1. Caracterização e Organização Política de Portugal
Portugal é uma República soberana, um estado de Direito Democrático e
unitário. O seu território abrange o continente Europeu e os Arquipélagos dos Açores e da Madeira, dotados de estatutos político-administrativos e órgãos de governo próprios.
Baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização
política democráticas. A soberania, una e indivisível, reside no povo que a exerce segundo as formas previstas na Constituição da República. A validade das leis e dos demais actos do Estado, das Regiões Autónomas, do poder local e de quaisquer outras entidades públicas depende da sua conformidade com a Constituição.
Como símbolo da soberania, da independência, unidade e integridade, é
adoptada pela República, instaurada pela Revolução de 5 de Outubro de 1910, a Bandeira Nacional.
A Constituição da República Portuguesa, data de 1976, estando actualmente na
6ª Revisão vigente promulgada pela Lei Constitucional nº 1/2004, de 24 de Julho.
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1.1. Órgãos de Soberania
Os órgãos de soberania, através dos quais se exerce o poder, são:
O Presidente da República – é o órgão máximo da nação, que
representa a República Portuguesa e garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas.
A Assembleia da República – é o órgão representativo de todos os
cidadãos portugueses, detendo poderes político e legislativo e exercendo funções de fiscalização dos actos do Governo e da Administração.
O Governo – é o órgão a quem compete a condução da política geral
do país e da administração pública, detendo competências aos níveis político, legislativo e administrativo.
Os Tribunais - são os órgãos com competência para administrar a
justiça, existindo várias categorias, designadamente o Tribunal Constitucional, os Tribunais judiciais, os administrativos e fiscais e o Tribunal de Contas.
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1.2. Regiões Autónomas
O regime político-administrativo próprio dos arquipélagos dos Açores
e da Madeira fundamenta-se nas suas características geográficas, económicas, sociais e culturais e nas históricas aspirações autonomistas das populações insulares.
Os poderes das regiões autónomas são definidos pela Constituição e
pelos respectivos estatutos político-administrativos, elaborados pelas respectivas Assembleias Legislativas, discutidos e aprovados pela Assembleia da República.
Para cada uma das regiões autónomas há um Representante da
República, nomeado e exonerado pelo Presidente da República, ouvido o Governo, competindo-lhe, designadamente, assinar e mandar publicar os decretos legislativos e regulamentares regionais e exercer o direito de veto nos termos previstos na Constituição.
1.2.1. Órgãos de Governo
São órgãos de governo próprio de cada região autónoma:
A Assembleia Legislativa da região autónoma, eleita por
sufrágio universal, directo e secreto, tendo competência para legislar no âmbito regional em matérias enunciadas no respectivo estatuto
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político-administrativo e que não estejam reservadas aos órgãos de soberania, regulamentar as leis emanas dos órgãos de soberania que não reservem para estes o respectivo poder regulamentar, bem como
a aprovação do orçamento regional, do plano de desenvolvimento
económico e social e das contas da região e ainda a adaptação do sistema fiscal nacional às especificidades da região.
o Governo Regional, politicamente responsável perante a
Assembleia Legislativa da região autónoma, sendo o Presidente do Governo nomeado pelo Representante da República tendo em conta os resultados eleitorais , competindo-lhe exercer o poder executivo próprio, regulamentar a legislação regional e superintender nos serviços e institutos públicos da região.
1.3. Poder Local
A organização democrática do Estado compreende a existência de
autarquias locais que visam a prossecução de interesses próprios das populações respectivas.
As autarquias locais são os municípios e as freguesias.
Os órgãos representativos do município são a Assembleia Municipal e
a Câmara Municipal e da freguesia são a Assembleia de Freguesia e a Junta de Freguesia.
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Em matérias de interesse comum, podem ainda constituir-se Associações de Freguesias e Associações ou Federações de Municípios.
2. Organização Administrativa do Estado
O regime jurídico e financeiro da Administração Pública portuguesa é,
em regra, o da autonomia administrativa, isto é, os serviços e organismos dispõem de créditos inscritos no Orçamento do Estado e os seus dirigentes são competentes para praticarem actos necessários à autorização de despesas e seu pagamento, no âmbito da gestão corrente.
A gestão corrente, prática de actos que integram a actividade que os
serviços e organismos normalmente desenvolvem para a prossecução das suas atribuições e competências, não compreende as opções fundamentais de enquadramento da sua actividade, nomeadamente a aprovação de planos e programas e a assunção de encargos que ultrapassem a sua normal execução, nem os actos de montante e natureza excepcionais, os quais serão anualmente determinados no decreto-lei de execução orçamental.
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Um regime excepcional de autonomia administrativa e financeira é aplicado aos institutos públicos que revistam a forma de serviços personalizados do Estado e de fundos públicos. São os denominados organismos autónomos que, dispondo de personalidade jurídica e de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, não tenham a natureza, forma e designação de empresa pública.
Os serviços e organismos são obrigados a elaborar um plano anual de
actividades, discriminando os objectivos a atingir e os recursos a utilizar, a aprovar pelo Ministro de que dependam, que servirá de
base à proposta de orçamento a apresentar quando da preparação do
Orçamento de Estado.
Os serviços e organismos deverão também elaborar um relatório
anual de actividades sobre a gestão efectuada, com uma discriminação dos objectivos atingidos, os recursos utilizados e o grau de realização dos programas, que será igualmente aprovado pelo ministro da pasta.
A gestão económica e financeira dos organismos autónomos é
disciplinada por instrumentos de gestão previsional e de prestação de contas, para além do plano e relatório de actividades.
Um instrumento de planeamento e gestão, nomeadamente nas áreas
sociais e de recursos humanos, é o balanço social, obrigatoriamente elaborado por todos os serviços e organismos, incluindo os institutos públicos e fundos autónomos, com um mínimo de 50 trabalhadores
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qualquer que seja a sua relação jurídica de emprego, no termo de cada ano civil.
2.1. Estrutura da Administração Pública
A Administração Pública visa a prossecução do interesse público, no
respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.
Os seus órgãos e agentes administrativos estão subordinados à
Constituição e à lei e devem actuar, no exercício das suas funções, com respeito pelos princípios da igualdade, da proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade e da boa fé.
Para a prossecução do interesse público, a Administração Pública
deverá ser estruturada de modo a evitar a burocratização, a aproximar os serviços das populações e a assegurar a participação dos interessados na sua gestão efectiva, designadamente por intermédio de associações públicas, organizações de moradores e outras formas de representação democrática.
Enquanto órgão superior da Administração Pública, compete ao
Governo dirigir os serviços e a actividade da administração directa do Estado, civil e militar, superintender na administração indirecta e exercer a tutela sobre esta e sobre a administração autónoma.
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Consideram-se como domínios da administração directa do Estado as atribuições que são exercidas sob a gestão imediata dos órgãos e serviços integrados na sua pessoa. Mas, a par destas atribuições, há outras que a lei incumbe a pessoas colectivas de direito público distintas do Estado. Trata-se de pessoas colectivas criadas para permitir uma gestão mais ágil e eficiente, geralmente designados por institutos públicos.
Em 2004 foram publicados diplomas enquadradores desta matéria,
destacando-se a Lei n.º 4/2004, de 15 de Janeiro, que estabelece os princípios e normas a que deve obedecer a organização da administração directa do Estado e a lei-quadro dos institutos públicos (Lei n.º 3/2004, de 15 de Janeiro).
Integram a administração directa do Estado os serviços centrais e
periféricos que, pela natureza das suas competências e funções, devam estar sujeitos ao poder de direcção do respectivo membro do governo. Incluem-se, ainda, na administração directa os serviços de cujas atribuições decorra, designadamente, o exercício de poderes de soberania, autoridade e representação política do Estado ou o estudo e concepção, coordenação, apoio e controlo ou fiscalização de outros serviços administrativos.
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A prossecução de missões temporárias que não possam ser desenvolvidas pelos serviços existentes pode ser cometida a estruturas de missão, criadas por resolução do Conselho de Ministros.
Os institutos públicos são pessoas colectivas de direito público,
dotadas de órgãos e património próprio, devendo ser criados para o desenvolvimento de atribuições que, face à especificidade técnica da actividade desenvolvida, designadamente no domínio da produção de bens e da prestação de serviços, recomendem a necessidade de uma gestão não submetida à direcção do Governo. Encontram-se, no entanto, sujeitos a tutela governamental, nos termos previstos na lei e respectivos estatutos. Estão ainda sujeitos a princípios de gestão, como a garantia de eficiência económica nos custos suportados e nas soluções adoptadas para a prestação de um serviço de qualidade aos cidadãos.
Os institutos públicos são identificados com a designação I.P.,
podendo ser de regime geral ou gozar de regime especial, de acordo com o respectivo tipo, legalmente definido.
3. Ministério das Finanças e da Administração Pública
No actual Governo, a Administração Pública encontra-se na
dependência do Ministro de Estado e das Finanças, que é coadjuvado pelo Secretário de Estado da Administração Pública (SEAP).
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Para a definição e implementação das políticas de inovação, modernização e promoção da qualidade da Administração Pública, o Governo é apoiado por serviços de administração directa como a Direcção-Geral da Administração Pública (DGAP) e a Inspecção-Geral da Administração Pública (IGAP), e por entidades da administração indirecta como o Instituto Nacional de Administração (INA).
Estes serviços devem acompanhar a evolução da Administração
Pública, colaborando na preparação e implementação de medidas legislativas e na operacionalização e coordenação das medidas de política em áreas como o sistema retributivo e de carreiras, o recrutamento de novos funcionários, a qualificação e formação profissional, as condições de trabalho, a reclassificação e reconversão profissionais, a desburocratização e simplificação dos procedimentos administrativos.
Durante a década de 70, a actividade do MAI centra-se, de forma especial, nos domínios da administração eleitoral e da administração local, tendo desempenhado um papel relevante para a democratização da vida política e da autonomia do poder local.
As reformas estruturais neste Ministério e a recomposição do seu
leque de atribuições na área da segurança só se concretizaram após a revisão constitucional de 1982, que criou as condições necessárias à consolidação do regime democrático e permitiu rever os princípios dominantes sobre a organização da sociedade e do Estado.
A integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia
acentuou, por seu turno, a urgência de mudanças estruturais em vários sectores da actividade estatal, designadamente ao nível da segurança.
Os conceitos de segurança nacional e de segurança interna foram
reequacionados, dando lugar a uma nova arquitectura jurídica no plano da segurança interna e à implantação de um sistema que integra todos os serviços e forças de segurança para a prossecução de um mesmo objectivo, a salvaguarda da segurança interna.
Entre 1983 e 1987, o MAI perdeu atribuições no domínio da administração local. A componente da segurança interna foi reforçada: criou-se o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e o Serviço de Informações de Segurança (SIS) e procedeu-se à integração da extinta Guarda Fiscal na Guarda Nacional Republicana. As Forças de Segurança foram dotadas de novas leis orgânicas e reforçadas nas suas competências para fazer face, com maiores níveis de eficácia e profissionalismo, aos novos fenómenos de criminalidade.
Ao longo da década de 90, o MAI viu reforçadas as suas
competências na área da protecção civil, através da inserção do Serviço Nacional de Protecção Civil na sua estrutura orgânica. Por outro lado, a sua actividade alargou-se à segurança rodoviária, por via da integração da Direcção-Geral de Viação.
A progressiva concentração no MAI de organismos vocacionados para
a actividade de segurança interna levantou a questão da inspecção e fiscalização da actividade das forças e serviços de segurança. A criação da Inspecção-Geral da Administração Interna constituiu, assim, um passo fundamental para a garantia dos direitos fundamentais do cidadão no âmbito do exercício dos poderes de polícia.
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