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Giancarlo Vaz Vento – OAB/GO: 9.

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Gladstone de Jesus Lima – OAB/GO: 14.367
Advogados Associados
Rua Barão do Rio Branco, 905 – Sala 101 – Centro – Anápolis – GO - CEP: 75.025-040.
Fones: (62) 3099 1441 / 8406 4612 / 9996 1193 - Caixa Postal: 731 - E-mail: ventoelima.adv@uol.com.br

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA ___ VARA DO


TRABALHO DE ANÁPOLIS – GO.

WILSON JOSÉ QUINTANO DE CARVALHO, brasileiro,


casado, administrador de empresas, portador do RG: 10.434.381 SSP/SP e
CIC/CPF: 034.384.758-20, neste ato por seus advogados e procuradores
que esta subscrevem (M.J.), conforme procuração anexada à presente, com
escritório profissional situado na Rua Barão do Rio Branco, 905 – SL 101 –
Centro - Nesta, onde recebem notificações que o caso requer, vem,
respeitosamente, à douta presença de Vossa Excelência, propor a
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de CONSTRUTORA ANDALUCIA
LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o
nº.10.882.115/0001-00, com sede na Avenida Santos Dumont, 1115 – sala
08 – Bairro Jundiaí, pelos substratos fáticos e jurídicos infra-explicitados:

1 - DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA:

O Reclamante informa que não fez a reclamação perante a


comissão de Conciliação Prévia, exigência do Artigo 625-O da CLT, com
base, em liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal, em 13-05-2009,
autorizando que as demandas trabalhistas podem ser submetidas
diretamente a Justiça do Trabalho sem passarem pelas CCP's, decisão
originada das Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº. 2.139 e 2.160.

2 - DOS FATOS:

A título de prolegômenos, cumpre salientar que Reclamante


residia na Espanha, há mais ou menos 04 anos e meio e lá trabalhava como
consultor de mercado e importação/ exportação auferindo ótima renda;
De início o Reclamante foi contratado verbalmente pelo Sr.
José Manuel Acosta Rodriguez (dono da empresa reclamada) para fazer
uma análise de mercado no Brasil, mais especificamente no mercado de
Anápolis – GO, envolvendo publicidades, análise de projetos, custo de
obras, custo de materiais e maquinário, etc.

Ainda na Espanha, em 01 de abril de 2009, o Sr. José Manuel


Acosta Rodriguez fez uma proposta para o reclamante abrir uma construtora
em Anápolis no qual o Reclamante seria o Gerente Administrativo (empresa
agora reclamada) e com promessa de remuneração mensal inicial de 20
salários mínimos, ou seja, R$ 9.300,00 (nove mil e Trezentos Reais) e ainda
pagaria o aluguel de uma casa em Anápolis, a mudança do reclamante e a
passagem de sua esposa para o Brasil;

Consinta-se consignar que, dentre as várias promessas não


cumpridas pelo proprietário da empresa reclamada, foi prometido que a
própria esposa do reclamante também seria contratada para trabalhar na
área Administrativa (o que não ocorreu) e o reclamante ao final da
estruturação da empresa passaria de Gerente Administrativo para Diretor
Executivo da empresa, com um salário de R$ 15.000,00 por mês.

O Reclamante então ponderou acerca das propostas e aceitou,


Desta forma, foi retirado de seu labor já estruturado naquele país estrangeiro
e enviado ao Brasil com a missão de organizar toda a documentação de
abertura da empresa, organizá-la, adquirir imóveis para futuras construções
e estudar ainda o mercado para instalação de um fábrica de portas e janelas
e, ainda, legalizar a entrada do indigitado sócio-proprietário em nosso país
como investidor estrangeiro.

Ato contínuo, foram outorgadas 02 procurações ao Reclamante


pelo Sr. José Manuel, uma para conseguir o visto e outra para abrir e
administrar a empresa, sendo que o Reclamante conseguiu um visto
permanente de investidor estrangeiro com duração de um ano e que após
deste período será reavaliado e poderá ser prorrogado por até 05 anos.

O Reclamante inclusive chegou a possuir endereço provisório


na companhia do Sr. José Manuel em imóvel locado pelo mesmo na Rua
José Neto Paranhos – apto. 301 A – Condomínio Palma de Maiorca e a
partir do desligamento reside em caráter temporário no hotel Tocantins sito à
Avenida Brasil Norte, 555 – Quarto 210 e está sobrevivendo até agora com
recursos e economias próprias.

Para viabilização da firma, a mesma necessitava de um sócio,


e como houve a recusa do engenheiro Eurico Vilela e da corretora de
imóveis Silviane para assumir tal encargo, o reclamante adentrou na
empresa e então o quadro societário ficou tendo o Sr. José Manuel como
sócio majoritário com 99% das cotas e o Reclamado com 1%, meramente
fictício.

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Nunca é demais repisar que o Reclamante entrou na
sociedade tão somente para suprir a necessidade de um sócio, mas que o
combinado era que posteriormente seria indicado um novo sócio para
substituí-lo e daí então o Reclamante teria a CTPS anotada, na condição de
Diretor Executivo da empresa, com salário de R$ 15.000,00 (Quinze Mil
Reais).

Assim, a empresa foi efetivamente constituída em 20/06/2009


com o contador Heluir Gonçalves Evangelista, e paralelamente o reclamante
trabalhou para regularizar o visto de investidor para o Sr. José Manuel e
documentos necessários para o Sr. Manuel Acosta Gonzalez (pai do Sr.
José Manuel) vir a ser sócio da empresa e foi providenciada abertura de
conta corrente bancária em que o primeiro nominado é o titular;

Depois solicitou a transferência da cota de 1% do Reclamante


para o Sr. Manuel Acosta Gonzalez (pai do Sr. José Manuel Acosta
Rodriguez, dono da empresa) e, como não havia sido cumprida nenhuma
das promessas e tampouco efetuado nenhum pagamento propriamente dito,
a situação se tornou insuportável para o peticionário, mas a esta altura a
empresa já estava legalmente montada e estruturada, inclusive adquirindo
um imóvel de grande valor nesta cidade, objetivando projeto imobiliário.

Por força das circunstâncias, o ora Reclamante se desligou


oficialmente das atividades junto a empresa no dia 19 de abril de 2010,
devido ao aludido descumprimento de compromissos com o Reclamante e
falta de pagamento de salários (leia-se Rescisão Indireta).

Insta registrar que a empresa ora reclamada faltou com


compromissos até com o Governo Brasileiro, pois quando foi concedido o
Visto Permanente de Investidor Estrangeiro ao Sr. José Manuel Acosta
Rodriguez, havia uma cláusula específica de obrigação de contratar
funcionários Brasileiros registrados em carteira, sendo que isto sempre foi
alertado pelo Reclamante aos donos da empresa que eles estariam
infringindo a legislação brasileira.

No que concerne ao mérito, frisa-se que não foi feito nenhum


pagamento de salário propriamente dito, no máximo ajuda de custo de
viagens para Brasil/Espanha à negócios da própria empresa, com mais ou
menos 1.200 euros e a passagem e até a data desta reclamação não lhe foi
pago as verbas rescisórias que faz jus como: Aviso prévio, 13º salário
integral e proporcional, férias simples e proporcionais + 1/3, FGTS + 40%,
Multa Rescisória do Art. 477, 8º da CLT, salários retidos. E saldo de salários.

Assim, numa análise perfunctória de todo o histórico retro


elencado, aliado a uma leitura do art. 3º Consolidado, verifica-se, sem
qualquer esforço pela inequívoca existência de relação empregatícia, com a
insofismável presença dos seus requisitos como: pessoalidade;
habitualidade da prestação de serviços; subordinação e onerosidade.

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Evidente, também, que a rescisão ocorreu de forma indireta,
sendo que o empregador agiu com má-fé e de forma extremamente
perniciosa ao ludibriar e se aproveitar do obreiro e depois, quando não mais
precisava dele, abandoná-lo à sorte em nosso país e com sua família
aguardando no estrangeiro.

Neste ponto merece reprimenda a atitude tomada pela


empresa, que aproveitou de todo o trabalho executado pelo Reclamante e
do momento de vulnerabilidade econômica, social e distância geográfica que
o Autor se encontrava, para livrar-se do mesmo no intuito de levar vantagem
e lhe retirar os direitos.

Do arrazoado supra pode-se indubitavelmente extrair os


requisitos da existência de dano, nexo causal entre a conduta e o dano e a
culpa ou dolo do agente de modo a ensejar a devida reparação.

Por outro lado, para demonstrar a extensão do dano moral,


social e material causado ao Reclamante, não se pode olvidar que, como
mencionado alhures, o Reclamante além de ter sido ludibriado e deixado a
sua vida e trabalho já estabilizados no exterior, chegou a ficar vários meses
sem ver a esposa, sendo que atualmente está há 04 meses sem vê-la, numa
visível desagregação de seu lar e sua vida pessoal e profissional.

Assim, o objeto deste petitório não somente deve abarcar os


seus mais elementares direitos de trabalhador, mas também deve abranger
os indiscutíveis danos morais decorrentes dos transtornos, desgostos, dor e
abalos psicológicos experimentados pela pessoa do Reclamante em razão
da relação empregatícia e a conduta lesiva do empregador.

3 - DO DIREITO:

3.01 - DA ADMISSÃO, FUNÇÃO E DEMISSÃO:

Deve ser considerada a data de admissão em 01.04.2009


sendo que a partir desta data laborou de forma exclusiva e ininterrupta até
19.04.2010, pugnando o Reclamante, para que seja reconhecido o vínculo
empregatício de todo pacto laboral na forma do Contrato de Trabalho Por
Tempo Indeterminado.

3.02 - DO SALÁRIO:

Ficou convencionado entre as partes que o salário do Obreiro


inicialmente seria de 20 salários mínimos mensais, R$ 9.300,00 (Nove Mil e
Trezentos reais) e depois com a constituição definitiva da empresa o salário
seria de R$ 15.000,00 (Quinze Mil reais) por mês como Diretor Executivo,
desta forma o primeiro valor (devidamente atualizado) deve ser considerado
para todos os efeitos legais.

Insta consignar que a aludida remuneração pactuada é


condizente com a média paga para profissionais que exercem função de

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gerência administrativa em empresas do segmento explorado pela
Reclamada e de porte equivalente.

Porém, a Reclamada não efetuou de fato o pagamento de


nenhum dos salários combinados, devendo tais verbas constar como
salários não pagos.

3.03 - DA ANOTAÇÃO DA CTPS:

No interregno do vínculo empregatício a Reclamada não


registrou o pacto laboral na CTPS da Reclamante, pelo que foi prejudicado o
Reclamante, não havendo contribuição previdenciária e tampouco depósito
do FGTS em conta vinculada da Caixa Econômica Federal.

O Reclamante deseja ver seu tempo de serviço reconhecido,


para fins de contagem do mesmo, perante a Previdência Social, para tanto,
pugna-se que seja procedida as anotações na Carteira de Trabalho e
Previdência Social, previstas no artigo 29 e seguintes da CLT.

Assim, desde já se requer o reconhecimento do vínculo


empregatício e anotação na CTPS, referente a todo pacto laboral.

3.04 - DO FGTS:

A Reclamada não efetuou os depósitos do FGTS em conta


vinculada da Reclamante, desde o início até o fim do contrato de trabalho.

Com a vigência da nossa Constituição, revogado ficou a


condição de opção, passando todo trabalhador quando empregado ter
direito ao FGTS. Assim se a Reclamada no decorrer do pacto laboral não
efetuou os depósitos, deverá pagar ao reclamante o FGTS.

4 - DOS DANOS MORAIS:

É extreme de dúvidas que a questão em epígrafe, como já bem


frisado, não engloba somente uma rescisão trabalhista com seus
consectários, mas principalmente a desestruturação de sua vida e
ludibriação em que foi submetido, deixando-o sem trabalho (que possuía no
exterior), sem recursos financeiros e com sua família desagregada.

Quanto a competência desta justiça especializada em apreciar


e julgar pedidos de indenização por dano moral, entendemos que se a lesão
é intentada contra a pessoa, enquanto cidadão, a competência será,
inquestionavelmente, da Justiça Comum. Se, de outra forma, o dano é
praticado contra a pessoa, enquanto empregado ou empregador, sendo,
portanto, decorrente do contrato de trabalho, a competência será da Justiça
laboral.

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Dessa forma, para o dano moral ser da competência da Justiça
do Trabalho, não é necessário a promulgação de uma lei específica
aferidora de competência. A expressão "na forma da lei, outras controvérsias
decorrentes da relação de trabalho" diz respeito não à matéria, mas sim aos
sujeitos da relação, que, obviamente, também deve ser oriunda de relações
de trabalho.

Na abalizada opinião de Jorge Pinheiro Castelo, o "direito civil


e a Justiça Comum não têm condições de apreciar o dano moral trabalhista,
visto que inadequados a dar conta e compreender a estrutura da relação
jurídica trabalhista, bem como um dano moral que é agravado pelo estado
de subordinação de uma das partes, já que estruturados na concepção da
igualdade das partes na relação jurídica”.

O dano moral trabalhista tem como característica uma situação


que o distingue absolutamente do dano moral civil, e que inclusive o agrava,
qual seja, uma das partes encontra-se em estado de subordinação.

Porém, para melhor compreendermos a situação e expor o


direito do Reclamante, reputa-se salutar tecer algumas considerações
preliminares acerca do dano moral, com o escopo de conceituá-lo à luz do
nosso ordenamento jurídico.

Por definição, danos morais são lesões sofridas pelas pessoas,


físicas ou jurídicas, em certos aspectos de sua personalidade em razão de
reflexos produzidos por ação ou omissão de outrem. São aqueles que
atingem a moralidade, personalidade e a afetividade da pessoa, causando-
lhe constrangimentos, vexames, dores, enfim, sentimentos e sensações
negativas, afetam, pois, as esferas íntima e valorativa do lesado, enquanto
os materiais constituem reflexos negativos no patrimônio alheio. Mas ambos
são suscetíveis de gerar reparação na órbita civil, dentro da teoria da
responsabilidade civil.

Hoje, doutrina e jurisprudência, de modo seguro, tranqüilo e


pacífico, consolidaram o entendimento no sentido de que, de conformidade
com o ordenamento jurídico brasileiro o dano moral puro em face de ato
ilícito deve ser reparado mediante indenização.

Ensina a boa doutrina que a expressão dano moral


tecnicamente qualifica o prejuízo extra patrimonial, possuindo um sentido
mais amplo e genérico, pois representa a lesão aos valores morais e bens
não patrimoniais, reconhecidos pela sociedade, tutelados pelo Estado e
protegido pelo ordenamento jurídico.

A Carta Magna de 1988, impondo sua hegemonia sobre todo o


ordenamento jurídico, confirmou o princípio da reparação dos danos morais,
previsto no capítulo dos direitos e deveres individuais e coletivos, dispositivo
alhures mencionado.

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Hoje já se tornou pacífica a reparação do dano moral puro,
independentemente de qualquer repercussão econômica que ele tenha
produzido, admitindo-se até a acumulação de ambos se este último também
ocorre (Súmula 37 do STJ). (Embs. Inf. n. 245/93 na Ap. n. 1.185/93 -
Relator: DES. SÉRGIO CAVALIERI FILHO)”.

Ademais da vasta doutrina neste mister, para ratificar os


argumentos até aqui expendidos, outro não é o entendimento de nossos
pretórios, de cujos arestos, pede-se vênia, para tão somente trazer-se à
colação, o que se segue:

DANO MORAL PURO. (RT 639/155)


INDENIZAÇÃO - Dano moral - Cabimento - Independente da
comprovação dos prejuízos materiais.
Ementa oficial: Danos morais. Os danos puramente morais são
indenizáveis. Ap. 31.239 - 2ª C. - j. 14.8.90 - rel. Desor. Eduardo
Luz.

DANO MORAL PURO. (RSTJ 34/284).


RECURSO ESPECIAL N° 8.768 – SP (Registro n° 91.0003774-5)
Relator: Exmo. Sr. Ministro Barros Monteiro
Recorrente: Luiz Antônio Martins Ferreira
Recorrido: Banco Nacional S/A
EMENTA: DANO MORAL PURO. CARACTERIZAÇÃO.
Sobrevindo em razão de ato ilícito, perturbação nas relações
psíquicas, na tranqüilidade, nos sentimentos e nos afetos de uma
pessoa, configura-se o dano moral, passível de indenização.
Recurso especial conhecido e provido.

DANO MORAL PURO. (RSTJ 45/143).


RECURSO ESPECIAL N° 6.301-0 - RJ
(Registro n° 90.0012153-1)
Relator: Exmo. Sr. Ministro José de Jesus Filho
Recorrente: Município do Rio de Janeiro
Recorridos: Geralda Gomes da Silva e Outro
Advogados: Drs. Marcelo Salles Melges e outros, e Jorge de Oliveira
Beja.
EMENTA: Responsabilidade Civil - Ressarcimento autônomo de
dano moral. Se a dor não tem preço a sua atenuação tem. São
cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral
oriundo do mesmo fato. Súmula 37 do STJ.
(Obs.: Grifos Nossos)

Na esfera específica da justiça do trabalho:

“DANO MORAL – OFENSA À HONRA DO EMPREGADO –


INDENIZAÇÃO – O empregador responde pela indenização do dano
moral causado ao empregado, porquanto a honra e a imagem de
qualquer pessoa são invioláveis. Esta disposição assume maior relevo
no âmbito do contrato laboral porque o empregado depende de sua

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força de trabalho para sobreviver. A autorização para arbitrar tal
indenização face o contrato de trabalho, está prevista na Constituição
Federal, no artigo 5º, inciso V e X, que asseguram o direito à
indenização por dano material ou moral. O artigo 159 do CCB, dispõe
que todo aquele que por culpa ou dolo, causar lesão a direito
alheio, deverá indenizar por prejuízos causados; tal disposição é
aplicável, subsidiariamente ao direito do trabalho por força do
artigo 8º da CLT.” (TRT 3ª R. – RO 287/97 – 5ª T. – Rel. Juiz Júlio
Bernardo do Carmo – DJMG 10.01.1998).
(Grifo Nosso)

Acórdão: 00819.029/97-1
Data de publicação: 23/10/2000
Juiz relator: Dulce Olenca Baumgarten Padilha
Ementa: INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. Para que se
configure o dano moral é necessário que a conduta do
empregador acarrete prejuízo direto ou indireto ao empregado,
hipótese inocorrente na espécie.
(G.N.)

4.1 - Critérios para fixação do “Quantum”:

A indenização por dano moral é arbitrável, mediante estimativa


que leve em conta a necessidade de, com a quantia, satisfazer a dor e
prejuízos da vítima e, ao mesmo tempo, produzir no causador do mal
bastante impacto para dissuadi-lo de igual e novo atentado. Além disso,
deve representar exemplo social, de modo a dissuadir também terceiros em
relação à prática de violação de direitos, devendo-se levar em conta, além
da condição pessoal do autor, sobretudo, a situação econômico-financeira
dos requeridos, IN CASU uma forte empresa do ramo de construção civil
com patrimônio imóvel considerável.

A fixação do valor da indenização em virtude de dano moral


puro deve resultar de arbitramento por parte do magistrado, mediante
estimativa prudencial e que leve em conta a compensação pela dor
vivenciada pela vítima e a necessidade de ser suficiente para dissuadir, de
igual e novo atentado, o autor da ofensa. Esse arbitramento encontra-se
expressamente previsto no artigo 1.553, do Código Civil Brasileiro.

Em consonância com essa diretriz, a indenização por danos


morais deve traduzir-se em montante que represente advertência ao lesante
e à sociedade de que não se aceita o comportamento assumido, ou o evento
lesivo advindo. Consubstancia-se, portanto, em importância compatível com
o vulto dos interesses em conflitos, refletindo-se, de modo expressivo, no
patrimônio do lesante, a fim de que sinta, efetivamente, a resposta da ordem
jurídica aos efeitos do resultado lesivo produzido. Deve, pois, ser, quantia
economicamente significativa, em razão das potencialidades do patrimônio
do lesante.

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Coaduna-se essa postura, ademais, com a própria índole da
teoria em debate, possibilitando que realize com maior ênfase, a sua função
inibidora, ou indutora de comportamento. Com efeito, o peso do ônus
financeiro é, em um mundo em que cintilam interesses econômicos, a
resposta pecuniária mais adequada ao lesionamento de ordem moral.

É que interessa ao Direito e à sociedade que o relacionamento


entre os entes que contracenam no orbe jurídico se mantenha dentro de
padrões normais de equilíbrio e de respeito mútuo. Assim, em hipótese de
lesionamento, cabe ao agente suportar as conseqüências de sua atuação,
desestimulando-se, com a atribuição de pesadas indenizações, atos ilícitos
tendentes a afetar os referidos aspectos da personalidade humana.

Nessa linha de raciocínio, vêm os tribunais aplicando verbas


consideráveis, a título de indenizações por danos morais, como inibidoras de
atentados ou de investidas indevidas contra a personalidade, honra moral e
a vida alheia.

Essa interpretação vem, de há muito tempo, sendo adotada na


jurisprudência norte-americana, em que cifras vultosas têm sido impostas
aos infratores, como indutoras de comportamentos adequados, sob os
prismas moral e jurídico, nas interações sociais e jurídicas.

Compensam-se, com essas verbas, as angústias, as dores, as


aflições, os constrangimentos e, enfim, as situações prejudiciais em geral a
que o agente tenha exposto o lesado, com sua conduta indevida.

A atribuição do quantum no caso concreto, que, normalmente,


se apura em execução (RT 608/213; 588/61), fica a critério do juiz, que,
relacionado direta e especificamente à quaestio sub litem, se encontra apto
a detectar o valor compatível às lesões havidas.

Enfim, a indenização pelo dano moral deve refletir, de modo


expressivo, no patrimônio do lesante, de modo que este venha a sentir a
resposta da ordem jurídica, enquanto efeito do resultado lesivo produzido.

Deste modo, considerando tudo quanto foi amplamente


exposto, em especial a dimensão dos danos causados ao Reclamante e a
presença insofismável do liame entre o dano e a conduta do agente, no que
concerne ao valor da indenização por danos morais e seus reflexos, requer
desde já seja que seja arbitrado em R$ 279.000,00 (Duzentos e Setenta e
Nove Mil Reais), ou seja, 30 vezes o valor pactuado do seu salário, tendo
em vista a gravidade dos fatos e a ótima condição econômica da
Reclamada.

5 - DA NECESSIDADE DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA:

O peticionário não dispõe de condições econômicas para


custear as despesas da presente ação sem prejuízo de sua mantença e de

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sua família, necessitando, portanto, dos benefícios da assistência judiciária
gratuita, como lhe facultam os dispositivos contidos nas leis federais de Nº.:
1.060/50 e 7.115/83 (vide declaração anexa);

6 - DOS PEDIDOS:

AO LUME DO EXPOSTO, inconformado, recorre o reclamante


ao douto arbítrio desta Vara do Trabalho, com os sábios suplementos de V.
Exa., para postular os direitos expostos abaixo, o que faz de forma líquida,
requerendo:

6.01 - A Concessão dos benefícios da justiça gratuita por ser o


reclamante pobre na forma da Lei, de conformidade com a Lei
1.060/50 e as alterações da Lei 7.510/86 e art. 5º, Inciso LXXIV
da CF.

6.02 – Anotação da CTPS para fins previdenciários, referente a


todo contrato de trabalho com data de entrada em 01.04.2009
e saída em 19. 04.2010.

6.03 – o pagamento de todas as verbas rescisórias referente


ao período trabalhado tais como:

- Aviso Prévio: R$ 9.300,00


- 13º Salário: R$ 9.300,00
- 13º Salário proporcional a 1/12 avos: R$ 775,00
- Férias Vencidas + 1/3: R$ 12.400,00
- Férias proporcionais a 1/12 + 1/3: R$ 1.033,33
- Salários retidos de12 meses: R$ 111.600,00
- Saldo de Salários (19 dias): R$ 5.890,00
- FGTS do período + 40%: R$ 13.158,88
- Multa rescisória, art. 477, CLT: R$ 9.300,00.

- SUBTOTAL: R$ 172.757,21

6.04 – Indenização pelos danos morais sofridos no valor de


R$ 279.000,00 (Duzentos e Setenta e Nove Mil Reais), ou o
valor que Vossa Excelência entender cabível, conforme as
nuances do caso.

6.05 – Seja a Reclamada condenada ainda a entregar para o


reclamante o Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho, no
código 01, fornecer a comunicação de dispensa – CD,
preenchidos com os requisitos que permite acesso ao benefício
do Seguro-desemprego ou converta a obrigação em
indenização substitutiva;

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6.06 – O pagamento das verbas incontroversas na primeira
audiência sob pena de pagamento em dobro, a teor do art. 467
da CLT.

6.07 – Multa do artigo 477, § 6º e 8º da CLT;

6.08 – Comunicação ao MTPS e INSS;

6.09 - Isto posto, requer a notificação da reclamada para


comparecer à Audiência de Conciliação Instrução e
Julgamento, a ser designada, para querendo, e ainda para
contestar a presente, se lhe aprouver, sob pena de revelia e
confissão;

6.10 – Protesta-se provar o alegado pelos meios de prova que


a lei permite especialmente a oitiva de testemunhas, juntada de
documentos e depoimento pessoal do Reclamante e da
reclamada na pessoa de seu representante, o que de já requer;

6.11 – Requer por derradeiro a total procedência da mesma e a


conseqüente condenação da reclamada na forma dos pedidos
e demais cominações legais, acrescidos de juros e correção
monetária.

Dá-se à presente o valor de R$ 451.757,21 (Quatrocentos e


Cinqüenta e Um Mil e Setecentos e Cinqüenta e Sete Reais e Vinte e Um
Centavos), para os efeitos legais.

Termos estes em que, respeitosamente, pede e espera deferimento.

Anápolis (GO) aos 19 de Maio de 2010.

GIANCARLO VAZ VENTO GLADSTONE DE JESUS LIMA


OAB/GO: 9.383 OAB/GO: 14.367

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