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Uma biografia
Kitty
Kelley
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Kitty Kelley
Março de 2010
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O
-30ºC.
prah Winfrey chegou a Chicago, vinda de Baltimore, em dezembro de 1983,
quando uma onda de frio mergulhava a cidade em temperaturas de até
Ela havia se mudado de cidade para apresentar um talk show local, no horário
diurno, e, em 2 de janeiro de 1984, mostrou seus 105kg para a cidade em um
desfile pelas ruas organizado pela emissora WLS. Exibia um de seus cinco casacos
de pele, cabelos encaracolados ao estilo afro e brincos enormes. Ao acenar para as
pessoas reunidas na State Street, ela gritava: “Oi, sou Oprah Winfrey. Sou a nova
apresentadora do A.M. Chicago... A Miss Negra no ar.”
Sozinha, ela fez um carnaval, dando gritinhos e exclamando “Aleluia!”. “Achei
que a WLS tinha enlouquecido quando soube que contrataram uma afro-america-
na para apresentar, na cidade de maior divisão racial do país, um programa matinal
voltado para um público de donas de casa brancas, moradoras do subúrbio”, ob-
servou Bill Zwecker, do jornal Chicago Sun-Times. “Felizmente, eu estava errado.”
Chicago estava prestes a experimentar um arrastão. Durante a primeira sema-
na de Oprah, seu programa matinal superou a audiência do Phil Donahue Show,
transmitido para todo o país, e, em um ano, Donahue, o mestre dos talk shows,
fazia as malas rumo a Nova York. Oprah continuou a bater recordes de audiência
e, depois de obrigá-lo a mudar de cidade, ela o fez mudar de horário para fugir
da concorrência. Nesse momento, Oprah já estava a ponto de ter seu programa
transmitido em rede nacional também, recebendo um bônus de 1 milhão de dó-
lares com a venda do Oprah Winfrey Show para 138 praças. Naquele primeiro
ano, ela causou tamanha sensação que apareceu no Tonight Show, ganhou dois
prêmios Emmy regionais e se preparou para fazer sua estreia no cinema em A cor
púrpura. Sua “descoberta” para o papel de Sofia fez com que ganhasse muitos fãs,
encantados pela história de Cinderela, e mais tarde lhe renderia indicações ao
Globo de Ouro e ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.
Quincy Jones, que se encontrava em Chicago a negócios, vira Oprah na televi-
são certo dia e telefonara para Steven Spielberg para lhe dizer que havia encon-
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“Para alguém com o talento natural de Winfrey, foi uma prova cabal de que ela
ainda precisa amadurecer”, escreveu Bednarski, antes de acrescentar que o pro-
grama sobre pornografia havia obtido 30% da audiência em Chicago no horário
das 9h, índice bem mais elevado do que o habitual. “Também caiu na boca do
povo da cidade e conquistou uma coluna bem aqui neste jornal.” A manchete era:
“Quando não há limites: Oprah Winfrey lucra com a atração exercida por estrelas
de filmes pornô.”
Oprah compreendia o axioma da televisão: quem consegue bons índices de
audiência dá as cartas. “Minha missão é vencer”, disse aos jornalistas. Durante
as semanas cruciais de aferição dos índices de audiência pela Nielsen,* ela insis-
tia em programas “matadores”. A produtora Debra DiMaio conduzia a caçada
por grandes ideias, com contribuições de Oprah: “Adoraria conseguir um padre
que falasse sobre sexo”, comentava ela. “Queria um que dissesse: ‘Sim, tenho uma
amante. Eu a amo e ela se chama Carolyn.’”
Na disputa pela audiência durante o Mês da História Negra, Oprah apresentou
integrantes da Ku Klux Klan vestidos com túnicas e capuzes brancos. Também fez
um programa com moradores de uma colônia nudista, que apareceram despidos
* A Nielsen, empresa que afere a audiência televisiva nos Estados Unidos, faz dois tipos de pesquisa. Um
é diário e eletrônico. O mais significativo, os chamados sweeps ou varreduras, são questionários preen-
chidos nas casas durante uma semana, reunindo informações mais detalhadas. (N. da T.)
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