aos elementos acima
aferidos. Dessa forma, entendo ser recomendável a fixação da pena-
base acima do mínimo legal, a fim de que haja suficiente reprovação
e prevenção do(s) delito(s), pelo que FIXO a pena-base para o crime
previsto no art. 7°, IV, da Lei n° 7.492/86 em 3 (três) anos de
reclusão e multa e para o crime previsto no art. 27-C da Lei 6385/76
em 03 (três) anos de reclusão e multa.
B- Agravantes/atenuantes
75. Inexistem agravantes ou atenuantes.
C- Majorantes/mínorantes
76. Como houve reiteração, durante o período de 2000
a 2006, do delito em questão (cf. Termo de Acusação acima), e
tendo em vista que essa reiteração apresenta, no presente processo,
harmonia com o art. 71 do Código Penal, deve incidir a causa de
aumento de pena prevista no referido dispositivo. Assim sendo, e
considerando o quantitativo da reiteração, aumento em 2/3 (dois
terços) a pena fixada para o delito previsto no art. 7°, IV, da Lei n°
7.492/86 que passa, portanto, a ser de 5 (cinco) anos de reclusão.
Aumento, tendo em vista as mesmas circunstâncias, a pena para o
crime previsto no art. 27-C da Lei 6385/76, que passa, portanto, a ser
de 5 (cinco) anos de reclusão. Considerando, ainda, que referidos
delitos praticados pelo(s) acusado(s) resultaram de desígnios
autónomos, aplica-se o contido no art. 70, in fine, do Código Penal,
pelo que a torno definitiva a pena restritiva de Uberdade em 10 (dez)
anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado, de
acordo com o disposto no art. 33, "a", do ódigo Penal.
D- Substituição da pena privativa de liberdade por
pena restritiva de direito e/ou suspensão condicional da pena
77. Diante do quantum da pena privativa de liberdade
que foi imposta ao condenado, é incabível a sua substituição por
pena restritiva de direito, posto que não atendidos os pressupostos
do artigo 44 do Código Penal, ou a sua suspensão condicional,
porque não atendidas as exigências do artigo 77 do Código Penal.
E- Fixação da pena de multa
78. A fixação da pena de multa deve observar o critério
bífásico. Na primeira fase, haverá a fixação da quantidade de dias-
multa, levando em consideração as circunstâncias judiciais do artigo
59, do Código Penal, e, na segunda fase, a fixação do valor do dia-
multa, tendo como parâmetro a situação económica do acusado.
Assim sendo, frente aos elementos já aferidos quando da fixação da
pena privativa de liberdade, além da condição sócio-econômíca do
réu - que é boa, sendo diretor de uma das empresas do grupo
empresarial capitaneado por FRANCISCO DEUSMAR, condeno-o,
no que diz respeito ao crime previsto no art. 7°, IV, da Lei n°
7.492/86, à pena de 200 (duzentos) dias-multa, correspondendo
cada dia-multa a 1 (um) salário mínimo vigente à época dos fatos; e J
multa de 03 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em ,
decorrência do crime, qual seja três vezes os valores das operações /

6/26
Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

detectadas pela CVM no que diz respeito ao crime previsto no Ari.


27-C da Lei 6385/76. Os valores serão corrigidos monetariamente
(art. 49, Código Penal), o que na ausência de outros elementos,
torno definitiva.
A- Pena-base.
79. A/o que diz respeito ao réu IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA, e, tendo em mente as circunstâncias judiciais previstas
no artigo 59 do Código Penal, destaco inicialmente que a
culpabilidade é elevada. Diante da natureza da atividade empresarial
exercida pelo condenado, é inegável que tinha ele plena e elevada
consciência da antijuridicidade dos seus atos; aliás, o conhecimento
que tinha do funcionamento do sistema financeiro e empresarial foi
justamente utilizado para a construção de eficazes instrumentos
voltados a burlar a fiscalização dos órgãos estatais. Também devem
ser consideradas as circunstâncias do(s) delito(s), pois, na qualidade
de sócio-gerente da RENDA, praticou de forma habitual, organizada
e irregularmente a atividade de mediação ou corretagem de valores
mobiliários ao adquirir ações de companhias telefónicas por meio de
negociações privadas para, em seguida, aliená-las em bolsa de
valores, bem como adquirir fora de bolsa e com significativo deságio
ações de emissão do Banco do Estado do Ceará (BEC), conforme
demonstrado ao longo da sentença. Nessa senda, as consequências
do crime também devem ser destacadas, visto que a intermediação
irregular de valores mobiliários com a utilização das co-irmãs PAX e
RENDA, gerou um lucro de cerca de dois milhões e oitocentos e
quarenta mil reais, no período de 2000 a 2005, sem levar em conta o
considerável prejuízo suportado pelos investidores, atingindo de
forma expressiva a confiabilidade e a transparência do mercado de
valores mobiliários como um todo. Tais fatores, de acordo com o
disposto no art. 59 do Código Penal, ensejam a aplicação da pena
privativa de liberdade e multa além do mínimo cominado. Frente aos
elementos acima aferidos. Dessa forma, entendo ser recomendável a
fixação da pena-base acima do mínimo legal, a fim de que haja
suficiente reprovação e prevenção do(s) delito(s), pelo que FIXO a
pena-base para o crime previsto no art. 7°, IV, da Lei n° 7.492/86 em
3 (três) anos de reclusão e multa e para o crime previsto no art. 27-C
da Lei 6385/76 em 03 (três) anos de reclusão e multa.
B-Agravantes/atenuantes
80. Inexistem agravantes ou atenuantes.

C- Majorantes/minorantes
81. Como houve reiteração, durante o período de 2000
a 2006, do delito em questão (cf. Termo de Acusação acima), e
tendo em vista que essa reiteração apresenta, no presente processo,
harmonia com o art. 71 do Código Penal, deve incidir a causa de
aumento de pena prevista no referido dispositivo. Assim sendo, e
considerando o quantitativo da reiteração, aumento em 2/3 (dois
terços) a pena fixada para o delito previsto no art. 7°, IV, da Lei n°
7.492/86 que passa, portanto, a ser de 5 (cinco) anos de reclusão.
Aumento, tendo em vista as mesmas circunstâncias, a pena para o
crime previsto no Art. 27-C da Lei 6385/76, que passa, portanto, a
ser de 5 (cinco) anos de reclusão. Considerando, ainda, que
referidos delitos praticados pelo(s) acusado(s) resultaram de
desígnios autónomos, aplica-se o contido no art. 70, in fine, do,
Código Penal, pelo que a torno definitiva a pena restritiva de

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Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

liberdade em 10 (dez) anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente


em regime fechado, de acordo com o disposto no art. 33, "a", do
Código Penal.
D- Substituição da pena privativa de liberdade por
pena restritiva de direito e/ou suspensão condicional da pena
82. Diante do quantum da pena privativa de liberdade
que foi imposta ao condenado, é incabível a sua substituição por
pena restritiva de direito, posto que não atendidos os pressupostos
do artigo 44 do Código Penal, ou a sua suspensão condicional,
porque não atendidas as exigências do artigo 77 do Código Penai.
E- Fixação da pena de multa
83. A fixação da pena de multa deve observar o critério
bífásico. Na primeira fase, haverá a fixação da quantidade de dias-
multa, levando em consideração as circunstâncias judiciais do artigo
59, do Código Penal, e, na segunda fase, a fixação do valor do dia-
multa, tendo corno parâmetro a situação económica do acusado.
Assim sendo, frente aos elementos já aferidos quando da fixação da
pena privativa de liberdade, além da condição sócio-econômica do
réu - que é boa, sendo diretor de uma das empresas do grupo
empresarial capitaneado por FRANCISCO DEUSMAR, condeno-o,
no que diz respeito ao crime previsto no art. 7°, IV, da Lei n°
7.492/86, à pena de 200 (duzentos) dias-multa, correspondendo
cada dia-rnulta a 1 (um) salário mínimo vigente à época dos fatos; e
multa de 03 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em
decorrência do crime, qual seja três vezes os valores das operações
detectadas pela CVM no que diz respeito ao crime previsto no Art.
27-C da Lei 6385/76. Os valores serão corrigidos monetariamente
(art. 49, Código Penal), o que na ausência de outros elementos,
torno definitiva.
A- Pena-base.
84. No que diz respeito ao réu JERÕNIMO ALVES
BEZERRA, e, tendo em mente as circunstâncias judiciais previstas
no artigo 59 do Código Penal, destaco inicialmente que a
culpabilidade é elevada. Diante da natureza da atividade empresarial
exercida pelo condenado, é inegável que tinha ele plena e elevada
consciência da antijuridicidade dos seus atos; aliás, o conhecimento
que tinha do funcionamento do sistema financeiro e empresarial foi
justamente utilizado para a construção de eficazes instrumentos
voltados a burlar a fiscalização dos órgãos estatais. Também devem
ser consideradas as circunstâncias do(s) delito(s), pois, na qualidade
de gerente operacional da PAX, permitiu o exercício das atividades
de mediação ou corretagem por pessoas não autorizadas pela CVM,
utilizando e contratando pessoas não integrantes do sistema de
distribuição de valores mobiliários, conforme amplamente
demonstrado nesta sentença. Nessa senda, as consequências do
crime também devem ser destacadas, visto que a intermediação
irregular de valores mobiliários com a utilização das empresas co-
irmãs PAX e RENDA, gerou um lucro de cerca de dois milhões e
oitocentos e quarenta mil reais, no período de 2000 a 2005, sem
levar em conta o considerável prejuízo suportado pelos investidores,
atingindo de forma expressiva a confiabilidade e a transparência do
mercado de valores mobiliários como um todo. Tais fatores, de
acordo com o disposto no art. 59 do Código Penal, ensejam a
aplicação da pena privativa de liberdade e multa além do mínimo
cominado. Frente aos elementos acima aferidos. Dessa forma,

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Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

entendo ser recomendável a fixação da pena-base acima do mínimo


legal, a fim de que haja suficiente reprovação e prevenção do(s)
delito(s), pelo que FIXO a pena-base para o crime previsto no art. 7°,
IV, da Lei n° 7.492/86 em 3 (três) anos de reclusão e multa e para o
crime previsto no art. 27-C da Lei 6385/76 em 03 (três) anos de
reclusão e multa.
B- Agravantes/atenuantes
85. Inexistem agravantes ou atenuantes.
C- Majorantes/minorantes
86. Como houve reiteração, durante o período de 2000
a 2006, do delito em questão (cf. Termo de Acusação acima), e
tendo em vista que essa reiteração apresenta, no presente processo,
harmonia com o art. 71 do Código Penal, deve incidir a causa de
aumento de pena prevista no referido dispositivo. Assim sendo, e
considerando o quantitativo da reiteração, aumento em 2/3 (dois
terços) a pena fixada para o delito previsto no art. 7°, IV, da Lei n°
7,492/86 que passa, portanto, a ser de 5 (cinco) anos de reclusão.
Aumento, tendo em vista as mesmas circunstâncias, a pena para o
crime previsto no art. 27-C da Lei 6385/76, que passa, portanto, a ser
de 5 (cinco) anos de reclusão. Considerando, ainda, que referidos
delitos praticados pelo(s) acusado(s) resultaram de desígnios
autónomos, aplica-se o contido no art. 70, In fine, do Código Penal,
pelo que torno definitiva a pena restritiva de liberdade em 10 (dez)
anos de reclusão, a ser cumprida inicialmente em regime fechado, de
acordo com o disposto no art. 33, "a", do Código Penal.
D- Substituição da pena privativa de liberdade por
pena restritiva de direito e/ou suspensão condicional da pena
87. Diante do quantum da pena privativa de liberdade
que foi imposta ao condenado, é incabível a sua substituição por
pena restritiva de direito, posto que não atendidos os pressupostos
do artigo 44 do Código Penal, ou a sua suspensão condicional,
porque não atendidas as exigências do artigo 77 do Código Penal.
E- Fixação da pena de multa
88. A fixação da pena de multa deve observar o critério
bifásico. Na primeira fase, haverá a fixação da quantidade de dias-
multa, levando em consideração as circunstâncias judiciais do artigo
59, do Código Penal, e, na segunda fase, a fixação do valor do dia-
multa, tendo como parâmetro a situação económica do acusado.
Assim sendo, frente aos elementos já aferidos quando da fixação da
pena privativa de liberdade, além da condição sócio-econõmica do
réu - que é boa, sendo díretor de uma das empresas do grupo
empresarial capitaneado por FRANCISCO DEUSMAR, condeno-o,
no que diz respeito ao crime previsto no art. 7°, IV, da Lei n°
7.492/86, à pena de 200 (duzentos) dias-multa, correspondendo
cada dia-multa a 1 (um) salário mínimo vigente à época dos fatos; e
multa de 03 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em
decorrência do crime, qual seja três vezes os valores das operações
detectadas pela CVM no que diz respeito ao crime previsto no art.
27-C da Lei 6385/76. Os valores serão corrigidos monetariamente
(art. 49, Código Penal), o que na ausência de outros elementos,
tomo definitiva.

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Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

Nesse egrégio Tribunal Regional Federal da 5a Região o


julgamento da primeira instância foi parcialmente reformado quando do
julgamento da Apelação Criminal ACR n° 9363-CE, relatado pelo Exmo.
Desembargador Federal Dr. Marcelo Navarro, aos 11 de julho de 2013, por
unanimidade, com a condenação dos apontados réus nas penas do art. 7°, IV,
da Lei n° 7.492/86, em continuidade delitiva, conforme os excerto do voto e
ementa pertinentes, in verbis:

Superadas as controvérsias apontadas pela defesa e afastada a


condenação dos réus pelo crime previsto no art. 27-C da Lei
6.385/76, resulta a pena definitiva para:
- Francisco Deusmar Queiroz, em 09 (nove) anos e 02 (dois) meses
de reclusão, além de 250 (duzentos e cinquenta) dias-multa,
correspondendo cada dia multa a 10 (dez) salários mínimos vigentes
à época dos fatos;
- Geraldo de Lima Gadelha Filho, em 05 (cinco) anos de reclusão,
além de 200 (duzentos) dias-multa, à razão de 01 (um) salário
mínimo;
- lelton Barreto de Oliveira, em 05 (cinco) anos de reclusão, além de
200 (duzentos) dias-multa, à razão de 01 (um) salário mínimo;
- Jerônimo Alves Bezerra, em 05 (cinco) anos de reclusão, além de
200 (duzentos) dias-multa, à razão de 01 (um) salário mínimo.
Finalmente, a defesa suscitou a preliminar da prescrição.
Excluído o aumento da continuidade delitiva, nos termos da Súmula
497 do STF, a pena de Francisco e a dos demais réus a ser
considerada para fins prescricionais é de 05 (cinco) anos e 06 (seis)
meses e 03 (três) anos, respectivamente, cujo prazo prescrícional
verifica-se ocorre em 12 anos e 08 anos, consoante art. 109, incisos
III e l V, do CP.
Os delitos ocorreram nos anos de 2001 a 2006 e a denúncia foi
recebida em 19.11.2010 (fls. 13/14). Desta forma, especificamente
para os réus Geraldo de Lima Gadelha Filho, lelton Barreto de
Oliveira e Jerônimo Alves Bezerra verifica-se que a prescrição não
alcançou todos os crimes, mas tão somente os ocorridos no ano de
2001, já que o lapso temporal entre a data de cometimento de
diversos delitos (entre 2002 e 2006) e a data de recebimento da
denúncia é menor que 08 anos.
Entretanto, embora reconhecida a prescrição dos crimes cometidos
no ano de 2001, entendo que a fração de 2/3 de aumento da pena
pela continuidade delitiva deve ser mantida, tendo em vista o
elevado número de delitos praticados nos demais anos (v.g.,
nos entre outubro de 2003 e abril de 2006, a RENDA adquiriu
fora da bolsa e com significativo deságio, ações do Banco do
Estado do Ceará de outras quarenta e duas pessoas).
já em relação ao réu Francisco Deusmar Queiroz, nenhum dos
crimes encontra-se prescrito.

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Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

Nestes termos, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao apelo para afastar


a condenação dos apelantes pelo crime previsto no art. 27-C da Lei
6.385/76, mantida, nos demais termos, a sentença."
(O negrito não consta no original.)

"EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. ART. 7°, IV, DA LEI


7.492/86. GARIMPAGEM DE AÇÓES. JULGADO CITRA PETITA
NULIDADE AFASTADA. JULGADO ULTRA PETITA,
RECONHECIMENTO E AFASTAMENTO DA CONDENAÇÃO PELO
CRIME PREVISTO NO ART. 27-C DA LEI 6.385/76. INÉPCIA DA
DENÚNCIA. TESE NÃO ACOLHIDA DIANTE DA DESCRIÇÃO
INDIVIDUALIZADA DOS FATOS TÍPICOS. MATERIALIDADE E
AUTORIA DELITIVAS COMPROVADAS. PRESCRIÇÃO. APELOS
PARCIALMENTE PROVIDOS.
1. Não há falar em julgado citra petita, quando a tese defensiva de
atipicidade da conduta foi plenamente analisada na sentença
apelada.
2. Imputada, na denúncia, aos acusados especificamente a prática
do crime previsto no art. 7°, IV, da Lei 7.492/86, sem que da
descrição dos fatos os réus pudessem ter se defendido do
cometimento do delito disposto no art. 27-C da Lei 6.385/76, deve ser
afastada a condenação neste referido dispositivo.
3. Ê elemento essencial à denúncia a demonstração do liame entre o
fato criminoso e a participação do denunciado, com a
individualização da conduta, sem a qual fica prejudicada a
responsabilização criminal do agente. Na hipótese, descritas
minuciosamente as condutas imputadas aos réus, bem como a
participação de cada um deles no delito, não há falar em inépcia de
denúncia.
4. Segundo conceitua a Comissão de Valores Mobiliários, a
"garímpagem de ações" caracteriza-se pela compra, com
habitualidade, por pessoas não integrantes do sistema de
distribuição, de valores mobiliários diretamente de investidores, para
revendê-los em bolsa de valores ou no mercado de balcão
organizado. Comprovada a negociação de valores mobiliários sem
autorização prévia da CVM, por meio da criação de duas empresas
para que uma operasse às escuras e a outra transparecesse uma
suposta legalidade nas operações, amolda- se a conduta dos
apelantes ao tipo previsto no art. 7°, IV, da Lei 7.492/86, por
caracterizar-se como atividade de "garímpagem de ações", e não ao
art. 27-E da Lei 6.385/76, como pretendia a defesa.
5. Análise acertada das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP e
proporcionalmente fixada a pena-base. Pedido de reforma da
dosimetria improvido.
6. Reconhecimento da prescrição dos crimes praticados em 2001
pelos segundo, terceiro e quarto apelantes, tendo em vista o
transcurso de mais de oito anos entre a data de cometimento dos
delitos e o recebimento da denúncia (2010).
7. Apelações parcialmente providas."
(O negrito não consta no original.)

10

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Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

Os primeiros Embargos de Declaração da defesa foram


igualmente julgados nessa Corte regional, enquanto os segundos igualmente
interpostos nessa segunda instância não foram conhecidos, resultando nas
ementas e nos w. acórdãos que seguem, respectivamente:

"EMENTA: PENAL PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO DA DEFESA. ART. 7°, IV, DA LEI 7492/86
JULGADO ULTRA PETITA. NULIDADE REJEITADA. INCIDÊNCIA
DA CAUSA DE AUMENTO PELA CONTINUIDADE DELITIVA
OMISSÃO SANADA. EMBARGOS PROVIDOS.
1. Embargos de declaração opostos contra acórdão que manteve a
condenação dos réus no tipo pena! previsto no art. 7°, IV, da Lei
7.492/86. Não ha falar em julgado ultra petita quando este ratificou os
termos da denúncia e da sentença, mantendo a condenação dos
acusados no referido dispositivo legal. Ademais, ainda que o acórdão
tivesse se referido a tipo diverso do constante na fundamentação da
sentença, inexistiria impedimento à aplicação da emendatio libelli
nesta Corte, pois a utilização da norma prevista nos arts. 383 e 617,
ambos do Código Processual Penal - CPP, para modificar a
capitulação jurídica contida na denúncia, não causa prejuízo à
defesa, quando não se cuida de imputação de fato novo, mas sim, de
adequação do dispositivo legal aplicável aos fatos.
2. Excetuando o questionamento quanto à incidência do art. 71 do
CP, as demais matérias apontadas nos embargos foram
devidamente analisadas no acórdão, denotando a arguição tão
somente o inconformismo do recorrente com o teor do julgamento,
com o fito de ser reapreciado o mérito do recurso apelatório.
3. Reconhecida a omissão quanto à analise da incidência da fração
máxima da causa de aumento pela continuidade delitiva, a qual
deve ser mantida, tendo em vista a elevada reiteração da
conduta delitiva.
4. Embargos de declaração providos.
A CORDA O
Decide a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5a Região,
por unanimidade, dar provimento aos embargos de declaração, nos
termos do voto do relator, na forma do relatório e notas taquigrafícas
constantes nos autos, que ficam fazendo parte integrante do
presente julgado. Recife, 26 de setembro de 2013.Desembargador
Federal MARCELO NAVARRORELATOR".
(O negrito não consta no original.)

"EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SUPOSTA OMISSÃO.


ACÓRDÃO QUE ANALISOU TODAS AS MATÉRIAS ARGUIDAS NA
APELAÇÃO CRIMINAL DA DEFESA. RECURSO NÃO
CONHECIDO.
1. Refogem os presentes embargos ao espectro legalmente
delimitado para sua oportunização, de natureza numerus clausus,
estabelecido nos arts. 619 e 620 do Código de Processo Penal, dado
o julgado ora embargado de declaração não se revestir de nenhuma

11

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Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

c/as atecnias processuais que porventura possam ensejar


aclaramento.
2. O manejo da oposição embargante deve se limitar às hipóteses
efetivamente caracterizadoras das situações de ambiguidade,
obscuridade, contradição e omissão, que possam efetivamente
comprometer a intelecção do julgado, não sendo o caso dos autos,
que traduz intuito de rediscussão da matéria.
3. Embargos de declaração não conhecidos.
ACORDA O
Decide a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5a Região,
por unanimidade, não conhecer dos embargos de declaração, nos
termos do voto do relator, na forma do relatório e notas taquigraficas
constantes nos autos, que ficam fazendo parte integrante do
presente julgado. Recife, 14 de novembro de 2013. Desembargador
Federal MARCELO NAVARRORELATOR".

Essa condenação foi mantida pelo colendo Superior Tribunal


de Justiça, ao julgar o Recurso Especial REsp n° 1.449.193-CE, o Agravo
Regimental no mesmo Recurso Especial e os Embargos de Declaração no
Agravo Regimental no dito Recurso Especial, todos interpostos pela defesa e
relatados pelo Exmo. Sr. Ministro Dr. Felix Fischer, em conformidade com as
ementas e acórdãos pertinentes, abaixo expostos:

REspn 0 1.449.193-CE;
"PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL
NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS SEM
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ART. 619 DO
CPP. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. INÉPCIA DA DENÚNCIA.
REQUISITOS PREENCHIDOS. PRECEDENTES. ADEQUAÇÃO
TÍPICA. CORRELAÇÃO ENTRE A DENÚNCIA E A SENTENÇA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. JULGAMENTO CITRA
PETITA. INOCORRÊNCIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. REFORMATIO
IN PEJUS. HIPÓTESE NÃO VERIFICADA. DEVOLUTIVIDADE DA
APELAÇÃO. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÓNEA.
FRAÇÃO DE AUMENTO DA PENA PELA CONTINUIDADE
DELITIVA FIXADA EM CONFORMIDADE COM A
JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. RECURSO CONHECIDO EM
PARTE E, NESSA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO."
(O negrito não consta no original.)

12

13/26
Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

• AgRg NO REsp n° 1.449.193-CE:


"EMENTA
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL NEGOCIAÇÃO DE TÍTULOS OU VALORES
MOBILIÁRIOS SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. ADEQUAÇÃO TÍPICA
DA CONDUTA. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DOSIMETRIA. PENA-BASE
ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS.
FUNDAMENTAÇÃO IDÓNEA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO
COMPROVAÇÃO. DECISÃO MANTIDA.
I - As conclusões do eg. Tribunal de origem a respeito da
adequação típica da conduta não podem ser alteradas sem nova
incursão no conjunto de fatos e provas colacionado aos autos. Tal
providência não é viável em sede de recurso especial, a teor do
enunciado sumular n. 7 desta Corte.
II - A dosimetria da pena, quando imposta com base em
elementos concretos e observados os limites da discricionariedade
vinculada atribuída ao magistrado sentenciante, impede a revisão da
reprimenda por esta Corte Superior, exceto se for constatada
evidente desproporcionalidade entre o delito e a pena imposta,
hipótese em que caberá a reapreciação para a correção de eventual
desacerto quanto ao cálculo das frações de aumento e de diminuição
e a reavaliação das circunstâncias judiciais listadas no art. 59 do
Código Penal.
III - In casu, o aumento da pena-base mostra-se, de fato,
fundamentado, pois considerados o modus operandi, a
organização, o planejamento e a estratégia na execução dos
delitos, desempenhos por cada um dos agentes. Dessa forma, o
acórdão da origem consignou expressamente os motivos que
acarretaram a exasperação da pena-base, não havendo
tampouco desproporcionalidade no acréscimo.
IV - A interposição do recurso especial, com fulcro na alínea
c do permissivo constitucional exige o atendimento dos requisitos
contidos no art. 1028, e § 1° do Código de Processo Civil, e no art.
255, § 1°, do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, para
a devida demonstração do alegado dissídio jurisprudencial, pois,
além da transcrição de acórdãos para a comprovação da
divergência, é necessário o cotejo analítico entre o aresto recorrido e
o paradigma, com a constatação da identidade das situações fáticas
e a interpretação diversa emprestada ao mesmo dispositivo de
legislação infraconstitucional, situação que não ocorreu no
Documento: 1674256 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado -
DJe: 26/02/2018 Página 1 de 4 Superior Tribunal de Justiça presente
caso.
Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as
acima indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior
Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo
regimental.
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca
e Joel llan Paciornik votaram com o Sr. Ministro Relator.
Impedido o. Sr. Ministro Ribeiro Dantas.

13

14/26
Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

Brasília (DF), 20 de fevereiro de 2018 (Data do


Julgamento)."
(O negrito não consta no originai.)

EDcl no AqRq no REsp n° 1.449.193-CE:


"EMENTA
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL PRELIMINAR DE
NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE REALIZAR SUSTENTAÇÃO
ORAL. AGRAVO REGIMENTAL EM MATÉRIA PENAL
APRESENTADO EM MESA. POSSIBILIDADE. OMISSÃO
CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. REEXAME DA CAUSA
INVIABILIDADE.
I - A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça
sedimentou o entendimento de que "o Regimento Interno desta Corte
prevê, expressamente, em seu art. 258, que trata do Agravo
Regimental em Matéria Penal, que o feito será apresentado em
mesa, dispensando, assim, prévia inclusão em pauta. A disposição
está em harmonia com a previsão de que o agravo não prevê a
possibilidade de sustentação oral (art. 159, IV, do Regimento Interno
do STJ)" (EDcl no AgRg nos EREsp n. 1.533.480/RR, Ministro
Reynaldo Soares da Fonseca, DJe 31/5/2017).
II - Os embargos declaratóríos não constituem recurso de
revisão, sendo inadmissíveis se a decisão embargada não padecer
dos vícios que autorizariam a sua oposição (obscuridade,
contradição e omissão). Na espécie, à conta de omissão e
contradição no v. acórdão embargado, pretende o embargante a
rediscussão da matéria já apreciada.
Embargos de declaração rejeitados.

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as
acima indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior
Tribunal de Justiça, prosseguindo no julgamento, por unanimidade,
rejeitar os embargos.
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca
e Joel Ilan Padornik votaram com o Sr. Ministro Relator.
Impedido o Sr. Ministro Ribeiro Dantas.
Brasília (DF), 07 de junho de 2018 (Data do Julgamento)."

Como se depreende desses julgados, o dimensionamento das


penas impostas aos ali réus, ora pacientes, foi devida e expressamente
analisado em todas as instâncias, aí incluindo a aplicação do art. 71 do Código
Penal, tendo-se, ainda, que o último decisum acerca (da correção) da
dosimetria da pena na originária Ação Penal n° 0012628-43.2010.4.05.8100
emanou da Quinta Turma do STJ. Reporto-me, assim, à sentença SEN.0011.
000172-0/2012 e aos apontados julgamentos superiores.

14

15/26
Ref. ao Habeas Corpus r\° 0811322-75.2018.4.05.0000

Tenha-se em mente, mais, que, para aplicação da atenuante


prevista no art. 65, 111, "a", do Código Penal, o agente deve ter "confessado
espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime", o que de fato não
ocorreu nos autos da Ação Penal n° 0012628-43.2010.4.05.8100. Não se
verifica naquele processo, em momento algum - seja em sede policial ou
judicial -, os então réus declarando a sua responsabilidade, a prática do
delito que lhe foi atribuído. Inclusive, quando interrogados neste Juízo da
11a Vara Federal do Ceará, perguntados sobre os fatos narrados na
denúncia, optaram por ficar em silêncio, por orientação de sua defesa.

Cabe consignar que recentemente, nos autos da Justificação


Criminal n° 0809311-23.2018.4.05.8100, em tramitação nesta 11a Vara da
Justiça Federal no Ceará, pretenderam FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BERRETO DE OLIVEIRA e
JERÔNIMO ALVES BEZERRA, invocando o art. 381, §5°, do Código de
Processo Civil, produzir prova testemunhal "a ser utilizada em posterior ação
de Revisão Criminal, com o intuito de rescindir condenação criminal, proferida
nos autos da ação penal n° 0012628.43.2010.4.05.8100, e, posteriormente,
confirmada em grau de apelação pelo Tribunal Regional Federal da 5a Região",
o que foi indeferido por este magistrado, no dia 1 de agosto de 2018, pelos
fundamentos transcritos a seguir:

5- Na ação penal n° 0012628-43.2010.4.05.8100 os réus se


defenderam dos fatos narrados na denúncia que a iniciou (denúncia
n° 276/2010, cópia no identificador 4058100.3847201), sendo a eles
oportunizados e garantidos plenamente o contraditório e a ampla
defesa.

6-Atente-se que na mencionada denúncia foi atribuída aos ali


acusados o cometimento do crime descrito no art. 7°, IV, da Lei
n° 7.492/86, o que evidencia o primeiro equívoco da argumentação
ora analisada, vez não ser a hipótese de mutatio libelli.

7- Cabe observar que, ainda que na primeira instância tenha


ocorrido condenação de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS,
GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e de JERÔNIMO ALVES BEZERRA nas penas do art. -70

15

16/26
Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

IV, da Lei n° 7.492/86 c/c o art. 27-C da Lei n° 6.385 c/c o art. 71 do
Código Penal (crime continuado), conforme a sentença
SEN. 0011.000172-0/2012 (cuja cópia é vista nos identificadores
4058100.3847208, 4058100.3847210, 4058100.3847253 e
4058100.3847256), na segunda instância foi aquele julgamento
parcialmente reformado, com a condenação dos apontados réus
nas penas do art. 7°, IV, da Lei n° 7.492/86, em continuidade
delitiva (cf. Apelação Criminal ACR n° 9363-CE, identificadores
4058100.3847264 e 4058100.3847266), ou seja, na mesma figura
típica constan te da de n ún cia, ten do sido m an tida essa
condenação pelo Superior Tribunal de Justiça, ao negar
provimento ao Recurso Especial REsp n° 1.449.193-CE e aos
Embargos de Declaração interpostos pela defesa (cf. identificador
4058100.3847268).

8- Tal constatação afasta o argumento dos ora postulantes de que


teriam sido condenados, na ação penal n° 0012628-
43.2010.4.05.8100, por crime diverso do constante na denúncia e,
obviamente, de que apenas "após a condenação por crime
absolutamente diverso ao descrito" surgiu a oportunidade de arrolar
as testemunhas relevantes para a defesa.

9- Deve ser registrado claramente que, no processo original, foi dada


aos réus a oportunidade de alegar e provar o que interessasse às
suas defesas, não somente na fase do art. 396-A do CPP, mas
também durante toda a instrução daquele processo, preferindo suas
Defesas não arrolarem testemunhas e os orientar a
permanecerem em silêncio durante os interrogatórios.

10- Desde logo percebe-se que a Justificação criminal é aceita como


procedimento preparatório de futura Revisão Criminal que, se for o
caso, corrigirá eventuais equívocos não percebidos na primeira,
segunda e terceira instância, apenas se ocorrerem qualquer das
hipóteses previstas no art. 621 do CPP. Assim, a via eleita não é
prevista para a correção de opções livremente eleitas pelos réus
e seus defensores, não suportando o papel de retificação de
estratégias que eventualmente resultaram imprecisas.

11- Assim, como prevê o art. 621 da lei adjetiva penal, são as
seguintes as hipóteses de admissão da revisão criminal:

"Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:

l - quando a sentença condenatõria for contrária ao texto expresso


da lei penal ou à evidência dos autos;

II - quando a sentença condenatõria se fundar em depoimentos,


exames ou documentos comprovadamente falsos;

III- quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de


inocência do condenado ou de circunstância que determine ou
autorize diminuição especial da pena."

16

17/26
Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

12- Nesse contexto e de acordo com a inicial, tem-se que a produção


de prova oral na justificação crimina! somente se admite nos casos
de os depoimentos já colhidos serem falsos ou os novos
depoimentos representarem uma novidade não existente, disponível
ou acessível à época do processo, não sendo, qualquer dessas
hipóteses, o caso dos autos.

13-Na realidade, os requerentes, como se depreende de sua


exposição na peça exordial e na manifestação no identificador
4058100.3990410, objetivam, de fato, refazer a instrução
processual da ação penal 0012628-43.2010.4.05.8100, uma vez
que naquela fase processual, há muito encerrada, repise-se,
apesar de terem tido todas as oportunidades de alegarem e
provarem tudo o que fosse atinente às suas defesas, nos termos
do art. 396-A do CPP e no decorrer da instrução criminal, inclusive o
afirmado objetivo das oitivas requeridas nestes autos, seja na
oportunidade da produção de prova oral (ocasião em que já
poderiam ter requerido o depoimento em juízo das mesmas pessoas
que somente agora elencam como testemunhas), seja com a
oportuna apresentação de prova documental, quedarem-se inertes,
sendo também essa a opção da Defesa dos réus ao os orientar a
permanecerem calados e não responderem perguntas que lhe
são formuladas (cf. identificadores 4058100.3847182 e
4058100.3990410).

14- Ora, como bem ponderado pelo douto órgão ministerial


(identificador 4058100.3909080):

"(...) Não pode a justificação criminal se prestar ao mero arrolamento


de novas testemunhas, esquecidas pela defesa no momento
processual oportuno, como já decidiu o STJ com apoio em
precedentes da própria Corte e do STF:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL


AÇÃO DE JUSTIFICAÇÃO CRIMINAL. INDEFERIMENTO DA
OITIVA DE NOVAS TESTEMUNHAS. PRECEDENTES DESTA
CORTE E DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SUMULA 568/STJ.
RECURSO DESPROVIDO.

1. Esta Corte Superior de Justiça tem entendido que a justificação


criminal se destina à obtenção de prova nova com a finalidade de
subsidiar eventual ajuizamento de revisão criminal, 'não é a
Justificação, para fins de Revisão Criminal uma nova e simples
ocasião para reinquirição de testemunhas ouvidas no processo da
condenação, ou para arrolamento de novas testemunhas' (STF, HC
76.664, 1.a Turma, Rei. Min. SYDNEY SANCHES, DJ de 11/09/1998)
(RHC 36.511/PR, Rei. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA,
julgado em 15/10/2013, DJe 25/10/2013).' (AgRg no AREsp
753.137/SP, Rei. Ministra LARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, DJe 23/11/2015).
2. Incidência da Súmula 568/STJ: O relator, monocraticamente e no
Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao
recurso quando houver entendimento dominante acerca do tema,
3. Agravo regimental improvido.

17

18/26
Ref. ao Habeas Corpus n° 0811322-75.2018.4.05.0000

(AgRg no AREsp 859.395/MG, Rei. Ministro REYNALDO SOARES


DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 10/05/2016, DJe
16/05/2016."

15- Diante do exposto, e não tendo os postulantes logrado


demonstrar que o desejado na presente Justificação está
inserido em qualquer das hipóteses de cabimento da medida
pleiteada (mormente depoimentos anteriormente colhidos eivados
de falsidade ou a aduzida necessidade da oitiva das testemunhas
não existentes, disponíveis ou acessíveis, o que constituiria
novidade), não podendo este procedimento ser usado para a
reabertura da instrução criminal, nem para retificar eventuais
opções ou estratégias da defesa, INDEFIRO a Justificação criminal
de que se cuida."

Assim, aparentemente os agora pacientes buscam de qualquer


maneira reverter a sua condenação, ainda que pelos meios inadequados —
como, data máxima vénia, é o caso do presente writ —, não obstante tenha-lhes
sido assegurados o contraditório e a ampla defesa, com todos os recursos
cabíveis que lhes foram/são disponibilizados.

Oportuno registrar, ademais, que, de acordo com o resultado


de consulta feita no endereço eletrônico do Superior Tribunal de Justiça
(www.stj.jus.br), em anexo, ainda se encontram pendentes de exame
Embargos de Declaração interpostos pela defesa no Recurso Especial n°
1.449.193-CE.

Sendo essas as informações que entendo pertinentes ao caso,


e certo da inexistência do ato reputado coator, permaneço à disposição de
Vossa Excelência para qualquer esclarecimento que porventura ainda se faça
necessário, ao tempo em que colho do ensejo para renovar-lhe os meus
protestos de consideração.

Respeitosamente,

-DANtttTFONTENELLE SÁMPAÍO
Juiz Federal da 11a Vara/SJCE

19/26
a i j - uonsuna rrocessuai

Superior Tribunal de Justiça

REsp n° 1449193 / CE (2O14/0091750-6) autuado em 24/04/2O14

Detalhes

PROCESSO: RECURSO ESPECIAL


RECORRENTE; FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS
RECORRENTE: JERÔNIMO ALVES BEZERRA
RECORRENTE: GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO
RECORRENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: ANASTÁCIO JORGE MATOS DE SOUSA
MARINHO E OUTRO(S) - CE008502
ADVOGADO: ARIANO MELO PONTES - CEO15593
ADVOGADO: TIAGO ASFOR ROCHA LIMA - CE016386
ADVOGADO: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E
OUTRO(S) - DF021932
ADVOGADO: CAIO CÉSAR VIEIRA ROCHA - CE015095
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
LOCALIZAÇÃO: Entrada em GABINETE DO MINISTRO FELIX
FISCHERem 29/06/2018
TIPO: Processo eietrônico, com prioridade de
tramitação.
AUTUAÇÃO: 24/04/2014
NÚMERO ÚNICO: 0012628-43.2010,4,05.8100
RELATOR(A): Min. FELIX FISCHER - QUINTA TURMA
RAMO DO DIREITO DIREITO PENAL
ASSUNTO(S) DIREITO PENAL, Crimes Previstos na
Legislação Extravagante, Crimes contra o
Sistema Financeiro Nacional.

TRIBUNAL DE ORIGEM: TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5a


REGIÃO
NÚMEROS DE ORIGEM: OO12628432010405810O,
126284320104058100, 16272007,
200881000026810, 2762010,9363,
l volume, 6 apensos
ÚLTIMA FASE: 05/07/2018 (01:13) MINISTÉRIO PUBLICO
FEDERAL INTIMADO ELETRONICAMENTE
DA(0) EMENTA / ACÓRDÃO EM 05/07/2018

Fases

05/07/2018 01:13 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL intimado


eletronicamente dafo) Ementa / Acórdão em

20/26
o i j - uonsuna rrocessuai

05/07/2018 (30G1Ò4)
29/06/2018 16:09 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX
FISCHER (Relator) (51)

29/06/2018 15:40 Juntada de Petição de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


n° 366118/2018 (85)

29/06/2018 15:40 Juntada de Petição de n° 367009/2018 (85)


29/06/2018 13:35 Ato ordinatório praticado (Petição 367009/2018
(PETIÇÃO) recebida na COORDENADORIA DA
QUINTA TURMA) (11383)

29/06/2018 12:47 Protocolizada Petição 367009/2018 (PET


PETIÇÃO) em 29/06/2018 (118)
29/06/201806:59 Ato ordinatório praticado (Petição 366118/2018
(EMBARGOS DE DECLARAÇÃO) recebida na
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)
28/06/2018 21:51 Protocolizada Petição 366118/2O18 (EDcl »
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO) em 28/06/2018
(118)

27/06/2018 11:50 Juntada de Petição de CieMPF - CIÊNCIA PELO MPF


n° 361035/2018 (Juntada Automática) (85)
27/06/2018 11:50 Protocolizada Petição 361035/2018 (CieMPF -
CIÊNCIA PELO MPF) em 27/06/2018 (118)
25/06/2018 05:44 Dispombílizada intimação eletrônica (Acórdãos)
ao(à) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (3001O5)

25/06/2018 05:29 Publicado EMENTA / ACÓRDÃO em 25/06/2018


Petição N° 82440/2018 - EDcl no AgRg no (92)
22/06/2018 19:02 Disponibilizado no DJ Eletrônico - EMENTA /
ACÓRDÃO (1061)

21/06/2018 14:13 Ato ordinatório praticado - Acórdão


encaminhado(a) à publicação - Petição N°
S244O/2018 - EDcl no AgRg no REsp 1449193/CE
Prevista para 25/06/2018 (11383)

19/06/2018 17:04 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA (132)
07/06/2018 14:40 Embargos de Declaração de FRANCISCO DEUSMAR
DE QUEIRÓS, JERÔNIMO ALVES BEZERRA, GERALDO
DE LIMA GADELHA FILHO e IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA Não~acolhidos,por unanimidade, pela
QUINTA TURMA Petição N°82440/2018 - EDcl no
AgRg no REsp REsp 1449193 (2OO)

07/06/2018 14:40 Proclamação Finai de Julgamento; "Prosseguindo


no julgamento, a Turma, por unanimidade, rejeitou
os embargos," Petição N°8244O/2018 - EDcl no
AgRg no REsp REsp 1449193 (3001)

21/26
o u - i^onsuira rrocessuai

06/06/2018 15:45 Inclusão em mesa para julgamento - pela QUINTA


TURMA - sessão do dia 07/06/2018 13:00:00
(3002)
05/06/2018 10:37 Inclusão em mesa para julgamento - pela QUINTA
TURMA - sessão do dia 07/06/2018 13:00:00
(3002)
09/05/2018 12:08 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) JOEL
ILAN PACIORNIK após pedido de vista (51)
03/05/2018 16:49 Juntada de Petição de
PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO n°
224054/2018 (85)

03/05/2018 16:23 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)
03/05/2018 16:22 Juntada de Petição de
PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO n°
224054/2018 (85)

02/05/2018 17:20 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA (132)
27/04/2018 13:02 Ato ordinatório praticado (Petição 224054/2018
(PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) recebida na
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)

27/04/2018 12:00 Protocolizada Petição 224054/2018 (PROC -


PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) em
27/04/2018 (118)

19/04/2018 18:26 Conclusos para julgamento ao(à) Minístro(a) JOEL


ILAN PACIORNIK após pedido de vista (51)

19/04/2018 15:35 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA (132)

19/04/201813:50 Pedido de Vista Petição N°82440/2018 - EDcl no


AgRg no REsp REsp 1449193 (30061)

19/04/2018 13:50 Proclamação Parciaí de Julgamento: "Após o voto


do Sr. Ministro Relator rejeitando os embargos,
pediu vista, antecipadamente, o Sr. Ministro Joel
Ilan Paciornik," Petição N°82440/2018 - EDcl no
AgRg no REsp REsp 1449193 (3OO1)

08/03/2018 16:14 Conclusos para julgamento ao(à) Minístro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)

08/03/201801:06 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL intimado


eletronicamente da(o) Ementa / Acórdão em
08/03/2O18 (300104)

07/03/2018 14:20 Juntada de Petição de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


n° 82440/2018 (85)

01/03/2018 15:55 Juntada de Petição de CieMPF - CIÊNCIA PELO MPF

22/26
s u - oonsuita rrocessuai

n° 92337/2018 (Juntada Automática) (85)


01/03/2018 15 :55
CIÊNCIA PELO MPF) em 01/03/2018 (118)
26/02/2018 19 :24 Ato ordinatório praticado (Petição 82440/2018
(EMBARGOS DE DECLARAÇÃO) recebida na
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)
26/02/2018 19 :17 Protocolizada Petição 82440/2018 (EDcl -
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO) em 26/02/2018
(118)
26/02/201805 :53 Disponibilízada intimação eletrônica (Acórdãos)
ao(à) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (3001O5)
26/02/2018 05 :36 Publicado EMENTA / ACÓRDÃO em 26/02/2O18
Petição N° 676112/2017 - AgRg (92)
23/02/2018 18 :49 Disponibilizado no DJ Eletrônico - EMENTA /
ACÓRDÃO (1061)

23/02/2018 10 :06 Ato ordinatório praticado - Acórdão


encaminhado(a) à publicação - Petição N°
676112/2017 - AgRg no REsp 1449193/CE -
Prevista para 26/02/2018 (11383)

20/02/2018 17 :00 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA (132)

20/02/2018 13 :36 Conhecido o recurso de FRANCISCO DEUSMAR DE


QUEIRÓS, JERONIMO ALVES BEZERRA, GERALDO DE
LIMA GADELHA FILHO e IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA e não-provido,por unanimidade, pela
QUINTA TURMA Petição N° 676112/2017 - AgRg no
REsp 1449193 (239)

20/02/201813 :36 Proclamação Final de Julgamento: "A Turma, por


unanimidade, negou provimento ao agravo
regimental." Petição N° 676112/2017 - AgRg no
REsp 1449193 (3001)

18/12/201702 :13 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL intimado


eletronicamente da(o) Despacho / Decisão em
18/12/2017 (300104)

13/12/201715 :56 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)

13/12/2017 15 :49 Juntada de Petição de AGRAVO REGIMENTAL n°


676112/2017 (85)

12/12/201707 :08 Ato ordinatório praticado (Petição 676112/2017


(AGRAVO REGIMENTAL) recebida na
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)

11/12/201721:08 Protocolizada Petição 676112/2017 (AgRg -


AGRAVO REGIMENTAL) em 11/12/2017 (118)
n - ? / - « o / - i r \ i ~ 7 -i/r t.. -.*--. -i -* *** r»—*-: — =;— .-i~ /->:.« M r» «r _ /-TÊMÍ~T A r»i=i r\=
. A -\a Petição 92337/2018 (CieMPF -

23/26
o u - uonsmia rrocessuai
U//X^/^UJ./ xo: •H- .L -fuiii.au a ut= i-cLivau uc: v>i<zi-ii-r - V.ACHV.JL/* I-GWV-» i-ii-r
n° 667677/2017 (Juntada Automática) (85)
07/12/2017 16: 41 Protocolizada Petição 667677/2017 (CieMPF -
CIÊNCIA PELO MPF) em 07/12/2017 (118)
06/12/2017 05: 35 Disponibilizada intimação eletrônica (Decisões e
Vistas) ao(à) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
(300105)

06/12/2017 05: 24 Publicado DESPACHO / DECISÃO em 06/12/2017


(92)

05/12/2017 18: 48 Disponibilizado no DJ Eletrônico - DESPACHO /


DECISÃO (1061)

04/12/2017 11: 32 Conhecido em parte o recurso de FRANCISCO


DEUSMAR DE QUEIRÓS, JERÔNIMO ALVES
BEZERRA, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO e
IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e não-provido
(Publicação prevista para 06/12/2017) (242)

01/12/2017 16: 18 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA (132)

25/11/2016 18: 47 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)

25/11/2016 17: 48 Juntada de Petição de n° 591262/2016 (85)

25/11/2016 17: 48 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA, após solicitados em 23/11/2016.
(132)

23/11/2016 11: 27 Ato ordinatórío praticado (Petição 591262/2016


(PETIÇÃO) recebida na COORDENADORIA DA
QUINTA TURMA) (11383)

23/11/2016 10: 33 Protocolizada Petição 591262/2016 (PET -


PETIÇÃO) em 23/11/2016 (118)

27/10/2016 16: 41 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)

27/10/2016 15: 52 Juntada de Certidão : Certifico que foi incluído


advogado na autuação dos presentes autos,
conforme petição neles juntada (fls, 900/901) e
instruções decorrentes da Questão de Ordem
Especial na 29a Sessão Ordinária da Quinta Turma,
realizada ern 07/O8/2008. (581)

27/10/2016 15: 36 Juntada de Petição de


PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO n°
533729/2016 (85)

27/10/2016 15: 32 Recebidos os autos eletronicamente no(a)


COORDENADORIA DA QUINTA TURMA depois de
solicitados (132)

21/10/2016 11 02 Ato ordinatórío praticado (Petição 533729/2016

24/26
D u - oonsuira rrocessuai

(PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) recebida na
COQRDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)
21/10/2016 10:45 Protocolizada Petição 533729/2016 (PROC -
PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) em
21/10/2016 (118)

14/10/2015 11:39 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) (51)
14/10/2015 10:54 Juntada de Petição de
PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO n°
432111/2015 (85)

14/10/2015 10:31 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA


QUINTA TURMA (132)

05/10/2015 12:44 Ato ordinatório praticado (Petição 432111/2015


(PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) recebida na
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA) (11383)

05/10/2015 10:46 Protocolizada Petição 432111/2015 (PROC -


PROCURAÇÃO/SUBSTABELECIMENTO) em
05/10/2015 (118)

03/09/2014 17:05 Conclusos para decisão ao(à) Ministro(a) FELIX


FISCHER (Relator) - pela SJD (51)

03/09/2014 15:07 Redistribuído por prevenção, em razão de sucessão,


ao Ministro FELIX FISCHER - QUINTA TURMA (36)

03/09/2014 14:37 Processo recebido para redistríbuição por sucessão


(30075)
04/07/2014 11:20 Conclusos para julgamento ao(à) Ministro(a)
LAURITA VAZ (Relatora) (51)

03/07/2014 11:36 Juntada de Petição de PARECER DO MPF n°


221731/2014 (85)
03/07/2014 11:36 Recebidos os autos eletronicamente no(a)
COORDENADORIA DA QUINTA TURMA do Ministério
Público Federal c/ Parecer (132)
01/07/201407:45 Ato ordinatório praticado (Petição 221731/2014
(PARECER DO MPF) recebida na COORDENADORIA
DA QUINTA TURMA) (11383)

27/06/201421:13 Protocolizada Petição 221731/2014 (ParMPF -


PARECER DO MPF) em 17/06/2O14 (118)

06/05/2014 14:32 Autos com vista ao Ministério Público Federal


(30015)
06/05/2014 12:47 Recebidos os autos no(a) COORDENADORIA DA
QUINTA TURMA do Ministro Relator com r.despacho
determinando vista ao MPF (132)

24/04/2014 14:26 Conclusos para decisão ao(à) Ministro(a) LAURITA


' ' . , _ _ '— . . A _ _ _ ! _ *-<-••-» A r - - f " \7

25/26
'10/UO/xÍU'ltS a u - ^onsuna rrocessuai
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24/04/2014 09:00 Distribuído por prevenção de Órgão Julgador à


Ministra LAURITA VAZ - QUINTA TURMA (26)

24/04/2014 07:12 Recebidos os autos eletronicamente no(a)


SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA do TRF5 -
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5* REGIÃO
(132)

Impresso Segunda-feira, 13 de Agosto de 2018.


Versão 2.0.66 l de O8/03/2018 18:01:37.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
SALVINO BEZERRA DE ANDRADE VASCONCELOS - Diretor de Secretaria
18081418455019600000012013309
Data e hora da assinatura: 14/08/2018 18:46:04
Identificador: 4050000.12033532
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 26/26
PROCESSO Nº: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
PACIENTE: GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: JERONIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
IMPETRADO: JUÍZO DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Trata-se de Habeas Corpus impetrado em favor de IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE


LIMA GADELHA FILHO, JERÔNIMO ALVES BEZERRA e FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS, apontando como autoridade coatora o Juízo da 11ª Vara Federal do Ceará, objetivando o
redimensionamento das penas impostas nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, ainda
pendente de julgamento de recurso perante o STJ (EDcl no EDcl no AgRg no REsp 1.449.193/CE).
Alegam os impetrantes: 1) em sede de apelação, houve reforma parcial da sentença, mantendo-se a
condenação dos pacientes pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, reduzindo-se as
penas impostas no 1º Grau ( FRANCISCO DEUSMAR - 9 anos e 2 meses de reclusão; IELTON,
GERALDO e JERÔNIMO - 5 anos de reclusão ); 2) há grave constrangimento ilegal no tocante à
dosimetria da pena, praticado pela sentença e jamais analisado por este TRF5 ou pelo STJ; 3) a sentença
deixou de aplicar a atenuante da confissão espontânea (art. 25, § 2º, da Lei nº 7.492/86), além de ter
incorrido em odioso bis in idem no tocante à habitualidade delitiva e, por fim, aplicou pena mais gravosa
apenas ao paciente FRANCISCO DEUSMAR, sem diferenciar, com elementos concretos, sua situação; 4)
o voto condutor do recurso de apelação se limitou a discutir a ausência de individualização da pena e a
valoração negativa da culpabilidade dos réus; e, em sede de julgamento de embargos de declaração,
analisou a legalidade da fração (2/3) de aumento utilizada pela sentença em razão da continuidade
delitiva; 5) é cabível o uso do Habeas Corpus em razão da existência de flagrante ilegalidade; 6) a
sentença se socorreu das declarações prestadas pelos pacientes ( na Polícia e em Juízo ) para justificar
suas condenações, sendo-lhes devida, portanto, a atenuação da confissão espontânea, nos termos da
Súmula nº 545 do STJ; 7) o crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 possui como elementar do tipo a
habitualidade delitiva, não admitindo, portanto, o aumento da pena em razão da continuidade delitiva, nos
termos do art. 71 do CP; 8) a sentença utilizou a habitualidade como fundamento para considerar negativa
as circunstâncias do crime, não podendo se valer deste mesmo critério para, na terceira fase da aplicação
da pena, utilizar a continuidade delitiva como fator de aumento de pena; 9) inexistiu fundamentação
idônea para fixar a pena de FRANCISCO DEUSMAR em patamar muito superior aos corréus (id.
11789459, fls. 02/23).

Relatei, decido.

1/2
Ab initio , verifico que as razões aqui deduzidas não foram analisadas pelo TRF5 em grau de apelação,
não integrando também as razões da defesa dos recursos apresentados perante o STJ, onde hoje tramita a
Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100. Desse modo, compete a este Tribunal processar e julgar este
writ , destacando-se que, conforme pacífica jurisprudência do STJ, não cabe Habeas Corpus substitutivo
do recurso legalmente previsto para a hipótese, prestigiando o sistema recursal e impondo o não
conhecimento da impetração, salvo, contudo, quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no
ato judicial impugnado [1] .

Portanto, cumpre examinar se o não enfrentamento das questões ora apresentadas pela defesa, todas
relacionadas à dosimetria das penas impostas aos pacientes, configura flagrante ilegalidade a ensejar a
modificação do julgado.

Nesta fase de cognição sumária, em que se pretende provimento liminar, tenho que é inviável o exame
das teses apresentadas pelos impetrantes, porque exigem exame detalhado e rigoroso das provas
constantes dos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, o que será feito, amiúde, quando de
seu julgamento pelo órgão turmário.

Além disso, não me parece presente, neste azo, o requisito do perigo da demora, porque inexiste risco
eminente das penas serem executadas. Afinal, a decisão condenatória, proferida na Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, ainda não transitou em julgado. E, mesmo que se pretenda executá-la
provisoriamente, tem-se que, nos autos do HC nº 0802530-35.2018.4.05.0000, apreciado em 28/06/2018,
a Primeira Turma deste Tribunal concedeu parcialmente a ordem em favor de FRANCISCO DEUSMAR,
suspendendo aludida execução até o julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38 no
REsp nº 1.449.193/CE, com a extensão da ordem aos corréus IELTON, GERALDO e JERÔNIMO.
Portanto, enquanto não transitada em julgado a decisão proferida naquele pedido de Tutela Provisória
perante o STJ, inexiste risco que voltar a correr as Execuções Provisórias propostas em face dos
pacientes.

Neste contexto, sem prejuízo de reexame em razão de fato novo, impõe-se o indeferimento do pedido
liminar, anotando-se que, como se trata de ação de rito célere, inclusive sendo dispensada a inclusão em
pauta de julgamento, o feito, depois de regularmente processado, será apreciado pelo Órgão Colegiado,
oportunidade em que as teses defensivas poderão ser exaustivamente analisadas.

Assim, indefiro o pedido liminar.

Intime-se a defesa acerca do teor desta decisão, bem como para que traga aos autos, no prazo de 5 (cinco)
dias, o Termo de Acusação CVM/SP nº 2008-40 e o Termo de Compromisso de fls. 302/304 (autos
principais, Volume III), ambos citados na denúncia e na sentença, bem como as atas de audiência dos
interrogatórios dos pacientes prestados na Polícia e em Juízo.

Oficie-se ao Juízo originário, para prestar as informações de estilo, no prazo de cinco (05) dias.

Depois, sigam os autos com vista ao MPF, para o necessário parecer.

Recife, 09 de agosto de 2018.

[1] HC 442.865/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 21/06/2018, DJe
28/06/2018.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
SALVINO BEZERRA DE ANDRADE VASCONCELOS - Diretor de Secretaria
18081418463456600000012013316
Data e hora da assinatura: 14/08/2018 18:47:38
Identificador: 4050000.12033539
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGARDOR FRANCISCO ROBERTO MACHADO

DD. RELATOR DO HABEAS CORPUS Nº 0811322-75.2018.4.05.0000

MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA, impetrante do habeas corpus epigrafado, impetrado em favor
de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA JERÔNIMO ALVES BEZERRA, à presença de Vossa Excelência comparece para, em
atenção ao despacho de Vossa Excelência, requerer a juntada dos documentos solicitados:

a) Termo de Acusação CVM/SP nº 2008-40;

b) Termo de Compromisso de fls. 302/304 e

c) Atas de audiência dos interrogatórios dos pacientes prestados na Polícia e em Juízo.

Por fim, informa estar anexando, igualmente, parecer elaborado pela consultoria
TENDÊNCIAS, subscrito pelos economistas MAÍLSON DA NÓBREGA, ERNESTO MOREIRA
GUEDES FILHO e RODOLFO ARAÚJO DE OLIVEIRA.

Entre outras matérias, o mencionado parecer trata, sob o ponto de vista econômico, da
natureza habitual do crime de garimpagem de ações, expressamente afirmando:

1/2
Pela própria definição adotada pela CVM, é necessário que exista habitualidade da conduta para que se
caracterize a "garimpagem de ações" . Conforme exposto em decisão do Colegiado da CVM:

"De acordo com o entendimento consolidado pelo Colegiado, a intermediação irregular deste caso,
conhecida também como "garimpagem", se caracteriza pela compra, com habitualidade, por pessoas não
integrantes do sistema de distribuição, de valores mobiliários diretamente de investidores, para
revendê-los em bolsa de valores ou no mercado de balcão organizado. Portanto, é necessário que a
compra, de forma privada, dos valores mobiliários se transforme numa atividade"20.

Assim, a utilização desse termo, do ponto de vista econômico, pressupõe uma atividade contínua de busca
por ações com certas características:

1. 1. São oriundas de oferecimento atípicos desse tipo de ativo (como no caso dos planos de
expansão de telefonia ou da privatização de um banco público), de forma que;
2. 2. Estão pulverizadas em um grande número de pequenos acionistas;
3. 3. Esses pequenos acionistas não são investidores habituais desse tipo de ativo; e
4. 4. Na maioria dos casos, esses pequenos acionistas não sabem que possuem tais ações.

Com isso, essa quantidade importante de ações espalhadas em pequenos lotes passa a ficar fora de
circulação, reduzindo a liquidez e, com isso, até mesmo a eficiência do mercado - a depender da parcela
de ações que se encontra nessa situação.
Por estarem essas ações pulverizadas em um grande número de acionistas, sua "garimpagem" implica a
procura, que ocorre de forma contínua, por esses investidores para adquirir os papéis. O preço pago
tende a ser suficiente para que o antigo detentor prefira vender as ações dessa forma, em vez de incorrer
nos custos e trabalho de operar no mercado organizado, que ele usualmente desconhece, e remunere
quem pratica a garimpagem" pelo trabalho de buscar esses investidores e oferecer o serviço.

Um "ato único" de negociações de compra de ações fora do mercado, por sua vez, poderia se dar em
uma série de circunstâncias, mas não caracterizam uma "garimpagem de ações". Em grandes fusões e
aquisição, as negociações antes da realização da operação (incluindo a definição do preço) costumam
ocorrer fora do mercado organizado para apenas, posteriormente, sua concretização se dar nas bolsas.
Compra ou venda de ações, quando essa operação está vinculada a alguma circunstância de um negócio,
também podem ocorrer fora do mercado organizado.

Assim, estando a matéria relacionada com uma das teses abordadas no presente habeas
corpus, aproveita a defesa para realizar a juntada, também, do citado parecer, além dos documentos
indicados por Vossa Excelência, no escopo de contribuir com a prestação jurisdicional.

P. deferimento.

Brasília, 14 de agosto de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira Tiago Asfor Rocha Lima

OAB/DF 21.932 OAB/CE 16.386


Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18081420114383400000012015041
Data e hora da assinatura: 14/08/2018 20:16:42
Identificador: 4050000.12035264
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGARDOR FRANCISCO ROBERTO
MACHADO
DD. RELATOR DO HABEAS CORPUS Nº 0811322-75.2018.4.05.0000

MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA, impetrante do habeas


corpus epigrafado, impetrado em favor de FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
JERÔNIMO ALVES BEZERRA, à presença de Vossa Excelência comparece
para, em atenção ao despacho de Vossa Excelência, requerer a juntada dos
documentos solicitados:
a) Termo de Acusação CVM/SP nº 2008-40;
b) Termo de Compromisso de fls. 302/304 e
c) Atas de audiência dos interrogatórios dos pacientes prestados na Polícia
e em Juízo.

Por fim, informa estar anexando, igualmente, parecer elaborado


pela consultoria TENDÊNCIAS, subscrito pelos economistas MAÍLSON DA
NÓBREGA, ERNESTO MOREIRA GUEDES FILHO e RODOLFO ARAÚJO DE
OLIVEIRA.

1/3
Entre outras matérias, o mencionado parecer trata, sob o ponto
de vista econômico, da natureza habitual do crime de garimpagem de ações,
expressamente afirmando:

Pela própria definição adotada pela CVM, é necessário que


exista habitualidade da conduta para que se caracterize a
“garimpagem de ações”. Conforme exposto em decisão do
Colegiado da CVM:
“De acordo com o entendimento consolidado pelo
Colegiado, a intermediação irregular deste caso, conhecida
também como "garimpagem", se caracteriza pela compra,
com habitualidade, por pessoas não integrantes do sistema
de distribuição, de valores mobiliários diretamente de
investidores, para revendê-los em bolsa de valores ou no
mercado de balcão organizado. Portanto, é necessário que a
compra, de forma privada, dos valores mobiliários se transforme
numa atividade”20.
Assim, a utilização desse termo, do ponto de vista econômico,
pressupõe uma atividade contínua de busca por ações com
certas características:
1. São oriundas de oferecimento atípicos desse tipo de ativo
(como no caso dos planos de expansão de telefonia ou da
privatização de um banco público), de forma que;
2. Estão pulverizadas em um grande número de pequenos
acionistas;
3. Esses pequenos acionistas não são investidores habituais
desse tipo de ativo; e
4. Na maioria dos casos, esses pequenos acionistas não sabem
que possuem tais ações.
Com isso, essa quantidade importante de ações espalhadas em
pequenos lotes passa a ficar fora de circulação, reduzindo a
liquidez e, com isso, até mesmo a eficiência do mercado - a
depender da parcela de ações que se encontra nessa situação.
Por estarem essas ações pulverizadas em um grande número
de acionistas, sua “garimpagem” implica a procura, que ocorre
de forma contínua, por esses investidores para adquirir os
papéis. O preço pago tende a ser suficiente para que o antigo
detentor prefira vender as ações dessa forma, em vez de incorrer
nos custos e trabalho de operar no mercado organizado, que ele
usualmente desconhece, e remunere quem pratica a
garimpagem” pelo trabalho de buscar esses investidores e
oferecer o serviço.
Um “ato único” de negociações de compra de ações fora do
mercado, por sua vez, poderia se dar em uma série de
circunstâncias, mas não caracterizam uma “garimpagem de
ações”. Em grandes fusões e aquisição, as negociações antes
da realização da operação (incluindo a definição do preço)

2/3
costumam ocorrer fora do mercado organizado para apenas,
posteriormente, sua concretização se dar nas bolsas. Compra
ou venda de ações, quando essa operação está vinculada a
alguma circunstância de um negócio, também podem ocorrer
fora do mercado organizado.

Assim, estando a matéria relacionada com uma das teses


abordadas no presente habeas corpus, aproveita a defesa para realizar a
juntada, também, do citado parecer, além dos documentos indicados por Vossa
Excelência, no escopo de contribuir com a prestação jurisdicional.

P. deferimento.
Brasília, 14 de agosto de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira Tiago Asfor Rocha Lima


OAB/DF 21.932 OAB/CE 16.386

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18081420140971200000012015042
Data e hora da assinatura: 14/08/2018 20:16:42
Identificador: 4050000.12035265
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 3/3
VIVI
CVM Comissão de Valores Mobiliários
Protegendo quemn investe no futuro do Brasil
PROCESSO AJJMINISTRArIVO SAINCIONADOR
CONSOLIDAÇÃO DO TERMO DE ACUSAÇÃO N2 CVM SP-2008-40, COM Á)ITAMEiÓP
PROPOSTO PELA PFE-CVM

ILMA. SRa. PRESIDENTE DA COMISSÃO DE VALORES MOBILIARIOS~\~ >

O SUPERINTENDENTE DE RELAÇÕES COM O MERCADO E


INTERMEDIARIOS vem, de pos,,'. de elementos suficientes de autoria. e mnaterialidade, no
ânmbito do Inquérito Administrativo CVM n0' SP-2008/40, apresentar TERMO DE
ACUSAÇÃO em relação a PAX CORRETORA DE VALORES E CAMBIO LTDA,
GERALDO DE LIMA GADELH-A FILHO, RENDA CORRETORA DE MERCADORIAS
S/C LTDA, FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS e IELTON BARRETO DE
W1ZVEIRIAý, com base no que dispõe a Deliberação CVM n0' 538/08.

.1- DA ORIGEM

2. Esse Processo Administrativo Sancionador teve origem nos autos -dos processos
~djstrativos CVM nos SP-2003/320. RJ-2006/4079 e RJ-2006/7205, dos quais foram
rtados todos os documentos que integram o presente Termo de Acusço

3. A Gerência de Acompanhamento de Mercado (GMA-2), em trabalhio de rotina


realizado em julho de 2003, observou indícios de intermediação irregular no mercado de
valores mobiliários com base na movimentação das contas de custódia das seguintes pessoas:
.ANDREA JUCÁ TERCEIRO (CPF 527.844.873-34), CARLOS ALBERTO RIBEIRO (CPF
.102.044.233-68), ISABELLE JUCÁ RIBEIRO (CPF 620.289.363-04), VERA LÚCIA DA
SILVA LOPES NOGUEIRA (CPF 459.314.374-87) e JOSÉ LUCIANO LOPES NOGUEIRA
r (CPF 507.585.867-87). Em despacho de 30/07/2003, a GMýA-2 encaminhou sua análise para a
Superintendência de Relações com o Mercado e Intermnediários (SMD) sugerindo o
aprofundamento das investigações. Em 01/08/2003, a SMI designou a Gerência de Análise de
Negócios (GMN) para dar seqüência ao trabalho investigativo. Em 05/11/2003, a GMN
expediu uma Solicitação de Inspeção para apurar se as operações suspeitas dessas pessoas,
todas elas clientes da PAX CORRETORA DE CAMBIO E VALORES LTDA., doravante
"PAX", configuravam intermediação irregular de valores mobiliários (fls. 01 a 35).

4. Em 1 8/05/2006, foi protocolizada carta do investidor JOSÉ BISMVARQUE


COÊLHO GUERRA, por meio da qual ele informou que havia vendido ações de emissão do
Banco do Estado do Ceará (BEC) a uma empresa denomninada RENDA CORRETORA DE
Documento recebido eletronicamente da origem

MERCADORIAS S/C LTDA, doravante "RENDA", que lhe teria pago metade do preço
vigente no mercado (fis. 36 a 41). Essa reclamação foi recebida pela Superintendência de
Orientação ao Investidor (501) que decidiu solicitar uma inspeção na RENDA, en1_ý.dade não
integrante do sistema de distribuição de valores mobiliários, para verificar se a mesma estava
descumprinido as disposições contidas no art. 16 da Lei ri' 6.385/76, bem como apurar os fatos
apontados pelo reclamiante (fis. 43 a 45).

çede: RuaSete de Setemibro, 111 '12 Andar .Centro - Rio de Janeiro - Ri - CEP:20050-9ú! - Braýil Tei.: (21) 312338t85 ttp/wo.,ru~s
Suýperintendência Regional de São Paulo: RuaCincinato Braga, 340 - 20, 30 e 40andares - CEP:01333-,M0- Bela Vista - SãoPaulo - SP- Brasil - Tal.: (111 21462000
s4perintendência Regional de Brasília: SCNQ. 02 - BI.A - Eci.CorDorate Financia( Centar - S-404 -4' Andar - CEP: 70712-9C-5 - Brasilia - DF - Brasil~ TeL.: (<61) 33272030133272031

1/19
-~~ CVA' Comissão de Valores Mobiliários i
Protegendo quem, investe no futuro, do Brasil
9
<,
__

PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR


CONSOLLDAÇAO DO TERMO DE ACUSAÇÃO N2 CVM SP-2008-40, COM ADITAMENý1 O 9
PROPOSTO PELA PFE-CVM FIk
5. Na inspeção mencionada no item anterior, realizada entre 14 e 18/08/2006,&
Gerência de Fiscalização Externa - 2,(GFE-2) verificou que a RENDA e a PAX tinham em
comum o controle de FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS1, funcionavam no mesmo
local e atuavam de maneira semelhante, motivo pelo qual propôs a realização de uma
inspeção adicional, para apurar quais as efetivas relações comerciais entre a RENDA e a
P AX. a participação desta nas prováveis atividades irregulares da REND)A, bem como os
resultados (lucros) supostamente auferidos por ambas no mercado marginal de valores
mobiliários (fl. 63, §20). Essa nova inspeção ocorreu entre 21, e 24/11/209.6 (fi. 65).

11I- DOS FATOS

6. No relatório da inspeção citada no item 3, ocorrida entre 28/02 a 31/05/2005,


encontra-se o registro de indícios de exercício irregular da atividade de mediação e
corretagem, isto é, sem autorização prévia desta CVM, por ANDRÉA JUCÁ TERCEIRO,
JSABELLE JUCÁ RIBEIRO e VERA LÚCIA DA SILVA LOPES NOGUEIRA, doravante
"1W.PLICADAS" (fls. 46 a 57).

7. As IMPLICADAS não estavam autorizadas pela CVM a exercerem a atividade


de mediação e distribuição de valores mobiliários, isto é, a atividade de agente autônomo de
investimento, definida no art. 20 da Instrução CVM n0 355/0 1 (atual ait. 20 da Instrução CVM
n0 434/06), como se pode verificar por meio das consultas ao cadastro geral da CVM (fis. 75 a
77).

8. Todas as TIvILICADAS eram clientes da PAX (fis. 84 a 96).

Tabela L-IMPLICADAS e seus códigos de clientes na PAX


Nome NY do Cliente
Andréa Jucá Terceiro 736/13188-4
Isabelle Jucá Ribeiro 736/13606-1
- ea Lúc ia -da Silva -Lop es~No gue ira 17-36/13-2-44- 9

As IMPLICADAS atuavam. com habitualidade, de forma profissional e


Documento recebido eletronicamente da origem

9.
organizada, comprando ações por meio de operações privadas, transferindo-as para suas
contas de custódia na PAX e vendendo essas ações em curto espaço de tempo na Bovespa. O
exemplo seguinte descreve seu modus operandi:

'Detentor de 74,84% do capital social da RENDA de 15/09/1994 até 10/12/2006, quando dela se retirou (fls. 121
a 128) bem como sócio majoritário da PAX , com 97, 82% do capital social (fl. 25)

Sede: RuaSete de Setembro, 111 1 2' Andar -Centro - Rio de Janeiro - RJ -CEP: 20050-901 - Brasil Tel.: (21) 32338686 - http://www.cvm.gov.br
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i. Ana Lucia.Aragão de Souza ("Ana Aragão") possuía 20.350 açoes preferencias.


da classe "A" de emissão da Telemar Norte Leste S/A - RJ (fl. 105);

11. Para vender essas ações, Ana Aragão constituiu seus bastantes procuradores os
senhores José Luciano Lopes Nogueira, Luciana da Silva Lopes Nogueira e Vera
Lúcia da Silva Lopes Nogueira ("Ve.7a L,.úcia"), aos quais outorgou poderes
especiais de transferir para os seus próprios nomes ou de quem melhor lhes
convier [conviesse], -2s ações de suas propriedades (sic) emitidas pela Telemar
Norte Leste S/A -- RJ (...), bem como todos os frutos oriundos desses mesmos
títulos, vencidos ou vincendos, ou seja, bonificações [a] que fizerem Lfizessem]
jus, podendo, também, vendê-los em Bolsa de Valores, Corretorasde Valores,
CBLC, ou qualquer outra forma, bem como quaisquer instituições financeiras
do país, tais como Banco Real SIA, Banco do Brasil S/A, Bancos Custodiantese
outras; [os outorgados poderiam] ainda, receber dividendos, inclusive os que
estiverem [estivessem] creditados em conta corrente (...) assinarrecibos, Ordem
de Transferência de Ações Escriturais (OTA), ficha cadastral de cliente em
nome da outorgante (...Essa procuração está datada de 13 de dezembro de
20032 (fl. 106);

iii. Em 23 de dezembro de 2002, a PAX entregou ao Banco do Brasi] a Ordem de


Transferência de Ações Escriturais (OTA) 2de Ana Aragão, que foi processada
em 03 de janeiro de 2003 (fls. 105 e 107);

iv. Em 18 de janeiro de 2003, a PAX cadastrou Ana Aragão como sua cliente n'
13.404-2 (fl. 102);

V. Em 20 de janeiro de 2003, a PAX, usuária no 736 do Sistema de Liquidação e


Custódia da CBLC, comandou a transferência das mencionadas ações da conta
da sra Aragão para a conta da outorgada VERA LÚCIA (fl. 03), que passou a
contar, naquela data, com saldo de 499.228 ações da Telemar Norte Leste S/A -
RJ disponíveis para venda em sua conta na PAX (fi. 108). Somente no mês de
janeiro de 2003, VERA LÚCIA movimentou 961.752 ações da Telemar
(426.902 vendidas e 534.850 recebidas por transferência);

vi. Em seguida, essas ações eram vendidas por meio da PAX3,ýconforme evidencia a
Relação de Notas de Corretagem do período de janeiro de 2003 a fevereiro de
2005 (fis. 1432 e 1433)
Documento recebido eletronicamente da origem

2Por meio da OTA, ações escriturais são transferidas do sistema do banco prestador de serviço de ações

escriturais para o sistema da Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC).


3
A PAX repassava as ordens de venda das IMPLICADAS para a Bovespa, fazia a liquidação física e financeira e
realizava os acertos cabíveis. Para isso, ela utilizava a Solidez CCTVM como sua correspondente na Bovespa,
pois ela, PAX, não era membro da bolsa de valores paulista. 0 procedimento operacional para execução e
liquidação das ordens foi descrito pela PAX nos seguintes termos: na relação clientes/PaxISolidez, suas ordens
[as ordens dos clientes] são [eram] fechadas via presencial (sic) ou por telefone e são [eram] registradas na
correspondenteSolidez, inclusive com gravação de voz. Diariamente, ao final do pregão, é [era] emitido uni fax

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vii. Entre janeiro de 2003 e dezembro de 2004, VERA LUCIA recebeu por meio de
transferências 5,73 milhões de ações da Telemar NL PNA, das quais vendeu 5
milhões (fi. 108). Os inspetores da GFE-2 apuraram que VERA LÚCIA,
ANDREA JUCÁ TERCEIRO e ISABELLE JUCA R[BEIRO movimentaram na
Bovespa, respectivamente, R$ 225.996,01, R$ 825.249,97 e R$ 436.605,66, ou
seja, cerca de R$ 1,5 milhão (fi. 56, §30);

viii. A GFE-2 obteve cópia da documentação-padrão 4 utilizad.~ pelas IMPLICADAS


nessas operações em nome das seguintes pessoas: Bentdita Cristina Gonçalves
Veiga (fls. 930 a 935), Delio Carlos Dantas (fis. 936 a 941), Raimundo Garcia
Montalvão (fis. 942 a 948), Ricardo Ulisses de Macedo Correia (fis. 949 a 954),
Mauricio André de Oliveira Filho (fis. 955 a 960), Francisco Maxlirlo Luciano
(fis. 961 a 966), Teima Helena da Costa Nunes (fis. 967 a 972), Paulo Sergio
Aben Athar Veiros (fis. 973 a 979), João Carlos Maia Rodrigues (fis. 980 a 985),
Francisco Aliomar Albuquerque Feitosa (fls. 986 a 1013), Francisco Euzébio de
Lima Pessoa (fis. 1014 a 1069), Francisco deAssis Filgueira Mendes (fis. 1070 a
1099), Antonia Maria Carlos de Meio (fis. 1100 a 1129), José de Ribamar
Lacerda Chaves (fis. 1130 a 1191), Otomar Fa~cáo Soares (fis. 1192 a 1224),
Darci Costa Frazão (fis. 1225 a 1287), Maria José da Rocha (fis. 1288 a 1294),
Antonio Paes de Andrade (fis. 1295 a 1301), Liane Belchior Paraíba (fis. 1302 a
1307), Francisco Freire Barbosa (fis. 1308 a 1369).

10. Esse modus operandi mostra que as IMPLiCADAS adquiriam, habitualmente,


ações de emissão de companhias telefônicas de seus titulares originais, com vistas a aliená-las
imediatamente em mercado bursátil. Análise dos mapas da CBLC e da Bovespa revela que as
flvll'LICADAS venderam uma quantidade expressiva dessas ações em bolsa, sem, no entanto,
terem realizado compras nesse mercado. ConseqUentemente, as vendas em bolsa eram
cobertas por meio de transfer~ncias autorizadas por procurações (fi. 55, §29).

í. No relatório "Motivo das Transferências de Saldos de Clientes com Troca de


Titularidade CVM", da CBLC, encontra-se amostra das aludidas transferências
-

no período de janeiro a junho de 2003 (fis. 03 a 23). Documentos que


comprovam a movimentação nas contas de custódia das IMPLICADAS no
período de janeiro de 2003 e dezembro de 2004 encontram-se nas fis. 312 a 330
(VERA LÚCIA), fls. 332 a 358 (ISABELLE JUCÁ RIBEIRO) e fis. 365 a 518
(ANDREA JUCÁ TERCEIRO).
Documento recebido eletronicamente da origem

de conciliação pela Solidez. Os acertos entre as corretoras se dão [davam] no dia seguinte através de TED 's,
dependendo da situação credora ou devedora. (...) Com relação aos clientes, suas operações estão [estavam]
também descritas no fax resumo. Se vendedores, seus créditos são [eram] efetivados por cheque nominal contra
o Banco do Brasil, ou depósito em conta, desde que solicitado por escrito pelo cliente (...) se um cliente é [era]
credor e vai [fosse] usar seu crédito para novas operações, este fica [ficava] na conta da corretora esperando a
ordem de compra que extingua (sic) [extinguisse] seu saldo (fis. 109 e 110);
"Instrumento público de procuraçao, ficha cadastral e ordem de transferência de ações escriturais.
9
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1. Em virtude dos indícios do exercício da atividade de mediação e-corretagem sem


a prévia autorização da CVM (itens 6 a 10) e dado o entendimento do egrégio Colegiado desta
autarquia5 acerca das operações envolvendo negociação, irregular de ações oriundas das
compras de linhas telefônicas ("garimpagem"), publicou-se o Ato Declaratório CVM no 8447,
de 26/08/2005, por meio do qual determinou-se que as WIILICADAS suspendessem, de
imediato, as atividades de intermediacão de valores mobiliár5o-,s (fl. 111). Não há registro de
que as UvflLICADAS tenham violado essas Stop Orders (ver item 3 1).

Tabela 2.' IMPLICADAS e S'ýop Orders -. -gosto de 2005

Nome N da Stop Order Dt. Publie.

FIaelJuáRibeiro AD n0' 8447 26/08/2005


Vera Lúcia da Silva Lps Nogueira: AD no 8447 26/08/2005 iip
4

12. Com relação aos demais suspeitos citados no item 3, os srs. CARLOS
ALBERTO RIBEIRO e JOSÉ LUCIA1ýNO-JLOPIi:S NOGUEIRA, a GFE-2 concluiu que amibos
teriam violado suas Stop Orders (fi. 50, §§ 12 a 15; f1 56, §33 e fi. 57, §34):

Tabela 3 -Suspeitas da GFE-2 quanto à violação de Stop Order

PESSOA SUSPEITA
] Teria burlado a Stop Order (Deliberação CVM no' 440,
publicada no D.O.U. de 24/06/2002), ao transferir:
* > em 09/05/2003, 500 mil ações de emissão da Teleceará
CARLOS 1PNB e 2,4 milhões de ações da Telemar Norte Leste para
ALBERTO Isabelle Jucá Ribeiro (fi. 15);
RIBEIRO > em 12/03/2003, transferiu 4,6 milhões de ações PNA da
ICoelce, 12,4 milhões de ações da Telemar Norte Leste,
entre outras, para Regina Helena Ribeiro Ferreira (fis. 08 e
113);
Teria descumprido a Stop Order (Ato Declaratório CVM n0'
JOSÉ LUCIANO 73,publicada no D.O.U. de 13/08/2003), ao transferir
LOPES NOGUEIRA ações, em 30/08/2003, para Vera Lúcia da S. L. Nogueira
(fl. 114).
Documento recebido eletronicamente da origem

5
Referimno-nos ao seguinte excerto da Decisão do Colegiado de 08/12/2000 (voto de Norma Parente/Processo
RJ1999/21 81): ( ...) apesar de a Resolução N' 2.785 de 18.10.2000 do Conselho Monetário Nacional ter
permitido o oferecimento de Termo de Acusação, simplificando a tramitação do processo e que poderia serl
adotado no caso dos garimpeiros [pessoas que negociam ações oriundas da compra de linhas telefônicas,Y
proponho seja mantido o posicionamento atual que preserva inicialmente o mercado através da "stop order~só
exigindo maior atuação da CVM no caso defraude e reincidência.

Srde: RuaSete de Setembro, 111 /2' Andar~Centro - Rio de Janeiro-. Ri - CEP:200,10-901 .Brasil Tel.: i21) 32338686 -http:!/www.Cvm.ko.b!r
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i. CARLOS ALBERTO RIBEIRO foi agente autônomo de investimento autorizado


nos moldes da Resolução no 23 8/72 do CMN. Seu nome consta da lista fornecida
pelo Registro Geral de Agentes Autônomos (RGA) em 30/07/200 1 (fl. 115). É
certo que por força do art. 21 da Instrução CVM no 355/01, com redação dada pela
Instrução CVM no 366/02, ele permaneceu autorizado a exercer a atividade de
agente autônomno até 31/08/2002. A Stop Order contra ele (Deli1L-_ra,,;áo CVM no
440), publicada em 24/06/2002, não foi motivada pelo exercício irregular da
atividade de agente autônomo de investimento) ruas por ele ter praticado atos
vedados ao exercício dessa atividade, previstíis no art. 15 da Instrução CVM no0

355/01 (fl. 33). Em 13/12/2005, a SMI aplicou multa cominatória em desfavor de


CARLOS ALBERTO RIBEIRO, sob a alegação de que ele "continuou a
intermediar irregularmentevalores mobiliários, apesarda Deliberação no 440 de
11/O0612005 ter determinado a suspensão imediata dessa atividade, conforme
apurado no processo CVM SP2003-32 O". Instado a se manifestar sobre as
transferências em queý-tão, por meio do Ofício CVM/SMJIGMN/N 0 146/07, de
30/11/2007, CARLOS ALBERTO RIBEIRO alegou que elas foram feitas para
pessoas da sua família, com vistas ao custeio de despesas domésticas e ao
pagamento de mensalidades escolares de sua filha (fls. 165 a 170). CARLOS
ALBERTO RIBEIRO não efetuou o pagamento nem sequer solicitou o
parcelamento da :multa, razão pela qual ý_la foi encaminhada para inscrição em
Dívida Ativa (Processo RJ2006-3925), segundo informação da Gerência de
Arrecadação 6 (fi. 1445);

ii. No caso de JOSÉ LUCIANO LOPES NOGUEIRA (JOSÉ LUCIANO), além das
ações transferidas para VERA LÚCIA DA S. L. NOGUEIRA em 30/08/2003,
ocorreram outras movimentações na sua conta de custódia em data posterior à da
publicação da Stop Order (13/08/2003): ele recebeu a crédito 333.402 ações PNA
da Telemar Norte Leste entre 05 e 30/09/2003 e também recebeu a crédito 10.837
ações PNB3 da Amazônia Celular em 12/09/2003 (fl. 116). JOSÉ LUCIANO
transferiu, ainda, 200.000 ações PNA da Telemar Norte Leste para uma conta na
corretora SOLIDEZ 7 em 17/09/2003 (fl. 116). Em 13/12/2005, a SMI aplicou
multa cominatória em desfavor de JOSÉ LUCIANO, sob a alegação de que ele
"ýcontinuou a intermediar irregularmente valores mobiliários, apesar do Ato
Declaratório n0 7334, de 12/O08/2003, ter determinado a suspensão imediata dessa
atividade, conforme apurado no processo CVM SP2003-320". Por meio do Ofício
CVM/SMI/GMN/N 0>148/07, de 30/11/2007 (fls. 171 e 172), a GMN tentou obter
Documento recebido eletronicamente da origem

a manifestação de JOSÉ LUCIANO sobre as transferências feitas para a conta de


VERA LÚCIA DA S. L. NOGUEIRA e sobre qual motivo seu nome figurava
como um dos outorgados com poderes para transferir ações para si em diversos
instrumentos públicos de procuração dos anos 2002 e 2003 (item 9, "ii"). No

0 processo de execução fiscal corre na 9' Vara Federal da Seção Judiciária do Estado do Ceará sob n,
2006.81.00.016682-9 (fis. 1448 e 1449).
7 Usuária n0 47 da CBLC.

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entanto, ele não foi encontrado no endereço cadastrado na base de dados do
SERPRO. JOSÉ LUCIANO não efetuou o pagamento nem sequer solicitou o
parcelamento da multa, razão pela qual ela foi encarminhada para inscrição em
Dívida Ativa (Processo RJ2006-3 925) segundo informação da Gerência de
Arrecadação 8 (fi. 1445);

13. Ainda na inspeção çýitada no item 3, obs;ervou-se qui. a PAX não vinha cumprindo
dispositivos da Instrução CVM no 301/99, especialmente os previstos nos artigos 30 e 60,
segundo exame das cópias da2 fif-has. cadastrais obtidas pela fiscalização (fls. 78 a 104 e 930 a
1308). Essa corretora permi-.tiu que clientes operassem valores incompatíveis com a situação
patrimonial deles, bem como manteve diversas fichas omissas quanto aos bens e rendimentos
dos clientes. A GFE-2 optou por abrir o Processo Administrativo (RJ2005-1952) para verificar
o cumprimento do normnativo em questão (fl. 52, §20). Esse Processo Administrativo encontra-
se encerrado, tendo sido concluído com a aplicação de advertência, dlecisão transitada em
julgado (fl. 157).

14. As inspeções citadas nos itens 4 e 5 foram realizadas nos períodos de 14 a


18/08/2006 e 21 a 24/11/2006, respectivamente. Verificou-se, com respeito à RENDA, que:

i ~eia estaria "operando irregularmente no mercado de valores mobiliários,


adquirind(. ações de terceirospara revendê-las por conta própria, sem a devida
autorização desta Autarquia" (fl. 63, §18) ou, nos termos do Relatório, de
Inspeção de 29/01/07, que ela estaria atuando "irregularmente no mercado de
valores mobiliários, adquirindo ações de terceiros ("garimpagem") para depois
revendê-los por intermédio da PAX" (fi. 73, §22, "a");

ii. "o lucro obtido (.)nessas operações [de garimpagem] ocorridas durante os
anos de 2000 a 2005 foi de R$ 2.840.026,32" (fl. 73, §22, "b");

15. De fato, a RENDA negociou ações habitualmente em mercados organizados


(Bovespa e Soma) entre 2000 e 2005. Por exemplo: no ano 2000, ela realizou cercra de 5
(cinco) operações de venda de ações por mês e nos anos 2001 e 2004, a média mensal foi 4
(quatro) 9. Essas médias, no entanto, não refletem o vigor com que a RENDA, por intermédio
da PAX, praticou a atividade de intermediação irregular de ações ("garimpagem"):

i. Tomemos o ano de 2001, por exemplo. Nesse ano, o conjunto dle ações
movimentadas pela RENDA era composto de papéis de diversas coimpanhias
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telefônicas, a saber' O0:Embratel Participações, Teleceará Celular; TeI.e Centro


Oeste; Tele Celular Sul Participações; Brasil Telecom Participações; Telefônica
Data Brasil Holding; Telebrás; Teleceará; Teleleste Celular Participaçõe--s;

8O processo de execução fiscal corre na W0Vara Federal da Seção Judiciária do Estado do Ceará sob ri'
2006.81.00.016678-7 (fis. 1446 e 1447).
'o Segundo dados fornecidos pela Bovespa Supervisão de Mercado (fl. 1441).

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4 I4

~~rnínvst~w~f!l-ffro do Rrr!çíi
Proegek
PROCESSO ADMINISTI{ÁT!VO SAINCION.ADOR(0 ,

CO0NSO0L,11A ÇAO DO0 TE,1M -1 DE ÂCU SA ÇAÃ0 Ný CVMU SP-2 oo s- 40, CO0M AD[1TAMEL(T' L)
PROPOSTO PELA PFE-CVM

Te'iesp; Telemig Paitýicipações: Teje Norte Celular- Paticipaçoes; Tele Nordes-te'--


Celular Participações; Trelemar;- Telesudeste Celular Participações e Telesp
C.-elular Partici.pações;

0r modus oppraidi dá RENDA coincide com aquele descrito no item 9.Releva


flY;UCiÍofar que a ",garimpagem" dessas aõsiiivaesforços tanto da PýA.X
quato da RENDA. Para alienar as ações em maercados organizados e realizar o
iocro, a RENDA contava com os prestimos de sacoirmã PlAX, a quem cabia
fazer o cadastro de todas e cada umna das pessoas das ~l-1.ais a RENDA adquiria
ações em operações privadas, pccle.colher assinaturas e dar entrada nas
Ordens de Transferências de Ações Escrituiais Junto ao banco prestador de
serviço de escrituração de ações, coma-ndar a transferêència das açõ,es das contas
dessas pessoas para a Ia RENDA no Sistema de Liquidação e Custódia da
CBLC, repassar as ordens de venda da RENDA para a Bovespa/Somia, fazer a
liquidação física e Ifinianceira e rr.alizar os acertos cabíve.is.

1.6.Para que se terhfa urna idéia do significado doý esforço mencionado no item
aneror asta dizer que apenas no ano de 2001. foram realJizadas cerca de 4-00C0 (quatro mil)
Ili-àais ê eci as de a&õ es d crédi to da R.E N'- A, a g r2nde_ý rur -J.ncs

;12 C.coús cujo s L

titlares eram3 pessoas lísicas '. Ilouve tamibém cerca de 350 (trezentas e cinqüenta)
trasfeêncasa débito da RENDA e a crédito da PAX, i4ý,o é, aquelas correspondentes às
'endas em bolsa. Como é típico da "garimpagem", a RENDA era sempre (e somente)
-,endedíora de ações nos mercados organizados: todas as i87 (cenito e oitenta e sete) notas de
corretagem da RENDA do ano 2000 a meados de 2006, sumarizadas nas planilhas.das fIs.
.S4 a 1437, apresentam saldo credor. Nesse período, houve uma, única compra de ações em
bolsa, emn que a RENDA adquiriu ações de companhfias telefónicas no valor de R$ 4 mil (fls.
.15[8 e- 159). Por sua vez, as vendas em mercados organizados superaram a cifra de R$ 4,3
imnilb'5es (fl. 1437).

1 Dados fornecidos pela. Bovespa Supervisão de Mercado ('BSM4) indicam que a


"garimpagem" realizada nos anos 2000 e 2004 12 foiý ainda maior que essas
numerosas operações de 2001, e que essa prática Somnente cessaria em 2006, ano
em que não foram observadas as transferências em comento (fi. 1442),

17, Para valorar o lucro auferido nas operações sob análise, a GFE-2 soliícitou que a
RENDA apresentasse o "histórico da posição de títulos e valores nos Últimos circo anýos",
discriminando "o que foi adquirido, quando.foi adquirido, valor pago, de quemfoi adquirido"
Documento recebido eletronicamente da origem

(fl. 140). Em resposta, a RENDA apresentou as planilhas das fls. 141. a 145, por mecio das

As 4000 transferências ocorridas no ano de 2001 equivalem a uma média de 330 (trezentas e trinta)
trarisferências por mês. A média das transferências é aqui tomada como uma das medidas indicativas dos
esforços concatenados da PAN e da RENDA paro auferirem lucros significa,,tivos por meio do, "garimfpagem" de

12.Em 2000, computando-se tanto os reg-istros da ICLC canto os da CBL.. ocorreram cerca de 9.'70C (oe.
setecentas) transferências e no ano de 2004 ocorIccam cerca. de 8.300 (oito mil e trezentas).

Ru~aSeitede Setembro, 111 /2' Andar, Centro -Rio de Janeiro - RJ - CEP:20050 901 -Brasil Tel.: (21) 32386UB - http:!!o'W .'V
5ýýÚ,rintendência Regional de São Paulo: RuaCincinato Braga, 340 - 2', 3' e 4' andar,2. -59 01333-010 - Bela Vista - São PaulO - SP B'
qr - l.; lh 21-462000
'-Spc'e;idência. Regional de Brasilia: 501 Q.02 -BL_A - Ed. Cý.porate Financiat Center -S5-404 - A1Andar - CEP:70712-900 - Bí'i~ ',, - Biasil - 1,4.: f611) 332720.30/332;'2031

8/19
PR (iES à'OAD1N1MSTRATPv ý;, S.61,.NCJ0NAD0k
CONSO.JDA.ÇÃO DO TER '10 DE ACUSAÇÃO iL2~
1SP-201>8-40, COM iiU AM.Nj
PROPOSTO PELA4 PFECIM
N

quais a GE2calculou ocst total de R$ 1,5 milhão. Deduzind..o esse cutJaria de k -


4,',3 milhões, apurou-se o lucro de R$ 2,8 milhões (fi. 70, §18).

S. Com relação às planilhas mencionadas nio item. anterior, destacamos as


inforrnacó,es adicionais seeuint-s:

na pianilhia intitulada "Ações do BEC "3, Constam o.s nomes de-44 (quarenta e
quatro) pessoas, -.Tý*.re os quais o do reclamante citado no item 4. Todas elaýs
venideram suas ações par?, a RENDA por meio de negoi.açõ,-es privadas e comn
deságio. Posteriormeinte, a RENDA se proporia a ressarcir es5ãas pessoas (fis.
141, j.46 a 150: item 20);

nas demais piarilhýas, niota-se a predomainânicia Ue CçeI d opaha


telefônicas, m.uitas das quais teriam sido, adquiridas das IMVPLICADAS '
ANI)REA JUCÁ TERCEIRO," e ANA ANGÉLICA ADERALDO JUCÁ (fis.
142 a 145), as principais vendedoras de ações para a RENDA, em \folUrne
financeiro 6,de acordo com essas mesmas planilhas (fl. 71, §19).

t.A RPMNDI\ intermliediou de maneira. irregular as açõ3es d( eissão do Banco do.r


LsiLado do Ce~ará (BFC), de titularidade do investidor JOS~E BISMARQUE COELHO
~R Aautor da. reclamação citada no item 4, a quem pa.gou R$ 4,50 por ação em
CL
negociayão privada e as revendeu na Bovespa, por meio da PAN, ao preço uníltario de- R$ 9,06
clerca de umimês depois (fi. 73, §25).

20. A RENDA adquiriu com deságio ações do BEC de outras 42 (quarenta e dua.s)
pessoas, entre outubro de 2003 e abril de 2006 (fi. 141)17, segundo ela mesma informou
depois de publicada Siop Order em que figurou como uma das pessoas implicadas (Ato
Declaratório CVM n10 9280, (te 27/04/07). Em carta de 01/06/2007, firmada por FRANCISCO
DE USMAR DE Q1_UEIRIÓS, a RENDA informou que ressarciria essas pessoas, dlevol.vendo o
valor do deság-io corr;--ido pela variação do IGP-M (fis. 146 a 150). Indagada a, respeito por-
meio dos Ofícios CVM/SMI/GMiN/N 01 112/08 e 126/08, de 19/06 e 24/06/2008,
respectivamente (ffis. 1370i e 1421), a RENDA alegou que apesar dos seus esforços, somicente
havia?. conseguido ressarcir uma das quarenta e duas pessoas prejiudicadas, além do reclamaante
0.Banco do Estado do Ceará.
14 Ver Tabela 4 (item 21).
1~Segundo o relatório de movimentação de ações em custódia emiitido pelo Sistema de Liquidação e Custóiia da
Documento recebido eletronicamente da origem

-,1.LC (fis. 406 a 518). houve cerca die 2.500 (duas il e qairlhentás) transfer,-éncias na conta de cýust0diai de
ANDRÉA JUCÁ TERCEIRO na PAX somente no ano de 2004. Chama-nos a atenição, ainda, o fato de
ANDREA ter transferido açõesý. p:ara a RENDA (fis. 426, 4'.1, 499 e 500) e vice-ver-sa (fi. 433).
"R$ ,. milhão e R$ 244 mil. respýctÍvamente.
i7Aj m-aior parte dessas aç.ões foi vendida riO poreg.ão dte 22/0512006, tendo gerado um crédito de R$ 296.9rrmil (11.
1.94*. parte desse valor (Ri, 195 ii) foi osada para quitar um adfiantamento que a RENDA hiar--Lebidoda suaw
coirmri PAX (fls. 180, 194, 199 e 204). Esse adiantamento e, outros va--lores do balancet2e da JEN...A. de
31/05/2006, foram questionados pela GMN,,, por meio do seu Oficio ~V IiSMI/GMvN/N 0 003,'2008 -(fís. !77ý
178), Cujaý resposta encontra- se às tIs. 1.79 a 212.

5ýide: Rua Sete de Setei:ibro. 111 ' 2' .sncia, . Cetro 'Rio dF janeiro - Rj CEP:Z00S0-90< BrasÍi*rel,:21)M 233866 t!wvwcmg.O
Sui:erirte;)dênscia Reeicnrý, d-eS'ãoPaulo: Rua Cincinato Braiga, 340 -' 2',, 30 e 4' andares CEP 0 i3,33-010 'Bela vista soPaulo -SP' -Brasil .Tel.: 'i11'2; 462ú00
Supertendênciíe Repiona: de Br2a.iifia: SCN, 0. 02 BI. A- Ed.Cormroate Finan,,ie1 Cenpter - 'S-40,1 - 4' Anwa - CEP' -ý17 2-900 - Bras17a -5DF. ras4t ,l. : é6 Aí75 3iA27

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UVIV Com issão de Valores Mobiliários
Prct!gepdn qi em Ínv n tutur 6o rei!
PROCESSO ADMINISTRATIVO SAN CIONADOR
CONSOLIDAÇÃO DO TERMO DE ACUSAÇÃO N&CVM SP-2008..40, COM ÀDITAM, zoP 1<
PROPOSTO PELA PFE-CVM 1

sr. JOSÉ BISMARQUE C. GUERRA (fls. 1422 a 1429). Os valores ressarc'dos__ ,,


correspondiam a 1% (um por cento) do montante.

21. Editou-se o Ato Declaratório no 9280, de 25/04/2007, em relação à RENDA,


seus sócios e a sr. ANA ANGÉLICA ADERALDO JUCÁ, esta em vista do disposto ino item
18, "ii" (fi. 151). Posteriormente, em razão da prova feita pela RENDA d,2 a1leração societária
ocorrida antes da publicação da aludida Stop Order, publicou-se o Ato Deciaratório n0' 9361,
de 20/06/2007 (fi. 152), por meio do qual foram excldos os noines dos srs. FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIRÓS, MARIA AURICÉLTAÀ ALVES DE QUEIRÓS. e JOSUE
UBiIRANILSON ALVES. Pur sua vez, foram incluídos os nomes dos srs. MIARlO
HENRIQUE ALVES DE QUEIROS, JERÔNIMO ALVES BEZERRA e IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA, novos sócios da RENDA. Dessa forma, uma nova lista de
pessoas WiILICADAS e suas respectivas Stop Orders fica assim estabelecida:

Tabela 4: IMPUCADAS e suas Stop Orders- em junho/2007


F_Nome N da-StopO-rder -Dt_.Pu'bIic.-
AnlJuecáeir ei AD n 8447 :26/08/2005
ísabelle Jucá Ribeiro AD n0' 8447 26/08/2005
Vera Lúcia da Silva Lopes Nogueira 'AD n0' 8447 26/08/2005
1Ana Angélica Aderaldo Jucá AD no 9280 27/04/2007
Iíelton Barreto de Oliveira AD n0 9280 j27/04/2007
Renda Corretora deMradra AD no9280 27/04/2007
JeôioAvsBezerra AD ri' 93 61 21/06/2007
Mario Henrique Alves de Queiros AD n0 9361 21/06/2007

22. Instada a se manifestar sobre os fatos relatados nos itens 14 a 20, nos termos do
Ofício CVM/SMI/GMN/N 0 153/07 (fis. 173 e 174), a RENDA, representada pelo sócio-
gerente IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, alegou que as operações envolvendo ações de
companhias telefônicas tinham por objetivo a montagem de uma carteira própria de ações.
Acrescentou que isso não era atividade estranha ao objeto social pois o mesmo previa a
participação no capital de outras empresas (fi. 175). Com relação à negociação envolvendo
ações do Banco do Estado do Ceará (BEC), a RENDA declarou o seguinte: que essa decisão
[comprar ações do BEC] deveu-se a um apelo informal da associação dos funcionáàrios do
Documento recebido eletronicamente da origem

BEC, para a possibilidade de uma voz ativa no processo de privatização pelo qual o Banco
passariae que garantiriaumi melhor tratamento aos minoritários(fl. 175).

18 JerônimoAlves Bezerra foi autorizado a exercer a atividade de agente autônomo de investimento, nos mioldes
da Instrução C\JM n' 434/06. Por essa razão, por meio do Ato Declaratório CVM n0 9655, de 20/12/2007. seu
nome foi excluído do Ato Declaratório CVM n' 9361, de 20/06/2007 (fl. 186).

Sede: Rua Sete-de Setembro, 111 / 2' Andar - Centro - Rio de Janeiro -RJ - CEP: 20050-901 -BrasilI Tel.: (21 132338686 - http:I/sýw.cvm.gov.br
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(k~J, CVM Comssãode V~Iores Mobiliários

9PF'
PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR
CONSOLIDA ÇAO DO TERMO DE ACUSAÇAO N~ CVM SP-2008-40, COM ADIT ~MD 3Ki~
PROPOSTO PELA PFE-CVM

23. A RENDA não negou ter negociado ações de companhias tel fomcas e do B ~
Tentou, contudo, ainda que sem apresentar qualquer comprovação, descaracterizar a

realização de intermediação irregular de valores mobiliários: para o caso das negociações


envolvendo ações de companhias telefônicas, ela declarou que visavam à montagem de uma
carteira própr.~a e no tocante às ações do BEC, ao atendimento de um apelo informal de uma
associação de funcionários desse banco. Todavia:

a RENDA não informou por qual razão compra': a quase que exclusivamente
ações de companhias telefônicas por meio de negociações privadas e as alienava em bolsa de
valores num curto espaço de tempo, nem explicou como esse modus operandi se coadunaria
com a montagem de uma carteira própria ou a participação no capital de empresas;
19
ii. a RENDA se omitiu quanto ao volume expressivo de negócios com ações de
companhias telefônicas adquiridas de ANDREA JUCÁ TERCEIRO e ANA ANGÉLICA
ADERALDO JUCÁ (item 18, "ii").

iii. além das negociações irregulares envolvendo ações de companhias telefônicas, a


RENDA efetuou operação irregular de iítennediaçáo envolvendo ações do BEC, notadamente
no caso da reclamação do investidor JOSÉ BISMARQUE COELHO GUERRA, bem como
de outras 42 (quarenta e duas) pessoas, no período compreendido entre outubro de 2003 e
abril de 2006 (itens 19 e 20);

24. Além disso, falta coerência na argumentação da RENDA:

a RENDA quer fazer crer que não tinha interesse na aquisição das ações do BEC e
que apenas atendeu ao "apelo informal" do seu cliente (item 22). Essa lacônica explicação
nos induz a imaginar que havia uma prévia relação comercial entre ela e a tal associação,
uma relação de confiança denunciada inicialmente pela expressão "apelo informal", O próprio
FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, na já citada carta de 01/06/2007, utilizou duas
vezes a expressão "clientes da RENDA" ao se referir às 42 pessoas dessa associação de
funcionários do BEC e ao reclamante Sr. JOSÉ BISMARQUE COÊLHO GUERRA (fi. 146).
Que relação comercial seria essa entre a RENDA e a associação dos funcionários do BEC?
De que maneira a associação de funcionários do BEC ganharia a alegada força ("voz ativa")
no processo de privatização ao vender suas ações com deságio para a RENDA?

ii. considerando que o grupo econômico do qual a RENDA fazia parte era também
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integrado por uma sociedade corretora de valores mobiliários a PAX inevitável indagar - -

por qual razão a RENDA, e não a PAX, teria sido procurada pela associação de funcionários
do BEC, informalmente, para tratar de assunto que envolvia negociação de ações. Nas
palavras dos signatários do Relatório de Inspeção CVM/SFI/GFE-2/N 0 01/07, o fato aqui
estranhado encontra a seguinte explicação: não é admissível que pessoas (naturais ou
jurídicas) procurem a corretora [PAXJ para vender suas ações e sejam. encaminhadaspara
19
R$ 1,3 milhão. &
Sede: RuaSete d~ Setembro, iii ir Andar- Centro - Rio de Janeiro - RJ- CER:20050-901 -Brasil Tel.:-(21) 32338686- http://wwwcvm.gov.br
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M
V"IComnissão de k/aores Mobi:6iários
Prote enOr ,quemÍlvi .t nn figfrt dn flrflçi/
PROCESSO ADMINU4STRATIVO SANCIONADOR1
CONSOLIDAÇÃO DO TERMO DE ACUSAÇÃO N- CVM SP-2008-40. COM D4JANINT
PROPOSTO PELA PFE-CVM'
vendê-las a outra sociedade do mesmo grupo, no caso a RENDA, e sejam, remnrat, dos el
metade do preço de mercado, ao invé,%s de vendê-las em bolsa por intermé,,dio da.[-AX (fl. 73,
§24);

iii. é notório que RENDA e PAX se confundiam, seja pela localização comam, seja
pela liderança de um mesmo dirigene, seja pelo mesmo escopo operacional. A esse respeito,
manife,,4ou-se a GFE-2 nc. segumntes termos: destacamos, ademais, que as irregularidades
ora descritas somente são [eram] possíveis porque o diretor das duas sociedades (PAX e
REN!-DA ) é o mesmvo, o Sr. FRAN\CISCO DEUSMAR QUEIRÓS. Destarte, uma vez que a
R.E YDA e a P VX atuam [atuavam] em conjunto, no mesmo espaço físico, e .-dób a direcão de
um mesmo representante, concluímos que a RENDA c [,eraí pessoa vinculada à ýPAX. (fl. 73,
§27),

2.5. Instado a prestar esclarecimentos sobre os fatos relatados nos itens 14 a 20,
FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, sócio-gerente e principal cotista tanto da RENDA
quanto da PAX. alegou que sua participação na RENDA se dava como sócio capitalista,
sendo todo e qualquer ato ou fato administrativo decorrente da gestão, da responsabilidade
do sócio JELTON BARRETO DE OLIVEIRA, a quem competia à gestão da sociedade,
Tgnoassim, ao meu [seu] conhecimento as deliberações da gestão (fis. 213 a 215).

26, Mister consignar aqui que, à luz dos autos, FRANCISCO DEUSMAR LDE
QLTEIRÓS era o gestor de fato, tanto da, PAX como da RENDAý-. As circunstâncias seguintes
corroboram essa posição:

No Relatório de Inspeção CVM/SFJ/GFE-2/N0 01/07, FRANCISCO DEUSMAR


DE QUEIRÓS foi apontado como o dirigente tanto da PAX quanto da RENDA,
o que teria tornado possível, segundo a GFE-2, a realização das irregularidades
apontadas no mencionado relatório (fi. 73, §27; item 24, "ii" e "ii");

ni. Ele firmou correspondência a esta CVM, em resposta ao Ofício


CVM/SMJ/GMN/N 0 21/2007, na qualidade de diretor-responsável da RENDA
(fl. 156);o

tui. Ele outorgou poderes ao sr. JERÔNIMO ALVES BEZERRA e ao sr.


GERALDO DE LIMA, GADÊLHA FILHO, em 14/01/12005 e 16/08/2006,
respectivamente, para representar a RENDA perante autarquias (,fis. 154 e 155);

iv. E]e manteve contato com esta CVM para remeter certos documentos e tomar
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determinadas providências, conforme se observa na correspondêéncia de


01/06/2007 e seus, anexos (fls. 146 a 150);

V. Ele representou a RENDA quando ela ingressou na sociedade denominada CVS


PROMOÇÕES E EVENTOS LTDA. (fls. 207 a, 2111);

vi, Ele era o sócio-responsável da RENDA junto à Receita Fedteral (,l 153). (
Sede: Ria Sete de Setembro, 11 12' Andar - Centro.. Rio deia.e'ro. - R.1-CEP:20t)ýC-9G1 - Brasi[ Tel.: (21~ 323M8. - httio: / i~ cvuigovbi
5,uper.rtendêiicia Regionslý de São Paulo: RuaCincinato Braga, 3410
.2',3Y e 4' an.dare, - CEP:01333-010 - Bela Vista - Sao3nuio , SP. Brasi! Tet.: (11) 21.462.00
Siupernterndán:iz- Regional de Brasilia* SCNQ. 02 1 - Ed.Corporate Fnýn'zal (.ent.ei - S-404 - <Aridar -,CEP: 70712-900 - Brasilia . DF -Brasil- e:( i3200, .'01

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C IM (ornValore Mob4i-o~íki

PROCESSO ADMI INISTR ATIV(_ SAN,"'1


CION AÁDOR
CONS()LIDAÇAO DO TERMO DE ACUS.-NÇAO_ _N2 CVM SP-2,008-0, COM
41DIUTANTEN(o
PROPOSTO PELA PFE-CVÍM.

27. .1nstada a se manifestar a respeito dos f-atos relatados nos itenis 1i 4 20, MtVAMRA
AURICELIA ALVES DE QUEIRÓS, sócia-gcente da RENDA, alegou que não exercia
função de gerência. Segundo ei a, sua 'participação minoritári a de 1,11% no capital da RENDA.
se dava na condição de sócio-capitalista. Ela apontou IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
como o gestor (de fato) dessa sociedade. Ela tamnbém declarou qu,,e.er-a de -,eu conhecimento a
decisão de montar carteira própria de ações P.9 RENDA, oni-Lidk.-se, contado, quanto ao
modus operandipara a composição dessa suposta carteira bem come, sobre as aquisições (com
deságio) das ações de emissão do BEC. '.e resto, TV AIA AURICELIA ALVES DE
QUEIROS informou que nunca realizou 1,etirada a !,tulo de pro labore. Saliente-se que
nenhum documento foi apresentado à guisa de subsidiar ou comprovar essas d'eclarações (fis.
217 a 224). Não obstante, não há elementos suficientes nos autos para oferecer acusação
contra essa senhora pelo exercício irregular da atividade de mediação e distribuição de valores
mobiliários, cuja suspeição se deu por causa de ela ter sido sócia-gerente da RENDA.

28. Finalmente, importa abordar um último aspecto que foi levantado na inspeção
citada tio item 5, qual seja: que a PAX teria burlado o disposto no art. 50 da Instrução CVM n<>
i1..7/90, ao supostamente ter se valido da RENDA para operar carteira própria de ações (fi. 73,
§27). O art. 40 dessa norma, com redação dada pela Instrução. CVM nO 173192, atoriza as
soý:iedadk-s co1,1e toJas a operare.m "carteiraprópria de arsinýobiliárii-os..em quais-quer
modalidades, nos mercados de bolsa ýýde balcão, até o limite de seu patrimônio líquido
ajustado, apurado com base no mês imediatamente anterior, de acordo com as normas
contidas no Plano Contábil das Instituições do Sistema FinanceiroNatcional (COSIF)." Os
balanços patrimoniais da PAX (fls. 257 a 308) não permitem identificar o montante aplicado
em todas as modalidades de carteira própria de valores mobiliários nos mercados de bolsa e
de balcão nos períodos a que se referem, nem tampouco fornecem os dados analíticos para
eIfetuar o necessário cálculo do patrimônio líquido ajustado2 0 Além disso, não estão
disponíveis esses mesmos dados em relação à RENDA, os quais teriam que ser computados
em conjunto com os da PAX, com -vistas a se confirmar a suspeita de burla da Instrução CVM
r' 117/90 por parte dessa corretora. Portanto, vê-se que não há nos autos elementos
conclusivos em relação a essa aventada burla. Essa falta de elementos conclusivos não foi
suprida (a posteriori) justamente porque nos parece cristalino que as compras e vendas de
ações da RENDA não se coadunam com a,montagem de uma carteira de ações, mas são antes
compatíveis com a atividade de "garimpagem" de ações, caracterizada pelo alto giro dos
papéis, com ingresso freqüente, por meio de transferências em contas de custódia, de
pequenas quantidades de ações adquiridas em sua maior parte de pessoas físicas, pela
miontagem. de lotes mais significativos e por sua subseqüente venda. em bolsa.
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29- Instados a prestar esclarecimentos acerca da participação da P.AX no esquem.a


das IMPLICADAS 21 itens 9 "iii" a "1vi"; 15 ii,16 eý19). deixi-.ra-mr de se manifestar t-,muto a

20 patríiônio flíquido alustado (PIA , ou patrimnino de referênojýa (PR, l ado aaaua dos irie

operacionais das instituições fin-ance'as e demiais instituicões auitorizadajs a funcionorar pelo Banco Centra]l do
resol.uçã vor
802<) dal~ atula dos, nínei o 1444/1cdo CMI{Ínrýo ofni oiii'-yirt sýbek.ion
rasil. Se na!o
2802/00 da soaw; d(os níveis1 uãon e doarm0,cN om rgnier saeeion
21Ver Tabela 4 <itelii 21),

sede: Ru,í .-etZ;oe'3 te.m.ro, 1l1 ! 2' Amlar - Centi c - Rio de Jeaêni'o - RJ CEP:20050-901 . BrasOt'et.. t 323 356Ú£5. n ttio:;'vL rn 0,b
Simehrrtendência Reguí:n.' de São Pauto: Ruaflecinato Brapa, 340 21. ý e -08,dares - CEP-:';333-010 - Beta.Vi.:a *.SOe_ Pa;iíc - SP- 8,rasi -e. 214w n
Supíiít:i4rO~Rgi,;ial de BiFrsffia: SCNq. 02 .BI. A' - d. Ce'o:ate ;'na.nciat Ceríter .5-4u4 -A Anaur - CEiP: 707/t2-9,00 '6h. nI e (.' ~.!
M.72 ,

13/19
UVVM Comissão de Valores Mobiliários
no buh'Lrn, de Brasil
Pr tpcno uem ini,pst,
PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCION.ADOR
CONSOLIDAÇÃO DO TERMO DE ACUSAÇÃO N2 CVM SP-2008-40, COM ADITAMEý,TO
1$ '
PROPOSTO PELA PFE-CVM

PAX quanto seu diretor de mercado, GERALDO DE LIMA GADÊLHA FILHO (fJis. 244 a
250).

30. Diante de indícios de crime de ação penal pública, tendo em vista o quanto
apurado nos Processús Administrativos RJ2006-4079 e RJ2006-7205, comunicou-se c.
Ministério) Pulblico nos termos do Ofício/CVM/SGE/N 0 971/2007 (fl. 164) ao qual foi anexada
cópia integral do PA. RJ2006-7205.

III - DA CONCLUSÃO
31. Não foram encontrados nos autos elementos suficientes de materialidade para
indiciar as pessoas cujos nomes estão citados na tabela seguinte, pois embora tenha havido
algumas transferências de ações em datas posteriores às das publicações dessas Stop Orders,
não ficou caracterizada a retomada da atividade de intermediação de valores mobiliários por
essas pessoas. Instadas a se manifestarem a respeito, os respondentes alegaram, via de regra,
que as transferências ocorridas após as Stop Orders se fizeram necessárias para garantir o
sustento pessoal ou da família. Assim se manifestaram os srs. CARLOS ALBERTO
RIBERO (citando Regina Helena Ribeiro Feiieira, sua irmã, e Isabeile jucá Ribeiro, sua filha
- ver item 12, "i"), ISABELLE JUCÁ RIBEIRO, REGIE4A FÁTIMA DE SOUSA JUCÁ
(citando Regina Helena Ribeiro Ferreira, sua cunhada), ROBERTO \VELBY TERCEIRO e
ANDRÉA. JUCÁ TERCEIRO (fls. 165 a 169, 225 a 235).

iTabela 5 investigadas por suspeita


-Pessoas

de violação de Stop Qrder..

ANDREA JUCÁ TERCEIRO i

CARLOS ALBERTO RIBEIRO

ISABELLE JUCÁ RIBEIRO

JOSÉ LUCIANO LOPES NOGUEIRA

REGINA FATIMA JUCÁ RIBEIRO


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ROBERTO WELBY TERCEIRO

VERA LÚCIA DA S L NOGUEIRA

Sede: Rua Sete de Setembro. 111/ 2' Andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ-CEP: 20050-901 - Brasil Te).: (21) 32338686 h-ttp:/wwwc pvn.ov.br -
Superintendência Regional de Sã-a
Paulo: RuaCiscinato Braga. 340 - 20, 30 e 40 andares - CEP: 01333-010 - Bela Vista - São Paulo - SP- Brasil - Tel.: (11) 21-462000
Superintendência Regional de Brasilia: SCNQ. 02 - BI 1 Ed.Corporate Finanrial Center - 5-404 - 4' Andar - CEP:70712-900 - Brasília - DF -Brasil - Tel.: (61) 33272030/3"27331

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C M Comissão de Valores Mobiliários p
Prtegendo quemn investe no futuro do BrOsí! SCO ~ R~L~

CONSOLIDAÇÃO DO TERMO DE ACUSAÇÃO N2 CVM SP-2008-40, COM ADITAIME, TO


PROPOSTO PELA PFE-CVM

32. Não há elementos suficientes nos autos para oferecer acusação contra LUCIANA
DA SILVA LOPES NOGUEIRA pelo exercício irregular da atividade de mediação e
distribuição de valores mobiliários, cuja suspeição se deu por causa de seu nome ter figurado
entre os outorgados em instrumentos públicos de procuração utilizados pelas pessoas citadas
na Tabela 1 do item 8, para transferirem ações adquiridas fora de bolsa (item 9, "ii"). Não foi
possível obter sua manife-ztaç,~o3 a respeito', pois a mesma não foi encontrada no endereço
cadastrado no banco de dados do SERPRO (fls. 237 a 239).

33. Não há e!ementos svficientes nos autos para oferecer acusação contra MARIA
ALTICÉLIA ALVES DE QUEIRÓS pelo exercício irregular da atividude de mediação e
distribuição de valores mobiliários (item 27).

34. O exposto nos itens 14 a 27 indica que a RENDA praticou, habitual, organizada
e irregularmente, a atividade de mediação ou corretagem de valores m--obiliários, tendo
violado, por conseguinte, o art. 16, 111, da Lei no 63 85/76 como também o art. 40 da Instrução
C'VM no 355/01, falta considerada grave 22segundo dispõe o art. 18 dessa Instrução. Os autos
demonstram que a RENDA. era uma entidade que atuava no mercado marginal, em que
comprava ações por meio de negociações privadas (especialmente as de companhias
teleIfôni.cas) para, em seguida, aliená-las em bolsa de valores (Itens 15 a 18). Além disso, a
RENDA intermediou de maneira irregular as ações de emissão do Banco do Estado do Cec1,rá
(BEC de titularidade do investidor JOSÉ BISMARQUE COELHO GUERRA, tendo ela
ainda adquirido, fora de bolsa e com significativo deságio, ações dio BEC de outras 42
(quarenta e duas) pessoas, no período compreendido entre outubro de 2003 e abril de 2006
(itens .19 e 20).

35. Com relação a PAX, em vista do disposto nos itens 9, 15 "ii", 16, 19, 24 "ii" e
"irii, conclui-se que ela permitiu o exercício das atividades de mediação ou corretagem por
pessoas não autorizadas pela CV M para esse fim23 , e também utilizou ou contratou pessoas não
integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários em atividades próprias dele. Basta
levar em conta que entre as IMPLICADAS2 encontravam-se a RENDA e a ANDRÉA. A
primeira era, na verdade, a entidade por meio da qual o grupo econômico por ela integrado
perpetrou as lucrativas operações irregulares entre 2000 e 2005 (item 17). Repisamos aqui que
a PAX, sociedade corretora de valores mobiliários, encaminhava para sua coirmã, RENDA
pessoas interessadas em vender ações (item 24, "ii") e que essas operações geraram um lucro
de R$ 2,8 milhões (item 17). ANDRÉA, por sua vez, manteve vínculos comerciais
indistintamente com a RENDA e com a PAX: as ações adquiridas no mercado marginal eram
vendidas em bolsa por intermédio da PAX, mas parte delas ANDRÉA transferiu para a
Documento recebido eletronicamente da origem

RENDA, sendo certo que houve também transferências de ações da RENDA para- ANDRÉA.
(Item 18, "ii"). A conduta da PAX tipificou completa desobediência às vedações do art. 13, 1,
"c" da Instrução CVM no 387/03, constituindo-se falta grave segundo previsão do art. 23 desse

23 quais sejam: Andréa Jucá Terceiro, Isabeile Jucá Terceiro, Vera Lcad iv oe ouia ed

Conretora de Mercadorias e Ana Angélica Aderaldo Jucá.


2,4A relação de pessoas IPLICADAS é a da Tabela 4 (Item 21).

Sede: RuaSete de Setembro, 111 12' Andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ-CEP: 20050-901 -Brasil Tel.: (21) 3M,8686* http://vww.cvm.gov.br
$uoaprintendência Regional de SãoPauto: RuaCincinato Braga, 340 -20, T' e ' andares - CEP:01333-010 - Bala ijsta - Sac.Pauto - SP- Brasil - Tal.: (11) 21462000
Superintendência Regional de Brasília: SCNQ. 02 -BI. A - Ed. Corporata Financial Cantar - S-404 - 4' Andar -EP: 70712-900 - Brasília - DF - Brasil - Tal.; <611) 3i272030,;33272031

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t,VIVE (Comissão de valores MobíNíáIoí0s - *'

Ptolegenúo
PROCESSO AD1.tINISTRATJ VC SANCI( NADOR(
T M 1 ~(
CONSOLIDAÇÃO DO TERMO DE ACUSAÇÃO Nã CVM SP-2OO& 40, COM ~
PROPOSTO PELA PFE-CVM
normu-ativo, como também. violou o item 11 da Deliberação CVM n 372/0-1. o a-rt lj a,
Instrução CVM n' ý348/01l.
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Sede ua Sete de Setembro, 1il 1 2' Andar Cenrdo -i de,Jýr!eIro - RJI - ICEPP:Z0105-901 -BrasilTo. hUip;/iw.cvrigov.br
(21) 3-2,386?lãt- -

SuDer iItendéêncieý Regional de São Pauto. Rue Cincinato Biraga, 340 - 2.3 * 4' andaies - CEP:0-1333-0*W Bela Vistaí Sãi Paulo -. SP- Pi asii - Tci.: 21462000
Su.Derintendêncip Regional de Brasii: SCNQ. 02 - BI. A - Ed,Cirporate FIria n-ja Center - 1--404 -4' Andar CEP:70712-90C, - Braý.ílía DF - Braýsi 'Fel,: í610 3327203G/-i:'327 '33i
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Cv Comissão dekValores Mobiliáio
Protegendo quem investe no futuo do Brasil
PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR (0<> o X'e
CONSOLIDAÇÃO DO TERMO DE ACUSAÇÃO N2 CVM SP-2008-40, COM ADITAME N TO.U',,--
PROPOSTO PELA PFE-CVM

IV - DAS.RESPONSABILIDADES

36. Diante de todo o exposto neste Termo de Acusação, devem ser


responsabilizados:

i. PAX CORRETORA DE VALORES E CÂMBIO LTDA., por ter permitido o


exercício das atividades de mediação ou ýcorretagem por pessoas não autorizadas
pela CVM para esse fim e por ter utilizado ou contratado pessoas não integrantes
do sistema de distribuição de valores mobiliários em atividades próprias desse
sistema. Essa conduta infringiu o disposto no item II da Deliberação CVM n'
372/01, no art. lP da Instrução CVM n' 348/01 e no art. 13, 1, "c" da Instrução
CVM no 387/03. Segundo estabelecem o art. l1"da Instrução CVM ri' 348/01 e o
art. 23 da Instrução CVM n 387/03, a conduta da PAX é considerada falta grave
para. efeito do disposto no art 11, § da Lei no 6.3 85/76;30,

ii. GERALDO DE LIMA GADÊLHA FILHO, na qualidade de diretor responsável


da PAX, nos termos do art. 13 da Instrução CVM n' 220/94 e do art. 40 da
Instru.ção CVM no 387/0'2, por ter negligenciado o dever- -e di'ligência que lhe
competia, isto é, fiscalizar o cumprimento de obrigações que se impunham sobre
essa corretora, especificamente o disposto no item II da Deliberação CVM n'
372/01, no art. P~ da Instrução CVM n' 348/01 e no art. 13, 1, "c" da Instrução
CVM no 387/03. Segundo estabelecem o art. 1'~da Instrução CVM no 348/01 e o
art. 23 da Instrução CVM no 387/03, a conduta desse senhor é considerada falta
grave para efeito do disposto no art. 11, § 30, da Lei n' 6.385/76;

iii. RENDA CORRETORK~DE-MERCADOR IAS- S/C. LTDA--e-seus. s.cios-gerentes


FRANCISCO DEUSMAR ---DE .QUEIRÓS e IIELTON BARRETO DE
OLIVEIRA, pelo exercício da atividade de mediação -ou corretagem de operações
com valores mobiliários sem a autorização prévia da CVM, em desobediência ao
disposto no art. 16, 111, da Lei no 6385/76 e pelo exercício profissional da
atividade de agente autônomo de investimento sem prévia autorização da CVM,
em violação ao art 40 da Instrução CVM n' 355/01. Nos termos do art. 18 dessa
Instrução, o exercício de atividade de agente autônomo de investimento por*
pessoa não autorizada constitui infração grave, para efeito do disposto no art. 11,
§30, da Lei n0 6.385/76.
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Sed1e:Rua Sete de Setembro, 111 /2' Andar -Centro - Rio de Janeiro - RiJ CEP:20050-901 Brasil Tel.: (21) 32338686 - http://www.cvm.gov.br
Stu;erintendéncia Regional de São Paulo: Rua Cinciriato Braga, 340 -2o, 1' e' andares.- CEP:01333-010 - Beta Vista - São Paulro - SP-Brasil - lel.; (11) 214C20
SuDoer Q. 02 - 01.A - Ed. Corporate Financial Center - 5-404 - 4' Andar - CEP.70712-9M0 Brasília -DF - Brasil Tel: (61 ) 33277030/3327,7031
intendência Regional de Brasília: SCN,

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I
UVIVI Comissão dc Valores Mobihà rios
Prntegenao quem ifl~&STC !7wtu. d~~~~sI!

cópia deste Termo


CONSIDERAÇÕES de Acusação ao
FINAdS Federal,

37. constantes dos autos.


do exposto nos parágrafos anteriores e das niYwa~
tendo em
vista os indícios de crime de ação penal pública em razão do CXCIÇiCIO uTegular da atividade
de Agente Autônemo de Investin~ento pela RENDA CORRETORA DE MERCADORIAS
S/C LTDA e seus sócios-gerentes FRANCISCO DEUSMAR [)E QUElIRÓS e IELTON
BARRETO DE OLIVEIRA.

38. As pessoas que foram responsabilizadas pelo cometimento de ilicitudes ficam


sujeitas às penalidades previstas no art. 11 da Lei 6.385, de 07 de dezembro de 1976, com a
redação dada pelo art. 20 da Lei 9.457, de 05 de maio de 1997, e pelo art. 10 do Decreto n0
3.995, de 31 de outubro de 2001.

39. Cumpriu-se o disposto no art. 11 da Deliberação CVM n0 538/08 por meio das
coliTespondencias apensas às fis. 165 a 250.

São Paulo, 04 de fevereiro .42009.


7

WALDIR DE JESUS NOBRE


Superintendente de Relações com o Mercado e Intermedi' ios
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$d:~: RuaSete de Setembro, i~l-/ 2~ Andar Centro -Ric de Janeiro RJ CEP: 20000-901 ~ra~d fel 32338ô66 títtp.i/wwwcvn:.pov.br
.Deriirtendenda Regianal de São Paulo: Rua Cincinato Braga, 340- 2, 3~a 4~arid~res- COR:0~333010 0eI~ Vista Pauio - 00- Ilrasíl ¶W.: (11) 21462000
':'perint.endênia Regional de Brasilia: SCNQ. 02 - BI. A - Ed. Corpúrate Finenn~al Certer 5-494 -V Arai~; - COO:70712900* Br~sibà 01'- ~rasiI - teL: <61~33272C<~ '~'i

18/19
CVMComissão de Valores Mobiliários
Protegendo quer investe no ftutiro do Brasil
PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR
CONSOLIDAÇAO DO TERMO DE ACUSAÇAO N2 CVM SP-2008-40, COM ADITAM£NTO'<',
PROPOSTO PELA PFPE-CVM

QUALIFICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS PELAS IRREGULARIDADES:

a) PAX CORRETORA DE VALORES E CAMBIO LTDA. (CNPJ n' 06.979.363/0001-


05), sita à Rua Senador Pompeu, 1520, 30 andar, Fortaleza/CE - 60025.002;

b) RENDA CORRETORA DE MERCADORIAS S/C LTDA. (CP{PJ 23.490.295/000 1-


27), sita à Rua Senado)r Pompeu, 1520, 30 andar, Fortaleza/CE - 60025.002;

cFRANCISCO DEUSMAR DE QUElRS, (CPF d~ 024.922.883-15), -om domnicilio


na Av. B eira, Mar, 2020, apto. 1100, Fortaleza/CE - 60165.12 1;

d) GERALDO DE LIMA GADÊLHA FILHO (CPF 025.930.503-06), com domicílio na


Rua. Joaquim Nabuco, 1400, apto. 602, Fortaleza/CE - 60125-120;

e) IELTON BARRETO DE OLIVEIRA (CPF n 170.221.503-20), com domicílio na Rua


Silva Jatay, 220, apto. 1600, Fortaleza/CE - 60165-070.
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Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado
Sede: Rua Sete deeletronicamente
Setembro, 11i por:
1 2' Andar - Centro -Rio de Janeiro - RJ - CEP: 20050-901 -Brasil Te[.: (21) 323386866- httoD://w-,w.cvnigov.bi-
Marcelo Leal
Supei-intendênciE! de Lima
Regional Oliveira
de São Paulo:- Advogado
Rua Cincinato Braga, 340 - 2', 3' e 4' andares - CEP:01333-010 - Bela VistE - São Paulo - SP- Brasil - Tel.: (11) 21462000
18081420142912900000012015094
Superintendência
Data e horaRegional de Brasília:
da assinatura: SCNQ. 20:16:42
14/08/2018 02 - BI. A- Edí.Corporate Financia[ Center - 5-404 - 4' Andar - E 01-0 rsli F-Bai e.:(1 37003223
Identificador: 4050000.12035317
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 19/19
,,. Sa/,>, (e-STJ Fl

o o

PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR CVM No SP20OO4

TERMO DE COMPROMISSO

A COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, doravante denomc'inada


simplesmente CVM, neste ato representada por sua Presidente, Sra.szMaria
Helena dos Santos Fernandes de Santana, de um lado, e de outro, os doÉavante
denominados COMPROMITENTES, FRANCISCO DEUSMIA% DE
QUEIRÓS, brasileiro, casado, empresário, portador da Cédula de Identidýýde RG
n0 207.206, emitida pela SSP-CE, inscrito no CPF/MF sob o no 024.9221,»83-1 5,
domiciliado na Cidade de Fortaleza, no Estado do Ceará, à Rua Senador Pýmpeu,
1.520, 20 andar, Centro, GERALDO DE LIMA GADELHA FILHO,
brasileiro, casado, administrador de empresas, portador da Cédula de Identidade
RG no 95002172786, emitida pela SSP-CE, inscrito no CPF/MF sob o n
025.930.503-06, domiciliado na Cidade de Fortaleza, no Estado do Ceará, à Rua
Senador Pompeu, 1.520, 30 andar, Centro, IELTON BARRETO DE
OLIVEIRA, brasileiro, separado judicialmente, empresário, portador da Cédula
de Identidade RG no 1078182, emitida pela SSP-CE, inscrito no CPF/MF sob o
no 170.221.503-20, domiciliado na Cidade de Fortaleza, no Estado do Ceará, à
Rua Senador Pompeu, 1.520, 20 andar, Centro, RENDA CORRETORA DE
MERCADORIAS SIC LTDA., sociedade limitada, com estabelecimento na
Cidade de Fortaleza, no Estado do Ceará, à Rua Senador Pompeu, 1.520, 20
andar, Centro, inscrita no CNPJ/MF sob o n 23.490.295/0001-27, com seu ato
0

constitutivo originariamente registrado no 30 Registro de Pessoas Jurídicas da


0
Cidade de Fortaleza, no Estado do Ceará, sob o n 68.110, neste ato representada
por seu sócio-gerente, senhor Ielton Barreto De Oliveira, já devidamente
qualificado, e PAX CORRETORA DE VALORES E CAMBIO LTDA.,
sociedade limitada, com estabelecimento na Cidade de Fortaleza, no Estado do
Ceará, à Rua Senador Pompeu, 1.520, 30 andar, Centro, inscrita no CNPJ/MIF sob
o n0 06.979.363/0001-05, com seu ato constitutivo registrado na Junta Comercial /
do Estado do Ceará sob o n0 NIRE 23 2 0006348-0, neste ato representada por
seu sócio-gerente, senhor Francisco Deusmar de Queirós, já devidamente
qualificado, tendo em vista a proposta formulada nos autos do Processo
Administrativo Sancionador CVM n0 SP2008/0040 ("PAS"), aprovada pelo
Colegiado da CVM em reunião de 24/11/2009, resolvem, com fundamento no
parágrafo 50, do artigo 11, da Lei no 6.385/76, e nos incisos 1 e 11, do artigo 70, da
Deliberação CVM n0 390/01, celebrar o presente TERMO DE
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COMPROMISSO, com base nas cláusulas seguintes:

Cláusula 1 - Os COMPROMITENTES obrigam-se a pagar em conjunto à


CVM, como condição para celebração do Termo de Compromisso, o valor de R$
430.000,00 (quatrocentos e trinta mil reais), quantia a ser pela CVM utilizada
segundo suecsiocritério e conveniência.

1/3
(e-STJ F

* 1 N. S a 1)o
oo
o
Termo de Compromisso celebrado no âmbito do PAS SP2008/0040. . \<

Cláusula 2' - O pagamento previsto na cláusula anterior será feito por meio de \'x
Guia de Recolhimento da União (GRU) e efetuado no prazo de 10 (dez) dias
contados a partir da data de publicação do presente documento no Diário Oficiai * F.-__
da União. A Guia de Recolhimento da União - GRU, disponível no sitè\. çyý
www. stni.fazenda. gov. br, obedecerá os códigos 173030 para Unidade Favorecida '

(CVM); 17202 para Gestão, 10171-0 para Recolhimento (CVM - Termo de


Compromisso) e Número de Referência 20080040.

Cláusula 3* -QO COMPROMITENTES, no prazo de 10 (dez) dias, contados da


data de pagamento da GRU, encaminharão à Coordenação de Controle de
Processos Administrativos ("CCP"), cópia do comprovante do pagamento
realizado, para fins de juntada aos autos do processo e comprovação do
cumprimento da obrigação.

Cláusula 4' - Os COMPROMITENTES respondem pelo fiel cumprimento das


obrigações e observância das condições ora ajustadas.

Cláusula 58 - Nos termos do § 60 do art. 11 da Lei no 6.385/76, a assinatura do


presente TERMO DE COMPROMISSO não importa confissão dos
COMPROMITENTES quanto á matéria de fato, nem reconhecimento da
ilicitude de suas condutas.

Cláusula 6' - O andamento do PAS ficará suspenso em relação aos


COMPROMITENTES a partir da data de publicação do TERMO DE
COMPROMISSO no Diário Oficial da União, pelo prazo estipulado para o
cumprimento das obrigações assumidas.

Cláusula 78 - A Superintendência Administrativo-Financeira ("SAD") deverá


atestar o cumprimento das obrigações pactuadas no TERMO DE
COMPROMISSO.

Cláusula 8» - Uma vez cumpridas todas as obrigações ora pactuad as, conforme
devidamente atestado pela SAD e homologado pelo Colegiado da CVM, o PAS
será definitivamente arquivado em relação aos COMPROMITENTES.

Cláusula 98 - Caso os COMPROMITENTES não cumpram as obrigações


assumidas neste TERMO DE COMPROMISSO, o mesmo se constituirá em
título executivo extrajudicial, conforme dispõe o § 70, do art. 11, da Lei no
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6.385/76, bem como a CVM dará continuidade ao PAS, nos termos do § 80 do


citado artigo.

2/3
~~<\ ~'af~%(e-STJ F
..: 9
o
1..

Termo de Compromisso celebrado no âmbito do PAS SP2008/0040.


CV~

E, assim, por estarem justos e acordados, firmam o presente TERMO DE <O P~


COMPROMISSO, em três vias, de igual teor e forma, que será publicado no c~,
Diário Oficial da União, para que produza seus efeitos de Direito. FIQQ (
Rio de Janeiro, 24 de Fevereiro de 2010.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS ~ 'o


Maria Helen dos Santos Fernandes de SanteI~#UX ~.

F C EUS D mós ~
~

GERALDO D G EL ILHQ,..............................................
C A R10

j, ''>~;'

ADO

~ L ~> l~) ~

PAXCO T E VXLORiE 10 LTDK~'


an isco Deusmar de Que ós 2 - -'

Testemunhas:

Nome: ~ fT~C<LJ~ ~ L~4I~ e: I~ ~ ~

CPF: CPF: ~ ~
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~
~ .

4,
-1-'
~-P
O.ESP
kREGm~TncH~m~eJL
L
-
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__ ~-1,

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por: ~3
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02 AV6 8104 1
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- .
'~fi2~AV6 8108
) 411
e-.

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PROCESSO Nº: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
PACIENTE: GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: JERONIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
IMPETRADO: JUÍZO DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Trata-se de Habeas Corpus impetrado em favor de IELTON BARRETO DE OLIVEIRA, GERALDO DE


LIMA GADELHA FILHO, JERÔNIMO ALVES BEZERRA e FRANCISCO DEUSMAR DE
QUEIRÓS, apontando como autoridade coatora o Juízo da 11ª Vara Federal do Ceará, objetivando o
redimensionamento das penas impostas nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, ainda
pendente de julgamento de recurso perante o STJ (EDcl no EDcl no AgRg no REsp 1.449.193/CE).
Alegam os impetrantes: 1) em sede de apelação, houve reforma parcial da sentença, mantendo-se a
condenação dos pacientes pela prática do crime previsto no art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86, reduzindo-se as
penas impostas no 1º Grau ( FRANCISCO DEUSMAR - 9 anos e 2 meses de reclusão; IELTON,
GERALDO e JERÔNIMO - 5 anos de reclusão ); 2) há grave constrangimento ilegal no tocante à
dosimetria da pena, praticado pela sentença e jamais analisado por este TRF5 ou pelo STJ; 3) a sentença
deixou de aplicar a atenuante da confissão espontânea (art. 25, § 2º, da Lei nº 7.492/86), além de ter
incorrido em odioso bis in idem no tocante à habitualidade delitiva e, por fim, aplicou pena mais gravosa
apenas ao paciente FRANCISCO DEUSMAR, sem diferenciar, com elementos concretos, sua situação; 4)
o voto condutor do recurso de apelação se limitou a discutir a ausência de individualização da pena e a
valoração negativa da culpabilidade dos réus; e, em sede de julgamento de embargos de declaração,
analisou a legalidade da fração (2/3) de aumento utilizada pela sentença em razão da continuidade
delitiva; 5) é cabível o uso do Habeas Corpus em razão da existência de flagrante ilegalidade; 6) a
sentença se socorreu das declarações prestadas pelos pacientes ( na Polícia e em Juízo ) para justificar
suas condenações, sendo-lhes devida, portanto, a atenuação da confissão espontânea, nos termos da
Súmula nº 545 do STJ; 7) o crime do art. 7º, IV, da Lei nº 7.492/86 possui como elementar do tipo a
habitualidade delitiva, não admitindo, portanto, o aumento da pena em razão da continuidade delitiva, nos
termos do art. 71 do CP; 8) a sentença utilizou a habitualidade como fundamento para considerar negativa
as circunstâncias do crime, não podendo se valer deste mesmo critério para, na terceira fase da aplicação
da pena, utilizar a continuidade delitiva como fator de aumento de pena; 9) inexistiu fundamentação
idônea para fixar a pena de FRANCISCO DEUSMAR em patamar muito superior aos corréus (id.
11789459, fls. 02/23).

Relatei, decido.

1/2
Ab initio , verifico que as razões aqui deduzidas não foram analisadas pelo TRF5 em grau de apelação,
não integrando também as razões da defesa dos recursos apresentados perante o STJ, onde hoje tramita a
Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100. Desse modo, compete a este Tribunal processar e julgar este
writ , destacando-se que, conforme pacífica jurisprudência do STJ, não cabe Habeas Corpus substitutivo
do recurso legalmente previsto para a hipótese, prestigiando o sistema recursal e impondo o não
conhecimento da impetração, salvo, contudo, quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no
ato judicial impugnado [1] .

Portanto, cumpre examinar se o não enfrentamento das questões ora apresentadas pela defesa, todas
relacionadas à dosimetria das penas impostas aos pacientes, configura flagrante ilegalidade a ensejar a
modificação do julgado.

Nesta fase de cognição sumária, em que se pretende provimento liminar, tenho que é inviável o exame
das teses apresentadas pelos impetrantes, porque exigem exame detalhado e rigoroso das provas
constantes dos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100, o que será feito, amiúde, quando de
seu julgamento pelo órgão turmário.

Além disso, não me parece presente, neste azo, o requisito do perigo da demora, porque inexiste risco
eminente das penas serem executadas. Afinal, a decisão condenatória, proferida na Ação Penal nº
0012628-43.2010.4.05.8100, ainda não transitou em julgado. E, mesmo que se pretenda executá-la
provisoriamente, tem-se que, nos autos do HC nº 0802530-35.2018.4.05.0000, apreciado em 28/06/2018,
a Primeira Turma deste Tribunal concedeu parcialmente a ordem em favor de FRANCISCO DEUSMAR,
suspendendo aludida execução até o julgamento final, pelo STJ, do Pedido de Tutela Provisória nº 38 no
REsp nº 1.449.193/CE, com a extensão da ordem aos corréus IELTON, GERALDO e JERÔNIMO.
Portanto, enquanto não transitada em julgado a decisão proferida naquele pedido de Tutela Provisória
perante o STJ, inexiste risco que voltar a correr as Execuções Provisórias propostas em face dos
pacientes.

Neste contexto, sem prejuízo de reexame em razão de fato novo, impõe-se o indeferimento do pedido
liminar, anotando-se que, como se trata de ação de rito célere, inclusive sendo dispensada a inclusão em
pauta de julgamento, o feito, depois de regularmente processado, será apreciado pelo Órgão Colegiado,
oportunidade em que as teses defensivas poderão ser exaustivamente analisadas.

Assim, indefiro o pedido liminar.

Intime-se a defesa acerca do teor desta decisão, bem como para que traga aos autos, no prazo de 5 (cinco)
dias, o Termo de Acusação CVM/SP nº 2008-40 e o Termo de Compromisso de fls. 302/304 (autos
principais, Volume III), ambos citados na denúncia e na sentença, bem como as atas de audiência dos
interrogatórios dos pacientes prestados na Polícia e em Juízo.

Oficie-se ao Juízo originário, para prestar as informações de estilo, no prazo de cinco (05) dias.

Depois, sigam os autos com vista ao MPF, para o necessário parecer.

Recife, 09 de agosto de 2018.

[1] HC 442.865/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 21/06/2018, DJe
28/06/2018.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
ENEIDE FONTES RIBEIRO DE ALBUQUERQUE - Diretor de Secretaria
18081514543193500000012026928
Data e hora da assinatura: 15/08/2018 14:55:49
Identificador: 4050000.12047173
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 18/08/2018 23:59, o(a) Sr(a) Marcelo Leal de Lima Oliveira foi intimado(a) acerca
de Decisão registrado em 09/08/2018 13:55 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18080917420068500000011964362 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 19/08/2018 00:00 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 19/08/2018 00:00:55
Identificador: 4050000.12091702

2/2
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO

EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL RELATOR DESSA COLENDA


TURMA DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 22/08/2018 16:35. Para verificar a assinatura acesse
Ref. Processo nº 0811322-75.2018.4.05.0000
Classe : Habeas corpus
Impte : Marcelo Leal de Lima Oliveira
Pacte : Ielton Barreto de Oliveira, Francisco Deusmar de Queiros e
Jeronimo Alves Bezerra
Impdo : Juízo da 11ª VF da SJ/CE (Fortaleza)
Relator : Desembargador Federal Francisco Roberto Machado – 1ª
Turma

Parecer nº 15.235/2018

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FJAF 283
PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. DOSIMETRIA.
APELAÇÃO CRIMINAL CONHECIDA. EFEITO SUBSTITUTIVO
DO RECURSO. ACÓRDÃO CONDENATÓRIO.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (1ª FASE DA DOSIMETRIA DA
PENA) DEVIDAMENTE FUNDAMENTADAS. “CULPABILIDADE
EXTREMAMENTE ELEVADA”. CORRETA
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA. INEXISTÊNCIA DE “BIS IN
IDEM”. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. INEXISTÊNCIA.
AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE NOVA
REVISÃO
1. Não se conhece de habeas corpus impetrado contra sentença
que já foi objeto de apelação conhecida, ainda mais para
rediscutir a dosimetria da pena. O acórdão substitui a decisão
de primeiro grau, cujo prolator deixa de ser autoridade
apontada como coatora no que diz respeito à condenação,
ainda, não transitada em julgado.
2. Tem direito à atenuante do art. 65, III, “d”, do CP, quem
confessa a conduta delituosa, não quem narra, parcialmente,
os fatos, defendo sua legalidade. Confissão é o ato de
reconhecer a autoria do crime.
3. O crime do art. 7º, IV, da Lei 7.429/92 é instantâneo e não
habitual. Possibilidade de a habitualidade ser sopesada
negativamente e de o agente praticá-lo em continuidade delitiva
(art. 71, do CP).
4. A culpabilidade e as demais circunstâncias judiciais foram
adequadamente valoradas na sentença e no acórdão que a
substituiu.
5. Parecer, preliminarmente, pelo não conhecimento do writ; no
mérito, pela denegação da ordem.

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I. Relatório

Cuida-se de habeas corpus impetrado em favor de IELTON

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 22/08/2018 16:35. Para verificar a assinatura acesse
BARRETO DE OLIVEIRA, FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS e
JERONIMO ALVES BEZERRA contra a fixação da pena imposta na
sentença. Aduz ter havido bis in idem na dosimetria com relação à
“habitualidade delitiva”, inadequada individualização e omissão no
reconhecimento da atenuante da confissão espontânea (art. 65, III,
“d”, do Código Penal).

2. Afirma que nem esse Egrégio Tribunal Regional Federal da

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5ª Região (TRF5) nem o Egrégio Superior Tribunal de Justiça (STJ)
apreciaram essa suposta ilegalidade na sentença. Assim, pugna por
sua reforma.

3. Liminar indeferida (Id. 4050000.119813).

4. É o que importa relatar, passo à análise.

II. Fundamentação

II.1. Não cabimento de habeas corpus contra capítulo de


sentença, cuja apelação foi conhecida e julgada pelo Tribunal

5. Primeiramente, cumpre destacar o não cabimento de


habeas corpus para rediscutir capítulo de sentença penal
condenatória não transitada em julgado e que foi objeto de apelação,
cujo mérito já foi apreciado pela Corte Regional. Por certo, o habeas
corpus não pode ser convertido em uma “segunda apelação”,
sobretudo para repisar o foi discutido no processo, in casu, a
dosimetria da pena.

6. Com a devida vênia, o impetrante e o paciente tiveram

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oportunidade de, na apelação, apresentar todas as teses de defesa e


de opor embargos de declaração contra o acórdão se, por acaso,

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incorresse em alguma omissão. Nessa hipótese, se persistisse o vício,
caberia recurso especial por ofensa ao art. 619, do CPP.

7. O que não se pode é fracionar a discussão da sentença


segundo a conveniência estratégia do réu. O sistema processual,
inclusive penal, é preclusivo. Toda a matéria é discutida, no primeiro
grau, onde são produzidas todas as provas; proferida a sentença, é
facultado a parte atacar todos os seus fundamentos, mediante
apelação.

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8. Na segunda instância, por sua vez, o apelante tem
oportunidade de ter suas teses rediscutidas e as provas valoradas
novamente. Proferido acórdão, eventualmente, com alguma
ilegalidade ou inconstitucionalidade, poderá a parte interpor,
respectivamente, recurso especial e extraordinário.

9. Se, ainda assim, transitar em julgado acórdão contrário ao


texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; se fundar em
depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; ou, se
novas provas em seu favor forem descobertas, poderá fazer uso da
revisão criminal.

10. Porém, não se pode converter o habeas corpus nem em


uma “segunda apelação” muito menos em uma “revisão criminal
antecipada”.

11. Com a devida vênia, busca-se com o presente writ


eternizar-se uma discussão e postergar-se ao máximo o trânsito em
julgado de uma condenação já inevitável.

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12. Essa intenção evidencia-se, ainda, pelo fato de que, no


presente writ suscita-se argumentos que, também, foram

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apresentados no recurso especial interposto pela defesa. Nele, alegou-
se:

a) Violação aos arts. 59 e 68 do CP – falta de individualização das


penas (nesse ponto, suscita também cabimento pela alínea “c” do
inciso III do art. 105 da CF/88, com base em precedentes do STJ):
falta de fundamentação para a atribuição de “culpabilidade elevada”
aos apelantes, resultando em pena-base superior ao mínimo legal;
utilização da “plena e elevada consciência da antijuricidade dos atos”
para elevar a pena-base;
b) Violação ao art. 71 do CP – impossibilidade de aplicação do

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aumento máximo pela continuidade delitiva (quantidade de supostos
crimes não demonstrada).

13. Apenas não se falou no recurso especial em “confissão


espontânea” porque esta nunca aconteceu e se trata de mera
inovação na retórica de defesa. Nessa nova oportunidade, lança mão
do habeas corpus com o fim ressuscitar argumentos defesas que ou já
foram afastados ou são inaplicáveis ao caso.

14. Logo, não deve ser conhecido o presente remédio


constitucional.

II.2. Incompetência do TRF para julgar habeas corpus impetrado


contra condenação proferida ou confirmada pela própria Corte

15. Sem dúvida, não se pode olvidar o efeito substitutivo da


apelação, quando é conhecida, pois seu acórdão de mérito substitui a
sentença apelada. Nesse sentido, vejamos:

PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS DE


DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. 1. INEXISTÊNCIA DE
DEVER DO TRIBUNAL DE REVISAR, NA APELAÇÃO, TODA A
MATÉRIA DESFAVORÁVEL À DEFESA, MESMO SEM PRÉVIO
PEDIDO. 2. AMPLA DEVOLUTIVIDADE DA APELAÇÃO:

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CARACTERÍSTICAS E LIMITES. 3. INEXISTÊNCIA DE SIMILITUDE


ENTRE AS TESES ABORDADAS NOS ACÓRDÃOS COMPARADOS. 4.
DESCABIMENTO DA CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS DE OFÍCIO
EM EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA.

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 22/08/2018 16:35. Para verificar a assinatura acesse
(...)
A ampla devolutividade da apelação deve ser entendida como a
possibilidade de extenso e profundo revolvimento dos elementos
fático-probatórios constantes dos autos, assim como a possibilidade
de reexame ex officio de nulidades insanáveis e flagrantes
ilegalidades ocorridas no processo, por se tratar de matéria de ordem
pública, o que não se equipara a um suposto dever do julgador de
reexaminar, de ofício, toda a parte da condenação desfavorável ao
réu. Esta Corte tem entendido que a extensão da devolutividade da
apelação encontra limites nas razões do recorrente. Precedentes: HC
315.867/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado

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em 01/09/2015, DJe 09/09/2015; HC 280.672/RS, Rel. Ministra
LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 21/08/2014, DJe
02/09/2014; HC 214.606/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 18/09/2012, DJe 03/10/2012; AgRg no HC
211.243/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA
TURMA, julgado em 15/12/2011, DJe 06/02/2012.
A atuação ex officio do julgador em favor da defesa pressupõe a
verificação, de plano, pelo Relator, de flagrante nulidade, ilegalidade
ou constrangimento ilegal indevidamente imposto ao réu.
No entanto, a verificação da existência de continuidade delitiva não
constitui uma dessas situações aferíveis de plano, posto que
demanda a análise de requisitos subjetivos relacionados a cada um
dos delitos praticados, além é claro do exame do contexto em que
cada um deles teve lugar, de modo a possibilitar a sua devida
qualificação como continuidade delitiva ou reiteração criminosa.
Não há que se confundir a característica da ampla devolutividade da
apelação com o princípio expresso nos aforismos Iura novit curia e Da
mihi factum, dabo tibi jus, segundo os quais se presume que o juiz
conhece a lei adequada para aplicação no caso concreto, o que lhe
permite solucionar o caso valendo-se de fundamentação legal diversa
da apontada pelas partes no processo, desde que atento ao princípio
do livre convencimento motivado e aos limites da questão que foi
devolvida ao seu conhecimento. A obrigatoriedade da manifestação
do tribunal sobre determinado tema não aventado previamente pela
defesa decorre do fato de que a matéria é de ordem pública, e não da
característica da ampla devolutividade da apelação, até porque tal
ampla devolutividade não traz consigo o poder de adivinhar o que o
réu não pleiteou e nem tampouco de se sobrepor a seu pedido. Se

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assim fosse, não existiriam hipóteses de julgamento ultra ou extra


petita. Precedente: HC 322.909/PE, Rel. Ministra MARIA THEREZA
DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 20/10/2015, DJe
06/11/2015.

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 22/08/2018 16:35. Para verificar a assinatura acesse
Ainda que o recorrente aponte como ato coator uma decisão do
Tribunal de Justiça de Roraima, o fato de ter sido a decisão do
tribunal a quo mantida por órgão fracionário desta Corte alça
a Turma deste Tribunal à condição de novo órgão coator, em
face do efeito substitutivo do julgamento de mérito.
A concessão de habeas corpus de ofício, no bojo de embargos de
divergência, encontra óbice tanto no fato de que nem o Relator tem
autoridade para, em decisão monocrática, conceder ordem que, na
prática, desconstituiria o resultado de acórdão proferido por outra
Turma julgadora, como tampouco a Seção detém competência
constitucional para conceder habeas corpus contra acórdão de Turma

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do próprio tribunal. Precedentes.
Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg nos EREsp 1533480/RR, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/03/2017, DJe
11/04/2017)

16. A conclusão lógica a partir daí é que o juízo de primeiro


grau deixa de ser autoridade coatora no tocante a alegados vícios na
condenação.

17. Por certo, se existe alguma ilegalidade flagrante na


condenação, órgão coator seria o último que proferiu decisão de
mérito, ou seja, esse Egrégio Tribunal, o que afasta sua competência
para processar e julgar o presente writ, nos termos do art. 105, I, “c”,
c/c art. 108, I, “d”, ambos da CRFB/88, in verbis:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


I - processar e julgar, originariamente:
(...)
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das
pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for
tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou

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Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada


a competência da Justiça Eleitoral;
(…)

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Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz
federal;

18. Destaque-se, assim, que, se há ilegalidade flagrante no


acórdão condenatório proferido por essa Colenda Turma desse

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Egrégio TRF, o órgão competente para apreciar eventual habeas
corpus é o Superior Tribunal de Justiça.

19. De todo modo, ainda que fosse cabível o habeas corpus


para o fim colimado pelo impetrante, o órgão competente para
apreciá-lo não seria essa Colenda Turma desse Egrégio TRF, mas o
STJ.

II.3. Ausência de ilegalidade flagrante na condenação dos


pacientes

20. De todo modo, ainda que o presente habeas corpus fosse


cabível e ainda que essa Colenda Corte Regional fosse competente
para apreciá-lo, a ordem deveria ser denegada por ausência de
ilegalidade flagrante no acórdão que manteve a condenação dos
pacientes.

21. É estreme de dúvidas que a ampla devolutividade da


apelação permite o reexame ex officio de nulidades insanáveis e
flagrantes ilegalidades ocorridas no processo. Porém, conforme já
decidiu o STJ, a “a extensão da devolutividade da apelação encontra

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limites nas razões do recorrente” e não está entre os temas aferíveis


de ofício as circunstâncias que demandam valorações subjetivas

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relacionadas ao delito ou à pena. Nesse sentido:

PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS DE


DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. 1. INEXISTÊNCIA DE
DEVER DO TRIBUNAL DE REVISAR, NA APELAÇÃO, TODA A
MATÉRIA DESFAVORÁVEL À DEFESA, MESMO SEM PRÉVIO
PEDIDO. 2. AMPLA DEVOLUTIVIDADE DA APELAÇÃO:
CARACTERÍSTICAS E LIMITES. 3. INEXISTÊNCIA DE SIMILITUDE
ENTRE AS TESES ABORDADAS NOS ACÓRDÃOS COMPARADOS. 4.
DESCABIMENTO DA CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS DE OFÍCIO
EM EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA.
(...)

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave B764A690.6CAEA4F4.736A738C.8152E6C5


A ampla devolutividade da apelação deve ser entendida como a
possibilidade de extenso e profundo revolvimento dos elementos
fático-probatórios constantes dos autos, assim como a possibilidade
de reexame ex officio de nulidades insanáveis e flagrantes
ilegalidades ocorridas no processo, por se tratar de matéria de ordem
pública, o que não se equipara a um suposto dever do julgador de
reexaminar, de ofício, toda a parte da condenação desfavorável ao
réu. Esta Corte tem entendido que a extensão da devolutividade da
apelação encontra limites nas razões do recorrente. Precedentes: HC
315.867/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado
em 01/09/2015, DJe 09/09/2015; HC 280.672/RS, Rel. Ministra
LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 21/08/2014, DJe
02/09/2014; HC 214.606/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 18/09/2012, DJe 03/10/2012; AgRg no HC
211.243/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA
TURMA, julgado em 15/12/2011, DJe 06/02/2012.
A atuação ex officio do julgador em favor da defesa pressupõe
a verificação, de plano, pelo Relator, de flagrante nulidade,
ilegalidade ou constrangimento ilegal indevidamente imposto
ao réu.
No entanto, a verificação da existência de continuidade
delitiva não constitui uma dessas situações aferíveis de plano,
posto que demanda a análise de requisitos subjetivos
relacionados a cada um dos delitos praticados, além é claro
do exame do contexto em que cada um deles teve lugar, de
modo a possibilitar a sua devida qualificação como
continuidade delitiva ou reiteração criminosa.
Não há que se confundir a característica da ampla

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devolutividade da apelação com o princípio expresso nos


aforismos Iura novit curia e Da mihi factum, dabo tibi jus,
segundo os quais se presume que o juiz conhece a lei adequada
para aplicação no caso concreto, o que lhe permite solucionar

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o caso valendo-se de fundamentação legal diversa da
apontada pelas partes no processo, desde que atento ao
princípio do livre convencimento motivado e aos limites da
questão que foi devolvida ao seu conhecimento. A
obrigatoriedade da manifestação do tribunal sobre
determinado tema não aventado previamente pela defesa
decorre do fato de que a matéria é de ordem pública, e não da
característica da ampla devolutividade da apelação, até
porque tal ampla devolutividade não traz consigo o poder de
adivinhar o que o réu não pleiteou e nem tampouco de se
sobrepor a seu pedido. Se assim fosse, não existiriam
hipóteses de julgamento ultra ou extra petita. Precedente: HC

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322.909/PE, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, julgado em 20/10/2015, DJe 06/11/2015.
Ainda que o recorrente aponte como ato coator uma decisão do
Tribunal de Justiça de Roraima, o fato de ter sido a decisão do
tribunal a quo mantida por órgão fracionário desta Corte alça a
Turma deste Tribunal à condição de novo órgão coator, em face do
efeito substitutivo do julgamento de mérito.
A concessão de habeas corpus de ofício, no bojo de embargos de
divergência, encontra óbice tanto no fato de que nem o Relator tem
autoridade para, em decisão monocrática, conceder ordem que, na
prática, desconstituiria o resultado de acórdão proferido por outra
Turma julgadora, como tampouco a Seção detém competência
constitucional para conceder habeas corpus contra acórdão de Turma
do próprio tribunal. Precedentes.
Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg nos EREsp 1533480/RR, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/03/2017, DJe
11/04/2017)

22. Por certo, demandam revalorações subjetivas analisar se


as alegações de defesa do paciente consistiram em alguma confissão
ou se a fundamentação das circunstâncias judiciais foi adequada
para justificar a pena imposta.

23. O mesmo pode-se dizer sobre a natureza do crime do art.

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7º, IV, da Lei 7.429/92, verbis:

Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou

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valores mobiliários:
(…)
IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando
legalmente exigida:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

24. Ao contrário do que sustenta o impetrante, não se trata de


crime habitual. Cuida-se de crime comum, instantâneo, formal,
plurissubsistente e que pode, portanto, se consumar com a

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negociação de um único título ou valor mobiliário. Nesse sentido:

O delito se consuma com a emissão, o oferecimento ou a negociação


do título ou valor mobiliário (delito de mera atividade e de perigo
abstrato). Em tese, não se admite a tentativa, nas duas primeiras
modalidades, salvo se possível o fracionamento do iter criminis. Na
última modalidade, é admissível a tentativa1.

Trata-se de crime comum (...), formal (não exigência de produção


material de resultado, consumando-se com a própria ação), de forma
vinculada (somente pode ser cometido violando as regras destacadas
nos incisos do dispositivo legal, por violar formalidades necessárias
para emissão, oferecimento ou negociação de títulos ou valores
mobiliários), comissivo (o comportamento descrito no tipo implica a
realização de uma conduta ativa, pois a norma penal tipificadora é
proibitiva e não mandamental), instantâneo (a consumação ocorre em
momento determinado, não havendo um distanciamento temporal
entre a ação e o resultado), unissubjetivo (pode ser praticado por
alguém, individualmente, admitindo, contudo, coautoria e
participação), unissubsistente nas modalidades emitir e oferecer
(crime em ato único), e plurissubsistente, na modalidade negociar (a
ação criminosa pode ser desdobrada em vários atos, admitindo,
nessa forma, a tentativa)2.

1 PRADO, Luis Regis. Direito Penal Econômico, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016, versão digital.
2 BITENCOURT, Cezar Roberto. Crimes contra o sistema financeiro nacional e contra
o mercado de capitais. São Paulo: Saraiva, 2014, versão digital.

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25. Logo, a habitualidade da conduta deve ser sopesada


negativamente na dosimetria da pena. Nesse capítulo da sentença,

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que mantido pelo acórdão que a substituiu, inexiste ilegalidade,
muito menos flagrante que autorize sua revisão pela via estreita do
habeas corpus. Vejamos, com relação à primeira fase da dosimetria
da pena, o seguinte excerto da sentença mantida pelo acórdão dessa
Colenda Corte Regional:

69. No que se refere ao réu FRANCISCO DEUSMAR QUEIROZ, e,


tendo em mente as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do
Código Penal, destaco inicialmente que a culpabilidade é
extremamente elevada. Diante da natureza da atividade

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empresarial exercida pelo condenado, é inegável que tinha ele
plena e elevada consciência da antijuridicidade dos seus atos;
aliás, o conhecimento que tinha do funcionamento do sistema
financeiro e empresarial foi justamente utilizado para a
construção de eficazes instrumentos voltados a burlar a
fiscalização dos órgãos estatais. Também devem ser
consideradas as circunstâncias dos delitos, pois, na qualidade de
sócio-gerente da RENDA, praticou de forma habitual, organizada e
irregularmente a atividade de mediação ou corretagem de valores
mobiliários ao adquirir ações de companhias telefônicas por meio de
negociações privadas para, em seguida, aliená-las em bolsa de
valores, bem como adquirir fora de bolsa e com significativo deságio
ações de emissão do Banco do Estado do Ceará (BEC). Além disso,
como dirigente da PAX, permitiu o exercício das atividades de
mediação ou corretagem por pessoas não autorizadas pela CVM,
utilizando e contratando pessoas não integrantes do sistema de
distribuição de valores mobiliários, conforme amplamente
demonstrado nesta sentença, sendo tudo praticado de forma
simulada. Nessa senda, as consequências do crime também devem
ser destacadas, visto que a intermediação irregular de valores
mobiliários com a utilização das mencionadas empresas comandadas
pelo réu, gerou um lucro de cerca de dois milhões e oitocentos e
quarenta mil reais, no período de 2000 a 2005, atingindo de forma
expressiva a confiabilidade e a transparência do mercado de valores
mobiliários como um todo. Tais fatores, de acordo com o disposto no
art. 59 do Código Penal, ensejam a aplicação da pena provativa de
liberdade e multa além do mínimo cominado.

26. Merece, igualmente, destaque o seguinte excerto do voto

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do Excelentíssimo Desembargador Federal, hoje, Ministro do STJ,


Marcelo Navarro Ribeiro Dantas:

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Por fim, como pedido subsidiário, a defesa pugna pela nulidade
da sentença, aduzindo que não houve individualização efetiva da
pena, uma vez que o exame das circunstâncias judiciais teria sido
idêntico para todos os acusados.
Não assiste razão à defesa. Da leitura da sentença, constato que
o douto magistrado adotou corretamente critérios para a fixação da
reprimenda, em observância ao sistema trifásico, examinando
separadamente para cada acusado as circunstâncias judiciais,
atenuantes e agravantes e causas de diminuição e de aumento.
O fato de a avaliação de algumas circunstâncias judiciais
mostrarem-se desfavoráveis para mais de um réu não pressupõe

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ausência de individualização da conduta, mas tão somente que, por
terem agido em conluio, comungaram de mesmos objetivos e
compartilharam os fins atingidos com a conduta, o que indica, ao
menos a princípio, por exemplo, não seria diversa apenas porque
diferentes os réus.
Além da suposta nulidade, a defesa postula a redução da pena
ase sob a tese de que o juiz interpretou desfavoravelmente aos réus
determinadas circunstâncias judiciais de forma errônea. A primeira
das controvérsias diz respeito à culpabilidade.
Neste tocante, o magistrado considerou a culpabilidade do réu
Francisco Deusmar Queiroz como extremamente elevada e a dos
demais réus como elevada. E, de fato, é a esta conclusão a que se
chega quando observado o modo como o crime foi praticado.
Aqui, registre-se, não se trata de sopesar a culpabilidade
enquanto dolo ou culpa, tendo em vista que esses elementos fazem
parte da tipicidade e sem tipicidade sequer haveria crime. Ao trazer a
circunstância da culpabilidade, o art. 59 do CP refere-se ao modo
como o crime foi praticado, ou seja, a censurabilidade da conduta
típica. Se toda conduta típica já pressupõe censurabilidade, na
primeira fase da dosimetria convém observar as particularidades da
execução do crime que justifiquem a desfavorabilidade da
circunstância judicial da culpabilidade, como por exemplo, a
premeditação e o planejamento do delito.
Nesta ação penal, a maneira como os apelantes
executaram o delito, a organização, o planejamento e a
estratégia, nos fornecem elementos concretos que demonstram
a elevada reprovabilidade da conduta delituosa perpetrada
pelos agentes, a justificar a valoração negativa da

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culpabilidade.
No apelo, argumenta-se ainda que o juiz majorou a pena-base
com base na “plena e elevada consciência de antijuridicidade dos

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atos”. Apesar desse fundamento não ser elemento que justifique
aumento da penabase, por ser a antijuridicidade elemento essencial
ao crime, percebe-se que o julgador menciona este fundamento, mas o
que pesa em desfavor do réu é a culpabilidade que, pelos argumentos
acima expostos, deve mesmo ser avaliada negativamente.

27. Contra esse acórdão foram opostos embargos de


declaração pela defesa que, na oportunidade, arguiu omissões quanto
à análise da individualização das condutas dos réus e quanto à
continuidade delitiva. Deu-se provimento aos embargos para sanar a

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omissão quanto à incidência do art. 71, do CP. Nessa toada,
transcrevo o seguinte excerto do voto do Relator:

A defesa aduz ter havido omissão relativamente aos tópicos da


imprescindibilidade de individuação das condutas dos réus na
denúncia; da tese de atipicidade da conduta; da deficiência da prova
da materialidade delitiva, bem como quanto aos tópicos da “ausência
de elementos que indiquem fatos criminosos concretos”e “ausência de
provas da autoria”e, finalmente, no tocante à dosimetria.
Ocorre que, excetuando o questionamento do aumento da pena
pela continuidade delitiva, tais matérias foram devidamente
analisadas no acórdão, denotando os presentes embargos tão
somente o inconformismo do recorrente com o teor da decisão, com o
fito de ser reapreciado o mérito do recurso apelatório.
Reconhecida a omissão quanto à incidência do art. 71, do CP,
passemos a aclarar a matéria.
Com referência às fls. 495/496, o embargante sustenta a
impossibilidade de aplicação do aumento máximo da pena em razão
da continuidade delitiva, uma vez que a sentença não fundamenta o
aumento com base no número de crimes, o qual sequer é mencionado.
Compulsando a sentença, contudo, percebe-se que o julgador
não incorreu em erro, pois adotou o número de crimes como
parâmetro para a incidência da fração da continuidade delitiva, como
se conclui da leitura da fl. 339 da sentença –“a RENDA negociou
ações habitualmente em mercados organizados (Bovespa e Soma)
entre 2000 e 2005. Por exemplo, no ano 2000, ela realizou cerca de 5

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(cinco) operações de venda de ações por mês e nos anos 2001 e 2004,
a média mensal foi de 4 (quatro). Essas médias, no entanto, não
refletem o vigor com que a RENDA, por intermédio da PAX, praticou a
atividade de intermediação irregular de ações (“garimpagem”) - e às

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fls. 345 - “ademais, cabe lembrar que, no caso dos autos, somente no
ano de 2001 foram realizadas cerca de 4000 (quatro) mil
transferências de ações a crédito da RENDA”.
Diante dessa reiteração, afasta-se a tese de impossibilidade de
aplicação da fração máxima prevista no art. 71 do CP, pois o elevado
número de crimes justifica tal incidência.

28. Por fim, a alegada “confissão espontânea” dos pacientes


não foi considerada para atenuar a pena de cada qual, simplesmente,

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porque não houve confissão. Por certo, tem direito à atenuante do art.
65, III, “d”, do CP, quem confessa a conduta delituosa, não quem
narra, parcialmente, os fatos, defendo sua legalidade. Confissão é o
ato de reconhecer a autoria do crime, conforme a doutrina:

Confessar, no âmbito do processo penal, é admitir contra si por quem


seja suspeito ou acusado de um crime, tendo pleno discernimento,
voluntária, expressa e pessoalmente, diante da autoridade
competente, em ato solene e público, reduzido a termo, a prática de
algum fato criminoso.
(…)
Por outro lado, não se aceita a atenuante da confissão se for
realizada a admissão da culpa apenas com o intuito de obter
reconhecimento de alguma excludente de ilicitude ou culpabilidade
(confissão qualificada)3.

29. No caso presente, não existiu a menor confissão de culpa


por parte de nenhum dos pacientes, muito menos de FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIRÓS. Isso fica evidente com mera leitura da
sentença, da qual colho os seguintes excertos:

46. Em juízo, FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS confirmou ser

3 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização Pena. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense,


2014, p. 237-238

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sócio-fundador das empresas PAX e RENDA, esclarecendo que a


parte operacional das mesmas foi transferida para os corréus
GERALDO DE LIMA GADELHA, Negou, ainda, a existência de
irregularidades nas atividades de tais sociedades empresárias,

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preferindo silenciar em vários questionamentos relacionados à
denúncia, especialmente no que se refere à RENDA, senão vejamos
(fls. 242/244):
(...)
60. No que se refere à afirmação do acusado FRANCISCO DEUSMAR
QUEIRÓS de que a RENDA, na verdade, adquiria ações para
formação de carteira própria, tem que se desprovida de
razoabilidade. (…)

30. Com efeito, não houve nem mesmo a “confissão

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qualificada”, o réu não confessou nada, apenas confirmou ser sócio-
fundador das empresas PAX e RENDA; porém, ser sócio de uma
sociedade empresária não é crime. Em nenhum momento o ora
paciente reconheceu a ilicitude de sua conduta; ao contrário, sempre
buscou justificá-la.

III. Conclusão

31. Ante o exposto, não deve ser conhecido o habeas corpus.


Igualmente, não deve ser concedida de ofício a ordem de habeas
corpus diante da evidente inexistência de ilegalidade.

Recife, 22 de agosto de 2018.

FERNANDO JOSÉ ARAÚJO FERREIRA


Procuradoria Regional da República

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA - Procurador 15/15 18082216355780500000012109885
Data e hora da assinatura: 22/08/2018 16:35:42
Identificador: 4050000.12130240
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 15/15
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO,

DD. RELATOR DO HC Nº 0811322-75.2018.4.05.0000

MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA e TIAGO ASFOR ROCHA , impetrantes do presente


habeas corpus , no qual figuram como Pacientes FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS,
GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES
BEZERRA , todos já qualificados, à presença de Vossa Excelência comparecem para, com fulcro nos
artigos 135 [1] e 137, §1º [2] , do Regimento Interno deste TRF-5, requerer seja o primeiro subscritor
(MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA) cientificado, em tempo hábil, da data de julgamento para que
possa realizar sustentação oral, visto que possui domicílio em estado diverso desta Corte.

Requer, também, que, o presente writ seja levado a julgamento na mesma sessão do Habeas Corpus n°
0802530-35.2018.4.05.0000 uma vez que a alteração da pena fixada para os Pacientes pode levar à
alteração do regime de cumprimento para o aberto, possibilitando, inclusive a aplicação de penas
restritivas de direito.

Termos em que p. deferimento

De Brasília para Recife, 23 de agosto de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira Tiago Asfor Rocha

OAB/DF 21.932 OAB/CE 16.386

1/2
[1] Art. 135. Poderão as partes e o Ministério Público Federal, antes do início da sessão, pedir preferência
para julgamento, requerendo, se for o caso, a sustentação oral.

[2] Art. 137. Não haverá sustentação oral no julgamento de:

(...)

§ 1º. Nos demais julgamentos, o Presidente do Plenário ou da Turma, feito o relatório, dará a palavra,
sucessivamente, ao autor, recorrente ou impetrante, e ao réu, recorrido ou impetrado, para sustentação de
suas alegações.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18082316592739400000012128056
Data e hora da assinatura: 23/08/2018 17:01:55
Identificador: 4050000.12148445
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR FEDERAL ROBERTO MACHADO,
DD. RELATOR DO HC Nº 0811322-75.2018.4.05.0000

MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA e TIAGO ASFOR ROCHA, impetrantes


do presente habeas corpus, no qual figuram como Pacientes FRANCISCO
DEUSMAR DE QUEIRÓS, GERALDO GADELHA FILHO, IELTON BARRETO
DE OLIVEIRA e JERÔNIMO ALVES BEZERRA, todos já qualificados, à
presença de Vossa Excelência comparecem para, com fulcro nos artigos 1351 e
137, §1º2, do Regimento Interno deste TRF-5, requerer seja o primeiro subscritor
(MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA) cientificado, em tempo hábil, da data de
julgamento para que possa realizar sustentação oral, visto que possui domicílio
em estado diverso desta Corte.

Requer, também, que, o presente writ seja levado a julgamento


na mesma sessão do Habeas Corpus n° 0802530-35.2018.4.05.0000 uma vez
que a alteração da pena fixada para os Pacientes pode levar à alteração do

1 Art. 135. Poderão as partes e o Ministério Público Federal, antes do início da sessão, pedir
preferência para julgamento, requerendo, se for o caso, a sustentação oral.
2 Art. 137. Não haverá sustentação oral no julgamento de:

(...)
§ 1º. Nos demais julgamentos, o Presidente do Plenário ou da Turma, feito o relatório, dará a
palavra, sucessivamente, ao autor, recorrente ou impetrante, e ao réu, recorrido ou impetrado,
para sustentação de suas alegações.

1/2
regime de cumprimento para o aberto, possibilitando, inclusive a aplicação de
penas restritivas de direito.

Termos em que p. deferimento


De Brasília para Recife, 23 de agosto de 2018.

Marcelo Leal de Lima Oliveira Tiago Asfor Rocha


OAB/DF 21.932 OAB/CE 16.386

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
Marcelo Leal de Lima Oliveira - Advogado
18082317012593200000012128061
Data e hora da assinatura: 23/08/2018 17:01:55
Identificador: 4050000.12148450
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 2/2
PROCESSO Nº: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
PACIENTE: GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: JERONIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
IMPETRADO: JUÍZO DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Vistos etc.

É firme a jurisprudência do STJ sobre a necessidade de intimação sobre a data de julgamento do Habeas
Corpus quando houver pedido expresso, sob pena de nulidade, em razão do cerceamento do direito de
defesa [1] .

Além disso, é certo que este writ e o Habeas Corpus nº 0802530-35.2018.4.05.0000 ( aguardando
apreciação de Embargos de Declaração, pautados para 30/08/2018 ) cuidam de aspectos decorrentes de
condenação nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100.

Assim, d efiro o pedido de id. 12148450 , determinando a inclusão em pauta do presente writ , bem
como a reinclusão em pauta do Habeas Corpus nº 0802530-35.2018.4.05.0000, de modo que as duas
ações sejam apreciadas na mesma sessão da Primeira Turma deste Tribunal.

Intimem-se.

Recife, 23 de agosto de 2018.

[1] RHC 99.166/PB, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 26/06/2018, DJe
01/08/2018; RHC 94.147/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 12/06/2018, DJe 22/06/2018.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FRANCISCO ROBERTO MACHADO - Magistrado
18082317162275300000012128164
Data e hora da assinatura: 23/08/2018 18:09:52
Identificador: 4050000.12148553
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PROCESSO Nº: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
PACIENTE: GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: JERONIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: Anastacio Jorge Matos De Sousa Marinho
ADVOGADO: Tiago Asfor Rocha Lima
ADVOGADO: Caio Cesar Vieira Rocha
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
IMPETRADO: JUÍZO DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

DECISÃO

Vistos etc.

É firme a jurisprudência do STJ sobre a necessidade de intimação sobre a data de julgamento do Habeas
Corpus quando houver pedido expresso, sob pena de nulidade, em razão do cerceamento do direito de
defesa [1] .

Além disso, é certo que este writ e o Habeas Corpus nº 0802530-35.2018.4.05.0000 ( aguardando
apreciação de Embargos de Declaração, pautados para 30/08/2018 ) cuidam de aspectos decorrentes de
condenação nos autos da Ação Penal nº 0012628-43.2010.4.05.8100.

Assim, d efiro o pedido de id. 12148450 , determinando a inclusão em pauta do presente writ , bem
como a reinclusão em pauta do Habeas Corpus nº 0802530-35.2018.4.05.0000, de modo que as duas
ações sejam apreciadas na mesma sessão da Primeira Turma deste Tribunal.

Intimem-se.

Recife, 23 de agosto de 2018.

[1] RHC 99.166/PB, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 26/06/2018, DJe
01/08/2018; RHC 94.147/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 12/06/2018, DJe 22/06/2018.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
ENEIDE FONTES RIBEIRO DE ALBUQUERQUE - Diretor de Secretaria
18082318595510700000012131404
Data e hora da assinatura: 23/08/2018 19:05:58
Identificador: 4050000.12151803
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 23/08/2018 23:59, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Decisão registrado em 09/08/2018 13:55 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18081418463456600000012013316 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 24/08/2018 00:00 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 24/08/2018 00:00:11
Identificador: 4050000.12155578

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 24/08/2018 10:42, o(a) Sr(a) Marcelo Leal de Lima Oliveira foi intimado(a) acerca
de Decisão registrado em 23/08/2018 18:09 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18082318595510700000012131404 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 24/08/2018 10:42 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 24/08/2018 10:42:47
Identificador: 4050000.12157253

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 24/08/2018 17:11, o(a) Sr(a) IELTON BARRETO DE OLIVEIRA foi intimado(a)
acerca de Decisão registrado em 23/08/2018 18:09 nos autos judiciais eletrônicos especificados na
epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18082318595510700000012131404 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 24/08/2018 17:11 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 24/08/2018 17:11:03
Identificador: 4050000.12163003

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 24/08/2018 23:59, o(a) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL foi intimado(a) acerca
de Decisão registrado em 09/08/2018 13:55 nos autos judiciais eletrônicos especificados na epígrafe.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18081514543193500000012026928 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 25/08/2018 00:00 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 25/08/2018 00:00:27
Identificador: 4050000.12173834

2/2
PRR5ª REGIÃO-MANIFESTAÇÃO-15442/2018

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PRR/5ª REGIÃO - RECIFE

HABEAS CORPUS 08113227520184050000/CE

Documento assinado via Token digitalmente por FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA, em 28/08/2018 11:19. Para verificar a assinatura acesse
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO, IELTON BARRETO DE OLIVEIRA,
FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIRÓS, JERÔNIMO ALVES BEZERRA,
IMPETRADO: JUÍZO DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR: DES. FED. FRANCISCO ROBERTO MACHADO

O Ministério Público Federal manifesta-se ciente da decisão que determinou a


inclusão em pauta do presente writ e a reinclusão do Habeas Corpus nº 0802530-
35.2018.4.05.0000 para ambos serem julgados na mesma sessão.

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 5CB1E0DA.DCBB6C2F.2F46DF45.E118C743


.

Processo: Avenida Frei Matias Teves, Nº 65, Paissandú - Cep 50070450 - Recife-PE Prr5-cooradm@mpf.mp.br (81)21219800
0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
FERNANDO JOSE ARAUJO FERREIRA - Procurador
18082811203397600000012173777
Data e hora da assinatura: 28/08/2018 11:19:51
Identificador: 4050000.12194248 Pág. 1 de 1
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
PROCESSO Nº: 0811322-75.2018.4.05.0000
IMPETRANTE: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: IELTON BARRETO DE OLIVEIRA
ADVOGADO: ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
ADVOGADO: TIAGO ASFOR ROCHA LIMA
ADVOGADO: CAIO CESAR VIEIRA ROCHA
PACIENTE: GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO
ADVOGADO: ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
ADVOGADO: TIAGO ASFOR ROCHA LIMA
ADVOGADO: CAIO CESAR VIEIRA ROCHA
ADVOGADO: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: JERONIMO ALVES BEZERRA
ADVOGADO: ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
ADVOGADO: TIAGO ASFOR ROCHA LIMA
ADVOGADO: CAIO CESAR VIEIRA ROCHA
ADVOGADO: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
PACIENTE: FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS
ADVOGADO: ANASTACIO JORGE MATOS DE SOUSA MARINHO
ADVOGADO: TIAGO ASFOR ROCHA LIMA
ADVOGADO: CAIO CESAR VIEIRA ROCHA
ADVOGADO: MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA
IMPETRADO: JUÍZO DA 11ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
RELATOR(A): Desembargador(a) Federal Francisco Roberto Machado - 1ª Turma

Intime-se para a sessão de julgamento do(a) 1ª Turma a ser realizada em 20/09/2018 às 09:00:00 no(a)
Sala das Turmas - Pavimento Sul

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Assinado eletronicamente por:
SALVINO BEZERRA DE ANDRADE VASCONCELOS - Secretário da Sessão
18083113310143000000012221974
Data e hora da assinatura: 31/08/2018 13:50:51
Identificador: 4050000.12242539
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 31/08/2018 17:16, o(a) Sr(a) FRANCISCO DEUSMAR DE QUEIROS foi
intimado(a) do expediente registrado em 31/08/2018 13:50.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18083113310143000000012221974 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 31/08/2018 17:16 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 31/08/2018 17:16:59
Identificador: 4050000.12246721

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 31/08/2018 17:33, o(a) Sr(a) JERONIMO ALVES BEZERRA foi intimado(a) do
expediente registrado em 31/08/2018 13:50.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18083113310143000000012221974 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 31/08/2018 17:33 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 31/08/2018 17:33:35
Identificador: 4050000.12246859

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 31/08/2018 17:33, o(a) Sr(a) GERALDO GADELHA DE LIMA FILHO foi
intimado(a) do expediente registrado em 31/08/2018 13:50.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18083113310143000000012221974 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 31/08/2018 17:33 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 31/08/2018 17:33:46
Identificador: 4050000.12246860

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 31/08/2018 17:33, o(a) Sr(a) IELTON BARRETO DE OLIVEIRA foi intimado(a)
do expediente registrado em 31/08/2018 13:50.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18083113310143000000012221974 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 31/08/2018 17:34 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 31/08/2018 17:34:00
Identificador: 4050000.12246861

2/2
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
PROCESSO: 0811322-75.2018.4.05.0000 - HABEAS CORPUS
Gab 5 - Des. ROBERTO MACHADO - 1ª Turma
RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL FRANCISCO ROBERTO MACHADO

Polo ativo Polo passivo


IELTON BARRETO DE JUÍZO DA 11ª VARA
PACIENTE
OLIVEIRA FEDERAL DA SEÇÃO IMPETRADO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO JUDICIÁRIA DO CEARÁ
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
GERALDO GADELHA DE
PACIENTE
LIMA FILHO
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
JERONIMO ALVES
PACIENTE
BEZERRA
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
FRANCISCO DEUSMAR DE
PACIENTE
QUEIROS
Caio Cesar Vieira Rocha ADVOGADO
tiago asfor rocha lima ADVOGADO
ANASTACIO JORGE
ADVOGADO
MATOS DE SOUSA MARINHO
Marcelo Leal de Lima
ADVOGADO
Oliveira
Marcelo Leal de Lima Oliveira IMPETRANTE

Outros participantes
MINISTÉRIO PÚBLICO CUSTOS
FEDERAL LEGIS

1/2
CERTIDÃO

CERTIFICO que, em 05/09/2018 14:17, o(a) Sr(a) Marcelo Leal de Lima Oliveira foi intimado(a) do
expediente registrado em 31/08/2018 13:50.

1 - Esta Certidão é válida para todos os efeitos legais, havendo sido expedida através do Sistema Processo
Judicial Eletrônico - PJe.

2 - A autenticidade desta Certidão poderá ser confirmada no endereço


https://pje.trf5.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam , através do código de autenticação
nº 18083113310143000000012221974 .

3 - Esta Certidão foi emitida gratuitamente em 05/09/2018 14:17 - Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Processo: 0811322-75.2018.4.05.0000
Data e hora da inclusão: 05/09/2018 14:17:43
Identificador: 4050000.12295345

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