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FEDERAL.
em face do DISTRITO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público, que pode ser
regularmente citado na figura da Procuradoria-Geral do Distrito Federal, nos termos do
art. 111, inciso I, da Lei Orgânica do Distrito Federal, com sede no SAM bloco “I”, Edifício
Sede, Brasília-DF, CEP 70.350-515, endereço eletrônico ouvidoriapgdf@pg.df.gov.br,
conforme as razões de fato e direito a seguir articuladas.
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1. DA JUSTIÇA GRATUITA.
Veja-se que a autora percebeu uma remuneração líquida de R$ 4.739,42 (quatro mil,
setecentos e trinta e nove reais e quarenta e dois centavos) no mês de março de 2022, de
modo que, muito provavelmente, o custo para a produção da prova pericial ultrapassará
a totalidade de seu rendimento mensal.
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(...)
§ 5º A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a
todos os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas
processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.
2. DOS FATOS.
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Assim, a autora está exposta a inúmeros patógenos, inclusive vírus, bactérias,
fungos e outros agentes infecciosos, bem como a uma sobrecarga emocional, o que
caracteriza o ambiente como insalubre.
Nesse sentido, a jurisprudência das Turmas Recursais, que pode ser consolidada no
seguinte precedente:
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DE LAUDO PERICIAL APTO À COMPROVAÇÃO DO DIREITO DO
SERVIDOR AO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA.
NECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL, EM ÂMBITO
INDIVIDUAL. COMPLEXIDADE. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA
ABSOLUTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS, POR COMPLEXIDADE,
ACOLHIDA NO JUÍZO DE ORIGEM, MANTIDA. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. Gratuidade de justiça deferida, tendo
em vista a comprovação a hipossuficiência inferida dos documentos
apresentados aos autos (ID 13551789). (...) 7. No caso em comento,
inexiste nos autos Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho
reconhecendo o direito da autora ao recebimento do Adicional de
Periculosidade. (...) 11. Revelando-se indispensável a produção de prova
pericial complexa que afira as condições habituais de trabalho, no local
de atividade do pleiteante, verifica-se a incompetência do Juizado
Especial de Fazenda Pública para o processamento e julgamento da lide.
12. Nesse contexto, não merece reforma a sentença que reconheceu que
acolheu de preliminar de incompetência absoluta dos Juizados Especiais
da Fazenda Pública, extinguindo o feito sem julgamento do mérito, nos
termos do artigo 51, II, da Lei 9.099/1995. 13. Recurso conhecido e
improvido. 14. Condenado o recorrente ao pagamento de custas
processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10% do valor da
condenação, os quais se encontram suspensos haja vista a gratuidade de
justiça deferida (Lei 9.099/95, Art. 55). 15. A súmula de julgamento servirá
de acórdão, conforme inteligência dos artigos 2º e 46 da Lei n. 9.099/95, e
em observância aos princípios informadores dos Juizados Especiais.
(Acórdão 1227402, 07170589120198070016, Relator: CARLOS
ALBERTO MARTINS FILHO, Terceira Turma Recursal, data de
julgamento: 4/2/2020, publicado no DJE: 11/2/2020. Pág.: Sem Página
Cadastrada.)
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A questão jurídica trazida nestes autos não é nova. Em verdade, o sindicato
representante da categoria ajuizou ação coletiva, tombada sob o nº 2015.01.1.071871-8
(0017640-68.2015.8.07.0018), que foi julgada pelas instâncias ordinárias.
Dessa forma, então, a mencionada ação coletiva não exclui da autora o direito de
questionar a mora do réu nesta ação, calcada em laudo individual que impõe a concessão
do adicional. Pelo contrário, o c. TJDFT reforça a pretensão da autora, eis que as
peculiaridades de sua lotação autoriza o deferimento do pedido.
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A já conhecida NR 15, do então Ministério do Trabalho, indica que o servidor
perceber o adicional de insalubridade em caso de exposição, dentre outros, a riscos
biológicos, físicos, ergonômicos e de acidentes.
A autora, no caso dos autos, está exposta aos agentes de risco, conforme se
depreende da análise dos laudos anexos, produzidos em processos que versam
exatamente sobre a situação dos autos: agente socioeducativa lotada na Unidade de
Internação de Planaltina.
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As mesmas considerações podem ser observadas nos demais laudos anexos, a
exemplo daquele produzido no curso do Processo nº 0703790-27.2020.8.07.0018. De acordo
com o i. Perito, “é frequente a inserção das mãos dentro da bacia sanitária de objetos
estranhos” e “o reclamante está exposto de forma habitual e permanente a esgotos
(galerias e tanques)”.
Como se vê, de acordo com as análises periciais que já vêm sendo promovidas na
unidade de internação em que lotada a autora, mostra-se habitual e permanente a
exposição a lixeiras, latrinas, tubulações de esgoto, ralos e chuveiros, sendo que os EPI’s
se resumem a apenas um par de luvas para procedimento cirúrgico, o que nitidamente
demonstra um claro desvio de finalidade e ineficácia do EPI disponível.
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Art. 83. O adicional de insalubridade ou de periculosidade é devido
nos termos das normas legais e regulamentares pertinentes aos
trabalhadores em geral, observados os percentuais seguintes, incidentes
sobre o vencimento básico:
Como se vê, o adicional deve ser pago no valor máximo, de 20%, haja vista a
incidência do anexo 14 da NR 15:
Veja que a autora tem exposição não só a jovens ou adolescentes com doenças
infectocontagiosas, mas a fossas e lixos, que devem ser rotineiramente inspecionados a fim
de garantir a segurança dos jovens e adolescentes, dos servidores públicos e da própria
sociedade.
Ademais, cite-se que, no bojo de ações autônomas, este c. TJDFT tem se inclinado
para a formação de uma jurisprudência favorável ao servidor público, haja vista a evidente
e permanente sujeição a agentes socioeducativos a condições de trabalho insalubres. Veja-
se, nesse sentido, trecho de r. sentença proferida recentemente pelo MM. Juízo da e. 1ª
Vara de Fazenda Pública nos autos do Processo nº 0704131-53.2020.8.07.0018:
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O art. 3º do Decreto Distrital nº 32.547/2010 condiciona o pagamento
do adicional de insalubridade à elaboração de perícia técnica para auferir
se o servidor está exposto a fatores de risco físicos e biológicos e o grau de
tais riscos.
Frisa-se que a ausência de pedido administrativo e/ou elaboração dos
Relatório de Atividades Desenvolvidas até que todo o processo
administrativo seja concluído não impede a apreciação do pedido
formulado nos autos.
Por óbvio, devem estar comprovadas que as atividades exercidas
são insalubres, de modo a evitar a enriquecimento ilícito por parte do
servidor.
No caso, há laudo elaborado pela autora juntado pelo ID n.
65993582 em que se atesta a insalubridade.
Frisa-se que o laudo descreve pormenorizadamente as atividades
desempenhadas pela autora e as condições do ambiente de trabalho,
fatos esses que não foram contestados pelo réu, devendo ser
considerados como efetivamente comprovados.
Ademais, como já salientado na decisão saneadora, destaca-se que há
entendimento deste e. TJDFT no sentido de que o contato com agentes de
risco pode ocorrer em locais que não sejam ambientes
médicos/hospitalares, considerando que o rol do Anexo 14 da NR-15
(Normas Regulamentares do Ministério do Trabalho) não é taxativo,
exatamente porque as condições insalubres podem ocorrer em outros
locais.
Especificamente, nota-se que não houve controvérsia quanto às
atividades exercidas pela autora, bem como não se impugnou sobre o
contato da autora com os agentes de risco, motivo pelo qual o pedido
merece deferimento.
(…)
Logo, o Distrito Federal deve ser condenado ao pagamento do
adicional de insalubridade em grau máximo, correspondente a 20%
(vinte por cento) incidente sobre o vencimento básico da autora (…).”
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EMPREGO. ROL EXEMPLIFICATIVO. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.
(…)
3. É plenamente cabível a utilização do laudo técnico produzido em
ação coletiva, no qual foi oportunizado ao apelado o pleno acesso ao
contraditório e ampla defesa, podendo inclusive apresentar os quesitos
a serem respondidos pelo perito.
4. Constatado em laudo pericial que o apelante, Agente
Socioeducativo, trabalha constantemente em local e sob condições
insalubres desde 20/07/2012, com exposição a doenças infectocontagiosas,
incidem as normas que regulamentam a matéria para os trabalhadores em
geral, consoante art. 83 da Lei Complementar Distrital 840/11. Porém, o
adicional de insalubridade deverá incidir sobre o vencimento básico do
apelante apenas a partir de 14/04/2014, uma vez que ficou reconhecida a
prescrição das parcelas incidentes em datas anteriores.
5. Embora o Anexo 14 da NR-15 (Normas Regulamentares do
Ministério do Trabalho) estabeleça que o contato com agentes biológicos
ocorre em hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios,
postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da
saúde humana, este rol não é taxativo, porque o contato constantemente
com os mais diversos agentes biológicos agressivos a saúde pode
perfeitamente ocorrer em outros locais.
6. A ausência de laudo individualizado não é suficiente para fulminar
o direito da autora, visto que a prova constante dos autos é clara e
suficiente para demonstrar as condições em que o mesmo trabalha, uma
vez que exerce as atividades constantes da Lei 5.351/14. Além disso, o
exercício das atividades foi verificado por perícia colacionada aos autos,
ficando evidenciada a situação insalubre das atividades desenvolvidas
pelo apelante.
7. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. Sentença reformada.
(TJDFT. Proc. 0700439-80.2019.8.07.0018. Rel. desembargador Robson
Barbosa de Azevedo)
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ao contraditório e ampla defesa, podendo inclusive apresentar os quesitos a serem
respondidos pelo perito.”
Com efeito, e isso vale tanto para os laudos individuais quanto para os coletivos, a
produção se sujeitou, devidamente, aos institutos do contraditório e da ampla defesa, e,
especialmente, por parte do mesmo ente fazendário que figura como réu nos presentes
autos. Assim, mostra-se plenamente viável a utilização dos laudos periciais ora
colacionados, nos termos do art. 372 do CPC.
7. DO PEDIDO.
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V – em face da natureza da causa, a autora não opta pela audiência de conciliação ou
mediação;
VII – sejam as publicações e intimações feitas em nome dos advogados Donne Pisco e
Joaquim Pedro de Medeiros Rodrigues.
Assinado digitalmente
Arthalides Coelho Pisco
OAB-DF 66.385
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