Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A última coisa que Vaughan Hewson espera encontrar quando volta para
sua casa de infância é uma noiva de coração partido em seu chuveiro, muito menos
o drama e o caos que vêm com ela.
Lydia Green não sabe se deve gritar ou chorar em um canto. Descobrir que
o amor da sua vida tem um caso no dia do seu casamento é ruim o suficiente.
Descobrir que é com seu padrinho é outra coisa.
Apenas quando esta noiva fugitiva não tem outro lugar para ir, um estranho
bonito oferece a ela um ombro largo e musculoso para chorar. Vaughan é
exatamente o oposto dos perfeitos e respeitados empresários que ela normalmente
é atraída. Esse ex-músico que virou barman é rude e está enfrentando suas
próprias encruzilhadas. Mas Lydia já tentou o Sr. Certo e descobriu que ele está
errado - talvez seja a hora de dar uma chance ao Sr. Agora.
Afinal, o que há de errado em se sujar?
Dirty é o primeiro livro da série Dive Bar da autora best-seller Kylie Scott.
Capítulo Um
Porra.
Eu olhei para o meu celular, a boca aberta em horror. Cara, eles estavam
realmente fazendo isso. Línguas brigando, dentes se chocando. Não havia
hesitação, nenhuma contenção, pois eles uniram seus corpos. O ângulo e a
iluminação eram uma porcaria, mas ainda suficientes para pegar toda a ação
nojenta, Deus me ajude.
Isso não poderia estar acontecendo. O que diabos eu ia fazer?
De fora do corredor vieram vozes, risadas, todos os sons usuais de
felicidade, que você espera no seu grande dia. A obscenidade na tela pequena, nem
tanto. Eu não queria ver, mas não consegui desviar o olhar. Quem quer que tenha
enviado isso para mim tinha bloqueado o seu número. A pessoa poderia ter apenas
um objetivo em mente, no entanto.
Merda.
Deus, a forma que eles se tocavam, tão obviamente familiar com o corpo um
do outro, me matou. Meu estômago revirou, a bílis queimava a parte de trás da
minha garganta. Era o suficiente. Eu engoli em seco e joguei o celular na nova
cama super-size. O vídeo ainda rolando, foi descartado entre as pétalas de rosas
vermelhas espalhadas como uma piada doentia. Deveria ter atirado na parede,
pisado, ou algo assim.
Chris disse que eles iam sair. Apenas ele e seu padrinho de casamento,
Paul, tomando uns drinques e conversando sobre os velhos tempos. Claro que não
houve nenhuma menção a isso, porque eu teria me lembrado não importando o
quão ocupada com os detalhes do casamento eu tinha estado.
Meus olhos coçaram, um músculo tremia na minha bochecha. Isso estava
acontecendo pelas minhas costas o tempo todo, nesse caso, que tipo de idiota eu
era? Passei meus braços em volta de mim, segurando firme, fazendo o meu melhor
para manter minha sanidade.
Não estava funcionando. Nem um pouco.
O pior era que, agora que eu pensava sobre isso, houve sinais. A libido de
Chris nunca foi o que você chamaria de furiosa. Entre todos os encontros de jantar
e passeios que compunham nosso romance, houve muitas mãos dadas e beijos,
com certeza. Mas pouca ou nenhuma relação sexual. Sempre houve desculpas.
Sua família era religiosa, deveríamos seguir a tradição e esperar pela noite de
núpcias, seria tão especial quando finalmente fizéssemos isso, blábláblábláblá.
Tudo fazia sentido na época. Simplesmente o fato dele não estar atrás de uma
buceta nunca passou pela minha cabeça. O homem tinha sido muito perfeito em
todos os outros aspectos.
Só que ele não era. Porque, de acordo com aquele vídeo, o garoto de ouro de
Coeur d'Alene provavelmente estava me usando como um disfarce e planejava
continuar fazendo isso para o resto de nossas vidas.
No fundo, uma parte de mim quebrou. Meu coração, minhas esperanças e
sonhos, eu não sei o que. Mas tudo magoava. Nunca em nenhum dos meus vinte
e cinco anos tive qualquer experiência semelhante. O sofrimento era excruciante.
As vozes no corredor se aproximaram quando os gemidos e arquejos no meu
celular ficaram mais altos. O Chris no vídeo claramente estava transando e
empunhando todo o seu pau no seu padrinho de casamento. Bastardos. Imagina,
que eu finalmente pensei que tinha encontrado um lar. Quão idiota eu era?
De jeito nenhum eu poderia ir lá fora, encarar todas aquelas pessoas e dizer
a elas como fui tola. Como fui completamente enganada. Ou pelo menos, ainda
não. Minha mente precisava de uma chance de se envolver em torno da enormidade
do que Chris tinha feito, de quão completamente ele me ferrou.
Boom Boom Boom! Punhos bateram do outro lado da porta do quarto. Eu
pulei, com os olhos dolorosamente abertos.
— Lydia, está na hora. — Anunciou o pai de Chris.
E sim ... de jeito nenhum. Eu iria fugir dali.
Pânico cego me tomou e eu corri. Não é fácil fazer isso descontroladamente
fora de forma e em pleno traje de casamento, mas eu consegui. Inferno, eu voei. É
incrível o que o terror pode fazer.
Pra fora das portas francesas e para o pátio. Do outro lado da extensão de
grama verde bem cuidada, meus saltos stiletto afundavam no chão macio a cada
passo apressado. O zumbido de música suave e conversa encheu o ar. Todos os
convidados estavam reunidos em frente esperando o buffet, seguido de coquetéis e
canapés. Então, através do jardim dos fundos, me arrastei, passando por arbustos
e achatando canteiros de flores. Espinhos de uma roseira agarraram em minhas
meias, picando, arranhando minhas pernas. Deixa pra lá. Não há tempo a perder.
Escondida atrás de uma árvore, havia uma caixa de adubo, colocada perfeitamente
ao lado da cerca de dois metros e meio de altura que separava essa propriedade da
outra.
Sim. Impressionante. Essa era minha fuga.
Deixe Chris explicar a todos por que sua noiva fugiu. Ou melhor ainda,
deixe Paul, o bastardo viscoso, de duas caras e ladrão de homens.
Graças a Deus eu não tinha escolhido o vestido até o chão que sua mãe
tentou me empurrar. O comprimento até o tornozelo seria complicado o suficiente
com todas as camadas de tule. Eu os levantei, subindo na caixa sem muita
dificuldade. Ela balançou como uma cadela quando eu me levantei. Um ruído
assustadoramente agudo me escapou. Agarrei a cerca de madeira áspera,
pendurada tão firme que meus dedos ficaram brancos.
Normalmente, eu não era muito de oração. Certamente, no entanto, o
Grande Cara não me deixaria cair e quebrar minha bunda. Hoje não. Se ele
realmente sentisse a necessidade de me ferir mais, poderia esperar. Hoje eu sofri o
suficiente.
Respirações profundas, ficando de pé e firme. Eu poderia fazer isso. No
quintal atrás da mini mansão exagerada de Chris havia uma pequena casa
silenciosa.
Perfeito.
Com a manicure francesa já arranhada na merda, levantei, mexendo-me e
contorcendo-me até os meus quadris estarem suficientemente altos para que eu
conseguisse passar uma perna. A pressão que essa posição colocou na minha
virilha não era bonita. Eu juro que podia ouvir meus lábios gritando, sem falar do
resto das minhas partes de menina. E eu na esperança de ainda ser mãe um dia,
precisava me mover ... pronto. Estacas de madeira cavaram penosamente na minha
barriga quando me deitei, equilibrando meu torso em cima da cerca. Gotas de suor
escorriam pelos lados do meu rosto, provavelmente esculpindo estrias na
maquiagem de uma polegada de espessura (maquiador recomendado pela mãe de
Chris).
— Tia Lydia? — Perguntou uma pequena voz alta. — O que você está
fazendo?
Eu gritei de surpresa. Por sorte, não havia ar suficiente em meus pulmões
para um grito real. Lá embaixo estava uma garotinha, com seus grandes olhos
castanhos inquisitivos.
— Maria. Oi. — Eu sorri brilhantemente. — Você me surpreendeu.
— Por que você está subindo a cerca? — Ela balançou a saia do seu vestido
de cetim branco de daminha de um lado para o outro.
— Ah bem…
— Você está jogando um jogo?
Um ...
— Posso jogar também?
— Sim! — Eu dei-lhe um sorriso nervoso. — Sim, estou jogando um jogo
de esconde-esconde com seu tio Chris.
Seu rosto se iluminou.
— Mas não. Não, você não pode jogar. Desculpa.
Seu rosto caiu. — Por que não?
Este era o problema com crianças pequenas, tantas perguntas.
— Porque é uma surpresa, — eu disse. — Uma grande surpresa.
— O tio Chris não sabe que você está jogando?
— Não, ele não sabe. Então você tem que prometer não contar a ninguém
que você me viu aqui. OK?
— Mas como ele vai saber que tem que encontrar você?
— Bom ponto. Mas seu tio Chris é um cara inteligente. Ele descobrirá em
algum momento. — Especialmente desde que eu deixei meu telefone com aquele
maldito pornô ainda passando. É muito difícil me sentir mal por largar ele lá, dada
a situação. — Então você não pode dizer a ninguém que você me viu, ok?
Por um longo momento, Mary ponderou seus sapatos de cetim já
arranhados. Sua mãe não ficaria impressionada. — Eu não gosto quando meu
irmão fala de meus esconderijos.
— Não. É irritante, não é? — Senti minha perna escorregando e murmurei
um palavrão, que pensei estar sob minha respiração.
Os lábios rosados dela formaram um O perfeito. — Você não deveria usar
essa palavra! Mamãe disse que é feio.
— Você está certa, você está certa, — eu rapidamente concordei. — É uma
palavra feia e peço desculpas.
Ela soltou um pequeno suspiro de alívio. — Está tudo bem. Mamãe diz que
você não foi criada direito e nós temos que ser bem... tou ... tourant... — Suas
sobrancelhas pequenas se uniram em frustração.
— Tolerantes?
— Sim. — Ela sorriu. — Você realmente cresceu em um celeiro? Eu acho
que morar em um celeiro seria divertido.
Isto. Isto é o que acontece quando se deixa cadelas ricas influenciarem os
jovens. A irmã de Chris era uma excelente candidata para a remoção de pau-na-
bunda. Toda a sua maldita família era, nesse quesito.
— Não, querida, — eu disse. — Eu não cresci. Mas aposto que sua mãe se
sentiria em casa entre as vacas.
— Moo. — Ela riu alegremente.
— Exatamente. É melhor você voltar agora. E lembre-se, não conte a
ninguém que você me viu. — Eu dei a ela um aceno com os dedos, tentando me
contorcer em uma posição mais confortável sem cair no precipício. Como se isso
fosse possível.
— Prometo! Tchau!
— Tchau.
A garota saiu correndo pelo jardim, logo desaparecendo de vista. Agora era
hora de descer da cerca. Seja como for que eu me jogue, a dor certamente viria.
Fato. Eu me estiquei e me esforcei, com meus músculos da coxa e panturrilha
gritando em protesto. Se tivesse ido com Chris para a academia todas as vezes que
ele sugeriu. Tarde demais agora. Lentamente, o joelho primeiro, uma perna, depois
a outra subiu e desceu. Lascas agarraram meu vestido, fios foram puxados
rasgando a seda. Eu deslizei pelo lado oposto da cerca, balançando no ar por um
momento excruciante enquanto a madeira áspera rasgava minhas mãos em
pedaços e meus músculos se esticavam além da resistência. Então a gravidade
entrou em ação.
Eu bati no chão com força. Isso machuca.
Tanto por ser Plus size. Meu preenchimento extra não tinha amortecido
nada. Eu rolei de costas e deitei na grama alta, chiando como um fumante de um
maço inteiro por dia. A dor encheu meu mundo. Talvez eu simplesmente morra
aqui. Era um lugar tão bom quanto qualquer outro.
— Lydia, você está aqui fora? — Chamou uma voz. Betsy, a recepcionista
da imobiliária. — Liddy?
Eu odiava ser chamada assim. Odiava isso. E ela sabia, a cadela.
Eu mantive meu silêncio, deitada ali, suando e respirando pesadamente (o
mais silenciosamente possível). De jeito nenhum ela poderia me ver sem ela subir
a cerca. E a chance disso era pequena. Geralmente, Betsy não era mais atlética do
que eu. Eu estava segura por agora. Acima de mim, uma nuvem branca passou,
marcando o perfeito céu azul por um momento. Um clima maravilhoso para um
casamento em junho. Sério, você não poderia ter pedido um melhor.
A voz de Betsy recuou. Hora de se mexer.
Bem lentamente, eu me levantei, cada músculo doendo. À distância, meu
nome estava sendo chamado repetidas vezes por uma infinidade de vozes. Eles
estavam começando a ficar em pânico. Enquanto isso, aqui estava eu. Sem
dinheiro, sem cartões, sem telefone, sem nada. Verdade seja dita, meu plano de
fuga era um pouco falho. Pelo menos consegui passar por cima da cerca.
O quintal do vizinho era uma selva completamente coberta. Sorte, caso
contrário eu poderia ter realmente quebrado alguma coisa quando caí. Um lindo
bangalô cinzento ficava sob um círculo de grandes pinheiros. Tinha muito charme.
Lugares como esse eram o motivo de eu ter entrado no mercado imobiliário. Ter a
oportunidade de ajudar as pessoas a encontrarem um lar maravilhoso para o resto
de suas vidas. Um lugar onde eles poderiam criar seus filhos e conhecer seus
vizinhos, fazer festas e churrascos. Ao contrário de arrastar seus filhos por todo o
país em busca da próxima grande oportunidade, morando em um reles
apartamento de paredes finas atrás do outro.
Infelizmente, em vez de vender casas, acabei empurrando condomínios sem
alma e convencendo as pessoas sobre propriedades que eles não podiam pensar
em comprar. Eu fui além de ingênua. Impiedosa nem começava a descrever a
indústria.
Mas voltando à minha situação atual.
Sanders Beach era uma área bem tranquila e em breve eles estariam à
minha procura. Na rua, eu seria encontrada em pouco tempo. Isso não aconteceria.
Eu precisava recuperar o fôlego e me concentrar. Espere até que o vídeo mostre
Chris como o canalha mentiroso e traidor que ele era e, então ... bem, eu com sorte
teria algum tipo de plano calculado até lá.
Então, o que mais gostei sobre esse lindo bangalô em particular era a ampla
janela dos fundos aberta.
Eu puxei as ruínas da minha saia e arranquei o salto do sapato que restava,
antes de fazer o meu caminho através da grama alta. Não havia sinais imediatos
de vida dentro da casa. Talvez eles tivessem saído e esquecido de fechá-la. A janela
dava para um pequeno banheiro, tudo dentro antiquado e empoeirado. Ainda
nenhum movimento dentro.
Invadir essa casa ou ser descoberta pelos convidados? Não é uma escolha
difícil de fazer. Me chame de Cachinhos Dourados. Eu estava entrando. Se eu for
comida por um urso, então que seja. Pelo menos eu seria uma refeição de tamanho
decente.
A janela não era alta. Desta vez eu subi sem nenhum problema. Agarrei a
borda da banheira para me equilibrar enquanto a outra mão alcançava o chão.
Tudo estava indo muito bem, até chegar a hora de passar meus quadris. A moldura
de madeira mordeu minhas laterais, fazendo-me parar. Eu estava travada.
— Merda. — Eu disse, mantendo a voz baixa só por precaução.
Eu me contorcia e torcia, grunhindo do esforço, os pés batendo ao ar livre.
Graças a Deus ninguém estava por perto para ver. Então me ajude, querido Jesus,
eu poderia fazer isso, eu poderia. Afinal, o que era perder um pouco mais de saia
ou de pele nesse estágio? Nada, isso é o que era. Agarrei a borda da banheira e dei
um último suspiro todo-poderoso. Material rasgou e deu lugar a minha
circunferência. Eu mergulhei em direção ao chão. Meu rosto bateu na queda e meu
corpo o seguiu, desabando. Dada a quantidade de ruído envolvido, foi
surpreendente que os vizinhos não viessem correndo com a polícia.
— Oh deus. — Choraminguei, lutando para respirar.
Níveis de dor e humilhação tinham oficialmente passado pelo ruim e ido
direto para o horrível. Que porcaria de situação.
Cuidadosamente, eu respirei lenta e profundamente pelo nariz e expirei pela
boca. Ok, funcionou. Nenhuma costela quebrada, eu acho. Nariz ainda intacto. Eu
corri minha língua pelo interior da minha boca, verificando se havia dentes soltos.
Tudo bem. Da mesma forma que, parecia que eu tinha estado em uma briga de bar
com uma multidão enfurecida. Minha bochecha direita latejava como uma cadela
e por um longo tempo eu fiquei lá, atordoada. Nem me atrevendo a me mover, nem
sendo capaz. O velho bangalô permaneceu quieto. Eu estava sozinha, graças a
Deus. Sozinha era melhor, eu tinha isso agora.
Só para o caso de alguém aparecer, arrastei-me para a banheira e fechei a
cortina do chuveiro. Então cuidadosamente, arrumei os restos das minhas saias
de seda e tule em volta de mim.
Era hora de encarar os fatos. Para enfrentá-los e deixá-los me assentar.
Meu homem não era meu homem, nem meu melhor amigo. Não haveria lar feliz. E
meu casamento dos sonhos? Jogado de lado no lixo e mais um pouco.
Não importa, eu encontrei um lugar seguro para me esconder e esperar o
dia todo. Deixe Chris lidar com a bagunça que ele fez. Eu precisava me recompor.
Lágrimas quentes começaram a fluir pelo meu rosto. Elas não pararam por
muito tempo.
Capítulo Dois
Passos pesados me despertaram do meu estupor. Não sei quanto tempo
exatamente estive sentada na banheira, olhando para o nada, refletindo sobre a
catástrofe em que minha vida se tornara. Não poderia ter sido muito tempo desde
que a luz do sol ainda iluminava o banheiro.
Os passos chegaram cada vez mais perto. E então eles entraram no
banheiro. Ah Merda. Eu congelei, nem mesmo ousando respirar. Houve um bocejo
alto, seguido por estalos de articulações. Então uma mão grande alcançou a cortina
do chuveiro fechada e ligou a torneira. Uma torrente de água gelada desceu. Era
como se um bilhão de facas estivessem esfaqueando minha pele. Todos os
arranhões e manchas começaram a arder, eram como uma merda. Eu cerrei meus
dentes, os ombros levantados em volta dos meus ouvidos como se isso
proporcionasse alguma proteção.
Sim, eu sentei lá, toda encolhida, ouvindo o homem mijar.
Impressionante. Simplesmente incrível.
Não era como se eu pudesse pular pra fora e interromper o homem no meio
da ação toda. E dizer o que? Eu sabia que esta não era uma boa situação para ser
pega.
1. Eu basicamente tinha invadido a casa desse cara.
2. E, em seguida, passei a me sentir em casa, tendo um colapso emocional
confuso em sua banheira.
Pessoas normais e racionais não faziam esse tipo de coisa. Eu nem tinha
antecedentes criminais, nunca tinha feito nada particularmente estranho ou
interessante até agora. Isso era tudo culpa de Chris, o bastardo. Eu teria que ter
pensamento positivo e esperar que esse cara tivesse senso de humor.
Assim que a água começou a esquentar, ele deu a descarga e a água gelada
me encharcou de novo. Eu estava prestes a abrir minha boca e anunciar minha
presença, mas com o susto da água gelada eu me calei. Agulhas de água fria gelada
caíram sobre minha pele. Eu congelei. Dentes cerrados, suprimi um grito de dor e
raiva.
Então a cortina do chuveiro voou pra trás.
— Merda! — O homem era muito alto, estava muito nu e muito surpreso.
Ele tropeçou para trás um passo, com uma mão agarrando a bancada atrás dele,
olhos furiosos e arregalados. — Que diabos?
Boa pergunta.
Abri minha boca, fechei. As habilidades de linguagem aparentemente me
abandonaram. Em total silêncio, o homem e eu nos encaramos.
Mesmo sem roupas, o cara era claramente o epítome do legal. Ele parecia
mais ou menos da minha idade, ou talvez um pouco mais velho. Ele tinha longos
cabelos loiro avermelhado, olhos azuis escuros em um rosto anguloso, um torso
magro, mas musculoso coberto de tatuagens e um pênis bem grande. Não que eu
quisesse dar uma olhada nele, mas é meio difícil ignorar um pênis e suas bolas
quando eles estão pendurados na frente do seu rosto. Inclinei a cabeça, tentando
obter alguma perspectiva. De todos os pontos de vista, no entanto, eram
igualmente chocantes. Havia um pau até onde os olhos podiam ver.
E eu deveria parar de cobiçá-lo. Certo.
— Oi. — Com uma calma que eu não sentia nem vagamente, estendi a mão
e desliguei a torneira. Muito melhor. Seu pênis monstro tinha momentaneamente
me desviado, mas eu estava de volta aos trilhos agora. Hora de me tirar dessa
bagunça. — Ei.
— Que porra você está fazendo na minha casa? — Ele perguntou
categoricamente.
— Certo. Bem ... — Eu cuidadosamente coloquei meu cabelo loiro molhado
até os ombros atrás das minhas orelhas. Como se isso ajudasse. Meu delineador
borrado e meus cílios falsos provavelmente estavam no meio das minhas
bochechas. — Eu, hum, eu ...
— Você o que?"
— Eu sou Lydia. — disse, a primeira coisa que me veio à mente.
Sem resposta. Seu rosto bonito, no entanto, assumiu uma expressão
nitidamente irritada. Até mesmo seu cabelo loiro avermelhado parecia de um tom
ardente. Tudo bem, então não estávamos trocando nomes e ficando confortáveis.
Justo. Você não acreditaria como estava sendo difícil, manter meus olhos em seu
rosto. A luta era real. Pode ter sido por não ter visto um em tanto tempo, mas seu
pau parecia quase hipnótico. A coisa tinha poderes mágicos, juro. Era tão grande
e móvel, balançando sutilmente toda vez que ele se movia. Meu olhar continuou
descendo apesar dos meus melhores esforços.
Finalmente ele me tirou da minha miséria, pegando uma toalha de um rack
próximo e envolvendo-a na cintura. Isso fez com que a ‘minissaia’ parecesse quente.
Não era apenas qualquer homem que poderia ter conseguido tal aparência.
Mas voltando às minhas explicações.
— Ah, em primeiro lugar, eu só gostaria de pedir desculpas por isso. — Eu
acenei a mão para ele e seu banheiro e, bem, tudo, na verdade. — Por qualquer
inconveniente que eu possa ter causado aqui em seu banheiro.
O cara ficou mais alto, pairando sobre mim com as mãos nos quadris. As
tatuagens cobriam seus braços até seus pulsos. Ainda assim, ele tinha um monte
de tendões à mostra. Definitivamente não era o tipo de homem com quem você
gostaria de mexer. O cara provavelmente poderia me partir ao meio em um
segundo. Aposto que ele era um modelo de tatuagem, ou um motociclista, ou um
pirata, ou algo assim. Algo muito quente e mais que um pouco assustador.
Merda. Eu realmente deveria ter escolhido outra casa.
— Eu normalmente não entro nas casas das pessoas e me escondo em suas
banheiras, — balbuciei, à beira da incoerência. — Então, sinto muito mesmo. A
sério. Sinto muito. Mas você tem uma linda casa.
— Isso é tudo?
— Não é isso, quero dizer, não é por isso que estou aqui. Eu só ... — Porra,
minha mente era um desastre. Eu respirei fundo, deixando o ar sair bem devagar,
antes de tentar novamente. — Eu amo a arte dos velhos bangalôs, sabe? Eles têm
essa alma.
Suas sobrancelhas se apertaram. — Você está chapada? Em que diabos
você está metida?
— Nada!
— Você não está tomando comprimidos ou cheirando alguma coisa?
— Não, eu juro.
— Nada de bebida?
— Eu não tomei nada. — disse, mas a suspeita e raiva ainda se alinhavam
em seu rosto. Emparelhado com a barba por fazer no queixo e as sombras sob os
olhos, o meu anfitrião contra vontade era um homem cansado e irritado. Eu não
podia culpá-lo.
— Então você está completamente sóbria. — disse ele.
— Completamente.
Uma pausa.
— Você está pensando que eu sou maluca agora, não é? — Perguntei,
apesar da resposta ficar clara como o dia em seu rosto bonito.
— Basicamente, sim.
Oh Deus. — Eu não sou. Estou bem.
— Você tem certeza disso? — Ele olhou pela longa linha do seu nariz para
mim, claramente não impressionado. — Vi muita coisa estranha nos meus anos.
Coisas como as que você não acreditaria. Mas eu tenho que te dizer, agora mesmo,
isso ... você está levando o primeiro prêmio.
— Ótimo. — E eu estava tão definitivamente indo para a cadeia. Alguém
deveria me dar um biscoito. Minha capacidade de assumir uma situação ruim e
piorá-la hoje estava sendo incrível.
— Você tocou em alguma das minhas coisas? — Ele perguntou. — Pegou
alguma coisa?
— Sim, o seu sofá está astuciosamente escondido na frente do meu vestido.
Você não acredita onde eu encaixei a TV.
Mais uma vez, seus olhos se estreitaram perigosamente. — Cá entre nós,
provavelmente não é hora de ser engraçada, querida.
Porcaria. — Desculpa. Eu sinto muito. Não quis dizer isso. Você tem todo o
direito de ficar bravo.
— Com certeza, eu tenho.
Balancei a cabeça, arrependida. — Eu não toquei em nenhuma das suas
coisas.
O cara ficou parado ali, encarando. Muita coisa acontecendo por trás de
seus olhos. Nada que eu pudesse ler.
Uma lágrima perdida escorreu pelo meu rosto. Ela deve ter se conservado
apenas para a ocasião. Gah que patético. Eu funguei, escovando-a apressadamente
com as costas da minha mão.
— Foda-se. — Ele murmurou.
— Eu realmente sinto muito sobre isso. A verdade é que eu só precisava de
um lugar para me esconder por um tempo. Não queria te assustar.
Ele suspirou. Não foi um som feliz. — Lydia?
— Sim? — Apesar dos meus melhores esforços, minha voz tremeu um
pouco.
— Olhe para mim.
Eu olhei. Ele ainda parecia irritado e loucamente legal enquanto eu
permanecia uma bagunça.
— Eu sou Vaughan. — disse ele.
— Oi.
Ele inclinou o queixo e o silêncio caiu entre nós mais uma vez.
Com a ponta da língua esfregando o lábio superior, ele olhou para a janela
aberta e depois para mim. Sim, foi assim que eu entrei. Houdini não tinha
influenciado nada as minhas habilidades loucas.
— O que você está fazendo na minha casa, Lydia? A verdade.
— É uma longa história, na verdade. — Além de ser terrivelmente
embaraçosa. Mas então, o que sobre esse dia não era?
Vaughan cruzou os braços sobre o peito largo e esperou que eu saísse
enquanto eu mexia nas minhas saias arruinadas e tentava criar uma maneira de
girar a história para não me fazer parecer uma idiota completa. Cristo, os buracos
nas minhas meias eram enormes. De um lado, meu pé inteiro ficou preso. Isso era
tão ferrado.
Vaughan se agachou ao lado da banheira, apoiando os braços ao lado. De
perto, as sombras sob seus olhos pareciam ainda maiores e mais escuras contra
sua pele pálida. E havia bolsas nos olhos grandes o suficiente para serem usadas
como bagagem de mão. Apesar das linhas fortes de seu rosto magro, o homem
parecia pronto. Pronto para dormir por cem anos.
Eu conhecia esse sentimento.
— Parece um vestido de noiva. — Ele disse baixinho.
— Sim. Eu ia me casar hoje. — Respirei fundo, enxugando o rosto com as
mãos. Assim como esperado, minhas palmas ficaram manchadas com maquiagem
de olhos negra. — Ah, garoto. Eu devo parecer um desastre.
Sem comentários, Vaughan estendeu a mão e pegou uma toalha,
entregando-a para mim. Era meio surrada, velha, como o resto da casa. Eu não
tinha visto mais de um cômodo, mas agentes imobiliários tinham uma ideia desse
tipo de coisa. Manutenção mínima pelos últimos cinco ou mais anos teria sido o
meu palpite. Talvez tenha ficado vazia. Os arbustos na frente escondiam a casa da
vista, então eu nunca dei uma boa olhada nela antes.
— Obrigada. — Eu me sequei com a toalha o melhor que pude. O que restou
do meu lindo vestido era uma ruína encharcada. — Me desculpe por invadir sua
casa, Vaughan. Eu juro que normalmente não faço esse tipo de coisa.
— Não, — ele disse, sua voz profunda. — Imaginei. De onde você veio?
— Da casa grande na parte de trás.
Sua testa se enrugou. — Você subiu a cerca?
— Sim.
Olhos cansados e avermelhados me avaliaram de novo. — É uma cerca alta.
Deve ter sido um inferno de uma emergência.
— Foi um desastre.
Por um longo momento ele me estudou, imerso em pensamentos. Então ele
suspirou novamente, se levantando de pé.
— Você vai chamar os policiais pra mim? — Perguntei, minha garganta
apertada com a tensão. — Sei que você tem todo o direito, não estou discutindo
isso. Eu gostaria de saber. Preparação mental e tudo mais.
— Não. Eu não vou.
— Obrigada. Eu aprecio isso. — Meu corpo todo caiu em alívio.
Então ele bateu palmas, assustando-me. — Ok, Lydia. Aqui está o que
vamos fazer.
— Sim?
— Cheguei tarde hoje pela manhã, só tive algumas horas de sono. Se eu
não tomar um café logo, as coisas vão ficar feias. E você provavelmente precisa se
secar. — Sem qualquer problema, ele estendeu a mão. — Vamos arrumar as
coisas. Então podemos nos sentar e você pode me contar a longa história de como
diabos você acabou na minha casa. Concorda?
— Concordo. — disse, com a voz aliviada.
Ele me puxou para cima. Então, com as mãos fortes na minha cintura, me
tirou da banheira. Imediatamente a água começou a pingar do meu vestido
saturado, acumulando-se no chão de madeira aos meus pés. Chris teria ficado
nitidamente chateado. Chris não gostava de bagunça. Mas como Vaughan não
parecia se importar, eu também não.
— Você realmente não vai chamar a polícia? — Perguntei.
— Não. Fique quieta. — Ele disse, arrancando cuidadosamente um cílio
falso da minha bochecha.
— Obrigada.
— Seu vestido está meio fodido. — Ele me olhou da cabeça aos pés.
— Eu sei. — disse com tristeza.
— Vou deixar você para se trocar.
— Espera. Por favor. Eu não vou conseguir tirar isso sozinha.
Mais franzido de testa.
— É vintage, — expliquei com um rosto sombrio. — Não há zíper, apenas
uma linha de pequenos botões nas costas.
— É claro que existe. — Sem outra palavra, ele me virou e começou a abrir
os botões. Enquanto trabalhava, ele cantarolou baixinho, uma música vagamente
familiar.
— Você ainda não está bravo? — Perguntei perplexa.
— Nuh.
— Mas eu invadi sua casa.
— A janela estava aberta.
— Eu ainda atravessei.
Dedos ocupados continuaram trabalhando em desfazer o vestido. — Você
se sentou na banheira e chorou porque algum idiota te fodeu.
Isso me calou.
— Ou é isso que estou assumindo, dado o vestido e tudo. Eu suponho que
foi ele que te deu esse roxo na sua bochecha?
— Não. Ninguém me bateu. E sim, você assumiu direito sobre o ser fodida.
— Eu tentei olhar para ele, mas não conseguia ver qualquer coisa além do meu
cabelo selvagem. Impressionante como ele sobreviveu ao banho. A profissional
sabia claramente fazer sua merda.
— Tem certeza de que ninguém bateu em você? — Ele não parecia
convencido.
— Sim. Perdi meu aperto e bati no chão quando eu estava subindo na
janela. Minhas habilidades de invasão de lar precisam ser aprimoradas.
— Eu sugiro que você tente uma carreira diferente. — Ele terminou com os
botões e deu um passo para trás, coçando a cabeça. — Você está bem com o vestido
agora?
— Sim, obrigada, — eu disse a seu reflexo no espelho. — Por tudo, quero
dizer.
— Claro. — Ele quase sorriu e balançou a cabeça como se não pudesse
acreditar no que estava acontecendo. Ou talvez fosse descrença que ele não
estivesse me chutando direto para fora da janela por onde eu viera.
Deus sabe, que isso chocou a merda fora de mim.
Ele se virou para a porta. — Vejo você lá fora.
Capítulo Três
Por baixo do vestido de noiva encharcado, as coisas não estavam tão ruins.
Minhas anáguas e espartilhos estavam realmente bem secos. Ou estariam em breve
com o tempo quente. Arrumei meus olhos de panda e envolvi meu cabelo em uma
toalha, estilo turbante. Nada mais poderia ser feito.
Hora de se aventurar em busca da cozinha. Foi fácil o suficiente de
encontrar com o cheiro tentador de café me levando. O bangalô tinha
aproximadamente uma forma de L. Obviamente, em algum momento, ele foi
remodelado e recebeu um layout mais moderno.
Era agradável, encantador.
Portas francesas se abriam da cozinha para um deque onde havia várias
vasos contendo plantas mortas há muito tempo. Toda a luz dentro era nebulosa,
graças as janelas sujas. Pequenas manchas de poeira flutuavam no ar dourado da
tarde.
Vaughan esperou à mesa, uma xícara de café nas mãos e outra em frente.
Ele usava jeans e uma camiseta cinza amarrotada com alguma banda de música
na frente. Mesmo sentado em uma cadeira, ele parecia bem. Diferente de Chris,
mas ainda imensamente atraente. Vaughan estava tão relaxado com seu corpo
longo e magro e seu cabelo caindo em seus olhos. Cara, eu odiava pessoas que
pareciam tão atraentes sem esforço. Eu relaxada parecia que tinha um cabelo
oleoso e uma calça de moletom.
— Oi. — Eu levantei a mão em saudação.
Ele estava ocupado olhando para o nada, perdido em pensamentos. Agora,
no entanto, ele piscou repetidamente, lentamente me olhando. Mesmo que eu o
tivesse visto nu, estar na frente dele com a minha lingerie de babados me fez
hesitar. Tão estúpido. Demasiado tarde para eu ficar envergonhada. Pelo lado
positivo, o espartilho transformou minha carne extra em uma ampulheta fabulosa.
Algo que Vaughan definitivamente pareceu notar. Eu não estava procurando
nenhum momento sexy. No entanto, algum apreço masculino honesto pelos meus
bens femininos parecia bom. Seguindo em frente, dando a volta por cima e tudo
isso.
— Eu tentei limpar o banheiro um pouco, — eu disse, puxando um assento.
— Pendurei meu vestido para secar.
— OK.
— Obrigada pelo café.
— Não se preocupe, — disse ele em uma voz rouca. — Espero que você goste
dele preto. Eu não venho aqui há algum tempo, então não tem açúcar ou creme.
— Preto está bom. — Tomei um gole cauteloso da bebida. Ah café. Meu
único amigo verdadeiro (ao lado da vodka). Devia haver alguns grãos escondidos
no freezer, porque não estava ruim. Eu teria sofrido com uma xícara dessas
porcarias instantâneas; foi bom não ter que passar por isso, no entanto. Pequenos
prazeres importavam. — Isso está incrível.
Um grunhido.
Com a cafeína bombeando através de mim, comecei a me sentir mais eu
mesma. Menos Miss Havisham1 sentada com seu vestido esfarrapado e mais uma
mulher moderna e capaz. Sacudi toda a merda, sentei-me um pouco mais ereta.
— Vaughan, realmente sinto muito sobre tudo isso, por despejar meus
problemas em você.
— Eu sei. — Ele não encontrou meus olhos devido a ainda estar notando
meus bens. Talvez ele estivesse zonzo, com tanto cansaço, e eu por acaso estava
na direção onde ele estava olhando quando eu percebi.
— Vale a pena repetir. Você tem sido ótimo sobre isso, realmente.
Outro grunhido.
2 Marca de lingerie
Com as sobrancelhas puxadas para baixo, ele se concentrou bem em beber
o café. — Não percebi que estava fazendo isso.
— Está bem. Você gosta de peitos. Eu entendo.— disse, inspecionando as
mamas. — Eles estão meio que adoráveis nesse corset.
— Sim.
— E para ser justa, eu vi você em toda a sua glória há não muito tempo.
Ele soltou uma risada. Não faço ideia de como ele fez isso parecer atraente,
mas ele fez. Então seus lábios se curvaram em um pequeno sorriso divertido. E
esse sorriso? Era lindo.
Me pergunto como as coisas estavam indo do outro lado da cerca para o
Chris & Cia.? Não que eu me importasse. Um portal de fogo para o inferno poderia
abrir debaixo de sua festa no jardim e eu não teria ajudado nenhum deles. Acho
que entrei no estágio amargo e distorcido de luto pelo meu relacionamento. Claro
que eu tinha terminado com a negação.
— Você ia me contar sobre o desastre do seu casamento. — Sugeriu
Vaughan.
— Certo. — Eu cruzei os braços sobre o peito. Um movimento puramente
defensivo. Tudo o que aconteceu, no entanto, foi o aumento dos meus seios.
Imediatamente, o olhar de Vaughan estava lá, me fazendo deslocar na cadeira
desconfortavelmente. — Você não teria uma camisa que eu pudesse pegar
emprestado, iria—
— Não.
— Não?
Ele limpou a garganta. — Desculpa.
— Você só tem uma camisa?
— Sim, ah ... veja, a companhia aérea perdeu minha bagagem.
— Eu pensei que você disse que estava dirigindo a noite toda.
— Certo, certo. Voei e então dirigi. Decidido a pegar a estrada em Portland,
ver toda a paisagem. —
— À noite?
— Sim. — Ele se virou, coçando a barba ruiva dourada em seu queixo. —
Todas as estrelas e tudo o mais. Estava muito bonito.
Hã. OK. Provavelmente não havia nenhum ponto em perguntar sobre
toalhas. As únicas que eu vi agora estavam penduradas molhadas no banheiro.
Roubar o lençol da cama e fazer uma toga com ele poderia ser ir longe demais. Sem
problema, eu poderia ser descarada. Obviamente meu anfitrião não tinha
problemas em deixar tudo fisicamente exposto. Embora ele fosse feito de pedra,
enquanto eu era mais como um marshmallow. Chris gostava de me chamar de
“bolinho de massa”. — Ele fazia com que parecesse doce, mas não era nem de perto.
Quanto exatamente eu tinha ignorado ou desculpado? Boa pergunta. Eu
mordi a unha do meu polegar, me dobrando. Não o suficiente. Eu não permitiria
que ele e seu caso continuassem minando minha autoconfiança. O vídeo me
acordou. Sem mais desculpas.
— Acredito que meu noivo é gay e tem me usado como fachada, — anunciei,
com o queixo erguido. — Isso é basicamente toda a história.
Os olhos de Vaughan se arregalaram. — Merda.
— Sim.
— O que aconteceu?
— Eu estava me preparando para a cerimônia e alguém me enviou um vídeo
dele transando com outro cara.
— É por isso que você correu?
— É por isso que eu corri. — Eu caí de volta no assento. — Por quê? O que
você teria feito?
— Dado fora de lá.
Eu dei a ele um aceno de cabeça, relaxando ainda mais. — Bom.
— Pau não é minha coisa. Eu teria que ter ficado bêbado pra caralho para
ter ficado noivo de um cara em primeiro lugar. — De baixo de suas sobrancelhas
veio um olhar astuto. — Mas sim, eu definitivamente teria fugido.
— Ha-ha
O sorriso veio devagar, mas novamente estava lá. Estranho - ele sorriu e o
peso nos meus ombros se tornou mais leve. Toda a poeira e escuridão da casa
desapareceram de vista. Talvez fosse só por eu não me sentir tão sozinha, não sei.
Mas ajudou.
— De jeito nenhum eu poderia ter colocado as roupas íntimas e parecer tão
bem quanto você. — Ele disse contemplativamente, esfregando o polegar sobre a
borda de sua xícara de café.
— Não?
— Eu não tenho alguns de seus ativos mais delicados.
— Ah, isso é doce, — eu disse, rindo baixinho. — Tenho certeza que você
ficaria lindo de drag, Vaughan. Mas agradeço que você diga isso.
— Sem problema. — Ele tomou um gole de café, me observando o tempo
todo com aqueles intensos olhos azuis. Nem uma vez eles se desviaram para os
ativos em questão. Provavelmente muito ocupado admirando minha coleção de
arranhões, hematomas e bagunça quente de noiva.
Eu me mexi no meu assento, incomodada por um minuto. Embora
realmente, qual era o motivo? Eu parecia um inferno e poderia muito bem seguir
em frente com isso. Respirei fundo e fiz o meu melhor para deixar toda a escória
partir. Tudo ficaria bem. A vida continuaria. Eu e minha situação insana até
conseguimos elevar um pouco o humor desse homem.
Sim, cometi um erro. Merdas definitivamente tinham acontecido. Mas as
coisas não eram tão ruins. Além da minha bela coleção de arranhões, hematomas
e músculos doloridos, ainda tinha minha saúde.
— Você tem um sorriso matador. — disse ele, ainda olhando.
Droga, ele estava falando sério. Provavelmente apenas sendo gentil. —
Obrigada.
Um aceno de cabeça.
Ele esfregou a barba no queixo, pequenas linhas aparecendo entre as
sobrancelhas. — Você não estava tentada a dar-lhe uma lição na frente de todos
os convidados?
— Honestamente? — Eu tomei meu tempo e ponderei a questão, passando-
a dentro da minha cabeça. — Eu não estava com medo, exatamente, só ... eles não
eram meu povo. Todos esses convidados eram conhecidos de negócios, contatos,
amigos de sua família. A maioria deles eu nem conhecia. Acho que não tenho estado
na cidade tempo suficiente para fazer meus próprios amigos. Estive ocupada
trabalhando ou estive com o Chris. Meus pais não conseguiram vir e eu
praticamente perdi contato com as meninas com quem frequentei a escola.
— Realmente não me importo com o que esses idiotas pensam de mim.
Quanto ao que eles pensam dele, ele fez essa bagunça. Ele mesmo pode limpar. Eu
só queria me retirar de toda a situação, imediatamente. — Eu olhei por cima do
ombro dele, perdida em pensamentos. — Acho que fiquei envergonhada. Como eu
poderia não estar? Ele me fez de boba.
Ele fez um pequeno barulho.
— De qualquer forma.
— E foi assim que você acabou na minha banheira?
— Sim. — Eu dei-lhe um sorriso tenso. — Percebi um pouco tarde que não
tinha dinheiro nem cartões. Esconder-me por um tempo até que as coisas se
acalmassem parecia uma ideia inteligente. Ter meu colapso em particular.
— Mm.
— Falando nisso, acho que é melhor eu voltar, verificar os danos. — Tomei
um gole fortificante de café. — Deixá-lo em paz e ir buscar minha bolsa.
— Sem pressa.
— Acho que provavelmente tomei o suficiente do seu tempo com o meu
drama. — disse com uma risadinha. Saiu sem graça. Eu deveria dar alguns dias
para a minha realidade afundar antes de tentar fazer piadas. Agora as coisas ainda
pareciam cruas, no limite. Como se eu pudesse começar a chorar de novo a
qualquer momento. Ou isso ou entrar em algum tipo de comportamento psicopata.
Muitas emoções estavam borbulhando sob a superfície. Não senti que havia o
suficiente de mim para conter tudo. Uma pequena rachadura e eu começaria a
derramar tudo de novo.
Não. Não. Eu endireitei minha espinha. Eu poderia lidar com isso. Eu
poderia e ia.
— Sério. — Ele acenou com a mão, fazendo sinal para eu ficar sentada.
Então ele se esticou, levantando os braços acima da cabeça, em seguida, segurando
os cotovelos e estalando o pescoço. — Você realmente não quer voltar lá ainda.
Porra sabe, eu não gostaria.
— Você tem certeza?
Ele assentiu. — Sim. Você estar aqui também me dá uma ótima desculpa
para deixar de lidar com a minha própria merda.
— Você também tem um drama?
Um encolher de ombros. — Todos não têm?
— Um efeito colateral da respiração, eu acho.
Ele sorriu.
Capítulo Quatro
— Nada sobre sua vida sexual fez você pensar que ele poderia ser gay? —
Vaughan perguntou.
— Um...
— Se você não se importa de eu perguntar.
— Bem, sim. Quero dizer não, não me importo de você perguntar. Mas sim,
nossa falta de intimidade deveria ter me feito pensar duas vezes. — Oh, Deus.
Realmente deveria ter. Com a falta de sexo, estraguei tudo magnificamente. A
vergonha me encheu. — Eu ainda não consigo acreditar que eu fui enganada pelo
papo furado dele.
— Acho que ele foi convincente.
— Ele com certeza foi.
— Pelo menos você não seguiu com casamento.
Eu respirei fundo. — De jeito nenhum. Assim que vi ...
Um aceno de cabeça.
— Não tenho certeza se digeri isso na verdade, que eu não vou me casar
hoje. Que não vou passar o resto da minha vida construindo um lar com ele.
— É uma coisa grande.
— Sim. — Cruzei as mãos no meu colo. — Eu me empolguei e dei um salto
de fé. Apenas não compensou.
Ele não disse nada. Como se não houvesse alguma coisa a dizer.
— Confiança é uma cadela. De qualquer forma. — Afastei esse pensamento.
Hora de seguir em frente, etc. Se eu ficasse dizendo a mim mesma o quanto eu
deveria passar por cima disso, eventualmente, conseguiria. — Para responder sua
pergunta. Honestamente, Vaughan, não tivemos muita vida sexual para falar.
— O que? — Com os cotovelos sobre a mesa, ele se inclinou, aproximando-
se. — Quando foi a última vez que vocês dois foderam?
Eu pisquei. Não “transaram”. Nem mesmo “fizeram amor”. Foderam. Como
a linguagem importava, e ainda assim ... talvez eu fosse uma puritana. Eu nunca
pensei em mim como uma, embora como hoje estava mostrando, eu não sabia de
merda nenhuma.
— Lydia?
— Desculpa. Apenas mentalmente me batendo de novo.
— Pare com isso. Isso não vai ajudar.
— Não, não vai. Mas é meio difícil de evitar hoje.
— Mm.
Tatuagens cobriam os seus braços até os pulsos. Pretas e cinzas,
principalmente, com traços de cor em erupção aqui e ali. Uma guitarra elétrica com
um crânio ornamentado acima dela. Um pássaro azul mergulhando cercado por
chamas. Belo trabalho de tinta. A quem ele foi para fazer era um artista de verdade.
Em frente a mim, ele empurrou para trás o cabelo vermelho-claro,
esperando que eu respondesse sua pergunta.
— Bem, nós estávamos esperando para fazer sexo. Sua família é religiosa e
bastante tradicional. — Meus dedos se entrelaçaram e torceram no meu colo. —
Bom para as aparências e outras coisas. Sim…
Pequenas linhas apareceram entre suas sobrancelhas.
— Mas ele me dizia que me amava o tempo todo. E ele ligava várias vezes
por dia só para me checar, para ver se eu precisava de alguma coisa, — Eu disse
com apenas uma sugestão de desespero. — Ele me respeitava. Sem dúvida, ele é a
pessoa mais adulta e bem ajustada com quem já tive um relacionamento.
Queríamos as mesmas coisas, um futuro econômico estável e uma família, dois
filhos. Nós dois estávamos prontos para nos estabelecer. Casar com ele fazia todo
o sentido.
— Parece ótimo. — Ele brincou.
— Eu pensei que era.
Ele sentou-se para a frente, apoiando os cotovelos na mesa. — Deixe-me
verificar se eu entendi direito. Vocês ficaram juntos por meses, e noivos.
— Sim.
— E absolutamente nada entre os lençóis?"
Eu franzi meus lábios, reajustando meu penteado turbante de toalha. Você
sabe, ganhando algum tempo. Se eu tivesse ficado de boca fechada e apenas
deixado o cara se embasbacar com os meus seios. Seria muito melhor do que ter
essa conversa humilhante, especialmente com ele. O homem era obviamente algum
tipo de ridiculamente legal deus do sexo de Idaho. Quem diabos sabia que tal coisa
existia?
— Lydia?
Eu rosnei ou gemi. Foi definitivamente um ou outro, eu não tenho certeza
qual. Emocionalmente, as coisas estavam em agitação. — Houve alguma ação no
sofá. Nós brincamos, nós apenas não fomos tão longe. Bem, nós meio que
transamos.
Suas sobrancelhas subiram. — Meio que?
— Sim.
— Baby, se você não tem certeza do que fez com esse inseto, se foi sexo ou
não, então não é. Vamos esclarecer isso agora.
Meu sorriso era uma coisa forçada e feia. — Certo.
— O cara estava namorando você e ele não queria nada?
— Mm-hmm.
— Ele tem um pau?
— Sim, Vaughan, ele tem um pau.
— Você tem certeza disso?
Eu olhei para o céu. Nenhuma ajuda estava próxima. — É muito gentil da
sua parte pensar isso.
Ele riu, o olhar deslizando para os meus seios por um milissegundo. — Não.
Apenas sendo razoável.
— Algumas pessoas acreditam no celibato antes do casamento.
— Você não.
Ele tinha um ponto. De jeito nenhum eu estava reconhecendo isso, no
entanto.
— Acredita? — ele persistiu.
— Eu acreditei nele. — Meu orgulho era uma coisa pequena e triste. Eu
podia senti-lo afundando lentamente no chão para fingir de morto. — Você sabe,
pensei que falar sobre isso ajudaria, mas não ajuda. Podemos parar agora?
— Não. Eu quero entender isso.
— Deus, entre na fila. — Desta vez, foi definitivamente um gemido de
desespero. Lamentável. — Eu não tenho certeza se posso explicar mais. E você não
quer entender, você quer zombar disso.
— Isso não é verdade. Qual é, eu estou tentando aqui.
Com sobrancelhas altas, eu dei a ele um olhar muito duvidoso.
— Eu estou. Mas você tinha que suspeitar.
— Ou talvez ele fosse um ótimo ator e eu fosse uma daquelas mulheres
tristes e solitárias que são maleáveis. — A verdade feia. Meu estômago torceu e
virou, me fazendo querer vomitar.
— Mas-
— Pare. Por favor. — Deus me ajude, eu não aguento mais. Eu suavemente
bati minha testa contra a mesa e fiquei lá, de rosto para baixo. — Posso te
convencer a dar queixa? Acho que talvez eu deva ir para a cadeia depois de tudo.
Uma cela legal e tranquila pode ser a coisa certa.
— Você não vai para a merda da prisão.
Valeu a pena tentar.
— Ei, sinto muito que você tenha se ferrado, mas essa merda vai se resolver.
O peso em cima da minha cabeça mudou e então meu turbante de toalha
desapareceu. Fios loiros desgrenhados e úmidos caíram no rosto. Eu me sentei,
empurrando a bagunça toda para trás.
— Desculpe, — disse ele, jogando a toalha na direção do balcão da cozinha.
— Eu estava tentando te dar um tapinha reconfortante na cabeça.
— Obrigada.
Uma pausa.
— Nenhum cara hétero poderia ficar longe desse equipamento, — disse ele
em voz baixa. — Apenas dizendo.
— Nem todo mundo é um homem de tetas.
— Bem, eles deveriam ser, — ele zombou. — O peito é o melhor.
Eu bufei, rindo um pouco, apesar de tudo.
A sala se acalmou novamente, ambos perdidos em nossos pensamentos por
um momento.
— Eu estou do seu lado, Lydia.
— Obrigada, — eu disse. — E eu sei o que é sexo, Vaughan. OK? Havia
mãos, mas nenhum de nós gozava. As coisas eram interrompidas. Ele as
interrompia, havia uma importante ligação de negócios ou algo assim. Portanto,
”meio que" sobre o sexo.
Silêncio sepulcral do outro lado da mesa.
— O que?
Ele levantou um dedo. — Eu ainda não estou zombando de você.
— OK.
— Mas qualquer um que parasse de apalpar ou tirasse os dedos de dentro
de uma mulher por causa da porra de um telefonema é um idiota sem consideração
para o qual você não deveria abrir as pernas.
— Estou vendo isso agora.
— Estou falando sério, Lydia.
Estudei a mesa, precisando de um momento para me recompor. — Há
quanto tempo nos conhecemos? O que, meia hora, uma hora?
— Ah. — Virando-se em seu assento, ele verificou um velho relógio de
madeira na parede da cozinha. — Sim. Algo assim.
— Você está ciente de que a maioria das pessoas esperam um pouco mais
antes de discutir as regras de etiqueta em relação a orgasmos com os dedos? Para
quem eles devem e não devem abrir as pernas? Coisas assim.
— É mesmo?
— É.
— Bem, foda-se. — Ele sentou-se, sorrindo abertamente para mim, e foi
impressionante. De maneira ridícula. A extensão de seus lábios sobre os dentes
brancos, a diversão iluminando seus olhos. Seu polegar bateu contra a mesa,
movendo os tendões em seu braço, deslocando todo o complexo trabalho de tinta
em sua pele.
Não pude deixar de imaginar qual seria o seu drama.
— A maioria das pessoas não aparecem na minha banheira em um vestido
de noiva. Mas me diga, baby, como isso funcionou para você? Seguindo todas as
regras, sendo educada e se abstendo? Fazendo o que a maioria das pessoas fazem?
— Meu nome não é baby.
Seu brilho diminuiu para um sorriso paciente. — Como isso funcionou para
você, Lydia?"
— Isso não é óbvio?
— Por que você não tem ninguém para quem correr hoje? Por que não tem
ninguém pra te proteger?
— Uma emergência de última hora surgiu com os negócios de meus pais.
Eles estavam realmente sentidos, mas ... às vezes as coisas acontecem, certo? Não
é nada pessoal, eles são apenas o tipo de pessoas que vivem para o trabalho. Essa
é a vida deles. Eu posso contar em uma mão o número de aniversários, dias de
Ação de Graças e Natal que celebramos. — Me mantive ocupada penteando o meu
cabelo o melhor que pude com os dedos. Isso impedia minha ansiedade. — Assim
como eles não vieram para o casamento.
Nada foi dito. Embora parecesse haver uma tristeza em seus olhos, um
entendimento. Chris tinha olhos azuis, mas diferente do de Vaughan. Mais escuro.
Manchas aveias enlamearam suas profundezas. Os olhos de Chris nunca me
pareceram particularmente expressivos. Não como os de Vaughan. Eu acho que
eram todos os segredos que ele guardava, todas as mentiras. Olhos como janelas
para a alma ou não. Você não pode ver alguém se ele não permitir.
— Honestamente? A maneira como vivi a minha vida funcionou para mim,
Vaughan.
Ele apenas ficou olhando.
— Além de deixar Chris me fazer parecer uma completa idiota. Eu estava
trabalhando com meu noivo, então estou assumindo que agora estou
desempregada. Desisti do meu apartamento para me mudar para a casa grande,
então eu não tenho ideia onde eu vou dormir hoje à noite. — Cruzei meus braços
sobre os meus seios, encobrindo o máximo que pude. Nada em me abrir me fez
sentir bem. Claro, talvez não deveria ser assim. Especialmente não para um
verdadeiro desconhecido.
Tanto faz. A situação era o que era, e não importava quanta raiva eu jogasse
em Chris, eu tinha feito a minha parte para chegar aqui. Fiz escolhas ruins. Não
faz sentido fingir o contrário. — Não é apenas culpa de Chris, no entanto. Acho que
você poderia dizer com segurança que sou excepcionalmente péssima com
relacionamentos. Nós estávamos constantemente nos mudando quando eu era
criança. Depois de um tempo eu não me importava mais em fazer amigos, sabe? É
mais fácil.
Ele apenas me observou.
— Eu até me mantive praticamente isolada na faculdade. Concentrei-me
apenas no estudo e no meu trabalho de garçonete. Porque o trabalho é tudo, certo?
O cara que eu namorei também era bem discreto. Nenhum de nós éramos festeiros.
— Eu respirei pelo nariz, ombros caindo. — Esse romance fracassou depois da
formatura.
— Sim?
— Ele teve uma grande oportunidade no exterior e eu só queria encontrar
um lugar legal e me estabelecer. Tentei alguns lugares diferentes. Coeur d'Alene foi
o primeiro que me pareceu bom. Eu fiz alguns amigos fora do trabalho, conheço
meus vizinhos. — Olhei para o nada, evitando qualquer expressão que ele tivesse
em seu rosto. — Isso é o que é normal, certo?
— Uma versão disso, claro.
— Hmm. — Deus, me escutando e tentando explicar minha vida me fez
querer me forçar a me jogar do penhasco mais próximo. Ou ter um dia de spa
realmente completo. Qualquer um provavelmente o faria. — Dada a minha história,
é incrível, eu pensei que tinha uma pista do que estava fazendo com o Chris. Eu
era o alvo perfeito para o filho da puta.
Eu forcei um sorriso. — Idiota é definitivamente a palavra.
— Não diga isso, — ele admoestou. — Você foi um pouco ingênua, talvez
inexperiente. Mas você não é uma idiota.
— Obrigada. Enfim, chega da minha festa de piedade. Então, — Eu disse,
ajeitando meus ombros e olhando diretamente nos olhos dele. — Estou supondo
que você não siga as regras ou se preocupe em ser educado e anda na linha. Como
isso funciona para você?
O canto dos lábios dele se contraiu. — Honestamente?
— Honestamente.
— Uma merda. — Ele admitiu, entrelaçando os dedos atrás do pescoço.
— Sim? Quão profundo?
— Quebrado, sem trabalho, provavelmente prestes a perder esta casa.
— Uau. — Eu caí na minha cadeira. — Não somos um par?
— Não somos? — Seu sorriso autodepreciativo cresceu. — Sem dinheiro.
Sem esperança. Sem nada.
— Basicamente.
Sua cabeça caiu para trás e ele olhou para o teto. As linhas fortes em seu
pescoço eram bem pronunciadas nessa pose. Eu não conseguia ver a tatuagem
aparecendo sob o colarinho de sua camiseta. Eram palavras, mas não sei bem o
quê. Ele levantou a cabeça o suficiente para olhar para mim por baixo das
sobrancelhas. — Eles têm bebida do outro lado da cerca em sua festa chique?
— Pilhas. Coisas realmente boas também. Muita cerveja artesanal.
— Bom. Devemos ir roubar algumas.
Eu assenti instantaneamente. Ideias malucas mereciam apoio. —
Deveríamos. É metade meu o casamento, não seria realmente roubar. Você vai ter
que me ajudar a voltar pela cerca novamente. Acho que puxei cada músculo da
cintura para baixo, subindo nela da primeira vez. —
— Eu posso ajudá-la a voltar por cima da cerca.
— Feito, então, — eu disse. — Amanhã, ajeitamos as nossas vidas. Hoje à
noite nós vamos brindar às nossas situações ruins e afogar nossas tristezas.
Nós sorrimos um para o outro em companheirismo.
— Quão sério você está sobre isso? — Eu perguntei, mais curiosa do que
com medo. Na maior parte.
Um encolher de ombros. — Você tem que voltar lá algum dia. Pode muito
bem fazer valer a pena a viagem.
— Eu acho que sim. — Minha testa franziu. — O álcool seria bom.
— Eu definitivamente preciso de uma bebida para lidar por estar de volta
aqui. — Ele balançou a cabeça lentamente, os lábios curvados para baixo. — Essa
merda é fodida, baby. Como você não acreditaria.
Eu não queria rir. Não de seus infortúnios, nem dos meus. Deus sabe, nada
sobre isso parecia engraçado. Vaughan franziu a testa para mim. Só então ele
começou a rir também. Primeiro um pouco e depois muito. Logo o barulho encheu
a sala, tirando o silêncio da velha casa. Ele riu até que seus ombros largos
tremeram e todo aquele cabelo brilhante caiu em seu rosto, obscurecendo o corte
de suas bochechas. Eu, por minha vez, gargalhei até as lágrimas escorrerem pelo
meu rosto.
Nada disso deveria ter sido engraçado, mas foi hilário. E nós, nossas vidas,
fomos a piada.
Acho que às vezes não há resposta certa, além de rir. Então nós rimos.
Estranhamente, isso realmente ajudou.
Sentada na cozinha de um estranho, confessando tudo, era o último lugar
que eu esperava me encontrar neste dia entre todos os dias. No entanto, aqui
estávamos nós. Eu tinha derramado uma pilha de dúvidas e segredos profundos e
sombrios, enquanto o homem oposto permanecia um mistério.
Só então ele penteou para trás seu cabelo selvagem com dedos longos,
olhando em minha direção. Um sorriso ainda permanecia em seus lábios. Um
caloroso. Talvez até um sugestivo?
Eu não sei.
Certamente estava começando a me aquecer por dentro. Ele não quebrou o
contato visual, apenas continuou me dando seu sorriso amigável, fácil, sexy-como-
pecado. Tão lindo. Embora esse cara fosse deslumbrante descascando batatas ou
tirando o lixo. Procure “quente” no dicionário e haverá Vaughan, olhando para
você na página.
Chris sempre segurou minha mão ou colocou o braço em volta da minha
cintura quando saímos. Eu tinha tomado esses movimentos como se ele estivesse
orgulhoso de ser visto comigo, dele gostando do meu corpo, mesmo que ele
desejasse que eu me exercitasse um pouco. Em vez disso, ele estava se agarrando
como um carrapato para evitar rumores sobre sua sexualidade. Eu não era sua
parceira de vida, apenas sua idiota.
Vaughan admirava meus seios, mas como ele se sentia sobre o resto de mim
eu não fazia ideia.
Capitalistas certinhas, como eu, poderiam não ser sua coisa. Suas roupas
eram confortáveis, jeans velhos e uma camiseta desbotada. Eu não pude ver
nenhuma joia nele, apenas toda a tinta. Seu corpo não era volumoso, mas atlético.
Magro e forte, se a maneira como ele me tirou da banheira sem puxar as costas foi
uma indicação. Da minha idade, talvez um pouco mais velho.
E quanto à casa, alguém amara aquele lugar uma vez. Tomou conta dela.
Havia poeira, mas não sujeira, se isso faz sentido. Fotos e lembranças pessoais
estavam faltando, a casa estava despojada com exceção da mobília. Uma coleção
legal de vintage dos anos cinquenta e merdas de pinho barato. Tinta branca
descascada no teto, mas o creme nas paredes parecia quase novo. Sem
identificação. Era como se o lugar estivesse esperando, mas pelo que?
A curiosidade por ele me possuiu. Eu queria passear dentro de sua mente,
acariciar seu corpo quente. Coisas nesse sentido.
Além disso, ele ainda estava me olhando assim.
— Pelo menos você finalmente fez um amigo. — disse ele.
— Ha. — Eu me contorci no meu lugar. — Acho que sim. Que tal isso?
Intencionalmente ou não o homem tinha meu corpo na palma de sua mão.
Dentro e fora meus pulmões bombearam, ganhando velocidade a cada respiração.
Até meu sangue estava correndo mais rápido. Quanto ao meu sexo ... Deus o ajude.
Tudo entre minhas pernas começou a formigar em consciência dele e todas as
coisas boas que ele poderia, sem dúvida, oferecer. Minha vagina estava acordada e
rugindo, pronta para a ação. O homem deveria ter ficado com medo, não me dando
olhares sensuais. Ele não entendia o animal voraz com fome de sexo com quem ele
estava lidando. Nenhum controle. Nenhum. Zero.
Sexo casual entre novos amigos. Era necessário. Agora. Nada demais. Eu
estava aqui. Ele estava aqui. Vamos fazer isso.
Logo antes que eu pudesse pular nele, ele olhou para mim de novo. —
Espera. Você disse que o nome desse cara era Chris?
— O quê? — Eu pisquei repetidamente.
— O nome do seu noivo. Era Chris, certo?
— Hum, sim. — Água fria. Água gelada foi derramada sobre toda a minha
luxúria. — Chris Delaney.
— Delaney? — Ele bateu na coxa, balançando a cabeça. — Oh sim. Ele gosta
de pau. Pensei que todos soubessem disso.
— O quê? — Eu assobiei.
O homem apenas deu de ombros, blasé pra caralho. — O cara costumava
namorar o capitão do time de futebol americano no ensino médio. Não lembro o
nome do cara. Eles ficavam às escondidas, mas todos sabiam.
— Todo mundo sabia. — Meu queixo bateu no chão, literalmente. Bem tudo
bem, não literalmente. Perto disso, no entanto. — Todos.
— Provavelmente. Eu diria, família como aquela em um lugar como esse.
Minha boca mexeu, mas nada saiu. Tanta coisa me tomou que quase me
sufocou. Eu queria bater minha cabeça contra a parede. Dor e raiva. Suba de volta
a cerca e coloque fogo na casa. Eu queria perder o controle, em grande estilo.
— O-kay, — disse ele. — Você provavelmente deveria respirar.
Eu balancei a cabeça, silenciosamente hiperventilando. Toda a minha vida
poderia não ter passado diante dos meus olhos, mas os últimos quatro meses
passaram com toda a clareza. Garota idiota, idiota. Rancoroso, babaca
manipulador.
— Vamos, Lydia.
Todo mundo sabia. Meus dedos agarraram as bordas do assento, as unhas
cavando profundamente na madeira. Era como se eu estivesse em uma montanha
russa esse tempo todo e neste momento tinha chegado a derradeira e vertiginosa
queda final. Manchas brancas dançaram diante dos meus olhos.
— Baby? Ei. Respira.
— Eu odeio esta cidade, — balbuciei primeiro, depois tomei fôlego porque
ninguém mais iria me dizer o que fazer. Conselho sensato ou não, eu estava
cansada de ser enrolada. Dirigida. Manipulada. Meus pulmões trabalhavam
arduamente, puxando o ar o mais rápido que podiam. — Aquele pedacinho de
merda manipulador.
— Sim, ele é.
— Eu quero machucá-lo. Muito.
— Compreensível. — A língua de Vaughan trabalhou atrás de sua bochecha
como se ele estivesse imerso em pensamentos. — Parece que ele com certeza te deu
motivo para tanto. Diga-me, os pais dele ainda estão tentando ser os Kennedy de
Coeur d'Alene?
— Você acabou de descrevê-los perfeitamente.
— Há quanto tempo você está na cidade?
— Quatro meses. Foi um romance relâmpago. — pisquei de volta as
lágrimas quentes. Não mais. Nem mais uma maldita lágrima. — Eu pensei que
finalmente tinha a vida toda delineada, mas eu não tinha noção. Ninguém me disse.
— Não, bem ... você é nova, eles não poderiam. No fundo, este lugar ainda
é uma cidade pequena.
— Certo.
— Então, — ele disse com um suspiro. — Aí está.
— Aí está. — Todo mundo sabia. Minha humilhação estava completa. Eu
olhei para o vazio, visões do pênis ensanguentado e decepado de Chris dançando
na minha cabeça. Tendências violentas não eram da minha natureza. Chris, no
entanto, me levou até o limite da razão e me empurrou. Tesouras de jardim seriam
maravilhosas. Também um machado. Eu aposto que os machados são ótimos para
descarregar a agressividade. Provavelmente fantásticos para desenvolver a força
muscular dos membros superiores também. Viva para multitarefa. Você teria que
imaginar que seria uma bagunça no pau dele, mas não importa. O pau de Chris
estava morto.
— Baby?
— Esse não é o meu nome. — Eu disse, a boca no piloto automático.
— Tanto faz. Você está parecendo um pouco homicida aí. Tudo certo?
— Sim. Descobrindo o melhor método para separá-lo de sua masculinidade.
Vaughan estremeceu.
— Você pode me culpar?
— Não, não. — Ele colocou as mãos entrelaçadas na mesa. — O cara te
manipulou muito. Mas antes de você começar a lavar as ruas com o sangue dele,
pense sobre isso a partir da perspectiva dele.
— Você está defendendo ele? Sério? — Fiquei boquiaberta.
— Porra nenhuma, claro que não. Mas você está o repudiando, como você
acha que isso vai acabar com o monte de idiotas que ele chama de família e amigos,
hein?
Eu parei. — Eles nunca acharam que eu fosse boa o suficiente para ele. Eu
ter rejeitado ele tão publicamente ... ele ficará completamente humilhado.
— Sim. — Seu sorriso cruel era glorioso. Ele deixava o sol com vergonha.
— Eles vão estar falando sobre isso por anos.
— Mais um pouco. Lugares como esse nunca esquecem esse tipo de merda.
— Eu também deixei o celular. A menos que ele de alguma forma tenha
chegado primeiro, eles iriam ver ele e Paul em ação. — Meu sorriso era igualmente
afiado. — Todo mundo vai saber porque eu fiz isso.
Vaughan estalou os dedos. — Paul. Esse era o nome do cara.
— Que cara?
— Você sabe. O capitão de futebol no ensino médio. Interessante eles
estarem juntos todos esses anos.
— Sim. Uau, — Eu disse secamente, me levantando para andar pelo lugar.
Havia muita raiva em mim para ficar parada. Demasiada energia maníaca. — É
lindo. Romance verdadeiro.
— Desculpe. — Ele não conseguiu esconder um sorriso por trás de sua
mão.
— Eu gostaria de saber quem me mandou a pornografia?
— O número estava bloqueado?
— Sim.
— Se Chris é qualquer coisa como o idiota que ele era na escola, não é como
se ele tivesse falta de inimigos. — Seus olhos se estreitaram em mim em escrutínio.
— Você parece agradável. Por que você quis casar com ele mesmo assim? Dinheiro?
— Não. — Enrijeci, enquadrando os ombros. — Eu te disse, ele foi muito
bom para mim.
— Certo. Ele ligava para você e essas merdas.
— Ele me cortejou. Quase toda noite ele me levava a restaurantes e shows
em Spokane, todo tipo de coisa. Nós nos divertimos muito.
— Eventos públicos onde você seria vista.
— Sim. — Meus lábios se achataram de raiva. — Eventos públicos onde nós
seríamos vistos, então as pessoas não pensariam que ele é gay. Nada sobre nós era
real. Eu entendi, ok? E qual é o problema em ser gay?
Ele recuou como se eu fosse perigosa. Homem inteligente.
— Bem? — Eu exigi.
— Eu não tenho problema com isso. Não é minha coisa, mas seja o que for.
Então alguém bateu na porta da cozinha, abriu-a (sem convite) e entrou.
Alguém vestido com um smoking preto. A raiva me atingiu em um estrangulamento
e eu saltei.
— Eu vou te matar!
Capítulo Cinco
— Você! — eu rugi, atacando-o.
O rosto bonito de Chris instantaneamente endureceu.
Um braço forte me segurou pelo meu estômago, me levantando. Fui puxada
para trás contra um corpo duro como pedra, meus pés se batendo no ar pela
segunda vez naquele dia.
— Você mentiu para mim, seu bastardo. O tempo todo, você mentiu. — Eu
lutei, empurrando os braços de Vaughan e chutando suas pernas. Tudo o que ele
fez foi grunhir e aumentar seu aperto em volta da minha cintura. Porra, ele era
forte. Eu não estava chegando a lugar nenhum. Mas eu ia deixar isso me parar?
De jeito nenhum. A razão e eu há muito tempo nos separamos. — Você gosta de
pau, não de buceta. Você me usou!
— Eu não tenho ideia do que você está falando. — Chris zombou. —
Mantenha-se sob controle, Lydia.
— Eu vou te matar.
— Baby, acalme-se. — Vaughan sussurrou no meu ouvido.
— Me solte.
— Não acho que seja uma boa ideia. Você queria ficar fora da cadeia,
lembra?
— Eu quero matá-lo mais, — eu ofeguei. — Muito muito mais.
— Não, você é uma garota legal. Você segue as regras.
— Foda-se as regras. Eu quero dançar no túmulo dele!
— Você está bêbada? — Com movimentos bruscos, Chris arrancou sua
gravata borboleta, removendo o pedaço de seda de seu pescoço. Seu olhar varreu
sobre mim, claramente não impressionado. — Você está, não está? Deus sabe que
você está ridícula. O que diabos aconteceu com você, Lydia? Nós te procuramos em
todo lugar. Você percebe quantas pessoas estão esperando lá em casa?
— Eles vão esperar por um longo tempo. Eu vi você e Paul juntos.
O medo brilhou em seus olhos. Mas ele o cobriu rapidamente, erguendo o
queixo bem alto. — E daí? Eu te disse que iríamos sair para tomar umas bebidas
ontem à noite. Isso dificilmente pode ser a causa de tudo isso.
— Vocês estavam se beijando.
Toda a expressão deixou seu rosto. — Você não sabe do que está falando.
— Tendo relações sexuais.
— Pare com isso.
— Fodendo.
Suas mãos se fecharam em punhos. — Cala a boca, Lydia!
— Você não fale com ela desse jeito. — disse Vaughan, com voz baixa e
mortal. Ainda me segurando, no entanto.
Um barulho alto veio da porta da frente. E de repente, a demoníaca loira
platinada da mãe de Chris chegou marchando, nos encarando o tempo todo. Seu
pai chegou um passo atrás dela, expressão igualmente trovejante. Impressionante.
Agora a festa poderia realmente começar.
— Puta merda. — Vaughan levantou-me, segurando-me mais perto. —
Ninguém nesta cidade respeita mais os direitos de propriedade?
— Você realmente deveria trancar suas portas. — Eu murmurei, desistindo
da luta. Por enquanto, pelo menos.
— Janelas também. — Ele grunhiu, descontente.
— Samantha. Ray. — Eu fiquei de pé. Ou tão de pé quanto o aperto de
Vaughan me permitia. Os olhos de laser da mulher cortavam através de mim, nem
mesmo se incomodando com o cara que era dono do lugar. Em seguida meu celular
foi empurrado na minha cara. Os gemidos e suspiros muito familiares da
pornografia de Chris e Paul encheram a sala.
— Este é o seu telefone, — ela sibilou. — O que diabos é isso?
— Isso é o seu filho e seu melhor amigo fazendo sexo.
Atrás de mim, Chris fez um som estrangulado. Isso aqueceu a minha alma
fria e dura.
— Impossível. — A mulher invadiu a casa, com o marido em seus
calcanhares. Era quase impressionante a maneira como ela podia constantemente
olhar de nariz empinado para tudo. Seria de esperar que isso poderia lhe dar uma
dor de cabeça eventualmente. Paul chegou se esgueirando por trás deles, grudado
na parede, pronto para fugir a qualquer momento. Assim ele poderia, bastardo
idiota. Se não fosse pelo controle de Vaughan, eu teria sido tentada a atacá-lo
também.
Meu sangue ferveu. — Não, não é impossível. Veja, Samantha, quando dois
homens realmente se amam e têm um pouco de lubrificação ...
— Mentirosa! — A mulher mostrou seus dentes perolados. — Como você
ousa.
— Eu? É o seu filho que está mentindo, não eu. E considerando que metade
da maldita cidade aparentemente sabe sobre ele jogar para o outro time, eu duvido
que você tenha sido pega completamente de surpresa.
— Esses não são nada além de rumores maliciosos! — Uma garra cor de
sangue apontou diretamente para o meu coração. — Você fez isso de alguma forma.
— Eu? — zombei. — Certo. Então, o que… eu comprei um consolo, me
disfarcei como Paul, e de alguma forma convenci Chris a me deixar filmá-lo com a
câmera?
Vaughan bufou uma risada, seu aperto em mim se afrouxando.
— Você está certa. Eu posso ver totalmente isso acontecendo. É tudo culpa
minha. — Me poupe da sua estupidez mulher.
— Se você tivesse feito mais esforço para ser atraente para ele, — disse ela.
— Feito algo com sua bunda gorda sem graça, então isso nunca teria acontecido!
Eu me lancei, e Vaughan novamente me ergueu, segurando firme. Vermelho
era a cor do meu mundo. Eu estava tão louca que nem conseguia pensar em uma
resposta decente. — Oh sim? Venha até aqui e diga isso.
Lábios finos tensos, a demônio avançou, aceitando o convite. Só que o filho
dela tinha outras prioridades. Chris arrancou o celular da mão de sua mãe, a
explosão de violência o mais longe possível do seu habitual controle frio. Rosto
vermelho e olhos brilhantes, ele o jogou no chão e começou a pisotear. Uma vez.
Duas vezes. Três vezes. Com a tela rachada e inerte no chão, o telefone tinha sido
esmagado em pedacinhos. Sem mais do pornô caseiro com gemidos e suspiros.
— Bom, acabou, — disse Samantha. — Era obviamente falso de qualquer
maneira. Quero dizer, quem poderia ter gravado uma coisa dessas?
— Ooh, boa pergunta. — Eu nem sequer tinha força para ficar com raiva
sobre o telefone. A expressão demente furiosa do meu ex-noivo foi recompensa
suficiente. A boca de Ray ficou aberta. Até mesmo Samantha parecia levemente
atordoada. Apenas Paul permaneceu indiferente. Sem demonstrar surpresa.
— Você enviou. — Eu disse, percebendo a verdade.
Paul fez uma incrível imitação de um veado de frente para os faróis de um
carro3. — Não, eu não enviei.
— Você enviou. Deus. — Eu lentamente balancei a cabeça, surpresa. —
Você queria que eu soubesse. Por quê?
Sua boca se moveu, mas ele não disse nada.
— Você estava com ciúmes? Cansado de se esconder? Ou o que?
— Paul, — Chris fumegou. — Você não faria.
O grandalhão se encostou na parede ainda mais. Se ele pudesse ter se
fundido nela, ele teria. — EU…
— Diga-me que você não fez isso.
— Foda-se. — Vaughan passou a mão pelo rosto. — Isto é inacreditável.
— Christopher, você nos disse que tinha superado esse absurdo, — disse
Ray, visivelmente tremendo de raiva. — Isso foi apenas uma fase.
— Oh, Deus. — Samantha desabou sobre a poltrona de couro desgastada
mais próxima. — Isso é uma catástrofe absoluta. O que todos vão pensar?
A meia cabeça de diferença e massa corporal que Paul tinha superior a
Chris não importou. Nem um pouco. Chris agarrou-o pelas lapelas, sacudindo-o
bruscamente, fazendo a cabeça dele balançar para frente e para trás. — Você me
traiu! Você me traiu porra!
— Eu te amo, — gritou Paul, uma lágrima escorrendo por sua bochecha. —
Como diabos eu poderia ficar parado assistindo você se casar com outra pessoa,
mesmo que tudo fosse mentira, hein?
**********************
Eu não tinha ideia de que a polícia poderia chegar tão rápido. Era como a
velha piada sobre pornografia dando às jovens ideias irrealistas de quanto tempo
leva um encanador para chegar. Em um minuto Vaughan estava sentado
segurando gelo na minha mão, no seguinte eu estava de frente para o longo braço
da lei.
Boom.
O policial que me interrogou acabou por ser um velho colega de escola de
Vaughan (com quem na cidade ele não tinha estudado?). O policial Andy parecia
doce e um tanto divertido por toda a situação, embora ele o escondesse bem. Com
todo o meu depoimento consistindo em — Inferno sim, eu fiz isso, — no entanto,
minhas esperanças de permanecer em liberdade eram baixas.
Passei pela porta da frente, de olho em Chris e Cia. Muito barulho no jardim
da frente. Samantha estava ruidosamente pressionando para que eu fosse acusada
por agressão, enquanto tentava quebrar a barreira do som através de seus gritos.
Mais do que alguns vizinhos se reuniram para assistir.
Aparentemente, de acordo com Samantha, eu me tornei uma criminosa
perigosa para destruir sua família (na verdade, eu só queria escapar deles). Além
disso, aparentemente eu fazia Moby Dick parecer anoréxico e precisava de uma
vida.
Ela provavelmente estava certa sobre esse último.
Seu marido, enquanto isso, andava de um lado para o outro ao longo do
pequeno caminho do jardim falando em seu celular. Havia muita cabeça sacudindo
e resmungando. Do lado de fora, estavam Paul e Chris, as cabeças juntas. O nariz
deste último estava cheio de Kleenex para conter o fluxo de sangue. Sua camisa
branca outrora imaculada estava coberta disso. Em suma, ele parecia uma ruína.
Isso lhe convinha.
— Aqui, — disse Vaughan, colocando uma camisa xadrez sobre meus
ombros. — Coloque isso.
— Eu pensei que sua bagagem ficou pra trás.
— Sim. Eu menti. Não queria que você se cobrisse.
— Ha. — Eu sorri. Então parei. — Sinto muito por tudo isso.
Ele encolheu os ombros. — Não tinha mais nada planejado para esta noite.
O que eles estão fazendo?
— Ah, bem, — eu disse. — Ray está ao telefone com seu advogado tentando
avaliar melhor como me destruir enquanto faz o controle de danos para preservar
o bom nome da família Delaney. Samantha, enquanto isso, está ali, ocupada,
tentando pressionar o seu amigo, o policial Andy, para me colocar algemas por
agredir seu filho.
— Merda.
Chris olhou para cima, me dando um olhar verdadeiramente malévolo. O
ódio encheu seu rosto ensanguentado. Pensar que eu estava prestes a me casar
com o idiota. De qualquer forma, não importava a causa, as chances dele me deixar
escapar por bater nele eram de reduzidas para inexistentes. O orgulho dele exigiria
que eu fosse punida.
Não, ele estava apenas me deixando sofrer com esse espetáculo. Idiota.
Pensar que eu acreditei em toda a sua doçura e delicadeza por tanto tempo.
Eu realmente precisava bater minha cabeça contra uma parede de tijolos na
primeira oportunidade. Colocar algum juízo em mim mesma.
Paul puxou seu braço e eles retornaram a sua intensa conversa íntima. Eles
realmente faziam um casal bonito, Chris com seu cabelo escuro e rosto esculpido,
e Paul com sua boa aparência nórdica. Pena eles se comportarem como bastardos
durante todo o caso.
— Por que não ele? — Perguntou Vaughan, estudando todas as pessoas que
estavam em seu jardim.
— Eu honestamente não tenho ideia.
— Hmm. — Ele exalou um suspiro. — Você tem um péssimo gosto para
homens, Lydia.
— Eufemismo do ano, baby.
Ele me deu um meio sorriso. — Como está sua mão?
— Inchada e dolorida. — Eu a virei de um lado para o outro, deixando-o
ver. Meus dedos estavam com um delicioso preto azulado. — Mas eu acho que está
apenas machucada.
— Combina com sua bochecha.
— Adorável.
Ele desceu os degraus da frente, mãos nos bolsos da calça jeans.
Eu enfiei meus braços na camisa de Vaughan, fazendo o meu melhor para
cobrir meus ativos femininos. Perguntando-me se a prisão seria como na TV. Acho
que logo descobriria. Uma pena que eu não tivesse guardado o anel. Penhora-lo
para pagar minha defesa teria sido maravilhosamente irônico. O que aconteceu foi
que, eu acabei sendo a tola residente da família Delaney. Burrice nunca foi
atraente.
— Lydia. — Ray se aproximou de mim, parando na parte inferior das
escadas que desciam do pequeno pátio da frente. — Você está demitida, caso isso
não tenha sido claro.
Babaca. — Eu sei, Ray.
Ele se encheu de orgulho. Sorte que um dos botões de sua camisa não
estourou. — Você socou um colega de trabalho, Lydia. Aquele que por acaso é o
filho do chefe. Faça as contas.
Eu assenti. — Você está certo, eu fiz. Falando nisso, o que você acha das
minhas chances ao processar Chris por fraude e sofrimento emocional? Acho que
eu deveria falar com um advogado também.
— O que?
— Deus, que escândalo vai ser. O pessoal desta cidade vai falar sobre essa
bagunça por um bom tempo, não é?
As linhas ao redor de sua boca pareciam cavernosas sob a luz do início da
noite. — Você está tentando me chantagear?
— Você realmente quer começar a questionar a ética dessa situação? Eu
não sei se isso seria sensato para qualquer um de nós, Ray.
Ele rosnou no telefone por mais um minuto. Quando ele me encarou
novamente, ele não estava feliz. — Algum tipo de acordo poderia ser alcançado se
me garantir que o vídeo nunca mais será visto. Também envolveria você manter
sua boca fechada sobre qualquer coisa relacionada com minha família.
— Eu também quero uma carta de referências refletindo o meu histórico de
trabalho prévio, em vez dos eventos infelizes de hoje.
— Tudo bem.
Eu inclinei meu queixo. Aceito. — Eu também prefiro que seu filho decida
por não apresentar queixa por agressão.
— Eu vou ver o que posso fazer. — Com uma careta, Ray olhou para sua
esposa, não para Chris. Grande surpresa sobre quem tinha as rédeas daquele
casamento. Não. Sua esposa era uma Harpia Rainha das Trevas se eu já tivesse
visto uma. As chances de eu não acabar com um registro criminal esta noite eram
pequenas.
De qualquer forma, os Delaney tinham muito mais dinheiro do que eu, se
se isso chegasse a uma disputa no tribunal em relação ao meu sofrimento
emocional, etc. Melhor apenas não ir nessa direção. Sem dúvida, Ray destruiria
minha reputação de qualquer outra forma que pudesse. As portas da elite social
da CDA seriam fechadas para mim agora. Eles falariam mal de mim para toda a
cidade e eu provavelmente nunca encontraria trabalho.
Independente de como isso acabar, a CDA e eu terminamos. Uma pena, eu
tinha gostado daqui. A cidade tinha uma energia agradável e não era nem grande
e nem pequena demais. Com o lago e as colinas, a cidade era insanamente bonita.
Para mim, ela era ideal.
Ah bem.
Sempre havia a minha possível prisão por dar um soco em Chris. Eu deveria
tentar ser positiva. Talvez apenas teria que fazer serviço comunitário ou algo assim,
uma multa. Eu me pergunto eu se seria considerada um risco muito grande e seria
presa independente de qualquer coisa.
Deus, quando eu realmente comecei a pensar sobre isso, minhas opções
eram aterrorizantes. A pele dos meus braços se arrepiou apesar do ar quente da
noite. Uma pequena parte minha até se arrependeu por dar um soco em Chris.
Não. Nunca. Eu recuperei o pouco do que restava do meu orgulho, batendo
no babaca. Minha mão latejou de acordo. Às vezes, a violência e o caos eram apenas
a resposta.
Capítulo Seis
— Oh bom, — disse Vaughan em uma voz seca. — Você encontrou tequila.
Ele e o policial Andy ficaram ao lado da mesa de jantar. Ambos olhando
para mim com um olhar de desaprovação. Mal sabiam eles quão ridículos e
arrogantes eles pareciam. Pessoas, tão sem graça. Especialmente os homens.
— Sim, acontece que nós não tínhamos que ir para a casa ao lado afinal de
contas. — Eu sorri. — Havia um esconderijo na parte de trás de sua despensa.
— Estava lá?
— Espero que você não se importe.
— De modo nenhum.
— Você sabe, eu estava pensando em todas aquelas fotos de celebridades
que você vê nas revistas onde eles estão um desastre, — eu disse do meu lugar no
chão no canto da cozinha. — E ocorreu-me que está é uma oportunidade única na
vida para eu realmente sair e experimentar o momento ao máximo.
— Sério? — Ele falou de forma arrastada.
— Absolutamente. A vida é curta, Vaughan. — Sorri. — E curta ou não, eu
pretendo conseguir uma.
— Uma o que?
— Uma vida. Apenas uma. Eu não sou gananciosa.
— Certo. — O cara não parecia convencido. Puxa, eu gostei dele. Ele era
tão lindo. Ele e seu pênis foram os destaques do meu dia. Depois de mais algumas
bebidas, eu poderia até contar-lhe com grandes detalhes. Que divertido. Será que
ele me deixaria tirar uma foto para a minha carteira. De seu rosto, claro.
— Eu vou repor a bebida, — eu disse. — Prometo
— Estou mais preocupado com o seu fígado do que com a bebida. — Ele se
aproximou, tirando a garrafa da minha mão e dando uma olhada. — Estou
surpreso que isso ainda seja bebível. Minha irmã deixou aqui anos atrás. Era uma
merda barata, não posso imaginar que tenha melhorado.
— É um pouco forte no paladar.
— E você está bebendo direto da garrafa? Chique.
— Eu não queria deixar você irritado sujando um copo.
— Bondade sua. — Ele tomou um gole e estremeceu, enroscando toda a
sua face para cima. — Cristo, Lydia.
Eu soltei uma risada. — Não é tão ruim.
— É fodidamente horrível.
— Os primeiros goles foram os mais difíceis, é verdade. Mas depois, o
revestimento da sua garganta fica dormente. Ou queimado, — Eu emendei
apressadamente. — Não tenho certeza de qual.
Com um olhar duvidoso, Vaughan me devolveu a garrafa. Então ele se
posicionou ao meu lado, as pernas cruzadas no tornozelo, apoiando o quadril
contra o balcão da cozinha. Apesar de todas as pessoas invadirem a casa dele com
seus trajes de casamento, ele permaneceu relaxado. Pés descalços, a pele alguns
tons mais pálidos do que seus braços. Fios soltos pendurados na barra de sua
calça jeans velha.
Não foi pela primeira vez, que eu me perguntei sobre ele e seus dramas. Se
possível, eu deveria ajudar. Deus sabe que, ele mais do que merecia toda e qualquer
ajuda. Poucas pessoas teriam sido tão compreensivas.
O policial Andy se mexeu, passando a mão pelo seu cabelo loiro curto no
estilo militar. Obviamente ficando impaciente. Tinha sido um longo dia para todos.
— Quando você estiver pronta, senhora, — disse ele. — Eu gostaria de
explicar a você a situação atual.
— Explique. — Me endireitei.
O policial Andy continuou: — A boa notícia é que o Sr. Chris Delaney
decidiu não apresentar queixa por agressão contra você.
— O que? — Meu corpo todo se esvaziou, encolhendo-me contra os armários
de madeira em alívio. Eu teria feito uma volta da vitória pela casa se eu pudesse.
— Ele decidiu?
— Sim.
— Oh, doce menino Jesus. Graças a Deus por isso. — A tequila foi para
baixo. Pela minha garganta. Santo inferno, a coisa era potente. Eu chiei o mais
delicadamente possível, cobrindo minha boca com uma mão, lágrimas inundando
meus olhos. — Por que ele não vai?
— Eu discuti a situação com eles completamente, — disse ele, sério. — Em
circunstâncias como essa, não é incomum que as pessoas no calor do momento se
deixem levar. Depois de terem tido algum tempo para refletir sobre tudo o que está
em jogo, as ramificações completas do conflito, muitas vezes as pessoas mudam de
ideia sobre tomar alguma medida.
— Hã.
— Sim, bem, Vaughan também apontou que a queixa contra você
provavelmente aumentaria o interesse com a mídia local. — Relatou Andy, quase
como uma reflexão tardia.
Eu olhei para Vaughan.
— Ainda tenho alguns amigos na estação de rádio local. — Um de seus
ombros subiu indiferente. — Receberiam apenas uma ligação.
— Mesmo?
Ele se abaixou, agarrando a garrafa. — Nada demais.
— Nada demais? Você me manteve fora da prisão.
— Eh. — Ele tomou outro gole de tequila, encolhendo-se apenas
ligeiramente desta vez. — Eu não poderia deixá-los mandá-la para a prisão. Nós
fizemos planos para sair esta noite.
— Você é o melhor. — Eu sussurrei para Vaughan, meu herói.
Ele piscou.
O policial Andy pigarreou, parecendo um pouco aflito. Sobre o que, eu não
tinha ideia. Honestamente, eu meio que esqueci que ele ainda estava lá.
— Vendo que a última coisa que eles querem é que seja dada mais atenção
a esta situação, — ele disse, — Eles decidiram deixar para lá.
Eu soltei um suspiro de alívio.
— Eles vão, no entanto, estar tomando ordens de restrição contra você. —
disse Andy
— Ordens de restrição? — Uau. Isso quase me fez parecer perigosa, como
um bandido ou algo assim. Como se eu vagasse pelas ruas de Coeur d'Alene
procurando pessoas apenas para dar um soco no nariz.
— Sim. — Andy enfiou os polegares em seu cinto de utilidade de Batman-
policial. — Sob nenhuma circunstância você deve tentar se aproximar de qualquer
um da família ou pisar em qualquer propriedade da família, incluindo todas as de
interesses comerciais. Entendido?
— Será um grande prazer nunca mais ver esses idiotas novamente. Mas e
as minhas coisas? Elas estão todas na casa grande.
— Sra. Delaney me garantiu que cuidará da pronta entrega de seus
pertences pessoais.
— Que gentil. — Minhas sobrancelhas desceram, minha confiança em
Samantha era zero. Minhas opções, no entanto, eram inexistentes. Então,
atualmente, eu tinha minha lingerie de noiva e nada mais. Além da camisa e da
boa vontade de Vaughan, claro.
— Eu odeio me impor mais, — disse, pegando a tequila para tomar outro
gole. — Mas tudo bem se eu cair no seu sofá esta noite, quando terminarmos?
— O quarto de hospedes é todo seu.
— Obrigada.
— E eu disse a Ray que ele poderia enviar qualquer papelada pra cá até que
você consiga outra coisa. — disse Vaughan, mais uma vez tomando posse de sua
própria bebida. Desta vez ele bebeu um bocado inteiro, sem problema.
Impressionante. Masculino, viril e outras coisas. Ele provavelmente me alcançaria
em pouco tempo.
— Obrigada por conversar com eles. — eu disse.
Outro levantar de queixo.
— Se é tudo, senhora, é melhor eu seguir em frente. — Ao lado da mesa, o
policial Andy permaneceu em pé, parecendo totalmente competente.
— Eles saíram da frente? — Gah, eu soei tão tímida. — Não que eu tenha
medo deles. É só que, foi um dia longo.
— Eles se foram. — Vaughan me devolveu a garrafa com um sorriso. —
Levaram o babaca do seu ex-noivo para a sala de emergência para colocar o nariz
no lugar.
— Eu quebrei?
— Essa é a minha aposta. — Nós trocamos sorrisos.
Com uma respiração profunda, eu relaxei pelo que pareceu a primeira vez
em dias, descansando minha cabeça contra o gabinete. — Não tenho casa nem
emprego. Mas tenho minha liberdade.
— Vou deixar vocês dois para comemorar. — disse o policial Andy.
— Obrigado, Andy. — Os homens começaram a bater as mãos um no ombro
do outro, como os homens fazem. — Bom te ver de novo.
— Você também. — Ele hesitou. — Que vergonha sobre Nell e Pat.
— Sim. — O sorriso no rosto de Vaughan desapareceu.
— Você, ah, não saberia se ela já está namorando de novo, não é?
Uma longa pausa.
A felicidade no rosto de Vaughan desapareceu sem deixar vestígios. Lá se
foi o legal, calmo e contido. Eu me perguntei quem seriam Nell e Pat. Obviamente,
pessoas importantes para ele.
— Até mais, Andy. — Ele disse em vez de responder à pergunta.
A mensagem foi entregue muito bem. — Certo. Noite.
— Noite. — Eu acenei. — E obrigada.
Ele não respondeu. O policial foi embora enquanto Vaughan observava com
os olhos claramente distantes e hostis. Se fosse eu, de frente para sua fronte fria,
eu teria corrido. Em vez disso, tentei uma distração.
— Obrigada por não me chutar para o meio-fio. — Estendi a garrafa para
ele, balançando-a suavemente.
Ainda triste, ele vagou de volta para a cozinha, sentando no chão ao meu
lado. — De nada.
— Vou cozinhar seu café da manhã.
— Não há comida na casa.
— Droga. Tudo bem, se Samantha entregar minha bolsa pela manhã, eu
vou comprar o café da manhã.
— Combinado.
Passamos a garrafa de um e para outro em silêncio por um tempo. Minha
cabeça ficou cada vez mais confusa, toda a emoção dos acontecimentos do dia
diminuindo para um “nhé”5. Por enquanto, eu estava toda humilhada, magoada e
enfurecida. Os nós dos dedos da minha mão direita estavam ardendo muito e se
eu começasse a analisar mentalmente todas as possibilidades e suposições, eu
enlouqueceria de novo.
A luz sobre a mesa de jantar emitia um suave brilho dourado, deixando o
resto da casa na sombra. Parecia ainda mais quieto e vazio à medida que a noite
se aproximava.
— Quanto tempo se passou desde que você esteve aqui? — Perguntei.
— Nós tocamos em um pequeno festival há alguns anos atrás. Desde então
não voltei.
— Você está em uma banda?
— Eu estava. Nós nos separamos há alguns meses atrás. — Ele encostou a
cabeça no armário da cozinha, de olhos fechados. — Nós estivemos juntos por dez
anos, com base em L.A. principalmente.
— Que instrumento você toca?
— Guitarra.
— Isso é ótimo. — Eu conseguia ver isso. Fazia sentido. Balancei a cabeça,
maravilhada, fazendo o quarto virar em círculos preguiçosos, ou meu cérebro fazia.
Não tenho certeza de qual. — Não sobre a sua banda terminar, eu quero dizer sobre
você ser um músico. Você vai se juntar a outra banda ou ...
Ele fez um barulho na garganta. — Estou tentando montar uma. O baixista
da antiga ainda está a bordo, mas nós ainda não tivemos sorte em encontrar as
pessoas certas.
— Isso é uma merda.
— Com certeza é.
— Então esse é o seu drama?
Ele abriu um olho. — Basicamente. Só voltei para a cidade para vender este
lugar para minha irmã. Preciso pagar a hipoteca, ficar com um pouco para viver
enquanto procuramos por um novo cantor e baterista, resolver as coisas.
— Sua irmã, é a Nell que Andy estava perguntando?
**************************************
Não tão sutilmente, ele segurou meu cotovelo. Os músculos de seus braços
flexionavam como se esperasse que alguma grande tentativa de fuga acontecesse a
qualquer momento.
Gostar das pessoas era uma cadela. Mesmo com você dando a sua palavra.
Ao nos aproximarmos do prédio, eu disse: — Tenho pensado em seus
dramas financeiros. Quer saber se posso ajudar?
Ele lambeu os lábios. — Você fará praticamente qualquer coisa para atrasar
isso, não é?
— Estou falando sério, tenho me preocupado com você o dia todo, com Nell
não sendo capaz de comprar a casa como você esperava. Eu sei que não nos
conhecemos há muito tempo, mas gostaria de ajudar de alguma forma, se puder.
Um suspiro. — Eu vou ter que vendê-la para outra pessoa. Vai ser ruim,
mas esta é a minha situação.
— Eu sinto muito.
— Obrigado. — Ele passou a mão sobre o rosto. — Não acho que você
gostaria de repensar seu plano de sair da cidade e fazer uma oferta?
— Eu gostaria de ter esse tipo de dinheiro. E um emprego. — Alguns anos
no mercado imobiliário me permitiram começar algumas economias. Nada como o
que a casa Sanders Beach valeria, no entanto. — Eu poderia lhe dar alguns
conselhos sobre o mercado, colocar você na direção de um bom agente e assim por
diante.
— Sim, ah ... vamos falar sobre isso outra hora. Tudo bem?
— Certo. Quando você estiver pronto.
— Obrigado.
Um par de mulheres jovens passou por nós, uma olhou duas vezes quando
me viu. Logo depois, a sua boca estava disparou rapidamente contra o ouvido de
sua amiga. A amiga virou para trás para olhar para mim rindo. Ugh.
— Talvez esta noite seja um pouco cedo, — eu disse, recuando um passo. -
Quero dizer, você precisa se concentrar no bar e, na verdade, Nell estará ocupada
cozinhando, então ...
Em um movimento suave, ele deu um passo à minha frente, virando-se de
frente. Suas mãos agarraram meus quadris, fazendo a operação "dar o fora daqui"
dar uma parada abrupta. — Lydia?
Eu pisquei. — Vaughan?
— Estamos indo para lá e tudo vai ficar bem
— Não tenho tanta certeza sobre isso."
Ele engoliu em seco, parando um momento para pensar. — O que de pior
pode acontecer?
— Todos podem apontar e rir de mim, forçando-me a reviver a vergonha e o
horror de ontem.
— Sim, é verdade. — Dedos esfregaram meus quadris largos no meu jeans
quando ele colocou o rosto para baixo perto do meu. Não fazendo nada, apenas
ficando ali. — Como você conseguiu ontem?
— Fuga, você, sarcasmo, violência e por último, mas não menos importante,
tequila.
— Você pode ter tudo hoje menos a fuga, — disse ele. — Como isso soa?
— Você quer que eu responda isso honestamente?
— Não. Você vai se divertir, Lydia.
Eu duvidava muito disso, mas seria indelicado dizer.
— E se alguém aí te der algum problema, eu vou socá-los por você.
— Minha mão ainda dói de ontem, então obrigada. Eu aprecio isso.
— Sem problemas.
Ficamos parados, olhando um para o outro, sorrindo por um momento
perfeito. Então eu bati na testa. — Porcaria. É sua primeira noite no trabalho e
estou colocando todo o meu drama em você novamente.
Ele abaixou a cabeça. — Sim, você está
— Eu sinto muito.
Uma exalação tão longa e tempestuosa. O homem tinha grandes pulmões.
Além disso, péssimos amigos, ou seja, eu.
— Vaughan?
— No lado positivo, quando você se agita, seu peito começa a subir e descer
a cada respiração. Magnífico. Honestamente, eu não consigo me cansar disso. —
Pequenas linhas apareceram em sua testa enquanto suas mãos demonstravam os
movimentos aparentemente saltitantes na frente de seu peito. — Estou tentado a
dizer merda para começar a te agitar, eu amo isso.
Em face ao seu largo sorriso, eu não tinha nada.
Na verdade, isso é mentira. — Eu me senti mal, seu idiota.
O idiota de boa aparência apenas sorriu. Ao longe, a primeira estrela
começou a cintilar e a fazer sua coisa no céu cinza e violeta. As montanhas
pareciam escuras e ameaçadoras ao longe. A natureza se exibia. Mas não havia
nada contra Vaughan parado ali, sorrindo. Luxúria, quão ou o que quer que seja
isso ... Eu tive da pior maneira. Talvez se ele parecesse de bom humor depois de
terminar o trabalho, eu levantaria a ideia de novos amigos fazendo sexo casual
para ele. Nós dois ficaríamos na cidade apenas por alguns dias e o relógio estava
correndo. Seu olhar cintilou entre meus seios e rosto, nunca se acomodando em
um ou outro.
Mamilos são pequenas feras, sempre reagindo a tudo, especialmente
quando você prefere que sejam discretos. Há uma razão pela qual ‘‘titilation’’7
começa com a palavra “tit”8. Então, é claro que eles endureceram, se revelando com
a atenção dele. Tão rápido quanto possível, eu cruzei meus braços, cobrindo-os.
— Eu nem mesmo ... — As palavras desapareceram. — Você não faz
sentido. Quero dizer, eles estão cobertos. Minha camisa está abotoada cobrindo
qualquer indício dos meus seios.
— Não importa. Eu ainda posso ver a forma deles. É o suficiente para
manter um homem como eu feliz.
— É como se você tivesse algum tipo de transtorno obsessivo-compulsivo
de mama. Já pensou em procurar aconselhamento para o seu vício?
7 Excitação.
8 Teta, mama, peito em inglês
Ele suspirou, o rosto cuidadosamente definido. — Nada de errado com um
homem admirando um belo par de seios. Mas se você discordar, sinta-se à vontade
para usar isso contra mim.
Eu revirei meus olhos.
**********************************
— Certo, então nós discutimos tanto a minha merda quanto a sua merda.
Nós terminamos aqui? — Ele perguntou ficando abruptamente sério. — Podemos
entrar agora?
— Vamos.
Um aceno de cabeça.
— Você vai ser ótimo. — Eu disse, toda entusiasmada.
— Você é a única que está nervosa, não eu. Eu estou bem, baby. — ele
brincou.
— Muito engraçado. Me chame de baby mais uma vez e eu estou fora daqui.
Em vez disso, ele me guiou com firmeza pelas duas escadas da frente e pelas
velhas portas de vidro.
Mesmo que ele não estivesse nervoso, eu não tinha tanta certeza sobre seu
estado geral de espírito. Acho que ir trabalhar para Nell estava mexendo muito com
a sua filosofia de guitarrista Zen. Combinando isso com memorizar preços, receitas
de coquetéis, localização de tudo, acompanhar os pedidos, manter-se fora do
caminho de qualquer outro bartender, reabastecer e fazer todo o resto envolvido
em um bar e Vaughan tinha uma noite movimentada pela frente. Inferno, eu acho
que tudo isso, estar de volta à cidade, respirar o ar do norte de Idaho, viver no local
que tinha sido a sua casa de infância, seus pais terem partido, tinha que estar tudo
bagunçando com a cabeça dele. Acrescente aos danos extras o seu endividamento
e sua banda terminando. Eu não pude evitar sentir por ele. Nós dois tivemos
sonhos estilhaçados.
Durante todo o dia, ele ficou perto, ajudando-me a encontrar, depois limpar
e arrumar minhas coisas. Nós não falamos sobre nada profundo e significativo.
Apenas filmes, músicas e lugares que ele tinha ido. Histórias da vida na estrada.
Eu tive a sensação distinta de que ele queria se manter ocupado.
Compreensível. Drama, gah. Nós dois tínhamos a nossa cota.
Quando entramos, não notei nenhum rosto reconhecível, mas ainda estava
agitada por sair em público.
— Estou aqui para me impressionar com suas habilidades de barman. —
Eu disse, movendo-me lentamente pelo labirinto de clientes e mesas.
— Uh-huh. Eu vou ter certeza de fazer malabarismos com algumas garrafas
e essas merdas, acender alguma coisa com fogo enquanto faço o seu martini de
café expresso. — Ele sacudiu a palavra em sua língua como se pronunciá-la fosse
um truque próprio. — Ou você é mais uma garota de margarita, hmm?
— Hoje sou mais uma garota de água e gelo. Se tiver vontade de ficar chique,
Sr. Bartender, vou querer uma fatia de limão ao lado. Um canudo, talvez.
— Sim? — Apenas um pequeno sorriso curvou seus lábios. Não estou
nervoso, minha bunda. Ele pode ser melhor do que eu em esconder coisas, mas
essas coisas permaneciam lá embaixo da superfície, no entanto. Qualquer pessoa
disposta a prestar atenção e se importar poderia ver.
— Ainda sentindo a dor da tequila da noite passada? — Ele perguntou.
— Um pouco.
Ele olhou para mim, o olhar suavizando. — Lydia ...
— Aí está você! — Nell correu com os cabelos ruivos presos, vestindo um
avental preto de aparência profissional.
Vaughan franziu a testa e olhou para o relógio. — Eu cheguei na hora certa.
Uma sobrancelha subiu. — Eu disse que você não chegou?
— Lugar legal. — Interrompi a discussão em potencial antes dos dois irmãos
ganharem impulso. — Toda a madeira escura com a alvenaria crua e as janelas
gigantes. Tem uma atmosfera tão boa. — Realmente tinha. Brutal poderia ser a
melhor palavra para descrever o estilo do lugar. Embora houvesse traços de luxo e
acenasse para os edifícios de 1920 também. Uma seção de parede coberta de
pôsteres de bandas antigas tinha sido preservada. Uma escadaria circular de ferro
forjado preto estava no canto, conduzindo ao segundo andar fechado. Os conjuntos
de mesa e cadeira com pernas de metal com tampo de madeira tinham um ar
industrial . Mas também havia cabines com luxuosos couros pretos. Ainda não
deveria estar funcionado. A tentação de se acomodar e pedir uma bebida, um prato
de algo para comer, era enorme.
— É incrível, Nell.
As rugas ao redor do nariz de Nell desapareceram e seus lábios se abriram
com óbvio prazer. — Você gosta?
— Eu amo. — Chris teria zombado do lugar por não ser extravagante o
suficiente, mas foda-se ele de qualquer maneira. O bar parecia confortável,
relaxante, apesar de todas as pessoas virarem em nossa direção, sussurrando. Não,
ok. Isso era uma mentira. Eu não estava bem com isso. Nunca houve uma ideia
tão ruim. Eu deveria ter ficado escondida em casa.
Ah não. Espera. Meu erro. Eles estavam olhando para Vaughan com seus
jeans apertados. Justo. Sua bunda era uma obra de arte. Soltei um suspiro de
alívio. Excelente. Esta noite seria boa. Eu apenas me misturaria, relaxaria e
conversaria com Nell.
— Eric e seu irmão, Joe, fizeram a maior parte do trabalho. Venha conhecer
ele. Joe, esta é Lydia.— Ela gritou, chamando a atenção de quase todo mundo no
bar.
Sim, tudo bem. Agora todos os olhos definitivamente se voltaram para mim.
Abençoe a capacidade pulmonar extraordinária de Nell e de sua família. Se ao
menos eles a usassem para o bem em vez do mal.
— Você sabe, a que eu te falei. — Ela agarrou meu pulso e me rebocou
através do labirinto de mesas em direção ao bar.
— Eu sei. — O urso loiro atrás do bar respondeu, dando-me um aceno de
cabeça. Então seus olhos sorridentes se dirigiram para Vaughan. — Que bom que
você nos deixou saber que estava de volta à cidade, cuzão.
— Sim, sim. Nell já pegou no meu pé. — Vaughan estendeu a mão pelo
balcão, segurando o ombro grosso do outro cara. — É bom ver você, cara.
— Você também. Por quanto tempo você vai ficar desta vez?
— Não tenho certeza. Tenho algumas coisas para resolver.
Joe grunhiu em compreensão.
Joe parecia ser um mestiço de homem da montanha e barman. Uma
reminiscência Viking, talvez. Ele era um cara grande com ombros largos e com uma
grande barba loira. Claramente, havia muito mais deuses do sexo no norte de Idaho
do que eu reconhecia da região. Outras classificações seriam necessárias. Se
Vaughan superava a categoria super legal, então talvez esse cara novo ganhasse
na de lenhador sexual. Dado o meu retorno abrupto a solteirice, eu teria que pensar
mais sobre esse importante sistema de classificação de homens.
Aviso: Objetivar pessoas está errado.
— Ouvi que você está contratado. — disse Joe a Vaughan.
— Sim.
— Venha para o lado certo do bar, então.
Vaughan riu e fez o que lhe foi dito. Obviamente, o bar em si era antigo e
original. Nomes, datas e todas as outras marcas que se possa imaginar haviam
sido arranhadas na madeira polida, e Deus sabe quantos anos de serviço. Este
lugar tinha uma história real. Era um bar de tamanho decente, paralelo a uma das
paredes internas. Atrás havia prateleiras cheias de bebida. Todo tipo imaginável.
Luzes ocultas iluminavam lindamente as garrafas de vidro. Abaixo disso, havia
uma longa fileira de torneiras de cerveja; todas as opções eram impressionantes.
Claramente, o Dive Bar levava sua bebida a sério.
— Ei, mana. — disse Vaughan, baixando a voz.
— O que?
— Seja legal.
— Eu sou sempre legal. — Nell me deu um tapinha no braço, antes de
voltar para o irmão. — Não se preocupe, sua nova namorada está segura comigo.
Certo, deixe-me rapidamente guiá-lo pela lista de preços.
— Eu não sou namorada dele, — eu disse caso alguém estivesse ouvindo.
— Nós somos apenas amigos.
— Sim? — Joe coçou o queixo. — Eu sou solteiro também.
— Sério? — Eu perguntei, imediatamente me sentindo envergonhada por
quão chocada eu estava.
O grandalhão encolheu os ombros, dando-me o olhar o-que-você-vai-fazer.
— Noites de trabalho, lugar assim…
Hã. — Você está tentando me dizer que não conhece muitas mulheres
cuidando do bar?
Juro por Deus, havia uma covinha escondida naquela barba. — Eu conheço
muitas mulheres. Não necessariamente do tipo que você quer levar para conhecer
a mãe, sabe? Não necessariamente do tipo que procura conhecer a mãe também.
— Não que haja alguma coisa errada com isso.
— Absolutamente não, senhora. — Joe começou a me examinar com
interesse renovado, o olhar escuro se demorando sobre barrigas minhas
protuberâncias de mulher. Mas, por mais musculoso e varonil que o homem fosse,
ele ser amigo e colega de trabalho de Vaughan tornava-o uma complicação. O que
quer que venha a acontecer entre agora e eu colocando essa cidade no meu espelho
retrovisor, isso não envolveria complicações.
Só sobre o meu cadáver.
— Desculpe, — eu disse. — Não estou querendo conhecer, ou não conhecer,
a sua mãe neste momento Acabei de sair de um relacionamento ruim.
— Ouvi sobre isso, — ele relatou com naturalidade.
— Sim. — Ugh. — Fantástico.
— Você realmente escalou uma cerca de dois metros e meio de salto e um
vestido de noiva?
— Ela tem aproximadamente um metro e meio.
O homem estufou os lábios. — Ainda assim ... impressionante.
— Obrigada.
Os Beatles mudaram para o Arctic Monkeys e os aromas vindos da cozinha
estavam fazendo minha boca se encher de água. Alho, carne, comida em geral,
todas as coisas boas. Apesar da música, eu estava razoavelmente certa de que
todos em um raio de dois quarteirões ouviram meu estômago roncar.
— Joe estará com você a noite toda, pergunte a ele o que você precisar. —
disse Nell, encerrando seu breve tutorial.
— Certo. Obrigado.
Os dois compartilharam um sorriso.
— Lembre-se do que lhe contei sobre Lydia. — Vaughan deu a sua irmã
um olhar sério. — Não a molhe nem a alimente depois da meia-noite. Ela se
transforma em um estranho e psicótico animal. Não é bom.
— Eu não sou um Gremlin. — Eu disse.
— Espere. — Com grande drama, Vaughan bateu na testa. — Meu erro. Foi
tequila que fez isso. Você pode molhá-la e alimentá-la tanto quanto quiser, Nell.
Apenas mantenha-a longe da tequila.
Eu sutilmente arranhei minha bochecha com meu dedo do meio.
O idiota sorriu enquanto Joe riu. Honestamente, Nell estava certa. Quanto
mais cedo todos os homens fossem enviados para colonizar a lua, melhor para
todos.
— Alguém está trabalhando aqui esta noite? — Uma mulher de pele escura
e baixa, vestida com uma camiseta preta do Dive Bar, estava mais ao fundo do bar,
batendo suas garras na pedra. Ela e Vaughan acenaram um para o outro com
familiaridade.
— Qualquer sinal de Stella? — Nell perguntou a ela.
— Não, — respondeu a mulher. — Minha colega garçonete ainda é M.I.A9.
— Essa garota está prestes a ser chutada na bunda dela. Eu não me importo
com o quão boa Eric pensa que ela é com os clientes. Oh, Rosie, esta é Lydia. —
Disse Nell. — Lydia, esta é Rosie, uma das nossas garçonetes. Ela está conosco
desde o começo. Ela também estava no mesmo ano na escola que o Vaughan. Diga
oi.
— Oi.
— A noiva fugitiva de Delaney? — Os olhos de Rosie se iluminaram com
interesse. — Eu tenho ouvido falar de você o dia todo. É verdade que você escalou
uma cerca de três metros de altura coberta com arame farpado?
— Ela disse que era aproximadamente um metro e meio, — respondeu Joe
em sua voz grave. — Não ouvi nada sobre arame farpado.
O brilho nos olhos da garçonete diminuiu um pouco. — Ainda sim. Nada
mal para uma mulher em um vestido de noiva. O meu estava tão apertado que eu
nem consegui sair da limusine sem ajuda. Você sabia que o noivo e seu padrinho
foram para o Havaí?
— De jeito nenhum. — Disse Nell.
Meu estômago afundou. — Eles foram na lua de mel?
Isso fazia sentido. Caso contrário, as passagens teriam sido desperdiçadas.
Bem, as passagens do Chris, pelo menos. Eles teriam que comprar novas para o
outro homem. As minhas eram intransferíveis e eu duvidava muito que o seguro
de viagem cobrisse o cancelamento do casamento devido a um vídeo de sexo
escandaloso. E, no entanto, Chris e Paul estavam agora curtindo minha romântica
lua de mel na praia. O esforço que eu colocara em encontrar o resort certo para
nós, o melhor espaço para começarmos perfeitamente a nossa vida de casados.
Imagino o que eles estão achando das massagens e dos jantares à luz de velas que
eu reservei. De repente meu rosto ficou inchado, meus olhos duros e doloridos. Não
chore mais.
Não importava. Não importava.
11Shorts feitos cortando as pernas de uma calça, especialmente jeans, acima dos joelhos e muitas
vezes deixando irregulares as bordas cortadas.
ficaria furiosa com as abóboras a cada Halloween. Nell e Pat teriam um filho e tudo
seria bom.
— Parece bom.
— Mm. — Ele fez uma pausa. — Depois que eu estivesse em turnê e feito
algum dinheiro, eu ia comprar uma dessas casas no lago. Me estabelecer.
— Aqui? Não na Califórnia?
— Não. Na minha cabeça sempre foi aqui. — Suas mãos torceram o pano
em uma bola apertada. — Eu tinha tudo planejado.
— Você sabe, — eu disse, tentando falar gentilmente, — Ouvi que a maioria
das pessoas tem três carreiras diferentes ao longo da vida.
— Têm?
— Talvez tocar na banda tenha sido a sua primeira.
— Você está falando sério? Você quer que eu simplesmente desista? — Ele
perguntou, o volume de sua voz subindo. — Penhore as guitarras e o que, consiga
um emprego no Burger King fazendo batatas fritas?
— Eu não quero...
— Porque eu realmente posso ver isso funcionando muito bem, Lydia. —
Ele jogou o pano de lado, furioso. — Boa ideia. Impressionante.
— Vaughan. — Os músculos da minha mandíbula doíam.
— Quer saber a diferença entre eu e você, querida?
Mantive minha boca fechada. Com certeza, ele ia me dizer.
— Seu sonho era casar-se com um mané com uma boa conta bancária e se
esconder atrás da cerca branca para o resto da sua vida. — O idiota se elevou
sobre mim, pairando.
— É mesmo?
— Cristo. Você sabe que é. — Ele riu, maliciosamente.
Uau. Sim. Eu não tinha nada a dizer em resposta.
— Mas meu sonho ... meu. — Seu polegar bateu diretamente no centro do
seu peito. — Foi um pouco maior.
Eu não tinha palavras. Nenhuma.
Por um bom minuto eu apenas olhei para ele, impressionada com a
explosão dele, mais do que tudo. Não havia nenhuma razão pela qual eu deveria
ter ficado impressionada. Ele e eu nos conhecíamos há umas quarenta e oito
horas? Eu conheci o Chris por quatro meses e fui ingênua. Meu histórico de leitura
de pessoas era, afinal de contas, uma merda.
— OK. Sinto muito por dizer algo que te chateou. — Fiz uma pausa,
respirando fundo. — Isso foi obviamente insensível da minha parte, dado tudo o
que você está passando.
Nada.
— O que eu quis dizer foi que poderia haver outros trabalhos na música
que funcionassem para você. Que você possa amar da mesma forma.
Nada ainda.
— Eu não sou sua inimiga, Vaughan. Me importo muito com você. —
Minhas mãos ficaram duras ao meu lado. Era tudo que eu podia fazer para resistir
a estrangular o idiota. — O jeito que você acabou de falar comigo não foi legal.
Como ousa dizer que minhas esperanças para o futuro são menos importantes que
as suas. Que eu sou uma vadia interesseira, pronta para abrir as pernas por uma
casa grande para ser uma mulher-troféu.
— Lydia ...
— Eu não terminei, seu babaca.
O homem olhou para mim, com os olhos cheios de surpresa ou
perplexidade. Seu rosto estava tenso, os lábios bem fechados. Assim como
deveriam estar. Eu olhei para ele, memorizando cada detalhe para mais tarde,
quando eu não quisesse queimá-lo ou explodir em lágrimas. Emoções femininas
idiotas, sempre me deixando em apuros quando queria ser uma durona. Minha
fraqueza, sempre ganhava e sempre ganharia. Hora de me aceitar e todas as
minhas falhas e seguir em frente.
— Na verdade, eu terminei.
— Certo.
— Vou juntar minhas coisas, — eu disse. — Acho que é o melhor.
Ele não fez nenhum comentário.
Eu recuei, virei e comecei a andar em direção à porta da frente.
A maioria das minhas coisas já estavam embaladas em caixas. Isso não
deveria ser muito difícil.
Meu pé atingiu o degrau da frente e eu tropecei, perdendo o equilíbrio. Eu
agarrei o velho corrimão de ferro, lutando para me segurar antes que meu rosto
encontrasse o chão. Impressionante. Tão graciosa.
— Eu sinto muito.
Eu fiquei congelada.
Nada mais foi dito.
Lentamente, eu me virei. Ele ficou na grama alta, observando, esperando.
Honestamente, era difícil olhar para ele. A expressão em seu rosto e o modo como
ele segurava seu corpo, a emoção em seus olhos. Meu mundo era tão colorido
quando se tratava dele. Cada detalhe era tão vívido e real. Ele não deveria ter esse
poder. Teria sido muito mais fácil deixá-lo caso contrário. Eu tinha invadido a casa
dele, mas ele de alguma forma me invadiu, me abriu, expondo-me a muito mais da
vida do que existia antes.
E pensar que eu realmente acreditava que amava Chris. Que idiota. Eu não
tinha a menor ideia do que era amor. Eu tive gostar e desejo, coisas nesse sentido.
Mas o resto era um abismo, um grande buraco negro e eu não conseguia ver o
fundo. Não podia sequer começar a entender a profundidade disso. Dentro de mim,
vivia uma grande bola de emoção relacionada com meu amigo Vaughan. Nada disso
estava pronto para ser rotulado. Tudo o que eu sabia era que deixá-lo magoaria.
— É isso? — Eu amarrei meus dedos na minha frente, insegura.
Um ombro grosso subiu e desceu. — Precisa haver mais?
— Não tenho certeza.
Ele deu um passo em minha direção e depois outro. Com ele em pé no final
da escada e eu no segundo degrau, ficamos cara a cara. Suas mãos emaranhadas
com as minhas, primeiro uma depois a outra. Deus, sua pele estava tão quente.
Nossos corpos gravitavam em direção um ao outro. A atração de um coração
bagunçado para outro. Eu o observei com cautela, tentando segurar alguma coisa
por segurança. Não funcionou de verdade.
— Você está certa, eu fui um babaca.
— Sim, você foi.
Um pequeno aceno de cabeça. — Eu vou beijar você agora. — ele sussurrou.
— Oh. Ok, — Sussurrei de volta para ele. Não tinha ideia do porque
estávamos sussurrando.
Eu não tinha uma boa razão para não deixá-lo me beijar. Bem, sempre
havia a coisa de proteger o coração e tudo isso. Realmente, no entanto, dado o
massacre pelo qual eu tinha feito o meu passar, era um pouco tarde para isso.
Seus lábios roçaram nos meus. Um toque tão suave. Para cima e para baixo
no menor dos movimentos, ele roçou sua boca contra a minha. Era doce, adorável
e um pouco estranho. Eu nunca fui beijada assim. Por ninguém. Cada parte de
mim ansiava por avançar, para pressionar por mais. Mas, ao mesmo tempo, o que
ele estava me dando era muito bom. Seria errado apressar ele e seu talento .
Sua respiração aqueceu meu rosto e seus dedos se apertaram ao redor dos
meus. Eu fiquei completamente imóvel enquanto ele gentilmente esfregou seus
lábios contra os meus, fazendo o que ele queria. A ponta do seu nariz cutucou
minha bochecha, uma e outra vez, e meu peito se encostou no dele. Com o que ele
estava fazendo, eu teria caído sob a minha bunda de outra forma. Seus beijos
estavam me hipnotizando.
Quando seus lábios se abriram um pouco, apenas o suficiente para beijar
suavemente meu lábio inferior, eu juro que desmaiei. Mais e mais ele beijou meus
lábios, primeiro o topo e depois o de baixo, os lados e o canto de onde meu sorriso
começava. Nenhuma parte foi deixada intocada. Meu sorriso cresceu mais largo,
meus mamilos duros e minhas partes baixas que Vaughan atordoou. Esse é um
termo médico.
Ele recuou um pouco, sorrindo também. — Você me perdoa?
— Eu teria perdoado você sem o beijo.
— Eu sei, — disse ele, ainda falando baixinho. — O beijo foi mais para mim.
— Foi? — Deus, ele era bonito. O homem mais bonito que eu já conheci. —
Você acredita em loucura à primeira vista?
Linhas franziram a sua testa. — O que?
— Não estou triste com toda aquela palavra com A, e não acho que isso, o
que quer que seja, é isso. Então não surte e de repente me acuse de ser um chiclete
pegajoso ou algo assim, entendeu?
— Ok. — Ele parecia divertido.
— Mas e se houvesse loucura à primeira vista? Porque acho que temos uma
base crível para isso.
Por um momento ele apenas olhou para mim, obviamente imerso em
pensamentos. — Eu definitivamente achei que você era louca na primeira vez que
vi você, sentada no meu chuveiro com aquele vestido.
— Mm-hmm.
— E você me deixa louca, às vezes.
— Idem.
Sua língua brincou atrás de sua bochecha. — Eu posso ser um pouco louco
por você também.
— Você definitivamente é pelos meus seios.
— Seus seios são de primeira classe. — disse ele, com as mãos nas minhas
costas, pressionando-me mais contra ele.
— Obrigada. Aprecio isso.
— Está mais para toda você, na questão da loucura. Só para você saber.
Eu só pude sorrir. — Sim?
— Sim. — Ele encostou a testa na minha, aproximando-se. — E você? Eu
confessei. Vamos.
— Eu tive uma ideia em um primeiro momento.
— Isso não vai te safar.
Gemi. — Bem. Eu sou louca por você também. Louca de todas as maneiras
pelas quais a palavra pode ser tomada.
— Nós só temos alguns dias, — disse ele, trazendo todos os felizes
desvaneios para cair por terra. De repente, o sol não brilhava. A terra não girava.
Tudo estava fodido.
Não, eu não deixaria.
— Eu sei. Quer dizer, sei que isso não é uma coisa permanente para
qualquer um de nós. — Algo dentro de mim gritou em negação. — É mais um
cruzamento de caminhos na grande jornada da vida.
— Certo. — Ele me beijou levemente mais uma vez. — Não significa que eu
não estou louco por você.
— Eu sei.
— E sobre o que você disse, — ele começou, olhando por cima do meu
ombro. — Sei que você estava tentando ajudar. Vou pensar sobre isso, ok?
— OK.
Suas mãos esfregaram minhas costas, então ele me soltou, exalando forte.
— A menos que você queira ir pra cama comigo agora, é melhor eu dar uma pausa.
Terminar o carro, começar a cortar a grama e essas merdas.
Olhei para baixo. Sim, algo definitivamente estava endurecendo na frente
de suas calças. Hã. Nós nem tínhamos usado a língua. E diziam que o romance
estava morto.
Um tempo na cama parecia ótimo, mas enquanto estávamos com pouco
tempo, eu também não queria apressar as coisas. E se tivéssemos relações sexuais
e então o acúmulo da urgência de todos esses bons hormônios, esperanças e
sonhos através do meu corpo acabasse? Não. Precisávamos ir devagar. Cara, era
tão difícil julgar os prós e os contras dessa situação.
— Vou deixar você fazer o seu trabalho. — disse com pressa, afastando-me
um pouco dele.
— OK.
— Oh, outra coisa que eu estava pensando, no entanto. — Coloquei uma
mão em seu peito nu super quente para prendê-lo.
Ele me deu um olhar cauteloso.
— Relaxa. Eu só queria saber se você me ajudaria a comprar um carro.
Você conhece sobre eles, certo? — Acariciei seu peito de uma forma sutil totalmente
inocente. — Eu vou precisar de rodas para escapar deste lugar.
— Certo. Fico feliz em ajudar, baby.
— Baby? — Eu olhei para ele de forma condescendente.
— Baby, — disse ele, resoluto.
Meh. Quem era eu para lutar com ele? — Bem.
Capítulo Onze
Nell invadiu a casa no final da tarde de segunda-feira, com Rosie, a
garçonete, na sua cola. Uma carregava bebida, a outra caixas de pizza.
Imediatamente, meu estômago roncou em necessidade. Pizza era apenas o melhor.
— Perdi a parte em que você bateu na porta? — Curvando, Vaughan sentou-
se no sofá, amarrando o cadarço do sapato.
— Você é engraçado, irmãozinho. — disse Nell alegremente, despejando sua
caixa cheia de garrafas de vinho no balcão da cozinha. Ela estava usando uma
minissaia jeans e camiseta laranja. Rosie balançava um vestido azul e arejado.
Definitivamente não era o uniforme de Dive Bar.
— Estou falando sério. — disse Vaughan.
— Eu sei. É isso que faz com que seja tão divertido.
— O que está acontecendo? — Perguntei, enchendo de porcaria a minha
bolsa. Nós estávamos nos preparando para ir ao trabalho. Dada a partida imediata
da garçonete amiga de Eric, Stella, eu tinha concordado em preencher seus turnos
até que uma substituta fosse encontrada. Ou até a hora de eu sair da cidade. O
que ocorresse primeiro. Estava usando minhas melhores calças pretas e uma
camiseta do Dive Bar combinando que Nell tinha me dado na noite anterior.
— Estou nos dando a noite de folga. — De um armário ela tirou três taças
de vinho, enxaguando-as sob a torneira. — Lydia, Rosie e eu estamos tendo um
tempo de garotas. Seja um querido e vá embora, tudo bem?
— Eu realmente preciso começar a trancar as portas, — Vaughan
murmurou, estendendo-se no sofá. — Quem está no bar?
— Eric.
— E?
— Só Eric. — Nell sorriu. Foi uma visão desconcertante. — Ele também
será o garçom desta noite. Boyd tem a cozinha sob controle, mas por outro lado,
Eric está sozinho.
Rosie também sorriu como uma conspiradora.
— Isso é bom para o seu negócio? — Perguntei sem pensar, e aceitando
uma grande taça de vinho tinto. — Espera. Deixa pra lá. Esqueça que eu disse isso.
Eu não vou estragar a felicidade dos outros com aspectos práticos desnecessários
que eles conseguem descobrir por conta própria.
No sofá, Vaughan me deu um pequeno sorriso, um olhar de compreensão.
— OK. Tudo bem. — Nell riu. — Provavelmente precisamos de uma voz de
praticidade por aqui. Mas a coisa é, às vezes, você só tem que ensinar as pessoas
uma lição. Ou isso ou recorrer ao homicídio, e prefiro não ir para a cadeia.
— Concordo, — disse Rosie, dando uma cheiradinha no vinho. — Ooh. Você
pegou as coisas boas.
— Claro que peguei as coisas boas. — Ela se virou para o irmão e para mim,
a curiosidade enchendo os olhos. — Então, o que vocês dois fizeram hoje?
— Vaughan trabalhou em seu carro por um tempo, então ele ajudou a
diminuir minhas escolhas de alguns potenciais carros para mim. — Deixei de fora
a parte onde meu amigo agente imobiliário tinha parado para dar uma olhada na
casa.
— Ela quer um Prius. — Vaughan riu.
— Eles conseguem fazer boa quilometragem.
— Lydia. — Nell estremeceu. — Não. Apenas não. OK?
Até Rosie parecia levemente aterrorizada pelo meu gosto por veículos.
— Nenhum de vocês se preocupa com o meio ambiente? — Eu levantei meus
ombros espantada.
— É para o seu próprio bem que nós vamos te salvar disso. — Nell segurou
alto a sua taça de vinho brindando minha falta de estilo, aparentemente. — Você
vai nos agradecer um dia.
— Duvido. — Então era isso que envolvia ter amigos. Talvez eu deva pegar
uma pedra de estimação ou algo assim. Uma planta, talvez. Qualquer coisa incapaz
de responder de volta.
Mais uma vez a porta se abriu, desta vez era do sexo oposto. Um cara alto
com uma barba enorme e os lados de sua cabeça raspada entrou com um growler12
cheio de cerveja em cada mão. Quase cada centímetro de pele estava coberto de
tatuagem e um anel de prata pendia do nariz.
No instante em que viu Nell, ele parou. — Merda.
— Pat, — disse ela em voz baixa e cuidadosa. — Pensei que você estava indo
para Whitefish.
— Mudei de ideia.
Ela assentiu, mordendo o lábio.
— Hey. — Joe entrou atrás dele, outro par de growlers na mão. Parecia que
todos estavam planejando uma festa.
Por último veio um cara um pouco mais velho. Não tão alto quanto os outros
dois, mas robusto e muito bonito, de uma maneira “eu já vi a vida”. Um pouco de
cinza riscava seu curto cabelo espetado e a barba em sua mandíbula e bochechas.
Em uma mão ele carregava uma guitarra, na outra ele equilibrava algumas caixas
grandes de pizza.
— Andre. — Com pressa, Vaughan ficou de pé. — Porra, cara. Bom te ver.
— Obrigado por me avisar que você estava de volta. — Andre empurrou o
violão para Vaughan, para segurar melhor as pizzas com as duas mãos. — Joe teve
que me dizer.
— Desculpe. — Vaughan colocou o violão embaixo de um braço, segurando-
o pronto para tocar. Então ele dedilhou um acorde. — Ela ainda soa ótima.
— Claro que ela soa. Martins ficam ainda melhores com o tempo.
Com um sorriso irônico, ele devolveu o instrumento, tomando conta da
pizza. — Não quero me apaixonar por algo que não posso pagar.
Andre riu e sacudiu a cabeça.
— Lydia, — disse Vaughan. - Quero que você conheça alguns velhos amigos
meus, aquele com a barba do comprimento do Gandalf é Pat. Ele é dono do estúdio
de tatuagem ao lado do bar.
— Oi. — Eu levantei a mão em saudação e o homem me deu um
cumprimento com o queixo.
12 É um garrafão retornável que pode ser cheio de cerveja e a conserva por até 15 dias, se mantido
refrigerado. Após aberto, a cerveja deve ser consumida no mesmo dia para conservar as suas
propriedades originais.
— E esse aqui é Andre. — Vaughan apertou o ombro do homem. — Foi ele
quem me ensinou a tocar. Comprei meu primeiro violão com ele quando tinha dez
anos. Ele tinha acabado de abrir sua loja.
— Sim, — disse Andre. — Levei todo o seu dinheiro de Natal e aniversário.
— Típico. — Joe colocou suas growlers na mesa de jantar. — Arrancar
dinheiro de crianças pequenas. Devia ter vergonha de si mesmo. Aposto que você
roubou doce deles também.
Muito discretamente, Andre o dispensou.
— Oh, isso me custou, — concordou Vaughan. — Aquela Epiphone de
segunda mão tinha tomado alguns golpes, mas você estava certo. Ela tinha um
som bonito, fez o trabalho dela e mais um pouco. Ainda tenho ela.
— Não diga?
— Não toco com ela há muito tempo. Mas eu não consegui me desfazer dela.
Ambos sorriram.
— De qualquer forma, — disse Vaughan. — Eu costumava trabalhar na loja
dele algumas vezes depois da escola e outras coisas.
— A loja de música perto do Dive Bar? — Perguntei, tomando meu vinho.
Excelente qualidade, Rosie estava certa.
— É essa mesma, — respondeu André, colocando o violão em uma cadeira.
Ele vagou em minha direção, me olhando. — Prazer em conhecê-la, Lydia.
Então ele se aproximou, baixando a voz para um murmúrio. — Delaney é
um idiota. Essa foi uma fuga de sorte da sua parte. Você pode fazer muito melhor,
querida.
Eu bufei uma risada. — Obrigada.
O homem se inclinou, me dando um beijo na bochecha, sorrindo. Porra, ele
era rápido. Ele também usava um pós barba muito bom.
— Hey, — veio uma voz irritada. Vaughan estava imediatamente ao meu
lado, atirando raios laser em seu velho amigo. — Vá com calma, cara. Você acabou
de entrar pela porta.
— Sinto muito, Lydia, — disse Andre. — Eu te deixei desconfortável?
— Não.
Os raios laser e o cenho franzido se voltaram para mim.
— Bom. — Depois de um tapinha no ombro de Vaughan, Andre se afastou.
Em seguida, foi até Nell, beijando-a no rosto e depois Rosie. Claramente, era apenas
sua maneira de ser amigável com as mulheres que ele gostava. Até parece que, de
repente, eu estava chamando a atenção de todas as pessoas gostosas.
— Você tem muitos bons amigos nesta cidade, — eu disse, mudando a
conversa.
Um grunhido.
— É ótimo conhecer alguns deles.
— Sim, — ele disse. — Ouça, o Andre é um pouco mulherengo e eu não
quero ver você se machucar.
Eu cobri a boca dele com a minha mão. — Pare bem aí. Você acha que eu
ficaria com um de seus amigos?
Sua preocupação não pareceu aliviar.
— Eu não ficaria - especialmente depois de hoje, — abaixei minha voz e
minha mão. — Lembra da parte em que você me beijou?
Seu olhar caiu para os meus lábios. Pelos deuses, este homem. — Eu
lembro.
— E a parte após quando conversamos sobre loucura à primeira vista?
— Sim.
— Isso não foi um compromisso de nenhuma das nossas partes. Eu sei
disso. Mas foi uma declaração.
Sua mão deslizou por baixo do meu rabo de cavalo, o polegar acariciando a
parte de trás o meu pescoço. Calafrios percorreram minha espinha. Assim tão
facilmente ele me deixou toda agitada. Sou tão estúpida por não ter arrastado ele
para a cama mais próxima mais cedo.
— Quarenta e oito horas. — Ele murmurou.
— O que?
— Eu te conheço há quarenta e oito horas. — Ele abaixou o rosto, nos
aproximando.
— Isso mesmo. — Este era um espaço seguro. E era lindo. — Parece que
cobrimos muito território em pouco tempo. Tipo de amizade rápida com o potencial
de benefícios.
— Mm.
— E eu só quero que você saiba que eu não penso menos de você por dirigir
um carro de desastre ambiental que consome combustível.
— Obrigado, baby.
Funguei meu nariz. — Você me pegou em um momento fraco mais cedo. Eu
não quis dizer que estava tudo bem com você me chamar de baby.
— Não?
— Não.
— É uma droga ser você. — Ele deu um beijo suave na minha testa.
— Vaughan, — disse Joe, batendo palmas alto. — Ainda tem aquela fogueira
lá atrás?
— Está um pouco coberto de vegetação, mas ainda está lá. — Ele deu a
minha nuca um último aperto, então deu um passo para trás. — Você está
pensando que devemos fazê-la funcionar de novo?
— Você leu minha mente.
— Vamos fazer isso. — disse Andre.
Vaughan olhou entre Pat e sua irmã, nenhum dos dois parecia estar
particularmente relaxado. O sorriso de Nell parecia tenso, o vinho em sua taça
desaparecendo na velocidade da luz. Um músculo pulou em sua mandíbula. —
Sim, vamos fazer isso. Deixe as meninas aqui para fazer suas coisas.
— Obrigada, senhores, — cantou Rosie, o vinho em sua taça também
diminuiu bastante. — Meu marido só aceita ficar de babá uma vez a cada lua azul.
Eu quero aproveitar ao máximo.
— Divirta-se. — Vaughan pegou as bebidas que Joe tinha deixado na mesa
e depois se aproximou das grandes portas de vidro que se estendiam para trás. —
Pegue alguns copos.
— Já estou nisso, — disse Joe.
— Vem, Pat? — Andre perguntou antes de sair para o início da noite.
Sem uma palavra, o tatuador seguiu. O olhar de Nell também. Havia amor,
em toda a sua dor e glória escrito por todo seu rosto. Em comparação, o que eu
senti por Chris era risível.
— Nós nos separamos. — disse Nell, encontrando meus olhos.
— Eu sinto muito.
Ela encolheu os ombros e drenou o último gole de seu vinho. — Essas coisas
acontecem certo? Pegue a garrafa da cozinha, sim?
— Claro.
Nós três nos amontoamos no sofá, enchendo nossas taças.
— Merda, eu esqueci. Pizza! — Rosie correu para a cozinha, trazendo uma
das caixas. — Calabresa, tomate e manjericão. Minha favorita.
— Legal. — Meu estômago ressoou e eu peguei uma fatia.
— Quer que eu aqueça?
— Não há tempo para isso, — eu disse, dando uma mordida. — Oh. Isso é
bom. Muito bom.
— Você está certa disso? — Rosie riu.
— Você só queria poder falar com a boca cheia de comida, e ainda parecer
tão atraente.
Isso até fez Nell rir. Ponto.
— As fiz para nós antes de abandonar o navio. Fico feliz que você goste da
minha comida, — ela disse. — Desde que vejo que meu irmão não se incomodou
em abastecer a casa. Você provavelmente vai ter que depender de mim durante a
sua estadia.
— Eu vou ao supermercado amanhã, — disse, parando para tomar um gole
do bom vinho. — Vaughan está ocupado.
— Não importaria se ele não tivesse, — ela disse, girando sua taça. — Ele
não fará nada que pareça que ele vai ficar aqui. Este lugar ... é muito difícil para
ele. Muitas lembranças, eu acho. Ele vai embora o mais rápido possível.
— Você realmente acha que ele vai vendê-la? — Perguntou Rosie.
Nell encostou a cabeça no sofá, olhando para o teto. — Tudo o que ele
sempre quis foi ser guitarrista, tocar em uma banda. Ele precisa do dinheiro.
— Merda, — sussurrou Rosie. — Sinto muito.
Eu comi mais pizza e bebi mais vinho. Meu coração doía por ela, mas não
havia nada que pudesse dizer.
— É como se eu tivesse perdido ele quando perdi mamãe e papai. Agora Pat
também foi embora. — Nell fungou, enxugando rapidamente os olhos. — Porra.
Desculpe meninas. Não queria ficar choramingado com vocês.
— Tudo bem, — eu disse, tocando seu cotovelo. — Você está segura aqui,
Nell.
— Isso aí que ela disse, — ecoou Rosie, levantando-se para pegar uma caixa
velha de Kleenex do canto. Eu realmente gostei dela. Ela era gente boa.
— Eu sou a cadela hardcore, — disse Nell. — Não tenho permissão para
chorar.
— Todos nós choramos às vezes. Não é nada demais.
— Meu período tá chegando. Vamos culpar isso.
— Feito. — Eu sorri.
Rosie empurrou a caixa de lenços para ela e correu para a cozinha para
pegar outra garrafa de vinho. Esta noite ia ficar confusa. Todo mundo precisava se
soltar às vezes.
Eu não pude deixar de me perguntar se esse era o único resultado final do
amor. Sentir-se perdida, sofrendo, agarrando-se ao que sobrou da sua vida? Graças
a Deus eu não tinha passado pelo casamento. E graças a Deus essa coisa com
Vaughan tinha uma data final. Caso contrário, quem sabia o que poderia
acontecer. Eu poderia acabar despedaçada, deixada em um estado ainda pior do
que depois da traição de Chris. Porque Vaughan poderia fazer isso. Quarenta e oito
horas, e ele já despertou sentimentos que eu não queria mencionar. Nós éramos
um desastre de trem esperando para acontecer. Mas, caramba, seria difícil evitar
seguir esse caminho. Mesmo se eu me arrependesse depois pelo resto da minha
vida.
— Considerando que trabalhamos no mesmo prédio, Pat ficou incrivelmente
bom em se esconder no estúdio de tatuagem e me evitar, — disse ela. — Eu não o
vejo há semanas. Acho que foi isso que causou nossa separação.
Nós ficamos quietas, deixando ela falar. Às vezes, isso é exatamente o que
uma garota precisa.
— Quando ele assumiu o estúdio, foi uma merda. Uma bagunça total. Ele
trabalhou duro para chegar onde está hoje e eu o apoiei. Eu pensei que quando
abríssemos o bar seria a minha vez, minha coisa. Achei que ele entenderia. Mas
não aconteceu assim. — Ela estendeu a sua taça e Rosie a encheu de novo. — Nós
quase nunca nos víamos e nós apenas… nós nos afastamos. Um dia ele se levantou
e disse, não sei por que estamos nos dando ao trabalho. O que você pode dizer
sobre isso? Como diabos você deveria reagir? Era como se toda emoção tivesse
sumido dele. Seu corpo estava lá, mas sua cabeça e seu coração estavam em outro
planeta.
Sua boca se abriu, mas por um momento nada saiu. Nell parecia arruinada.
Cristo, se isso fosse casamento, se isso fosse você confiar em outra pessoa, de corpo
e alma, isso me assustava muito.
De repente, ela levantou o queixo, enquadrou os ombros. — Eu deveria
bater na cabeça dele com a nossa certidão de casamento? Disse a ele que se ele
não queria estar lá, então ele deveria ir. Eu não iria pará-lo. Porra, não achei que
ele realmente fosse embora.
Lá fora havia gritaria, risadas. Parecia tão fora de lugar. Errado. Mas eu
acho que a vida continuava, mesmo quando não deveria.
Nell virou o cabelo para trás, lambeu os lábios brilhantes. — De qualquer
forma…
— Sinto muito, — eu disse, não que isso ajudasse.
Ela virou seu rosto vermelho manchado na minha direção, lágrimas
escorrendo por suas bochechas. — Você não pode engravidar acidentalmente e
fazer Vaughan ficar em Coeur d'Alene? Eu quero uma família por perto.
— Hum, não. Desculpa.
Ela latiu aquela risada marcante dela. — Bem. Estraga prazeres, Lydia. Veja
se me importo.
— Puxa, Lydia, — rosnou Rosie com um sorriso. — Ela não está pedindo
muito.
Eu ri e bebi mais vinho. Tudo faria mais sentido inebriada. Eu apenas sabia
disso. E cara, isso foi direto para a minha cabeça. Acho que ter comido apenas um
pedaço de torta de nozes hoje não era a melhor maneira de começar uma noite
bebendo vinho.
— Não estou sendo engraçada.
— Eu sei, — disse. — Sou uma egoísta.
— Sim. Você é. — Nell assoou o nariz e encheu a sua taça, tentando se
recompor sob nossos olhos atentos. — Você deveria apenas me deixar fazer o que
eu quero com o seu útero.
A mulher estava louca. As crianças nem estavam no meu radar ainda. Sem
falar com Vaughan.
— Seu irmão e eu somos apenas amigos, Nell. — Eu disse.
Ambas as mulheres riram tanto que foi uma maravilha elas não terem caído
do sofá. Eu estoicamente as ignorei o melhor que pude. Amigas do sexo feminino,
são tão superestimadas. Embora também seja maravilhoso em todos os aspectos.
Maldito Coeur d'Alene por ficar tão bom assim quando eu estava prestes a ir
embora.
— Um brinde! — Rosie segurou sua taça de vinho no alto. — A besteiras e
corações partidos.
— Ha. Bom. — Eu sorri.
— Aqui, aqui. — disse Nell, bebendo profundamente.
— A besteiras e corações partidos. — Eu disse. Então bebi também.
Horas depois alguém bateu na porta. Horas e horas e muitas garrafas de
vinho e fatias de pizza depois. Nell levantou-se lentamente e tropeçou para atender.
Eu admito, meio que me surpreendeu quando a pessoa apenas não invadiu da
mesma maneira que todo mundo fazia.
— Oh. É você. — Nell se virou e voltou para o sofá.
Atrás dela estava Eric, sua raiva da noite passada desaparecida. Bem,
principalmente. Seus lábios estavam apertados juntos, mas seus olhos estavam
completamente desprovidos do fogo e da raiva. — Você fez o seu ponto.
— Fico feliz em ouvir isso. — Disse Nell, pegando sua taça de vinho.
— Foi uma coisa de merda de se fazer, deixando-me para tomar conta do
bar sozinho, — disse ele. — Mas eu entendo porque você sentiu essa necessidade.
Nell apenas observou-o com olhos ligeiramente vidrados.
— Temos sorte de não estarmos tão ocupados como ontem à noite. Pela
situação, tivemos algumas queixas sobre o serviço lento. Mais de uma mesa ficou
sem dar gorjeta.
— Hmm.
Eric estudou os sapatos e enfiou as mãos nos bolsos das calças. Ele parecia
um estudante chamado para o escritório do diretor.
Ele realmente era um homem bonito, pensei, enquanto observava seu longo
cabelo escuro e o rosto esculpido. Alguma empresa de roupas de baixo cara poderia
colocá-lo em um outdoor. Ele não se vestia casual como os outros caras. Ele usava
uma camisa branca de botões que estava enrolada até os cotovelos e lindas calças
pretas em vez de jeans.
— Onde está Vaughan? É melhor eu falar com ele, — ele disse. — Resolver
as coisas.
— Ele está ocupado. — Exclamou Rosie, sentando-se em linha reta, de
repente, com toda a atenção.
— Podemos dizer a ele. — De novo, Nell se levantou, com os olhos vermelhos
de repente muito mais abertos. — Mas eu aprecio você ter se oferecido para fumar
o cachimbo da paz.
— Não, eu estive pensando, — disse Eric. — Há algo que eu quero dizer a
ele.
— Mas-
— Vaughan! — Eric esticou o pescoço para a direita e depois saiu,
verificando o corredor e a área de jantar. — Ei, Vaughan, você tem um minuto?
— Eric, não. — Ela agarrou seu braço, puxando-o em direção à porta. —
Mais tarde. Fale com ele depois.
— Relaxe, Nell. Eu não vou causar nenhum problema.
A porta da cozinha se abriu, batendo contra a parede com tanta força que
você podia ouvir o tremor de vidro. Embora não fosse Vaughan que estava ali, a
fúria gravada na pele do rosto, acima da barba gigantesca.
— O que você está fazendo aqui? — Pat rosnou, dando vários passos largos
para dentro da sala.
Nell soltou o braço de Eric, dando um passo apressado para trás. — Patrick
...
— Foi uma coisa de trabalho, — disse Eric, tom calmo, até apaziguador. —
Eu só parei para dizer algo a ela. Vou sair agora.
— Merda. — Murmurou Andre, parecendo longe de estar feliz. Os outros
caras também entraram, Vaughan estava pendurado na mesa de jantar, confusão
em seus olhos.
Mas Joe apressou-se a andar pela sala, chegando ao lado de seu irmão,
pronto. — Vamos, Eric. Vamos. Falo com vocês mais tarde.
— O que é isso? — Vaughan se aproximou de Pat, com as sobrancelhas tão
apertadas que quase se tocavam.
— Eu só queria dizer que estou bem com você trabalhando no bar, — disse
Eric. — Está bem pra mim. Isso é tudo que eu vim fazer aqui.
Nell estava na beira da sala, torcendo as mãos, parecendo que fugiria na
primeira oportunidade. Eu abaixei minha taça de vinho. O que quer que estivesse
acontecendo, a festa definitivamente terminara.
— Pat, — disse Vaughan. — Homem?
Pat apenas ficou parado, fumegando. E eu pensei que os raios laser de
Vaughan fossem impressionantes. Ele não tinha nada comparado a Pat. Com o
jeito que Pat estava olhando para Eric, ele deveria ter se transformado em cinzas.
Poeira.
— Não, — avisou Nell, olhos silenciosamente implorando a seu ex. — Não
traga meu irmão para isso.
— Todo mundo sabe. — Com alguns palavrões murmurados, Pat lhe
ofereceu um sorriso amargo. — Você realmente acha que ele não descobriria
eventualmente?
— Descobrir o que?, — Perguntou Vaughan, a voz além de tensa. — Nell?
— Eles foderam, — disse Pat. — Sua irmã e ele. Você acredita nessa merda?
— Que porra é essa? — disse Vaughan, com os olhos enormes quando se
virou para a irmã. — Nell?
— Não olhe para mim assim, Vaughan. Você não estava aqui, você não tem
ideia do que isso tem sido para mim. — Com os punhos apertados contra o
estômago, Nell lutou para manter a calma. — Aconteceu apenas algumas semanas
atrás. Pat e eu estamos separados há mais de um ano. Eu não sou uma traidora.
— Desculpe, — murmurou Vaughan. — Não pretendia acusá-la de nada.
Nell apenas sacudiu a cabeça. — E você ... você estava no maldito Iron Horse
toda noite pegando todas aquelas vadias, não estava, Pat?
A mandíbula dele tremia de raiva.
— Seu bastardo hipócrita. — disse ela.
— Eu não fodi sua amiga, Nell!
— Eu cometi um erro. Fiquei bêbada e cometi um erro. — Novamente, seus
olhos se encheram de lágrimas.
Com a mão estendida, Eric deu um passo à frente. — Pat ...
— Eu não quero ouvir uma única coisa de você. — Sob sua camisa preta
desbotada, os ombros de Pat levantaram. — Nem uma única coisa nunca mais.
Com a boca aberta, Vaughan não parecia saber para onde olhar. Toda a sua
família e amigos se reuniram em torno dele e agora isso. O que deveria ter sido
uma experiência positiva havia atingido a parede.
— Eu confiei em você, — rosnou Pat. — Eu confiei em vocês dois.
— Chega. — disse Vaughan, passando a mão pelos cabelos, obviamente
lutando. — Saia, Eric. Agora.
— Cristo. — Eric abaixou a cabeça, dando uma risada dura. — Eu vim aqui
para acalmar as coisas com você. Para fazermos as pazes. Isso é uma besteira.
— Cara, vamos lá. — Joe agarrou o ombro de Eric, mas ele se livrou do
aperto.
— Besteira? — Pat deu um passo para frente. — Você fode minha esposa e
isso é besteira?
— Você sabe o que eu não entendo, — disse Eric. — Você a largou, cara.
Então, por que você está tão amargo sobre isso? Tem algum arrependimento, Pat?
— Pare com isso. — Nell gemeu, lágrimas escorrendo pelo rosto.
— Ela não era sua esposa, — continuou Eric como se ele não tivesse ouvido.
— Você a ouviu. Vocês dois estão separados há séculos. Não é como se você
estivesse esperando o divórcio passar antes de seguir em frente, não é? Estava mais
para compensar o tempo perdido se você me perguntar.
— Vocês dois idiotas, calem a boca agora, — gritou Vaughan. — Vocês não
vão fazer a minha irmã chorar. Não aqui, não nesta casa.
Com os lábios curvados, Pat olhou para Eric. Nenhum deles se movendo.
Vaughan respirou fundo, procurando visivelmente por calma. — Acho que
seria melhor agora se vocês dois saíssem.
Um som soluçante veio de Nell e ela desviou o rosto, obviamente
perturbada. Curiosamente, a fúria nos olhos de Pat se desvaneceu quando ele a
viu naquele estado. Mas eu não acho que Eric tenha notado, o olhar cruel e o belo
rosto distorcido de raiva ainda estavam lá.
— Você sabe, Pat, eu pensei que você fosse louco por ficar com uma única
mulher todos esses anos, — disse Eric, segurando o rosto para cima. Seu sorriso
era mais de escárnio. — Mas agora eu entendo. Foda-me, se Nell não é o pedaço
mais quente de ...
Com um rugido, Vaughan de repente se lançou no homem. Punhos voaram,
estrondos horrorosos. — Você não fala sobre ela desse jeito!
Pés chutando, vozes gritando, madeira se despedaçando quando a mesa de
café explodiu sob os homens brigando. As coisas se moveram incrivelmente rápido.
Alguém estava gritando. Nell, eu acho. Foi demais para a minha mente embriagada
e desorientada compreender.
Rosie agarrou meu braço, puxando-me o melhor que pôde para a parte de
trás do sofá. Eu me esforcei para continuar. Para chegar a segurança. Os dois
homens eram como um furacão, destruindo tudo em seu caminho. Sangue quente
espirrou no meu rosto, então eu estava de pé, caindo no chão, rastejando para ficar
ao lado de Nell.
Tanto Joe quanto Pat entraram na briga. Eu acho que Joe tentou separar
os homens, mas Pat parecia ter perdido os sentidos. Enquanto tentava acertar um
soco em Eric, ele atingiu o braço de Joe. Joe defendeu seu irmão. Claro que ele
defendeu. O sofá foi empurrado para trás, deslizando em nossa direção. Eu
coloquei minhas mãos para frente, empurrando de volta antes que ele batesse.
Rosie agarrou o braço de Nell, arrastando-a para o corredor.
Porra. Eu nunca vi uma briga antes. Não assim.
Eu queria vomitar. E Vaughan estava lá, preso naquela confusão. O
pensamento dele se machucando me fez querer fazer algo extremo. Deus sabe, ele
se me apoiou mais de uma vez.
— Não, — disse André, me puxando mais para trás antes que eu pudesse
fazer algo estúpido. Provavelmente desnecessário, meus pés estavam presos,
congelados. O resto do meu corpo estava praticamente preso também,
profundamente em choque.
No chão, os quatro homens lutavam. Eu só podia ver sangue e violência,
Vaughan e Eric ainda lutando no chão. No corredor, Nell ficou com ânsias de
vômito. O som e o cheiro me fizeram engolir em seco. Respirei fundo.
O tempo parecia estar confuso. Porque não pareceu muito tempo até eu
ouvir as sirenes enchendo o ar.
— Graças a Deus, — eu disse, cedendo contra Andre.
Seu braço apertou minha cintura, sua cabeça encostou na minha. Não foi
nada sexual. Nós dois precisávamos do conforto.
— Tudo vai ficar bem, — disse ele. — Todos eles são amigos há muito tempo.
Eles vão resolver isso.
— Você realmente acredita nisso?
Ele soltou um suspiro. — Não.
Capítulo Doze
Eu fiquei ao pé da cama de Vaughan, lentamente olhando para o homem
seminu. O luar brilhava pela janela aberta, uma brisa de verão brincava com a
cortina. As coisas que ele fez comigo. Todas as emoções e efeitos de apenas estar
perto dele. Louco. Era louco.
— O que? — Ele perguntou, com voz rouca.
— Só pensando. — Eu sorri.
— Sobre?
— O quão quente você está deitado em sua cama com um saco de feijões
congelados, recheando sua calça jeans para curar suas bolas machucadas.
Um lado de seus lábios rachados e inchados começou a se mover para cima.
Então, parou. — Ow. Obrigado.
— Existe mais alguma coisa que eu possa pegar pra você?
— Não. — Ele deu um tapinha no colchão ao lado dele. — Sente-se comigo
por um tempo?
— Claro. — Eu sentei ao seu lado, tentando não mover muito o colchão e
piorar o seu corpo dolorido. Meio difícil considerando a surra que ele levou.
— Não posso acreditar que Eric me deu uma joelhada na virilha, — ele disse,
parecendo ferido. — Mesmo para ele, isso é baixo.
— Você o atacou primeiro.
— Mm. — Ele suspirou. — Ele não tinha direito de falar sobre Nell daquela
maneira. Eu não me importo com o que aconteceu entre eles ou por quanto tempo
eu estive fora. Ainda sou irmão dela. De jeito nenhum eu poderia ficar parado e
deixá-lo dizer aquele tipo de coisa.
— Entendo que você precisava defender sua irmã.
Ele fez um barulho. Só Deus sabia o que isso significava.
— Eu achei que foi legal o policial Andy não jogar todos vocês na cadeia.
Vaughan bufou. — Ele teria se Nell não estivesse aqui. Babaca. Não posso
acreditar no jeito que ele estava caindo em cima dela.
— Ainda bem que ela pode convencê-lo a ir embora.
Ele me observou com seu único olho bom; o outro estava escondido debaixo
de um saco de gelo. Sombras e protuberâncias marcavam seu lindo rosto e um lado
de suas costelas.
— É melhor eu deixar você dormir um pouco.
— Você está bem? — Ele perguntou.
Eu parei, procurando as palavras certas. A coisa era, não havia nenhuma.
— A luta me assustou, Vaughan. Inferno, isso me apavorou. Você poderia ter sido
gravemente ferido.
— Lydia, — disse ele, então parou. Com vários barulhos de dor, ele se
moveu, abrindo mais espaço. — Deita.
Sem nenhuma graciosidade, fiz o que pediu, tirando os sapatos e me
deitando na cama ao lado dele. De cabeça no travesseiro, eu imediatamente
comecei a bocejar. Tinha que ser três, quatro da manhã pelo menos. Qualquer
burburinho feliz induzido pelo álcool tinha se esgotado horas atrás. Logo o sol
estaria nascendo. Que noite.
— Hey. — Ele ligou meu dedo mindinho com o seu, segurando firme. —
Obrigado por se preocupar comigo.
— Eu estava preocupada com todos vocês.
Uma pausa. — Isso não foi o que você disse.
— Sim, foi.
— Não. Você disse, você poderia ter sido gravemente ferido. — ‘Você’
significa eu. — disse ele, virando a cabeça com cuidado para me encarar.
Eu apenas funguei cansada.
— Você estava preocupada comigo.
— Tanto faz.
Sombras passavam pelo teto, escuras e misteriosas. Do lado de fora, com
exceção de um ocasional inseto excitado, que enviava sua chamada para sexo, o
silêncio reinava. Todos estavam dormindo. Ou pelo menos todos em nosso cantinho
do mundo.
— É por isso que Andre tinha o braço em torno de você, — ele perguntou
do nada. — Porque você estava com medo?
Eu me levantei em um cotovelo. — Você e Eric estavam tentando se matar
e você ainda conseguiu perceber isso?
Sem resposta.
Surpreendente. O homem era simplesmente incrível. Deitei-me de novo e
voltei a olhar para o teto. Minhas costelas pareciam muito pequenas; todos os
órgãos importantes estavam superexcitados. Eu tentei não sorrir, mas falhei.
— Você vai dizer alguma coisa? — Ele perguntou eventualmente.
— Você gosta de mim. — O conhecimento afundou profundamente,
encharcando meus ossos e se estabelecendo. Com isso veio um tipo estranho de
calma, um acerto, mesmo que eu devesse estar enlouquecendo com o quão
transitórios nós éramos. A sensibilidade ditava que eu deveria manter distância. O
sentido queria enfiar a mão em suas calças, enterrar o nariz no pescoço e fazer
alguma coisa acontecer. Agora.
— Nós já cobrimos isso? — Ele deu um aperto no meu mindinho.
— Eu não sei. De alguma forma, parece mais real agora. Ou talvez eu não
estivesse ouvindo direito antes. — Eu sorri. — Ou talvez eu esteja apenas tendo
um momento.
— Você está sempre tendo momentos.
Verdade. — Lide com isso. Se você não tivesse se envolvido na luta,
poderíamos estar nos tornando bíblicos.
Um gemido longo e carregado. — Não fale comigo sobre sexo agora.
— Estou apenas dizendo…
— Bem, não.
— Bem. Eu não vou. — Fechei meus olhos com força, tomei um grande
fôlego e então lentamente deixei sair. Desapontamento. É uma merda. As coisas na
minha barriga que levavam aos meus quadris estavam conscientes de que tinham
sido muito maltratadas.
Completamente negada.
O Natal estava bem ao meu lado, mas eu não podia tocar meu presente por
medo de machucá-lo ainda mais. Eu poderia simplesmente bater em Eric eu
mesma. Bater na cabeça dele algumas vezes com uma bolsa, algo assim. Seria
apropriado.
A mão de Vaughan deslizou sobre a minha. Os calos nos dedos de tocar
guitarra, não eram moles. A pele ali estava mais dura e irregular. Mas eu não me
importei. Ele podia me tocar tanto quanto ele quisesse. Inferno, no humor em que
eu estava, eu me grudaria permanentemente ao lado dele, se eu pudesse me safar
com tal coisa.
— Você ouviu algo do agente imobiliário? — Eu virei minha mão, com a
palma para cima. Tanto melhor para pegar seus dedos com os meus e segurar.
— Ele está trazendo algumas pessoas amanhã. Acho que a sala de estar
bagunçada não vai parecer legal. — Ele xingou baixinho.
— Tudo bem, — eu disse. — Nell, Rosie e eu limpamos o pior da bagunça.
Se eles perguntarem, ele dirá que você é um minimalista que não acredita em ter
muita mobília ou algo assim. Tudo vai ficar bem.
Um suspiro. — Sim. Bem, terá que ficar. Obrigado por ajudar.
— Sem problema. — Eu gentilmente levantei a mão dele para os meus lábios
e beijei, com cuidado para evitar as duas juntas rachadas. — Posso fazer uma
pergunta pessoal?
— Atire. — Ele nem hesitou.
— Qual é o problema com Eric e você? Por que ele reagiu tão mal a você
trabalhando no bar em primeiro lugar?
O gemido estava de volta, mas logo se transformou em riso. O som não era
feliz. — Pensei que você perguntaria sobre isso antes, na verdade. Depois daquela
maldita cena no bar ontem à noite.
— Eu não queria me intrometer.
Sem uma palavra, ele levou minha mão aos lábios e a beijou. Oh Deus. Eu
estava derretendo. Tudo o que eles encontrariam de mim pela manhã seria uma
coisa grudenta e sentimental na cama e seria tudo culpa dele.
— Eu gosto de você, Lydia.
— Também gosto de você, Vaughan. Agora me conte a fofoca.
Sua risada se transformou em um som totalmente mais aceitável. — Eric
estava na banda durante o ensino médio. Ajudou-me a juntá-los, na verdade. Nós
éramos próximos naquela época. Seus pais moravam na mesma rua, nós
praticamente crescemos juntos ...
— O que aconteceu?
— As mesmas coisas que estão acontecendo agora. Ele fodeu com a banda.
Ele estava sempre dando voltas, nunca levando o grupo a sério. Tudo o que ele
tinha que fazer era aprender como acertar a porra da bateria no tempo, mas ele era
capaz de fazer isso? — Ele segurou minha mão em seu peito, coração batendo
contra as costas da minha mão. Parecia forte, bom, como o homem que estava lá
dentro. — De jeito nenhum. Eu o avisei, se ele não melhorasse a atitude, ele não
iria para o oeste conosco depois da formatura. Acho que ele não acreditou em mim.
A hora chegou e eu tive que dizer a ele que ele estava fora. Ele não aceitou bem.
Eu respirei fundo, soprando entre os lábios franzidos. — Inferno. Isso deve
ter sido uma merda. Agora sei por que você estava nervoso em aparecer para
trabalhar no Dive Bar.
— Sim. — Ele não disse mais nada.
Ficamos em silêncio, de mãos dadas, muito lentamente cochilando para
dormir. Apesar da minha mente ocupada, a exaustão me chamou alto e claro.
Lençóis e travesseiros cheirando a Vaughan, o calor de seu corpo bem ao lado do
meu e uma brisa fresca do começo da manhã de verão soprando pela janela. Meu
próprio paraíso pessoal. Deus, eu estava exausta. O peso do meu corpo parecia ter
triplicado e, no entanto, parecia leve como uma pena ao mesmo tempo. Como se
eu pudesse me sentir afundando no colchão e flutuando no éter, presa à terra
apenas pela mão de Vaughan. Eu queria flutuar lá para sempre, tendo bons
sonhos.
Eu me perguntava como Chris e Paul estavam indo, se divertindo no Havaí.
Interessante, o pensamento quase podia passar pelo meu cérebro sem que eu
quisesse entrar em uma fúria e incendiar a merda toda. Quase. O tempo que Chris
e eu passamos juntos, o casamento que nunca existiu, tudo isso meio que caiu
livremente pela minha mente.
Ao meu lado, o peito nu de Vaughan subia e descia em ritmo perfeito. Toda
sua tinta impecável não mais do que um borrão na luz fraca. O olho que eu podia
ver estava fechado, seu pobre rosto maltratado relaxado.
— Eu não amava Chris como deveria, — eu sussurrei. — Acho que eu estava
sozinha e toda a atenção ... Eu não sei, isso foi para a minha cabeça ou algo assim.
Mas não era real.
Ele não se mexeu. Nada mudou. A noite continuou.
Olhei de volta para o teto do seu quarto, meu velho amigo. Foi uma boa
testemunha da minha confissão como qualquer outra. — Em dois dias e meio, acho
que sinceramente sinto mais por você do que jamais senti por ele. É diferente, no
entanto. Eu pensei que sabia exatamente como a vida seria com Chris. O que
faríamos, como estaríamos juntos. Ele se encaixou nesse molde que eu pensei que
queria e entendia, e você não.
Revirei os olhos, gemendo com meu próprio drama. Nada fazia sentido.
Tudo me deixou perplexa. Vaughan Henson tinha minha vagina em um estalar dos
dedos se ele quisesse. Patético, louco e todo o resto. Pendure meu coração triste e
magoado para secar e termine com isso já. Gah
— Eu acho que o que estou tentando dizer é, eu não vou desistir de um
segundo com você por todos os meses de mentira e ser manipulada por ele, por
mais insano que isso pareça. Isso é tudo. O fim.
Lá, estava lá fora, flutuando no universo. A verdade como eu sabia lançada.
Deus, parecia que algum peso gigantesco, algum bastardo grande e
desajeitado havia sido tirado de cima de mim e jogado no abismo. Para baixo e para
baixo na escuridão.
Deixe o novo dia começar e toda a porcaria de ontem pra trás. Eu estava
farta disso. Doeu, me custou e eu tinha acabado com isso. Eu vivi, eu aprendi, etc.
A sabedoria chegou com um preço imenso. Mas eu paguei e agora eu
seguiria em frente.
— Baby, — disse uma voz na escuridão, segurando minha mão.
— Pensei que você tivesse dormido, — eu disse, a voz estranhamente
entupida. Acho que jogar sua merda emocional nas profundezas do espaço
prejudicava suas cavidades nasais. — Você está com dor? Precisa de mim para
pegar algo?
— Não. Apenas fique comigo.
— OK.
Silêncio.
— Você está bêbada?
— Não, — disse, me examinando por dentro e por fora. — Não, acho que
não. Acho que passou o efeito um tempo atrás.
— Certo.
Silêncio.
— Lydia, a banda se separando, eu tendo que voltar aqui ... — Sua
respiração na escuridão soou tão alta, profunda e uniforme. O silêncio quebrado e
meus segredos revelados. Cara, sempre era assim com ele. Eu não podia esconder
nem se eu tentasse.
— Sim. — perguntei, pedindo-lhe para continuar.
— Conhecer você faz isso quase valer a pena.
Quase. Mas sua dor, seus sonhos levaram uma década ou mais do que a
minha para crescer e morrer. Nossas situações não eram as mesmas. Essa era a
verdade.
— Obrigada. — Eu disse, segurando firme em sua mão.
— Vá dormir, baby. Nós vamos lidar com isso amanhã.
— OK.
Capítulo Treze
Os homens eram os mais estranhos.
Fomos estávamos escalados para trabalhar do meio-dia às nove no dia
seguinte. Assim que entramos no Dive Bar, Vaughan tão casualmente foi para atrás
do bar, caminhando ao lado de Eric, que estava conversando com seu irmão, Joe.
Foi ridículo. Cinco rodadas com Godzilla não poderiam ter feito os três homens
mais bonitos. Lábios machucados, olhos negros, maçãs do rosto esfoladas, eles
tinham tudo. Noventa e nove por cento de seus rostos estavam de cor preta e azul.
Os homens todos se entreolharam... e nada.
Absolutamente nada.
Eles fizeram a coisa viril do queixo e começaram a trabalhar. Se a luta
tivesse sido entre mulheres, tenho certeza que as hostilidades teriam durado
meses. O que serve para provar meu ponto de vista sobre as mulheres serem as
espécies superiores e ter mais compromisso com as coisas em geral. Nós ficamos.
Hoje, as lousas penduradas nas paredes do Dive Bar estavam todas com
informações sobre tacos. As opções do cardápio eram sempre baseadas no que quer
que Nell estivesse com vontade de cozinhar. Alguns pratos eram sempre oferecidos,
como bife, massa com queijo, mini burgers e batatas fritas cobertas com todas as
coisas boas que você poderia imaginar. Coisas assim. Mas fora isso, o que poderia
estar disponível era um constante mistério gastronômico.
Tenho que admirar uma mulher que respeita a Terça-feira do Tacos13, no
entanto.
13Taco Tuesday (Terça-feira dos Tacos) é costume em muitas cidades dos Estados Unidos as
pessoas saírem nas noites de terça-feira para comer tacos ou, em alguns casos, pratos da comida
Rabiscadas nos quadros havia as opções de tiras de carne, frango com limão
e chilli, camarão picante e batata-doce assada com feijão preto. Yum. Eu estava
ficando louca apenas com o cheiro. O Dive Bar estava rapidamente se tornando
meu lugar feliz.
Enchi minha bandeja com uma combinação de margaritas, um par de
coronas e uma dose de tequila Herradura com uma fatia de limão ao lado.
— Tudo bem? — perguntou Vaughan.
— Tudo bem. — Eu olhei entre ele e Joe, sorrindo um pouco. — Como vai
o clube da luta, rapazes?
— Não posso falar sobre isso. — Resmungou Joe.
Eu ri e levantei minha bandeja, indo servir um grupo de casais mais velhos.
Eles estavam em sua segunda rodada de bebidas - sorrindo, relaxando e
simplesmente se divertindo.
— Você estava certa sobre o camarão, — disse uma mulher. — É
definitivamente arrebatador. Mas o frango é incrível.
— É ótimo, né? — Entreguei a ela uma das Coronas enquanto seu parceiro
se ocupava em beber a margarita. — Eu gostaria de poder cozinhar tão bem quanto
Nell. Não sei colocar leite no cereal sem queimá-lo.
— Ha! Nós duas.
Eu sorri abertamente. — Posso servi-los em algo mais?
Eles responderam com um coro de não e agora não.
Com um aceno de cabeça, saí para verificar minhas outras mesas. A corrida
do almoço havia diminuído e nós nos mudamos para a fase do ficar curtindo e
bebendo da parte da tarde. Em uma mesa, um cara lia um livro com café e bolo na
frente dele, e em outra, um grupo de garotas da minha idade fofocava e ria com
muitas taças de vinho.
— Até mais. — Joe passou por mim, com as mãos nos bolsos, saindo para
a rua. Ele terminou o dia.
— Tchau.
Apesar da festança transformada em caos da noite passada, hoje estava se
tornando um bom dia.
… E falei cedo demais. — Oi, Betsy.
mexicana servidos em uma tortilla. Os restaurantes costumam cobrar preços especiais para esses
pratos.
— Liddy. — A recepcionista da imobiliária dos Delaney zombou mais do
que sorriu, olhando-me sem a mais vaga satisfação em me ver. — Meu, como os
poderosos caíram.
— Mm. Eu não vejo assim.
— Bom para você. — Oh, a falta de sinceridade em suas palavras.
A mulher tinha mais ou menos a minha idade. Muito mais country clube
do que eu jamais seria. Quando eu costumava trabalhar com ela, tinha passado
pela minha cabeça uma ou duas vezes que ela e Chris teriam feito um excelente
casal. Eu podia imaginá-los posando com suéteres de Natal combinando e merda,
vestindo roupas de linho branco. Eles se encaixavam. Felizmente para Betsy, ela
esteve na cidade muito mais do que eu e deveria estar por dentro de todo o segredo
“Chris é gay”. Embora eu duvido que isso a teria impedido de pegar o nome ou o
dinheiro dele, se ele estivesse interessado. Talvez o nível da administração tenha
sido muito baixo para Chris ir.
Quem sabia? E, no final das contas, eu não me importava. Sim, meu nível
dar alguma merda para isso definitivamente caiu. Vá por mim.
— Sobre o que você está sorrindo? — A mulher retrucou, provavelmente
consternada pela minha falta de irritação.
— O que posso fazer por você, Betsy?
Ela fungou, a cabeça pulando tão longe que foi uma maravilha ela não ter
ficado com torcicolo. — Sr. Delaney me pediu para entregar isso para você.
Um envelope grande foi empurrado para mim. — Obrigada.
— Não mencione isso. Qualquer coisa que te faça sumir. Bem, tenho de ir.
Alguns de nós têm um trabalho realmente importante a fazer. — Outra rodada de
fungadas e fazendo o melhor para me olhar com desprezo. O que quer que a fizesse
feliz. — Ouvi dizer que você está morando com o vizinho, algum fracassado
aspirante a músico.
— Você ouviu?
— Um pouco baixo, mesmo para você.
Pela minha vida, eu não conseguia me lembrar o que eu tinha feito para
irritar tanto a garota durante meus quatro meses na agência. Nossas interações
sempre foram educadas, até mesmo amigáveis. Eu não precisava ser amada
universalmente. Mas se eu fosse completamente odiada por alguém, eu deveria
saber o porquê.
Talvez ela fosse apenas Team Delaney da cabeça aos pés. Bom para ela.
— É ele? — Perguntou ela, apontando para o bar.
— Sim. — Ele domara a bagunça habitual de seu cabelo vermelho-dourado
em um estilo de penteado à moda antiga. Com o qual ele arrasou. E a largura de
seus ombros esticava sua camiseta preta simples só um pouquinho. Deus, seu
pobre rosto, todo cinza, preto e azul. Pelo menos ele não estava muito ferido. Algo
sobre a tatuagem em seu pescoço funcionava para mim. Eu queria beijá-la e lambê-
la e fazer todo tipo de coisa. Coisas que exigem uma classificação adulta.
— Eu não posso te dizer o quão maravilhoso ele é, — eu disse, sem me
preocupar em encará-la. Minha vista estava boa demais. — Vaughan é… ele é
incrível. E não é apenas o corpo quente e toda a sua vibração de roqueiro tatuado.
Porque deixe-me dizer, na maioria das vezes o homem é um gato total. O cara mais
doce que eu já conheci. Fiel e solidário, de mente aberta, totalmente confiável. Nós
podemos conversar por horas sobre nada, apenas ficando juntos. Ele tem seus
momentos irritados, mas ei ... não temos todos? Sem mencionar que ele é sexy
como o inferno. Eu sou uma dama para discutir o que ele tem em suas calças, ou
como ele pode me fazer sentir, mesmo sem trazer isso para o jogo. Mas quando o
cara pode acendê-la com apenas um beijo, sem sequer usar a língua, você sabe
que está fazendo uma coisa boa. Sabe o que quero dizer, B?
Betsy olhou para mim de boca aberta. Tenho quase certeza de que inseto
entrou nela. Opa.
— De qualquer forma, — eu disse. — É melhor eu voltar ao trabalho. Eu
mencionei o quanto estou gostando de ser garçonete novamente? É diferente
quando seus amigos estão envolvidos e você está realmente envolvida no negócio
emocionalmente. Quando você realmente acredita na qualidade do produto, sabe?
Todos trabalhando juntos para conseguir a mesma coisa. Nenhuma das besteiras
de ser um tubarão, constantemente tentando superar todos os outros e obter os
melhores números de vendas. Além disso, você deve ver as sobras que eu tenho
para levar para casa. Nell é verdadeiramente a chef mais talentosa.
E ainda, ela só olhava.
— De qualquer forma. Você não disse que tinha que ir
— Você é ridícula. Uma piada completa. — ela cuspiu, girando nos
calcanhares e saindo em disparada. Senhor. E os saltos dela eram uns bons dez
centímetros. Essa era uma habilidade impressionante.
— Tchau!
— Você está bem? — Uma voz profunda e familiar me perguntou por trás.
— Sim. Quer sair comigo esta noite depois do trabalho, Vaughan?
Primeiro, um puxão suave no meu rabo de cavalo, então seus lábios
roçaram minha orelha. Cristo, eu gostei disso. Arrepios correram pela minha
espinha. Era tudo que eu podia fazer para não dar um gemido de garota feliz.
— Você está me convidando para sair, Lydia?
— Sim, — eu disse. — Estou."
— Baby, eu adoraria. — Sua mão subiu para a parte de trás do meu
pescoço, acariciando, me puxando para mais perto. Caramba, ele tinha os
movimentos certos. O homem transformou a minha mente em mingau.
— Há algo que você precisa saber, — disse ele. — Antes de hoje à noite.
— O que é?
— Eu sou dos que transam no primeiro encontro, — ele me disse com um
rosto perfeitamente sério. — Tudo bem pra você?
— Oh, eu estou contando com isso. — Meu rosto pode ter ficado em
chamas, mas então o resto do meu corpo já ardia. — Quero dizer… teria sido tão
estranho se você esperasse que eu te respeitasse por sua mente ou algo assim.
Caramba, que vergonha. Entre você e eu, estou realmente interessada apenas em
entrar em suas calças.
O canto da boca dele se contraiu.
— Tenho certeza que você é um cara legal e tudo, mas prioridades, você
sabe?
— Eu sei. — O sorriso do homem teria feito uma freira pensar duas vezes.
Eu nunca tive uma chance. A maneira como iluminava seus olhos parecia mais
mágica do que biologia. — Tudo bem então.
— Estamos combinados?
— Estamos.
Nenhuma chance de conter meu sorriso. — Até hoje à noite, Sr. Hewson.
Estava parada de braços cruzados olhando para Vaughan enquanto ele
voltava para o bar quando o estranho se aproximou. No fundo do meu cérebro
todos os tipos de coisas estavam acontecendo. Coisas relacionadas ao trabalho. Eu
juro. Mais ou menos.
— Com licença? — Um jovem asiático bem vestido com um bigode moderno
me exibiu um sorriso amigável. — Senhorita Green?
Todos os pensamentos felizes fugiram quando eu voltei minha atenção.
— Lydia Green?
— Quem está perguntando? — Respondi com meu melhor sorriso falso.
Ele puxou um cartão de visita do bolso da camisa, apresentando-o para
mim com um floreio. — Brett Chen. Eu sou um repórter freelancer. Eu queria saber
se poderíamos falar sobre a sua recente separação de Christopher Delaney e o
casamento que você abandonou no último final de semana.
— Não, obrigada. — Segurei seu cartão de volta para ele.
Ele ignorou. — Como você sabe, os Delaney e sua agência imobiliária são
bem conhecidos em toda a área e têm fortes conexões com algumas figuras políticas
importantes. Mas acredito que uma história sensacional como a sua poderia ter
um alcance muito mais amplo. Um nacional, se não internacional.
— Uau. A oportunidade de ter estranhos em todo o mundo enfiando o nariz
no meu negócio. — Acenei o cartão de visitas sob o nariz dele, ficando impaciente.
— Não.
— O dinheiro envolvido pode ser grande, Lydia.
— Não. Novamente.
Frustração franziu sua testa. — Como eu disse ao Sr. Ray Delaney,
continuarei com minha matéria com ou sem a sua cooperação. Mas eu prefiro
muito que seja com.
Eu amassei o cartão de visita do idiota e fiquei voltada para o balcão.
— O relatório da polícia afirma que você bateu no Sr. Christopher Delaney.
Gostaria de comentar sobre isso?
— Não. — Atrás do balcão havia uma lixeira e o cartão do jornalista estava
dentro. Eu respirei fundo, evitando os olhos dele. — Por favor saia. Eu não
responderei suas perguntas.
— Múltiplas fontes confirmaram que Chris Delaney está atualmente no
Havaí com seu padrinho, Paul Mueller. — Chen me encarou do outro lado do
balcão, sem ir a lugar nenhum, aparentemente. Droga. — Tem havido muita
especulação de que Mueller e Delaney são, de fato, amantes secretos. É essa a
razão pela qual você se recusou em seguir com o casamento?
— Sem comentários.
— Por que você não está mais empregada na Delaney Imo ...
— Não. — Segurei na borda do balcão, unhas pressionando a madeira velha.
Do outro lado da sala, Vaughan atendia um cliente. Eu não conseguia ouvir
ninguém na cozinha atrás de mim. Mas também não queria começar a gritar por
ajuda, causando problemas para Nell. Esse cara tinha que desistir e ir embora,
eventualmente, sem eu ter que gritar e perturbar nossos clientes. Ele tinha que ir.
— Lydia, é verdade que houve um vídeo de ...
— Não.
— Que porra é essa? — Eric ficou ao lado do repórter, seu rosto machucado
forrado de aborrecimento. — Quem é Você? Não, não responda isso. Eu não quero
saber. Apenas saia.
A boca do Sr. Chen abriu, seus olhos subitamente ansiosos. — Mas se eu
pudesse ter um minuto com a Srta. Green.
— Srta. Green claramente não quer nada com o que você está vendendo.
Saia
— Mas-
— A gerência reserva-se o direito de recusar a entrada de qualquer pessoa
nas instalações da empresa. A partir deste momento, é você, — disse Eric, indo de
igual para igual com o homem. E ganhando. — Você está assediando um membro
da minha equipe. Saia agora ou serei forçado a remover você.
— Me ligue, Lydia, — disse ele, batendo outro cartão de visita. —
Oportunidades como essa só acontecem uma vez na vida.
— Saia daqui. — Rosnou Eric.
Com um último olhar cobiçoso em minha direção, o repórter fez o que Eric
lhe disse.
Droga. Queixo afundado tentei acalmar minha respiração e meu
temperamento. Que bastardo. Uma história chamando a atenção para todo o
maldito desastre era a última coisa que eu precisava.
— Você está bem? — Perguntou Eric, contornando o balcão.
— Sim. Obrigada. Eu poderia ter me livrado dele sozinha, só não queria
causar uma cena.
Um aceno de cabeça.
— O que foi isso? — Vaughan se aproximou de nós. — Baby, quem era esse
cara?
— Algum repórter. — Eu peguei o segundo cartão que ele deixou, deixando-
o se juntar ao primeiro no lixo. — Não importa. Eric se livrou dele. Obrigada
novamente por isso.
— Obrigado, cara. — disse Vaughan.
Eric assentiu, voltando para a cozinha.
— Hey. — Seu dedo se enrolou sob o meu queixo, levantando-o
suavemente. — OK?
— Apenas com raiva. — Cruzei meus braços, pressionando meus lábios
firmemente juntos. — Oportunidades como essa só acontecem uma vez na vida.
Como se eu fosse agradecer que o cara com quem estava prestes a casar fosse um
homossexual enrustido e me usando. Foi muito divertido descobrir a primeira vez,
vamos passar por isso novamente! Idiota.
Ele me deu um pequeno sorriso.
Eu gemi. — Às vezes parece que nunca vou colocar isso no passado.
— Só aconteceu no sábado. — Ele arrastou os dedos sobre a minha
bochecha, sorrindo mais amplamente. — Hoje é terça-feira. Essa merda vai ficar
para trás, só vai demorar um pouco mais. Três ou quatro dias ... não é muito
tempo.
Eu o destruí com meu melhor olhar mortal. — Pare de ser razoável,
Vaughan. Quem te perguntou?
Ele suspirou, depois deu a volta no balcão e deu um beijo no topo da minha
cabeça. Eu me inclinei para ele, tomando muito mais conforto em sua presença do
que deveria. Logo ele não estaria lá. Eu precisava aprender a ficar sozinha. Lidar
com a minha própria porcaria. Mas gah. Logo era logo o suficiente para ficar
sozinha.
— Esqueça esse idiota, — disse ele, esfregando minhas costas, beijando
minha bochecha. — Pense no que te faz feliz, como o nosso encontro hoje à noite
ou algo assim.
— OK.
— É melhor eu voltar para lá.
— Obrigada. — Minha mão de alguma forma conseguiu curvar-se sobre
sua bunda quando ele se virou. Pode ter havido um aperto sutil envolvido. Como
uma garota poderia ser responsabilizada pelo o que seus dedos faziam. Por favor.
— Eu senti isso.
— Eu não sei do que você está falando.
— Mais tarde. — Foi tudo o que ele disse.
Mais tarde.
Eu não poderia esperar.
Capítulo Quatorze
Mais tarde, acabou por ser mais perto da meia-noite do que nove horas da
noite.
O bebê de Rosie pegou um resfriado, então ela não pôde vir trabalhar. Nell
também não estava se sentindo fantástica e teve que ser mandada para casa,
deixando Boyd para lidar sozinho com a cozinha. Além disso, vários grandes grupos
apareceram sem uma reserva, e nós estávamos lotados.
Eric se revezou servindo mesas e ajudando Vaughan a dar conta dos
pedidos atrás do bar. Quando terminamos de limpar, eu estava morta de cansaço.
Mas lutando por tudo que valia a pena.
— Como você está? — perguntou Vaughan, acelerando o motor do
Mustang. — Ainda quer ir nesse encontro?
— Mais do que qualquer coisa.
— O que você está pensando? — Ele dirigiu lentamente pelo escuro. Nós
éramos praticamente o único veículo à vista.
— Eu quero a experiência completa de sedução Vaughan Hewson de Coeur
d'Alene, por favor.
— Sério? — Curiosidade acendeu seus olhos.
— Sim. — Eu liguei meus dedos, esticando meus braços para baixo na
minha frente. Todos os músculos dos meus ombros e costas estavam em estado de
profunda irritação. Não podia culpá-los. — Assim como sua irmã te provocou no
outro dia. Eu quero ser levada para algum lugar isolado perto do lago, e que você
toque pra mim melodias emo.
Ele riu.
— O que acontece depois disso?
— Ah. — Ele esfregou o queixo. — Eu te desafio a ir nadar pelada.
— Faz sentido.
— Depois disso, nós fodemos na praia. Às vezes essa parte pode ser
apressada. Depende de quão mal estão os insetos.
— Ai.
— Pode apostar. — Ele me deu um rápido sorriso antes de voltar seu olhar
para a estrada. — Difícil realmente aproveitar as coisas quando os mosquitos estão
fazendo uma refeição de sua bunda.
Bufei. — Posso ver como isso seria difícil.
— Hmm. Então eu geralmente corria para levar a garota para casa antes do
toque de recolher. Às vezes a ajudava a subir em uma janela ou qualquer outra
coisa.
— Romântico.
— Eu sempre achei que sim, — ele pensou, com o rosto nas sombras. —
Nunca recebi reclamações.
O mundo parecia vazio, pacífico. Continuamos com nenhum tráfego.
Entramos na garagem do bangalô e Vaughan desligou o motor. Por um momento
ficamos sentados em silêncio.
— A coisa é, eu não tenho mais dezoito anos. — Ele virou a cabeça, me
observando no quase escuro enquanto eu o observava. — Quero algo melhor para
você. Eu posso fazer melhor.
Sem outra palavra, ele abriu a porta e saiu. Eu sentei, observando-o andar
para abrir a porta do passageiro e me oferecer uma mão. Pelo visto o cavalheirismo
não morreu.
— Obrigada. — Eu saí, levando minha bolsa comigo. O envelope grande
que Betsy tinha entregado ainda não tinha sido aberto. Alguns trabalhos
precisavam de tempo e espaço. Eu tenho pressentimento de que ler o acordo dos
Delaney seria um desses.
Em vez de soltar minha mão, ele me levou pelo gramado e subiu os degraus
da frente. Pensar que apenas três dias atrás, eu estava aqui, ouvindo Samantha
me insultar, enquanto Ray conversava com seu advogado ao telefone. Incrível o
quão rápido as coisas podem mudar. Nos últimos dias, Vaughan estivera ocupado,
cortando a grama e cuidando do matagal que cresceu no jardim da frente,
preparando o lugar para colocá-lo à venda. Sob o luar, tudo parecia ainda mais
bonito, cada borda se suavizava, a velha casa era uma coisa mágica. O prazer de
um amante.
As chaves tilintaram então a porta da frente se abriu e nós entramos. Ele
não acendeu nenhuma luz. A porta se fechou e ele me pressionou contra ela, o
sorriso em seus lábios apenas visível. — Sei que você me chamou para um
encontro, mas você se importa se eu assumir?
— Depende. O que você tem em mente?
— Você tem que saber?
— Sim. — eu disse.
— Maníaca pro controle. — Ele riu suavemente, aliviando-me da minha
bolsa e abaixando-a no chão.
— Desisti do controle para Chris. Não funcionou muito bem.
— Eu sei. — Ele exalou duro. — Mas não sou esse pedaço de merda. Nunca
fiz nada deliberadamente para machucá-la ou humilhá-la.
Meus dedos flexionaram, apertando ele em ambas as mãos. Um sinal óbvio
da onda de emoções surgindo através de mim, da intensidade de suas palavras, a
sinceridade em seus olhos. Medo, luxúria e tudo mais me inundou.
Eu tentei me acalmar. Sexo casual com um amigo, nada mais, nada menos.
Apenas arranhar uma coceira.
Sim. Certo.
— Você está bem? — Ele perguntou.
— Sim. Eu só... — Eu lambi meus lábios. — Estou bem.
Ele não disse nada.
Fazia meses desde que Chris tentou me tocar de verdade e não terminou
bem para ninguém. Sexo antes dele tinha sido com um namorado de longa data na
faculdade (que conseguiu um emprego na Groenlândia depois da formatura)
seguido por muitas ficadas. Alguns yay, alguns blah. Igual a todos os outros,
imagino. Este era apenas mais um. Sem precisar de grande paixão para unir as
partes íntimas, exigindo poesia, luz ambiente e música clássica. Declarações de
compromisso não requeridas. Sexo divertido. Fim.
— Sempre podemos fazer isso outra hora, — disse ele, recuando um pouco.
— Esse foi um longo dia, eu...
— Não, — eu soltei, sem parecer totalmente desesperada.
— Não? Tem certeza?
Eu soltei suas mãos, agarrando sua camiseta, segurando-a como se minha
vida estivesse em risco. Ou pelo menos minha vida sexual. Ele era meu, no
momento, e eu não iria desistir disso.
— Baby?
— Eu quero você.
— Eu também quero você. — ele disse, gemendo quando eu me pressionei
contra ele. Ele era tão bom, forte e robusto. Além disso, o homem cheirava muito
bem.
Se ao menos eu pudesse me imprimir em sua pele, me esconder em seus
braços por um bom tempo até que as coisas parecessem seguras novamente. Em
vez disso, eu achatei meus seios contra o peito dele, envolvi meus braços em volta
do seu pescoço, chegando o mais perto que pude. O restolho da barba dele
gentilmente arranhou meu rosto e seus dedos cavaram minha bunda, me
segurando mais perto, me encorajando ainda mais.
— Eu realmente quero você, — eu disse. — Mais tarde não. Agora.
— Porra. Lydia.
Eu sabia exatamente o que ele queria dizer.
— Sua pele é tão pálida. — Sua voz fez o cascalho parecer suave. — Como
você se sente sobre mordida?
Eu pisquei surpresa, me afastando para poder ver o rosto dele. — Mordida?
— Sim.
— Hum. Eu nunca tentei isso.
— Apenas pequenas mordidas. Beliscadas, nada para te machucar, juro.
Eu vou me comportar.
— Oo-que é o que você gosta?
— Eu gosto de você. — Ele se inclinou mais perto, quase trazendo nossas
bocas juntas. — A pergunta é, você gosta de mim?
— Você é minha pessoa favorita no planeta. — Eu disse a ele honestamente.
— Eu sou?
— Sim. — Eu olhei para ele, seus olhos e boca ambos tão fascinantes. Meu
coração disparou e o ar ficou rarefeito, cada centímetro da minha pele ficou elétrica.
Eu estava mais do que viva e além de acordada, apesar do dia excessivamente
longo. O desejo é uma doença. Isso me tomou completamente.
— Obrigado, baby. Eu também gosto muito de você.
— Não apenas dos meus seios?
Ele deu uma risadinha, malvada e indecente. O calor inchou para níveis
alarmantes no meu peito. Meu coração precisava se acalmar. Minhas entranhas
pareciam prontas para explodir em combustão espontânea. O homem tinha
começado um fogo na minha calcinha que só ele poderia apagar.
E pensar que, se eu tivesse me casado com Chris, nunca mais teria isso de
novo. Ver minhas necessidades refletidas em outra pessoa, estar tão em sintonia
com outro ser humano. Surpreendente. Eu poderia ter passado toda a minha vida
fazendo sexo mediano com alguém que realmente não gostava disso, e tudo por
causa de segurança. Para ter uma casa.
— O que você está pensando? — As mãos de Vaughan deslizaram sobre os
meus braços, me soltando dele, me afastando.
— Nada.
— Tente novamente.
Eu gemi, meu rosto brilhando. — Estou muito grata por ter esse tempo com
você. Pensei que minha vida estava arruinada, que eu tinha feito todas as escolhas
ruins e estragado tudo. Mas estando aqui com você, as coisas parecem muito longe
de estarem ruins.
— Bom. — Ele beijou minha testa, sorriu. — Deixe-me te contar uma
história.
— Agora?
— Sim. Agora mesmo. — Então ele se abaixou sobre um joelho, pegou um
dos meus pés e tirou o salto preto muito modesto que eu estava usando o dia todo.
Excelente, meu chulé o derrubaria. Muito sexy.
— Quando eu tinha quinze anos, comecei a ver uma garota que era alguns
anos mais velha do que eu, uma veterana. — Ele calmamente colocou meu sapato
de lado e pegou meu outro pé, expondo-o também. Cabelo deslizou para a frente,
escondendo seu rosto, e ele o empurrou de volta quando se levantou. — Ela era
uma líder de torcida. Tinha muito mais experiência do que eu, o que não era difícil,
porque eu não tinha nenhuma.
— Ela foi sua primeira?
— Ela foi. — Dedos trabalharam no botão na minha calça, e no zíper. O ar
da noite mais frio atingiu minha pele exposta, dando arrepios. Embora
provavelmente fosse apenas ele. Mãos quentes deslizaram sobre meus quadris
enquanto ele abaixava o material. Descendo por minhas coxas, descendo até que
elas estavam no chão e eu fiquei lá com uma calcinha de renda preta não tão
modesta.
Você nunca poderia dizer quando a roupa íntima sofisticada seria
necessária. Melhor estar preparada.
Eu saí da minha calça de trabalho, empurrando-a de lado com o dedo do
pé. — E?
— E eu tive problemas em atender suas expectativas. — Ele acariciou meu
pescoço, correndo os dedos ao redor do decote da minha camiseta de trabalho. —
Continuava superexcitado e gozando cedo demais.
Eu sorri abertamente.
— Ela gostava de mim, mas ah ... ela estava começando a ficar um pouco
irritada com isso. — Um dedo vagou, desenhando uma linha no meio do meu sutiã,
pressionando entre a divisão entre os meus seios. É claro que ele tinha a atenção
total dos meus mamilos. Inferno, ele tinha toda a atenção do meu corpo, além do
meu cérebro. Estava nadando com hormônios felizes, me afogando neles.
— Huh. — Eu disse, porque sou um gênio intelectual desse jeito.
— Não que eu não terminasse com ela. Ela me mostrou como lhe dar um
orgasmo com a mão, me disse como usar minha boca. — Ele segurou a bainha da
minha camiseta, a parte de trás de seus dedos deslizando sobre o meu estômago,
brincando comigo.
Meu interior caiu e retorceu. Minha calcinha estava molhada.
— Agora que penso nisso, ela era seriamente mandona. Mas aprendi muito.
Subiu minha camiseta, expondo meu sutiã de renda correspondente. Então
a jogou longe, voando para a escuridão.
— Cristo, — disse ele.
De repente, uma luz repentina inundou a sala, me cegando. Padrões
brilhantes dançaram diante dos meus olhos, me fazendo piscar como uma louca.
— Desculpa. Eu precisava ver. — As mãos grandes de Vaughan deslizaram
por cima das minhas costelas, parando sob a faixa do meu sutiã. Seus olhos eram
tão grandes quanto ... bem, meus peitos.
— OK. Você já viu agora. — Eu me atrapalhei com a mão ao longo da
parede, tentando sentir o interruptor de luz. A escuridão era boa. Por que, escondia
todo tipo de coisas. A protuberância da minha barriga e as covinhas nas minhas
coxas grossas. A escuridão e eu éramos grandes amigas.
— Vai ficar acesa.
— Mas a atmosfera!
— Baby. — Ele pegou minha mão, beijando meus dedos. — Vai ficar acesa.
— Fale sobre ser mandão. — Eu resmunguei.
Ele me nivelou com um olhar. Ou ele tentou.
— É só que eu ficaria mais confortável
Antes que eu pudesse terminar o pensamento, ele tirou a camisa, deixando-
a cair no chão. Em seguida, seus pés ficaram ocupados tirando os sapatos
enquanto ele rasgava os botões do jeans. Com uma mão pressionada contra a
parede para se equilibrar, suas meias se foram, e então também suas calças.
Senhor, o homem estava diante de mim com não mais do que uma confortável
cueca boxer azul, que felizmente deixava pouco para a imaginação. Ele era tão
lindo. Quando se tratava de Vaughan Hewson, as palavras eram insuficientes. Eu
poderia passar o dia todo tentando descrever cada curva e plano, cada músculo
sutilmente delineado. Seu corpo longo e magro era pura poesia. Poesia ou pornô,
talvez ambos. Meu cérebro e vagina ainda estavam em guerra por causa disso.
— Isso foi rápido. — Eu disse.
— Agora estamos ambos quase nus. Sente-se melhor?
Dei de ombros, meu olhar ganancioso percorrendo seu corpo. Eu na luz,
não parecia algo muito feliz. Mas ele na luz parecia uma porra incrível. Estranho
como cada pedaço de umidade evaporou da minha boca aberta. Apesar de que,
para ser justa, a umidade era desesperadamente exigida em outro lugar.
— Lydia, — ele protestou, indo tão longe a ponto de parecer como se
estivesse contendo uma criança.
— O que?
Mais uma vez, ele caiu de joelhos. Sua cabeça quase, mas não exatamente,
nivelada com meus seios. Lábios em uma linha não pressionada, ele olhou para o
meu estômago. Justo. Minha barriga não fazia muito por mim também. Não que
eu me proibisse do cheesecake e começasse a correr. Não vamos ficar malucos.
Em vez de expressar preocupação com relação ao meu Índice de Massa
Corporal ou algo assim, ele arrancou as mãos que cobriam meu estômago,
mantendo-as em cativeiro com as suas próprias.
— Não faça isso, — ele disse baixinho. — Você é linda. Cada pedaço de você.
Oh.
Seus lábios colocaram beijos macios no meu estomago, sua língua se
esgueirando e passando sobre o meu umbigo. Eu ofeguei, sugando-me o máximo
que pude.
— Cócegas, — eu disse quando ele me deu outro olhar.
Um breve sorriso.
— Você vai terminar sua história? — Qualquer coisa para distraí-lo dos
problemas do meu corpo era uma coisa boa.
— Sim. — Ele ficou de pé mais uma vez, esfregando os dedos sobre as
palmas das mãos. — Onde eu estava?
— Ela começando a ficar um pouco irritada. Eu, seios.
— Claro. — Com uma mão por baixo de cada um, ele tomou seu peso,
levantando-os gentilmente. — Porra.
Eu não tinha nada.
— Acho que eu deveria apenas segui-la todo o dia, segurando seus seios
assim. — Ele acariciou meu pescoço, o lado do meu rosto. E o tempo todo suas
mãos trabalhavam, massageando levemente, polegares brincando com meus
mamilos. — Você nunca vai precisar de um sutiã novamente.
— Isso deve funcionar bem. — Ficou mais difícil respirar por algum motivo.
Como se meus pulmões estivessem indispostos ou fora de ordem.
— Eu acho que sim. — Ele gemeu, pressionando seu pau no meu quadril.
Grande, duro, definitivamente excitado. E senhor, eu também. Ao senti-lo, tudo em
mim ficou nuclear. Luzes vermelhas piscando, sirenes soando. O jeito que ele
estava me tocando, pressionando-se contra mim. A maravilha em seus olhos e
admiração em suas palavras. Era demais, mas eu nunca quis que isso acabasse.
Meu corpo todo ardeu com intensidade. Eu poderia iluminar uma cidade. Nada
mais existia além dele e de mim.
— Não consigo parar de tocar em você. — disse ele.
— Por favor, não pare.
— Por que diabos não fizemos isso antes. — Ele sussurrou em meu ouvido,
respirando pesado.
— Porque somos idiotas?
Um riso dolorido. Então, ele beliscou meu pescoço, a dor uma coisa
surpreendente. Mas seus lábios sugando, lambendo e tirando a leve dor foi tão
doce. Eu fiquei na ponta dos pés, tentando escapar de sua boca ansiosa, ainda
mantendo um aperto de morte em seus braços, caso ele tentasse ir a qualquer
lugar.
Foda-me. A confusão dominou minha mente. Havia muitas sensações, tanto
agudas quanto doces. Lábios firmes e uma língua perversa. As lambidas ficaram
mais longas, mais lentas, enquanto ele arrastava a sua língua pelo meu pescoço.
Beijos leves suavizaram minha mandíbula, a borda dos meus lábios.
— Viu? Não é tão ruim, — ele murmurou, esfregando o nariz contra a minha
bochecha. Deus, eu gostaria que ele se aproximasse. Dentro de mim seria bom.
— Não. Não é tão ruim.
— Mm.
Eu coloquei meus pés de volta no chão, passei meus braços em volta do seu
pescoço. Seu cabelo era melhor que o meu. Suave e sedoso. Aposto que o homem
só lavava ele com sabão ou algo assim. Quão injusto era isso?
— Você tem camisinha com você? — Eu disse, enfiando meus dedos por
seus cabelos, acariciando a parte de trás do seu pescoço, tocando o máximo
possível do homem.
— Eu saí e comprei uma caixa durante o meu intervalo. Uma grande. Eu fiz
um estoque só para você.
— Excelente.
Suas mãos escorregaram pelas minhas costas, brincando com alguma
coisa. Então o peso dos meus seios mudou, as tiras do meu sutiã afrouxaram. —
Então ... minha história.
— Sim? — Como ele esperava que eu me concentrasse em qualquer coisa,
eu não tenho ideia.
— Eu continuei gozando cedo demais e isso estava irritando-a.
— Compreensível, — eu disse. — Posso dizer rapidamente o quanto estou
gostando de ouvir sobre uma de suas ex-namoradas agora?
Desta vez ele beliscou onde meu pescoço e ombro se juntavam, mordendo
com mais força, segurando por mais tempo. Quando ele aliviou a ferida, ele abriu
os lábios, chupando uma área maior, puxando com força. Mãos espalhadas pelas
minhas costas, ele me segurou contra ele, não deixando espaço entre nós. O sangue
correu através de mim, rápido atrás das minhas orelhas. Meus nervos dispararam,
meio no céu, meio no inferno. Tudo de mim confuso como merda.
O homem era parte vampiro e eu tinha a pior sensação de que eu gostava
disso. Muito.
— Essa vai deixar uma marca. — ele relatou com naturalidade. Como se ele
não tivesse sido afetado. Como se o seu pênis não estivesse cutucando meu
estômago, duro como pedra.
Uma resposta esperta teria que esperar, no entanto. Eu estava muito
ocupada apenas respirando.
Vaughan recuou, procurando em meu rosto por algo. Quando ele não
encontrou o que quer que fosse, ele deslizou a mão entre as minhas pernas. Ele
puxou minha calcinha e deslizou um dedo cuidadosamente em mim. Embora não
houvesse nenhuma necessidade de ser cuidadoso. Fábricas de lubrificantes teriam
ficado com inveja de mim. O estado da minha calcinha era uma maldita desgraça.
— Quente e molhada. — disse ele.
Eu fiz uma careta. — Eu não deveria estar?
— Só checando. — Uma vez, duas vezes, ele beijou meus lábios. Coisas
rápidas e inconsequentes. Nada como o que eu ansiava. O devorador que eu estava
atrás. Ele fez um zumbido feliz, mantendo o dedo no lugar. — Eu fiquei preocupado
quando você não disse nada. Tinha que saber se estava funcionando para você.
— Isso faz sentido.
— Hmm. — Seu polegar deslizou para dentro da minha calcinha, deslizando
perigosamente perto do meu clitóris superexcitado. Eu ofeguei, apertando meu
punho em seu cabelo. O homem estremeceu, mas não reclamou. E pra registro, ele
estava respirando tão forte quanto eu.
— Devemos ter uma palavra de segurança ou algo assim? — Eu perguntei,
tentando pensar direito, para ser prática.
— Certo. Se isso faz você se sentir melhor.
— Ok. — O dedo dentro de mim girou ao redor, bombeando para dentro e
para fora, fazendo tudo de bom. Todos os músculos lá embaixo se contraíram de
alegria. Eu podia sentir meu pulso martelar entre as minhas pernas. — Oh deus,
isso é bom.
— Qual é a sua palavra de segurança, querida?
— Continue fazendo isso ou eu vou te matar?
— O que é isso? — O dedo inteligente provocou a minha entrada,
espalhando a umidade ao redor.
— Mais.
— Logo, — disse ele, lentamente retirando a mão da minha calcinha. Droga.
Eu dei um triste e lamentável gemido. — Não. Agora.
— Então, ela me diz que eu tenho que começar a pensar em outra coisa
quando estamos fazendo sexo. — Ele pressionou a coxa entre as minhas pernas,
mantendo uma pressão constante contra as minhas regiões inferiores. Todas
aquelas que eram os meus pedaços de garota divertida, atualmente em
desesperada necessidade de atenção. Era impossível não recuar com força, embora
aliviasse a dor apenas um pouco. Sua história não diminuiu em nada, e foi
francamente uma distração.
— Eu tenho que manter minha mente ocupada enquanto nós estamos
fazendo isso, ela disse. — Ele segurou meu quadril com uma mão, deslizando a
outra entre o meu peito e a taça do sutiã, empurrando o material para baixo. —
Ela me pergunta do que eu gostava. Eu disse, eu realmente gosto de guitarras
Fender.
— Mm-hmm, — eu disse, tentando ser educada.
— Então eu tenho que pensar em guitarras Fender.
— Guitarras Fender. Certo.
— Você está prestando atenção? — Ele perguntou. Seu polegar esfregou
meu mamilo duro, fazendo tudo muito pior (melhor). Inferno, o jeito que ele olhava
para mim com tanta fome. Eu não sabia o quanto mais poderia aguentar. O calor
de sua pele e o cheiro de seu suor, tudo sobre o homem me deixava louca.
Insaciável. Tanto faz.
— O que? Oh sim. Na maior parte. — Eu me esfreguei contra sua perna,
longe de me preocupar como eu parecia. Apenas gozar importava. — E?
— E. — Sua mão agarrou minha bunda, puxando-me com mais firmeza
contra sua perna, me moendo contra ele. Enquanto isso, sua outra mão estava
realizando proezas incríveis com meu seio esquerdo, rolando e beliscando
levemente o mamilo. Dedos me agarrando um pouquinho mais do que o necessário.
Foi estranho. Com ele, gostei dessa vantagem.
— Droga, você está molhada. O seu cheiro está me matando. Eu poderia te
comer porra inteira.
— Em mim agora. Oral depois.
— Mais tarde, — ele concordou. — Precisamos mover isso para o quarto.
— Não há tempo.
— Merda.— Ele se concentrou em meus lábios, alternando beliscões com
beijos. Mas suas mãos continuaram fazendo coisas boas também. Coisas
maravilhosas e surpreendentes. E sério, já era o suficiente. Hora de passar para a
parte real do pênis na vagina do programa.
Eu enfiei minha mão em sua cueca boxer, deslizando a palma da minha
mão sobre o seu pau. Pele macia e suave sobre a dureza mais perfeita. Era oficial.
Minha mão estava no céu. Sério, quem teria pensado que a salvação estava
escondida nas calças de Vaughan? Eu não.
Eu envolvi meus dedos ao redor dele, acariciando reverentemente.
Com um gemido, sua cabeça caiu para frente, descansando contra a minha.
Pré-sêmen umedeceu meus dedos, encorajando meu aperto, aumentando meu
ritmo.
— Não me faça te foder contra esta porta, Lydia.
Tudo dentro de mim apertou forte. — Deus, isso soa bem. Vamos fazer isso.
— Merda.
Eu deslizei minha mão livre na parte de trás de seu cabelo, puxando sua
boca para baixo para a minha. Chegara a hora de pegar o que eu queria. Tudo o
que eu queria. E diabos sim, eu estava indo atrás disso.
Com um grunhido, ele atacou minha boca, beijando-me ferozmente. Nós
usamos nossos lábios, dentes e línguas. Desesperados para entrar um no outro de
qualquer maneira que pudéssemos. Guerras tinham sido menos confusas. Sua
língua emaranhada com a minha, me dando um gosto dele. Mas não era o
suficiente. Nunca poderia ser o suficiente.
Quadris trabalhando, ele fodeu meu punho. Seu pênis ficando mais duro e
mais grosso. Muito mais disso e eu gozaria em sua perna, ele na minha mão. Que
ideia incrível. Só o pensamento quase me levou até lá.
Tão perto.
Então, em uma corrida todo-poderosa, ele empurrou para trás, fora do meu
alcance, longe da minha boca. Um pouco perigoso, mas acho que o homem sabia
o que estava fazendo. Talvez. Sem sua coxa me sustentando, minha bunda quase
caiu no chão. Minhas costas começaram a escorregar pela porta, os joelhos
balançando. Levou um tempo para eu me levantar.
— Vaughan?
Com a mão enrolada em torno de seu pênis, ele ficou de pé, pendurando a
cabeça. — Espera.
Alças de sutiã deslizavam pelos meus braços, a roupa de baixo caindo
lentamente. Eu ajudei, deixando de me importar com a coisa toda de imagem do
meu corpo. — Mas..
— Um segundo. — Ele pegou sua calça jeans, vasculhando os bolsos.
Tirando de dentro um pacote de preservativo e ele rasgou-o como um homem
possuído.
Sim. SIM.
Eu empurrei minha calcinha, quando ele fez o mesmo com sua cueca boxer.
Poderia ter sido uma corrida a julgar pela determinação de sua boca, o olhar feroz
em seus olhos. Com movimentos rápidos e seguros, ele colocou o preservativo. E
então veio para mim. Por um momento, quase senti medo. O doce e divertido
Vaughan havia deixado o prédio há muito tempo. Esse homem era outra pessoa
completamente diferente. Tentei voltar, mas não havia para onde ir.
Nossos corpos colidiram, batendo na porta. Mãos agarraram meu rosto,
manobrando minha boca, segurando-a em posição para um beijo ardente. Então
ele agarrou minhas coxas, me empurrando para cima, pegando meu peso e
envolvendo minhas pernas ao redor dele. Tudo aconteceu tão rapidamente. Com
uma mão na minha bunda, ele se abaixou entre nós com a outra, moveu seu pênis
para a posição. A cabeça imediatamente começou a empurrar, separando minha
carne, tornando-se uma comigo. Tudo que eu pude fazer foi segurar seu pescoço e
recebê-lo.
Lenta, mas seguramente, ele me encheu. Somente quando seus quadris
estavam contra mim e nós estávamos pele a pele ele fez uma pausa. Seus lábios
roçaram minha bochecha, colocando beijos de boca aberta ao longo do meu queixo.
— Ok? — ele perguntou, seu corpo tremendo com o esforço por se segurar,
para aguardar a minha resposta.
Em resposta virei a cabeça, encontrando sua boca com a minha, beijando-
o estupidamente. E assim começou. Não posso dizer que sei exatamente como é
ser pregada em uma porta. Mas o jeito que Vaughan fez isso foi uma experiência e
tanto.
Ele se afastou antes de penetrar profundamente dentro de mim,
empurrando forte e seguro desde o começo. Não havia ir com calma. Nenhum
acúmulo suave. Nós dois estávamos longe demais para essas coisas. Nossa pele
bateu forte juntas, suas bolas batendo na minha bunda. O comprimento grosso
dele mergulhou em mim uma e outra vez. Com nossos dentes batendo juntos,
tivemos que parar de beijar antes que alguém se machucasse. O suor escorria por
nossas peles e os sons de nossa respiração encheram a sala.
Com toda honestidade, nós estávamos meio selvagens. Animalescos.
Definitivamente obscenos.
Dedos cavaram fundo nas bochechas da minha bunda quando ele nos
inclinou para a direita. Então sua pélvis continuou fazendo contato com meu
clitóris. De novo e de novo, ele bateu no meu ponto doce, me empurrando para
mais perto da borda, me mandando para fora da minha mente. A eletricidade corria
através de mim, o sangue corria, todos os nervos cantavam. Eu nunca estive tão
nervosa, toda tensa da cabeça aos pés, desesperadamente precisando de liberação.
A força dele me segurando, o jeito como seus músculos se destacavam em
evidência. O cheiro de sexo e suor. Era tudo de bom e certo. Mesmo a ocasional
pontada de dor de Vaughan me batendo na porta, me esticando, enchendo-me além
do que eu achava que poderia suportar.
Então seus dedos se contraíram, apertando as bochechas da minha bunda
com força. De alguma forma, ele mudou o que estava fazendo um pouco. O ângulo
ou a maneira, só Deus sabe. Mas seus quadris bateram em mim quando ele
empurrou com força, esfregando sua pélvis contra o meu clitóris. A pressão foi
construída até o ponto de ruptura na base da minha coluna, cada músculo em
mim se contraindo. Uma vez, duas vezes, três vezes ele fez isso e então meu mundo
ficou branco.
Estrelas. Fogos de artifício. Cada parte de mim convulsionando como se eu
estivesse tremendo, explodindo. Logo, não haveria mais nada de mim. E ainda
assim, ele me segurou firme. Minha espinha bateu na porta, fazendo-a tremer, suas
dobradiças rangendo. Seu corpo se movendo no meu, nossas partes do corpo
emaranhadas ao ponto de eu achar que nunca nos separaríamos.
Até ele fazer barulho, um grito gutural. Mais duas vezes ele me encheu.
Rosto enterrado no meu pescoço, e ele gozou.
Capítulo Quinze
— Espero que você esteja feliz consigo mesma. — Grunhiu Vaughan,
deitado de costas, olhando para o teto.
Escondi meu sorriso contra o seu lado, respirando-o. Acontece que o
homem cheirava ainda melhor na manhã depois de sexo quente. Eu queria lambê-
lo da cabeça aos pés e depois voltar para mais. Em vez disso, bocejei, estendendo-
me cautelosamente. Certas coisas doendo da melhor maneira. Depois de meses e
meses de negligência, a alegria finalmente chegou ao caminho da minha vagina. —
Eu sinceramente não acho que poderia estar mais feliz.
Um grunhido.
— Obrigada por todo o esforço. Eu realmente apreciei isso.
— Você foi direto dormir.
— Eu sei, — eu disse. — Mas foi um dia muito longo e eu tinha acabado de
gozar o suficiente para causar danos neurológicos reais.
Outro grunhido.
— Agora que penso nisso, provavelmente estava mais perto do coma do que
do sono.
— Baby, você não é engraçada. — Ele passou um braço em volta de mim,
apesar de sua falta de diversão, dedos acariciando o lado do meu peito. Claro. Era
um homem ligado em peitos. — Era para ser romântico.
— E foi.
Ele levantou a cabeça cansada. — Lydia, você tem contusões nas costas por
eu ter te fodido com força na porta da frente. Eu posso não ter muita experiência
nessa área, mas tenho certeza que isso não é romance.
Isso do próprio Sr. Mordida. O cara estava falando sério.
Fachos de luz do sol brilhavam através das aberturas das cortinas. Apenas
o suficiente para iluminar as velas apagadas espalhadas pelo quarto, os vasos
transbordando de flores silvestres. Uma garrafa fechada de champanhe em um
balde de gelo há muito tempo derretido. Tenho certeza de que os lençóis frescos
eram de algodão egípcio. Eu queria rolar sobre eles com Vaughan até o mundo
explodir. Que maneira perfeita de fazer a minha saída.
Me mexi mais perto, segurando firme. Agir como um carrapato às vezes é
relaxante, não questione isso. — Aprecio você ter tido todo este trabalho. Obrigada.
Com um suspiro, ele encostou a cabeça no travesseiro. — Eu vou dever ao
Joe por anos por fazer tudo isso enquanto estávamos no trabalho.
— Você certamente se esforçou. O quarto parece incrível.
— Sim. — Seu rosto carrancudo se tornou envergonhado. — Na verdade, eu
apenas dei a ele vinte e pedi para ele pegar um buquê de flores e algumas velas.
Eu não tinha ideia de que ele faria tudo isso.
— Hã. Quem teria pensado que Joe teria a alma de um romântico?
Todas as flores e os conjuntos de velas, o espumante no gelo e os lençóis
impressionantes. Surpreendente. O grande urso loiro barman sabia como cortejar.
Ele me deu um tapinha no braço. — Tenho que usar o banheiro.
Eu o liberei e lentamente me sentei, segurando o lençol no meu peito. Uma
ótima posição para ver toda a bondade que era Vaughan Hewson se levantar da
cama. A pele pálida e tinta em suas costas, seus ombros largos e bunda firme.
Tudo tão bom. Ele passou a mão pelo cabelo vermelho-dourado desgrenhado e
bocejou alto, vagando pelo corredor em toda a sua glória nua. — Eu deveria cortar
o cabelo.
— Não, — ordenei, com um pouco de força, considerando a natureza
temporária do nosso relacionamento. — Corte quando eu for.
Ele riu e foi atender ao chamado da natureza. Eu precisava fazer um pouco
disso e escovar os dentes também. Além disso, meu cabelo parecia incrivelmente
com o inferno. Eu provavelmente deveria arrumar isso algum dia. Engraçado, com
Chris eu estive sempre preocupada com a minha apresentação. Constantemente
verificando meu cabelo e maquiagem até o ponto do TOC. Não apenas no trabalho,
como de costume, mas o tempo todo. No entanto, aqui estava eu em uma bagunça
completamente amarrotada e bastante relaxada sobre a coisa toda. Estranho como
a mulher que eu tinha sido com Chris facilmente desapareceu. Eu poderia beijar
Paul por enviar o vídeo e me impedir de cometer o maior erro da minha vida. Beijar
e bater nele também. A raiva não havia diminuído completamente.
— Hey. — Vaughan sentou no final da cama, puxando gentilmente o lençol.
Eu segurei no meu peito, mantendo as coisas cobertas. — Ei.
— Você está franzindo a testa.
— Estava apenas pensando em Chris. O quanto o deixei mexer com a minha
cabeça.
Ele balançou a cabeça, dando ao lençol outro puxão.
Eu segurei com mais força. — Você sabe, não foi só ele. Foi o mundo inteiro
deles. Tudo era imagem, o tempo todo. O cabelo certo, a roupa certa, as etiquetas
certas. E me deixei levar por isso. Eu comprei isso.
— Você estava procurando por felicidade, Lydia. Como você sabe que algo
funciona a menos que faça uma tentativa?
— Talvez.
— Estou à procura de felicidade. — Ele puxou o lençol.
Eu agarrei contra o meu peito. — Você está?
— Oh, sim. — O bastardo sexy me deu um sorriso lento. — Nenhum
trabalho hoje. Somos livres para fazer o que quisermos.
Instantaneamente, meu sexo se aqueceu, sabendo exatamente como e o que
ele queria. Mas a prática Lydia chegou à minha boca primeiro, a vaca. Alguns
hábitos são difíceis de quebrar. — Achei que você disse que iria consertar a porta
da cozinha e trabalhar mais um pouco no Mustang, começar o jardim dos fundos.
E eu deveria repassar a papelada de Ray e procurar um carro.
Suas sobrancelhas foram empurradas para baixo, ele me deu um olhar
desapontado.
— Talvez?
— Baby. — Vaughan sacudiu a cabeça, puxando um pouco mais o lençol.
— Essas coisas são trabalho. Elas não nos farão felizes.
— Não?
— Não. Mas foder vai.
— Verdade. Ok, então. — Eu sorri.
O homem louco se lançou para mim. Minhas costas bateram no colchão e
eu fui coberta, o longo comprimento de seu corpo suspenso sobre o meu.
Felizmente, ele se conteve antes do impacto. Nós dois tínhamos hematomas
suficientes. A pele é o nosso maior órgão e ele brincou com a minha como um
maestro. Enquanto eu ria como uma lunática, me contorcendo debaixo dele, ele
acariciou meu pescoço, sua barba fazendo cócegas em cada maldito ponto sensível.
O calor do seu corpo, a sensação de seu cabelo roçando em mim, tudo isso
alimentou o fogo que se formava entre nós. Lentamente, ele abriu caminho até os
meus seios. Todas as minhas partes de menina ainda doloridas da noite anterior
estavam completamente despertas e querendo mais. Esquadrões de borboletas
voaram no meu estômago. O homem era uma experiência de corpo inteiro, incrível
e viciante. Eu conseguia ver que eu nunca teria o suficiente dele.
Um dia na cama com Vaughan parecia o paraíso. O celular dele zumbindo
na mesa de cabeceira, nem tanto.
— Merda, — ele murmurou, estendendo a mão e levantando-o para dar uma
olhada na tela. — É Nell. É melhor eu responder ou ela continuará ligando.
Eu chorei por dentro, minha ânsia pelo homem me deixando fraca.
— Sim, — ele respondeu, deitado de lado ao meu lado. Os cantos de sua
boca se fecharam. — Ainda estamos na cama. O que você quer falar com ela?
A voz de Nell soava pequena e distante. Tanto quanto eu gostava da mulher,
eu não queria falar com ela agora.
— Pelo amor de Deus. — Ele estendeu o celular.
Eu peguei. — Oi, Nell.
— Você precisa ter seu próprio telefone. — disse ela.
— Eu sei.
— E o que você está fazendo na cama do meu irmão?
O irmão em questão afastou o lençol excepcionalmente fino e começou a
beijar o meu tronco mais uma vez. Lambendo aqui, mordiscando lá. Que homem
bom. Meu coração bateu em dobro, inundando-me com hormônios ainda mais
felizes. Eu acariciei seus cabelos, em seguida, empurrei-o na direção da minha
buceta. De uma maneira amigável. Você sabe. Ele riu e sacudiu meu aperto, dentes
afiados morderam meus dedos. Cristo, ele era fofo. E quente.
— Você realmente não quer que eu responda a essa pergunta. — disse a
ela.
Nell gemeu. — Bem, o que você está fazendo, pare. Preciso de você no bar.
— O que? Não, — Eu disse, com a voz em pânico. — Não posso. Estou com
a peste negra.
— Bom. — Murmurou Vaughan, movendo-se cada vez mais perto de onde
eu o queria. Precisava dele.
— Tome um Advil, — disse Nell. — Rosie pegou a infecção estomacal de seu
filho e Joe está ajudando seu pai em um trabalho de construção. Estamos
reservados para o almoço. Masa não consegue lidar sozinho.
— Quem é Masa? — Perguntei.
— Um dos meus garçons, ele acabou de voltar de férias. Frequenta a
faculdade de tecnologia local. Você vai gostar dele.
— Ótimo. Mas e Eric, ele não pode ajudar?
— Eric está atrás do bar, — disse ela, obviamente ficando impaciente. —
Vamos lá, eu vou cozinhar algo delicioso só para você.
— Nell ...
— Olha, sei que você prefere fazer coisas na cama com meu irmão, mas
preciso de você. Por favor, Lydia?
GAH. — Bem. Deixe-me tomar um banho rápido, então vou estar aí.
— Obrigada. — Ela desligou no meu ouvido.
As pessoas eram as piores. Eu dramaticamente joguei meu braço sobre
meus olhos, chorando baixinho. Ok, então não eram lágrimas reais. A tristeza, no
entanto, não foi fingida.
Vaughan aproveitou a oportunidade para morder minha coxa, afundando
seus dentes em minha carne e me segurando. Isso machucou. — Ow
— Isso é por não colocar sua felicidade em primeiro lugar. — Ele beijou o
ponto dolorido uma vez ou duas. Então ele lambeu. — E isso é por ajudar minha
irmã. Eu vou isso ficar melhor quando você sair do trabalho.
— Espero. Idiota. — Coloquei o celular de volta na mesa de cabeceira,
saindo da cama. — Continue me mordendo assim e eu vou comprar uma focinheira
para você.
— Sua pele é tão bonita que não consigo resistir a deixar minha marca em
você. É sua própria culpa. — Nem mesmo uma pequena sugestão de remorso vinha
dele. — Continue. Eu vou fazer café, você toma banho.
— Obrigada. Posso pegar seu carro emprestado?
— Eu vou te levar, e te buscar quando você terminar. — Braços me
envolveram enquanto ele me abraçava por trás, pressionando-se contra as minhas
costas. Eu tinha esquecido como era bom ter um macho quente e com tesão por
perto. Este em particular funcionava para mim por grande parte do tempo. Grande.
— Você tem certeza?
— Me dá uma chance de pegar algumas cordas no Andre. E resolver
algumas coisas.
— Legal. — Passei minhas mãos por seus braços, apreciando a sensação
dele, de estar com ele.
Ele alinhou o comprimento de seu pênis com a divisão entre minha bunda,
esfregando-se contra mim. Uau. Que sensação interessante. Minha coluna
endureceu, em seguida, relaxou, entrando no clima. Ele retumbou um baixo ruído
de aprovação no meu ouvido.
— Nós não temos tempo, — disse, ficando ligada novamente. Eu estava uma
bagunça molhada e devassa, inchada. De jeito nenhum Nell poderia me cozinhar
algo delicioso o suficiente para compensar a perda do tempo na cama com
Vaughan. Impossível.
— Eu sei. — Grandes mãos agarraram meus quadris, puxando-me
firmemente de volta contra ele. — Foda-se, isso é bom.
— Vaughan. — A sensação dele endurecendo, e alongando, dificultou a
minha respiração. Pensar estava praticamente impossível.
— Eu gosto da sua bunda, baby. Gosto muito.
— Pensei que você fosse um homem de peito.
Sua boca quente pressionou contra o meu pescoço, acendendo fogo onde
quer que fosse. Uma mão espalhada sobre a minha barriga, a outra brincando com
um mamilo. Ele continuou a esfregar-se contra mim, tornando tudo muito pior. Ou
melhor. Ambos, talvez.
— Também, — disse ele. — Mas eu praticamente quero beijar, lamber,
morder e foder cada pedacinho seu.
Oh Deus. Meus joelhos tremeram.
— Merda. O timing da Nell é uma droga. — Ele gemeu, recuando. — Tome
um banho.
— Certo. — Meus joelhos fracos tremeram. — Vá fazer café.
— Sim.
Tropecei em direção à porta. Então parei, confusa no corpo e na mente, mas
curiosa sobre alguma coisa. — Ei. Você nunca terminou essa história na noite
passada.
Com uma cara de dor, ele segurou seu pênis contra seu estômago. — O
que?
— Aquela sobre a garota e você gozando cedo demais.
Ele meio sorriu. — Ah sim. Então ela me diz para pensar em outra coisa
que eu goste enquanto estamos transando. Para tirar minha mente de estar dentro
dela e tudo mais. Da próxima vez que fizermos, pensei nas guitarras Fender. Eu
pensei nelas muito duramente. Disse a ela meu plano, então ela sabia que estava
tentando.
— E?
— Eu durei. Ela gozou gritando: — Sim! Fenders! — Ele sorriu. — Acordou
os pais dela. Nunca escalei uma janela tão rápido na minha vida.
Silenciosamente, eu ri, balançando a cabeça. — Ótimo.
— Mm.
— Por que você estava me dizendo isso? — Me inclinei contra a porta,
observando-o. Cuidadosamente, lentamente, ele se sentou na beira da cama. —
Quero dizer, é uma ótima história. Mas por que ontem à noite?
— Não sei. — Ele suspirou. — Fazer você relaxar, tirar sua mente de se
preocupar com seu corpo.
— Oh
Um encolher de ombros.
— Obrigada.
— Não gostei de você tentar esconder partes do seu corpo de mim. —
Vaughan olhou para a parede. — Eu não sou como aquele idiota, escolhendo a
dedo quais pedaços de você combinam com ele e esperando que você mude o resto.
Estou em você, Lydia. Toda você.
Meu coração parecia enorme. Fora de controle.
— Funcionou. — Eu disse, a voz grossa de emoção apesar dos meus
melhores esforços.
Ele virou a cabeça para mim.
— Estou aqui nua, sem cobrir nada. Essa não é geralmente eu. — Dei de
ombros, nervosamente rindo. De alguma forma, ter minha bunda pálida e inchada
e protuberâncias em exibição não me enviou correndo para me esconder. Ainda.
Um milagre, na verdade. O cabo-de-guerra anterior com o lençol tinha sido mais
divertido do que qualquer outra coisa. — Eu não sei ... acho que confio em você.
Quero dizer, eu devo.
Nada.
Nenhuma coisa maldita.
Ai. Quando eu aprenderia? Revelar a sua alma era uma droga. Eu olhei para
o chão, a parede, para tudo, menos para ele. Não fazia sentido algum. Quer dizer,
ele me contou uma história boba. Então ele foi gentil, compreensivo. Ele estava
sempre sendo gentil e compreensivo. Isso não era novidade. Que ele então me fodeu
até me deixar sem sentido, me dando o melhor sexo da minha vida até agora,
significava que nós tivemos uma ótima noite. Mas não alguma experiência que
alterava a vida, alterava a percepção e alinhava as estrelas. Eu acabei de passar
por um período de crescimento e ele acabou sendo parte disso.
Isso é tudo.
Quando eu aprenderia? Só porque minha vagina estava se divertindo não
significava que meu coração tinha que ficar todo pegajoso.
— Baby, — disse ele. — Olhe para mim.
Relutantemente, eu fiz.
— Obrigado.
Eu assenti.
— Eu já disse isso antes, mas ... fico feliz que você esteja aqui.
— Eu também. — O sorriso no meu rosto parecia estranho, errado. Está
na hora de verificar a realidade. Coisas que realmente não deveriam significar nada,
estavam começando a parecer grandes e importantes, e isso não era necessário
nem bom.
Apenas amigos fazendo sexo. Nada mais.
Capítulo Dezesseis
— O que você sabe sobre o trabalho em livros?
Desatei meu avental, jogando-o no cesto de roupa suja. — Introdução de
dados contábeis em um computador, você quer dizer?
— Sim.
— Um pouco. Eu posso digitar. Estou familiarizada com os programas
básicos.
Estávamos de volta ao pequeno escritório desordenado, a correria do almoço
finalmente diminuindo. Meu colega garçom, Masa, um jovem japonês que estudava
na faculdade de tecnologia local, tinha sido realmente legal. Trabalhar com ele foi
divertido. O Dive Bar poderia estar com pouco pessoal agora, mas aqueles que
estavam aqui eram sólidos. Até mesmo o Eric provou ser mais do que competente,
dando conta dos nossos pedidos de bebida enquanto conversava com um casal
passando um tempo no bar.
— Por que você está me perguntando isso? — Perguntei, me arrastando até
a única cadeira disponível na sala. — Deus, meus pés doem. Você é bom com facas,
corte-os para mim. Eu não os quero mais.
— Pare de ser uma princesinha chorona.
— Sério, eles doem. Se eu continuar fazendo isso, vou ter que investir em
sapatos com sola melhor.
A cabeça de Nell subiu. — Você está pensando em ficar?
— O que? Não. — Minha boca estúpida se abriu, e fechou. — Não, claro que
não. Eu não sei de onde isso veio. Já tenho uma carreira, sou agente imobiliária.
— Não, você não é. Você foi demitida.
— Obrigada, — respondi secamente. — Na verdade, preciso ler o acordo dos
Delaney hoje à noite. Deixar logo isso resolvido.
— Então você vai receber uma indenização? — Ela colocou os cotovelos
sobre a mesa e juntou os dedos, me observando com pequenos olhos brilhantes. —
Quanto você acha?
— Espero que o suficiente para eu comprar um carro usado decente e
ajudar a me reinstalar em outro lugar. — Cruzei minhas pernas, ficando
confortável. — Sinceramente não sei o que será. Estou com um pouco de medo de
olhar. Minhas economias não são imensas.
— Você tem um emprego aqui, um lugar para ficar.
— Nell, estas são apenas medidas de emergência. Você encontrará um novo
garçom e Vaughan partirá em breve, a casa será vendida.
Ela se encolheu.
O arrependimento me inundou. — Eu sinto muito.
— Não sinta. É a verdade. — Seu cabelo vermelho brilhante tinha sido
puxado para trás em um coque. Ainda parecia muito brilhante contra o pálido de
suas bochechas, as sombras sob seus olhos. Era preocupante.
— Você ainda parece um pouco diferente. Você acha que pode ter pego
qualquer vírus que a família de Rosie esteja tendo?
— Talvez. — Ela franziu o rosto. — Estou tão cansada ultimamente. Tudo
está me desgastando.
— Você tem lidado com muita coisa.
— Mm. Eric pediu desculpas e está carregando seu peso novamente, mas
Pat ainda não pisa aqui. Eu não vejo uma mudança a qualquer momento deste
século.
Tudo o que eu podia fazer era franzir a testa em seu nome. Os homens eram
tão babacas às vezes.
— Eu só gostaria de ter o dinheiro para comprar a parte dele, — disse ela,
apertando os olhos fechados por um momento. — Minha parte da loja de tatuagem
não representa a metade do que eu preciso. Fazer de tudo para instalar este lugar
está me mordendo no rabo.
— Se você não tivesse feito isso, não teria o negócio em crescimento que
você tem. O investimento foi sólido.
— Sim. Apenas uma vergonha que meu casamento não foi. — Seus olhos
estavam brilhando de lágrimas. — Estou tão orgulhosa deste lugar, Lydia. Eu não
posso perder isso.
Era uma situação difícil. Promessas falsas não ajudariam, então eu mantive
minha boca fechada.
Um suspiro pesado. — De qualquer forma, você gostaria de mais algum
trabalho? Nós tínhamos uma ótima contadora, mas ela se aposentou no último
Natal. Eu estava esperando que entre todos, nós poderíamos nos manter nisso,
mas não está acontecendo. Joe tem o computador e o programa pronto para
começar. O que você diz?
Fechei meus lábios, considerando as consequências. Mais dinheiro. Menos
tempo com Vaughan. Um pensamento muito triste, de fato.
— Provavelmente levaria apenas um ou dois dias para nos atualizar, — Nell
reclamou, sentando-se no banco. — E você estaria sentada o tempo todo. Eu
garanto que não vai machucar seus pés. Por favor, Lydia?
— Você já usou 'por favor' comigo hoje.
— Por favor, por favor? — O rosto que ela fez foi verdadeiramente patético.
Algum tipo de cruzamento entre um cão de caça e uma preguiça ruiva deprimida.
Não foi bonito. — Estou disposta a implorar. Beijar seus pés fedorentos eu descarto,
mas implorar definitivamente poderia acontecer.
— Deus. Tudo bem — eu disse, levantando lentamente. — Mas você comece
a procurar por um novo contador.
— Absolutamente.
— E um novo garçom.
— Sim.
— Falo sério, Nell. — Pontei o dedo indicador para ela.
— Eu sei. — Ela sorriu beatificamente.
Não confiei naquele sorriso nem um pouco. — Tenho que ir encontrar
Vaughan.
— Falando nisso. — Ela delicadamente franziu o nariz, os olhos brilhando
com malícia. — Você pode por favor usar mais corretivo nas mordidas da próxima
vez? Ou isso, ou peça ao meu irmão para parar de usar você como seu brinquedo
de mastigar. Você está afrontando a classe do lugar com sua brincadeira sexual
pervertida. Não está certo isso. Somos um estabelecimento sério e respeitado.
— Oh, sim, — eu disse sarcasticamente. — tocar música punk durante todo
o dia definitivamente reforça essa imagem.
— Era a vez de Boyd escolher a música. Ele diz que escolhe o punk para
acalmar o fantasma de Andre Sênior.
— Você realmente acha que o lugar é assombrado? — Perguntei, curiosa.
Nenhum fantasma jamais cruzou meu caminho, mas você nunca sabe. Havia muito
neste mundo que eu não conseguia explicar nem rotular.
Nell apenas deu de ombros. — Pode ser. O velho era definitivamente casado
com o lugar. Ele quase nunca ia para casa, pergunte ao André Júnior sobre isso.
Sua mãe era modelo, sempre viajando a trabalho. Eventualmente, ela conheceu
outra pessoa e se estabeleceu em Nova York. Andre viajou de um lado para o outro,
mas ele basicamente se criou sozinho.
— Infância difícil.
— Sim. Andre Sênior amava tanto este lugar que não deixava muito espaço
para mais nada.
— Algumas pessoas não deveriam ter filhos, — eu disse, soando com mais
do que um toque amargo. Memórias envenenaram meu presente, como sempre
faziam. — Idiotas egocêntricos, é ridículo.
— Sim.
— Não é como se você tivesse que fazer isso. Não há exigência legal para
reprodução. Mas as pessoas sem qualquer intenção se importar em ser pais
continuam fazendo mesmo assim.
Nenhuma resposta, além de um sorriso triste.
— De qualquer forma. — Ugh. A tampa da minha merda emocional
precisava de conserto, imediatamente. — É melhor eu ir.
— Obrigado por ter vindo de novo, Lydia. Você salvou nossas bundas.
— Claro. — Eu colei um sorriso no rosto e fui para a saída.
— E obrigado por me ouvir choramingar.
Eu parei, então refiz meus passos, colocando minha cabeça de volta na sala.
— Idem, Nell.
O sorriso que ela me deu valeu a pena. Era bom ter uma amiga.
***
**********************
14 Frango Satay é uma receita tailandesa. A receita leva pedaços de frango com o molho satay, que
é um molho cremoso, apimentado e agridoce feito com gengibre, shoyu, pimenta e amendoim.
15 É uma combinação de bolo com sorvete e merengue. Quando o bolo é servido, o merengue (que
fica espalhado por cima do bolo) deve ser queimado com um maçarico para deixar uma casquinha
crocante.
— Sim. A corrida do jantar está quase no fim. Posso terminar aqui.
— Obrigado.
— Não tem problema. — Eu sorri e voltei a trabalhar.
O cara com intolerância a glúten não deixou uma gorjeta e a limpeza
demorou um pouco mais do que o normal, mas não houve mais queixas ou
catástrofes. Tenho certeza de que vi o repórter, que queria a informação sobre o
meu casamento fracassado, à espreita na calçada em um determinado momento
durante a noite. Enquanto ele não entrava no meu caminho, todavia, eu estava
disposta a ignorá-lo. Por agora.
O Dive Bar parecia diferente após o fechamento, todo escuro e tranquilo.
Uma mudança de toda a luz brilhante e música do horário comercial. Era
agradável.
Vaughan estava desaparecido quando acordei esta manhã. Quando chegou
a hora de eu ir para o trabalho, Boyd chegou em um Jeep de modelo antigo e tocou
a buzina. Acho que Vaughan organizou a carona para mim. Não é como se Boyd
estivesse falando. Nunca. Eu estava prestes a começar a andar, uma vez que eu
não tinha um telefone para chamar um táxi - um problema que ousei levantar com
o meu motorista. Boyd gentilmente parou em uma loja de telefone, permitindo que
eu corresse e comprasse um.
Ah, tecnologia. Eu realmente não senti falta, mas neste mundo moderno de
comunicação constante, era uma necessidade. A primeira coisa que fiz foi deixar
uma mensagem para meus pais. Não que eu realmente esperasse uma resposta
antes do cartão de Natal anual. Comunicação não era o forte deles. Como pais, eles
basicamente não prestavam. Era apenas um fato da vida. As pessoas eram quem
eram, blábláblá. Hormônios e expectativas sociais tinham muito a responder
quando se tratava de crescimento populacional.
Eu ainda podia ouvir Boyd batendo panelas e frigideiras na cozinha.
Supondo que ele fosse minha carona para casa, eu estaria esperando por um
tempo. O que estava bem. Tenho certeza de que poderia encontrar algo para fazer.
Talvez fosse caçar o fantasma de Andre Senior para me assustar para caramba no
porão escuro. Pelo que sei, nunca tinha estado em um prédio assombrado antes.
Poderia ser divertido. Uma experiência única na vida.
— Lydia, acho que é hora de conversarmos. — disse Eric do bar.
Uuh ooh.
— Tudo bem. — Eu vaguei, desamarrando meu avental enquanto
caminhava. Se eu estava prestes a ser demitida por dizer a Masa para ir para casa,
pelo menos seria com conforto. Subi em um dos bancos, dando um tempo aos meus
pés chorosos e doloridos. Na verdade, eles não estavam tão ruins hoje. Acho que
estava me acostumando a ficar de pé o tempo todo.
Eric preparou um drinque no bar, servido em um dos robustos copos de
cristal de estilo vintage. Eu amava eles. Ele bateu sua bebida brindando contra a
minha, então tomou um gole. Era um líquido âmbar. Scotch, a julgar pelo cheiro.
Um espiral de casca alaranjada e cubos de gelo nadavam por dentro.
— É um Old Fashioned16, — disse ele com um sorriso. — Já bebeu um
antes?
— Não. — Eu dei outra cheirada, em seguida, ousei um gole. Scotch e
açúcar e algo mais que eu não pude reconhecer. Não é ruim. — Agradável.
Obrigada.
Um aceno de cabeça. — Você disse a Masa para ir para casa.
— Sim. Ele não estava se sentindo bem e não estávamos muito ocupados,
então ... tendo em conta que Rosie e Nell pegaram esse vírus ...
— Às vezes, temos grupos grandes que chegam tarde. Amigos e outras
pessoas na área que sabem que não vamos rejeitá-los.
Tomei outro gole da minha bebida.
— Você realmente acha que teria sido capaz de lidar com isso sozinha? —
Ele perguntou.
— Ter que pedir desculpas pelo serviço ser um pouco lento seria preferível
a um cliente ser vomitado, eu acho. —Não me incomodei em cruzar meus dedos
para me proteger contra a mentira. Masa também poderia estar doente. Nunca se
sabe.
Eric soltou uma risada. — Justo.
Ufa
Tomei outro gole do Old Fashioned, tentando apreciar o scotch. Sem dúvida,
era o melhor material da prateleira. Envelhecido por trezentos anos ou algo assim.
Mas foi praticamente desperdiçado comigo.
16 Coquetel feito com Whisky, Angostura, açúcar, água mineral e uma fatia de laranja ou cereja
fresca.
Os olhos verdes de Eric me estudaram do outro lado do bar. Seu cabelo
escuro estava amarrado atrás e ele usava uma camisa de botão preta com mangas
enroladas. Vaughan não era classicamente bonito, era mais um trabalho
personalizado. Totalmente único e bonito com seu corpo longo e magro e rosto
anguloso. Eric, no entanto, era muito bonito. Você podia ver como as meninas em
crescimento iam da obsessão por pôneis a garotos como ele em um piscar de olhos.
Eles eram ambos adoráveis e só um selvagem.
— Vi você reorganizar a recepção, — disse ele. — Limpou o livro de reservas.
— Ficamos muito calmos esta tarde.
— Mm. — Ele bebeu mais um pouco. — Nell diz que você está apenas de
passagem. Que esta não é a sua linha de trabalho habitual. Mas se você estivesse
pensando em ficar, poderíamos definitivamente usar alguém para cuidar da seção
do restaurante.
— Oh.
— Nell tem a cozinha sob controle. Haverá um novo assistente a partir da
próxima semana para ajudar a ela e ao Boyd. E entre mim, Joe e Vaughan,
enquanto ele está aqui, o bar está bem, — disse ele. — Precisamos de uma gerente,
ou uma pessoa do tipo maître, para manter o restaurante funcionando sem
problemas. O trabalho é seu se você quiser. Um mês em experiência, então,
consideramos deixar permanente, discutimos o pagamento adequado e o resto. Eu
não sei o que você ganha vendendo casas, mas nós faríamos com que valesse a
pena.
Hã. Meus olhos pareciam muito arregalados. — Eu não estava esperando
isso.
— Você estava bem com os clientes irritados hoje à noite. Acalmou-os sem
nos fazer perder negócios - disse ele, depois acenou com a cabeça para o meu copo.
— Beba.
Eu bebi. Dado o meu estômago quase vazio por causa das náuseas e cãibras
anteriores, foi direto para a minha cabeça. — Há pessoas com muito mais
experiência em gerenciar um restaurante por aí.
Ele me encarou por um momento e então se ocupou em pegar um par de
garrafas na parede, despejando doses em uma coqueteleira. — Quando começamos
este lugar, só queríamos ganhar a vida e ter um lugar para ficar com nossos
amigos. Nell queria dirigir sua própria cozinha, cozinhar o que ela gostava. Eu
trabalhei atrás de alguns bares, achei que era praticamente mais do mesmo. Nós
éramos ingênuos como merda.
Enquanto ele falava, ele trabalhava, misturando algo novo. Eu assisti,
fascinada. O gelo foi para a coqueteleira, juntamente com o álcool, em seguida, a
tampa. Prata piscou para frente e para trás diante dos meus olhos enquanto ele
sacudia a mistura. Em seguida, saindo de uma das geladeiras abaixo das infinitas
prateleiras de garrafas atrás dele, estava um elegante copo de martini fosco. Nele o
líquido foi derramado através do filtro da coqueteleira. A bebida era branca e turva.
Eric perfurou uma única pétala de rosa vermelha, depois o fruto de uma lichia,
com um pequeno pedaço de bambu, amarrado com um nó em uma das
extremidades. Ele cuidadosamente adicionou o enfeite.
— Experimente esse, — ele sugeriu, colocando a nova criação na minha
frente. — Pode ser mais do seu gosto.
— Obrigada. — Primeiro eu o estudei de vários ângulos. O coquetel era uma
obra de arte. Se tivesse meu novo celular comigo, teria tirado uma foto. Não que
alguém atualmente se importasse com o que eu estava bebendo no jantar. — É
lindo. Eu não acho que você conseguiria isso em um boteco.
— Você ficaria surpresa. — Ele sorriu. — Mas não somos um boteco. Beba.
— Certo. — Eu cuidadosamente levantei o copo para os meus lábios. Doce
gelado e melado. Definitivamente tinha licor de lichia e vodka. Esta mistura tinha
gosto de céu servido em um copo pretensioso.
— Lichia Martini.
— Uau. Eric, eu amo isso. Quero tomar banho com isso a partir de agora,
— Eu disse, apenas parcialmente brincando. — O que você é, algum tipo de barman
clarividente?
Ele riu. — Não. Eu só conheço as mulheres.
Bufei. — Nem todas elas.
Nós compartilhamos um sorriso. Embora com toda a honestidade,
provavelmente estava mais perto de um sorriso falso de ambas as partes. A batalha
dos sexos travada sempre.
— Como vão as coisas com Vaughan? — Ele perguntou, baixando o seu Old
Fashioned. E sim, meu relacionamento atualmente inexistente com o meu senhorio
temporário não era da conta dele.
— Pegou alguma garçonete ultimamente?
— Não. Você não está interessada em mim. — O homem me deu um olhar
de flerte. Você tinha que lhe dar isso, ele tinha o olhar sexy, quente e promissor.
Definitivamente um mulherengo profissional. — Infelizmente.
Tomei minha bebida e mantive minha boca fechada.
— Estou tendo que ir mais longe para encontrar novas parceiras. — Ele
pegou uma garrafa de scotch. Prateleira de cima. O que eu disse?
Eu ainda não tinha nada a dizer.
— Voltando ao meu ponto, — anunciou ele. — Nell e eu não conhecíamos
um monte de coisas sobre administrar um lugar como esse. Pat não era muito
melhor. Eles administravam o estúdio de tatuagem há algum tempo, mas isso não
envolvia trabalhar tão de perto com os fornecedores, administrando o estoque no
mesmo grau. E nenhum de nós é realmente ótimo nessa chatice de lidar com os
clientes. Mas você é.
— Mesmo? Você parece uma pessoa do povo.
Um lado de seus lábios se levantou. — Hmm.
— Eric, tudo isso é muito interessante. E, para registro, como eu disse a
Nell, acho que esse negócio é sólido e tem um bom futuro pela frente. — Tomei
outro gole da minha bebida forte. Essa conversa precisava disso. — Mas eu não me
vejo como parte desse futuro. Tenho outros planos.
— Começar a vender casas em outro lugar.
— Sim, — eu disse. — É o que eu sei.
— Mas é o que você ama?
Dei de ombros.
Ele deu de ombros para mim.
Eu bebi.
— Bem, isso é uma vergonha. — Um novo Old Fashioned estava ao seu
lado, mas ele começou a fazer outro coquetel também. — Boa equipe é difícil de
encontrar, especialmente pessoas que se encaixam aqui. Alguém com quem
podemos nos dar bem. Esse trabalho, lidar com as pessoas o tempo todo e mais do
que ocasionalmente ouvir desaforos, não é para todos. Eu disse a Nell que tentaria
convencer você a ficar. Considere-se conversada.
— OK.
— Beba, — ele repetiu. — Boyd estará na cozinha por um tempo. Eu vou te
fazer uma caipirinha em seguida. Veja se você gosta disso também.
Oh garoto. Ressaca, aqui vou eu.
**********************************************
********************************************
*************************************************