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CARACTERIZAÇÃO

DO EMPRESÁRIO
art. 966 do CC
Como já visto nas aulas anteriores, o primeiro artigo que
trata do Direito de Empresa, no Livro II do Código Civil,
traz a conceituação do EMPRESÁRIO (sujeito do direito
empresarial) em razão da exploração da EMPRESA, ou
seja, do desenvolvimento de atividade econômica, de
forma organizada e profissional.
A primeira exceção à regra é apresentada já no parágrafo
único do art. 966: não se considera empresário quem,
ainda que de forma organizada e profissional, explorar
atividade intelectual, de natureza científica, artística ou
literária.
ATENÇÃO
Ainda que contrate empregados, ou tenha por objetivo o
lucro, se a atividade for puramente intelectual não
caracteriza quem a explora como empresário.
O destaque dado pela parte final da norma em questão –
“salvo se constituir elemento de empresa” – pode ser
compreendido como uma ressalva aos casos em que, à
atividade intelectual, somarem-se outras atividades não
intelectuais, como é o caso, por exemplo, de um hospital.
Esse foi o tema da atividade proposta: a compreensão da
parte final do parágrafo único do art. 966 do CC,
lembrando o quanto é ainda questão controvertida a
caracterização de empresa envolvendo atividades
intelectuais propriamente ditas.
Vimos alguns exemplos em sala de aula, como o caso das
escolas de inglês, em que se costuma acrescentar ao
ensino do idioma a comercialização do material didático.
A pesquisa sobre situações práticas pode promover uma
melhor compreensão desse ponto central em nossa
disciplina: a definição do sujeito do Direito de Empresa.
Algumas outras exceções são apresentadas pelo
legislador, além das atividades puramente intelectuais,
quanto à definição do empresário:
PRODUTOR RURAL
ao produtor rural (pescador, agricultor, pecuarista etc) é
facultada a adesão ao sistema do Direito de Empresa
através da inscrição na Junta Comercial, que é a
encarregada em cada estado do Registro Público de
Empresas Mercantis – RPEM. Essa exceção está prevista
no art. 971 do CC para as pessoas naturais que explorem a
produção rural e, no art. 984, para as sociedades
destinadas à produção rural.
COOPERATIVAS
não são consideradas empresárias, independentemente da
natureza da atividade econômica desenvolvida. A
peculiaridade, no caso, é que mesmo não sendo
empresárias, a legislação específica vincula as
cooperativas ao RPEM.
- SOCIEDADES POR AÇÕES: existem dois tipos de
sociedades por ações, mas apenas a Sociedade Anônima é
empregada. No caso da S/A, portanto, qualquer que seja
seu objeto social, ou seja, a natureza da atividade
econômica por ela desenvolvida, ela sempre será
empresária.
O parágrafo único do art. 982 do CC traz essas duas
últimas exceções, quanto às cooperativas e quanto às
sociedades por ações.
Como estamos falando em sociedades, aproveitemos para
aprender sobre as três formas básicas que podem ser
empregadas para exploração de empresa:
PESSOA NATURAL
(1) EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ou FIRMA
INDIVIDUAL. Não temos aqui uma pessoa jurídica,
embora o empresário individual deva, para fins fiscais,
após inscrever-se no RPEM (Junta Comercial), obter seu
CNPJ junto à Receita Federal do Brasil.
- PESSOA JURÍDICA:
(2) SOCIEDADE EMPRESÁRIA: são cinco os tipos
societários previstos em nossa legislação, embora apenas
dois sejam utilizados: LTDA e S/A;
(3) EIRELI – EMPRESA INDIVIDUAL DE
RESPONSABILIDADE LIMITADA: art. 980-A, CC.
Devemos atentar, quanto às pessoas jurídicas, para a
previsão do art. 45 do CC, combinado com os arts. 985 e
1150, CC.
Diz o art. 45 que a existência legal da pessoa jurídica
começa com o registro adequado de seus atos
constitutivos (por exemplo, com o arquivamento do
contrato de uma sociedade limitada).
complementando essa mesma idéia, o art. 985 dispõe que
a sociedade adquire personalidade jurídica (ou seja,
começa a existir legalmente) com o registro adequado de
seus atos constitutivos.
Onde é esse “registro adequado” dos atos constitutivos de
uma pessoa jurídica?
O art. 1150 do CC responde a essa pergunta.
Para as pessoas jurídicas que explorem empresa – aplica-
se aqui a regra do art. 966, CC – o registro devido é na
Junta Comercial, encarregada do RPEM. Assim, uma
sociedade limitada ou uma EIRELI que explorem
atividade econômica não intelectual vinculam-se ao
RPEM, a cargo das Juntas Comerciais.
ATENÇÃO
S/A será sempre empresária:§ único, art. 982, CC.
As cooperativas, pela mesma norma legal (art. 982, § ú,
CC), não são consideradas empresárias,
independentemente da atividade econômica desenvolvida,
mas por regra específica vinculam-se também ao RPEM.
O empresário individual não é pessoa jurídica, é pessoa
natural, mas também é obrigado legalmente a registrar-se
na Junta Comercial (art. 967, CC).
as pessoas jurídicas que explorem atividade puramente
intelectual vinculam-se ao Registro Civil das Pessoas
Jurídicas, (RCPJ) a cargo dos cartórios civis.
PERGUNTA
uma sociedade limitada que explore atividade puramente
intelectual vincula-se a que registro, RCPJ ou RPEM?????
Vincula-se ao RCPJ, ou seja, não é uma sociedade
empresária, mas uma sociedade “simples”, não se
aplicando a ela o sistema do Direito de Empresa.
O mesmo pode acontecer com a EIRELI, ou seja,
precisamos verificar qual a natureza da atividade
econômica por ela desenvolvida para identificar qual o
registro a que ela se vincula, se é o RPEM ou o RCPJ.

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