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safados
Betagem: Aline, Lays
Raisla, Rianna, Lili, Vanessa. e Thayná
Leitura Crítica: Aline Alves
Projeto Gráfico e Diagramação Digital: @designs.safados
Revisão: Vanessa e Aline
Ilustrações: @carlosmiguelartes
Sumário
Nota da autora
Sinopse
Playlist
Dedicatória
Dedicatória
Prólogo
“São fantasmas que me assopram aos ouvidos”
Capítulo 1
“Estou de volta pro meu aconchego”
Capítulo 2
“Mudei, o mundo gira num segundo”
Capítulo 3
“Bala de prata acerta para matar”
Capítulo 4
“Hoje, eu senti o peito apertar de dor’
Capítulo 5
“Chamam isso de destino, eu não sei’
Capítulo 6
‘Quero ficar, não sei se vou’
Capítulo 7
“Se jogar de primeira e fazer besteira”
Capítulo 8
“Estranho séria se eu não me apaixonasse por você’
Capítulo 9
“A amizade é tudo’
Capítulo 10
“Eu tô em queda livre, caindo, caindo...”
Capítulo 11
“Imagina eu e você entre quatro paredes”
Capítulo 12
“Não dá mais para negar que eu me apaixonei”
Capítulo 13
“Mesmo que o tempo e a distância, digam não”
Capítulo 14
“Isso não é medo de te perder, é pavor”
Capítulo 15
“Jogo de orgulho, nada a ver”
Capítulo 16
“Você tem o que quiser”
Capítulo 17
“Mesmo sendo simples, vira inesquecível ‘
Capítulo 18
“Eu só tô buscando a minha melhor versão”
Capítulo 19
“Dizendo não para, não para”
Capítulo 20
“Tenho dó de quem não te conhece”
Capítulo 21
“Pobre coração o dos apaixonados”
Capítulo 22
“Para pra pensar, porque eu já me toquei”
Capítulo 23
“Vai me perdoando, esquece aqueles planos”
Capítulo 24
“Cuide bem do seu amor”
Capítulo 25
“Frágeis testemunhas de um crime sem perdão”
Capítulo 26
“Vem pra minha vida, vem”
Epílogo
“Que você me adora, que me acha foda”
Agradecimentos
Nota da autora
Todo os momentos do meu dia são embalados por uma música. Cada
palavra deste livro, foi escrita enquanto eu escutava canções que me
inspiraram na construção da história, no desenvolvimento das relações e na
criação das personalidades de cada um dos meus personagens.
Espero que você possa ter uma experiência incrível ao ouvi-las.
Escute no Spotfy
Vivian Montenegro
“São fantasmas que me assopram aos ouvidos”
Tudo que queria era algo pequeno e intimista com meus poucos
amigos, mas é claro que Teresa não ia permitir. Para minha mãe, tudo que
importa é a aparência, “O que os outros vão pensar? O que os outros vão
dizer?”. É sempre o mesmo discurso, desde que me entendo por gente.
Depois de comemorar meus dezoito anos com todos as pessoas de posse e
influentes de Santana do Riacho, finalmente subi para meu quarto para
tomar um banho e relaxar. Meu quarto que parecia mais de uma princesa,
todo montado por Teresa bancado por seu marido.
Tinha apenas quatro anos quando meu pai, seu primeiro marido,
faleceu. Não tenho muitas lembranças dele, o que escuto é o que conheço
dele. Augusto Montenegro, era o filho único de uma longa linhagem de
filhos únicos, de uma família tradicional, que já foi uma das mais ricas da
região, e que nos deixou apenas dívidas, depois da sua morte prematura
aos quarenta e seis anos, em um acidente de carro na velha estrada de
terra. O que ninguém sabe é o que ele estava fazendo por lá, já que há
muito tempo ela não era usada para chegar à capital.
Um ano após a morte dele, Teresa se casou novamente com Sebastião
Mendonça, um homem quinze anos mais velho que ela, dono de vários
postos de gasolina nas redondezas. Sebastião praticamente manda na
cidade e na política. Ele é conhecido por sua simpatia e bondade, quase um
santo. Além dos postos de gasolina, é dono de três padarias, dois
supermercados e foi graças a ele que o primeiro shopping de Santana foi
construído, se é que podemos chamar aquilo de shopping. Mas o fato é que
para uma cidade pequena, todas as benfeitorias dele são vistas com bons
olhos.
Bruno Avelar
“Estou de volta pro meu aconchego”
Vivian Montenegro
“Mudei, o mundo gira num segundo”
— Te vejo errando e isso não é pecado, exceto quando faz outra pessoa
sangrar...— vou cantando enquanto finalizo a lavagem do meu cabelo. Não
é sempre que consigo comprar um xampu e condicionador que realmente
funcione para o meu tipo de cabelo. Então hoje é realmente um dia feliz.
Há muito tempo, eles se tornaram raros.
— ...Tô aproveitando cada segundo, antes que isso aqui vire uma
tragédiaaa.... — canto mais alto, extravasando. Porque aqui somos somente
eu e minha dor, aquela que ninguém conhece.
Desligo o chuveiro, puxo a cortina de plástico decorado com golfinhos,
que separa o chuveiro do restante do banheiro. Passo uma das mãos no
espelho para desembaçar e encaro a pessoa que me olha de volta.
— Mais um dia, Vivian, você consegue! — Há oito anos esse é o mantra
que me mantém viva, que me mantém sã.
Outra música começa e eu volto para o quarto/sala para vestir minha
roupa e começar mais um dia.
— Andei por tantas ruas e lugares, passei observando quase tudo.
Mudei, o mundo gira num segundo... — Continuo a cantar. Hoje é meu
último dia de prova. Está acabando, mal posso acreditar que em breve terei
meu tão sonhado diploma em mãos. Só preciso me manter focada. Foco é
tudo que preciso. Porque a fé, essa já perdi, perdi no dia que descobri a
podridão que corre pelas minhas veias, da qual eu não posso fugir, não
posso me esconder.
Abaixo o som, que obviamente não estava tão alto, afinal ainda são…
olho para o relógio. Merda estou atrasada! Passo a mão na mochila surrada,
que está no chão ao lado da mesa que serve para jantar, estudar e qualquer
outra tarefa. Tiro o celular e o carregador da tomada, enfio os dois no bolso
lateral e desligo o rádio. Confiro se as janelas estão fechadas, e saio de casa.
São vinte minutos de caminhada até a clínica, a passos calmos. Faltam
doze minutos para o horário e se tem uma coisa que sei que Ângelo preza é
pela pontualidade. Mesmo que eu saiba que ele não vá reclamar por uma
vez na vida eu chegar atrasada, não gosto de dar motivos. Então corro.
Passo correndo pela padaria e o cheiro de pão quentinho atiça o monstro
dentro de mim. Se tem uma coisa que amo na vida é comer. Graças a Deus,
tenho um metabolismo que acompanha meu estômago, se não, nesse
momento, não estaria conseguindo correr.
Paro na porta da veterinária, olho para o letreiro e deixo um sorriso
escapar. “Patinhas e Companhia: Uma Clínica Animal” quando li esse nome
pela primeira vez, pensei onde ele estava com a cabeça para escolher algo
assim. Mas desde que ouvi a história por detrás, sempre sorrio quando paro
aqui antes de abrir.
Desligo o alarme e aciono o botão para as portas de metal subirem.
Assim que percebem que cheguei, uma algazarra se inicia na parte de trás
da clínica.
— Ei, ei, aguentem aí, amiguinhos. Já vou aí ver vocês.
— Conversando com os bichos de novo, Vivian? — Carmela diz assim
que entra na loja. A mulher de quase quarenta anos trabalha comigo aqui na
clínica. É a responsável pelos atendimentos no balcão e no caixa, eu fico
nos fundos, nos atendimentos, banho e tosa. Sou quase uma médica
veterinária, mas eu realmente não ligo de cuidar dessa parte, fora que é um
dinheiro extra que estou ganhando enquanto Ângelo não contrata outro
tosador.
— Eles são os melhores ouvintes, Carmela. — digo sendo sincera. Nós
duas desenvolvemos uma boa relação no trabalho, mas ela é na dela e eu
sou na minha. Não existe nenhum laço fora desse ambiente.
— Você precisa sair, menina, socializar e arrumar um namorado, não é
sadio viver para o trabalho. Precisa gastar energia com outras coisas. —
Apesar de saber que ela tem razão, simplesmente não posso contar os
motivos pelos quais me relacionar com outras pessoas é... complicado.
— Sou feliz desse jeito — minto — pessoas são difíceis de lidar. —
Apesar disso não ser uma mentira, não é a razão pela qual eu vivo no meu
próprio mundinho. — Vou alimentar as ferinhas e já volto. — Aviso antes
de ir para o hotelzinho.
Enquanto converso com meus amigos de quatro patas, coloco ração e
troco a água de todos. Daqui a pouco Fabinho virá para sair com eles.
Organizamos passeios de dois em dois, e assim todos saem para se exercitar
pelas ruas de Luiz Afonso. Hoje temos um total de seis cachorros e três
gatos vivendo no hotelzinho. Carmela diz que aqui é um orfanato dos pets,
mas eu e Ângelo preferimos dizer que é um lar de transição, aqui os
preparamos para irem para um lar definitivo, onde ganharão uma família
que os amará como merecem.
Todos os nossos animais foram resgatados das ruas. Temos uma
campanha de adoção, muito bem engajada juntamente à prefeitura. A
pequena cidade se orgulha de ser amiga dos animais, mas como em todo
lugar, sempre tem um espírito pouco evoluído para abandonar um bichinho
indefeso à sua própria sorte.
— Bom dia, Vi! Como eles estão hoje? — ouço a pergunta atrás de mim
e sorrio. Fábio é um garoto de dezesseis anos que sonha em ser veterinário.
Ele “trabalha” aqui na clínica há quase quatro anos. Quando ele veio
procurar emprego disse que precisava guardar dinheiro para ir para
faculdade, que mesmo que fosse para uma pública, precisava de grana para
se manter em outra cidade até arrumar um emprego.
Filho do meio de sete irmãos, seus pais trabalham em uma fazenda da
região que fabrica queijos. O que ganham é o suficiente para manter a
família alimentada e sob um teto. O menino me ganhou no primeiro dia,
com sua determinação e força de vontade e, nesses quatros anos, foram
raríssimas as vezes que ele faltou ao passeio da galerinha aqui.
— Estão bem e animados para o passeio. E você, passou direto ou ficou
preso de recuperação?
— Passei em tudo e estou de férias. Acredita que minha média de
aproveitamento foi acima de noventa por cento? — questiona orgulhoso do
próprio feito.
— Acredito sim! Você, além de inteligente, é esforçado e comprometido
com seu futuro. Tenho certeza que será um dos melhores veterinários desse
país. — digo enquanto sustento seu olhar. E digo com sinceridade, porque
realmente é o que acredito.
— Obrigado, Vi. Se eu for tão bom quanto você, já me dou por satisfeito.
— Não fala bobagem, nem sou veterinária ainda.
— Só falta o diploma, mas isso é questão de tempo. — sorrio.
Ele coloca Tunico e Tinoco em suas respectivas coleiras e vamos em
direção a saída. Os dois cachorros são vira-latas e bem parecidos, quando
chegaram até nós, após terem sido resgatados na estrada, Fábio lhes deu os
nomes. É claro que no começo a gente não queria, mas acabaram ficando
esses mesmo. Assim que chegamos à entrada damos de cara com Ângelo.
— Bom dia, crianças. Tudo bem por aqui?
— Sim — respondemos juntos. — Até daqui a pouco, gente. — Fabinho
diz enquanto se afasta caminhando em direção à praça principal da cidade.
— Como foi a prova ontem, Vivian? — dessa vez a atenção de Ângelo
está toda em mim.
— Correu tudo bem. Mesmo que eu tenha ido mal, coisa que não acho
que fui, estou bem na matéria. Não corro risco de precisar repetir.
— Isso quer dizer então que já posso preparar os papéis para sua
contratação como veterinária? — Ele me olha com aqueles olhos azuis que
sempre parecem me investigar, e dou de ombros.
— Já posso entrar em período de experiência — Ele gargalha com minha
resposta.
— Bobagem. Eu vou me aposentar logo e entregar tudo em suas mãos.
— Ele pausa, vira e me encara. — Aproveitando, hoje você vai para a
fazenda Avelar comigo.
Ângelo não espera uma resposta, ele vai em direção ao escritório
enquanto eu fico parada como uma tonta no meio da recepção. Tem dois
anos que ele vem falando em se aposentar e me deixar com a clínica e os
cuidados com os animais da fazenda Avelar. Mas nunca pensei que esse dia
poderia mesmo chegar.
Capítulo 3
Bruno Avelar
“Bala de prata acerta para matar”
Meu pai estava certo por um lado. Eu precisaria de sorte, mas também de
muito mais que isso para conviver com Vivian. Agi como um idiota com
ela, reconheço isso. Simplesmente não consegui evitar. Aquele furacão
disfarçado de meio metro de gente, mexeu comigo de um jeito que ninguém
nunca fez. Me senti atraído desde o primeiro momento que meus olhos
reconheceram sua presença, mas a mulher por algum motivo que
desconheço, simplesmente não foi com a minha cara, e se tem uma coisa
que não me desce na goela é que as pessoas me julguem sem antes me
conhecer.
Sigo em direção ao cercado e observo de longe novamente sua interação
com os cavalos. É natural a forma como lida com eles, e não somente os
animais, parece que todos nessa fazenda estão rendidos pela potranca.
O vento atiça seus cabelos, fazendo uma grande bagunça nos fios
castanhos claros, quase dourados. Zeus se aproxima dela e passa o focinho
pelo seu rosto como se tentasse ajudá-la a se ajeitar. É uma cena diferente, e
quando ela consegue liberar a face dos fios, o sorriso que ela libera para o
animal é arrebatador.
Linda.
Sei que preciso me desculpar pelo que fiz a pouco. Mas a verdade é que
eu realmente tenho dúvidas se será uma boa ideia trabalharmos juntos. E
isso não tem nada a ver com a idade dela, droga, eu também a julguei pela
aparência, supondo que não seria capaz de assumir uma posição de trabalho
baseado simplesmente no que meus olhos estavam vendo.
Grandíssimo idiota.
A vejo passar novamente por cima da cerca e se aproximar de onde estão
meu pai, meu padrinho e alguns outros empregados. Eles trocam algumas
palavras e então ela caminha em minha direção. Sinto meu peito subir e
descer, num ritmo anormal, meu coração volta a acelerar assim que nossos
olhos se encontram e eu realmente me preparo para o que vem, mas quando
a distância encurta, ela desvia o olhar e passa direto por mim, indo de volta
às cocheiras.
Arisca.
Sigo-a, pois sei que precisamos nos acertar. Se o que meu pai quer é que
trabalhemos juntos é isso que vamos fazer. Não sou um moleque, e sei que
agi errado e vou fazer a minha parte para resolver as coisas e dar uma
oportunidade para que essa relação aconteça da melhor forma possível.
Assim que entro no espaço, a vejo lavando as mãos, tomo meu tempo a
observando. Tenho feito muito isso desde que a conheci e isso tem o quê?
Uma hora? Menos talvez. Que porra essa mulher tá fazendo comigo?
— Me seguiu para ficar me observando ou tem algo em que eu possa te
ajudar? — diz me surpreendo, me fazendo reagir e me aproximar.
— Eu... eu, queria me desculpar. Agi como um idiota antes. Não sei o
que me deu, mas você... — ela se vira e volta a me encarar com aqueles
olhos verdes folhas secas, engulo em seco, porque novamente meu corpo
reage de forma extrema a ela.
— Eu... — continua a frase me incentivando a continuar, assim que
percebe que travei. Porra Bruno, você não é um adolescente, reage.
— Você me desestabiliza — Sou sincero e assim que falo vejo a surpresa
perpassar seu rosto. Ela balança a cabeça, tentando entender o que está
acontecendo.
Nem eu mesmo entendo.
— O que você quer dizer com: eu te desestabilizo?
— Olha, me desculpa por ter te julgado por sua aparência e sua idade,
que eu nem sei qual é, esse não sou eu, não é a educação que tive, eu só...
me desculpe, por favor? Vamos tentar mais uma vez? — estico meu braço e
ofereço minha mão para um aperto — Prazer, sou o Bruno, filho do Seu
João e você deve ser a Vivian?
Ela sacode a cabeça algumas vezes antes de sorrir e segurar a minha
mão. Não é o sorriso que eu esperava, mas é melhor que nada.
Capítulo 4
Vivian Montenegro
“Hoje, eu senti o peito apertar de dor’
Bruno Avelar
“Chamam isso de destino, eu não sei’
Droga.
Essa merda já está indo longe demais. Não sei o que deu naquela cabeça
de titica para ficar espalhando por aí que vamos nos casar. Essa mulher só
pode estar delirando. Observo Vivian pelo canto do olho e agora tenho
certeza de que sua reação ontem foi por conta do “meu noivado”. Eu
basicamente a sequei, depois de babar como um cachorro faminto vendo
frango girar no forno e ela me achando um canalha por fazer isso sendo
noivo. Mas isso não vai ficar assim, Franciele passou dos limites. Odeio
mentiras. Se meu nome está envolvido, vejo vermelho na minha frente.
Seguro o volante com mais força, imaginando ser o pescoço daquela
loira manipuladora. E por que diabos papai deixou essa merda se espalhar?
Por que simplesmente não cortou o mal pela raiz? Ah! Seu João, nós dois
também iremos ter um dedo de prosa. Avisto o portão da fazenda e já sinto
uma dor no peito por termos chegado. Estar com ela tão perto, poder sentir
seu cheiro tomar conta do meu carro é uma delícia. Uma tortura, também,
mas uma delícia.
Queria o cheiro dela no meu corpo.
Vai com calma, cowboy, você acabou de conhecê-la. Mesmo sendo a
mulher mais linda que já vi, ainda não sei nada sobre ela e todas as
respostas que me deu foram vagas demais.
Quem é você, Vivian Montenegro?
— Chegamos!
— Obrigada por me buscar Bruno, foi muito gentil da sua parte. — diz já
descendo do carro, distanciando-se, indo em direção onde os cavalos ficam.
Não deixo que ela se afaste, vou em sua direção, permanecendo um
pouco atrás, por alguns segundos até a alcançar. Ela fica ainda mais linda
quando a luz do sol bate em seu rosto. O cabelo de um tom de loiro escuro
fica mais claro e o verde dos olhos brilha de uma forma que eu poderia
admirar por horas. Vivian é uma mulher linda, ela tem um ar de menina,
mas anda com passos firmes de mulher decidida. O nariz pequeno e
arrebitado sempre empinado, como se dissesse que nada a faria baixá-lo
para ninguém. A boca carnuda e bem desenhada, com aquele tom de rosa
que a deixa ainda mais atraente, é uma perdição.
Vivian é toda uma mistura de menina e mulher, sua beleza não é comum,
é selvagem, ela não usa uma grama de maquiagem, a pele parece um veludo
macio, que a cada minuto fico mais tentado a tocar. E tem seu cheiro, não
de perfume, é o cheiro dela misturado com o do xampu, que eu posso jurar
que tem algo com baunilha, é doce, mas não de um jeito enjoativo. Nada
nela é demais, ela é perfeita.
Mas tem aquela sombra em seus olhos. Eu sou um bom observador de
pessoas, sempre fui. E mesmo tendo menos de vinte e quatro horas que a
conheço, posso apostar minha caminhonete, que Vivian carrega uma grande
dor dentro de si. Peguei seu olhar vagando por alguns momentos durante o
caminho, principalmente quando ela respondia algo sobre o seu passado.
Olho para ela que agora cumprimentava alguns trabalhadores. O que
aconteceu com você, Vivian? Eu vejo aquela mesma dor nos olhos do meu
pai e do meu padrinho. Os dois perderam pessoas que amavam. É isso
Vivian, você também perdeu alguém? Paro de andar quando ela se vira para
mim e pergunta algo, custo a desviar dos meus pensamentos e me
concentrar no que ela fala.
— Você vai me acompanhar o dia inteiro? — Ela questiona com uma
cara estranha, parece incomodada, mas... também esperançosa. Informo que
se não for incomodá-la gostaria que me deixasse por dentro da saúde dos
animais, já que agora ela é a responsável por eles.
Vamos direto para a baia de Zeus, óbvio que ele seria o primeiro a
receber sua atenção. Quero entender a ligação entre eles. Quando ela entra
no campo de visão do cavalo, ele começa a relinchar e só para quando se
aproxima e toca seu focinho com carinho.
Será que se eu fizer esse show todo também ganho carinho?
É normal ficar com ciúmes de um cavalo? Claro que não, Bruno.
Respondo ao meu próprio questionamento. Não sei o que essa mulher fez
comigo, mas o fato é que desde ontem eu fico remoendo cada sorriso que
ela dá para alguém, e fico ruminando sozinho por não entender o que está
acontecendo comigo. Nunca senti nada parecido. A observo conversar com
o cavalo como se fosse seu confidente, fazendo um relatório do que fará
antes de poder realmente ter um tempinho com ele.
— Vou examinar a égua que tá prenha, você vem? — Vivian pergunta
me tirando dos meus devaneios, mas sem ao menos me dar tempo de
responder começa a se dirigir para onde Estrela está.
Com uma gestação de quase onze meses, as éguas que ficam prenhas
aqui na fazenda Avelar, têm todo o cuidado especial que necessitam,
começando por sua transferência para um piquete onde se encontram
somente éguas na mesma situação, até a alimentação balanceada e
suplementos alimentares que garantem saúde a ela e ao potro. O
acompanhamento de um veterinário ou zootecnista é fundamental para a
determinação da dieta adequada, por isso além de Vivian e meu padrinho,
temos também o Antônio, que é um dos responsáveis por acompanhar os
animais durante todo esse processo e que responde agora diretamente a
nova veterinária responsável da fazenda.
— Bom dia, Toni, como passamos a noite? — Vejo-a se aproximar da
égua e começar a examiná-la. Vivian tem carinho em cada gesto, é visível o
amor que dispensa para cada animal. É lindo ver alguém que trabalha com o
coração, principalmente em uma profissão que lida diretamente com seres
vivos.
Quem dera se todos os profissionais fossem assim.
— Ela estava meio agitada, acho que tá se aproximando o grande dia. —
Antônio a responde antes de me cumprimentar tirando o chapéu da cabeça e
parando ao meu lado. — Bom dia, Seu Bruno, é bom ter o patrãozinho de
volta. — Antônio deve ter uns trinta e cinco anos, e trabalha na fazenda
desde que atingiu a maioridade. É de total confiança do meu pai e minha.
— Bom dia, Antônio, é bom estar de volta. Como estão as outras éguas?
— Todas estão bem. Eu que ainda não me recuperei do ocorrido com a
Margarida — Sua voz soa triste, aperto seu ombro em apoio.
Há três meses perdermos uma de nossas éguas mais velhas, ela teve uma
gestação gemelar, que não é comum em equinos, e na maioria das vezes
quando identificados com antecedência, precisa ser interrompida.
Margarida teve um aborto espontâneo, o que é muito comum nesses casos.
O que veio depois é que abalou nosso zootecnista. Em exames feitos alguns
dias depois, Ângelo descobriu que Margarida estava com um tumor
maligno, mesmo fazendo todo o tratamento que o dinheiro podia
proporcionar, ela não resistiu. Todos ficamos sentidos, mas nada se compara
a Antônio, Margarida foi a primeira potra que ele ajudou a trazer a esse
mundo.
— Vamos ter que fazer vigília, ela pode parir a qualquer momento —
Vivian avisa, assim que termina de examinar Estrela — Vou avisar ao
Ângelo. — diz, pegando o celular e se afastando de nós. Não evito que
meus olhos acompanhem cada movimento seu. Não comando meu corpo
desde ontem, cada ação minha é puro reflexo quando ela está perto.
— Ela é uma boa menina. Apesar de não sabermos nada sobre o passado
dela, todos aqui temos um carinho muito grande pela senhorita Vivian. —
Antônio diz, mesmo que nenhuma pergunta tenha deixado meus lábios.
— Ela realmente parece ser legal, tivemos um truncado ontem, mas
passou.
— Ela é muito reservada. Não fala sobre a vida pessoal, e nunca aparece
em nenhuma comemoração. Mas enquanto está aqui trabalhando é
sorridente, cordial e trata a todos com respeito, indiferente de quem seja. E
o que mais gosto nela é seu amor pelos animais.
— Percebi isso em pouco tempo, é perceptível como ela é apaixonada
por aquilo que faz. — continuo olhando na direção por onde Vivian sumiu.
Me pego preso nas coisas que meu funcionário falou. Reservada, nunca vai
a lugar nenhum... recordo da nossa interação no caminho para cá e nas
respostas evasivas que ela deu, posso estar enganado, mas apostaria meu
violão que Vivian tem um segredo, não como os que todos temos, mas
daqueles que não confia em dividir com ninguém.
Eu tinha reunião por vídeo chamada, por isso não pude levar Vivian em
casa. Ela precisava buscar roupas e outros itens pessoais. Zé foi o
incumbido da tarefa, e parecia bem feliz com isso. Sei que parece insano
sentir ciúmes de uma situação assim, até porque Vivian não é nada minha, e
não parece ter nenhum interesse no meu amigo, mesmo assim a sensação
incômoda não me abandona, mesmo depois da reunião e do banho que
tomei para tentar organizar meus pensamentos e a agitação do meu corpo. A
sensação inquietante está aqui.
O cheiro de broa de fubá invade meu quarto, minha barriga ronca como
em todas as outras vezes que o aroma das delícias de Madá domina o
ambiente. Eu sempre pareço um menino cheio de lombrigas quando o
assunto é a comida da minha madrinha. Sigo até onde sei que todos estarão
reunidos, mas paro um pouco antes da porta. E observo.
A cozinha ampla está abarrotada de gente, alguns tomam café de pé,
próximos às grandes janelas, outros estão sentados em torno da grande
mesa de madeira. Aqui na fazenda todos são bem-vindos para o café da
tarde. Seu João sempre sonhou em ter uma família grande, muitos filhos,
depois muitos netos, mas a morte precoce da minha mãe, pôs fim a parte
dos seus planos. Hoje temos uma grande família, não formada pelos laços
sanguíneos, mas por um amor que é mais forte que qualquer outra coisa.
Viro quando ouço alguém falar o nome que há dois dias permeia meus
pensamentos.
— Venha Vivian, sente-se para tomar seu café. A noite vai ser longa e
precisa de energia, para ajudar Estrela e o potrinho. — Vejo minha
madrinha direcionar Vivian, para uma cadeira próxima onde meu pai está
sentado, ela sorri tímida para ele e não consigo evitar o meio sorriso em
meus próprios lábios.
Madá a serve com uma fatia de broa e me perco no momento em que ela
leva a boca, morde e fecha os olhos, como se nunca tivesse saboreado algo
tão bom em toda sua vida. Leva apenas alguns segundos, mas seu
semblante fica totalmente relaxado, para logo em seguida a barreira estar de
volta. Aquela que impõe sobre si e os outros, que acha que ninguém vê, mas
está lá, eu a vi, eu vejo. Só não sei por que ela existe. Ainda.
— Vai ficar aí parado ou vai se sentar com a gente? — Meu pai
questiona e só então me dou conta dos olhares em mim. Coço a garganta,
puxo uma cadeira e me sento quase de frente para Vivian. Nosso olhar se
cruza, mas ela não me dá o prazer de mergulhar naquele rio revolto por
muito tempo, desviando sua atenção para uma das meninas que mora aqui
na fazenda e está de casamento marcado, engatando em uma conversa que
sei que ela fará estender pelo maior tempo possível.
Passo uma camada de manteiga sobre a broa que está em meu prato, e
tento manter minha atenção nas conversas que estão acontecendo. Mas meu
cérebro só tenta captar cada palavra que sai da boca da encantadora de
cavalos. E de homens. Porque é isso que ela fez comigo, me encantou. Deve
ser alguma espécie de magia, feitiçaria, toda essa coisa que está
acontecendo comigo.
Sacudo a cabeça quando noto quão idiota são meus pensamentos. Magia,
que merda é essa, Bruno? Solto uma lufada de ar olhando para frente.
Como se pego com a boca na botija, vejo meu pai me escrutinando com seu
olhar matreiro e um sorriso que sabe mais do que eu gostaria que soubesse.
É pai, eu acho que ela é minha pessoa e o quão louco eu pareço por pensar
nisso, a conhecendo há apenas dois dias? Claro que esse é um
questionamento que não deixa os meus lábios, posso estar sendo irracional
em meus pensamentos, mas daí a deixar que os outros saibam, é outra coisa.
Capítulo 6
Vivian Montenegro
‘Quero ficar, não sei se vou’
Escondida.
Sim, é exatamente isso que você ouviu. Eu estou me escondendo de
todos, mas principalmente dele. Do seu olhar perspicaz, do jeito como ele
esquadrinha cada parte minha e o pior de tudo, como ele parece me ler. Ele
não me olha simplesmente, me analisa, profunda e minuciosamente. Não
queria ter tomado café com todos eles, eu nunca me permito esses
momentos. Mas foi praticamente impossível dizer não, porque quando vi,
Zé e Lúcia já estavam me arrastando para a cozinha da casa grande.
Em parte, foi bom ter um momento assim, há anos não sei o que é me
sentir parte de algo, de me sentir acolhida. E todos aqui na fazenda parecem
realmente gostar de mim, mesmo que eu não faça nenhum esforço para isso,
pelo contrário, sempre recuso qualquer convite para interagir, para passar
mais tempo que o necessário com as pessoas. Eles deveriam me achar
insuportável, mas é exatamente ao contrário, todos me respeitam. Apesar de
não me entenderem, eles me aceitam do jeito que eu sou. Ou melhor, do
jeito que eu preciso que acreditem que sou.
A parte não tão boa, é que ficou aquela sensação de que eu poderia ter
mais desses momentos, aquela vontade de sentar-me e conversar com
pessoas da minha idade, prosear, como os mineiros dizem. Ou até mesmo
com os mais velhos. Seu João, Angelo, Madá, todos eles são tão zelosos.
Amo como Madá parece saber tudo que todos estão precisando, mesmo
antes deles. Como uma super mãezona que cuida de cada um que trabalha e
mora por aqui. Mãe, dói lembrar, dói saber que eu nunca tive alguém que
me amasse assim, nunca fui protegida. Dói saber que nunca fui amada de
verdade, nem pela pessoa que naturalmente deveria me amar.
Observo Estrela do outro lado da baia, ela está calma, o que me
tranquiliza. Eu amo meu trabalho, amo cuidar de todos os animais, mas os
cavalos e os cachorros sempre tiveram um peso especial em minha vida. Eu
nunca tive uma real experiência em ter um cachorrinho de estimação, mas
desde pequena sempre amei assistir a filmes que contam suas aventuras. Os
meus preferidos eram os filmes do Bud, o cão amigo, aquele golden
retriever me ganhou no primeiro olhar.
Nunca me permitiram ter um cachorrinho.
“Esses animais só servem para fazer sujeira e soltar pelo por todo lugar.
Você nunca vai ter um desses.”
Sacudo a cabeça para afastar as lembranças, pelo menos essa é menos
dolorosa. Decido sair do meu esconderijo e ver como Zeus está. Ele é o
cavalo mais indócil da fazenda, mas somente com os outros. Entre nós
existe uma conexão. Ele me entende, e toda vez que estou perto dele, o
modo como ele me cerca, é como se dissesse que vai me proteger, e
realmente sinto isso.
Assim que passo pela porta, ele vem ao meu encontro, roçando seu
focinho na minha bochecha direita, bem ao seu modo de me dizer que está
feliz em me ver. Abraço-o com força, como se o mundo dependesse disso,
talvez o meu dependa. Zeus é amigo, meu confidente, ele é o único que
sabe todas as merdas que me aconteceram, todas as coisas que preciso abrir
mão diariamente para manter minha liberdade, ou o que quer seja esse tipo
de vida que levo.
— Sabia que te encontraria aqui! — Deus, porque além de lindo,
precisava ter essa voz. o Senhor também não facilita. — Vim te chamar
para jantar. — não havia percebido que já tinha escurecido, olho para meu
relógio e vejo que já são quase oito da noite, viro-me para responder, afinal
se tem uma coisa que Teresa me deu foi uma boa educação. Sou totalmente
pega desprevenida, porque quando penso que esse homem não pode ficar
ainda mais gostoso, ele vem esfregar na minha cara que consegue sim.
— Não estou com fome. Na verdade, não tenho costume de jantar —
uma mentira e uma verdade. Eu estou com fome. Uma coisa sobre mim;
estou sempre com fome. Mas realmente, não tenho costume de jantar.
Cozinhar só para mim é algo que me deprime, e só aumenta minha solidão,
então geralmente como algo prático de se fazer. — Mas obrigada pelo
convite. — Finalizo engolido a saliva, porque daqui a pouco vou estar
literalmente babando em cima do homem.
Também quem mandou ser gostoso desse jeito. Vestido nessa blusa cinza
justa que molda seus músculos e não deixa nada para a imaginação, e nem
vou falar da calça jeans, que abraça as pernas, as coxas grossas e as pernas
torneadas. Mesmo não querendo, meu cérebro começa a desenhar uma
imagem desse homem sem roupa... Para Vivian, só para.
— Tem certeza que não quer comer pelo menos um pouco, a noite vai
ser longa.
— Tenho sim, Bruno. Eu trouxe um lanche para mais tarde.
— Tudo bem. Se precisar de alguma coisa, ou se quiser comer, sabe que
pode ir até a cozinha da casa grande não sabe.? — Faço que sim com a
cabeça. — Vou deixar vocês continuarem de onde pararam antes deu
chegar. — assim que ele deixa o meu campo de visão e recobro o controle
sobre o meu corpo é que me dou conta.
Será que ele ouviu alguma coisa?
Bruno Avelar
“Se jogar de primeira e fazer besteira”
Cresci ouvindo meu pai contar como se apaixonou por minha mãe na
primeira vez que a viu. Não que ele soubesse naquele momento que estava
apaixonado, mas com o passar do tempo, ele teve certeza de que Helen era
a mulher com quem gostaria de viver todas as aventuras da vida. Ele era um
pouco mais velho do que sou hoje quando se conheceram. Mamãe
trabalhava em um restaurante de beira de estrada. Ela era uma jovem linda,
mas que de acordo com os fofoqueiros da pequena cidade, não tinha futuro
e estava fadada a trabalhar ali até os últimos dias na melhor das hipóteses,
visto ser filha de quem era.
Mas nada disso fazia diferença para meu pai. Não importava que fosse
filha da meretriz da cidade, e que ninguém soubesse quem era seu pai, nem
mesmo a própria mãe. Porque tudo que importava era que ele seria o pai
dos filhos dela. Que ela era a pessoa dele, a quem ele amaria e protegeria
até seus últimos dias.
Meus pais apesar da morte precoce da minha mãe tiveram um casamento
feliz e nos primeiros quatro anos, antes do meu nascimento e sua partida,
meu pai dedicou a ela cada segundo do seu tempo, deixando-a saber o
quanto a amava. Ele carrega dentro de si a certeza de ter vivido com sua
alma gêmea e mesmo que tenha sido por pouco tempo, não carrega nenhum
arrependimento, porque sabe que fez tudo por aquela que amava.
E por mais louco que pareça sinto uma certeza em meu coração toda vez
que olho para Vivian. uma que me faz querer cuidar e proteger. Que me faz
querer tomá-la em meus braços e dizer que agora ela não está mais sozinha.
Porque é isso que ela é, uma pessoa solitária. Eu vejo a dor em seu olhar,
vejo mais do que ela gostaria que visse e até mesmo mais do que a
racionalidade pode aceitar.
Termino de calçar uma das botas quando alguém bate à porta do meu
quarto. É uma vida inteira de convivência, mesmo antes de liberar sua
entrada sei que é meu pai quem espera do outro lado da porta.
—-Pode entrar, pai. — encaro o homem que é meu exemplo e orgulho.
Não por suas posses, mas por seu coração. Por todos valores que me
ensinou desde que eu era um moleque e que vem reforçando ao longo da
minha vida adulta.
— Bom dia, filho, estou indo tomar café e depois ver como a Estrela
passou a noite. Vim te chamar para me acompanhar. — pensa que me
engana né velho casamenteiro. Sei que não está indo somente ver a égua, e
sim a veterinária. Eu observei ontem enquanto eles conversavam na porta
do celeiro e depois como se não quisesse nada, ele me disse que Vivian é
uma boa menina. Ele me conhece o suficiente para saber que estou mexido
com a presença dela, e está tentando do jeito dele nos aproximar.
— Era o que eu ia fazer nesse exato momento — vou em sua direção,
agora já calçado, pego meu chapéu em cima da mesinha ao lado da porta,
antes de sair e passar um dos meus braços por seu ombro. — Já está
organizando uma grande festa de casamento nessa sua cabecinha não é
senhor João?
— Que conversa mais doida é essa, menino? — vira o rosto para me
olhar — Casamento ainda é cedo, mas noivado...
Caio na gargalhada, meu pai é impossível. Quer porque quer me ver
casado e enchendo a fazenda de netos e ao menor sinal que eu dou de
interesse por uma mulher, ele já começa e fazer planos, principalmente se é
alguém que ele aprova, o que parece ser o caso da nossa veterinária.
— Pai, tem três dias que a conheço!
— Mas não nega o interesse nela, eu sabia.
— Não nego, ela é ... não sei — balanço a cabeça tentando achar a
melhor explicação — linda, cativante e parece tão..
— Frágil e sozinha. — diz em um tom mais triste, saudosista até — Ela
me lembra tanto a minha Helen..
—Sério?
— Não fisicamente é claro, mas a postura determinada, confiante, e o
olhar. Aquele que diz que por cima tudo é uma armadura, que por detrás de
cada sorriso há um mundo de lagrimas e solidão. — Ele para se vira para
mim, e segura em meus ombros, me fazendo encará-lo enquanto diz. —
Filho, eu confio no homem que criei, mas só quero te pedir para que tenha
cuidado. Aquela menina, tem uma bagagem pesada, algo que a faz pensar
que não é merecedora de nada, sei disso porque sua mãe era assim. Então só
prometa para mim que será bom para ela.
Engulo seco, não porque ser bom para ela, não seja exatamente o que
pretendo ser, mas por meu pai assim como eu ter percebido tanto dela. O
que só confirma minhas suspeitas que preciso protegê-la, mesmo sem saber
contra o que ou quem.
— Pai, nós ainda...
— Você mesmo acabou de dizer “ainda”. Então me promete filho.
— Prometo, pai.
Parece que todo mundo entrou para o time Vivian, durante o café da
manhã fiquei ouvindo do meu pai, da minha madrinha e acreditem até
mesmo do meu padrinho elogios a pessoa dela. O mais engraçado disso
tudo é que nada saiu da minha boca sobre eu ter algum interesse nela, e por
Nossa Senhor de Fátima, a gente mal se conhece. Mas para eles isso não
está importando, estou me sentindo um homem encalhado aos vinte e sete
anos, cuja família está louca para vê-lo pelas costas.
Imagine se eles soubessem as coisas que se passam na minha mente?
Assim que chegamos ao celeiro vejo Vivian parada em umas das baias
mais próximas, acompanhada por Ângelo, Antônio e... espera não pode ser.
Esse filho da mãe chegou, nem foi na casa grande e já está aqui de gracinha
para cima dela. E aquele sorrisinho dela, é para ele? Aperto o passo e me
aproximo já dando um safanão em Fernando, esse idiota que chamo de
melhor amigo.
— Bom dia a todos, menos para você — aperto o ombro dele.— Por que
chegou e não foi até a casa grande?
— Cara, isso tudo é saudade? — o idiota brinca — vem cá, deixa eu te
dar um beijinho de bom dia, para melhorar esse humor — se vira para me
beijar, mas eu fujo. Não falei, idiota.
— Sai fora, Fernando — tento desvencilhar do seu agarre, mas ele me
puxa para mais perto — Que porra, cresce, caralho.
— Ah, Bruno, você já foi bem mais divertido esses anos fora não foram
bons para você — Diz se afastando e ajeitando a roupa. — Que bicho te
mordeu? — involuntariamente meus olhos correm para Vivian, e eu
entrego de bandeja para ele, o motivo do meu humor de merda. — Entendi.
— Não começa — digo baixo, só para ele entender.
— Eles sempre foram assim? — é Vivian quem pergunta, uma diversão
que nunca tinha sentido em sua voz.
— Pior — Meu pai e Angelo respondem ao mesmo tempo.
— Ah minha filha, esses dois já deram tanta dor de cabeça para mim e
para Afonso, pai do Fernando, que quase viramos sócios de uma indústria
farmacêutica.
— Não teria sido uma ideia de todo ruim. — outro tapa estala da cabeça
de Fernando — cara qual o seu problema hoje, para de me bater.
— Para de ser idiota, então. O que nossos pais entendem de indústria
farmacêutica?
— Nada, mas e daí? O dono da padaria não precisa ser padeiro, imbecil.
— minha vontade é dar mais uns tapas nele, mas a vontade logo é
transferida para outro idiota que chamo de amigo, quando o escuto falar
com Vivian.
— Bom dia, lindeza! Como foi sua noite? — que intimidade é essa? E
esse beijo na bochecha? Espera, ela tá corando? Porra, porra, ela fica tão
linda com vergonha.
— Bom dia, foi boa. Estrela não deu nenhum sinal de estar entrando em
trabalho de parto.— ela suspira antes de continuar — estou ansiosa, nem
consegui pregar o olho.
— Precisa descansar então. — dessa vez quem diz é Ângelo — vai para
casa, dorme e mais tarde você volta. — fala não como um chefe, mas
como alguém que se importa.
— Estou bem, vou ficar. Não quero ir para casa e ficar a quase uma hora
de distância. — é enfática.— posso dormir no consultório.
— Não mesmo. Você não irá conseguir descansar com todos trabalhando
em volta. Além do mais, o consultório vai ser usado durante todo o dia.
Você pode descansar em dos nossos quartos de hóspede. — contra-
argumento e dou uma solução.
— Mas...
— É uma ótima solução Vivian, assim você fica perto caso ela entre em
trabalho de parto. — meu pai endossa.
— Ok, mas não quero incomodar.
— Você jamais incomodaria — digo— Eu te acompanho.
— Eu vou junto, quero matar a saudade da minha Madá — Fernando diz
logo atrás de mim, e eu só queria jogar ele na baia do Zeus.
— Sua Madá uma ova. Vocês têm que parar de se apropriar da minha
mãe. Você só quer ir lá filar a boia, seu passa fome. — Zé não perde tempo
de alfinetar.
— Deixa de ser egoísta, pequeno polegar. Sua mãe é patrimônio popular,
aceita que dói menos.
— Vou te mostrar o tamanho do pequeno polegar...
— Ei, olha Vivian aqui, mais respeito. — ralho com os dois— Tenho
certeza que seus pais te deram educação.
— Calma, cowboy. Desculpa feiticeira.
— E para de chamar ela de feiticeira. — solto sem querer e todos param
para me encarar, principalmente ela. Jesus, passei dos limites. — É... é que,
sei lá, pareceu que ela não gostou muito do apelido da outra vez.
— Acho que é você quem não gostou — Ouço Fernando zombar da
minha cara.
— Eu não ligo — ela dá de ombros e volta a andar — Na verdade já me
acostumei.
Sem ter mais o que falar, caminhamos em silêncio até em casa. Não
resisto em analisá-la durante esse tempo. Ela parece mais leve, menos
retraída, o que de certa forma me deixa contente, mas também me faz
pensar o que aconteceu para ela ter mudado a postura de ontem para hoje.
Está mais sorridente, e senti que aceitou com mais facilidade descansar aqui
ao invés de ir para casa. Claro que ela quer ficar perto para o caso de uma
emergência, mas sinto que não é somente isso.
Subimos os degraus de pedra que dão acesso à porta da frente da casa
construída pelo meu bisavô no século passado. Ela ganhou uma reforma no
ano passado. A deixando mais moderna e funcional. Foram adicionadas
mais três suítes, a sala de televisão virou uma sala de cinema e a sala de
jogos também foi ampliada. A cozinha ganhou novos eletrodomésticos,
tudo moderno, mas o fogão a lenha continua sendo o grande mestre. Minha
madrinha não renuncia a uma boa comida feita da forma mais mineira
possível.
Assim que entramos na sala principal, Madá nos vê e acena para que
possamos esperar, ela está ao telefone e o vinco entre suas sobrancelhas diz
que algo não a está agradando. Zé percebe o mesmo e se aproxima da mãe,
tentando entender o que está acontecendo. Assim que finaliza, descobrimos
o motivo da preocupação.
— Meus filhos vão me deixar louca. Queria entender o que me deu
quando aceitei que essa menina fosse morar na capital sozinha. — exaspera.
— O que houve, mãe?
— Sua irmã, quer me matar de preocupação. Disse que está vindo para
casa de carona com um amigo da faculdade que mora em uma cidade
depois da nossa.
— Mas que porra...
— Olha a boca menino.
— Desculpa, mãe. —pede Zé, envergonhado. — Não estava combinando
que eu iria buscar ela no sábado?
— Estava, mas ela resolveu vir antes com esse tal amigo. Amigo esse
que ninguém conhece. Ai meu Santo Padroeiro das mães em desespero,
cuida e coloca juízo na cabeça da minha menina — diz olhando para o teto,
como se pudesse ter uma conversa mais íntima dessa forma com seu
santinho.— Desculpa, filho, to atarantada e nem te dei uma abraço — diz
puxando Fernando para um abraço. — Na França não tem comida não, tá
magrinho.
— Tem comida sim, mas nada se compara às coisas que suas mãos de
fada produzem, tia. — ele a abraça de volta de forma carinhosa. Apesar da
implicância de Zé, ele sabe que a mãe tem um papel importante na vida de
todos nós e que o amor que sentimentos por ela é imenso.
— E você menina, vem cá. — Agora é vez de Vivian ser puxada para um
abraço. — Como foi a noite, minha filha? Tá com cara de quem não dormiu
e nem se alimentou. Vem comer e depois, descanso. — sai levando Vivian
pela mão como uma criança de cinco anos em direção a cozinha.
— Você vai buscar sua irmã na cidade, José Armando. Ela deve chegar
por volta das cinco da quatro da tarde — fala enquanto a seguimos. — O tal
amigo vai deixá-la na prefeitura. Se fosse um bom rapaz, a traria aqui, e
conheceria sua família....
Não deixo de achar engraçado o desespero da minha madrinha, é claro
que é preocupante a Poli está vindo com um homem desconhecido para nós,
mas a verdade é que para ela não é. O que eles não veem é que a caçula da
família Mendonça já é uma mulher e sabe se virar sozinha.
— Calma, madrinha, Poliana é ajuizada, se ela decidiu vir com esse
amigo é porque se sente segura com ele. Já pensou que pode ser um
possível genro?
— Tá maluco? — quem questiona é Fernando para surpresa de todos. —
Ela, ela... é muito nova para pensar em namoro.
— Ela já vai fazer vinte e um, Fernando, se toca. Acha que só nós
envelhecemos — rio da reação dele — linda do jeito que ela é, deve ter uma
fila de marmanjo atrás dela na capital. Aqui na fazenda não deve ser
diferente.
—Não acho que ela deve pensar em namoro agora. Precisa focar nos
estudos. — sua cara de poucos de amigos me deixa com a pulga atrás da
orelha.
— Concordo, Poliana não vai namorar tão cedo. — Zé bate o martelo —
Ai do fedazunha que se engraçar para cima da minha irmãzinha.
— Acho que vocês deveriam parar de decidir sobre a vida dela, isso não
diz respeito a nenhum dos dois. No máximo meu padrinho e minha
madrinha podem opinar. — digo — Poliana já não é mais criança e teve
uma excelente educação, ela sabe o que faz da vida dela.
— Concordo com a parte da boa educação. — Madá diz sorridente —
Mas mesmo assim, como mãe não posso deixar de me preocupar. — Já
estamos sentados quando Vivian se pronuncia pela primeira vez desde que
chegamos.
— Não a conheço pessoalmente, mas por todas as coisas que já ouvi
falar dela e por tudo que disseram até agora, me parece uma menina muito
responsável. Só confiem que ela saberá fazer as melhores escolhas, e se no
final não forem, estejam preparados para serem o apoio dela. — a
encaramos, todos meio surpresos, o que a deixa acanhada. — Desculpem-
me, não quis ser intrometida, é só que...
— Não foi intrometida minha filha. Foi certeira no que falou. É uma boa
menina, vemos que sua mãe te educou bem — diz Madá sem maldade. Mas
assim que as palavras deixam sua boca e atingem Vivian, seu semblante
muda. E toda tristeza que estava quase escondida em seu olhar, volta a
transbordar.
O que te aconteceu Vivian? O que fizeram com você?
Capítulo 8
Vivian Montenegro
“Estranho séria se eu não me apaixonasse por você’
Bruno Avelar
“A amizade é tudo’
— O que foi aquilo entre você e a Poli— indago meu melhor amigo, na
primeira oportunidade que ficamos sozinhos. Poliana está matando a
saudade da família enquanto tomam café e por incrível que pareça, Vivian
mais uma vez está em nossa casa, conversando com todos e mais solta que
imaginei que poderia vê-la.
— Não sei do que está falando — encaro o idiota sentado na poltrona
do meu quarto, o arrastei comigo com a desculpa de vir me ajudar encontrar
onde deixei o presente que havia trazido para Poli, mas eu sei onde o
guardei. Fiz questão de tirar da mala antes que arrumassem minhas coisas.
—Corta essa Fernando, eu percebi o clima pesado entre vocês. Não
somente eu, acho que somente quem estava muito distraído para não notar
como você ficou abalado com a chegada dela.
— Não fiquei abalado com a chegada dela, estava preparado para isso,
só não... — ele encara o tento — deixa pra lá. E aí encontrou, o que estava
procurando?
— Fernando, somos amigos há quase vinte anos. Sabe que pode
conversar comigo...
— Cara, esquece isso. Poliana só mudou muito desde a última vez que
a vi, foi meio impactante ver como ela mudou. Só isso.
— Ela tá realmente mudada, nem parece a mesma magrela descabelada
que vivia atrás da gente pela fazenda.
— Não mesmo. — ele se levanta, impaciente e querendo fugir. Eu sei
que nesse mato tem coelho, e dos grandes, e sei exatamente como empurrar
ele para a beirada. — Vamos? — pergunta já da porta.
— Acho que o cara que trouxe ela até a cidade, é algum namorado.
Você não acha?
— Não acho porra nenhuma Bruno, que caralho vamos mudar de
assunto.
— Porque está tão irritado.
— Vai se foder, Bruno. Vamos falar da Vivian que tal, acho ela um
assunto mais interessante — o filho da puta sabe onde atingir, essa é a
merda de ter um melhor amigo que te conhece tão bem. Tudo é uma via de
mão dupla.
— Com certeza ela é um assunto interessante, mas que só diz respeito a
mim. Diferente de você, não escondo meu interesse por ela.
— Não tenho interesse na magrela se é isso que está insinuado.
— Anham, ok. — não vou render o assunto, por enquanto. Estamos
quase na porta da cozinha quando paro meu amigo e coloco a mão no
ombro dele. — Eu realmente gosto da Vivian, Fernando. Mas ela é
diferente, não sei como me aproximar dela. — confesso. Porque apesar de
ser um grande cabeça dura na maioria das vezes, sei que posso contar com
ele.
— Acho que está no caminho certo.
— O que quer dizer com isso?
— Só relaxa Bruno e continua o que está fazendo. Posso não ser um
especialista em relacionamentos, mas a mão de vocês entrelaçada mais cedo
e a forma como se olharam deixou bem claro que você não é o único
envolvido. — Assim que termina de falar, ele passa por mim entrando na
cozinha, me deixando com muito o que pensar.
Será mesmo?
Entro na cozinha e me sento na mesma cadeira que estava antes de ir ao
meu quarto, bem de frente para Vivian. Ela está sorrindo enquanto minha
madrinha conta alguma coisa sobre quando éramos crianças — ... eles
chegaram correndo, quase sem fôlego, Zé foi o mais picado no corpo, mas
Bruno...— a história da vez é sobre quando subimos em uma árvore e não
sabíamos que tinha uma casa de marimbondo nela. Foi um ataque brutal o
que sofremos, hoje já conseguimos rir da situação, mas no dia foi
aterrorizante. Fiquei com a cara toda inchada por conta das ferroadas.
Vivian me encara sem saber se ri ou fica com pena quando Madá conta
exatamente este fato.
Estendo a caixa de presente em tamanho médio para Poliana por cima
da mesa. — Não pude deixar de comprar quando vi— quando éramos mais
novos, ela era apaixonada pela história do Pé Grande, em dois mil e
dezenove quando lançou o filme Abominável, ela fez o Zé e eu assisti-lo
em plena noite de Natal, isso porque ela já tinha visto uma cinquenta vezes.
Sorrio ao lembrar.
— Meu Deus, meu, Deus. É tão lindo — ela sacode o globo de neve
que tem o cenário do filme e os personagens dentro. — Bruno eu amei
demais, de verdade mesmo — diz abraçando o globo de neve. Desvia
minha atenção para a mulher ao seu lado e o que vejo faz um alerta gritar
em minha cabeça e meu coração gelar.
Vivian está pálida, como se tivesse visto um fantasma. Ela encara o
globo de neve que Poliana deixou sobre a mesa. Vejo sua garganta se
movimentar quando ela tenta engolir, a força que impõe faz parecer que tem
uma bola de ferro presa em sua garganta. Chamo seu nome, mas somente na
terceira vez seu olhar encontra o meu. Ela pede licença, se levanta e sai
correndo da cozinha.
— O que aconteceu? — ouço todos questionarem enquanto vou atrás
dela.
Passo pela porta de madeira e a vejo descendo os últimos degraus da
escada batendo em disparada em direção ao pasto. Já é noite, mas a lua faz
um ótimo papel iluminando o céu, então consigo ver sua silhueta
perfeitamente quando ela cai de joelhos e segura o rosto com as mãos. Me
aproximo devagar, não quero invadir seu espaço, mas preciso me certificar
que ela está bem.
— Vivian — chamo mas ela não se move. Me aproximo e vejo seu
corpo tremer. Ela está chorando. Caio de joelhos ao seu lado e a
trago para os meus braços. — Calma, estou aqui, vai ficar tudo bem.—
mesmo sem saber o que de fato está acontecendo, uma coisa tenho certeza.
O globo de neve foi o gatilho para toda essa dor transbordar. Acaricio seus
cabelos, enquanto a embalo em meus braços.
—Vai ficar tudo bem. — repito e agora não sei, se tentando convencer
a ela ou a mim mesmo. — Venha, vamos sair daqui. — tento me levantar e
trazê-la comigo, mas ela se agarra mais ao meu corpo, dificultando o
processo. Então continuo ali, embalando-a enquanto chora silenciosamente
em meu peito.
Vivian Montenegro
“Eu tô em queda livre, caindo, caindo...”
Me jogo na cama e encaro o teto pintado com tinta barata que já está
descascando. Tudo nesse lugar é assim, frágil, barato, de segunda mão, mas
é tudo que eu tenho, e até ontem parecia ser tudo de que precisava. Eu
estava indo com minha vida do jeito que estava, a maioria dos dias eram
bons. Trabalhar, estudar, dormir e rezar para não sonhar.
Mas ... Jesus, minha mente está uma bagunça. Eu só queria poder me
entregar a tudo que estou sentindo, deixar que as coisas aconteçam sem
ficar fugindo. Levo uma das mãos aos lábios. Ainda posso sentir o calor da
sua pele em meus lábios, tudo parece tão certo, quando estamos próximos.
A forma com ele me abraçou e cuidou de mim, enquanto enfrentava um dos
piores momentos que já tive desde que tudo aconteceu.
Fico mais um tempo repassando os últimos dias, lembranças passando
como um filme em minha memória, do dia que conheci Bruno e até minutos
atrás. É inegável que existe uma atração entre nós, vejo os olhares dele, a
forma como trata, como parece estar sempre tentando me desvendar, e isso
me aquece e me assusta ao menos tempo.
Essa situação é tipo decidir pular de paraquedas de um avião. Você
quer ficar ali dentro só admirando por saber que é atitude segura, mas por
dentro tem aquela voz dizendo para pular e aproveitar a queda, porque é
nela que está a verdadeira emoção. Eu quero pular, quero muito. Mas o
medo não é somente sair machucado, é deixar um rastro de sofrimento
durante a queda.
É sábado, sei que precisava ir a fazenda para ver o potrinho, mas falei
com Ângelo que não acordei me sentindo bem, como se estivesse iniciando
uma gripe e ele avisou Antônio para fazer o check up de hoje em mãe e
filho e pediu que nos ligasse caso mãe ou filho precisasse da presença de
um dos veterinários. Depois do parto a recuperação das éguas é bem
tranquila, os potrinhos se estão saudáveis ao nascer demandam
acompanhamento no desenvolvimento, mas nada que precise ser diário.
É claro que estou fugindo dos meus sentimentos por Bruno, e toda a
confusão que vem com ele. Não vem me olhar com essa cara de
julgamento, não. Antes, se coloca um pouco no meu lugar. Ele é filho do
meu patrão, na verdade se olharmos bem, ele agora é mais meu patrão que o
Sr. João. É gostoso em um nível “tô molhada só de olhar”, é atencioso, me
olha como quem quer me proteger e me devorar ao mesmo tempo. Eu não
transo há muito tempo e sinto, não uma queda, mas a própria Catarata do
Iguaçu por ele. Se der merda? Porque a chance de dar é grande, eu perco
tudo.
Estou fodida e nem é do jeito bom.
Não posso ficar parada pensando em Bruno, e muito menos na palavra
que começa com F, mesmo que não seja no sentido gostoso dela, porque
imediatamente minha mente me leva para onde eu quero muito estar, mas
não devo. Decido dar uma geral na minha casinha, lavo o banheiro e
algumas roupas que estavam se acumulando da semana, ajeito meu guarda
roupas, varro, passo pano e tiro poeira de tudo ao som da minha musa do
rock Pitty.
Será que eu já posso enlouquecer?
Ou devo apenas sorrir?
Não sei mais o que eu tenho que fazer
Pra você admitir
Não resisto e começo a cantar a segunda parte do refrão —... que você
me adora, que me acha foda, não espere eu ir embora para perceber—
continuo organizando minha pequena prateleira que tem alguns livros sobre
medicina veterinária com foco em equinos, alguns livros da faculdade e
alguns de romances. Amo ler desde pequena, a leitura sempre foi uma
companhia e sempre tive muitos livros à minha disposição. Hoje uso mais
meu app do Kindle pelo celular e tenho alguns poucos exemplares físicos,
que são meus xodós.
Seguro o exemplar de “Como domesticar um safado” e tiro a poeira da
capa. Eu amo esse livro. Maitê é minha mocinha preferida da trilogia dos
irmãos Cortês. Ela é forte, decidida, resiliente. Mesmo com todas as
adversidades da vida, não deixou que a dor que da perda e a que os outros
lhe imputaram tirassem seu brilho e alegria. Às vezes eu queria ser mais
como ela, não na parte de ser meio mão de vaca. Mas na parte de ser
corajosa.
É Maitê, a verdade é que mesmo se eu fosse corajosa, meu final não
tem muita perspectiva de ser feliz. Devolvo o livro para a prateleira, agora
devidamente limpo, quando Maneskin como a tocar na caixinha de som,
que apesar de pequena é muito potente e depois do meu notebook deve ser a
coisa mais valiosa aqui nesse apartamento E a única nova com certeza.
A caixa de som JBL Flip 6 foi um presente do Ângelo no meu
aniversário. Fiquei sem reação, não pelo valor do presente, mas por ser o
primeiro presente que ganhava desde os meus dezoito anos e por ser algo
tão significativo. Eu amo música, estou sempre com os fones ouvindo
minhas músicas favoritas, então significou demais para mim.
I wanna be your slave
I wanna be your master
I wanna make your heartbeat
Run like rollercoasters
Bruno Avelar
“Imagina eu e você entre quatro paredes”
Porra, já foi difícil acalmar meu corpo depois do beijo que trocamos,
mas ouvir Vivian gemendo por conta da comida, elevou meu tesão em um
nível hard e meu pau agora está latejando apertando dentro da calça jeans.
Me remexo na cadeira, tentando amenizar a situação e sou pego em
flagrante. Os olhos de Vivian demonstram que ela sabe exatamente o efeito
que tem sobre mim. Mas por sorte, ou não, ela desvia o olhar, quando volta
a comer.
O silêncio que se estende me dá uma chance de analisar a situação
como um todo. Realmente achei que Vivian estivesse gripada, tivemos uma
mudança brusca de temperatura nos dois últimos dias, justamente os dias
que ela se dedicou mais ao trabalho, cuidando do parto de Estrela.
Minha intenção era chegar aqui, entregar a comida, ver se ela precisava
de mais alguma coisa e ir embora. Porque de maneira nenhuma queria
forçar minha presença na casa dela. Mas assim que o portão abriu, vi que
ela parecia mais irritada que doente. E como estava linda, com cara de
poucos amigos.
Foquei em descobrir por que ela mentiu sobre estar passando mal, mas
admito que jamais pensei que ela se abriria sobre seus sentimentos e
admitiria ter mentido por ter medo do que vem sentindo por mim.
Se for totalmente sincero comigo, a rapidez e intensidade dos meus
sentimentos também me assusta, mas nunca fui de fugir do que sinto e do
que quero, por mais desafiador que fosse. Essa não seria a primeira vez.
Quero essa mulher para mim. E a terei.
— Vocês têm sorte por ter Madá e todas as delícias que ela cozinha. —
Vivian quebra o silêncio —Eu daria tudo por mais refeições saborosas
assim. Até sei cozinhar uma coisa ou outra, nada que se compara a isso —
aponta para o prato com a colher —me viro, mas fazer só para mim
desanima.
— Eu não ligaria se você cozinhasse para mim — ela gargalha.
— É claro que não. Já percebi que você é bom de garfo. Quem sabe um
dia desses não faço minha especialidade para você — diz com um sorriso
travesso rosto.
— E qual seria essa especialidade? — questiono, adorando o clima leve
que se instaurou entre nós.
—Arrozcovo! — ela diz e não dou conta, a gargalhada rompe em meus
lábios e lágrimas chegam a deixar meus olhos.
— Não vejo a hora de experimentar. — digo ainda rindo. Mas a
verdade é que eu comeria qualquer coisa que essa mulher colocasse na
mesa para mim.
Inclusive ela.
— Você está rindo, mas fazer um arroz soltinho, temperado e um ovo
estrelado perfeito requer muita expertise. — ela tenta ficar séria, mas é
quase impossível.
— Não duvido disso. Fernando é uma prova que fritar um ovo não é
para qualquer um — endireito a postura após a crise de riso. — ele tem até
uma cicatriz conquistada em uma de suas tentativas.
— Sério?
— Sim, ele fez uma tatuagem por cima. — digo me lembrando do dia
em que ele foi fazer a tal tatuagem e o tanto que tiramos sarro dele por
conta disso.
— Deus, vocês devem ter pegado demais no pé dele por isso.
— Com toda certeza. — digo sorrindo —ele não deixaria por menos se
fosse com um de nós.
— É visível como todos vocês se dão bem — seu tom agora é mais
melancólico — eu daria tudo por momentos assim com meus amigos. —
Percebendo a mudança de clima, ela se levanta da mesa e começa a tirar as
coisas que usamos. Imediatamente me levanto também e começo a ajudar.
— Bruno ...
— Sem Bruno. Eu lavo e você seca, depois guardamos tudo junto.
Nos minutos seguintes conversamos amenidades enquanto ajeitamos a
cozinha juntos. Conto sobre meu período fora do país e o motivo que me
faz voltar. Sentamo-nos novamente à mesa e enquanto tomamos água, ela
me conta sobre o curso de veterinária e sobre nunca ter tido dúvida do que
queria fazer quando fosse para a faculdade. Sem pressionar, Vivian acaba se
abrindo um pouquinho mais.
Estamos tão envolvidos em nossa conversa que só percebemos que
começou a chover, quando um vento forte entra pela janela trazendo gotas
de chuva.
— Deus, de onde veio essa tempestade — ela diz enquanto fechamos a
janela. — O dia estava claro quando você chegou — estamos parados lado
a lado olhando a chuva caindo lá fora. O céu escuro, os trovões e as rajadas
de vento são indícios de que a chuva não vai cessar tão cedo.
Ela se vira olhando seu “apertamento” como ela carinhosamente chama
sua casa. Que na verdade é um quarto/sala conjugado com a cozinha. É
muito pequeno, mas bem organizado e tem a sua personalidade. Vejo o
exato momento em que ela morde o lábio inferior, e fico tentando em ir
morder em seu lugar, mas como já sei identificar seus sinais seu que algo a
está perturbando.
— Estamos presos — ela diz me encarando. — não tenho muita opção
de diversão aqui, mas podemos ver um filme se você quiser. — então é isso
— Eu só preciso tomar um banho antes, porque estava na faxina.
— Vai lá, enquanto isso vou ligar para a fazenda e saber como as coisas
estão por lá. Os cavalos geralmente ficam agitados com tempestades assim.
— Verdade, bem pensado. É ...ok, então, vou lá — ela indica a porta do
banheiro — fica à vontade.
Nos minutos que passam tento fazer tudo para que minha mente não
foque na mulher que está na porta à minha frente, nua, tomando banho...
Deus, só pode estar me testando. Ligo para o meu pai. Conversamos sobre
algumas coisas, ele pergunta sobre o estado de saúde de Vivian, opto por
contar uma meia mentira, dizendo que ela “agora” está se sentindo bem, o
que não deixa de ser uma meia verdade.
Depois de finalizar a ligação com ele, troco algumas mensagens com
Fernando e respondo a dois e-mails. Fernando ontem estava super estranho
durante o jantar, calado demais, observando Poli de um jeito que não deixa
dúvidas que ele sente algo por ela. Sentimento esse nada fraternal na minha
opinião. Ouço o som da porta se abrindo, e paro de respirar por um
momento.
Uma Vivian secando os cabelos sai em meio o vapor causado pelo
banho quente. Ela está usando vestido azul com flores, que vai até o meio
das coxas. Ele é simples, de alças finas, mas modela os seios de uma forma
sexy, que faz minha boca salivar. Tento desviar meus olhos do seu corpo,
mas a tarefa se torna impossível quando ela se curva em direção ao que
parece ser uma mesinha próxima a cama e pega alguma coisa de lá. O
vestido sobe um pouco mais me dando uma visão mais ampla das coxas
grossas.
Me dou um murro mental por estar sendo um babaca a secando desse
jeito, desviando minha atenção novamente para o celular em minhas mãos.
Vivian estava errada, isso não seria no mínimo interessante, seria torturante
isso sim. Ajeito meu pau muito acordado na calça e tento me concentrar em
outro e-mail que preciso responder ao administrador de uma das nossas
fazendas no Texas.
— Demorei muito? — ela pergunta sentando -se na cama e penteando
os longos cabelos. O seu perfume domina todo o ambiente.
— Não, e não deveria se preocupar com isso, está na sua casa.
— Eu sei, mas não queria te deixar esperando.— ela passa um creme
nas mãos e depois leva aos cabelos, massageando as pontas. — Terminei
aqui. Já decidiu o que vamos assistir? — ela se levanta e pega o controle em
cima do suporte da TV que fica presa na parede.
—Não sabia que seria o responsável por essa decisão. — levanto-me
indo em sua direção.
—Visitas tem algumas regalias.
— E quais seriam as outras? — digo me aproximando mais. Ela engole
em seco, mas não devia do meu olhar. Ela sabe que está jogando gasolina
no fogo. — Diga, Vivian.
—Pode escolher o que vamos comer durante o filme.
Quero comer você, o que acha disso?
— E quais são as minhas opções?
— M&MS, amendoins, ou posso fazer pipoca. — diz de forma lenta,
passando a língua pelos lábios. — quando estou a menos de trinta
centímetro de distância ela dá um passo em minha direção, encurtando a
distância, deixando nossos corpos quase colados e ainda mais cientes um do
outro. — Qual você prefere?— pergunta me olhando de baixo para cima
por sob os cílios, mordendo o lábio do jeito que me deixa louco.
Juro que tentei...
Não sei quem agiu primeiro, ou se foi tudo coordenado. Nossas bocas
estão novamente se devorando, mas diferente de antes, dessa vez Vivian
está mais intensa, suas mãos me puxam cada vez mais para ela, como se
fosse possível estarmos mais colados do que estamos. Não há noção de
tempo e espaço que impeçam de continuar beijando essa mulher como se
fosse a nossa última vez.
A sensação de urgência se apossa do meu corpo, ao escutar seu
gemido quando infiltro uma mão por baixo do seu vestido, subindo pela
lateral do seu corpo. Desço beijos por sua mandíbula indo em direção ao
pescoço delicado e convidativo, chupo a pele sensível, mas sem força para
não ficar marcada, resvalo minha barba por fazer em seu ombro e depois o
mordo.
Vivian estremece e os gemidos que solta, me fazem perder o resto do
controle. Aperto o um dos seios redondinhos por cima vestido, eles estão
pesados , duros e os bicos estão quase furando o tecido delicado da roupa.
— Tem certeza de que é isso que você quer? — por mais dolorosos que
seria ter que parar agora, não posso deixar de questionar.
— Nunca tive tanta certeza antes sobre alguma coisa, como tenho
agora — a voz firme, apesar de um pouco mais baixa por conta do tesão e
ar que tenta recuperar após nosso beijo, derruba a última barreira que
segurava meu controle. Em um movimento rápido tiro seu vestido e sou
presenteado com a visão mais perfeita do mundo. Os seios de Vivian são
médios, o tamanho perfeito para as minhas mãos e boca. As aréolas são de
um tom de rosa que nunca vi antes.
— Gostosa — a puxo para meu colo, fazendo suas pernas entrelaçarem
minha cintura — seus mamilos ficam da altura ideal para possa abocanhá-
los. Sugo um com vontade, dando mordidas leves no bico, enquanto
confirmo que o outro cabe perfeitamente em minha mão. — Vivian geme e
se esfrega na minha ereção que está implorando para se libertar e se afundar
nela. Encosto seu corpo contra a parede ao lado da TV.
— Você está vestido demais — ela diz entre um gemido e roçar no meu
pau. E então começa a tirar minha blusa. As mãos pequenas, mais
habilidosas desabotoam o cinto e a calça, ela os empurra por minhas pernas.
Termino o trabalho, chutando-os para o lado, ficando apenas com a boxer
preta. Agora que estamos livres das roupas, volto a abocanhar os seios,
chupando-os com vontade.
Vivian arqueia a coluna me dando mais acesso ao seu corpo, totalmente
entregue. Dedilho seu clitóris por sobre a calcinha e a sinto totalmente
molhada. Num impulso puxo a peça do seu corpo arrebentando as tiras finas
das laterais, deixando exposta. Uso o dedo do meio para abrir sua boceta e
espalhar sua lubrificação natural, depois a fodo com ele, até junto o
indicador num vai e vem ritmado.
— Porra, eu sabia que seria apertada, mas pela forma como está
apertando meus dedos, meu pau vai ser ordenhado por você — Beijo-a com
fome, fodendo sua boca com minha língua, assim como meus dedos fazem
com seu sexo. Quando sinto que ela está quase pingando, afasto meus dedos
e meu corpo do seu, a descendo do meu colo.
Ouço o choramingo frustrado que ela solta, então seguro seu pescoço
com certa força e forçando a olhar para mim. Eles são brasas vivas, todo
tesão que sinto estão refletidos nos seus. — Preciso sentir seu gosto. —
beijo seus lábios antes de me ajoelhar aos seus pés. Levo sua perna
esquerda para o meu ombro, deixando aberta e a boceta rosada e toda
depilada exposta para mim. Passo a língua pelos lábios antes de dizer —
Quero que olhe para mim enquanto te com a minha boca, porque depois de
te fazer gozar assim, vou te foder de um jeito, que amanhã você sentirá
como se eu ainda estivesse dentro de você.
Chupo sua boceta com vontade, deslizo a língua para baixo e para
cima. Adiciono meus dedos ao ato e a penetro com tudo. Seu corpo ondula
e sei que seu orgasmo está perto.
— Eu vou gozar — sua voz é um fio
— Vai sim, porque é o que quero. — volto a fodê-la com mais força,
indo cada vez mais fundo — Goza agora, Vivian, nos meus dedos, na minha
boca.— Sinto sua vagina se contraindo em torno do meus dedos e ela tenta
fechar as pernas — Não, não, abre, quero você bem aberta enquanto te
como.— lambo todo seu gozo, o sabor é um manjar dos deuses. Eu poderia
viver dele.
Subo deixando beijos e leves mordidas pelo corpo languido de Vivian
que sustento em meus braços. Dou atenção novamente aos seios antes de
chegar aos lábios. Ela é receptiva e suga meus lábios sem nenhum resquício
de nojo por sentir seu próprio gosto em minha boca.
Os olhos de Vivian estão embebidos de tesão quando nos afastamos o
suficiente para nos encararmos. Ela leva a mão para a frente do meu corpo e
começa a massagear meu pau, numa carícia lenta que vai me deixando
ainda mais duro, se é que isso é possível. Ela encaixa os dedos nas laterais
da minha boxer e começa a descer pelo meu corpo. Adoro que ela tome a
iniciativa. Não há nada mais sexy que uma mulher que sabe o que quer.
Ela sustenta meu olhar até o momento em que tira totalmente a roupa
do meu corpo. Agora sua atenção oscila entre o meu rosto e o meu pau que
está na altura dos seus lábios. Ela os abre e quando percebo qual a sua
intenção. Seguro seu pulso com uma das mãos e outra embrenho entre os
fios ainda úmidos e a levanto — Não vai rolar agora, eu quero muito foder
essa boquinha gostosa, e levar meu pau bem fundo até sua garganta. Mas do
jeito que estou agora, eu não duraria nada.
— Isso não é justo — retruca com a voz manhosa, uma versão sua que
amei conhecer, ainda mais nessa situação. — ela se vira e caminha em
direção a cama. A visão da sua bunda redonda é a coisa mais perfeita do
mundo.
Quase morro quando a safada sobe na cama e engatinha para a
cabeceira. O traseiro arrebitado para cima me deixando louco para fodê-lo.
Ela quer me enlouquecer, mas não vou dar o gostinho de saber que sua
atitude me desestabilizou. Quando ela se vira e deita inclinada nos
travesseiros e almofadas que estão na cama, seguro meu pau e começo a me
masturbar ganhando rapidamente sua atenção.
Me aproximo aos poucos da cama, me tocando, fazendo movimentos
que vão da cabeça à base, vejo Vivian lamber os lábios e esfregar as pernas
uma na outra. Abaixo, pego minha carteira do bolso da calça e tiro dela um
pacote de camisinha.
— Posso e vou te foder de tantas formas e posições. É isso que você
quer, Vivian? — digo subindo na cama —Essa é a última chance...
— Cala a boca e me fode logo, Bruno — sua audácia termina de me
empurrar no abismo. Rasgo o pacotinho de camisinha com o dente e a visto
em tempo recorde. Puxo Vivian pelos pés e a viro de bruços. Ela solta um
gritinho com a surpresa do ato.
— Fica de quatro pra mim...— estalo um tapa em sua bunda gostosa.
Como a pele é branca, rapidamente a marca vermelha da minha mão
aparece e isso me deixa com mais tesão. — coloca o rosto no travesseiro.
Nessa posição vai me receber mais fundo.
Assim que ela faz o que mando, seguro meu pau rente a sua boceta e o
passo por toda a extensão brilhante e molhada, me aproveitando da sua
excitação. Aperto sua cintura e forço cabeça na sua entrada. Meu corpo
vacila quando entro mais e confirmo que ela é apertada. Meu controle indo
para puta que pariu.
—Porra, caralho.— Me afundo nela de uma vez como um selvagem.—
Apertada demais, simplesmente deliciosa! Quero morar dentro de você
Vivian. — a visão do meu pau sendo sugado por seu corpo é demais até pra
mim.
—Mais forte, cowboy — Vivian pede, e porra, ela quer acabar comigo
só pode. Levo minha mão até seu pescoço e trago seu corpo para cima,
colando suas costas ao meu peito, mordo seu ombro, depois o lóbulo da sua
orelha antes de apertar um pouco mais seu pescoço e dizer.
—Mas é uma safada mesmo — ela rebola no meu pau, me dando a
confirmação que eu precisava de que gosta de uma pegada mais bruta e
ouvir umas putarias. Impulsiono meu quadril contra sua bunda, invadindo
com mais força, fazendo-a ofegar e gemer como louca. — Gosta assim, é
safada?
— Gosto, Bruno... — ele geme quando gingo o quadril rodando meu
pau dentro do seu canal — Puta que pariu! Isso, assim,...—geme levando
suas mãos para trás tentando me puxar mais para si. — Ai, Bruno, isso, me
come com força.
O suor que escorre nas suas costas, se mistura ao meu. O cheiro de
sexo substituindo o de baunilha do seu banho recém tomado. Arremeto cada
vez mais forte, mais fundo e mais rápido dentro dela. — Goza comigo,
gostosa. Não vou durar muito mais. — levo a mão que estava em sua
cintura até seu clitóris e começo a esfregá-lo. Minha visão fica turva e
minha mente começa a ficar enevoada. Sua mão vem para a minha nuca e
ela vira o rosto capturando minha boca num beijo indecente..
— Vou gozar no seu pau, Bruno — diz entre gemidos, enquanto choca
seu corpo ao meu. Estamos no limite. Soco mais uma, duas, três vezes
dentro dela e a sinto me ordenhando, me apertando.
— Ca.ra.lho, isso. —. Meu corpo e mente me fazendo transcender em
níveis de prazer inimagináveis. Entro e saio mais duas vezes do seu canal e
na última investida me desfaço dentro dela. Sinto o meu gozo enchendo a
camisinha. As veias dos meus braços estão saltadas, meu corpo está rígido,
coração acelerando e saltando no peito.
— Isso foi... — ela começa dizer— o melhor sexo da vida — finalizo
sua frase, antes de cairmos exaustos na cama. Assim que me livro da
camisinha, a puxo para meus braços. Seguro seu queixo e o ergo para que
seu olhar encontre o meu — Você sabe que agora é minha né?— ela
gargalha, a safada ri como se eu tivesse contado a maior piada do último
século. Dou outro tapa em sua bunda, que a assusta e a faz arregalar os
olhos.
— Isso doeu—brada
— Não reclamou de dor uns minutos atrás. — mordo seu lábio inferior.
— É diferente — e está de volta a voz manhosa.
— Não foge do assunto, Vivian. Não tem a menor chance de você
escapar de mim — giro nossos corpos ficando cima dela, desço beijos por
seu pescoço, clavícula, até chegar nos seios. Levo um a boca e volto a
mamar nela — Não há a menor — chupo de novo e mordo o biquinho—
chance de você se livrar de mim.— sopro o bico que mordi e ela geme
gostoso impulsionando o corpo pra cima.
— Quer dar para mim de novo, Vivian? — desço minha mão para o
meio de suas pernas e afundo dois dedos nela sem aviso — Doida querendo
meu cacete aqui de novo, né? — ela assente, sem conseguir falar,
totalmente tomada pelo tesão. E Vivian com tesão é a coisa mais sexy que
já vi. — Diz que você é minha e te dou o que quer.
— Sou sua, Bruno — ela geme mais alto, conforme aumento a
velocidade dos meus dedos em sua boceta gulosa.
Paro para pegar outra camisinha e cubro meu pau novamente, não
perdendo nem mais um segundo fora do meu mais novo lugar preferido no
mundo. Abro bem suas pernas e fico de joelhos entre elas, dedilho seu
clitóris enquanto vejo meu pau entrando e saindo dela. — Minha — digo
indo mais fundo nela.
— Sim, sim.., — ela ofega — meto mais forte, dessa vez, não vou
prolongar, quero ela gozando dizendo que é minha. Mudo nossas posições e
a coloco por cima.
— Cavalga no meu pau, Vivian — ela rebola, sobe e desce sobre mim,
usando meu ombro como apoio. — Isso, engole meu pau, vai. Ele é seu, faz
o que quiser com ele.
— Vou gozar, Bruno — rebola mais rápido. Seguro sua cintura e
começo a socar fundo em sua boceta, os dois loucos de tanto tesão.— Isso,
aí... humm, tô gozando, Bruno.
—Eu sei amor, eu sei — digo me entregando também. — Essa boceta
vai ser meu fim. — me derramo mais uma vez em seu interior. E sinto que o
mundo pode acabar lá fora, tudo que importa, é esse momento. Aqui e
agora.
Ela desmorona em meu corpo, beija e alisa meu peito fazendo círculos
com as mãos. — Viu, nem foi tão difícil assim admitir que você é minha. —
digo dando um beijo em sua testa, sentindo o gosto salgado do suor.
— Você jogou pesado — diz mordendo meu peito— Mas ainda
precisamos conversar. — olha para mim agora e então sei que não, não vai
ser tão fácil assim.
Capítulo 12
Vivian Montenegro
“Não dá mais para negar que eu me apaixonei”
Agora devo estar parecendo o próprio Coringa, meu sorriso é tão grande
que parece que vai rasgar o rosto
Eu: Acho que não. Mas confesso que também estou.
Bruno: Amanhã a gente resolve isso, 😊 .
Vou te deixar descansar, bons sonhos, namorada.
Eu: Pra você também, cowboy.
Bruno Avelar
“Mesmo que o tempo e a distância, digam não”
— Porque você precisa de alguém para equilibrar essa sua vida certinha.
— diz me entregando uma long neck que tirou do cooler ao lado — Senta
aí, toma uma gelada comigo e desembucha.
Sento-me na cadeira à sua frente e coloco os pés na mesinha no centro.
Adoro essa parte casa, a varanda larga bem ao lado da entrada é
aconchegante e muitas vezes é onde nos sentamos para prosear. — Não vou
te contar porra nenhuma. A única coisa que precisa saber é que estou
namorando.
— Não sei por que está agindo como se fosse uma coisa de outro mundo.
O único aqui que corre de mulher é você — aponto o gargalo da cerveja na
sua direção.
— Quem é que corre de mulher? — Zé chega e pega o bonde andando.
— Vocês. Dois cuzões que fogem de mulher igual o diabo foge da cruz.
— Enquanto isso a gente vai fazendo os testes, para ver se alguma passa
no vestibular. — Fernando brinda com Zé. Como disse, idiotas — Agora
para de mudar o foco e conta logo essa história de namorada.
— Tem gente que não vai gostar nada, nada dessa notícia — Zé diz já
prevendo as merdas que uma certa filha do prefeito vai aprontar. Conheço
bem Francielle e sei que ela não vai lidar bem com o fato de ficar como
mentirosa perante toda a cidade. Mas quer saber, foda-se, ela que cavou a
própria cova. — Já seu pai … — ele insinua.
— Vocês não vão contar nada para ninguém. Vivian pediu para a gente ir
com calma. Ela não quer misturar as coisas aqui na fazenda durante o
horário de trabalho — molho a garganta antes de continuar — Além dos
mais estamos nos conhecendo, é melhor assim.
— Caralho, dois pés no saco vocês. Quer saber, isso é falta de mulher,
por que ao invés de me encheram o saco não vão arrumar uma para cada?
Os dois fazem sinal da cruz repreendendo, e não vejo a hora desses dois
caírem do cavalo. Fernando acho que cai primeiro e para o azar do Zé, a
responsável por esse tombo vai ser a irmãzinha dele. Ficamos por ali mais
um tempo conversando sobre o tempo que ficamos fora do Brasil e Zé nos
atualizando das fofocas dos outros caras que andávamos juntos quando
éramos mais novos.
Não disse?
— Já não tem idade o suficiente para ficar andando atrás de fofoca não,
Sr. João? — brinco com ele. — Fiquei lá por conta da chuva.
— Entendo filho.
— Sabemos o quanto as pessoas podem ser cruéis — nos entendemos
no olhar, por que tanto ele quanto eu sabemos, o tanto de preconceito que
mamãe sofreu. — Quero ser um motivo de alegria, não trazer
aborrecimento.
— Fico feliz em ouvir isso, Bruno. Vivian é uma boa menina, e sinto
aqui — ele fricciona a mão sobre o peito — que ela não chegou nas nossas
vidas por acaso.
“Nossas vidas”, encaro o homem à minha frente, o que dedicou cada
segundo dos seus dias a mim, que mesmo sofrendo a maior perda da sua
vida, não deixou que a dor o fizesse um escravo dela. Esse homem, que
mesmo após vinte anos continua amando minha mãe e honrando sua
memória com suas ações e todo amor que dedica a tudo que ela amava.
Ouvi-lo falar de Vivian como parte de nossas vidas, demonstra seu apoio a
nosso relacionamento, mesmo que seja tão recente.
— Você também tem uma ligação com ela. — Não é uma pergunta.
— Não sei te explicar, filho. Mas desde a primeira vez que a vi na
clínica do Angelo, senti uma empatia profunda pela menina. — Ele respira
fundo — Como disse em outra conversa nossa, Vivian me lembra muito sua
mãe. Mas não sei é somente por isso, gosto dela e faço gosto dessa relação.
— Antes de nos juntarmos aos outros para o café da manhã, conversamos
um pouco sobre Vivian, o tempo que a conhece e as coisas que percebeu
sobre sua personalidade durante esses meses em que ela começou a se
dedicar aos nossos cavalos. E principalmente sobre a incrível relação com
Zeus. Para meu pai, se um cavalo arisco como ele confia nela, não temos
motivos para não confiar. Ele leva a sério essa coisa sobre cavalos
enxergarem nossas almas.
— Não irá, Bruno. Você está preparado, e além do mais, tem a mim,
meu pai, Luiz — diz se referindo ao seu primo que é um dos nossos
diretores — somos uma equipe, além de família, é isso que faz o grupo
Avelar ser a força que é — levanta e dá duas batidinhas na mesa com os
nós dos dedos — Mas hoje não é dia de trabalho, Poliana marcou com
alguns “amigos “ — faz aspas na palavra amigos — Zé não quer deixar ela
ir sozinha — o Zé não quer, sei bem.— então vamos todos juntos. —
decide.
Capítulo 14
Bruno Avelar
“Isso não é medo de te perder, é pavor”
Até uns dez minutos atrás estava me perguntando por que cargas
d’água deixei que me arrastassem para esse barzinho. Confesso que teria
ficado mais animado se Vivian tivesse aceitado meu convite para vir, mas
ela declinou e disse que nos veríamos amanhã na fazenda. Mas agora estou
me divertindo muito com a cara do paspalho do meu amigo. Fernando está
se roendo de ciúmes de Poliana dançando forró com André Lins, o playboy
herdeiro da rede de supermercados Bonança.
Nunca fomos muito com a cara dele, sabemos que é bon vivant que
vive apenas de gastar o dinheiro do pai. Mas o cara além de ser rico é boa
pinta, o que faz com que as mulheres caiam matando em cima dele. Sei que
Poli, não é uma menina que se impressiona com isso e que apenas está
usando-o para atingir Fernando. Só o cego do meu amigo não vê isso.
José Armando está ocupado demais quase dentro de uma loira, para
perceber o clima entre a irmã e o nosso amigo, mas eu não deixei de notar
as engalfinhadas que eles vêm trocando desde que ela chegou na fazenda.
Vamos ver até onde isso vai durar.
— Podia ter dormido sem essa. —Fernando fale baixo, mas não o
suficiente para que ela não ouça. Certamente era sua intenção ser ouvido.
Ele nunca suportou Francielle, sempre a achou fútil e mesquinha. Pena eu
não ter visto isso antes.
—Vamos deixar algumas coisas claras aqui. Entre nós não vai existir
mais nada. Vai ficar só nos sonhos mesmo. Não temos nada em comum,
nunca tivemos e isso ficou bem claro para mim, inclusive foi o motivo do
nosso rompimento. Agora o mais importante de todos — seguro seu olhar
no meu para garantir que entenda — eu tenho uma namorada, e claramente
ela não é você.
— Eu quero saber quem é ela, Bruno, se é que realmente existe essa tal
namorada. — mimada — Exijo que me conte. — gargalho tanto, que chamo
atenção de algumas pessoas ao nosso redor. Não gosto de agir assim, mas
já bebi e ela realmente sabe tirar o pior das pessoas.
— Exige — rio de forma mais contida — Se poupe desse showzinho.
Aceita que nunca vamos voltar a nos relacionar e segue com sua vida.
Porque eu segui a minha vida há muitos anos atrás. Não é como se fosse a
primeira vez que namoro desde que terminamos, você sabe disso.
— Não vai acontecer. Mas faz como preferir, só não fica no meu
caminho e para de inventar histórias com meu nome. Estou sendo paciente
pelos anos de amizade entre nossas famílias, mas não me teste. Você não irá
gostar do resultado.
Abandono a mesa, indo avisar Fernando que para mim a noite já deu.
Despeço dos meus amigos e sigo em direção a minha caminhonete. Como
viemos em dois carros por conta dos seguranças, eles podem ficar, não
precisam vir comigo. Entrego a chave para que Flávio um dos seguranças
vá dirigindo e me jogo no banco do passageiro. Seguimos para casa, mesmo
que minha vontade fosse bater na casa de uma certa veterinária. Que tem
me tirado o juízo.
Olho para o relógio, pelo que deve ser a centésima vez, os ponteiros
estão correndo e essa reunião parece que nunca vai terminar. Afonso
marcou uma videoconferência com um Sheik que está interessado nos
embriões do nosso garanhão vencedor. O homem quer fazer uma visita a
nossa fazenda e isso pode se tornar um grande evento.
Meu pai sugeriu que ele se hospedasse em nossa fazenda, visto que
nenhum hotel da cidade seria capaz de receber sua comitiva. A fazenda é
enorme e além da casa principal temos uma segunda residência dentro das
nossas terras, com quatro quartos, o que seria perfeito para sua
hospedagem. O secretário dele virá na primeira semana de janeiro, que já é
daqui a menos de quinze dias, verificar o espaço e ver se as acomodações
precisarão sofrer alguma alteração para receber o príncipe do deserto, como
é conhecido nosso futuro comprador.
— Olha para mim princesa. — ela o faz — Isso não é verdade. Sabe
por quê? — balança o rostinho negando — Porque o que torna duas
pessoas amigas é o quanto elas se gostam e o que estão dispostas a fazer
para ver o outro seguro e feliz. E tudo que quero é que você esteja sempre
segura e com um sorriso no rosto. — A trago para um abraço apertado.
— Tudo que ele falou é verdade — a voz de Fernando interrompe
nosso momento — Eu quero ser seu amigo também, mas é claro, só se
você quiser.
Os olhinhos antes tristes, agora brilham de alegria. Do jeito que sempre
deve ser. — Você também sabe dançar como o Bruno?
— Então aceito ser sua amiga, mas você ocupa o segundo lugar de
melhor amigo, o primeiro já é dele — diz apontando pra mim — Negócio
fechado ? — estende a mãozinha para selar o compromisso. Com tudo
resolvido, pedimos autorização a sua mãe para que ela vá comigo visitar os
cavalos. Me comprometo a cuidar dela e ela a não sair de perto de mim e de
Fernando.
— Sim, sim, juro, juradinho não contar para ninguém a não ser para
eles — ela fez sinal de cruz com os dedos selando os lábios — uma graça.
— Eu também senti falta dele, mas minha mãe disse que não posso
ficar vindo aqui, porque acabo atrapalhando vocês.
— Você nunca atrapalha, mas pode ser perigoso para uma menina tão
pequena ficar andando por aqui — toca o nariz da pequena — Mas é muito
bom quando aparece, o dia fica mais bonito.
— Se quiser pode ser amiga do Bruno. Ele é o meu melhor amigo, mas
se você não tem um melhor amigo, eu posso dividir ele com você. —
Bruna abraça Vivian. — Namorados podem ser amigos também né, Bruno?
— a pergunta dirigida a mim pega Vivian de surpresa.
Coço a cabeça, porra, ela tá muito brava. Linda, mas brava — Meu pai,
Zé e a Poli. E talvez a Madá…
— Talvez, talvez? — ela anda de uma lado pro outro — Não demora
todo mundo está sabendo. Você sabe como são as coisas em cidade
pequena, por Deus, Bruno. Eu pedi para irmos devagar.
Vivian Montenegro
“Jogo de orgulho, nada a ver”
Esse homem é impossível.
Caminho em direção a grande construção que além de abrigar vinte
cavalos, é onde também ficam o escritório, consultório veterinário e sala de
exames com aparelhos de última geração. Esse é o espaço onde deixamos
os cavalos que chegaram a pouco tempo na fazenda e estão passando por
exames, fase de adaptação ou aqueles que estão se recuperando de alguma
forma.
Assim que passo pela grande entrada, olho pela primeira vez para trás.
Tenho certeza de que ele não me seguiu, mas é inevitável não conferir.
Bruno não tem noção de que pensar em todo mundo sabendo sobre nós
desencadeia várias inseguranças em mim. E você pode culpá-lo por isso?
Quem tem o rabo preso não é ele. Minha consciência acusa. Sei que suas
intenções são as melhores, só preciso me acostumar com ideia do que tudo
isso implica.
Sabia exatamente tudo que estava arriscando quando me joguei nessa
relação. Puxo meu cabelo para o alto prendendo em coque frouxo. Foco
Vivian. Tenho muita coisa para fazer e não posso deixar que meus
problemas pessoais interfiram no meu trabalho, já estou uma bagunça
sentimental desde sábado, preciso me controlar. Vou para o consultório
pegar a ficha de Stark e Estrela antes de ir examiná-los e quando estou
voltando para a área das baias, vejo Poliana parada justamente na que vou
visitar.
— Talvez eu não seja a melhor pessoa para te ajudar nesse caso — ela
solta meu braço e se vira pra mim — Não sou boa com essas coisas sabe,
roupas, coisas da moda.
— Não acredito em você, Vivian — volta a se pendurar em meu braço
— É toda estilosa até para trabalhar, adoro as combinações de peças e cores
que faz. — ela está claramente me bajulando, porque basicamente visto,
jeans, cinto, botas e algumas variações de blusas dependendo do clima.
— Preciso muito de companhia, por favorzinho — faz a cara do gato
de botas — E acho que será um ótimo momento para nos conhecermos
melhor.
— Ok, ok — cedo, porque na verdade sei que também preciso de um
momento assim. Não falo de comprar roupas, mas sair com alguém da
minha idade. — Mas fora do meu horário de trabalho. Podemos ir amanhã
depois que eu terminar aqui na fazenda.
Bruno Avelar
“Você tem o que quiser”
Estamos esperando Madá nos liberar para almoçar. Uma coisa que você
precisa saber sobre o funcionamento aqui de casa, essa mulher manda e
todos obedecemos. Maria Madalena, foi a melhor amiga da minha mãe.
Elas conheceram logo que meu pai trouxe minha mãe para morar na
fazenda, quando ainda eram namorados. Naquela época, minha madrinha
era somente uma jovem que ajudava a mãe na cozinha e sonhava em se
casar e ter muitos filhos.
As duas tiveram uma conexão já no primeiro encontro, e fizeram
muitos planos juntas de se casarem, terem seus filhos e criarem todos
juntos. Infelizmente nem tudo foi como elas sonhavam. Com a morte da
minha mãe, mesmo grávida, Madá assumiu meus cuidados e foi o apoio que
meu pai precisava. Ela tomou as rédeas da situação e deixou que ele tivesse
paz para viver seu luto, mesmo que ela mesma estivesse lidando com sua
própria dor.
Como meu pai nunca se casou novamente e deixou muito claro que
jamais iria colocar outra pessoa no lugar da minha mãe, Madá se tornou o
alicerce da nossa casa. Por isso digo que aqui somos uma grande família.
Mesmo tendo sua própria casa dentro das terras da fazenda, a maior parte
do tempo a família Mendonça passa aqui com a gente. E graças a Deus por
isso. Com eles, nós formamos uma grande família.
— Madá, meu estômago já está quase nas costas de tanta fome. —
reclama o esfomeado do Fernando.
— Ia conversar com você sobre isso mais tarde — prendo uma mecha
do seu cabelo que se soltou do penteado, atrás da orelha — Gostaria muito
que você passasse o Natal aqui com a gente, o que me diz?
— Eu adoraria — diz tímida, e não consigo evitar o sorriso que brota
em meu rosto. Dou beijo casto em sua bochecha porque preciso muito de
contato, mas não quero constrangê-la.
— Fico muito feliz com sua decisão, minha filha — sua atenção agora
é todo meu pai. — Seja bem-vinda a família.
— Obrigada, senhor João.
— Não tem o que agradecer. — sorri para ela — Eu amo Natal. E esse
será um dos melhores, tenho certeza. — diz confiante.
— Obrigada pelo jantar. Desse jeito além de engordar vou ficar mal-
acostumada. — diz roçando os lábios nos meus.
— É essa a intenção.
— Me engordar e me deixar mimada?
— Não. Cuidar de você — o sorriso que recebo poderia iluminar um
estádio de futebol. Traço os dedos por seu queixo, bochechas, até que eles
estão segurando firme seus cabelos — Deixa eu cuidar de você, doutora
Vivian?
— É tudo que quero que faça — aperto seu corpo junto ao meu, para
que sinta o quanto a desejo, o gemido que ela deixa escapar acaba com o
resto do meu juízo. Ataco sua boca me esquecendo completamente de
qualquer romantismo e delicadeza. Vivian desperta meu lado mais voraz,
mais selvagem.
Os lábios macios não oferecem nenhuma resistência, ela está
totalmente entregue. Vivian me puxa cada vez mais para perto de si, o que
me permite sentir cada detalhe da sua anatomia perfeita. Me sinto incendiar
,superaquecer, esse é o efeito que essa mulher tem sobre mim. Minhas mãos
percorrem cada parte do seu corpo como se tivessem vontade própria,
conhecendo, explorando, ao mesmo tempo em que contribuem para manter
nosso tesão no limite.
Sinto que posso comer, foder essa mulher como se fosse o último ato
de minha vida. Quero fazê-la se derreter na minha boca, no meu pau até
ouvir seus gritos de prazer e suas súplicas por mais, enquanto crava suas
unhas e dentes em mim, tomando posse, me marcando como seu enquanto a
marco como minha também.
Nos despimos entre um beijo e outro, sem perder tempo em uma
respiração e outra. As roupas ficam pelo chão e por cima da mesa que está
próxima a nós. O desejo estalando, ardendo e qualquer segundo sem que
nossas peles estejam se tocando parece uma eternidade. Sua mão macia e
quente, me acaricia, fazendo movimentos de vai e vem que me
enlouquecem.
— Quero foder sua boca, suas mãos, sua bunda... — digo apertando a
carne redonda e durinha do seu traseiro, fazendo sua pélvis moer contra a
minha — mas agora eu quero outra coisa.
Me afasto dela, o mínimo para que consiga fazer o que quero, os olhos
deslizam até meu pau, banhados em luxúria— Agora sobe na mesa, Vivian.
— crispa uma sobrancelha em questionamento, mas nada diz — É hora da
minha sobremesa— sem que eu precise repetir, ela se deita na mesa — Boa
menina, agora deita e abre bem essas pernas para mim — sorri ao meu
elogio. E quase enlouqueço ao vê-la separar as pernas, apoiando-as na beira
da mesa, ficando toda exposta, sem pelos, brilhando com a própria
excitação. O lugar do meu desejo emoldurado pelas coxas grossas.
Molho a ponta do dedo em sua lubrificação — Nenhum sabor se
compara ao seu. Tem ideia do quanto senti falta do seu gosto na minha
boca?
— Não, mas você pode me mostrar — sorri maliciosamente e lambe os
lábios.
—Estava contando os minutos para tirar sua roupa e comer essa boceta
doce que você tem — Não consigo esperar, abro-a ainda mais para mim,
separando seus grandes lábios com as pontas dos dedos, passo a língua por
toda extensão bebendo de sua excitação. — Gostosa pra caralho.
Vivian se contorce a cada lambida, chupada e mordida que dou em seu
sexo, enquanto uso dois dedos para fodê-la. Quando substituo-os e uso todo
o comprimento da minha língua para penetrá-la, fodendo-a, me lambuzando
do seu prazer ela rebola, geme e me segura pelos cabelos pedindo mais. O
que faz meu cacete duro e dolorido, sofrer espasmos pelo tesão que sinto.
Vivian é quente, safada e sabe o que quer.
— Puta que pariu... isso Bruno, não para...— Não é minha intenção.
Sons ininteligíveis começam a deixar seus lábios quando sinto seu corpo
ficar tenso, O quadril vindo de encontro ao meu rosto, em busca de mais
contato.
Bruno Avelar
“Mesmo sendo simples, vira inesquecível ‘
Vivian vem a cada dia se soltando mais, está se aproximando de mim e
de todas as pessoas lá de casa. Desde segunda-feira, ela almoça com a
gente, e se está na fazenda até o final da tarde, também tomamos café
juntos. Ela tem um lado tímido e mesmo que às vezes pareça a ponto de se
fechar dentro de sua concha novamente, é descontraída, inteligente,
empática.
Meu pai diz que nada que é bom vem fácil. Vejo que apesar de toda
nossa aproximação ainda temos um longo caminho a percorrer. Fazer com
que ela confie em mim e entenda que não vou a lugar nenhum, se tornou
minha prioridade, mesmo que seja difícil e leve tempo. É evidente que ela
tem problemas para confiar completamente, principalmente para falar sobre
o passado.
Nos últimos dias tivemos pequenos avanços. Agora sei que ela perdeu
o pai quando ainda era muito nova, e que a mãe se casou novamente e não
tinham um bom relacionamento. Sei também que com dezoito anos, deixou
tudo para trás para seguir seu próprio caminho. Palavras dela, não minhas.
Sei que tem mais coisas nas entrelinhas, notei que apesar de falar que a mãe
se casou novamente, não tocou no nome do padrasto e nem falou nada da
sua relação com ele.
Contudo, percebi que qualquer assunto que se refere ao passado a faz
se transformar em outra pessoa. Como se toda sua luz fosse tragada para um
buraco negro. Então apenas estou deixando que fale aquilo que se sente
confortável em compartilhar. Estamos dando um passo de cada vez.
—Chegamos — Poli bate as mãos de forma animada— Isso é tão
emocionante, ela vai amar. — diz descendo do carro.
Viemos em Pedra Furada, cidade vizinha a nossa para tentar fazer uma
surpresa para Vivian. Ontem durante o café da tarde, ela comentou
novamente como gostaria de um dia ter um cachorro. Então aqui estamos
nós, em um abrigo mantido em parceria com a prefeitura, para animais
abandonados, para adotarmos um amigo de quatro patas para ela.
Você deve estar se perguntando por que não adotamos um da nossa
própria cidade, mas a verdade é que os únicos três animais para adoção já
estão sob os cuidados dela e de Ângelo no hotelzinho da clínica e para fazer
uma surpresa real para ela, precisamos vir em outro lugar.
Somos recebidos pelo gerente do lugar, que fez questão de vir
pessoalmente nos receber. Claro, que o peso do meu sobrenome tem tudo a
ver com o fato dele ter topado vir até aqui uma hora antes do local abrir,
somente para nos atender Não seria ingênuo acreditando que é por conta do
meu par de olhos verdes ou sua vontade de ver os animaizinhos ganhando
um lar.
— Espero que encontrem o animal que estão procurando. Todos estão
saudáveis e vacinados, somente esperando por uma nova família. —
Roberto, o gerente, abre a porta que dá acesso ao canil. Imediatamente os
latidos começam e alguns animais se aproximam das grades para ver a
movimentação.
— Vocês têm muitos cachorros aqui, — a alegria de minutos atrás da
minha amiga é substituída pela tristeza de ver tantos animais abandonados
— queria poder levar todos para casa.
Esse é um sentimento que compartilho também, se as pessoas
entendessem como o amor de um pet pode transformar nossas vidas, não
teríamos tantos animais pelas ruas sofrendo com a fome, mudanças
climáticas e principalmente com a crueldade humana. Observo que o espaço
aqui não é muito arejado e as áreas de alguns cachorros não são
proporcionais ao tamanho deles. Mesmo não podendo levar todos para a
fazenda, posso e farei algo para mudar a situação desse lugar.
— Infelizmente as pessoas acham que podem descartar os pobrezinhos
como se fossem uma mobília velha — a verdade dita pelo gerente, faz meu
sangue correr mais rápido nas veias. Infelizmente essa é uma realidade que
atinge milhares de animais — Alguns vão e voltam para abrigo, várias
vezes durante sua vida.
Enquanto andamos pelo corredor, Roberto vai nos dando algumas
informações. Quando viramos, para entrar em um novo corredor damos de
cara com um golden retriever solto, ele pula em cima de mim e começa a
me lamber todo e se não fosse pelo meu tamanho ele teria facilmente me
jogado no chão.
— Como você escapou, seu bagunceiro? — Roberto tenta afastá-lo de
mim, mas ele desvia e começa a correr em torno de mim e da Poli, que já ri
tanto que parece que vai ficar sem ar.
— Definitivamente, temos um escolhido — ela diz entre gargalhadas,
— Melhor, acho que fomos escolhidos né. Vem cá fofinho — ela se ajoelha
e começa a brincar com ele. — Alguém precisa de um banho urgente. —
fala ao cheirá-lo.
— Eu preciso alertá-los que ele foi devolvido três vezes ao abrigo, por
motivos de comportamento.
— Estamos acostumados com animais com problemas de
comportamento — digo sem conter o amplo sorriso que domina meu rosto,
ao lembrar de Zeus. — Minha namorada vai amar ele.
— Qual é o nome dele? — Poli questiona.
— Ele não tem nome. — diz ressabiado — Aqui o chamamos apenas
de garoto, amigo… Como já passou por três famílias cada vez ganhou um
nome diferente. Talvez seja por isso que ele não respeite a nenhum
comando.
— Tadinho gente — faz carinho nele — Agora você vai para casa com
a gente e vai conhecer minha amiga, que será sua mamãe. E vai se encantar
por ela assim como todos nós.
— Podemos resolver a parte burocrática — passo a mão no pêlo
dourado do cachorro, quando ele retorna para mim. Ansioso para chegar na
fazenda — Esse grandão vai com a gente — digo selando a decisão de
adotarmos o golden retriever.
— Você fica com ele, enquanto eu busco ela — Poli diz assim
que estaciono a caminhonete. — Mandei mensagem para seu pai e os
meninos, eles também estão vindo. Quero só ver a cara de todo mundo
quando o virem — pula para fora do carro — Já volto.
— Amigão, vou descer você, mas precisa ficar quietinho aqui do lado
do carro para não estragar a surpresa. — coloco a guia em sua coleira antes
de descer e abrir a porta do passageiro para ele. Como se fosse um cão
treinado, desce e fica sentado ao meu lado esperando o próximo comando.
O que me surpreende. Para um animal com problemas de comportamento
ele está se saindo super bem até aqui.
Vejo meu pai se aproximar, acompanhado pelos meus melhores
amigos, vindos lá de casa, ao mesmo tempo na direção oposta, as duas saem
pela entrada do estábulo caminhando em nossa direção. — Hora de
conhecer sua nova família, companheiro — digo baixinho somente para ele
ouvir , assim que todos estão próximos o suficiente
— Quem vai tomar vinho comigo? — meu pai entra na sala segurando
duas garrafas de Chateau Margaux tinto. Ele não é de beber sempre, e
quando acontece sempre dá preferência para seus vinhos. Nossa adega tem
algumas garrafas que valem uma pequena fortuna. As duas que estão em
sua mão agora custam em média trinta mil reais.
— Vou ficar na cerveja— Zé é o primeiro a declinar, sendo
acompanhado por seu pai, Fernando, e por fim por mim, que estávamos
tomando cerveja.
Vivian Montenegro
“Eu só tô buscando a minha melhor versão”
Se um mês atrás você dissesse eu estaria aqui hoje, sentada junto a
todas as pessoas, namorando Bruno e compartilhando de todos esses
momentos especiais com ele, eu fugiria para as montanhas. Seguro o
pingente de São Francisco de Assis, preso na correntinha de outro que
ganhei de presente de Angelo alguns minutos atrás e me emociono ao
lembrar de quando nos conhecemos.
Um professor comentou durante uma aula, que um grande amigo seu,
tinha uma clínica veterinária e precisava de alguém para ajudá-lo. Percebi
que nenhum dos meus colegas deu importância, visto que a cidade ficava a
um pouco mais de quatro horas da cidade.
Mas para mim era uma oportunidade como nenhuma outra que tinha
aparecido. Eu só precisava saber se poderia pedir a transferência visto que
era aluna bolsista e torcer para que quando chegasse na cidade,
conseguisse arrumar o estágio. Depois de ir até a secretária, descobri que
seria mais fácil do que pensava a transferência. O único problema era que
precisaria esperar o semestre fechar para fazer isso, o seria somente daqui
a dois meses.
Mesmo tendo que esperar esse tempo, não desisti da ideia. Continuei
trabalhando de caixa no supermercado do bairro onde morava e vendi as
poucas coisas que tinha. Claro que o dinheiro que consegui foi uma
merreca, por tudo era de segunda mão. A única coisa que deixei foi o
colchão que usava para dormir, e que já tinha combinado de doar para
minha vizinha.
O primeiro lugar que fui assim que desembarquei em Luiz Afonso, foi a
clínica que o meu professor havia comentado. Não pedi a ele referência ou
qualquer coisa assim, fui apenas com minha cara e coragem atrás de algo
que sentia ser muito maior que uma vaga de emprego. Desde que ouvi falar
dessa clínica senti no meu coração, que esse lugar era para onde eu
deveria ir.
Lembro de olhar a placa com o nome e me perguntar quem teria o
escolhido. Estava sentada no meio com uma mala e uma mochila do lado,
quando uma sombra tampou o sol que queimava minha cabeça e não eram
nem nove da manhã ainda.
— Manhã difícil? — a voz calma para potente, me fez olhar para o alto
e encarar o homem parado à minha esquerda. Ele era alto, moreno,
cabelos e barbas levemente grisalhos e muito bonito. Um coroa por volta
dos cinquenta e poucos anos. — Está precisando de ajuda? — me fez outra
pergunta, mesmo que não tenha respondido a primeira.
— Preciso de um emprego — respondi sem pensar duas vezes. Porque
essa era a verdade, eu precisava trabalhar e trabalhar para ele, para
conseguir me formar.
— Direta, gostei de você — disse pegando minha mala e indo em
direção a porta. Fiquei atônita— Vem garota, não posso fazer uma
entrevista de emprego aqui na calçada. — assim que ele abriu a porta de
vidro e começou a entrar na loja, corri para acompanhá-lo.
A sala de espera da clínica era grande, mas pouco aproveitada, notei
que tinha uma balcão alto, onde provavelmente sua recepcionista ficava
próximo a um corredor que levava a parte dos fundos, onde deveriam ficar
as salas de atendimento e exames. Só percebi que ele havia sumido quando
o vi, voltando com uma prancheta na mão.
— Vamos começar. Prazer sou Angelo Garcia, dono e veterinário
responsável pela clínica. E você quem é?
— Vivian Montenegro, estudante de medicina veterinária, atualmente
desempregada.
Seus passos são firmes, enquanto ele volta para nossa mesa, aproveito
o momento para analisar o conjunto da obra, jeans de lavagem escura,
camisa preta com as mangas enroladas até os cotovelos deixam exposto os
braços com as veias saltadas a mostra, o cinto, a fivela com o brasão da
família Avelar e as botas vestem quase um e noventa de pura gostosura,
bem definida e esculpida em músculos.
— Agora quem está olhando quem como se fosse devorá-lo? — diz no
meu ouvido assim que está de volta ao seu lugar — Vivian, Vivian você não
deveria fazer coisas assim meu amor.
— Por que não?
— Porque não posso fazer com você agora, as coisas que eu quero —
diz mordendo o lóbulo da minha orelha — e isso me deixa frustrado para
caralho, fora o tesão que preciso controlar, para não andar por aí com a pau
marcado na calça.
Antes que possa continuar nossas provações, meu sogro nos convoca
para tirarmos algumas fotos todos juntos. Seu João é um homem atípico,
que gosta de interagir, dançar e sempre está pronto para um dedo de prosa
seja com quem for. Nos últimos dias nos aproximamos muito e a cada dia
que passa, me sinto mais acolhida, mais amada.
Todos aqui na fazendo continuam a me tratar com respeito, não teve
nenhum olhar torto ou burburinho pelo fato de estar me relacionando com
Bruno. A forma como todos se tratam aqui e principalmente como os donos
tratam a todos, diz muito sobre as pessoas com quem venho convivendo. É
claro que não sou inocente de achar que todos são amigos e só me desejam
coisas boas. Até porque, o coração do homem é terra que ninguém pisa.
Mas enquanto isso não afetar meu desempenho como profissional e for
somente uma opinião pessoal e não me atingir diretamente, está tudo bem
para mim.
Depois que tiramos as fotos, o jantar foi servido. Várias mesas no estilo
banquete foram ocupadas por uma média de doze pessoas cada. Esse com
certeza é o melhor Natal da minha vida. Mas preciso confessar que estou
sentindo falta da minha foguetinho. Bruna e seus pais foram passar o Natal
com sua família por parte de mãe que moram na cidade vizinha. Desde que
ela decidiu que seríamos amigas, a vejo todos os dias e confesso que ela é
um sopro de ar fresco na minha vida. Sua alegria, inocência e esperteza me
deixam totalmente derretida por aquele meio metro de gente.
Assim que a ceia termina, a dupla contratada começa a tocar. Já são
quase duas horas de música boa, e que por incrível que pareça não fica
somente nas modas sertanejas, já rolou pagodinho, pop-rock com versões
de Pitty e Nando Reis. Os dois artistas brasileiros que dominam minhas
playlists. Agora eles estão tocando um pedido especial do meu namorado,
fechando a noite em grande estilo tocando Jorge e Mateus.
A dupla é realmente boa, mas nada se compara ao som da voz de
Bruno cantando “Seu astral” no pé do meu ouvindo, intercalando beijos e
mordidinhas no meu pescoço, enquanto suas mãos acariciam a pele exposta
da minha barriga. Tenho me segurado a noite toda para não cometer uma
loucura, mas está ficando cada vez mais difícil segurar a vontade de pedir
que ele me leve para seu quarto e me foder da forma que só ele sabe fazer.
De forma inconsciente, ou talvez nem tanto, roço minha bunda em sua
ereção, provocando-o, e o que tanto esperava acontece.
Capítulo 19
Bruno Avelar
“Dizendo não para, não para”
Me enlouquecer.
É exatamente o que essa mulher quer desde que decidiu passar esse
batom vermelho nos lábios. Cada segundo dessa noite, busquei não
imaginar meu pau dentro da sua boca gostosa ou estrangulado dentro da sua
boceta. Estava tentando ser um bom anfitrião e não esquecer a porra da
festa de Natal que é tão importante para todas e me trancar com ela no
primeiro cômodo e fodê-la até que ela pedisse arrego.
Mas tudo tem limite, até mesmo minhas boas maneiras. Sei que não
posso simplesmente sumir sem me despedir das pessoas. Meu pai é um cara
superbacana, mas existem coisas das quais ele não abre mão, educação e
respeito são duas delas. Pego Vivian pela mão e a faço me seguir até a parte
de trás da casa, onde sei que ninguém irá nos importunar. Essa pequena
provocadora terá um vislumbre do que a espera essa noite assim que for
minimamente razoável dar a noite por encerrada.
Assim que estamos fora das vistas, encurralo Vivian contra a parede.
— Tá gostoso me provocar? Ficar passando essa bunda que eu tô louco para
comer na minha rola? — seguro seu queixo, exercendo um pouco mais de
pressão, quando a safada inclina seu quadril em minha direção e morde o
lábio do jeito que sabe que atiça o animal dentro de mim. — Responde
Vivian.
— Que beber minha porra toda, putinha? —levo minha mão até sua
nunca e seguro com força, quando meneia a cabeça de forma positiva, sem
perder o contato visual comigo nem por um segundo — Ah, Vivian, vou dar
exatamente o que você quer — impulsiono meu quadril para frente quando
ela relaxa o maxilar me dando permissão para me afundar até sua garganta.
Quando a vejo começar a engasgar recuo e volto, dando apenas tempo para
que se recupere antes de me engolir novamente.
— A porra, caralho... — digo acelerando o movimento do quadril —
vou gozar, se prepara para tomar tudo, safada. — sinto minhas bolas
tensionarem, um arrepio subir por minha coluna e as veias da minha rola se
expandirem quando o orgasmo me atinge. Me derramo dentro de sua boca,
gozando de uma forma que nunca aconteceu antes.
Fecho os olhos aproveitando um pouco mais a sensação. Quando os
abro, a vejo lamber os lábios enquanto se levanta com uma elegância que
alguém vendo de fora, jamais imaginaria que a segundos estava me
chupando como uma profissional. Atrás desse semblante de menina doce,
Vivian é puro fogo, e estou pagando dobrado só para me queimar nele.
A trago para meus braços e a beijo fazendo sentir meu sabor, o que não
a incomoda, pelo contrário parece acender ainda mais seu corpo. Da mesma
forma que desabotoou, suas mãos voltam para mim calça, fechando-a — A
gente precisa voltar — diz assim que nossas bocas se afastam.
— Primeiro — digo e separo suas pernas com a minha, no mesmo
instante que passo a mão por sua coxa pelo acesso que a fenda da saia me
dá. Avanço em direção ao seu sexo e arrasto a calcinha enxarcada para o
lado.— vou te fazer gozar aqui, nos meus dedos. Depois vamos para meu
quarto, aí você vai gozar na minha boca, no meu pau, enquanto te fodo do
jeito selvagem que sei você gosta.
Baunilha, nunca pensei que fosse gostar tanto desse cheiro. Talvez seja
por ser nela. Os cabelos ainda úmidos do nosso banho estão espalhados pelo
travesseiro, contrastando o tom loiro acinzentado dos fios com tecido preto.
O lençol puxado somente até a altura das coxas, deixa a bunda exposta e um
dos seios que mamei como um louco minutos atrás, extremamente
convidativos.
Calma aí amigão, ela precisa descansar. Quem pode culpar meu pau
por se animar somente com a visão dela nua na minha cama. A mulher é
linda, gostosa e nossa química é inexplicável. Ajeito minha ereção, depois
de deixar a bandeja com comida na mesa que fica no meu quarto. Assim
que saímos do banho, Vivian falou que estava com fome, então fui buscar
algo para alimentar meu pequeno dragão. Mas pelo visto o cansaço foi
maior.
Uma coisa que não demorei a saber sobre minha namorada é que
sempre está com fome. Nunca vi uma mulher tão pequena, boa de garfo
igual a ela. Não tem frescura para comer e fica feliz com a mera menção da
palavra comida. Descobri também que preciso mantê-la alimentada, porque
seu humor não é dos melhores quando está com a barriga vazia.
Começo a tirar a calça de moletom para me deitar ao seu lado, mas
interrompo o movimento — Geleia de morango — paro e olho para cama,
ela continua na mesma posição, deve tá sonhando, quando começo a tirar
novamente a roupa escuto novamente — Nem pense em ficar pelado ao
meu lado de novo, antes de me alimentar, e agora estou falando de comida
de verdade. — não seguro a gargalhada e termino de tirar a calça mesmo
assim. Seus olhos indo direto para o meu cacete que já está meia bomba.
— Pensei que estava dormindo, parecia no sétimo sono.
— Eu estava, mas aí comecei a sonhar que um homem muito gostoso
estava me trazendo comida na cama — sorri para mim — e meu estômago
roncou tão alto que acordei.— diz empurrando o lençol para longe do seu
corpo com o auxílio dos pés, deixando à minha vista a bocetinha gostosa
que já estou louco para chupar de novo..
— Vou pegar sua comida.
— Não estou mais com fome — viro minha cabeça tão rápido na
direção dela, que até pareço a menina do filme O exorcista — não de
comida pelo menos. — a safada, morde os lábios. Juro, que iria deixá-la
descansar, mas porra fica difícil assim.
— Vem aqui — digo já pegando uma camisinha e me sentando na
cama— Se você está com fome, então agora quem vai me comer é você.
— mas antes que eu possa colocar a camisinha, sou pego de surpresa
— Sem — diz tirando o preservativo da minha mão e o jogando de
volta na mesinha — Quero sentir seu pau sem barreira nenhuma.
— Tem certeza disso? — questiono por que não quero que ela tome
nenhuma decisão que possa se arrepender depois. Já havíamos conversado
sobre sexo seguro, e assim como os meus, os seu exames estão em dia e
está tudo certo. Pelo que me contou ela não transava a mais de seis meses.
Uma coisa que gostei muito de ouvir, confesso. Não que meu histórico seja
muito diferente. E quanto aos filhos? Estamos protegidos, porque Vivian
usa anticoncepcional desde nova, para regular o fluxo menstrual.
— Tenho — a voz firme não deixa dúvidas.
— Porra — a puxo para meu colo, meu pênis ficando bem na sua
entrada, a safada rebola fazendo com que sua lubrificação o encharque —
Desce, vai rebolando assim, até me sentir todo dentro de você. — dou um
tapa em sua bunda e a sinto pingar. Gostosa pra caralho.
Vivian se apoia em meus ombros e começa sua descida, fazendo
exatamente o que pedi, rebolando a raba gostosa me deixando alucinado.
Deixo-a em posição de comando, ditando o ritmo em que sua boceta gulosa
me ordenha.
— Ai Bruno, que gostoso ... — geme como uma gatinha no cio — seu
pau é uma delícia. Ficaria sentada nele a vida toda —a velocidade das
reboladas aumenta e vejo que está perdendo o controle, se entregando ao
êxtase, seguro sua cintura e começo a me movimentar junto, para
intensificar seu prazer. Deslizo meu dedo pela fenda da bunda, e começo a
massagear seu buraquinho apertado.
— Quero tanto comer seu cu, Vivian —- falo em seu ouvido, porque
sei que adora putaria quando estamos assim — Imagina ele todo dentro de
você. — um rugido sobe pela minha garganta quando suas paredes me
apertam, o orgasmo se aproximando.
Sua boca vem de encontro ao meu ombro, sinto a mordida ao mesmo
que suas unhas me arranham e seu gozo mela minha rola. Não deixo que
seu corpo relaxe, mudo nossas posições deitando-a de costas na cama, ainda
afundado em seu interior quente e molhado.
— Minha vez — digo entrando e saindo, cada vez mais forte e mais
fundo, tocando tudo dentro dela.
— Gosto dessa sua versão — a voz dela é quase um sussurro . Minha
mão segura em seu pescoço com força, não para machucá-la, mas o
suficiente para mantê-la sob meu domínio.
— É muito simples, mas além de ser uma peça única, feita sob
encomenda, gostei da ideia de poder fazer uma gravação. — tiro a
miniatura de violão da caixinha acrilica, mas não uma simples miniatura, é
uma réplica perfeita do meu violão. —Vira.
— A lua é sempre a mesma. Não importa de onde seja vista — olho
para minha namorada — Essa frase, onde você a ouviu? — pergunto
emocionado, sendo preenchido por um sentimento esmagador.
— Não lembro exatamente ... —suspira, e sinto que é uma lembrança
que a emociona — mas sei que era meu pai quem a falava para mim. É uma
das poucas coisas que me recordo dele. Por quê?
Vou até meu closet antes de responder. E volto com um diário em
mãos. Sento ao seu lado, e a abro exatamente na página que quero que veja
— Leia.
— A lua é sempre a mesma. Não importa de onde seja vista, filho.
Quando você for um homem e trilhar seu próprio caminho, não importa
onde você esteja , basta olhar para o céu e a mesma lua que ver, será a que
vejo, então saberá que sempre estarei com você.
— Minha mãe escreveu isso na véspera do meu nascimento. Meu pai
sempre perguntava porque ela escrevia para mim, e ela falava que era para
eu saber o quanto ela me amava e me desejava. Eu acho que no fundo ela
sentia que não teria muito tempo comigo. — uma lágrima rola na bochecha
de Vivian, sua emoção espelhando a minha. — Queria muito a ter
conhecido.
— Sua mãe parece ter sido uma mulher incrível, também gostaria de
tido a honra de conhecê-la. — ela seca novas lágrimas que surgem — Onde
quer que ela esteja, tenho certeza que sente muito orgulho do homem que
você se tornou — beija minha bochecha — eu sou grata a ela, por sua vida,
amor.
— Cada dia que passa, tenho mais certeza que esse nosso encontro não
foi acaso Vivian, nada na vida é — pego sua mão, coloco sobre o meu
coração. — Sente isso? — confirma — não era assim antes. Meu coração
bate num ritmo novo desde que te conheci.
Vivian Montenegro
“Tenho dó de quem não te conhece”
— AAAAAAIIIIII... — escutamos um grito alto vindo da varanda dos
fundos. — QUE PORRAAAAA! — saímos todos correndo da cozinha,
largando o café da manhã para ir ver o que aconteceu. Thor é o primeiro a
sair latindo na direção de onde os xingamentos continuam a vir .Assim que
entramos na varanda vemos o homem moreno, alto e tatuado raspando o pé
em um tapete.
— Que merda aconteceu aqui Fernando? — Bruno é o primeiro a se
pronunciar — tomamos a porra de um susto com seu grito.
— Pisei numa aranha, porra. — encara o amigo, como se obvio sua
reação — tenho pavor desse bicho.
— Ah vê se te emenda, um homem do seu tamanho com medo de uma
aranhazinha — Zé não perde a chance de alfinetar. Mas a verdade é que
pelo tanto de restos mortais, não se trava de uma aranha tão pequena assim.
— Não fode, José Armando. Essa porra é nojenta, eu estava distraído e
pisei nela descalço. — continua limpando o pé no tapete. — Porra, me
assustei tanto, que até desmunhequei.
— Gritou igual uma menina — os dois começam a rir.
— Querem parar com essa merda vocês dois — Poli diz brava. —
Esse termo é totalmente pejorativo e desnecessário, Fernando. E você José
Armando, que comparação ridícula, fique sabendo que tem muita menina
por aí mais corajosa que marmanjos como os dois aqui.
— Desculpa, não quis ser um babaca — Fernando parece realmente
envergonhado, e eu até poderia sentir pena, poderia se não estivesse
totalmente do lado da minha amiga — É difícil desapegar de algumas
expressões.
— Então se esforce mais. É a droga de um advogado, e não um
qualquer. Estudou nos melhores lugares, viveu anos fora, precisa se livrar
dessa raiz machista e preconceituosa.
—Você está certa maninha, desculpa a gente vai?
— Vai magrela, não foi por maldade que falamos.
— Aff, desisto de vocês dois — Poliana sai batendo o pé, deixando os
meninos sem entender nada.
— Mereceram o esporro — meu namorado que até então só observava
tudo, se pronuncia — Poliana está certa, precisamos nos policiar quanto às
expressões que de geração em geração perpetuam preconceito, homofobia,
racismo entre coisas. Daqui a pouco “sem maldade” — faz sinal de aspas na
expressão para dar ênfase— estamos repassando isso aos nossos filhos.
Ignorância não é uma dádiva gente, ignorância mata, e todos os dias temos
várias notícias que nos provam isso.
— Estou me sentindo um lixo agora — Fernando ficou até amuado. —
Não queria chatear ninguém, e nem ser preconceituoso, vocês me conhecem
sabem que não sou assim.
— Nós sabemos, mas é quem ouve de fora? Até você explicar que
focinho de porco não é tomada, a merda já bateu no ventilador e foi
espalhada.
— Bem, acho que todos aprendemos uma lição hoje. — beijo o rosto
de Bruno — Nos vemos depois, preciso ir ver os animais.
— Mas nem terminou o café da manhã?
—Comi o suficiente. Preciso mesmo ir, Antônio deve estar me
esperando. Vem amigão — Thor levanta do chão de onde acompanha tudo
como um espectador muito compenetrado e me segue.
— Certo Vivian. Agora, sobre a égua que foi vendida, fiz a coleta do
sangue para os últimos exames, devem ficar prontos dia quatro. — Antônio
me atualiza — Devem vir buscá-la no dia oito.
— Certo. Doutor Felipe disse que virá somente no dia doze fazer as
coletas dos sêmens do Trovão. Bem na mesma época que o Sheik Khalid
estará hospedado na fazenda. — entrego para a ele a autorização para a
compra dos suprimentos que precisamos repor no estoque — As coisas vão
ficar movimentadas por aqui.
— Nem me fale. Fiquei sabendo que aquele assistente que o Sheik
enviou fez uma lista de coisas que precisam ser ajustadas na casa de campo.
— confirmo — Achei exagero, aquela casa é muito luxuosa. Fora a vista da
cachoeira que é um espetáculo à parte. Vai entender esse povo.
— Eles têm costumes muito diferentes dos nossos Antônio. O homem é
Khalid Abu Abin Aziz, ele é tipo a realeza do país dele, imagina ao que ele
está acostumado.
— Isso é. Deixa eu ir terminar meu trabalho. Se precisar de alguma
coisa me manda uma mensagem.
— Pode deixar — ele começa a sair — Ah Antônio, peça a um dos
meninos para selar a Aurora. Vou ensinar a Bruninha a montar e ela é a
nossa égua mais mansa.
— Peço sim.
— Obrigada meu amigo.
Passo com a égua pelo portão de madeira, com Bruna ainda montada.
Ela está indo super bem, é confiante, tem respeito pelo animal, obedece a
todas as instruções e está radiante com cada coisa que aprende. É um fim de
tarde lindo, vamos fazer apenas uma pausa para tomar água e depois
continuamos enquanto temos luz natural.
—Vem, deixa eu te descer — ela vira o corpinho na minha direção e
me deixa tirá-la de cima da égua. Bruna, apesar dos sete anos, é miúda e
magrinha, bem levinha — Que tal depois que terminamos aqui e se o
Bruno não demorar voltar, irmos tomar sorvete lá no seu Tião?
Antes que possa ouvir sua resposta, somos interrompidas por sons de
palmas sendo batida. Viro na direção do som e dou de cara com Franciele
— Não sabia que além atendente de pet shop você era também babá nas
horas vagas. — me olha como se eu fosse a poeira na sua sandália de salto,
que por sinal não tem nada a ver com o chão de terra da fazenda.
— Qualquer uma dessas funções me deixariam honradas em
desempenhar. Mas acho que está mal-informada. — a olho de cima a baixo,
medindo-a como fez comigo — Sou veterinária e a responsável por cada
animal dessa fazenda.
— É, talvez tenha me enganado quanto a isso, talvez quem falou que
Bruno estaria namorando com você também tenha se enganado. — joga o
cabelo loiro para trás — É óbvio que ele não se envolveria com alguém
como você.
— Como eu? — questiono incrédula, por que a petulância dessa
mulher está me tirando do prumo. — Acho melhor você ir embora
Franciele. Não tem nada para fazer aqui, principalmente perto dos
estábulos.
— E quem é você para me dizer o que eu posso ou não fazer? — se
aproxima, ficando muito perto de mim e de Bruna que ainda está em meu
colo, agarrada ao meu pescoço observando tudo. — Acha mesmo que tem
alguma chance? Olha para você. — revira o olho. — Eu serei a futura
senhora Avelar , e a primeira coisa que farei como dona dessa fazenda, será
dispensar seus serviços— encaro a mulher loira a minha frente e sinto
Bruna se remexer em meu colo.
— Você não briga com a minha amiga, sua feiosa — Foguetinho diz
antes que eu mesma possa me defender da loira aguada. E quando vejo ela
dá uma assoprada na cara de Franciele. Isso mesmo ela assopra a megera.
— Vou contar tudo para o Bruno quando ele chegar — diz e desce do meu
colo, ficando ao meu lado.
— Essa monstrinha cuspiu em mim — diz toda cheia de repulsa.
Assim que sai em seu carro. Bruno me pede que conte tudo que
aconteceu até o momento que eles chegaram e que descubro que foi logo
quando Franciele disse que eu fedia a esterco. Conto que ela já chegou
sendo passivo-agressiva, mas que só perdi a estribeiras quando ela foi em
direção a Bruna.
— Você soprou mesmo a cara dela? — Zé pergunta a Bruna, que
confirma e conta a versão dela dos acontecimentos— Queria muito ter visto
essa super assoprada. Mas já valeu a pena ver aquela metida coberta de
bosta.
— Todas as merdas se misturando — Fernando gargalha — Impagável.
Deixou a última sexta do ano memorável.
—Vamos esquecer esse assunto crianças. — pede meu pai.
— Desculpa padrinho, mas a gente precisa contar isso para Poli quando
ela chegar com a mãe — Zé tenta se controlar, mas desiste. — Alguém
tinha que ter filmado a Vivian jogando o esterco nela e falando aquelas
verdades.
Graças a Deus ninguém pensou isso antes.
Capítulo 21
Bruno Avelar
“Pobre coração o dos apaixonados”
Loucura.
É exatamente o que define o que estamos fazendo nesse momento e a
culpa é do meu pai. Deus como fui concordar com isso? Há três dias
recebemos o Sheik Khalid com sua comitiva aqui na fazenda, sua passagem
se tornando um evento como se estivéssemos sediando a copa do mundo.
Nunca vi esse lugar tão movimentado e decorado, nem no Natal. Fora que a
chegada antecipada de Khalid, coincidiu com a visita de Sandra e sua filha,
que vieram para conhecer a fazenda e me ajudar a decidir o melhor lugar
para construímos o centro de equoterapia.
Para homenagear nosso visitante, meu pai resolveu fazer um jantar
típico do seu país. Com a ajuda de uma consultoria, organizou toda
decoração, comidas e até mesmo música e dança típica dos Emirados
Árabes. Agora estamos acompanhando a apresentação feita pelas bailarinas
da companhia de dança. As mulheres que estão na festa já se entregaram ao
ritmo envolvente e apesar de não serem profissionais, estão se dando muito
bem nos movimentos que as dançarinas tentam ensinar para elas.
Enquanto José Armando está se divertindo, Fernando não está com
cara de muitos amigos. Ninguém imaginava que o irmão mais novo do
Sheik fosse vir também, o tal não para de jogar charme para cima de
Poliana. Sei que meu amigo não disse nada sobre o que sente por nossa
amiga, mas para mim é meio óbvio.
— Você queria era transar aqui, seu puto. — Fernando retruca e Poli
joga água na cara dele. — Tô mentindo?
— Não. Todo mundo já veio aqui com essa intenção.
— Ah, pelo amor de Deus, vocês dois. Não sou obrigada a ficar
ouvindo sobre a vida promíscua dos outros não, principalmente se uma
delas for do meu irmão. — Os dois gargalham da fala dela. — Vamos
mudar de assunto. Queria tanto poder ir com vocês na recepção em São
Paulo. — Faz beicinho.
— Não vai porque não quer. Já falei que mando te buscarem na capital
depois do trabalho no sábado e dá tempo tranquilo de chegar a São Paulo.
— Não é só o trabalho, Bruno, tenho outros compromissos na capital.
— Lança um olhar cúmplice para Vivian. — As férias foram ótimas, mas
segunda a realidade já bate à porta.
— Não sei que compromisso você pode ter em pleno sábado à noite. —
Joga verde Fernando. — Clube da Luluzinha com suas amigas de curso?
— Está mais para clube do bolinha. — A espertinha joga a bomba e
mergulha no lago.
— Que porra de clube do bolinha é esse, Poliana? — Fernando vai
atrás dela puto, o ciúme escorrendo pelos olhos e eu faço o que um bom
amigo faria, rio para caralho.
— Você gosta de ver o circo pegar fogo. — Minha namorada que está
linda em um biquíni azul com flores brancas se aproxima de mim, e apesar
dele ser bem comportado, dou graças de sermos só nós e nossos amigos
aqui, porque imaginar outro homem desejando o que é meu, faz meu sangue
ferver nas veias. — Não sei qual dos dois é o mais teimoso.
— Acho que é o Fernando, mas deixa eles se resolverem. — Seguro
sua cintura e aproximo seu corpo do meu, estamos totalmente cobertos pela
água. — Já que você convidou todo mundo e acabou com meus planos de
te foder bem aqui, — deslizo um dedo por sua boceta, por cima do tecido e
vejo seus pelinhos do braço arrepiarem — vamos passar a noite hoje na
casa de hóspedes.
Vivian Montenegro
“Para pra pensar, porque eu já me toquei”
Jantamos todos juntos num clima de alegria e saudade. Mesmo loucos
para ficarmos sozinhos, Bruno e eu aproveitamos o máximo que pudemos
na companhia dos nossos amigos. Poliana amanhã volta para Belo
Horizonte e Fernando, na segunda, voa para São Paulo. Como diz ele, a
vida é uma megera, as férias acabaram e todos precisam voltar para a
realidade.
Confesso que estou tentando não pensar no fato que Bruno também
precisará se dividir entre a fazenda e a sede da empresa na capital paulista.
Por isso, quero aproveitar cada momento ao seu lado.
— Animada para nossa noite? — Sou prensada contra a porta da
caminhonete. — Porque eu não parei de pensar um minuto no que você
disse durante o nosso banho mais cedo.
Quando voltamos da cachoeira, não resistimos e acabamos fazendo um
sexo oral delicioso no chuveiro. Na verdade, Bruno estava decidido a se
manter celibato até quando estivéssemos totalmente sozinhos, mas eu
estava com muito tesão desde o nosso momentinho no lago. Então usei uma
carta na manga para poder fazê-lo ceder.
Passo os próximos minutos torturando-o, toda vez que sinto que seu
orgasmo está começando a se formar paro de chupar e Bruno solta vários
palavrões. É incrível como o homem se transforma quando estamos
sozinhos assim, entregues à luxúria.
— Amor, eu preciso gozar, caralho.
— E vai, dentro de mim, com seu pau enterrado bem fundo na minha
boceta. - Digo e me levanto assim que ele para o carro em frente a casa.
Passo a língua nos lábios, me deliciando com seu sabor. — Não sei onde eu
gosto mais de sentir sua porra.
— Foda-se. — Num movimento rápido, Bruno me puxa para seu colo.
Não ofereço resistência, passo uma perna por cada lado seu, o vestido
subindo até minha cintura por minhas mãos e descendo pela suas. Bruno
segura um dos meus seios com vontade. — Ah, Vivian, você gostou de me
torturar, né putinha? — Rebolo em seu colo. — Afasta a calcinha e coloca
meu pau na entrada. Mas somente isso, entendeu?
Faço o que ele manda e quando o caminho está livre, arremete dentro
de mim de uma vez só. Suas mãos firmes me prendem no lugar, quando ele
começa a socar forte, o ritmo das estocadas cada vez mais rápido. Sua boca
vem para meu seio, chupando com força, mordendo o biquinho duro, me
fazendo gritar como louca.
Lambidas, chupões, murmúrios. Um tesão do caralho. Sua rola me
preenchendo, mais e mais. A mão no meu pescoço, o toque possessivo, o
domínio, nossas respirações apressadas e o orgasmo avassalador. Gozamos,
rápido, juntos, entregues.
Bruno Avelar
Vivian adora me provocar, me deixar louco. Sempre caio no seu jogo
porque quando ela está perto de mim, a cabeça de baixo fala mais alto que a
de cima. Ela desce do carro ajeitando o vestido mesmo estando somente nós
dois aqui no escuro. Seguro sua mão e caminhamos em direção a entrada,
uso minha digital para abrir a porta e o comando de voz para acender as
luzes, deixo a bolsa que trouxemos no chão e a prendo contra a porta assim
que ela se fecha.
— Escolhe, Vivian, antes de te levar para a suíte, vou te comer em
todos os cantos do andar de baixo. — Mordo seu lábio. — Você quer
começar pela cozinha, pela sala ou pelo escritório? — Sua atenção se
prende no sofá de couro preto e sei que sua decisão foi tomada. Saindo da
prisão dos meus braços, ela tira o vestido, a calcinha enquanto caminha para
a grande sala de estar e as sandálias também ficam pelo caminho. A safada
sobe no estofado, empina a bunda e vira para me olhar.
— Me come assim, de quatro.
Tiro a roupa em velocidade recorde, antes de me posicionar. Massageio
seu clitóris inchado com meu cacete. Vivian rebola e pede mais, estapeio as
duas bandas da bunda redondinha e as abro bem, vendo o cuzinho rosado
que em breve vou foder. Aproveito a baba escorrendo da sua excitação para
lubrificar o buraco apertado, posiciono meu pau e começo a deslizar para
dentro da boceta ao mesmo tempo que meu dedão invade a parte de trás.
— Vai gozar assim, putinha. — Mordo suas costas e ela geme. —
Depois vai me dar esse rabo gostoso porque não posso mais segurar a
vontade de me enterrar nele. — Outro tapa estala em sua bunda. O som da
batida combinada aos seus gemidos.
— Ai, Bruno, mais forte. — Pede. — Isso, isso, ai Deus, que delícia.
Seguro seu quadril com a mão livre, mantendo-a na posição enquanto
meu cacete derrapa para dentro e para fora. Um gemido sôfrego rola por
meus lábios, quando sinto suas paredes me apertarem. Respiro, tentando
controlar o desejo de esporrar dentro dela. — Se toca, Vivian, dedilha seu
montinho inchado como se fosse eu, amor. — Rapidamente ela faz o que
peço, e isso é tudo que ela precisa para se desmanchar.
Continuo me movimentando, prolongando seu orgasmo. Quando seu
corpo para de tremer, puxo-a para cima e viro seu rosto, beijando-a. —
Agora é minha vez. — A deixo no sofá enquanto pego o frasco de
lubrificante e um óleo relaxante corporal na bolsa.
ALERTA SAFADO
— Amo acordar ao seu lado. —ela beija meu peito, antes de olhar pra
mim — mas ouvindo você cantar não tem preço.
— Podemos providenciar para que isso aconteça todos os dias. — Digo
e ela ri.
— Claro que podemos, mas você sabe que não é assim que as coisas
funcionam. — Circula com a tatuagem do meu braço. — Essa semana sem
você será punk de aguentar. — Amanhã preciso ir para Mato Grosso com
meu pai, tivemos um problema com um dos nossos funcionários. Enquanto
ela cuida de assuntos na fazenda, vou precisar acompanhar os cavalos que
irão para o resort de Santa Catarina. Tudo dando certo, chegamos na sexta
de manhã.
— Vamos nos falar todos os dias pelo telefone, e agora que tem um
celular decente, podemos fazer sexo por vídeo chamada.
— Você é muito safado e não perde uma chance de falar do meu antigo
telefone.
— Claro que não, aquilo era um carcará. — Aperto sua bunda gostosa
— Não vejo a hora de testar seu iphone novo.
— Sei, sei. — Com a cabeça agora deitada em meu ombro, sinto sua
respiração pesada. A mudança repentina no clima, me deixando alerta, não
falamos do pesadelo e não quero tocar no assunto e fazê-la reviver o que
quer que seja.
— Que foi?
— Nada, eu só... só não queria que isso acabasse. — Acabar? Como
assim? — Mas precisamos voltar para casa. — Volto a respirar. É sobre
isso, então.
— Precisamos.
— Vou sentir saudades dos dois. — Fala de Fernando e Poliana que
vão voltar a trabalhar e deixar a fazenda. — Poliana se tornou a melhor
amiga que eu poderia ter e Fernando, bem , é o Fernando, né, não tem como
não gostar dele.
— Pelo menos, ele você vai ver no baile em São Paulo, e quando a
saudade apertar, podemos ir visitá-los. — Beijo sua testa — Helicóptero
existe para isso.
— Falando assim parece tão fácil.
— Não é, amor, mas posso facilitar. — Mudo nossas posições ficando
por cima dela — Olha, dinheiro é só dinheiro, mas não posso fingir que não
o tenho e os benefícios que ele traz. Se não posso usar esses recursos para
ter mais tempo com as pessoas que realmente importam na minha vida, de
que ele vale
— Você está certo.
— Estou sim. — Desço beijos por seu rosto, pescoço, até a altura dos
seios e ela se remexe debaixo de mim. — Queria muito ficar o dia inteiro
aqui, me fartando desse corpo gostoso. Mas precisamos voltar.
Capítulo 23
Vivian Montenegro
“Vai me perdoando, esquece aqueles planos”
Sexta-feira.
Os dias voaram, e não poderia agradecer mais por isso ter acontecido.
Como combinando trouxe minhas coisas para a fazenda ontem, inclusive o
vestido de festa maravilhoso que Poliana me ajudou a escolher. Ele é preto
ombro a ombro, e vai descendo junto até quase o meio da coxa, onde
começa a ganhar um leve movimento. É elegante e a sensualidade fica por
conta da fenda alta na lateral esquerda.
Bruno deve chegar até o horário do almoço, então vou aproveitar a
parte da manhã para organizar algumas coisas no consultório. Ontem
aproveitei para arrumar minhas unhas, passei um esmalte Renda tanto nas
mãos quanto nos pés. Por conta do meu trabalho, não uso a unha grande e
na verdade nem gosto muito. Prefiro elas mais curtas e sempre com um
esmalte clarinho e delicado, acho que combina mais comigo.
Ainda não sei o que vou fazer com meu cabelo amanhã. Peguei alguns
vídeos na internet com dicas sobre tranças e coques práticos para quem tem
pouco ou quase nenhuma habilidade. Como já tenho facilidade em arrumar
minha cabeleira selvagem, acho que vou me sair bem. Termino de calçar
minha bota e o telefone apita com um sinal de mensagem.
Já que não posso estar lá para te ajudar a se arrumar. Consegui o contato de uma maquiadora e uma
cabeleireira que irão até o apartamento do Bruno para te atender.
Mas é sério, Vivian. Depois que ficar linda, me manda fotos, quero ver antes de todo mundo. Não me
faz ter de esperar para ver sua foto nos tabloides.
Não pode ser. Vivian, como foi tão estúpida por não pensar nisso
antes.? É claro que esse evento vai ter toda essa visibilidade. Não posso ir,
não posso. Mas como explicar para Bruno que não posso ir sem contar a
verdade? Não consigo contar, só de imaginar o julgamento em seu olhar
quando souber tudo que fiz, o monstro que sou. Eu sabia que tudo acabaria,
dentro do meu coração eu sempre soube que um dia precisaria ir embora.
POLI: Amiga, você sumiu.
Tá tudo bem, Vivian?
Ar, eu preciso de ar. Inspiro e expiro, uma, duas, três vezes. Olho para a
mochila na cadeira. Se eu sair com ela, todos vão desconfiar. Sei o que
preciso fazer, mesmo que isso me dilacere, perder Bruno dói. Eu não tinha
medo de perder, até porque eu não tinha nada. Não até ele aparecer. Agora
só consigo pensar na decepção que vou lhe causar quando ele descobrir
quem eu sou e o que eu fiz.
Saio do quarto espreitando para que ninguém me veja indo embora. Respiro
quando saio pela porta da frente, nem sei como consigo descer os degraus,
lágrimas não derramadas turvam minha visão. Saio correndo em direção ao
cercado onde sei que esse horário Zeus já está tomando banho de sol.
Quando me aproximo vejo alguns dos trabalhadores e tendo agir de maneira
profissional, cumprimentos os mais próximos, antes de pular para dentro do
cercado.
Zeus se aproxima de mim, ele sabe como me sinto. Ele sempre sabe. — Me
perdoa. — Abraço-o — Esse é o meu primeiro adeus. Eu não tinha alguém
que realmente se importasse comigo da outra vez que fugi, mas agora... —
não consigo mais segurar as lágrimas. — Eu preciso fazer isso, mas por que
mesmo sendo o certo, dói tanto ? — O abraço pela ultimas vez. — Seja um
bom menino e cuide dele por mim, ele vai precisar de você.
Seco as lágrimas. — Não implique com Thor, ele é um bom amigo. Mesmo
que às vezes se venda por uns petiscos. — Rio lembrando que ele me trocou
hoje por José Armando e foi para o outro lado da fazenda. — Não posso me
despedir, não posso me despedir de mais ninguém. Eu amo você, não posso
te levar comigo, mas isso não significa que não te amo.
Me viro para pular a cerca e ele morde minha blusa, me segurando no lugar.
Olho em seus olhos antes de dizer. — Preciso ir, Zeus. — Entende tudo,
mesmo que não lhe diga em palavras, ele recua.
— Preciso que alguém me leve em casa. — Digo para alguns dos rapazes
que trabalham nos cuidados dos cavalos e que sei que têm acesso às
caminhonetes.
— Está tudo bem, doutora? — Pedro pergunta.
— Está sim, só preciso resolver uma coisa urgente. Depois peço a Bruno
para me buscar quando ele chegar. — Minto.
— Vamos, eu a levo.
Bruno Avelar
Quatro dias longe dela foi o suficiente para ter certeza que não quero ficar
longe nunca mais. Sei que o ser humano se acostuma com tudo, e com o
tempo somos capazes de superar situações realmente dolorosas, meu pai e
padrinho são dois belos exemplos disso, os dois perderam suas esposas,
suas almas gêmeas e no caso de Ângelo, a dor foi triplicada.
Entro em casa e vou direto para cozinha, pelo horário devem estar todos
tomando café ainda. Meu pai acabou vindo ontem, mas eu só consegui hoje
mesmo. O tempo em Santa Catarina estava horrível e não conseguimos
licença para voar. Não mandei mensagem avisando que estava chegando,
preferi fazer uma surpresa, já que me esperavam somente para o almoço.
— Bom dia, família. — Entro na cozinha, beijo minha madrinha, meu pai,
estranho não encontrar Vivian. — Vivian não veio tomar café ainda?
— Achei que chegaria mais tarde. — Meu pai diz. — Vivian não está em
casa, fui chamá-la para me acompanhar, mas seu quarto estava vazio. Deve
ter ido até os estábulos e deve estar voltando.
— Deve ser isso. — Sento pegando uma xícara para me servir do melhor
café do mundo. — Que saudades de café e desse pão de queijo. — Digo
mordiscando o que está na minha mão.
— Falei com o Antunes que vamos para São Paulo logo depois do almoço.
— Informo ao meu pai. — Ele vai deixar o helicóptero pronto. Preciso dar
um pulo na sede e vou aproveitar para levar a Vivian para conhecer,
— Tudo bem, filho. Combinei com Afonso de ficar na casa dele, assim
você e Vivian aproveitam mais a viagem. — Ele pisca pra mim.
— Pai, não precisa, nós...
— Ah Bruno, pelo amor de Deus, eu já tive a sua idade. Sei como é estar
apaixonado. Eu e sua mãe éramos como coelhos.
—Pai, pelo amor de Deus. Não quero ouvir sobre a vida sexual dos meus
pais no café da manhã. — Ele gargalha,
— Me conta como foi lá no Sul?
— Bom dia patrão, patrãozinho. — Pedro cumprimenta entrando na
cozinha.
— Bom dia. — Respondemos juntos.
— Aqui Pedro, leva essas duas garrafas e esses pães de queijo quentinhos
para os meninos. — Madá lhe entrega uma sacola.
— Pedro, você viu a doutora Vivian lá pelo estábulo? — Ele coça a cabeça
e isso acende um alerta dentro de mim.
— Na verdade, acabei de chegar da cidade — Ok, é isso então — Ela me
pediu que a levasse em casa, disse que o senhor a buscaria depois. —
Relaxei rápido demais. — A doutora parecia bem triste, mesmo disfarçando
percebi que tinha chorado.
— Porra, o que será que aconteceu? — Alguém fez alguma coisa com ela?
— Pergunto já me levantando.
— Não, patrão, ela estava lá com Zeus, conversando, chorando eu acho, e
depois pediu que a levassem em casa.
— Vou atrás dela.
— Calma filho, liga primeiro no celular da Vivian. — Faço que ele pede,
mas ela não atende, chama até ir para a caixa postal. — Não atende, vou
pegar a chave da caminhonete. — Vou para meu quarto e assim que entro
vejo que suas coisas estão aqui, inclusive o celular.
O que está acontecendo?
— Eu vou te soltar e você vai ficar caladinha, vai subir naquela cama
e abrir as pernas para mim. Vai retribuir tudo que fiz por você esses anos
todos. Estamos entendidos? — Meneio a cabeça em confirmação. Mas nem
morta que farei isso. — Prefiro que seja prazeroso para nós dois, princesa,
mas se tentar dificultar as coisas, não me importo de ser somente eu a
curtir nossa noite.
Libera minha mão e destampa minha boca. Tomo uma inspiração antes
de pensar. Olho para a porta e seu olhar acompanha o meu. — Escolha
errada, querida — Quando tenta se aproximar de novo, desvio dele e tento
subir na cama para ir para o lado da janela e tentar gritar por ajuda. Meu
pé é puxando e meu corpo virado na cama. Grito por minha mãe, peço
socorro, mas nem um som é ouvido do quarto para fora. — Ela não virá,
Vivian, ninguém vai me impedir de ter o que quero, nunca.
Uma de suas mãos sobe pela minha coxa, enquanto a outra tampa
minha boca. Olho para todos os lados buscando uma solução. — Tão
novinha, essa carne macia e cheirosa. — Vejo o globo, o peso de papel que
era do meu pai, estico meu braço o máximo que posso, e quando consigo,
uso toda minha força para acertá-lo.
No mesmo instante, seu corpo perde a força e cai sobre mim, me
prendendo.
Bruno Avelar
“Cuide bem do seu amor”
Expliquei que precisava contar para o meu pai e para os meninos o que
havia acontecido, precisamos saber exatamente quais os passos tomar de
agora em diante, que enfrentaremos tudo ao seu lado, como a família dela.
A fiz entender que era somente uma vítima nessa situação toda, que
moveria mundos e fundos para mantê-la segura.
Chamei todos para uma reunião de emergência. Angelo demorou um
pouco para chegar, mas assim que estávamos todos reunidos, fiz uma
chamada de vídeo para Fernando. Mesmo tendo sua vida exposta, Vivian
entendeu que não cabiam mais segredos. Que todos estando ciente de tudo
que ela passou não seríamos pegos com as calças nas mãos. Precisava me
assegurar, que caso eu não estivesse por perto, todos estariam a postos para
cuidar dela.
— Como posso me manter calmo pai? Sabendo que a mãe dela, mãe
não, aquilo não é mãe, está por aí livre vivendo sua vida, enquanto Vivian
vem passando por todas essas merdas durante anos. — Sento-me e encaro a
todos. — Preciso saber tudo que aconteceu depois que ela fugiu, onde o
infeliz foi enterrado .O que a ordinária da Teresa tem feito nos últimos anos,
tudo.
— Tenho alguém que pode nos ajudar. — É Fernando quem diz. — Um
colega sempre comenta que conhece um detetive excelente, o homem era
policial civil, agora trabalha por conta própria. De acordo com o Raul, ele
desenterra os pobres até dos seus antepassados.
— Faça o que precisa ser feito, Fernando.
— Enquanto conversávamos, fiz uma busca rápida Bruno — meu
amigo diz. — Não achei nenhum processo em nome de Vivian Ramos
Montenegro. O que nos leva à pergunta: será que a mãe dela não deu parte
do crime? E o que fez com o corpo do marido?
— Eu sempre soube que Vivian carregava uma dor muito grande, mas
isso? — Angelo, indaga. — Não consigo nem mensurar o tanto que essa
menina deve ter sofrido, por todos esses anos, desamparada, sozinha, se eu
ao menos desconfiasse.
— Você fez seu melhor, compadre. — meu pai aperta o ombro do
amigo — Se não tivesse aberto as portas para ela, talvez hoje ela não estaria
em nossas vidas.
—Verdade padrinho. Vivian tem um carinho muito grande pelo senhor,
e sempre serei grato por tudo que fez por ela.
—Não fiz — diz balançando a cabeça — ela é quem fez. Com seu
jeito, foi devolvendo a alegria que havia perdido. Quando a vi sentada na
porta da clínica, foi como se Deus estivesse me dando uma nova chance.
Ela era da idade da minha Ana e tão sozinha no mundo.
— Como vamos contar isso para minha mãe e para Poliana? — José
Armando questiona — elas precisam saber para poderem ajudar Vivian.
— Ela irá contar — aperto a ponte do nariz, uma dor de cabeça
ameaçando surgir — Foi a única coisa que pediu que não fizesse por ela. Se
me derem licença, vou ver como ela está.
Vivian Montenegro
Olho paro o homem no palco e mal posso acreditar que depois de tudo,
ele escolheu permanecer. Bruno está lindo num terno de três peças total
black Armani. O homem consegue ficar ainda mais charmoso dentro de
uma roupa social. Enquanto caminhava para o palco, recebeu vários olhares
desejosos, não somente das mulheres, mas também de alguns homens.
Assim que recebe a placa em homenagem ao Grupo Avelar, faz um
discurso lindo sobre comprometimento com a sociedade, valores e políticas
voltadas para os menos favorecidos. Me deixando ainda mais apaixonada.
Observo seus passos em direção, e a forma como seu olhar se ilumina ao
me ver, faz tudo ao redor ficar em segundo plano.
— Como me saí? — diz se aproximando da nossa mesa — Não me
senti confortável lá em cima. — diz se referindo ao palco.
— Foi perfeito, amor. — dou um selinho nele , assim que se senta.
— Falei com você que valia a pena as aulas de teatro — Fernando é
quem fala — Povo acha bobagem, mas realmente faz diferença para quem
tem dificuldade em se expressar diante de grandes multidões.
— Não é por conta da multidão, mas sei lá — diz inquieto — Tem um
tempo que estou com uma sensação ruim, como se estivesse sendo
observado.
— Mas você está Bruno. — Fernando ri, até seu pai cai na risada —
Olha a quantidade de gente. A Vivian que me perdoe, mas o que tem de
mulher comendo te com o olho e querendo se jogar em cima de você.
— Se fosse só as mulheres — brinco para distraí-lo, mas sei que
realmente está incomodado — Quem mandou ser lindo assim?
Bruno Avelar
“Frágeis testemunhas de um crime sem perdão”
— Vocês não acham que a Vivian está demorando demais?— pergunto
para meu pai e Fernando, que são nossas companhias essa noite.
—Realmente tem um tempinho que ela. — meu pai concorda.
—Vamos atrás dela — Fernando, já está de pé —Bom que aproveito e
uso o banheiro também.
Depois de ir no banheiro mais próximo de onde fica nossa mesa, uma
garçonete nos informa que tem outro mais distante, na ala sul do salão,
então seguimos para lá . Peço a duas mulheres que estão entrando para
olharem se ela está lá dentro, mas ao sair elas informam que não tem mais
ninguém dentro do toalete.
Não ela ligaria para mim se pudesse, me agarro a isso. Ela não saiu
daqui por vontade própria. Mas com quem?
— Alguma novidade, filho — meu pais pergunta ao retornar.
— Nada, não conseguimos falar com o Bernardo e esse dois não
resolvem nada. — digo puto — O que aconteceu na fazenda — Observo
seu cenho franzir, ele passar a mão pela barba — Pai o que aconteceu?
— Zeus fugiu.
— Como assim?
Olho para o celular na sua mão e pego — É isso, porra é isso Fernando
— pego o iphone de sua mão, sem demora e verifico a localização do
celular de Vivian, e para minha surpresa ela está no hotel — Ela ainda aqui,
em algum lugar desse hotel, rastreador do celular mostra que ela está aqui.
— Como pode ter certeza? — meu pai se aproxima de mim— O
celular pode ter caído...
— Não tenho. Mas não foi ficar parado aqui, vou bater porta em porta
se for preciso.
— O senhor não pode...
— Eu confio, pai.
Volto para o quarto e encontro Vivian acorda conversando com Poliana.
Nossa olhar se perder um no outro, tantas coisas sendo ditas mesmo no
silêncio. Me aproximo, sento na beirada da cama.
— Como está se sentido amor?
—Melhor, a cabeça parou de doer. — Seguro a mão que está sendo o
intravenoso e levo aos lábios. — E você, está bem?
— Agora estou. Eu só preciso que esteja bem para que eu fique
também.
Capítulo 26
Vivian Montenegro
“Vem pra minha vida, vem”
Três meses depois
As coisas estão indo bem. Tenho feito terapia desde o evento do baile,
mas não foi somente por conta dos acontecimentos daquela noite que decidi
que era hora de fazer um acompanhamento com um profissional. Minha
vida tinha sido marcada desde nova. Eu precisava trabalhar meus medos,
minhas inseguranças e principalmente entender que os erros da minha
genitora não eram meus.
Foi difícil reviver tudo mais uma vez quando precisei prestar
depoimento. Claramente esses acontecimentos são uma cicatriz que levarei
para sempre, mas eles não me definem, nunca definiram e não será agora.
Teresa tentou contato comigo, por meio dos seus advogados. Se você me
perguntar o que ela queria, não sei dizer. Bruno me perguntou se eu tinha
algum interesse em ouvir o que ela tinha para dizer, e depois de ouvir que a
única coisa que me importava saber sobre ela, eram quantos anos de cadeia
ela pegaria por tudo que fez comigo quando eu ainda era uma criança,
Bruno me blindou de qualquer notícia.
Até agora.
— Amor, prometi que só falaria com você sobre Teresa, quando fosse
para falar sobre o fechamento do processo. —digo que sim e ele continua
— Mas diante das coisas que descobri não tem como não termos essa
conversa por que diz respeito a você.
Meu namorado coloca e cadeira de frente para mim e segura minhas
mãos, traçando os dedos em círculos por minhas palmas — Primeiro, quero
que entenda que se eu pudesse te privaria, mas não conseguiria te esconder
isso. — toco seu rosto, num carinho cúmplice.
— Eu sei amor, seja o que for, não pode ser pior do que tudo que já
passei— a dor em seus olhos, me diz que estou enganada.
—No dia que você contou com detalhes o que tinha acontecido no seu
aniversário de dezoito anos, uma coisa ficou martelando em minha cabeça e
pedi ao detetive que procurasse nos lugares mais remotos qualquer coisas
que pudesse nos ajudar a aumentar a pena da Teresa e do Sebastião, e nós
conseguimos.
— Não entendo, Bruno.
— Teresa disse que estava transando com Sebastião há quinze anos,
isso no seu aniversário de dezoito, amor. Ela estava traindo seu pai. Com
base nisso o detetive começou a cavar a vida dos dois e infelizmente acabou
encontrando provas contundentes que Teresa e Sebastião não só sabotaram
o carro do seu pai, como também falsificaram o testamento dele para Teresa
herdar uma pequena fortuna que era sua meu amor.
Bruno Avelar
Dois meses depois
Pouco mais de sete meses atrás, quando retornava para casa depois de
nove anos morando nos EUA, não esperava viver tantas coisas em tão
pouco tempo. Eu sempre acreditei que nascemos predestinados a alguém, a
amar alguém tão profundamente, que seríamos capazes de fazer tudo por
essa pessoa. Existem várias lendas sobre esse tipo de ligação que vai além
do entendimento lógico.
Na cultura chinesa o Akai Ito ou fio vermelho, diz que no momento do
nosso nascimento, os deuses amarram uma corda vermelha invisível no
tornozelo daqueles que estão destinados a se encontrar, aqui no Brasil,
chamamos popularmente de alma gêmea.
Vivian é a pessoa no fim do meu Akai ito, ela é minha alma, e como
diz Zé Neto e Cristiano, eu sabia que em outras vidas eu já a queria, e vou
querer por quantas mais eu viver. Não existe nada que não faça para vê-la
feliz. Prova disso é eu estar aqui agora conversando com Zeus, o cavalo que
parece odiar o mundo e amar somente a minha noiva. Sim noiva, há um
mês a pedi em casamento e para minha alegria, fui contemplado com um
sonoro sim, é tudo que mais quero.
No dia que Sebastião sequestrou Vivan, Zeus fugiu, de alguma forma
esse cavalo a quilômetros de distância sabia que sua dona e amiga estava
correndo perigo. E acreditem se quiser, ele foi encontrado na estrada a
caminho de São Paulo. Não me pergunte como, porque eu já desisti de
entender a ligação desses dois. Talvez exista algum tipo de fio vermelho
que ligue nós humanos a nossa alma gêmea animal.
Estamos os dois aqui observando a mulher da nossas vidas, brincar
com Bruninha e Thor. Ah, só para esclarecer o golden retriever realmente
tem problemas comportamentais. Já perdi as contas de quantos sapatos ele
já destruiu e quantos mesas precisaram ser substituídas. Mas nada disso
importa, por ver a alegria que traz para Vivian compensa tudo. Eu seria
capaz de comprar uma fábrica de sapatos e pés de mesa para ele destruir, se
isso significar mais alegria para minha mulher.
— Não adianta ficar com ciúmes Zeus, precisamos aprender a dividir
atenção dela com ele. — o cavalo relincha como se entendesse o que digo,
mas que não concorda. — Entendo você, juro que entendo, mas precisa
melhorar seu gênio e aprender a controlar esse seu amor selvagem. Não te
faz bem.— Recebo uma cabeçada leve — Ok, ok, eu também preciso
aprender a me controlar.
—Ei vocês dois, venham para cá e parem de fofocar — Vivan chama
do meio do pasto onde brincam de bola. Me aproximo dela enquanto Zeus
vai em direção a égua que meu pai comprou para ser a companheira dele.
Aos poucos ela está derrubando as barreiras desse turrão, o que me deixa
muito feliz. Se ele arrumar mesmo uma namorada, vai parar de querer
monopolizar a minha.
— Que tanto vocês dois conversavam?
— Papo de macho, sabe como é — dou ombro — Não posso contar.
— Ah é não pode? — faço que não me aproximando e ela vai andando
para trás — Então também não posso te contar uma coisa que descobri hoje.
Se pode ter segredos eu também posso.
— Nada disso, me conta o que você descobriu — ela balança o corpo e
a cabeça de um lado para o outro.
— Na verdade eu já contei, você que é fofoqueiro de primeiro e estava
tão distraído que não viu.
— Não entendo, amor .
— Seu celular, dá uma olhada nele. — imediatamente pego o aparelho
e desbloqueio a tela, vejo a notificação de mensagem recebida e quando
abro o anexo, vejo uma foto dela que acabou de ser tirada, provavelmente
por Bruna. Mas não é isso que chama minha atenção e sim as mãos de
Vivian posicionadas em formato de coração na frente da barriga.
— Isso... você...— a voz não sai e ela começa rir — Isso significa o
que acho que significa.
— Significa muito amor. — ela se aproxima, por que eu ainda estou
estático, absorvendo a melhor notícia da minha vida — quase oito semanas.
A pego no colo, ela cruza as pernas em meu quadril e giro nos corpos
enquanto grito.
— Eu vou ser pai. — beijo seus lábios e volto a gritar —EU. VOU .
SER .PAIIIIIIII.
Epílogo
Vivian Montenegro
“Que você me adora, que me acha foda”
Descemos do carro e percebo rapidamente que estamos em algum lugar
muito movimentado. Mesmo com um fone de ouvido e a playlist tocando,
escuto sons que parecem ser de muitas vozes misturadas. Bruno segura
minha mão de uma lado, e passa e que está livre por mim cintura. Ele me
direciona por um caminho e de repente estamos subindo uma escada.
Não faço ideia de onde estamos indo. Bruno está cheio de frescura
comigo desde o dia que contei da gravidez, e apesar da nem barriga
aparecer direito, apenas um montinho quase imperceptível ele age como se
eu já estivesse quase parindo. Uma parte da nossa viagem foi feita de
helicóptero, confesso que a venda foi boa nessa hora, eu quase não tive
enjoo durante o voo. Assim que chegamos ao que penso ser nosso destino
final. Bruno para em minhas costas, tira os fones de ouvido e diz.
—Pode tirar a venda amor — demora para que eu realmente consiga
enxergar um palmo à minha frente logo que tiro a venda, depois do tempo
que fiquei usando-a. Mas assim que meus olhos se acostumam com
claridade, descubro para onde ele me trouxe.
— Não acredito que estou num show dela. Durante anos essa mulher e
cada música dela, foram minhas únicas companhias — revivo cada dia,
cada emoção em questão de segundos quando realmente me dou conta de
onde estou — Nem nos meus melhores sonhos, imaginei que você fosse me
trazer num show da Pitty.
— ... não sei mais o que eu tenho que fazer para você admitir. Que
você me adora, que me acha foda, não espere eu ir embora para perceber. —
Me entrego a canção e deixo que novas memórias sejam criadas. Nunca
mais Pitty será sobre mim e minha solidão. Hoje Bruno me deu a chance de
levar para vida a alegria de compartilhar esse momento mágico com as
pessoas que mais amo.
Agradecimentos
Instagram
@autora.annemedeiros
Grupo WhatsApp
PutiANNES
[1]
|Música da dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó
[2]
Nada Normal – música da dupla Victor e Léo