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Amor - com gelo ...

A última coisa que Vaughan Hewson espera encontrar quando volta para
sua casa de infância é uma noiva de coração partido em seu chuveiro, muito menos
o drama e o caos que vêm com ela.
Lydia Green não sabe se deve gritar ou chorar em um canto. Descobrir que
o amor da sua vida tem um caso no dia do seu casamento é ruim o suficiente.
Descobrir que é com seu padrinho é outra coisa.
Apenas quando esta noiva fugitiva não tem outro lugar para ir, um estranho
bonito oferece a ela um ombro largo e musculoso para chorar. Vaughan é
exatamente o oposto dos perfeitos e respeitados empresários que ela normalmente
é atraída. Esse ex-músico que virou barman é rude e está enfrentando suas
próprias encruzilhadas. Mas Lydia já tentou o Sr. Certo e descobriu que ele está
errado - talvez seja a hora de dar uma chance ao Sr. Agora.
Afinal, o que há de errado em se sujar?
Dirty é o primeiro livro da série Dive Bar da autora best-seller Kylie Scott.
Capítulo Um
Porra.
Eu olhei para o meu celular, a boca aberta em horror. Cara, eles estavam
realmente fazendo isso. Línguas brigando, dentes se chocando. Não havia
hesitação, nenhuma contenção, pois eles uniram seus corpos. O ângulo e a
iluminação eram uma porcaria, mas ainda suficientes para pegar toda a ação
nojenta, Deus me ajude.
Isso não poderia estar acontecendo. O que diabos eu ia fazer?
De fora do corredor vieram vozes, risadas, todos os sons usuais de
felicidade, que você espera no seu grande dia. A obscenidade na tela pequena, nem
tanto. Eu não queria ver, mas não consegui desviar o olhar. Quem quer que tenha
enviado isso para mim tinha bloqueado o seu número. A pessoa poderia ter apenas
um objetivo em mente, no entanto.
Merda.
Deus, a forma que eles se tocavam, tão obviamente familiar com o corpo um
do outro, me matou. Meu estômago revirou, a bílis queimava a parte de trás da
minha garganta. Era o suficiente. Eu engoli em seco e joguei o celular na nova
cama super-size. O vídeo ainda rolando, foi descartado entre as pétalas de rosas
vermelhas espalhadas como uma piada doentia. Deveria ter atirado na parede,
pisado, ou algo assim.
Chris disse que eles iam sair. Apenas ele e seu padrinho de casamento,
Paul, tomando uns drinques e conversando sobre os velhos tempos. Claro que não
houve nenhuma menção a isso, porque eu teria me lembrado não importando o
quão ocupada com os detalhes do casamento eu tinha estado.
Meus olhos coçaram, um músculo tremia na minha bochecha. Isso estava
acontecendo pelas minhas costas o tempo todo, nesse caso, que tipo de idiota eu
era? Passei meus braços em volta de mim, segurando firme, fazendo o meu melhor
para manter minha sanidade.
Não estava funcionando. Nem um pouco.
O pior era que, agora que eu pensava sobre isso, houve sinais. A libido de
Chris nunca foi o que você chamaria de furiosa. Entre todos os encontros de jantar
e passeios que compunham nosso romance, houve muitas mãos dadas e beijos,
com certeza. Mas pouca ou nenhuma relação sexual. Sempre houve desculpas.
Sua família era religiosa, deveríamos seguir a tradição e esperar pela noite de
núpcias, seria tão especial quando finalmente fizéssemos isso, blábláblábláblá.
Tudo fazia sentido na época. Simplesmente o fato dele não estar atrás de uma
buceta nunca passou pela minha cabeça. O homem tinha sido muito perfeito em
todos os outros aspectos.
Só que ele não era. Porque, de acordo com aquele vídeo, o garoto de ouro de
Coeur d'Alene provavelmente estava me usando como um disfarce e planejava
continuar fazendo isso para o resto de nossas vidas.
No fundo, uma parte de mim quebrou. Meu coração, minhas esperanças e
sonhos, eu não sei o que. Mas tudo magoava. Nunca em nenhum dos meus vinte
e cinco anos tive qualquer experiência semelhante. O sofrimento era excruciante.
As vozes no corredor se aproximaram quando os gemidos e arquejos no meu
celular ficaram mais altos. O Chris no vídeo claramente estava transando e
empunhando todo o seu pau no seu padrinho de casamento. Bastardos. Imagina,
que eu finalmente pensei que tinha encontrado um lar. Quão idiota eu era?
De jeito nenhum eu poderia ir lá fora, encarar todas aquelas pessoas e dizer
a elas como fui tola. Como fui completamente enganada. Ou pelo menos, ainda
não. Minha mente precisava de uma chance de se envolver em torno da enormidade
do que Chris tinha feito, de quão completamente ele me ferrou.
Boom Boom Boom! Punhos bateram do outro lado da porta do quarto. Eu
pulei, com os olhos dolorosamente abertos.
— Lydia, está na hora. — Anunciou o pai de Chris.
E sim ... de jeito nenhum. Eu iria fugir dali.
Pânico cego me tomou e eu corri. Não é fácil fazer isso descontroladamente
fora de forma e em pleno traje de casamento, mas eu consegui. Inferno, eu voei. É
incrível o que o terror pode fazer.
Pra fora das portas francesas e para o pátio. Do outro lado da extensão de
grama verde bem cuidada, meus saltos stiletto afundavam no chão macio a cada
passo apressado. O zumbido de música suave e conversa encheu o ar. Todos os
convidados estavam reunidos em frente esperando o buffet, seguido de coquetéis e
canapés. Então, através do jardim dos fundos, me arrastei, passando por arbustos
e achatando canteiros de flores. Espinhos de uma roseira agarraram em minhas
meias, picando, arranhando minhas pernas. Deixa pra lá. Não há tempo a perder.
Escondida atrás de uma árvore, havia uma caixa de adubo, colocada perfeitamente
ao lado da cerca de dois metros e meio de altura que separava essa propriedade da
outra.
Sim. Impressionante. Essa era minha fuga.
Deixe Chris explicar a todos por que sua noiva fugiu. Ou melhor ainda,
deixe Paul, o bastardo viscoso, de duas caras e ladrão de homens.
Graças a Deus eu não tinha escolhido o vestido até o chão que sua mãe
tentou me empurrar. O comprimento até o tornozelo seria complicado o suficiente
com todas as camadas de tule. Eu os levantei, subindo na caixa sem muita
dificuldade. Ela balançou como uma cadela quando eu me levantei. Um ruído
assustadoramente agudo me escapou. Agarrei a cerca de madeira áspera,
pendurada tão firme que meus dedos ficaram brancos.
Normalmente, eu não era muito de oração. Certamente, no entanto, o
Grande Cara não me deixaria cair e quebrar minha bunda. Hoje não. Se ele
realmente sentisse a necessidade de me ferir mais, poderia esperar. Hoje eu sofri o
suficiente.
Respirações profundas, ficando de pé e firme. Eu poderia fazer isso. No
quintal atrás da mini mansão exagerada de Chris havia uma pequena casa
silenciosa.
Perfeito.
Com a manicure francesa já arranhada na merda, levantei, mexendo-me e
contorcendo-me até os meus quadris estarem suficientemente altos para que eu
conseguisse passar uma perna. A pressão que essa posição colocou na minha
virilha não era bonita. Eu juro que podia ouvir meus lábios gritando, sem falar do
resto das minhas partes de menina. E eu na esperança de ainda ser mãe um dia,
precisava me mover ... pronto. Estacas de madeira cavaram penosamente na minha
barriga quando me deitei, equilibrando meu torso em cima da cerca. Gotas de suor
escorriam pelos lados do meu rosto, provavelmente esculpindo estrias na
maquiagem de uma polegada de espessura (maquiador recomendado pela mãe de
Chris).
— Tia Lydia? — Perguntou uma pequena voz alta. — O que você está
fazendo?
Eu gritei de surpresa. Por sorte, não havia ar suficiente em meus pulmões
para um grito real. Lá embaixo estava uma garotinha, com seus grandes olhos
castanhos inquisitivos.
— Maria. Oi. — Eu sorri brilhantemente. — Você me surpreendeu.
— Por que você está subindo a cerca? — Ela balançou a saia do seu vestido
de cetim branco de daminha de um lado para o outro.
— Ah bem…
— Você está jogando um jogo?
Um ...
— Posso jogar também?
— Sim! — Eu dei-lhe um sorriso nervoso. — Sim, estou jogando um jogo
de esconde-esconde com seu tio Chris.
Seu rosto se iluminou.
— Mas não. Não, você não pode jogar. Desculpa.
Seu rosto caiu. — Por que não?
Este era o problema com crianças pequenas, tantas perguntas.
— Porque é uma surpresa, — eu disse. — Uma grande surpresa.
— O tio Chris não sabe que você está jogando?
— Não, ele não sabe. Então você tem que prometer não contar a ninguém
que você me viu aqui. OK?
— Mas como ele vai saber que tem que encontrar você?
— Bom ponto. Mas seu tio Chris é um cara inteligente. Ele descobrirá em
algum momento. — Especialmente desde que eu deixei meu telefone com aquele
maldito pornô ainda passando. É muito difícil me sentir mal por largar ele lá, dada
a situação. — Então você não pode dizer a ninguém que você me viu, ok?
Por um longo momento, Mary ponderou seus sapatos de cetim já
arranhados. Sua mãe não ficaria impressionada. — Eu não gosto quando meu
irmão fala de meus esconderijos.
— Não. É irritante, não é? — Senti minha perna escorregando e murmurei
um palavrão, que pensei estar sob minha respiração.
Os lábios rosados dela formaram um O perfeito. — Você não deveria usar
essa palavra! Mamãe disse que é feio.
— Você está certa, você está certa, — eu rapidamente concordei. — É uma
palavra feia e peço desculpas.
Ela soltou um pequeno suspiro de alívio. — Está tudo bem. Mamãe diz que
você não foi criada direito e nós temos que ser bem... tou ... tourant... — Suas
sobrancelhas pequenas se uniram em frustração.
— Tolerantes?
— Sim. — Ela sorriu. — Você realmente cresceu em um celeiro? Eu acho
que morar em um celeiro seria divertido.
Isto. Isto é o que acontece quando se deixa cadelas ricas influenciarem os
jovens. A irmã de Chris era uma excelente candidata para a remoção de pau-na-
bunda. Toda a sua maldita família era, nesse quesito.
— Não, querida, — eu disse. — Eu não cresci. Mas aposto que sua mãe se
sentiria em casa entre as vacas.
— Moo. — Ela riu alegremente.
— Exatamente. É melhor você voltar agora. E lembre-se, não conte a
ninguém que você me viu. — Eu dei a ela um aceno com os dedos, tentando me
contorcer em uma posição mais confortável sem cair no precipício. Como se isso
fosse possível.
— Prometo! Tchau!
— Tchau.
A garota saiu correndo pelo jardim, logo desaparecendo de vista. Agora era
hora de descer da cerca. Seja como for que eu me jogue, a dor certamente viria.
Fato. Eu me estiquei e me esforcei, com meus músculos da coxa e panturrilha
gritando em protesto. Se tivesse ido com Chris para a academia todas as vezes que
ele sugeriu. Tarde demais agora. Lentamente, o joelho primeiro, uma perna, depois
a outra subiu e desceu. Lascas agarraram meu vestido, fios foram puxados
rasgando a seda. Eu deslizei pelo lado oposto da cerca, balançando no ar por um
momento excruciante enquanto a madeira áspera rasgava minhas mãos em
pedaços e meus músculos se esticavam além da resistência. Então a gravidade
entrou em ação.
Eu bati no chão com força. Isso machuca.
Tanto por ser Plus size. Meu preenchimento extra não tinha amortecido
nada. Eu rolei de costas e deitei na grama alta, chiando como um fumante de um
maço inteiro por dia. A dor encheu meu mundo. Talvez eu simplesmente morra
aqui. Era um lugar tão bom quanto qualquer outro.
— Lydia, você está aqui fora? — Chamou uma voz. Betsy, a recepcionista
da imobiliária. — Liddy?
Eu odiava ser chamada assim. Odiava isso. E ela sabia, a cadela.
Eu mantive meu silêncio, deitada ali, suando e respirando pesadamente (o
mais silenciosamente possível). De jeito nenhum ela poderia me ver sem ela subir
a cerca. E a chance disso era pequena. Geralmente, Betsy não era mais atlética do
que eu. Eu estava segura por agora. Acima de mim, uma nuvem branca passou,
marcando o perfeito céu azul por um momento. Um clima maravilhoso para um
casamento em junho. Sério, você não poderia ter pedido um melhor.
A voz de Betsy recuou. Hora de se mexer.
Bem lentamente, eu me levantei, cada músculo doendo. À distância, meu
nome estava sendo chamado repetidas vezes por uma infinidade de vozes. Eles
estavam começando a ficar em pânico. Enquanto isso, aqui estava eu. Sem
dinheiro, sem cartões, sem telefone, sem nada. Verdade seja dita, meu plano de
fuga era um pouco falho. Pelo menos consegui passar por cima da cerca.
O quintal do vizinho era uma selva completamente coberta. Sorte, caso
contrário eu poderia ter realmente quebrado alguma coisa quando caí. Um lindo
bangalô cinzento ficava sob um círculo de grandes pinheiros. Tinha muito charme.
Lugares como esse eram o motivo de eu ter entrado no mercado imobiliário. Ter a
oportunidade de ajudar as pessoas a encontrarem um lar maravilhoso para o resto
de suas vidas. Um lugar onde eles poderiam criar seus filhos e conhecer seus
vizinhos, fazer festas e churrascos. Ao contrário de arrastar seus filhos por todo o
país em busca da próxima grande oportunidade, morando em um reles
apartamento de paredes finas atrás do outro.
Infelizmente, em vez de vender casas, acabei empurrando condomínios sem
alma e convencendo as pessoas sobre propriedades que eles não podiam pensar
em comprar. Eu fui além de ingênua. Impiedosa nem começava a descrever a
indústria.
Mas voltando à minha situação atual.
Sanders Beach era uma área bem tranquila e em breve eles estariam à
minha procura. Na rua, eu seria encontrada em pouco tempo. Isso não aconteceria.
Eu precisava recuperar o fôlego e me concentrar. Espere até que o vídeo mostre
Chris como o canalha mentiroso e traidor que ele era e, então ... bem, eu com sorte
teria algum tipo de plano calculado até lá.
Então, o que mais gostei sobre esse lindo bangalô em particular era a ampla
janela dos fundos aberta.
Eu puxei as ruínas da minha saia e arranquei o salto do sapato que restava,
antes de fazer o meu caminho através da grama alta. Não havia sinais imediatos
de vida dentro da casa. Talvez eles tivessem saído e esquecido de fechá-la. A janela
dava para um pequeno banheiro, tudo dentro antiquado e empoeirado. Ainda
nenhum movimento dentro.
Invadir essa casa ou ser descoberta pelos convidados? Não é uma escolha
difícil de fazer. Me chame de Cachinhos Dourados. Eu estava entrando. Se eu for
comida por um urso, então que seja. Pelo menos eu seria uma refeição de tamanho
decente.
A janela não era alta. Desta vez eu subi sem nenhum problema. Agarrei a
borda da banheira para me equilibrar enquanto a outra mão alcançava o chão.
Tudo estava indo muito bem, até chegar a hora de passar meus quadris. A moldura
de madeira mordeu minhas laterais, fazendo-me parar. Eu estava travada.
— Merda. — Eu disse, mantendo a voz baixa só por precaução.
Eu me contorcia e torcia, grunhindo do esforço, os pés batendo ao ar livre.
Graças a Deus ninguém estava por perto para ver. Então me ajude, querido Jesus,
eu poderia fazer isso, eu poderia. Afinal, o que era perder um pouco mais de saia
ou de pele nesse estágio? Nada, isso é o que era. Agarrei a borda da banheira e dei
um último suspiro todo-poderoso. Material rasgou e deu lugar a minha
circunferência. Eu mergulhei em direção ao chão. Meu rosto bateu na queda e meu
corpo o seguiu, desabando. Dada a quantidade de ruído envolvido, foi
surpreendente que os vizinhos não viessem correndo com a polícia.
— Oh deus. — Choraminguei, lutando para respirar.
Níveis de dor e humilhação tinham oficialmente passado pelo ruim e ido
direto para o horrível. Que porcaria de situação.
Cuidadosamente, eu respirei lenta e profundamente pelo nariz e expirei pela
boca. Ok, funcionou. Nenhuma costela quebrada, eu acho. Nariz ainda intacto. Eu
corri minha língua pelo interior da minha boca, verificando se havia dentes soltos.
Tudo bem. Da mesma forma que, parecia que eu tinha estado em uma briga de bar
com uma multidão enfurecida. Minha bochecha direita latejava como uma cadela
e por um longo tempo eu fiquei lá, atordoada. Nem me atrevendo a me mover, nem
sendo capaz. O velho bangalô permaneceu quieto. Eu estava sozinha, graças a
Deus. Sozinha era melhor, eu tinha isso agora.
Só para o caso de alguém aparecer, arrastei-me para a banheira e fechei a
cortina do chuveiro. Então cuidadosamente, arrumei os restos das minhas saias
de seda e tule em volta de mim.
Era hora de encarar os fatos. Para enfrentá-los e deixá-los me assentar.
Meu homem não era meu homem, nem meu melhor amigo. Não haveria lar feliz. E
meu casamento dos sonhos? Jogado de lado no lixo e mais um pouco.
Não importa, eu encontrei um lugar seguro para me esconder e esperar o
dia todo. Deixe Chris lidar com a bagunça que ele fez. Eu precisava me recompor.
Lágrimas quentes começaram a fluir pelo meu rosto. Elas não pararam por
muito tempo.
Capítulo Dois
Passos pesados me despertaram do meu estupor. Não sei quanto tempo
exatamente estive sentada na banheira, olhando para o nada, refletindo sobre a
catástrofe em que minha vida se tornara. Não poderia ter sido muito tempo desde
que a luz do sol ainda iluminava o banheiro.
Os passos chegaram cada vez mais perto. E então eles entraram no
banheiro. Ah Merda. Eu congelei, nem mesmo ousando respirar. Houve um bocejo
alto, seguido por estalos de articulações. Então uma mão grande alcançou a cortina
do chuveiro fechada e ligou a torneira. Uma torrente de água gelada desceu. Era
como se um bilhão de facas estivessem esfaqueando minha pele. Todos os
arranhões e manchas começaram a arder, eram como uma merda. Eu cerrei meus
dentes, os ombros levantados em volta dos meus ouvidos como se isso
proporcionasse alguma proteção.
Sim, eu sentei lá, toda encolhida, ouvindo o homem mijar.
Impressionante. Simplesmente incrível.
Não era como se eu pudesse pular pra fora e interromper o homem no meio
da ação toda. E dizer o que? Eu sabia que esta não era uma boa situação para ser
pega.
1. Eu basicamente tinha invadido a casa desse cara.
2. E, em seguida, passei a me sentir em casa, tendo um colapso emocional
confuso em sua banheira.
Pessoas normais e racionais não faziam esse tipo de coisa. Eu nem tinha
antecedentes criminais, nunca tinha feito nada particularmente estranho ou
interessante até agora. Isso era tudo culpa de Chris, o bastardo. Eu teria que ter
pensamento positivo e esperar que esse cara tivesse senso de humor.
Assim que a água começou a esquentar, ele deu a descarga e a água gelada
me encharcou de novo. Eu estava prestes a abrir minha boca e anunciar minha
presença, mas com o susto da água gelada eu me calei. Agulhas de água fria gelada
caíram sobre minha pele. Eu congelei. Dentes cerrados, suprimi um grito de dor e
raiva.
Então a cortina do chuveiro voou pra trás.
— Merda! — O homem era muito alto, estava muito nu e muito surpreso.
Ele tropeçou para trás um passo, com uma mão agarrando a bancada atrás dele,
olhos furiosos e arregalados. — Que diabos?
Boa pergunta.
Abri minha boca, fechei. As habilidades de linguagem aparentemente me
abandonaram. Em total silêncio, o homem e eu nos encaramos.
Mesmo sem roupas, o cara era claramente o epítome do legal. Ele parecia
mais ou menos da minha idade, ou talvez um pouco mais velho. Ele tinha longos
cabelos loiro avermelhado, olhos azuis escuros em um rosto anguloso, um torso
magro, mas musculoso coberto de tatuagens e um pênis bem grande. Não que eu
quisesse dar uma olhada nele, mas é meio difícil ignorar um pênis e suas bolas
quando eles estão pendurados na frente do seu rosto. Inclinei a cabeça, tentando
obter alguma perspectiva. De todos os pontos de vista, no entanto, eram
igualmente chocantes. Havia um pau até onde os olhos podiam ver.
E eu deveria parar de cobiçá-lo. Certo.
— Oi. — Com uma calma que eu não sentia nem vagamente, estendi a mão
e desliguei a torneira. Muito melhor. Seu pênis monstro tinha momentaneamente
me desviado, mas eu estava de volta aos trilhos agora. Hora de me tirar dessa
bagunça. — Ei.
— Que porra você está fazendo na minha casa? — Ele perguntou
categoricamente.
— Certo. Bem ... — Eu cuidadosamente coloquei meu cabelo loiro molhado
até os ombros atrás das minhas orelhas. Como se isso ajudasse. Meu delineador
borrado e meus cílios falsos provavelmente estavam no meio das minhas
bochechas. — Eu, hum, eu ...
— Você o que?"
— Eu sou Lydia. — disse, a primeira coisa que me veio à mente.
Sem resposta. Seu rosto bonito, no entanto, assumiu uma expressão
nitidamente irritada. Até mesmo seu cabelo loiro avermelhado parecia de um tom
ardente. Tudo bem, então não estávamos trocando nomes e ficando confortáveis.
Justo. Você não acreditaria como estava sendo difícil, manter meus olhos em seu
rosto. A luta era real. Pode ter sido por não ter visto um em tanto tempo, mas seu
pau parecia quase hipnótico. A coisa tinha poderes mágicos, juro. Era tão grande
e móvel, balançando sutilmente toda vez que ele se movia. Meu olhar continuou
descendo apesar dos meus melhores esforços.
Finalmente ele me tirou da minha miséria, pegando uma toalha de um rack
próximo e envolvendo-a na cintura. Isso fez com que a ‘minissaia’ parecesse quente.
Não era apenas qualquer homem que poderia ter conseguido tal aparência.
Mas voltando às minhas explicações.
— Ah, em primeiro lugar, eu só gostaria de pedir desculpas por isso. — Eu
acenei a mão para ele e seu banheiro e, bem, tudo, na verdade. — Por qualquer
inconveniente que eu possa ter causado aqui em seu banheiro.
O cara ficou mais alto, pairando sobre mim com as mãos nos quadris. As
tatuagens cobriam seus braços até seus pulsos. Ainda assim, ele tinha um monte
de tendões à mostra. Definitivamente não era o tipo de homem com quem você
gostaria de mexer. O cara provavelmente poderia me partir ao meio em um
segundo. Aposto que ele era um modelo de tatuagem, ou um motociclista, ou um
pirata, ou algo assim. Algo muito quente e mais que um pouco assustador.
Merda. Eu realmente deveria ter escolhido outra casa.
— Eu normalmente não entro nas casas das pessoas e me escondo em suas
banheiras, — balbuciei, à beira da incoerência. — Então, sinto muito mesmo. A
sério. Sinto muito. Mas você tem uma linda casa.
— Isso é tudo?
— Não é isso, quero dizer, não é por isso que estou aqui. Eu só ... — Porra,
minha mente era um desastre. Eu respirei fundo, deixando o ar sair bem devagar,
antes de tentar novamente. — Eu amo a arte dos velhos bangalôs, sabe? Eles têm
essa alma.
Suas sobrancelhas se apertaram. — Você está chapada? Em que diabos
você está metida?
— Nada!
— Você não está tomando comprimidos ou cheirando alguma coisa?
— Não, eu juro.
— Nada de bebida?
— Eu não tomei nada. — disse, mas a suspeita e raiva ainda se alinhavam
em seu rosto. Emparelhado com a barba por fazer no queixo e as sombras sob os
olhos, o meu anfitrião contra vontade era um homem cansado e irritado. Eu não
podia culpá-lo.
— Então você está completamente sóbria. — disse ele.
— Completamente.
Uma pausa.
— Você está pensando que eu sou maluca agora, não é? — Perguntei,
apesar da resposta ficar clara como o dia em seu rosto bonito.
— Basicamente, sim.
Oh Deus. — Eu não sou. Estou bem.
— Você tem certeza disso? — Ele olhou pela longa linha do seu nariz para
mim, claramente não impressionado. — Vi muita coisa estranha nos meus anos.
Coisas como as que você não acreditaria. Mas eu tenho que te dizer, agora mesmo,
isso ... você está levando o primeiro prêmio.
— Ótimo. — E eu estava tão definitivamente indo para a cadeia. Alguém
deveria me dar um biscoito. Minha capacidade de assumir uma situação ruim e
piorá-la hoje estava sendo incrível.
— Você tocou em alguma das minhas coisas? — Ele perguntou. — Pegou
alguma coisa?
— Sim, o seu sofá está astuciosamente escondido na frente do meu vestido.
Você não acredita onde eu encaixei a TV.
Mais uma vez, seus olhos se estreitaram perigosamente. — Cá entre nós,
provavelmente não é hora de ser engraçada, querida.
Porcaria. — Desculpa. Eu sinto muito. Não quis dizer isso. Você tem todo o
direito de ficar bravo.
— Com certeza, eu tenho.
Balancei a cabeça, arrependida. — Eu não toquei em nenhuma das suas
coisas.
O cara ficou parado ali, encarando. Muita coisa acontecendo por trás de
seus olhos. Nada que eu pudesse ler.
Uma lágrima perdida escorreu pelo meu rosto. Ela deve ter se conservado
apenas para a ocasião. Gah que patético. Eu funguei, escovando-a apressadamente
com as costas da minha mão.
— Foda-se. — Ele murmurou.
— Eu realmente sinto muito sobre isso. A verdade é que eu só precisava de
um lugar para me esconder por um tempo. Não queria te assustar.
Ele suspirou. Não foi um som feliz. — Lydia?
— Sim? — Apesar dos meus melhores esforços, minha voz tremeu um
pouco.
— Olhe para mim.
Eu olhei. Ele ainda parecia irritado e loucamente legal enquanto eu
permanecia uma bagunça.
— Eu sou Vaughan. — disse ele.
— Oi.
Ele inclinou o queixo e o silêncio caiu entre nós mais uma vez.
Com a ponta da língua esfregando o lábio superior, ele olhou para a janela
aberta e depois para mim. Sim, foi assim que eu entrei. Houdini não tinha
influenciado nada as minhas habilidades loucas.
— O que você está fazendo na minha casa, Lydia? A verdade.
— É uma longa história, na verdade. — Além de ser terrivelmente
embaraçosa. Mas então, o que sobre esse dia não era?
Vaughan cruzou os braços sobre o peito largo e esperou que eu saísse
enquanto eu mexia nas minhas saias arruinadas e tentava criar uma maneira de
girar a história para não me fazer parecer uma idiota completa. Cristo, os buracos
nas minhas meias eram enormes. De um lado, meu pé inteiro ficou preso. Isso era
tão ferrado.
Vaughan se agachou ao lado da banheira, apoiando os braços ao lado. De
perto, as sombras sob seus olhos pareciam ainda maiores e mais escuras contra
sua pele pálida. E havia bolsas nos olhos grandes o suficiente para serem usadas
como bagagem de mão. Apesar das linhas fortes de seu rosto magro, o homem
parecia pronto. Pronto para dormir por cem anos.
Eu conhecia esse sentimento.
— Parece um vestido de noiva. — Ele disse baixinho.
— Sim. Eu ia me casar hoje. — Respirei fundo, enxugando o rosto com as
mãos. Assim como esperado, minhas palmas ficaram manchadas com maquiagem
de olhos negra. — Ah, garoto. Eu devo parecer um desastre.
Sem comentários, Vaughan estendeu a mão e pegou uma toalha,
entregando-a para mim. Era meio surrada, velha, como o resto da casa. Eu não
tinha visto mais de um cômodo, mas agentes imobiliários tinham uma ideia desse
tipo de coisa. Manutenção mínima pelos últimos cinco ou mais anos teria sido o
meu palpite. Talvez tenha ficado vazia. Os arbustos na frente escondiam a casa da
vista, então eu nunca dei uma boa olhada nela antes.
— Obrigada. — Eu me sequei com a toalha o melhor que pude. O que restou
do meu lindo vestido era uma ruína encharcada. — Me desculpe por invadir sua
casa, Vaughan. Eu juro que normalmente não faço esse tipo de coisa.
— Não, — ele disse, sua voz profunda. — Imaginei. De onde você veio?
— Da casa grande na parte de trás.
Sua testa se enrugou. — Você subiu a cerca?
— Sim.
Olhos cansados e avermelhados me avaliaram de novo. — É uma cerca alta.
Deve ter sido um inferno de uma emergência.
— Foi um desastre.
Por um longo momento ele me estudou, imerso em pensamentos. Então ele
suspirou novamente, se levantando de pé.
— Você vai chamar os policiais pra mim? — Perguntei, minha garganta
apertada com a tensão. — Sei que você tem todo o direito, não estou discutindo
isso. Eu gostaria de saber. Preparação mental e tudo mais.
— Não. Eu não vou.
— Obrigada. Eu aprecio isso. — Meu corpo todo caiu em alívio.
Então ele bateu palmas, assustando-me. — Ok, Lydia. Aqui está o que
vamos fazer.
— Sim?
— Cheguei tarde hoje pela manhã, só tive algumas horas de sono. Se eu
não tomar um café logo, as coisas vão ficar feias. E você provavelmente precisa se
secar. — Sem qualquer problema, ele estendeu a mão. — Vamos arrumar as
coisas. Então podemos nos sentar e você pode me contar a longa história de como
diabos você acabou na minha casa. Concorda?
— Concordo. — disse, com a voz aliviada.
Ele me puxou para cima. Então, com as mãos fortes na minha cintura, me
tirou da banheira. Imediatamente a água começou a pingar do meu vestido
saturado, acumulando-se no chão de madeira aos meus pés. Chris teria ficado
nitidamente chateado. Chris não gostava de bagunça. Mas como Vaughan não
parecia se importar, eu também não.
— Você realmente não vai chamar a polícia? — Perguntei.
— Não. Fique quieta. — Ele disse, arrancando cuidadosamente um cílio
falso da minha bochecha.
— Obrigada.
— Seu vestido está meio fodido. — Ele me olhou da cabeça aos pés.
— Eu sei. — disse com tristeza.
— Vou deixar você para se trocar.
— Espera. Por favor. Eu não vou conseguir tirar isso sozinha.
Mais franzido de testa.
— É vintage, — expliquei com um rosto sombrio. — Não há zíper, apenas
uma linha de pequenos botões nas costas.
— É claro que existe. — Sem outra palavra, ele me virou e começou a abrir
os botões. Enquanto trabalhava, ele cantarolou baixinho, uma música vagamente
familiar.
— Você ainda não está bravo? — Perguntei perplexa.
— Nuh.
— Mas eu invadi sua casa.
— A janela estava aberta.
— Eu ainda atravessei.
Dedos ocupados continuaram trabalhando em desfazer o vestido. — Você
se sentou na banheira e chorou porque algum idiota te fodeu.
Isso me calou.
— Ou é isso que estou assumindo, dado o vestido e tudo. Eu suponho que
foi ele que te deu esse roxo na sua bochecha?
— Não. Ninguém me bateu. E sim, você assumiu direito sobre o ser fodida.
— Eu tentei olhar para ele, mas não conseguia ver qualquer coisa além do meu
cabelo selvagem. Impressionante como ele sobreviveu ao banho. A profissional
sabia claramente fazer sua merda.
— Tem certeza de que ninguém bateu em você? — Ele não parecia
convencido.
— Sim. Perdi meu aperto e bati no chão quando eu estava subindo na
janela. Minhas habilidades de invasão de lar precisam ser aprimoradas.
— Eu sugiro que você tente uma carreira diferente. — Ele terminou com os
botões e deu um passo para trás, coçando a cabeça. — Você está bem com o vestido
agora?
— Sim, obrigada, — eu disse a seu reflexo no espelho. — Por tudo, quero
dizer.
— Claro. — Ele quase sorriu e balançou a cabeça como se não pudesse
acreditar no que estava acontecendo. Ou talvez fosse descrença que ele não
estivesse me chutando direto para fora da janela por onde eu viera.
Deus sabe, que isso chocou a merda fora de mim.
Ele se virou para a porta. — Vejo você lá fora.
Capítulo Três
Por baixo do vestido de noiva encharcado, as coisas não estavam tão ruins.
Minhas anáguas e espartilhos estavam realmente bem secos. Ou estariam em breve
com o tempo quente. Arrumei meus olhos de panda e envolvi meu cabelo em uma
toalha, estilo turbante. Nada mais poderia ser feito.
Hora de se aventurar em busca da cozinha. Foi fácil o suficiente de
encontrar com o cheiro tentador de café me levando. O bangalô tinha
aproximadamente uma forma de L. Obviamente, em algum momento, ele foi
remodelado e recebeu um layout mais moderno.
Era agradável, encantador.
Portas francesas se abriam da cozinha para um deque onde havia várias
vasos contendo plantas mortas há muito tempo. Toda a luz dentro era nebulosa,
graças as janelas sujas. Pequenas manchas de poeira flutuavam no ar dourado da
tarde.
Vaughan esperou à mesa, uma xícara de café nas mãos e outra em frente.
Ele usava jeans e uma camiseta cinza amarrotada com alguma banda de música
na frente. Mesmo sentado em uma cadeira, ele parecia bem. Diferente de Chris,
mas ainda imensamente atraente. Vaughan estava tão relaxado com seu corpo
longo e magro e seu cabelo caindo em seus olhos. Cara, eu odiava pessoas que
pareciam tão atraentes sem esforço. Eu relaxada parecia que tinha um cabelo
oleoso e uma calça de moletom.
— Oi. — Eu levantei a mão em saudação.
Ele estava ocupado olhando para o nada, perdido em pensamentos. Agora,
no entanto, ele piscou repetidamente, lentamente me olhando. Mesmo que eu o
tivesse visto nu, estar na frente dele com a minha lingerie de babados me fez
hesitar. Tão estúpido. Demasiado tarde para eu ficar envergonhada. Pelo lado
positivo, o espartilho transformou minha carne extra em uma ampulheta fabulosa.
Algo que Vaughan definitivamente pareceu notar. Eu não estava procurando
nenhum momento sexy. No entanto, algum apreço masculino honesto pelos meus
bens femininos parecia bom. Seguindo em frente, dando a volta por cima e tudo
isso.
— Eu tentei limpar o banheiro um pouco, — eu disse, puxando um assento.
— Pendurei meu vestido para secar.
— OK.
— Obrigada pelo café.
— Não se preocupe, — disse ele em uma voz rouca. — Espero que você goste
dele preto. Eu não venho aqui há algum tempo, então não tem açúcar ou creme.
— Preto está bom. — Tomei um gole cauteloso da bebida. Ah café. Meu
único amigo verdadeiro (ao lado da vodka). Devia haver alguns grãos escondidos
no freezer, porque não estava ruim. Eu teria sofrido com uma xícara dessas
porcarias instantâneas; foi bom não ter que passar por isso, no entanto. Pequenos
prazeres importavam. — Isso está incrível.
Um grunhido.
Com a cafeína bombeando através de mim, comecei a me sentir mais eu
mesma. Menos Miss Havisham1 sentada com seu vestido esfarrapado e mais uma
mulher moderna e capaz. Sacudi toda a merda, sentei-me um pouco mais ereta.
— Vaughan, realmente sinto muito sobre tudo isso, por despejar meus
problemas em você.
— Eu sei. — Ele não encontrou meus olhos devido a ainda estar notando
meus bens. Talvez ele estivesse zonzo, com tanto cansaço, e eu por acaso estava
na direção onde ele estava olhando quando eu percebi.
— Vale a pena repetir. Você tem sido ótimo sobre isso, realmente.
Outro grunhido.

1 Miss Havisham é uma personagem do romance Great Expectations (Grandes Esperanças) de


Charles Dickens. Ela é uma solteirona rica, uma vez abandonada no altar, que insiste em usar seu
vestido de noiva para o resto de sua vida.
Tinha que admitir, a curiosidade me encheu sobre esse homem. Pergunto-
me como ele era quando não estava sem dormir o suficiente e lidava com uma noiva
fugitiva invasora. Ele era o tipo de pessoa que sorria um pouco ou muito? Eu não
sabia dizer. Para alguém que vivia lendo pessoas e convencendo-as a comprar
casas grandes, hoje eu oficialmente estava na merda.
— Você nem sequer conseguiu tomar banho. — Eu disse.
Ele deu de ombros. — Mais tarde.
— Prometo que depois que terminar este café, vou sair do seu caminho.
— Sem pressa. — Ainda sem contato visual.
Eu me mexi no meu assento.
Ele realmente estava me atraindo com seu jeito. Seus lábios não eram
grossos nem finos. Apenas bonitos. Seria bom vê-los curvados em um sorriso.
Saber que eu não destruí completamente o dia dele com o meu drama.
— Esta é realmente uma linda casa, — eu disse. — Você não passa muito
tempo aqui?
— Não.
— É uma pena.
Talvez ele tivesse de saco cheio de falar e não quisesse uma conversa. Por
mim tudo bem. Mas eu não acho que isso estava acontecendo. Ele estava distraído,
tudo bem. Mas eu duvido seriamente que era devido ao cansaço, entretanto.
Eu inclinei minha cabeça, estudando-o. — Vaughan?
— Sim?
— O clima tem estado agradável, não está?
— Ótimo.
— Sim. É tão bom, — eu me entusiasmei. — Adoro esse clima.
Belo rosto e expressão em branco, os dedos dele permaneceram enrolados,
imóveis, ao redor de sua xícara de café meio cheia. Se não fosse por suas respostas
monossílabas e todo o peito se mexendo a cada respiração, eu teria me perguntado
se o homem tinha morrido. E não era o meu rosto manchado de maquiagem ou o
cabelo enlouquecido que ele estava olhando. Na verdade, não acredito que ele tenha
chegado tão longe.
Parecia que meu pretenso vizinho era um homem de mamas.
Eu tenho que admitir que minha lingerie de noiva Elomi2 era requintada.
Eu estava tão certa de que iria impressionar Chris, levá-lo a uma luxúria pós-
matrimonial. Que piada. Um consolo pode ter sido uma ideia melhor.
— Eu só queria agradecer novamente por ser tão compreensivo sobre tudo
isso. — Eu disse.
— Claro. — Ele disse aos meus seios.
— Você tem sido ótimo.
— Mmm.
— Outras pessoas não teriam sido tão compreensivas.
— Idiotas. — disse ele, apertando os lábios em desaprovação. Tenho certeza
de que meus seios gostaram imensamente do apoio dele.
Tomei meu café, esperando que ele se entediasse deles. E então eu esperei
mais um pouco. Não estava acontecendo. O relógio na parede marcava os segundos
alto, o único som na sala. Embora eu não pudesse alegar inocência em relação a
sua virilha, pelo menos eu não tinha ficado boquiaberta com ele. Eu fui discreta
(acho).
— Vaughan?
Narinas dilatadas em uma respiração profunda. — Hã?
— Você está encarando.
— O que?
— Meus seios. — Acenei com a mão em torno das partes pertinentes da
minha anatomia. Embora esteja razoavelmente certa de que ele já sabia onde eles
estavam. — Essas coisas, Vaughan. Os alimentadores de bebês e travesseiros do
pecado. Você está olhando para eles.
Seu olhar assustado saltou para o meu rosto.
— Eu não iria mencionar isso, mas já faz um tempo e estou começando a
ficar um pouco desconfortável.
— Merda. — Ele murmurou, quando a realização o atingiu. Ele virou o rosto.
— Não me entenda mal. Já que você é provavelmente o único que vai me
ver nisso, é bom ver algum apreço. Mas sim, estava ficando estranho.
— Desculpe, Lydia.
— Está tudo bem. — Tentei segurar um sorriso. Tentei.

2 Marca de lingerie
Com as sobrancelhas puxadas para baixo, ele se concentrou bem em beber
o café. — Não percebi que estava fazendo isso.
— Está bem. Você gosta de peitos. Eu entendo.— disse, inspecionando as
mamas. — Eles estão meio que adoráveis nesse corset.
— Sim.
— E para ser justa, eu vi você em toda a sua glória há não muito tempo.
Ele soltou uma risada. Não faço ideia de como ele fez isso parecer atraente,
mas ele fez. Então seus lábios se curvaram em um pequeno sorriso divertido. E
esse sorriso? Era lindo.
Me pergunto como as coisas estavam indo do outro lado da cerca para o
Chris & Cia.? Não que eu me importasse. Um portal de fogo para o inferno poderia
abrir debaixo de sua festa no jardim e eu não teria ajudado nenhum deles. Acho
que entrei no estágio amargo e distorcido de luto pelo meu relacionamento. Claro
que eu tinha terminado com a negação.
— Você ia me contar sobre o desastre do seu casamento. — Sugeriu
Vaughan.
— Certo. — Eu cruzei os braços sobre o peito. Um movimento puramente
defensivo. Tudo o que aconteceu, no entanto, foi o aumento dos meus seios.
Imediatamente, o olhar de Vaughan estava lá, me fazendo deslocar na cadeira
desconfortavelmente. — Você não teria uma camisa que eu pudesse pegar
emprestado, iria—
— Não.
— Não?
Ele limpou a garganta. — Desculpa.
— Você só tem uma camisa?
— Sim, ah ... veja, a companhia aérea perdeu minha bagagem.
— Eu pensei que você disse que estava dirigindo a noite toda.
— Certo, certo. Voei e então dirigi. Decidido a pegar a estrada em Portland,
ver toda a paisagem. —
— À noite?
— Sim. — Ele se virou, coçando a barba ruiva dourada em seu queixo. —
Todas as estrelas e tudo o mais. Estava muito bonito.
Hã. OK. Provavelmente não havia nenhum ponto em perguntar sobre
toalhas. As únicas que eu vi agora estavam penduradas molhadas no banheiro.
Roubar o lençol da cama e fazer uma toga com ele poderia ser ir longe demais. Sem
problema, eu poderia ser descarada. Obviamente meu anfitrião não tinha
problemas em deixar tudo fisicamente exposto. Embora ele fosse feito de pedra,
enquanto eu era mais como um marshmallow. Chris gostava de me chamar de
“bolinho de massa”. — Ele fazia com que parecesse doce, mas não era nem de perto.
Quanto exatamente eu tinha ignorado ou desculpado? Boa pergunta. Eu
mordi a unha do meu polegar, me dobrando. Não o suficiente. Eu não permitiria
que ele e seu caso continuassem minando minha autoconfiança. O vídeo me
acordou. Sem mais desculpas.
— Acredito que meu noivo é gay e tem me usado como fachada, — anunciei,
com o queixo erguido. — Isso é basicamente toda a história.
Os olhos de Vaughan se arregalaram. — Merda.
— Sim.
— O que aconteceu?
— Eu estava me preparando para a cerimônia e alguém me enviou um vídeo
dele transando com outro cara.
— É por isso que você correu?
— É por isso que eu corri. — Eu caí de volta no assento. — Por quê? O que
você teria feito?
— Dado fora de lá.
Eu dei a ele um aceno de cabeça, relaxando ainda mais. — Bom.
— Pau não é minha coisa. Eu teria que ter ficado bêbado pra caralho para
ter ficado noivo de um cara em primeiro lugar. — De baixo de suas sobrancelhas
veio um olhar astuto. — Mas sim, eu definitivamente teria fugido.
— Ha-ha
O sorriso veio devagar, mas novamente estava lá. Estranho - ele sorriu e o
peso nos meus ombros se tornou mais leve. Toda a poeira e escuridão da casa
desapareceram de vista. Talvez fosse só por eu não me sentir tão sozinha, não sei.
Mas ajudou.
— De jeito nenhum eu poderia ter colocado as roupas íntimas e parecer tão
bem quanto você. — Ele disse contemplativamente, esfregando o polegar sobre a
borda de sua xícara de café.
— Não?
— Eu não tenho alguns de seus ativos mais delicados.
— Ah, isso é doce, — eu disse, rindo baixinho. — Tenho certeza que você
ficaria lindo de drag, Vaughan. Mas agradeço que você diga isso.
— Sem problema. — Ele tomou um gole de café, me observando o tempo
todo com aqueles intensos olhos azuis. Nem uma vez eles se desviaram para os
ativos em questão. Provavelmente muito ocupado admirando minha coleção de
arranhões, hematomas e bagunça quente de noiva.
Eu me mexi no meu assento, incomodada por um minuto. Embora
realmente, qual era o motivo? Eu parecia um inferno e poderia muito bem seguir
em frente com isso. Respirei fundo e fiz o meu melhor para deixar toda a escória
partir. Tudo ficaria bem. A vida continuaria. Eu e minha situação insana até
conseguimos elevar um pouco o humor desse homem.
Sim, cometi um erro. Merdas definitivamente tinham acontecido. Mas as
coisas não eram tão ruins. Além da minha bela coleção de arranhões, hematomas
e músculos doloridos, ainda tinha minha saúde.
— Você tem um sorriso matador. — disse ele, ainda olhando.
Droga, ele estava falando sério. Provavelmente apenas sendo gentil. —
Obrigada.
Um aceno de cabeça.
Ele esfregou a barba no queixo, pequenas linhas aparecendo entre as
sobrancelhas. — Você não estava tentada a dar-lhe uma lição na frente de todos
os convidados?
— Honestamente? — Eu tomei meu tempo e ponderei a questão, passando-
a dentro da minha cabeça. — Eu não estava com medo, exatamente, só ... eles não
eram meu povo. Todos esses convidados eram conhecidos de negócios, contatos,
amigos de sua família. A maioria deles eu nem conhecia. Acho que não tenho estado
na cidade tempo suficiente para fazer meus próprios amigos. Estive ocupada
trabalhando ou estive com o Chris. Meus pais não conseguiram vir e eu
praticamente perdi contato com as meninas com quem frequentei a escola.
— Realmente não me importo com o que esses idiotas pensam de mim.
Quanto ao que eles pensam dele, ele fez essa bagunça. Ele mesmo pode limpar. Eu
só queria me retirar de toda a situação, imediatamente. — Eu olhei por cima do
ombro dele, perdida em pensamentos. — Acho que fiquei envergonhada. Como eu
poderia não estar? Ele me fez de boba.
Ele fez um pequeno barulho.
— De qualquer forma.
— E foi assim que você acabou na minha banheira?
— Sim. — Eu dei-lhe um sorriso tenso. — Percebi um pouco tarde que não
tinha dinheiro nem cartões. Esconder-me por um tempo até que as coisas se
acalmassem parecia uma ideia inteligente. Ter meu colapso em particular.
— Mm.
— Falando nisso, acho que é melhor eu voltar, verificar os danos. — Tomei
um gole fortificante de café. — Deixá-lo em paz e ir buscar minha bolsa.
— Sem pressa.
— Acho que provavelmente tomei o suficiente do seu tempo com o meu
drama. — disse com uma risadinha. Saiu sem graça. Eu deveria dar alguns dias
para a minha realidade afundar antes de tentar fazer piadas. Agora as coisas ainda
pareciam cruas, no limite. Como se eu pudesse começar a chorar de novo a
qualquer momento. Ou isso ou entrar em algum tipo de comportamento psicopata.
Muitas emoções estavam borbulhando sob a superfície. Não senti que havia o
suficiente de mim para conter tudo. Uma pequena rachadura e eu começaria a
derramar tudo de novo.
Não. Não. Eu endireitei minha espinha. Eu poderia lidar com isso. Eu
poderia e ia.
— Sério. — Ele acenou com a mão, fazendo sinal para eu ficar sentada.
Então ele se esticou, levantando os braços acima da cabeça, em seguida, segurando
os cotovelos e estalando o pescoço. — Você realmente não quer voltar lá ainda.
Porra sabe, eu não gostaria.
— Você tem certeza?
Ele assentiu. — Sim. Você estar aqui também me dá uma ótima desculpa
para deixar de lidar com a minha própria merda.
— Você também tem um drama?
Um encolher de ombros. — Todos não têm?
— Um efeito colateral da respiração, eu acho.
Ele sorriu.
Capítulo Quatro
— Nada sobre sua vida sexual fez você pensar que ele poderia ser gay? —
Vaughan perguntou.
— Um...
— Se você não se importa de eu perguntar.
— Bem, sim. Quero dizer não, não me importo de você perguntar. Mas sim,
nossa falta de intimidade deveria ter me feito pensar duas vezes. — Oh, Deus.
Realmente deveria ter. Com a falta de sexo, estraguei tudo magnificamente. A
vergonha me encheu. — Eu ainda não consigo acreditar que eu fui enganada pelo
papo furado dele.
— Acho que ele foi convincente.
— Ele com certeza foi.
— Pelo menos você não seguiu com casamento.
Eu respirei fundo. — De jeito nenhum. Assim que vi ...
Um aceno de cabeça.
— Não tenho certeza se digeri isso na verdade, que eu não vou me casar
hoje. Que não vou passar o resto da minha vida construindo um lar com ele.
— É uma coisa grande.
— Sim. — Cruzei as mãos no meu colo. — Eu me empolguei e dei um salto
de fé. Apenas não compensou.
Ele não disse nada. Como se não houvesse alguma coisa a dizer.
— Confiança é uma cadela. De qualquer forma. — Afastei esse pensamento.
Hora de seguir em frente, etc. Se eu ficasse dizendo a mim mesma o quanto eu
deveria passar por cima disso, eventualmente, conseguiria. — Para responder sua
pergunta. Honestamente, Vaughan, não tivemos muita vida sexual para falar.
— O que? — Com os cotovelos sobre a mesa, ele se inclinou, aproximando-
se. — Quando foi a última vez que vocês dois foderam?
Eu pisquei. Não “transaram”. Nem mesmo “fizeram amor”. Foderam. Como
a linguagem importava, e ainda assim ... talvez eu fosse uma puritana. Eu nunca
pensei em mim como uma, embora como hoje estava mostrando, eu não sabia de
merda nenhuma.
— Lydia?
— Desculpa. Apenas mentalmente me batendo de novo.
— Pare com isso. Isso não vai ajudar.
— Não, não vai. Mas é meio difícil de evitar hoje.
— Mm.
Tatuagens cobriam os seus braços até os pulsos. Pretas e cinzas,
principalmente, com traços de cor em erupção aqui e ali. Uma guitarra elétrica com
um crânio ornamentado acima dela. Um pássaro azul mergulhando cercado por
chamas. Belo trabalho de tinta. A quem ele foi para fazer era um artista de verdade.
Em frente a mim, ele empurrou para trás o cabelo vermelho-claro,
esperando que eu respondesse sua pergunta.
— Bem, nós estávamos esperando para fazer sexo. Sua família é religiosa e
bastante tradicional. — Meus dedos se entrelaçaram e torceram no meu colo. —
Bom para as aparências e outras coisas. Sim…
Pequenas linhas apareceram entre suas sobrancelhas.
— Mas ele me dizia que me amava o tempo todo. E ele ligava várias vezes
por dia só para me checar, para ver se eu precisava de alguma coisa, — Eu disse
com apenas uma sugestão de desespero. — Ele me respeitava. Sem dúvida, ele é a
pessoa mais adulta e bem ajustada com quem já tive um relacionamento.
Queríamos as mesmas coisas, um futuro econômico estável e uma família, dois
filhos. Nós dois estávamos prontos para nos estabelecer. Casar com ele fazia todo
o sentido.
— Parece ótimo. — Ele brincou.
— Eu pensei que era.
Ele sentou-se para a frente, apoiando os cotovelos na mesa. — Deixe-me
verificar se eu entendi direito. Vocês ficaram juntos por meses, e noivos.
— Sim.
— E absolutamente nada entre os lençóis?"
Eu franzi meus lábios, reajustando meu penteado turbante de toalha. Você
sabe, ganhando algum tempo. Se eu tivesse ficado de boca fechada e apenas
deixado o cara se embasbacar com os meus seios. Seria muito melhor do que ter
essa conversa humilhante, especialmente com ele. O homem era obviamente algum
tipo de ridiculamente legal deus do sexo de Idaho. Quem diabos sabia que tal coisa
existia?
— Lydia?
Eu rosnei ou gemi. Foi definitivamente um ou outro, eu não tenho certeza
qual. Emocionalmente, as coisas estavam em agitação. — Houve alguma ação no
sofá. Nós brincamos, nós apenas não fomos tão longe. Bem, nós meio que
transamos.
Suas sobrancelhas subiram. — Meio que?
— Sim.
— Baby, se você não tem certeza do que fez com esse inseto, se foi sexo ou
não, então não é. Vamos esclarecer isso agora.
Meu sorriso era uma coisa forçada e feia. — Certo.
— O cara estava namorando você e ele não queria nada?
— Mm-hmm.
— Ele tem um pau?
— Sim, Vaughan, ele tem um pau.
— Você tem certeza disso?
Eu olhei para o céu. Nenhuma ajuda estava próxima. — É muito gentil da
sua parte pensar isso.
Ele riu, o olhar deslizando para os meus seios por um milissegundo. — Não.
Apenas sendo razoável.
— Algumas pessoas acreditam no celibato antes do casamento.
— Você não.
Ele tinha um ponto. De jeito nenhum eu estava reconhecendo isso, no
entanto.
— Acredita? — ele persistiu.
— Eu acreditei nele. — Meu orgulho era uma coisa pequena e triste. Eu
podia senti-lo afundando lentamente no chão para fingir de morto. — Você sabe,
pensei que falar sobre isso ajudaria, mas não ajuda. Podemos parar agora?
— Não. Eu quero entender isso.
— Deus, entre na fila. — Desta vez, foi definitivamente um gemido de
desespero. Lamentável. — Eu não tenho certeza se posso explicar mais. E você não
quer entender, você quer zombar disso.
— Isso não é verdade. Qual é, eu estou tentando aqui.
Com sobrancelhas altas, eu dei a ele um olhar muito duvidoso.
— Eu estou. Mas você tinha que suspeitar.
— Ou talvez ele fosse um ótimo ator e eu fosse uma daquelas mulheres
tristes e solitárias que são maleáveis. — A verdade feia. Meu estômago torceu e
virou, me fazendo querer vomitar.
— Mas-
— Pare. Por favor. — Deus me ajude, eu não aguento mais. Eu suavemente
bati minha testa contra a mesa e fiquei lá, de rosto para baixo. — Posso te
convencer a dar queixa? Acho que talvez eu deva ir para a cadeia depois de tudo.
Uma cela legal e tranquila pode ser a coisa certa.
— Você não vai para a merda da prisão.
Valeu a pena tentar.
— Ei, sinto muito que você tenha se ferrado, mas essa merda vai se resolver.
O peso em cima da minha cabeça mudou e então meu turbante de toalha
desapareceu. Fios loiros desgrenhados e úmidos caíram no rosto. Eu me sentei,
empurrando a bagunça toda para trás.
— Desculpe, — disse ele, jogando a toalha na direção do balcão da cozinha.
— Eu estava tentando te dar um tapinha reconfortante na cabeça.
— Obrigada.
Uma pausa.
— Nenhum cara hétero poderia ficar longe desse equipamento, — disse ele
em voz baixa. — Apenas dizendo.
— Nem todo mundo é um homem de tetas.
— Bem, eles deveriam ser, — ele zombou. — O peito é o melhor.
Eu bufei, rindo um pouco, apesar de tudo.
A sala se acalmou novamente, ambos perdidos em nossos pensamentos por
um momento.
— Eu estou do seu lado, Lydia.
— Obrigada, — eu disse. — E eu sei o que é sexo, Vaughan. OK? Havia
mãos, mas nenhum de nós gozava. As coisas eram interrompidas. Ele as
interrompia, havia uma importante ligação de negócios ou algo assim. Portanto,
”meio que" sobre o sexo.
Silêncio sepulcral do outro lado da mesa.
— O que?
Ele levantou um dedo. — Eu ainda não estou zombando de você.
— OK.
— Mas qualquer um que parasse de apalpar ou tirasse os dedos de dentro
de uma mulher por causa da porra de um telefonema é um idiota sem consideração
para o qual você não deveria abrir as pernas.
— Estou vendo isso agora.
— Estou falando sério, Lydia.
Estudei a mesa, precisando de um momento para me recompor. — Há
quanto tempo nos conhecemos? O que, meia hora, uma hora?
— Ah. — Virando-se em seu assento, ele verificou um velho relógio de
madeira na parede da cozinha. — Sim. Algo assim.
— Você está ciente de que a maioria das pessoas esperam um pouco mais
antes de discutir as regras de etiqueta em relação a orgasmos com os dedos? Para
quem eles devem e não devem abrir as pernas? Coisas assim.
— É mesmo?
— É.
— Bem, foda-se. — Ele sentou-se, sorrindo abertamente para mim, e foi
impressionante. De maneira ridícula. A extensão de seus lábios sobre os dentes
brancos, a diversão iluminando seus olhos. Seu polegar bateu contra a mesa,
movendo os tendões em seu braço, deslocando todo o complexo trabalho de tinta
em sua pele.
Não pude deixar de imaginar qual seria o seu drama.
— A maioria das pessoas não aparecem na minha banheira em um vestido
de noiva. Mas me diga, baby, como isso funcionou para você? Seguindo todas as
regras, sendo educada e se abstendo? Fazendo o que a maioria das pessoas fazem?
— Meu nome não é baby.
Seu brilho diminuiu para um sorriso paciente. — Como isso funcionou para
você, Lydia?"
— Isso não é óbvio?
— Por que você não tem ninguém para quem correr hoje? Por que não tem
ninguém pra te proteger?
— Uma emergência de última hora surgiu com os negócios de meus pais.
Eles estavam realmente sentidos, mas ... às vezes as coisas acontecem, certo? Não
é nada pessoal, eles são apenas o tipo de pessoas que vivem para o trabalho. Essa
é a vida deles. Eu posso contar em uma mão o número de aniversários, dias de
Ação de Graças e Natal que celebramos. — Me mantive ocupada penteando o meu
cabelo o melhor que pude com os dedos. Isso impedia minha ansiedade. — Assim
como eles não vieram para o casamento.
Nada foi dito. Embora parecesse haver uma tristeza em seus olhos, um
entendimento. Chris tinha olhos azuis, mas diferente do de Vaughan. Mais escuro.
Manchas aveias enlamearam suas profundezas. Os olhos de Chris nunca me
pareceram particularmente expressivos. Não como os de Vaughan. Eu acho que
eram todos os segredos que ele guardava, todas as mentiras. Olhos como janelas
para a alma ou não. Você não pode ver alguém se ele não permitir.
— Honestamente? A maneira como vivi a minha vida funcionou para mim,
Vaughan.
Ele apenas ficou olhando.
— Além de deixar Chris me fazer parecer uma completa idiota. Eu estava
trabalhando com meu noivo, então estou assumindo que agora estou
desempregada. Desisti do meu apartamento para me mudar para a casa grande,
então eu não tenho ideia onde eu vou dormir hoje à noite. — Cruzei meus braços
sobre os meus seios, encobrindo o máximo que pude. Nada em me abrir me fez
sentir bem. Claro, talvez não deveria ser assim. Especialmente não para um
verdadeiro desconhecido.
Tanto faz. A situação era o que era, e não importava quanta raiva eu jogasse
em Chris, eu tinha feito a minha parte para chegar aqui. Fiz escolhas ruins. Não
faz sentido fingir o contrário. — Não é apenas culpa de Chris, no entanto. Acho que
você poderia dizer com segurança que sou excepcionalmente péssima com
relacionamentos. Nós estávamos constantemente nos mudando quando eu era
criança. Depois de um tempo eu não me importava mais em fazer amigos, sabe? É
mais fácil.
Ele apenas me observou.
— Eu até me mantive praticamente isolada na faculdade. Concentrei-me
apenas no estudo e no meu trabalho de garçonete. Porque o trabalho é tudo, certo?
O cara que eu namorei também era bem discreto. Nenhum de nós éramos festeiros.
— Eu respirei pelo nariz, ombros caindo. — Esse romance fracassou depois da
formatura.
— Sim?
— Ele teve uma grande oportunidade no exterior e eu só queria encontrar
um lugar legal e me estabelecer. Tentei alguns lugares diferentes. Coeur d'Alene foi
o primeiro que me pareceu bom. Eu fiz alguns amigos fora do trabalho, conheço
meus vizinhos. — Olhei para o nada, evitando qualquer expressão que ele tivesse
em seu rosto. — Isso é o que é normal, certo?
— Uma versão disso, claro.
— Hmm. — Deus, me escutando e tentando explicar minha vida me fez
querer me forçar a me jogar do penhasco mais próximo. Ou ter um dia de spa
realmente completo. Qualquer um provavelmente o faria. — Dada a minha história,
é incrível, eu pensei que tinha uma pista do que estava fazendo com o Chris. Eu
era o alvo perfeito para o filho da puta.
Eu forcei um sorriso. — Idiota é definitivamente a palavra.
— Não diga isso, — ele admoestou. — Você foi um pouco ingênua, talvez
inexperiente. Mas você não é uma idiota.
— Obrigada. Enfim, chega da minha festa de piedade. Então, — Eu disse,
ajeitando meus ombros e olhando diretamente nos olhos dele. — Estou supondo
que você não siga as regras ou se preocupe em ser educado e anda na linha. Como
isso funciona para você?
O canto dos lábios dele se contraiu. — Honestamente?
— Honestamente.
— Uma merda. — Ele admitiu, entrelaçando os dedos atrás do pescoço.
— Sim? Quão profundo?
— Quebrado, sem trabalho, provavelmente prestes a perder esta casa.
— Uau. — Eu caí na minha cadeira. — Não somos um par?
— Não somos? — Seu sorriso autodepreciativo cresceu. — Sem dinheiro.
Sem esperança. Sem nada.
— Basicamente.
Sua cabeça caiu para trás e ele olhou para o teto. As linhas fortes em seu
pescoço eram bem pronunciadas nessa pose. Eu não conseguia ver a tatuagem
aparecendo sob o colarinho de sua camiseta. Eram palavras, mas não sei bem o
quê. Ele levantou a cabeça o suficiente para olhar para mim por baixo das
sobrancelhas. — Eles têm bebida do outro lado da cerca em sua festa chique?
— Pilhas. Coisas realmente boas também. Muita cerveja artesanal.
— Bom. Devemos ir roubar algumas.
Eu assenti instantaneamente. Ideias malucas mereciam apoio. —
Deveríamos. É metade meu o casamento, não seria realmente roubar. Você vai ter
que me ajudar a voltar pela cerca novamente. Acho que puxei cada músculo da
cintura para baixo, subindo nela da primeira vez. —
— Eu posso ajudá-la a voltar por cima da cerca.
— Feito, então, — eu disse. — Amanhã, ajeitamos as nossas vidas. Hoje à
noite nós vamos brindar às nossas situações ruins e afogar nossas tristezas.
Nós sorrimos um para o outro em companheirismo.
— Quão sério você está sobre isso? — Eu perguntei, mais curiosa do que
com medo. Na maior parte.
Um encolher de ombros. — Você tem que voltar lá algum dia. Pode muito
bem fazer valer a pena a viagem.
— Eu acho que sim. — Minha testa franziu. — O álcool seria bom.
— Eu definitivamente preciso de uma bebida para lidar por estar de volta
aqui. — Ele balançou a cabeça lentamente, os lábios curvados para baixo. — Essa
merda é fodida, baby. Como você não acreditaria.
Eu não queria rir. Não de seus infortúnios, nem dos meus. Deus sabe, nada
sobre isso parecia engraçado. Vaughan franziu a testa para mim. Só então ele
começou a rir também. Primeiro um pouco e depois muito. Logo o barulho encheu
a sala, tirando o silêncio da velha casa. Ele riu até que seus ombros largos
tremeram e todo aquele cabelo brilhante caiu em seu rosto, obscurecendo o corte
de suas bochechas. Eu, por minha vez, gargalhei até as lágrimas escorrerem pelo
meu rosto.
Nada disso deveria ter sido engraçado, mas foi hilário. E nós, nossas vidas,
fomos a piada.
Acho que às vezes não há resposta certa, além de rir. Então nós rimos.
Estranhamente, isso realmente ajudou.
Sentada na cozinha de um estranho, confessando tudo, era o último lugar
que eu esperava me encontrar neste dia entre todos os dias. No entanto, aqui
estávamos nós. Eu tinha derramado uma pilha de dúvidas e segredos profundos e
sombrios, enquanto o homem oposto permanecia um mistério.
Só então ele penteou para trás seu cabelo selvagem com dedos longos,
olhando em minha direção. Um sorriso ainda permanecia em seus lábios. Um
caloroso. Talvez até um sugestivo?
Eu não sei.
Certamente estava começando a me aquecer por dentro. Ele não quebrou o
contato visual, apenas continuou me dando seu sorriso amigável, fácil, sexy-como-
pecado. Tão lindo. Embora esse cara fosse deslumbrante descascando batatas ou
tirando o lixo. Procure “quente” no dicionário e haverá Vaughan, olhando para
você na página.
Chris sempre segurou minha mão ou colocou o braço em volta da minha
cintura quando saímos. Eu tinha tomado esses movimentos como se ele estivesse
orgulhoso de ser visto comigo, dele gostando do meu corpo, mesmo que ele
desejasse que eu me exercitasse um pouco. Em vez disso, ele estava se agarrando
como um carrapato para evitar rumores sobre sua sexualidade. Eu não era sua
parceira de vida, apenas sua idiota.
Vaughan admirava meus seios, mas como ele se sentia sobre o resto de mim
eu não fazia ideia.
Capitalistas certinhas, como eu, poderiam não ser sua coisa. Suas roupas
eram confortáveis, jeans velhos e uma camiseta desbotada. Eu não pude ver
nenhuma joia nele, apenas toda a tinta. Seu corpo não era volumoso, mas atlético.
Magro e forte, se a maneira como ele me tirou da banheira sem puxar as costas foi
uma indicação. Da minha idade, talvez um pouco mais velho.
E quanto à casa, alguém amara aquele lugar uma vez. Tomou conta dela.
Havia poeira, mas não sujeira, se isso faz sentido. Fotos e lembranças pessoais
estavam faltando, a casa estava despojada com exceção da mobília. Uma coleção
legal de vintage dos anos cinquenta e merdas de pinho barato. Tinta branca
descascada no teto, mas o creme nas paredes parecia quase novo. Sem
identificação. Era como se o lugar estivesse esperando, mas pelo que?
A curiosidade por ele me possuiu. Eu queria passear dentro de sua mente,
acariciar seu corpo quente. Coisas nesse sentido.
Além disso, ele ainda estava me olhando assim.
— Pelo menos você finalmente fez um amigo. — disse ele.
— Ha. — Eu me contorci no meu lugar. — Acho que sim. Que tal isso?
Intencionalmente ou não o homem tinha meu corpo na palma de sua mão.
Dentro e fora meus pulmões bombearam, ganhando velocidade a cada respiração.
Até meu sangue estava correndo mais rápido. Quanto ao meu sexo ... Deus o ajude.
Tudo entre minhas pernas começou a formigar em consciência dele e todas as
coisas boas que ele poderia, sem dúvida, oferecer. Minha vagina estava acordada e
rugindo, pronta para a ação. O homem deveria ter ficado com medo, não me dando
olhares sensuais. Ele não entendia o animal voraz com fome de sexo com quem ele
estava lidando. Nenhum controle. Nenhum. Zero.
Sexo casual entre novos amigos. Era necessário. Agora. Nada demais. Eu
estava aqui. Ele estava aqui. Vamos fazer isso.
Logo antes que eu pudesse pular nele, ele olhou para mim de novo. —
Espera. Você disse que o nome desse cara era Chris?
— O quê? — Eu pisquei repetidamente.
— O nome do seu noivo. Era Chris, certo?
— Hum, sim. — Água fria. Água gelada foi derramada sobre toda a minha
luxúria. — Chris Delaney.
— Delaney? — Ele bateu na coxa, balançando a cabeça. — Oh sim. Ele gosta
de pau. Pensei que todos soubessem disso.
— O quê? — Eu assobiei.
O homem apenas deu de ombros, blasé pra caralho. — O cara costumava
namorar o capitão do time de futebol americano no ensino médio. Não lembro o
nome do cara. Eles ficavam às escondidas, mas todos sabiam.
— Todo mundo sabia. — Meu queixo bateu no chão, literalmente. Bem tudo
bem, não literalmente. Perto disso, no entanto. — Todos.
— Provavelmente. Eu diria, família como aquela em um lugar como esse.
Minha boca mexeu, mas nada saiu. Tanta coisa me tomou que quase me
sufocou. Eu queria bater minha cabeça contra a parede. Dor e raiva. Suba de volta
a cerca e coloque fogo na casa. Eu queria perder o controle, em grande estilo.
— O-kay, — disse ele. — Você provavelmente deveria respirar.
Eu balancei a cabeça, silenciosamente hiperventilando. Toda a minha vida
poderia não ter passado diante dos meus olhos, mas os últimos quatro meses
passaram com toda a clareza. Garota idiota, idiota. Rancoroso, babaca
manipulador.
— Vamos, Lydia.
Todo mundo sabia. Meus dedos agarraram as bordas do assento, as unhas
cavando profundamente na madeira. Era como se eu estivesse em uma montanha
russa esse tempo todo e neste momento tinha chegado a derradeira e vertiginosa
queda final. Manchas brancas dançaram diante dos meus olhos.
— Baby? Ei. Respira.
— Eu odeio esta cidade, — balbuciei primeiro, depois tomei fôlego porque
ninguém mais iria me dizer o que fazer. Conselho sensato ou não, eu estava
cansada de ser enrolada. Dirigida. Manipulada. Meus pulmões trabalhavam
arduamente, puxando o ar o mais rápido que podiam. — Aquele pedacinho de
merda manipulador.
— Sim, ele é.
— Eu quero machucá-lo. Muito.
— Compreensível. — A língua de Vaughan trabalhou atrás de sua bochecha
como se ele estivesse imerso em pensamentos. — Parece que ele com certeza te deu
motivo para tanto. Diga-me, os pais dele ainda estão tentando ser os Kennedy de
Coeur d'Alene?
— Você acabou de descrevê-los perfeitamente.
— Há quanto tempo você está na cidade?
— Quatro meses. Foi um romance relâmpago. — pisquei de volta as
lágrimas quentes. Não mais. Nem mais uma maldita lágrima. — Eu pensei que
finalmente tinha a vida toda delineada, mas eu não tinha noção. Ninguém me disse.
— Não, bem ... você é nova, eles não poderiam. No fundo, este lugar ainda
é uma cidade pequena.
— Certo.
— Então, — ele disse com um suspiro. — Aí está.
— Aí está. — Todo mundo sabia. Minha humilhação estava completa. Eu
olhei para o vazio, visões do pênis ensanguentado e decepado de Chris dançando
na minha cabeça. Tendências violentas não eram da minha natureza. Chris, no
entanto, me levou até o limite da razão e me empurrou. Tesouras de jardim seriam
maravilhosas. Também um machado. Eu aposto que os machados são ótimos para
descarregar a agressividade. Provavelmente fantásticos para desenvolver a força
muscular dos membros superiores também. Viva para multitarefa. Você teria que
imaginar que seria uma bagunça no pau dele, mas não importa. O pau de Chris
estava morto.
— Baby?
— Esse não é o meu nome. — Eu disse, a boca no piloto automático.
— Tanto faz. Você está parecendo um pouco homicida aí. Tudo certo?
— Sim. Descobrindo o melhor método para separá-lo de sua masculinidade.
Vaughan estremeceu.
— Você pode me culpar?
— Não, não. — Ele colocou as mãos entrelaçadas na mesa. — O cara te
manipulou muito. Mas antes de você começar a lavar as ruas com o sangue dele,
pense sobre isso a partir da perspectiva dele.
— Você está defendendo ele? Sério? — Fiquei boquiaberta.
— Porra nenhuma, claro que não. Mas você está o repudiando, como você
acha que isso vai acabar com o monte de idiotas que ele chama de família e amigos,
hein?
Eu parei. — Eles nunca acharam que eu fosse boa o suficiente para ele. Eu
ter rejeitado ele tão publicamente ... ele ficará completamente humilhado.
— Sim. — Seu sorriso cruel era glorioso. Ele deixava o sol com vergonha.
— Eles vão estar falando sobre isso por anos.
— Mais um pouco. Lugares como esse nunca esquecem esse tipo de merda.
— Eu também deixei o celular. A menos que ele de alguma forma tenha
chegado primeiro, eles iriam ver ele e Paul em ação. — Meu sorriso era igualmente
afiado. — Todo mundo vai saber porque eu fiz isso.
Vaughan estalou os dedos. — Paul. Esse era o nome do cara.
— Que cara?
— Você sabe. O capitão de futebol no ensino médio. Interessante eles
estarem juntos todos esses anos.
— Sim. Uau, — Eu disse secamente, me levantando para andar pelo lugar.
Havia muita raiva em mim para ficar parada. Demasiada energia maníaca. — É
lindo. Romance verdadeiro.
— Desculpe. — Ele não conseguiu esconder um sorriso por trás de sua
mão.
— Eu gostaria de saber quem me mandou a pornografia?
— O número estava bloqueado?
— Sim.
— Se Chris é qualquer coisa como o idiota que ele era na escola, não é como
se ele tivesse falta de inimigos. — Seus olhos se estreitaram em mim em escrutínio.
— Você parece agradável. Por que você quis casar com ele mesmo assim? Dinheiro?
— Não. — Enrijeci, enquadrando os ombros. — Eu te disse, ele foi muito
bom para mim.
— Certo. Ele ligava para você e essas merdas.
— Ele me cortejou. Quase toda noite ele me levava a restaurantes e shows
em Spokane, todo tipo de coisa. Nós nos divertimos muito.
— Eventos públicos onde você seria vista.
— Sim. — Meus lábios se achataram de raiva. — Eventos públicos onde nós
seríamos vistos, então as pessoas não pensariam que ele é gay. Nada sobre nós era
real. Eu entendi, ok? E qual é o problema em ser gay?
Ele recuou como se eu fosse perigosa. Homem inteligente.
— Bem? — Eu exigi.
— Eu não tenho problema com isso. Não é minha coisa, mas seja o que for.
Então alguém bateu na porta da cozinha, abriu-a (sem convite) e entrou.
Alguém vestido com um smoking preto. A raiva me atingiu em um estrangulamento
e eu saltei.
— Eu vou te matar!
Capítulo Cinco
— Você! — eu rugi, atacando-o.
O rosto bonito de Chris instantaneamente endureceu.
Um braço forte me segurou pelo meu estômago, me levantando. Fui puxada
para trás contra um corpo duro como pedra, meus pés se batendo no ar pela
segunda vez naquele dia.
— Você mentiu para mim, seu bastardo. O tempo todo, você mentiu. — Eu
lutei, empurrando os braços de Vaughan e chutando suas pernas. Tudo o que ele
fez foi grunhir e aumentar seu aperto em volta da minha cintura. Porra, ele era
forte. Eu não estava chegando a lugar nenhum. Mas eu ia deixar isso me parar?
De jeito nenhum. A razão e eu há muito tempo nos separamos. — Você gosta de
pau, não de buceta. Você me usou!
— Eu não tenho ideia do que você está falando. — Chris zombou. —
Mantenha-se sob controle, Lydia.
— Eu vou te matar.
— Baby, acalme-se. — Vaughan sussurrou no meu ouvido.
— Me solte.
— Não acho que seja uma boa ideia. Você queria ficar fora da cadeia,
lembra?
— Eu quero matá-lo mais, — eu ofeguei. — Muito muito mais.
— Não, você é uma garota legal. Você segue as regras.
— Foda-se as regras. Eu quero dançar no túmulo dele!
— Você está bêbada? — Com movimentos bruscos, Chris arrancou sua
gravata borboleta, removendo o pedaço de seda de seu pescoço. Seu olhar varreu
sobre mim, claramente não impressionado. — Você está, não está? Deus sabe que
você está ridícula. O que diabos aconteceu com você, Lydia? Nós te procuramos em
todo lugar. Você percebe quantas pessoas estão esperando lá em casa?
— Eles vão esperar por um longo tempo. Eu vi você e Paul juntos.
O medo brilhou em seus olhos. Mas ele o cobriu rapidamente, erguendo o
queixo bem alto. — E daí? Eu te disse que iríamos sair para tomar umas bebidas
ontem à noite. Isso dificilmente pode ser a causa de tudo isso.
— Vocês estavam se beijando.
Toda a expressão deixou seu rosto. — Você não sabe do que está falando.
— Tendo relações sexuais.
— Pare com isso.
— Fodendo.
Suas mãos se fecharam em punhos. — Cala a boca, Lydia!
— Você não fale com ela desse jeito. — disse Vaughan, com voz baixa e
mortal. Ainda me segurando, no entanto.
Um barulho alto veio da porta da frente. E de repente, a demoníaca loira
platinada da mãe de Chris chegou marchando, nos encarando o tempo todo. Seu
pai chegou um passo atrás dela, expressão igualmente trovejante. Impressionante.
Agora a festa poderia realmente começar.
— Puta merda. — Vaughan levantou-me, segurando-me mais perto. —
Ninguém nesta cidade respeita mais os direitos de propriedade?
— Você realmente deveria trancar suas portas. — Eu murmurei, desistindo
da luta. Por enquanto, pelo menos.
— Janelas também. — Ele grunhiu, descontente.
— Samantha. Ray. — Eu fiquei de pé. Ou tão de pé quanto o aperto de
Vaughan me permitia. Os olhos de laser da mulher cortavam através de mim, nem
mesmo se incomodando com o cara que era dono do lugar. Em seguida meu celular
foi empurrado na minha cara. Os gemidos e suspiros muito familiares da
pornografia de Chris e Paul encheram a sala.
— Este é o seu telefone, — ela sibilou. — O que diabos é isso?
— Isso é o seu filho e seu melhor amigo fazendo sexo.
Atrás de mim, Chris fez um som estrangulado. Isso aqueceu a minha alma
fria e dura.
— Impossível. — A mulher invadiu a casa, com o marido em seus
calcanhares. Era quase impressionante a maneira como ela podia constantemente
olhar de nariz empinado para tudo. Seria de esperar que isso poderia lhe dar uma
dor de cabeça eventualmente. Paul chegou se esgueirando por trás deles, grudado
na parede, pronto para fugir a qualquer momento. Assim ele poderia, bastardo
idiota. Se não fosse pelo controle de Vaughan, eu teria sido tentada a atacá-lo
também.
Meu sangue ferveu. — Não, não é impossível. Veja, Samantha, quando dois
homens realmente se amam e têm um pouco de lubrificação ...
— Mentirosa! — A mulher mostrou seus dentes perolados. — Como você
ousa.
— Eu? É o seu filho que está mentindo, não eu. E considerando que metade
da maldita cidade aparentemente sabe sobre ele jogar para o outro time, eu duvido
que você tenha sido pega completamente de surpresa.
— Esses não são nada além de rumores maliciosos! — Uma garra cor de
sangue apontou diretamente para o meu coração. — Você fez isso de alguma forma.
— Eu? — zombei. — Certo. Então, o que… eu comprei um consolo, me
disfarcei como Paul, e de alguma forma convenci Chris a me deixar filmá-lo com a
câmera?
Vaughan bufou uma risada, seu aperto em mim se afrouxando.
— Você está certa. Eu posso ver totalmente isso acontecendo. É tudo culpa
minha. — Me poupe da sua estupidez mulher.
— Se você tivesse feito mais esforço para ser atraente para ele, — disse ela.
— Feito algo com sua bunda gorda sem graça, então isso nunca teria acontecido!
Eu me lancei, e Vaughan novamente me ergueu, segurando firme. Vermelho
era a cor do meu mundo. Eu estava tão louca que nem conseguia pensar em uma
resposta decente. — Oh sim? Venha até aqui e diga isso.
Lábios finos tensos, a demônio avançou, aceitando o convite. Só que o filho
dela tinha outras prioridades. Chris arrancou o celular da mão de sua mãe, a
explosão de violência o mais longe possível do seu habitual controle frio. Rosto
vermelho e olhos brilhantes, ele o jogou no chão e começou a pisotear. Uma vez.
Duas vezes. Três vezes. Com a tela rachada e inerte no chão, o telefone tinha sido
esmagado em pedacinhos. Sem mais do pornô caseiro com gemidos e suspiros.
— Bom, acabou, — disse Samantha. — Era obviamente falso de qualquer
maneira. Quero dizer, quem poderia ter gravado uma coisa dessas?
— Ooh, boa pergunta. — Eu nem sequer tinha força para ficar com raiva
sobre o telefone. A expressão demente furiosa do meu ex-noivo foi recompensa
suficiente. A boca de Ray ficou aberta. Até mesmo Samantha parecia levemente
atordoada. Apenas Paul permaneceu indiferente. Sem demonstrar surpresa.
— Você enviou. — Eu disse, percebendo a verdade.
Paul fez uma incrível imitação de um veado de frente para os faróis de um
carro3. — Não, eu não enviei.
— Você enviou. Deus. — Eu lentamente balancei a cabeça, surpresa. —
Você queria que eu soubesse. Por quê?
Sua boca se moveu, mas ele não disse nada.
— Você estava com ciúmes? Cansado de se esconder? Ou o que?
— Paul, — Chris fumegou. — Você não faria.
O grandalhão se encostou na parede ainda mais. Se ele pudesse ter se
fundido nela, ele teria. — EU…
— Diga-me que você não fez isso.
— Foda-se. — Vaughan passou a mão pelo rosto. — Isto é inacreditável.
— Christopher, você nos disse que tinha superado esse absurdo, — disse
Ray, visivelmente tremendo de raiva. — Isso foi apenas uma fase.
— Oh, Deus. — Samantha desabou sobre a poltrona de couro desgastada
mais próxima. — Isso é uma catástrofe absoluta. O que todos vão pensar?
A meia cabeça de diferença e massa corporal que Paul tinha superior a
Chris não importou. Nem um pouco. Chris agarrou-o pelas lapelas, sacudindo-o
bruscamente, fazendo a cabeça dele balançar para frente e para trás. — Você me
traiu! Você me traiu porra!
— Eu te amo, — gritou Paul, uma lágrima escorrendo por sua bochecha. —
Como diabos eu poderia ficar parado assistindo você se casar com outra pessoa,
mesmo que tudo fosse mentira, hein?

3 Expressão denotando que a pessoa estava visivelmente assustada e congelada de medo.


— Eu sabia disso. — Minhas mãos se fecharam em punhos apertados,
pulmões trabalhando. Eu não conseguia ar suficiente. A raiva me encheu até
transbordar, não deixando espaço para mais nada.
— Sim. — Na sala de estar, os olhos de Samantha brilharam de alegria. —
Vamos dizer a todos que foi culpa dela. Que ela fez alguma coisa.
— Excelente, — disse Ray. — Perfeitamente crível.
— O quê? — Eu perguntei, voz baixa e mortal.
— Você me ama? — Chris tropeçou para trás um passo.
Com a cara tensa, Paul o seguiu. — Claro que eu te amo.
Os dois homens se encararam, perdidos do resto do drama que se
desenrolava. Enquanto isso, Ray e sua esposa conversavam em voz baixa. Vaughan
apenas se encostou na parede, sua expressão entre chocada e confusa. Justo, não
era a sua vida que estava indo de mal a pior. Era a minha, chegou a hora de agir.
— Mas você sabe que ela não significa nada para mim, — disse Chris. —
Nada.
— Eu sei. — Timidamente, Paul estendeu a mão, colocando no rosto de
Chris por um momento. Que terno. Que doce. E realmente, eu tinha aguentado o
bastante. Alguma parte dentro de mim tinha rachado aberta.
Com a fúria batendo nas minhas veias, eu avancei nos dois amantes
secretos. Os filhos da puta. Chris se virou para mim, alheio à minha intenção. Ou
talvez não inteiramente. Ele tentou levantar a mão, mas foi tarde demais. Com os
dedos curvados e os músculos tensos, eu golpeei. Meu punho bateu em seu nariz
perfeito e reto com uma mira incrível. A dor ressoou pelo meu braço quando o
sangue jorrou de suas narinas. Cara, havia muito sangue. Niágara4 ficaria com
ciúmes.
Uau.
Chris gritou, se dobrando, as mãos cobrindo o seu rosto. Atrás de mim, a
mão de Vaughan desceu sobre meu ombro. Parecia que em toda parte as pessoas
estavam gritando. Claro, meus dedos doíam. Mas foi pura satisfação curvando o
sorriso no meu rosto. Eu lentamente estendi meus dedos, flexionando-os. Doloroso,
embora todos funcionassem. Nada quebrado. Pode crer, eu realmente bati em
alguém e não conseguia pensar em alguém mais merecedor do que o meu próprio

4 Fazendo referência as Cataratas do Niágara que são um grupamento de grandes cataratas


localizadas no rio Niágara, no leste da América do Norte, entre os lagos Erie e Ontário, na fronteira
entre Nova York e a província canadense de Ontário.
noivo. A sala era um zumbido de ação, todos em pé. Muito barulho. Tudo o que eu
podia ouvir, no entanto, era o sangue batendo atrás das minhas orelhas.
Apenas uma última coisa a fazer antes de ficar verdadeiramente livre.
Um anel de diamante tão grande. Nada a ver comigo. Eu lutei para tirá-lo
do meu dedo, deixando-o cair aos pés dele. Ele olhou para cima, olhos vermelhos
e a cara uma bagunça sangrenta. Eu tinha feito isso. Eu. O nada a que ele estava
se referindo. Meu sorriso provavelmente de demente ficou ainda maior.
— Foda-se você, Chris. Estamos terminados.

**********************

Eu não tinha ideia de que a polícia poderia chegar tão rápido. Era como a
velha piada sobre pornografia dando às jovens ideias irrealistas de quanto tempo
leva um encanador para chegar. Em um minuto Vaughan estava sentado
segurando gelo na minha mão, no seguinte eu estava de frente para o longo braço
da lei.
Boom.
O policial que me interrogou acabou por ser um velho colega de escola de
Vaughan (com quem na cidade ele não tinha estudado?). O policial Andy parecia
doce e um tanto divertido por toda a situação, embora ele o escondesse bem. Com
todo o meu depoimento consistindo em — Inferno sim, eu fiz isso, — no entanto,
minhas esperanças de permanecer em liberdade eram baixas.
Passei pela porta da frente, de olho em Chris e Cia. Muito barulho no jardim
da frente. Samantha estava ruidosamente pressionando para que eu fosse acusada
por agressão, enquanto tentava quebrar a barreira do som através de seus gritos.
Mais do que alguns vizinhos se reuniram para assistir.
Aparentemente, de acordo com Samantha, eu me tornei uma criminosa
perigosa para destruir sua família (na verdade, eu só queria escapar deles). Além
disso, aparentemente eu fazia Moby Dick parecer anoréxico e precisava de uma
vida.
Ela provavelmente estava certa sobre esse último.
Seu marido, enquanto isso, andava de um lado para o outro ao longo do
pequeno caminho do jardim falando em seu celular. Havia muita cabeça sacudindo
e resmungando. Do lado de fora, estavam Paul e Chris, as cabeças juntas. O nariz
deste último estava cheio de Kleenex para conter o fluxo de sangue. Sua camisa
branca outrora imaculada estava coberta disso. Em suma, ele parecia uma ruína.
Isso lhe convinha.
— Aqui, — disse Vaughan, colocando uma camisa xadrez sobre meus
ombros. — Coloque isso.
— Eu pensei que sua bagagem ficou pra trás.
— Sim. Eu menti. Não queria que você se cobrisse.
— Ha. — Eu sorri. Então parei. — Sinto muito por tudo isso.
Ele encolheu os ombros. — Não tinha mais nada planejado para esta noite.
O que eles estão fazendo?
— Ah, bem, — eu disse. — Ray está ao telefone com seu advogado tentando
avaliar melhor como me destruir enquanto faz o controle de danos para preservar
o bom nome da família Delaney. Samantha, enquanto isso, está ali, ocupada,
tentando pressionar o seu amigo, o policial Andy, para me colocar algemas por
agredir seu filho.
— Merda.
Chris olhou para cima, me dando um olhar verdadeiramente malévolo. O
ódio encheu seu rosto ensanguentado. Pensar que eu estava prestes a me casar
com o idiota. De qualquer forma, não importava a causa, as chances dele me deixar
escapar por bater nele eram de reduzidas para inexistentes. O orgulho dele exigiria
que eu fosse punida.
Não, ele estava apenas me deixando sofrer com esse espetáculo. Idiota.
Pensar que eu acreditei em toda a sua doçura e delicadeza por tanto tempo.
Eu realmente precisava bater minha cabeça contra uma parede de tijolos na
primeira oportunidade. Colocar algum juízo em mim mesma.
Paul puxou seu braço e eles retornaram a sua intensa conversa íntima. Eles
realmente faziam um casal bonito, Chris com seu cabelo escuro e rosto esculpido,
e Paul com sua boa aparência nórdica. Pena eles se comportarem como bastardos
durante todo o caso.
— Por que não ele? — Perguntou Vaughan, estudando todas as pessoas que
estavam em seu jardim.
— Eu honestamente não tenho ideia.
— Hmm. — Ele exalou um suspiro. — Você tem um péssimo gosto para
homens, Lydia.
— Eufemismo do ano, baby.
Ele me deu um meio sorriso. — Como está sua mão?
— Inchada e dolorida. — Eu a virei de um lado para o outro, deixando-o
ver. Meus dedos estavam com um delicioso preto azulado. — Mas eu acho que está
apenas machucada.
— Combina com sua bochecha.
— Adorável.
Ele desceu os degraus da frente, mãos nos bolsos da calça jeans.
Eu enfiei meus braços na camisa de Vaughan, fazendo o meu melhor para
cobrir meus ativos femininos. Perguntando-me se a prisão seria como na TV. Acho
que logo descobriria. Uma pena que eu não tivesse guardado o anel. Penhora-lo
para pagar minha defesa teria sido maravilhosamente irônico. O que aconteceu foi
que, eu acabei sendo a tola residente da família Delaney. Burrice nunca foi
atraente.
— Lydia. — Ray se aproximou de mim, parando na parte inferior das
escadas que desciam do pequeno pátio da frente. — Você está demitida, caso isso
não tenha sido claro.
Babaca. — Eu sei, Ray.
Ele se encheu de orgulho. Sorte que um dos botões de sua camisa não
estourou. — Você socou um colega de trabalho, Lydia. Aquele que por acaso é o
filho do chefe. Faça as contas.
Eu assenti. — Você está certo, eu fiz. Falando nisso, o que você acha das
minhas chances ao processar Chris por fraude e sofrimento emocional? Acho que
eu deveria falar com um advogado também.
— O que?
— Deus, que escândalo vai ser. O pessoal desta cidade vai falar sobre essa
bagunça por um bom tempo, não é?
As linhas ao redor de sua boca pareciam cavernosas sob a luz do início da
noite. — Você está tentando me chantagear?
— Você realmente quer começar a questionar a ética dessa situação? Eu
não sei se isso seria sensato para qualquer um de nós, Ray.
Ele rosnou no telefone por mais um minuto. Quando ele me encarou
novamente, ele não estava feliz. — Algum tipo de acordo poderia ser alcançado se
me garantir que o vídeo nunca mais será visto. Também envolveria você manter
sua boca fechada sobre qualquer coisa relacionada com minha família.
— Eu também quero uma carta de referências refletindo o meu histórico de
trabalho prévio, em vez dos eventos infelizes de hoje.
— Tudo bem.
Eu inclinei meu queixo. Aceito. — Eu também prefiro que seu filho decida
por não apresentar queixa por agressão.
— Eu vou ver o que posso fazer. — Com uma careta, Ray olhou para sua
esposa, não para Chris. Grande surpresa sobre quem tinha as rédeas daquele
casamento. Não. Sua esposa era uma Harpia Rainha das Trevas se eu já tivesse
visto uma. As chances de eu não acabar com um registro criminal esta noite eram
pequenas.
De qualquer forma, os Delaney tinham muito mais dinheiro do que eu, se
se isso chegasse a uma disputa no tribunal em relação ao meu sofrimento
emocional, etc. Melhor apenas não ir nessa direção. Sem dúvida, Ray destruiria
minha reputação de qualquer outra forma que pudesse. As portas da elite social
da CDA seriam fechadas para mim agora. Eles falariam mal de mim para toda a
cidade e eu provavelmente nunca encontraria trabalho.
Independente de como isso acabar, a CDA e eu terminamos. Uma pena, eu
tinha gostado daqui. A cidade tinha uma energia agradável e não era nem grande
e nem pequena demais. Com o lago e as colinas, a cidade era insanamente bonita.
Para mim, ela era ideal.
Ah bem.
Sempre havia a minha possível prisão por dar um soco em Chris. Eu deveria
tentar ser positiva. Talvez apenas teria que fazer serviço comunitário ou algo assim,
uma multa. Eu me pergunto eu se seria considerada um risco muito grande e seria
presa independente de qualquer coisa.
Deus, quando eu realmente comecei a pensar sobre isso, minhas opções
eram aterrorizantes. A pele dos meus braços se arrepiou apesar do ar quente da
noite. Uma pequena parte minha até se arrependeu por dar um soco em Chris.
Não. Nunca. Eu recuperei o pouco do que restava do meu orgulho, batendo
no babaca. Minha mão latejou de acordo. Às vezes, a violência e o caos eram apenas
a resposta.
Capítulo Seis
— Oh bom, — disse Vaughan em uma voz seca. — Você encontrou tequila.
Ele e o policial Andy ficaram ao lado da mesa de jantar. Ambos olhando
para mim com um olhar de desaprovação. Mal sabiam eles quão ridículos e
arrogantes eles pareciam. Pessoas, tão sem graça. Especialmente os homens.
— Sim, acontece que nós não tínhamos que ir para a casa ao lado afinal de
contas. — Eu sorri. — Havia um esconderijo na parte de trás de sua despensa.
— Estava lá?
— Espero que você não se importe.
— De modo nenhum.
— Você sabe, eu estava pensando em todas aquelas fotos de celebridades
que você vê nas revistas onde eles estão um desastre, — eu disse do meu lugar no
chão no canto da cozinha. — E ocorreu-me que está é uma oportunidade única na
vida para eu realmente sair e experimentar o momento ao máximo.
— Sério? — Ele falou de forma arrastada.
— Absolutamente. A vida é curta, Vaughan. — Sorri. — E curta ou não, eu
pretendo conseguir uma.
— Uma o que?
— Uma vida. Apenas uma. Eu não sou gananciosa.
— Certo. — O cara não parecia convencido. Puxa, eu gostei dele. Ele era
tão lindo. Ele e seu pênis foram os destaques do meu dia. Depois de mais algumas
bebidas, eu poderia até contar-lhe com grandes detalhes. Que divertido. Será que
ele me deixaria tirar uma foto para a minha carteira. De seu rosto, claro.
— Eu vou repor a bebida, — eu disse. — Prometo
— Estou mais preocupado com o seu fígado do que com a bebida. — Ele se
aproximou, tirando a garrafa da minha mão e dando uma olhada. — Estou
surpreso que isso ainda seja bebível. Minha irmã deixou aqui anos atrás. Era uma
merda barata, não posso imaginar que tenha melhorado.
— É um pouco forte no paladar.
— E você está bebendo direto da garrafa? Chique.
— Eu não queria deixar você irritado sujando um copo.
— Bondade sua. — Ele tomou um gole e estremeceu, enroscando toda a
sua face para cima. — Cristo, Lydia.
Eu soltei uma risada. — Não é tão ruim.
— É fodidamente horrível.
— Os primeiros goles foram os mais difíceis, é verdade. Mas depois, o
revestimento da sua garganta fica dormente. Ou queimado, — Eu emendei
apressadamente. — Não tenho certeza de qual.
Com um olhar duvidoso, Vaughan me devolveu a garrafa. Então ele se
posicionou ao meu lado, as pernas cruzadas no tornozelo, apoiando o quadril
contra o balcão da cozinha. Apesar de todas as pessoas invadirem a casa dele com
seus trajes de casamento, ele permaneceu relaxado. Pés descalços, a pele alguns
tons mais pálidos do que seus braços. Fios soltos pendurados na barra de sua
calça jeans velha.
Não foi pela primeira vez, que eu me perguntei sobre ele e seus dramas. Se
possível, eu deveria ajudar. Deus sabe que, ele mais do que merecia toda e qualquer
ajuda. Poucas pessoas teriam sido tão compreensivas.
O policial Andy se mexeu, passando a mão pelo seu cabelo loiro curto no
estilo militar. Obviamente ficando impaciente. Tinha sido um longo dia para todos.
— Quando você estiver pronta, senhora, — disse ele. — Eu gostaria de
explicar a você a situação atual.
— Explique. — Me endireitei.
O policial Andy continuou: — A boa notícia é que o Sr. Chris Delaney
decidiu não apresentar queixa por agressão contra você.
— O que? — Meu corpo todo se esvaziou, encolhendo-me contra os armários
de madeira em alívio. Eu teria feito uma volta da vitória pela casa se eu pudesse.
— Ele decidiu?
— Sim.
— Oh, doce menino Jesus. Graças a Deus por isso. — A tequila foi para
baixo. Pela minha garganta. Santo inferno, a coisa era potente. Eu chiei o mais
delicadamente possível, cobrindo minha boca com uma mão, lágrimas inundando
meus olhos. — Por que ele não vai?
— Eu discuti a situação com eles completamente, — disse ele, sério. — Em
circunstâncias como essa, não é incomum que as pessoas no calor do momento se
deixem levar. Depois de terem tido algum tempo para refletir sobre tudo o que está
em jogo, as ramificações completas do conflito, muitas vezes as pessoas mudam de
ideia sobre tomar alguma medida.
— Hã.
— Sim, bem, Vaughan também apontou que a queixa contra você
provavelmente aumentaria o interesse com a mídia local. — Relatou Andy, quase
como uma reflexão tardia.
Eu olhei para Vaughan.
— Ainda tenho alguns amigos na estação de rádio local. — Um de seus
ombros subiu indiferente. — Receberiam apenas uma ligação.
— Mesmo?
Ele se abaixou, agarrando a garrafa. — Nada demais.
— Nada demais? Você me manteve fora da prisão.
— Eh. — Ele tomou outro gole de tequila, encolhendo-se apenas
ligeiramente desta vez. — Eu não poderia deixá-los mandá-la para a prisão. Nós
fizemos planos para sair esta noite.
— Você é o melhor. — Eu sussurrei para Vaughan, meu herói.
Ele piscou.
O policial Andy pigarreou, parecendo um pouco aflito. Sobre o que, eu não
tinha ideia. Honestamente, eu meio que esqueci que ele ainda estava lá.
— Vendo que a última coisa que eles querem é que seja dada mais atenção
a esta situação, — ele disse, — Eles decidiram deixar para lá.
Eu soltei um suspiro de alívio.
— Eles vão, no entanto, estar tomando ordens de restrição contra você. —
disse Andy
— Ordens de restrição? — Uau. Isso quase me fez parecer perigosa, como
um bandido ou algo assim. Como se eu vagasse pelas ruas de Coeur d'Alene
procurando pessoas apenas para dar um soco no nariz.
— Sim. — Andy enfiou os polegares em seu cinto de utilidade de Batman-
policial. — Sob nenhuma circunstância você deve tentar se aproximar de qualquer
um da família ou pisar em qualquer propriedade da família, incluindo todas as de
interesses comerciais. Entendido?
— Será um grande prazer nunca mais ver esses idiotas novamente. Mas e
as minhas coisas? Elas estão todas na casa grande.
— Sra. Delaney me garantiu que cuidará da pronta entrega de seus
pertences pessoais.
— Que gentil. — Minhas sobrancelhas desceram, minha confiança em
Samantha era zero. Minhas opções, no entanto, eram inexistentes. Então,
atualmente, eu tinha minha lingerie de noiva e nada mais. Além da camisa e da
boa vontade de Vaughan, claro.
— Eu odeio me impor mais, — disse, pegando a tequila para tomar outro
gole. — Mas tudo bem se eu cair no seu sofá esta noite, quando terminarmos?
— O quarto de hospedes é todo seu.
— Obrigada.
— E eu disse a Ray que ele poderia enviar qualquer papelada pra cá até que
você consiga outra coisa. — disse Vaughan, mais uma vez tomando posse de sua
própria bebida. Desta vez ele bebeu um bocado inteiro, sem problema.
Impressionante. Masculino, viril e outras coisas. Ele provavelmente me alcançaria
em pouco tempo.
— Obrigada por conversar com eles. — eu disse.
Outro levantar de queixo.
— Se é tudo, senhora, é melhor eu seguir em frente. — Ao lado da mesa, o
policial Andy permaneceu em pé, parecendo totalmente competente.
— Eles saíram da frente? — Gah, eu soei tão tímida. — Não que eu tenha
medo deles. É só que, foi um dia longo.
— Eles se foram. — Vaughan me devolveu a garrafa com um sorriso. —
Levaram o babaca do seu ex-noivo para a sala de emergência para colocar o nariz
no lugar.
— Eu quebrei?
— Essa é a minha aposta. — Nós trocamos sorrisos.
Com uma respiração profunda, eu relaxei pelo que pareceu a primeira vez
em dias, descansando minha cabeça contra o gabinete. — Não tenho casa nem
emprego. Mas tenho minha liberdade.
— Vou deixar vocês dois para comemorar. — disse o policial Andy.
— Obrigado, Andy. — Os homens começaram a bater as mãos um no ombro
do outro, como os homens fazem. — Bom te ver de novo.
— Você também. — Ele hesitou. — Que vergonha sobre Nell e Pat.
— Sim. — O sorriso no rosto de Vaughan desapareceu.
— Você, ah, não saberia se ela já está namorando de novo, não é?
Uma longa pausa.
A felicidade no rosto de Vaughan desapareceu sem deixar vestígios. Lá se
foi o legal, calmo e contido. Eu me perguntei quem seriam Nell e Pat. Obviamente,
pessoas importantes para ele.
— Até mais, Andy. — Ele disse em vez de responder à pergunta.
A mensagem foi entregue muito bem. — Certo. Noite.
— Noite. — Eu acenei. — E obrigada.
Ele não respondeu. O policial foi embora enquanto Vaughan observava com
os olhos claramente distantes e hostis. Se fosse eu, de frente para sua fronte fria,
eu teria corrido. Em vez disso, tentei uma distração.
— Obrigada por não me chutar para o meio-fio. — Estendi a garrafa para
ele, balançando-a suavemente.
Ainda triste, ele vagou de volta para a cozinha, sentando no chão ao meu
lado. — De nada.
— Vou cozinhar seu café da manhã.
— Não há comida na casa.
— Droga. Tudo bem, se Samantha entregar minha bolsa pela manhã, eu
vou comprar o café da manhã.
— Combinado.
Passamos a garrafa de um e para outro em silêncio por um tempo. Minha
cabeça ficou cada vez mais confusa, toda a emoção dos acontecimentos do dia
diminuindo para um “nhé”5. Por enquanto, eu estava toda humilhada, magoada e
enfurecida. Os nós dos dedos da minha mão direita estavam ardendo muito e se
eu começasse a analisar mentalmente todas as possibilidades e suposições, eu
enlouqueceria de novo.
A luz sobre a mesa de jantar emitia um suave brilho dourado, deixando o
resto da casa na sombra. Parecia ainda mais quieto e vazio à medida que a noite
se aproximava.
— Quanto tempo se passou desde que você esteve aqui? — Perguntei.
— Nós tocamos em um pequeno festival há alguns anos atrás. Desde então
não voltei.
— Você está em uma banda?
— Eu estava. Nós nos separamos há alguns meses atrás. — Ele encostou a
cabeça no armário da cozinha, de olhos fechados. — Nós estivemos juntos por dez
anos, com base em L.A. principalmente.
— Que instrumento você toca?
— Guitarra.
— Isso é ótimo. — Eu conseguia ver isso. Fazia sentido. Balancei a cabeça,
maravilhada, fazendo o quarto virar em círculos preguiçosos, ou meu cérebro fazia.
Não tenho certeza de qual. — Não sobre a sua banda terminar, eu quero dizer sobre
você ser um músico. Você vai se juntar a outra banda ou ...
Ele fez um barulho na garganta. — Estou tentando montar uma. O baixista
da antiga ainda está a bordo, mas nós ainda não tivemos sorte em encontrar as
pessoas certas.
— Isso é uma merda.
— Com certeza é.
— Então esse é o seu drama?
Ele abriu um olho. — Basicamente. Só voltei para a cidade para vender este
lugar para minha irmã. Preciso pagar a hipoteca, ficar com um pouco para viver
enquanto procuramos por um novo cantor e baterista, resolver as coisas.
— Sua irmã, é a Nell que Andy estava perguntando?

5 Interjeição exprimindo indiferença ou tédio


— Sim. — Seu olhar escureceu. — Ela se separou do marido há pouco
tempo. Imagino que ela ficará feliz em comprar o lugar e ter um lugar para morar.
Ela sempre amou essa casa.
— É linda.
Seu rosto suavizou, relaxando em um sorriso. — Você ama a arte dos velhos
bangalôs.
— Sim, eu amo. — Quando ele sorriu para mim assim ... whoa. Digamos
que a casa não era a única coisa bonita. — Sinto muito que você tenha um drama.
— Sinto muito que você também tenha.
— E me desculpe por ter arrastado meu drama para sua casa.
— Eu sei. — Ele cobriu minha mão com a sua muito maior. Caloroso. Ele
era tão caloroso e adorável e outras coisas. Se o dia de merda e a tequila tóxica
tivessem me deixado com um pouco mais de energia, eu passaria a minha ideia de
sexo-casual-entre-novos-amigos para ele. Como estava, eu guardaria isso para
amanhã. Pelo menos eu tinha minhas lembranças da sua bunda nua para me
manter feliz nesse meio tempo. E acredite em mim, havia muita felicidade em ver
esse homem nu. Seria melhor que meus sonhos estivem cheios dele, ou eu e meu
subconsciente teríamos uma conversa séria.
— O quê? — Ele perguntou.
— O que, o que?
— Você está me olhando de forma engraçada.
— Eu estou? — Meu queixo estalou alto e orgulhoso em um bocejo. Que
dia. Eu coloquei minha cabeça contra seu ombro, ficando confortável, fechando
meus olhos.
— Você está pensando em dormir aí? — Perguntou ele.
— Mm-hmm.
— OK.
Tudo o que eu podia ouvir era o entrar e sair de sua respiração, o som
ocasional da tequila chapinhando na garrafa enquanto ele tomava um gole. Tudo
estava calmo. Pacífico. Por enquanto, pelo menos.
— Você foi uma linda noiva, Lydia.
Eu sorri, perto demais de dormir para falar.
— Linda.
Capítulo Sete
Maldita Samantha. Se a mulher estivesse em chamas, eu assaria
marshmallows.
Depois de tão graciosamente desmaiar no chão da cozinha, acordei em uma
cama no quarto de hospedes esta manhã. Tudo doía. Eu tropecei na cozinha em
busca de água e vi o mais recente desastre através das portas de vidro. Minha
quase sogra tinha ficado ocupada. Realmente ocupada.
Com os óculos de sol aviadores de Vaughan para me proteger da perfurante
luminosidade da manhã, procurei no quintal por meus pertences. Um sutiã aqui,
um par de calcinhas ali. Você nunca soube o que poderia encontrar escondido na
grama alta.
Ora, era como uma caça ao tesouro sem o mapa.
E a diversão.
Minha blusa de seda verde estava pendurada no alto de uma árvore e não
estava sozinha. Deus sabe como ela conseguiu colocar tudo isso lá. Soltou seus
macacos voadores, talvez? Bruxa malvada.
Uma caixa de livros e outra cheia de lembranças pessoais tinham sido
jogadas diretamente sobre a cerca como se fossem lixo. Eu não tive coragem de
olhar para dentro e ver o que estava quebrado. Cada músculo no meu queixo doía.
Eu queria gritar e me enfurecer, deixar tudo sair. Novamente. Somente se eu
começasse, eu não tinha certeza se conseguiria parar.
Uma cabeça latejante e um estômago enjoado não ajudaram muito. Eu dei
uma rápida procurada na cozinha e não achei Advil. Tequila, como Samantha,
claramente não era minha amiga. E tinha que ter sido ela quem jogou minhas
coisas por cima da cerca. Chris teria simplesmente pago alguém para entregar as
bagagens no pátio da frente. Gastar dinheiro com um problema para transformá-
lo no de outra pessoa. Esse era o seu estilo.
Não, só sua mãe se deleitaria com esse tipo de merda.
— Cadela vingativa. — eu murmurei, acrescentando um par de jeans a pilha
crescente aos meus pés. Cada item recuperado alimentava minha fúria.
É melhor que haja um nível especial no inferno para recompensá-la por esse
despeito. Um sem Botox, onde não importa o que você fizesse, suas raízes de
cabelos escuros apareciam e a única opção de roupa era a de moletom imundo de
segunda mão. Isso iria ensiná-la.
Insira gargalhadas insanas aqui. Sim, eu estava enlouquecendo. Para
minha sorte, não havia testemunhas da minha queda na loucura.
Opa, falei cedo demais.
Eu não a ouvi chegar, mas uma mulher ficou olhando da varanda de trás.
Seu cabelo louro-avermelhado brilhava à luz do sol e ela estava coberta de
tatuagens. Atrás dela, a porta da cozinha estava aberta, significando que ela
passara pela casa e, portanto, tinha uma chave. Interessante.
— Oi. — Eu disse.
— Oi. Eu sou Nell, irmã de Vaughan. — Ela se aproximou de mim,
estendendo a mão para apertar.
Eu balancei a dela. — Lydia. Uma nova amiga de Vaughan.
— Prazer em conhecê-la. — Um olhar varreu minha roupa e uma de suas
sobrancelhas subiu. Provavelmente porque nada do que eu usava era meu.
Vaughan havia deixado algumas roupas no final da minha cama, bendito seja.
Calças de dormir macias e cinzas enroladas na parte inferior por conta de serem
feitas para alguém muito mais alto e uma camiseta do Rolling Stones. Amei o jeito
que o slogan da língua e boca se estendia sobre meus atrativos. Tal declaração de
bom gosto. Por sorte, um sutiã foi o primeiro item da aventura de caça ao tesouro
desta manhã. Seios fora de controle não eram algo que eu precisava.
Um tipo difícil de curiosidade encheu os olhos de Nell. — Uma nova amiga?
Não que isso seja da minha conta ...
— Não que seja da sua conta. — concordei, cruzando os braços sobre o
peito. — Mas sim. Apenas uma nova amiga. Eu estou trocando de casa, então ele
me deixou dormir aqui ontem à noite. Meus pertences sofreram um pequeno
acidente.
Era uma maneira de descrevê-lo.
— Sim. Eu ia perguntar sobre isso. Normalmente, os brechós acontecem na
frente. — Com um dedo, ela prendeu uma calcinha ao lado de seus pés.
Impressionante. Calcinha boyshort de renda preta. Pelo menos ela era bonita.
Definitivamente não é embaraçoso ter uma estranha verificando meu estilo de
roupa íntima em absoluto.
— Obrigada. — Eu adicionei-a à pilha, meu sorriso amigável congelado no
meu rosto. — Problema com o ex.
— Homens. — Seus lábios se estreitaram.
— Mm.
— Acham que eles podem se safar com qualquer coisa só porque eles têm
algo para balançar entre suas coxas.
Eu bufei. — Exatamente.
— Babacas furiosos, todos eles, — ela rosnou, as bochechas rosadas de
raiva. — Estaríamos melhor se fossem descartados no espaço em massa.
Claramente, Nell ainda estava presa no estágio amargo do término de um
relacionamento. Eu estava seguindo em frente. O dano estava feito. Agora eu só
queria me recompor e sair dessa cidade. Procurar uma vida em outro lugar. Bonito
ou não, esse lugar não tinha sido gentil comigo.
— Os homens são um saco, — eu disse. — Mas, na verdade, essa é uma
obra da mãe de um.
— Você está brincando? — Ela franziu o nariz, fazendo uma série de sardas
saltarem e se moverem. Ela parecia um pouco mais velha que eu, pequena onde
seu irmão era alto. Mesmos pálidos olhos azuis, no entanto. Ela usava calças pretas
simples e uma camiseta com uma foto de um pássaro azul acima das palavras —
The Dive Bar.
— Não, — eu disse. — Definitivamente o estilo de ataque de sua mãe.
— Merda. Vamos, vou ajudar você a pegar tudo.
— Você vai?
— Claro. — O sorriso de Nell agora era genuíno, gentil.
— Obrigada. — Os humores desta mulher eram mais caóticos do que os
meus. Não conseguia acompanhar.
— Sem problemas. Melhor do que ficar sentada esperando meu irmão idiota
acordar. Precisamos de algo para colocar suas coisas. Acho que há algumas caixas
vazias na garagem. — Sem outra palavra, ela foi para o lado da casa enquanto eu
assistia, confusa.
Pessoas. Você nunca poderia adivinhar.
Rolei meus ombros, tentando tirar as torções das minhas costas. Se
qualquer coisa, meu corpo doía hoje mais do que ontem. Esforço muscular
multiplicado por mil.
Engraçado, com Nell ajudando, o peso da minha bagunça pareceu aliviar.
Talvez as coisas não fossem tão ruins e a maior parte da raça humana não estivesse
contra mim.
Hoje tinha sido meu primeiro dia em meses sem uma mensagem de bom
dia de Chris.
Quero dizer ... claro que não houve uma. Meu celular foi quebrado. Mas a
falta dele tinha sido menos que uma leve dor e mais como um bom tapa na parte
de trás da cabeça. Eu já estava acostumada a fazer parte de um casal. Em ser um
“nós”. Hora de me ajustar novamente a estar sozinha.
Sim, eu estava solteira.
Insetos, abelhas e borboletas variadas voavam em volta, fazendo suas
coisas. Era, apesar de tudo, outro dia perfeito de verão. Em outra vida, Chris e eu
estaríamos a caminho do Havaí para nossa lua de mel. Cara, eu estava tão
empolgada com a viagem. Praias de areia branca, coquetéis de frutas e diversão.
Muita e muita diversão. Em vez disso, meu novo tankini preto acenava ao vento,
preso na metade do caminho de um pinheiro.
Você tinha que dar o braço torcer para ela, Samantha tinha sido dedicada.
Ela deve ter ficado aqui por horas na noite passada, jogando minha merda por aí.
Nell e eu estávamos trabalhando talvez por meia hora, colhendo o conteúdo
da minha bolsa de maquiagem e caixa de joias de um arbusto espinhento, quando
Vaughan apareceu. Ele ficou na varanda, bocejando; uma xícara de café em uma
mão e um doce na outra. Calça jeans usada, sem camisa, ainda mais barba
avermelhada.
Porra, ele estava quente. O tipo de quente que só melhorava com a idade e
a experiência. Não que eu estivesse vagamente interessada em me envolver com ele
além da coisa dos novos amigos fazendo sexo. Nenhum de nós pretendia ficar na
cidade e eu tinha acabado de sair de uma ruína de um relacionamento. Mas bom
senhor, um deus do sexo do norte de Idaho.
O homem primitivo pode ter adorado o sol, mas tenho certeza que o sol
adorava Vaughan. A maneira como o banhava em um brilho dourado, mostrando
sua tinta. Tatuagens nunca me interessaram antes. Um emprego estável e uma
residência fixa? Sim. Todo esse “bad boy imprudente que vive o estilo de vida do
rock and roll” que Vaughan estava? Não. Absolutamente não. Ia contra tudo o que
meus pais me ensinaram a valorizar, devido à falta de coisas ditas durante a minha
infância.
Todas as coisas que eu provavelmente precisava começar a questionar,
dadas as minhas más escolhas recentes. Embora eu não saiba. O que havia de
errado em querer uma casa e um pouco de estabilidade? Sim, eu corri para isso,
um grande erro da minha parte. Da próxima vez, demoraria para conhecer a pessoa
e ter certeza de que éramos certos um para o outro. Lição aprendida.
De qualquer forma, ignorei a agitação da luxúria nas minhas partes baixas,
por enquanto. A etiqueta ditava que pular em um homem na frente de sua irmã
não era a coisa certa a fazer. Além disso, com a minha ressaca intensa, agora não
me parecia a melhor hora para levantar o tópico do sexo casual. Não, eu ficaria de
olho no homem, veria se ele emitia algum dos sinais certos. Minhas pobres partes
de garotas teriam que esperar.
Pelo menos ele não podia me ver cobiçando-o por causa dos meus óculos.
Eu provavelmente tinha baba no meu queixo, no entanto. Discretamente eu o
esfreguei.
— Você tem coragem, — disse Nell, de repente tensa ao meu lado. Se
espinhos tivessem aparecido repentinamente na espinha dela, eu não teria ficado
surpresa. — Teria te matado me ligar, me avisando que você estava de volta?
— Oi, mana. — Outro bocejo de Vaughan. Então ele enfiou na boca o doce,
falando em volta dele. Ou através dele (Chris teria ficado chocado. Foda-se, Chris.)
— Obrigado por trazer o café da manhã.
— Coma com a boca fechada. Deus, você é nojento. — Nell cruzou os
braços, encarando ele. — Você evoluiu desde os oito anos?
— Eu estou mais alto. E superei a coisa toda de germes femininos também.
— Ele piscou.
— Meio que percebi isso, com a maneira como você tratou a braguilha da
suas calças como uma porta giratória durante o ensino médio. — Na próxima
parte, Nell adotou um tom baixo e masculino: — Ei, eu sou o guitarrista de uma
banda. Escrevo músicas e me importo com sentimentos e essa merda. Venha, você
sabe que quer um pedaço disso, baby.
Eu silenciosamente ri (ela fez a voz dele tão bem).
Vaughan riu, quase se dobrando na cintura. — Não foi ruim. Mas você tem
que se oferecer para tocar para elas algumas melodias melancólicas no lago.
Funciona todas as vezes.
Nell fez lhe um gesto.
— Calma, — disse ele. — Eu ia ligar para você hoje. As coisas ficaram
complicadas ontem.
— Oh, eu sei. A cidade inteira está falando sobre isso. É como eu soube que
tinha que trazer o café da manhã para vocês dois.
— Impressionante. — Gemi. Não era inesperado, mas ainda assim.
Duzentos e poucos convidados estiveram no jardim da frente, esperando que a
cerimonia acontecesse. Feito para muitas bocas que gostam de falar muito.
— Desculpe, — disse Nell. — Mas o seu casamento estragado é uma notícia
quente em todos os lugares.
Balancei a cabeça, a boca curvada para baixo em uma carranca.
— Precisamos conversar. — Disse Nell, voltando-se para o irmão.
— Parece sério.
— Isto é. Eu tenho tentado falar contigo por semanas.
— Desculpe. — Cabeça baixa, Vaughan estremeceu. — Tem muita coisa
acontecendo. Estou aqui agora, no entanto.
— O que me leva à próxima pergunta. Por que você está aqui? — Ela
inclinou a cabeça. — Você evitou esse lugar como a peste por anos.
— Você acabou de dizer que queria falar comigo, agora você está me
chateando por estar aqui? — Ele agarrou a parte de trás do seu pescoço, esfregando
com força. — Como você disse, já faz um tempo. Talvez eu só quisesse estar com
você.
As sobrancelhas de Nell eram expressivas, particularmente a esquerda. A
maneira como se arqueou falava “besteira” para o seu irmão sem dizer uma
palavra. — O que está acontecendo, Vaughan? A última vez que eu ouvi vocês
estavam em turnê com o Stage Dive e tudo estava ótimo.
Ele deu um sorriso completamente desprovido de alegria. — Tão
fodidamente ótimo que o vocalista começou uma carreira solo e nosso baterista se
juntou a outra banda.
O queixo de Nell caiu, seu rosto ficou sem sangue. — A banda terminou?
— Sim.
Sua irmã ainda estava boquiaberta.
— Foi decidido no final do ano passado. Quando terminamos a turnê com
o Stage Dive, estávamos nos separando. Eu tive tempo de me acostumar com isso.
Deixa pra lá. Tudo bem. — Ele ignorou a reação dela, voltando-se para mim. —
Como você está, Lydia?
— Ei. Oi. Bem.
— Percebi que você já conheceu minha irmã. Entre. Há café para você
também.
— OK. Em um minuto. — Um brilho de metal sob algumas folhas chamou
minha atenção. Cuidadosamente, eu limpei o antigo colar de prata que minha avó
tinha me dado no meu vigésimo primeiro aniversário.
Eu pendurei o pingente em volta do meu pescoço, os dedos brincando com
o fecho por um momento antes que ele se encaixasse. Esqueça Chris e sua família.
Eu iria me adaptar. Eles não eram nada para mim agora, menos que nada. Eles
eram tão medíocres que eu nem sabia como descrever o quão irrelevantes eles
eram. Seguindo em frente.
— Baby, por que suas coisas estão em todo o quintal? — Perguntou
Vaughan.
— Perdão? — Eu pisquei, voltando para a terra.
— Suas coisas, estão em toda parte. — Ele bebeu o restante de seu café em
um longo gole, seu olhar fixo no meu rosto.
Gah. Como se ele não tivesse o suficiente para lidar sem mais do meu
drama. — Sim, desculpe, — eu disse. — Vou limpá-lo.
— Lydia, pare, — ele ordenou em uma voz severa. Então seu olhar se
suavizou. — O que aconteceu aqui?
— Samantha entregou meus pertences. — Eu disse, cuidadosamente
recuperando meu melhor rímel preto do arbusto da morte. A coisa basicamente
consistia em uma grande bola de espinhos malignos debaixo de algumas folhas.
Era o canteiro de arbustos de Satanás. Mais arranhões e eu pareceria que tinha
estado em uma briga de gatos. Perto o suficiente da verdade.
— Você está brincando, porra. — Ele desceu os degraus em minha direção.
— Queria que eu estivesse.
— Hey. — Ele segurou a parte de trás do meu pescoço com a mão livre,
esfregando-o muito mais suavemente do que ele fez com o seu próprio. Os calos
nos dedos eram ásperos, provocando uma sensação tão diferente das mãos suaves
de Chris. — Essa besteira mesquinha é o pior que ela pode fazer. Ignore isto. Você
é melhor.
— Eu não sei. Se tivesse oportunidade, eu realmente gostaria de disparar
ela de uma grande canhão e esquecer de colocar a rede de segurança.
— Isso seriamente é o melhor que você poderia inventar?
— Não. Me dê mais tempo. É cedo.
Doce menino Jesus, sua risada. Era tão baixa e suja. Eu nem tinha dito
nada digno de tal som. De forma perturbadora, eu não conseguia lembrar como
era a risada de Chris. Eu já tinha ouvido isso? Nenhuma memória veio à mente.
Que triste declaração sobre sua vida e a parte em que estive nela. E, embora os
problemas de Chris eram definitivamente dele, eu e os meus problemas
precisávamos de uma boa examinada.
Eu precisava de uma mudança. Agora.
Também precisava parar de fazer comparações com Chris. Ele estava fora
da minha vida. Foi. Fim.
Vaughan inclinou o queixo para a casa, ainda rindo. — Vá pegar seu café e
bolo. Então você pode me contar mais fantasias de vingança. Eu quero sangue e
mutilação, Lydia. Coberta de mel e comida viva por formigas , esse tipo de coisa.
Enlouquecedora.
Sorri e me dirigi para a casa, meu humor cerca de dez toneladas mais leve
por ter visto o sorriso de Vaughan.
— Não é bolo, é palmiers. — corrigiu Nell.
— O que quer que eles sejam, eles têm gosto de mágica. — disse ele.
Sua irmã bufou.
— É bom ver você, irmã.
Com certeza, um segundo café e um grande saco de papel pardo estavam
no balcão da cozinha. — The Bird Building estava estampado em tinta preta na
frente. Era um lugar no centro da cidade, não uma área com a qual eu tinha muito
a ver. Nos negócios imobiliários, Ray e eu tínhamos nos concentrado
principalmente em habitações residenciais, com ele cobrindo as mansões mais
caras. Chris lidava com as propriedades comerciais.
Meu café estava delicioso, eu não me incomodei em aquecê-lo. Anos nos
escritórios me ensinaram a ignorar a temperatura. Os palmiers afinal eram cookies
no formato de orelha de elefante cobertos com açúcar e canela. A massa tão perfeita
e leve que basicamente derretia em contato com a minha língua. Felicidade
absoluta.
Levei meu café da manhã para lado de fora e sentei-me nos degraus.
— Sobre o que você precisa falar comigo? — Ele perguntou a sua irmã.
Nell me deu um breve olhar. Constrangedor.
— Eu vou comer lá dentro, sair do sol por um tempo. — Eu disse com a
boca cheia de delícias, cuspindo flocos de massa. Que se dane a boa educação.
Estes palmiers eram surpreendentes.
— Está bem. Qualquer coisa que você precise dizer para mim, Lydia pode
ouvir. — Ele me deu um sorriso irônico. — Não temos segredos, não é?
— Acho que não depois de ontem, mas ...
— Está bem. — Nell tirou as mãos das laterais de seus jeans pretos. —
Mesmo.
Me sentei de volta. Talvez eu apenas usasse a desculpa de ir usar o banheiro
o mais rápido possível.
— Então? — Perguntou Vaughan. — Atire.
— Eu preciso de você para me emprestar cinquenta e seis mil dólares ou
comprar a parte de Pat pela mesma quantia.
Com os olhos arregalados, ele soltou um suspiro. — Merda. Isso tudo, huh?
— Estou falando sério.
— Entendi.
— Você vai fazer isso? — Com cuidado, ela colocou o cabelo atrás das
orelhas. Suas mãos, no entanto, não pararam por aí, ficaram mexendo na parte da
frente de sua camisa branca. A mulher estava nervosa. Terrivelmente nervosa. —
Por favor, Vaughan. Ele quer sair e eu não posso mais envolvê-lo. O divórcio vai
levar mais alguns dias e as coisas estão tão tensas que eu não aguento mais.
Ele deixou a cabeça cair para trás, olhando para o céu. — Nell ...
— Pat me odeia. Ele está completamente impossível. Recusa-se a trabalhar
mais no bar.
— O que diabos aconteceu? Vocês dois estão juntos desde os quatorze anos.
Vocês não conseguem nem conversar um pouco agora?
— Você esteve foram durante muito tempo, — disse ela, com o rosto sério.
— Ele mudou, especialmente desde que terminamos. Ele e Eric não podem nem
estar na mesma sala sem brigar.
— Merda.
Nell torceu as mãos. — Pat tem feito todo tipo de ameaças sobre o que ele
fará se não pudermos comprar a sua parte do negócio.
— Joe não pode comprar?
Nell sacudiu a cabeça. — Ele não tem o dinheiro. Eric ainda o está pagando
pelo financiamento dos seus trinta por cento quando abrimos.
— Cristo. — Ele passou a mão sobre o rosto. — É por isso que você não
deve entrar em negócios com amigos ou familiares. Só fica complicado pra caralho.
— Você está certo. Eu deveria ter confiado em estranhos com o meu sonho
de vida.
Os ombros de Vaughan caíram. — Não sabia que as coisas estavam tão
ruins pra você.
— Você estava ocupado, em turnê e gravando. Eu não queria te preocupar.
Pensei que poderia resolver isso.
— Sim. — Um suspiro longo. — Sinto muito, Nell. Eu não tenho dinheiro.
Eu faria isso por você em um piscar de olhos, se pudesse, mas não posso.
— O que você quer dizer?
— Eu estou sem grana. As coisas… elas não eram tão boas quanto eu as fiz
parecer. — Com as mãos nos quadris, ele a encarou. — Na verdade, elas estavam
muito fodidas. Eu estava esperando que você pudesse comprar esta casa de mim.
Eu sinto muito.
Inferno, pobre Vaughan. Se eu pudesse estar em outro lugar, eu estaria.
Em vez disso, fiquei em silêncio e imóvel, esperançosamente esquecida.
— Você quer vender a casa? Quão ruim é isso? — Ela perguntou.
— Eu vou arranjar alguma solução. Vai ficar tudo bem. — Ele lambeu os
lábios, estudando o chão.
— Quão ruim, Vaughan?
Lentamente, ele fechou os olhos, deixando a cabeça cair para trás. Levou
muito tempo para responder. — Eu tive que pedir emprestado para comprar de
você este lugar.
A boca de Nell caiu aberta. — O que? Você me disse que tinha isso!
— O que você acha que eu diria? — Olhos azuis se abriram, como laser em
sua intensidade. — Como você disse, era o seu sonho, abrir o bar. Assim como era
o meu tocar música. Você me apoiou como pôde. Você realmente acha que eu não
faria o mesmo por você?
Nell cobriu o rosto com as mãos, xingando baixinho sob a respiração. Isso
continuou por algum tempo.
— Por um tempo, estava tudo bem, — prosseguiu Vaughan. — Nós
estávamos fazendo shows, sendo pagos. Então tivemos um tempo vacas magras e
tive que fazer uma hipoteca.
— Você hipotecou a nossa casa de infância? — Sua voz subiu para níveis
extremos. Acho que era verdade o que dizem sobre os ruivos, pelo menos da
variedade feminina. — Vaughan, como você pôde!
— Está quase paga. A turnê com o Stage Dive conseguiu resolver a maior
parte problema, mas as coisas bateram na parede quando a banda se desfez.
Sua irmã apenas balançou a cabeça. — Se a mãe não estivesse morta, ela
te mataria.
— Eu sei.
— E se o pai não estivesse morto ... eu nem sei o que ele faria. Mas o seu
corpo nunca seria encontrado. Ou o que sobrasse dele.
Nada de Vaughan. Seu rosto caído dizia tudo.
À distância, um cortador de grama rugiu para a vida, fazendo a sua coisa.
Como é bizarro pensar que nossos dramas nem tocam a maior parte da vida
cotidiana da maioria das pessoas. Eles pareciam tão grandes e abrangentes por
dentro. Qualquer felicidade parecia falsa. Ou pior ainda, como se estivesse prestes
a ser roubada. O que era ridículo, na verdade: Vaughan descobriria com resolver
os seus problemas financeiros e eu namoraria novamente. Eu encontraria um
trabalho que eu gostasse, ou ao menos tolerasse, e ele iria começar outra banda.
A vida continuaria.
Agora, no entanto, tudo parecia fenomenalmente uma merda.
— Ok, vamos fazer o seguinte, — disse Nell, sua espinha estalando. — Você
vem trabalhar para nós no Dive Bar.
— Mas ... — Uma mão imperiosa o deteve.
— Não, Vaughan, — disse ela. — Você precisa de dinheiro, precisamos de
um novo bartender. Inferno, provavelmente precisaremos de mais garçons
também. De um jeito ou de outro, você está coberto. Pode fazer os turnos de Pat
atrás do bar por enquanto.
— Eu só planejei estar na cidade por alguns dias, uma semana no máximo.
Linhas apareceram ao lado da boca de Nell. — Bem. Tanto faz. Trabalhe
enquanto estiver aqui. Você começa às seis. Não se atrase.
— OK. Eu não vou me atrasar.
— E traga Lydia com você.
— Por quê?
— Eu gosto dela. Ela não hipotecou minha casa de infância.
— Certo. — Vaughan cruzou seus braços.
— Obrigada pelo café e o doce. — Eu disse.
— Sem problemas. Até logo.
Levou um tempo para o homem fazer qualquer movimento assim que sua
irmã foi embora. Por um longo tempo, ele ficou olhando para ela, perdido em
pensamentos. Clichês inúteis encheram minha cabeça, a porcaria reconfortante
habitual. Por enquanto, deixei tudo sem ser dito. Nenhum de nós estava realmente
interessado em ouvir o óbvio.
Este verão estava genuinamente provando ser um filho da puta.
Me pergunto quais absurdos estavam sendo ditos sobre mim pela cidade.
Não que isso importasse. De jeito nenhum eu estaria acompanhando Vaughan hoje
à noite para descobrir. Primeiro, eu precisava encontrar um lugar para ficar até
que as coisas fossem resolvidas com os Delaney. E se eu tinha esperança de ter
alguma coisa para vestir em um futuro próximo, encontrar minhas roupas nesta
selva precisava acontecer mais rápido.
Eu tirei minhas mãos, deixando o copo vazio no degrau para jogar fora mais
tarde. — Você está bem?
— Sim.
— Mentiroso. — Sussurrei.
— Não. — Ele sussurrou de volta.
— Eu também.
Ele me deu um olhar muito duvidoso.
— Essa foi uma conversa pesada. Tudo o que estou dizendo é que não há
problema em não ficar bem depois disso.
Ele bufou, empurrando os ombros para trás. — Você quer falar sobre
sentimentos, Lydia? É isso que você quer?
— Claro que não. — Eu ri. — Depois de ontem estou quase emocionalmente
reprimida. Voto que devemos ser tão superficiais quanto humanamente possível.
— Graças a Deus por isso. — Ele estendeu a mão e alisou o meu cabelo
provavelmente ainda embolado. — Você me preocupou.
— Mas se for necessário, — eu disse rapidamente, — Quero que você saiba
que estou aqui por você, assim como você estava por mim ontem.
— Isso soa perigosamente como conversa de sentimentos.
— Na verdade não.
— Sim, com certeza.
— Bem. Tome como quiser. — Dei de ombros, voltando para a busca e
resgate dos meus pertences. Algo brilhou entre a grama alta. Um brinco. — Eu
quero tacar ovos na casa de Samantha e Ray, mas eles têm essa grande cerca e
portão.
— Pode ser um problema. — Ao meu lado, Vaughan caiu de joelhos,
vasculhando a vegetação. — Que tal o papel higiênico na cerca da frente?
— Isso poderia funcionar.
— Conheci um cara uma vez que deu o fora na namorada dele por
mensagem. Eles estavam saindo há quatro ou cinco anos. Coisa séria. Ela pegou
um par de seringas cheias de óleo de peixe e injetou-o em seu carro através da
abertura entre as portas. Apenas apertou-a bem além do revestimento de borracha
e para o interior. — Ele olhou para mim com uma sugestão de um sorriso diabólico.
— O cara voltou da turnê por alguns meses e o interior de seu GTO fedia tanto que
não era engraçado. Você não poderia nem chegar perto da coisa, muito menos
dirigir.
Eu quase bati palmas. — Isso é genial.
— Não, não é. — Uma calcinha de seda verde pendurada em seu dedo. —
Sua?
— Não. Ela provavelmente pertence a outra pessoa cujos pertences foram
despejados no seu quintal. Mas vou cuidar dela por agora.
— Isso faz sentido. — Cuidadosamente, ele a inspecionou. — Traseira de
corte francês, hein?"
— Você conhece lingerie. — Eu fiz uma careta.
— Importante apreciar as coisas boas da vida. Especialmente quando elas
têm a ver com uma boa mulher.
— Suave.
— Você sabe, eu tinha te imaginado com essas coisas de boyshort, — disse
ele com um sorriso. — Feliz por estar errado, no entanto. Esta é quente, baby. Tipo
realmente quente.
— Que bom que você aprova.
— Mas se você diz que não é sua ... — Ele começou a enfiá-la no bolso de
trás.
— Dê para mim, por favor.
— Digamos que você vá ao Dive Bar comigo hoje à noite.
— Oh, garoto. — Hesitei, tudo dentro de mim rejeitando a ideia. — Um lugar
público. Não acho que seja uma boa ideia. Acho que me fingir de morta é a melhor
opção agora. Encontrar um lugar para morar nos próximos dias e ir embora,
começar de novo em algum lugar.
— Você fica aqui comigo até que você esteja pronta para sair, — disse ele,
como se fosse óbvio.
— Mesmo?
— Claro.
— Eu não estaria no seu caminho ou algo assim?
— Não. — Ele me passou minha calcinha. — Claro que não.
Rapidamente, deixei-a cair na caixa de coisas mais próxima. Dados os níveis
de constrangimento em DEFCON 16 nas últimas vinte e quatro horas, uma calcinha

6 A escala DEFCON (abreviação de "defense readiness condition" ou “condição de prontidão de


defesa”) é utilizada pelos Estados Unidos para medir o nível de alerta das forças de defesa do país.
O nível mínimo é cinco (quando a situação é de paz) e o máximo é um (em caso de ameaça global,
como guerra nuclear).
não deveria ter me incomodado nem um pouco. Talvez isso tinha caído por causa
do homem que fazia a provocação.
— Eu não sei, — disse. — Quando você se aprofunda nisso, nós mal nos
conhecemos.
— É só por alguns dias. Uma semana no máximo, certo?
— Sim, mas-
— Você está preocupada com você ou comigo neste cenário?
— Você, — eu disse, feliz por estar escondida atrás dos óculos escuros.
Aqueles lindos olhos azuis viam demais. — Você pode mudar de ideia e se sentir
preso a mim. Eu não quero adicionar isso aos seus problemas.
— Lydia, eu não quero adicionar ao seu também. Mas quero você aqui.
— Você quer? — Minha respiração não queria engatar, eu tinha certeza. Foi
apenas um acidente. O pensamento de Vaughan realmente gostando de mim me
emocionou e me aterrorizou em partes iguais. Ele era tão quente. E eu era tão eu.
Mas eu poderia fingir ser legal temporariamente. Eu poderia fazer isso. — Por que,
se você não se importa de eu perguntar?
Com uma carranca, ele se esticou na grama alta, relaxando, para todos os
efeitos. — Posso confiar em você com alguma coisa?
— Claro.
Ele lambeu os lábios novamente, suspirou. — Mamãe e papai morreram
quando eu tinha vinte anos. Eu nunca estive aqui sem eles. Não por mais de uma
noite ou duas. Isso não parece certo.
Inferno. Meu coração doeu por ele.
— Nell arrumou o lugar, arranjou alguém para pintar o interior para que eu
não me sentisse estranho, então seria como se fosse minha própria casa, eu acho.
Mas isso não acontece.
Sentei-me de pernas cruzadas na grama em frente a ele. Peguei a cabeça de
um dente-de-leão e corri de um lado para o outro na palma da minha mão. —
Vaughan, seria ótimo se eu pudesse ficar aqui enquanto arrumo as coisas.
— Bom. — Um sorriso lento se espalhou pelo rosto dele. — E eu realmente
gostaria que você viesse comigo hoje à noite, ver o bar da Nell. Ela adoraria ter você
lá, ela disse.
Eu franzi o nariz.
— Vamos lá. Você tem que sair algum dia.
— Hmm, má ideia. Acho que já preenchi minha cota de humilhação pública
este ano.
— Você vai se divertir. — Ele balançou a cabeça. — De jeito nenhum Nell
vai deixar alguém incomodar você no lugar dela, baby.
— Esse não é o meu nome. — O dente de leão se desfez em uma brisa
quente, indo para quem sabe onde.
— Tudo bem. Vá hoje à noite e nunca mais te chamarei de baby.
— Nunca mais? — Eu o avaliei por cima dos meus óculos de sol, julgando
sua sinceridade.
— Você tem a minha palavra. — Com lentidão deliberada, ele desenhou
uma cruz sobre seu coração.
A quantia que eu devia ao homem era grande. Enorme. Mas também era o
pensamento de sair para a arena pública e arriscar a morte, o desmembramento e
algumas fofocas realmente desagradáveis. As cadelas estão por toda parte. Mas
também ele estava certo. Eu tinha que sair algum dia.
— Ok. — Eu estendi minha mão.
Ele sacudiu. Então continuou segurando, olhando profundamente nos
meus olhos.
— Você vai se divertir, Lydia.
Capítulo Oito
Eu não estava me divertindo. Eu estava, principalmente, lutando contra o
desejo de vomitar. Embora com toda a honestidade, o estado do meu estômago
tinha mais a ver com a minha ressaca do que qualquer outra coisa.
O Bird Building não era um centro comercial. Basicamente, era um monstro
de tijolo de noventa anos de idade e com dois andares na área metropolitana da
cidade, o piso térreo de uma linha elegante de espaços de varejo de frente para a
rua. Primeiro, havia algumas lojas vazias, as janelas cobertas de avisos antigos de
bandas tocando na cidade, cachorros perdidos, feiras de rua e coisas do gênero.
Em seguida, o Guitar Den, um estúdio de tatuagem chamado Inkaho, e depois o
Dive Bar ocupando a prestigiada posição de canto.
Os Beatles tocavam, enchendo o ar quente da noite junto com os sons de
talheres e copos, o zumbido da tagarelice fluía através das janelas abertas e da
porta do Dive Bar para a rua tranquila. Parecia que eles tinham uma multidão de
tamanho decente para um domingo. As pessoas iam para a cidade todos os verões,
mas a maioria parecia ficar no centro da cidade à beira do lago. Aposto que os bares
e lojas estariam cheios. A área metropolitana da cidade, longe da água, tendia a
ser mais sossegada. Mais para os habitantes locais.
Com uma mão pairando na parte inferior das minhas costas, Vaughan me
conduziu pela calçada.
— Eu não vou fugir. — disse, mais uma vez colocando meu cabelo atrás das
orelhas, endireitando as dobras imaginárias na minha blusa preta de linho.
A olhada de lado que ele me deu estava cheia de dúvidas. — O pensamento
nunca passou pela minha cabeça.
— Mentiroso.
— O fato de que eu tive que tirar você do carro...
— Não significa nada mais do que o quão legal eu acho que seu carro é.
— Certo. — Eu poderia dizer que ele estava rindo de mim por dentro. —
Vamos lá, moça solteira.

**************************************

Não tão sutilmente, ele segurou meu cotovelo. Os músculos de seus braços
flexionavam como se esperasse que alguma grande tentativa de fuga acontecesse a
qualquer momento.
Gostar das pessoas era uma cadela. Mesmo com você dando a sua palavra.
Ao nos aproximarmos do prédio, eu disse: — Tenho pensado em seus
dramas financeiros. Quer saber se posso ajudar?
Ele lambeu os lábios. — Você fará praticamente qualquer coisa para atrasar
isso, não é?
— Estou falando sério, tenho me preocupado com você o dia todo, com Nell
não sendo capaz de comprar a casa como você esperava. Eu sei que não nos
conhecemos há muito tempo, mas gostaria de ajudar de alguma forma, se puder.
Um suspiro. — Eu vou ter que vendê-la para outra pessoa. Vai ser ruim,
mas esta é a minha situação.
— Eu sinto muito.
— Obrigado. — Ele passou a mão sobre o rosto. — Não acho que você
gostaria de repensar seu plano de sair da cidade e fazer uma oferta?
— Eu gostaria de ter esse tipo de dinheiro. E um emprego. — Alguns anos
no mercado imobiliário me permitiram começar algumas economias. Nada como o
que a casa Sanders Beach valeria, no entanto. — Eu poderia lhe dar alguns
conselhos sobre o mercado, colocar você na direção de um bom agente e assim por
diante.
— Sim, ah ... vamos falar sobre isso outra hora. Tudo bem?
— Certo. Quando você estiver pronto.
— Obrigado.
Um par de mulheres jovens passou por nós, uma olhou duas vezes quando
me viu. Logo depois, a sua boca estava disparou rapidamente contra o ouvido de
sua amiga. A amiga virou para trás para olhar para mim rindo. Ugh.
— Talvez esta noite seja um pouco cedo, — eu disse, recuando um passo. -
Quero dizer, você precisa se concentrar no bar e, na verdade, Nell estará ocupada
cozinhando, então ...
Em um movimento suave, ele deu um passo à minha frente, virando-se de
frente. Suas mãos agarraram meus quadris, fazendo a operação "dar o fora daqui"
dar uma parada abrupta. — Lydia?
Eu pisquei. — Vaughan?
— Estamos indo para lá e tudo vai ficar bem
— Não tenho tanta certeza sobre isso."
Ele engoliu em seco, parando um momento para pensar. — O que de pior
pode acontecer?
— Todos podem apontar e rir de mim, forçando-me a reviver a vergonha e o
horror de ontem.
— Sim, é verdade. — Dedos esfregaram meus quadris largos no meu jeans
quando ele colocou o rosto para baixo perto do meu. Não fazendo nada, apenas
ficando ali. — Como você conseguiu ontem?
— Fuga, você, sarcasmo, violência e por último, mas não menos importante,
tequila.
— Você pode ter tudo hoje menos a fuga, — disse ele. — Como isso soa?
— Você quer que eu responda isso honestamente?
— Não. Você vai se divertir, Lydia.
Eu duvidava muito disso, mas seria indelicado dizer.
— E se alguém aí te der algum problema, eu vou socá-los por você.
— Minha mão ainda dói de ontem, então obrigada. Eu aprecio isso.
— Sem problemas.
Ficamos parados, olhando um para o outro, sorrindo por um momento
perfeito. Então eu bati na testa. — Porcaria. É sua primeira noite no trabalho e
estou colocando todo o meu drama em você novamente.
Ele abaixou a cabeça. — Sim, você está
— Eu sinto muito.
Uma exalação tão longa e tempestuosa. O homem tinha grandes pulmões.
Além disso, péssimos amigos, ou seja, eu.
— Vaughan?
— No lado positivo, quando você se agita, seu peito começa a subir e descer
a cada respiração. Magnífico. Honestamente, eu não consigo me cansar disso. —
Pequenas linhas apareceram em sua testa enquanto suas mãos demonstravam os
movimentos aparentemente saltitantes na frente de seu peito. — Estou tentado a
dizer merda para começar a te agitar, eu amo isso.
Em face ao seu largo sorriso, eu não tinha nada.
Na verdade, isso é mentira. — Eu me senti mal, seu idiota.
O idiota de boa aparência apenas sorriu. Ao longe, a primeira estrela
começou a cintilar e a fazer sua coisa no céu cinza e violeta. As montanhas
pareciam escuras e ameaçadoras ao longe. A natureza se exibia. Mas não havia
nada contra Vaughan parado ali, sorrindo. Luxúria, quão ou o que quer que seja
isso ... Eu tive da pior maneira. Talvez se ele parecesse de bom humor depois de
terminar o trabalho, eu levantaria a ideia de novos amigos fazendo sexo casual
para ele. Nós dois ficaríamos na cidade apenas por alguns dias e o relógio estava
correndo. Seu olhar cintilou entre meus seios e rosto, nunca se acomodando em
um ou outro.
Mamilos são pequenas feras, sempre reagindo a tudo, especialmente
quando você prefere que sejam discretos. Há uma razão pela qual ‘‘titilation’’7
começa com a palavra “tit”8. Então, é claro que eles endureceram, se revelando com
a atenção dele. Tão rápido quanto possível, eu cruzei meus braços, cobrindo-os.
— Eu nem mesmo ... — As palavras desapareceram. — Você não faz
sentido. Quero dizer, eles estão cobertos. Minha camisa está abotoada cobrindo
qualquer indício dos meus seios.
— Não importa. Eu ainda posso ver a forma deles. É o suficiente para
manter um homem como eu feliz.
— É como se você tivesse algum tipo de transtorno obsessivo-compulsivo
de mama. Já pensou em procurar aconselhamento para o seu vício?

7 Excitação.
8 Teta, mama, peito em inglês
Ele suspirou, o rosto cuidadosamente definido. — Nada de errado com um
homem admirando um belo par de seios. Mas se você discordar, sinta-se à vontade
para usar isso contra mim.
Eu revirei meus olhos.

**********************************

— Certo, então nós discutimos tanto a minha merda quanto a sua merda.
Nós terminamos aqui? — Ele perguntou ficando abruptamente sério. — Podemos
entrar agora?
— Vamos.
Um aceno de cabeça.
— Você vai ser ótimo. — Eu disse, toda entusiasmada.
— Você é a única que está nervosa, não eu. Eu estou bem, baby. — ele
brincou.
— Muito engraçado. Me chame de baby mais uma vez e eu estou fora daqui.
Em vez disso, ele me guiou com firmeza pelas duas escadas da frente e pelas
velhas portas de vidro.
Mesmo que ele não estivesse nervoso, eu não tinha tanta certeza sobre seu
estado geral de espírito. Acho que ir trabalhar para Nell estava mexendo muito com
a sua filosofia de guitarrista Zen. Combinando isso com memorizar preços, receitas
de coquetéis, localização de tudo, acompanhar os pedidos, manter-se fora do
caminho de qualquer outro bartender, reabastecer e fazer todo o resto envolvido
em um bar e Vaughan tinha uma noite movimentada pela frente. Inferno, eu acho
que tudo isso, estar de volta à cidade, respirar o ar do norte de Idaho, viver no local
que tinha sido a sua casa de infância, seus pais terem partido, tinha que estar tudo
bagunçando com a cabeça dele. Acrescente aos danos extras o seu endividamento
e sua banda terminando. Eu não pude evitar sentir por ele. Nós dois tivemos
sonhos estilhaçados.
Durante todo o dia, ele ficou perto, ajudando-me a encontrar, depois limpar
e arrumar minhas coisas. Nós não falamos sobre nada profundo e significativo.
Apenas filmes, músicas e lugares que ele tinha ido. Histórias da vida na estrada.
Eu tive a sensação distinta de que ele queria se manter ocupado.
Compreensível. Drama, gah. Nós dois tínhamos a nossa cota.
Quando entramos, não notei nenhum rosto reconhecível, mas ainda estava
agitada por sair em público.
— Estou aqui para me impressionar com suas habilidades de barman. —
Eu disse, movendo-me lentamente pelo labirinto de clientes e mesas.
— Uh-huh. Eu vou ter certeza de fazer malabarismos com algumas garrafas
e essas merdas, acender alguma coisa com fogo enquanto faço o seu martini de
café expresso. — Ele sacudiu a palavra em sua língua como se pronunciá-la fosse
um truque próprio. — Ou você é mais uma garota de margarita, hmm?
— Hoje sou mais uma garota de água e gelo. Se tiver vontade de ficar chique,
Sr. Bartender, vou querer uma fatia de limão ao lado. Um canudo, talvez.
— Sim? — Apenas um pequeno sorriso curvou seus lábios. Não estou
nervoso, minha bunda. Ele pode ser melhor do que eu em esconder coisas, mas
essas coisas permaneciam lá embaixo da superfície, no entanto. Qualquer pessoa
disposta a prestar atenção e se importar poderia ver.
— Ainda sentindo a dor da tequila da noite passada? — Ele perguntou.
— Um pouco.
Ele olhou para mim, o olhar suavizando. — Lydia ...
— Aí está você! — Nell correu com os cabelos ruivos presos, vestindo um
avental preto de aparência profissional.
Vaughan franziu a testa e olhou para o relógio. — Eu cheguei na hora certa.
Uma sobrancelha subiu. — Eu disse que você não chegou?
— Lugar legal. — Interrompi a discussão em potencial antes dos dois irmãos
ganharem impulso. — Toda a madeira escura com a alvenaria crua e as janelas
gigantes. Tem uma atmosfera tão boa. — Realmente tinha. Brutal poderia ser a
melhor palavra para descrever o estilo do lugar. Embora houvesse traços de luxo e
acenasse para os edifícios de 1920 também. Uma seção de parede coberta de
pôsteres de bandas antigas tinha sido preservada. Uma escadaria circular de ferro
forjado preto estava no canto, conduzindo ao segundo andar fechado. Os conjuntos
de mesa e cadeira com pernas de metal com tampo de madeira tinham um ar
industrial . Mas também havia cabines com luxuosos couros pretos. Ainda não
deveria estar funcionado. A tentação de se acomodar e pedir uma bebida, um prato
de algo para comer, era enorme.
— É incrível, Nell.
As rugas ao redor do nariz de Nell desapareceram e seus lábios se abriram
com óbvio prazer. — Você gosta?
— Eu amo. — Chris teria zombado do lugar por não ser extravagante o
suficiente, mas foda-se ele de qualquer maneira. O bar parecia confortável,
relaxante, apesar de todas as pessoas virarem em nossa direção, sussurrando. Não,
ok. Isso era uma mentira. Eu não estava bem com isso. Nunca houve uma ideia
tão ruim. Eu deveria ter ficado escondida em casa.
Ah não. Espera. Meu erro. Eles estavam olhando para Vaughan com seus
jeans apertados. Justo. Sua bunda era uma obra de arte. Soltei um suspiro de
alívio. Excelente. Esta noite seria boa. Eu apenas me misturaria, relaxaria e
conversaria com Nell.
— Eric e seu irmão, Joe, fizeram a maior parte do trabalho. Venha conhecer
ele. Joe, esta é Lydia.— Ela gritou, chamando a atenção de quase todo mundo no
bar.
Sim, tudo bem. Agora todos os olhos definitivamente se voltaram para mim.
Abençoe a capacidade pulmonar extraordinária de Nell e de sua família. Se ao
menos eles a usassem para o bem em vez do mal.
— Você sabe, a que eu te falei. — Ela agarrou meu pulso e me rebocou
através do labirinto de mesas em direção ao bar.
— Eu sei. — O urso loiro atrás do bar respondeu, dando-me um aceno de
cabeça. Então seus olhos sorridentes se dirigiram para Vaughan. — Que bom que
você nos deixou saber que estava de volta à cidade, cuzão.
— Sim, sim. Nell já pegou no meu pé. — Vaughan estendeu a mão pelo
balcão, segurando o ombro grosso do outro cara. — É bom ver você, cara.
— Você também. Por quanto tempo você vai ficar desta vez?
— Não tenho certeza. Tenho algumas coisas para resolver.
Joe grunhiu em compreensão.
Joe parecia ser um mestiço de homem da montanha e barman. Uma
reminiscência Viking, talvez. Ele era um cara grande com ombros largos e com uma
grande barba loira. Claramente, havia muito mais deuses do sexo no norte de Idaho
do que eu reconhecia da região. Outras classificações seriam necessárias. Se
Vaughan superava a categoria super legal, então talvez esse cara novo ganhasse
na de lenhador sexual. Dado o meu retorno abrupto a solteirice, eu teria que pensar
mais sobre esse importante sistema de classificação de homens.
Aviso: Objetivar pessoas está errado.
— Ouvi que você está contratado. — disse Joe a Vaughan.
— Sim.
— Venha para o lado certo do bar, então.
Vaughan riu e fez o que lhe foi dito. Obviamente, o bar em si era antigo e
original. Nomes, datas e todas as outras marcas que se possa imaginar haviam
sido arranhadas na madeira polida, e Deus sabe quantos anos de serviço. Este
lugar tinha uma história real. Era um bar de tamanho decente, paralelo a uma das
paredes internas. Atrás havia prateleiras cheias de bebida. Todo tipo imaginável.
Luzes ocultas iluminavam lindamente as garrafas de vidro. Abaixo disso, havia
uma longa fileira de torneiras de cerveja; todas as opções eram impressionantes.
Claramente, o Dive Bar levava sua bebida a sério.
— Ei, mana. — disse Vaughan, baixando a voz.
— O que?
— Seja legal.
— Eu sou sempre legal. — Nell me deu um tapinha no braço, antes de
voltar para o irmão. — Não se preocupe, sua nova namorada está segura comigo.
Certo, deixe-me rapidamente guiá-lo pela lista de preços.
— Eu não sou namorada dele, — eu disse caso alguém estivesse ouvindo.
— Nós somos apenas amigos.
— Sim? — Joe coçou o queixo. — Eu sou solteiro também.
— Sério? — Eu perguntei, imediatamente me sentindo envergonhada por
quão chocada eu estava.
O grandalhão encolheu os ombros, dando-me o olhar o-que-você-vai-fazer.
— Noites de trabalho, lugar assim…
Hã. — Você está tentando me dizer que não conhece muitas mulheres
cuidando do bar?
Juro por Deus, havia uma covinha escondida naquela barba. — Eu conheço
muitas mulheres. Não necessariamente do tipo que você quer levar para conhecer
a mãe, sabe? Não necessariamente do tipo que procura conhecer a mãe também.
— Não que haja alguma coisa errada com isso.
— Absolutamente não, senhora. — Joe começou a me examinar com
interesse renovado, o olhar escuro se demorando sobre barrigas minhas
protuberâncias de mulher. Mas, por mais musculoso e varonil que o homem fosse,
ele ser amigo e colega de trabalho de Vaughan tornava-o uma complicação. O que
quer que venha a acontecer entre agora e eu colocando essa cidade no meu espelho
retrovisor, isso não envolveria complicações.
Só sobre o meu cadáver.
— Desculpe, — eu disse. — Não estou querendo conhecer, ou não conhecer,
a sua mãe neste momento Acabei de sair de um relacionamento ruim.
— Ouvi sobre isso, — ele relatou com naturalidade.
— Sim. — Ugh. — Fantástico.
— Você realmente escalou uma cerca de dois metros e meio de salto e um
vestido de noiva?
— Ela tem aproximadamente um metro e meio.
O homem estufou os lábios. — Ainda assim ... impressionante.
— Obrigada.
Os Beatles mudaram para o Arctic Monkeys e os aromas vindos da cozinha
estavam fazendo minha boca se encher de água. Alho, carne, comida em geral,
todas as coisas boas. Apesar da música, eu estava razoavelmente certa de que
todos em um raio de dois quarteirões ouviram meu estômago roncar.
— Joe estará com você a noite toda, pergunte a ele o que você precisar. —
disse Nell, encerrando seu breve tutorial.
— Certo. Obrigado.
Os dois compartilharam um sorriso.
— Lembre-se do que lhe contei sobre Lydia. — Vaughan deu a sua irmã
um olhar sério. — Não a molhe nem a alimente depois da meia-noite. Ela se
transforma em um estranho e psicótico animal. Não é bom.
— Eu não sou um Gremlin. — Eu disse.
— Espere. — Com grande drama, Vaughan bateu na testa. — Meu erro. Foi
tequila que fez isso. Você pode molhá-la e alimentá-la tanto quanto quiser, Nell.
Apenas mantenha-a longe da tequila.
Eu sutilmente arranhei minha bochecha com meu dedo do meio.
O idiota sorriu enquanto Joe riu. Honestamente, Nell estava certa. Quanto
mais cedo todos os homens fossem enviados para colonizar a lua, melhor para
todos.
— Alguém está trabalhando aqui esta noite? — Uma mulher de pele escura
e baixa, vestida com uma camiseta preta do Dive Bar, estava mais ao fundo do bar,
batendo suas garras na pedra. Ela e Vaughan acenaram um para o outro com
familiaridade.
— Qualquer sinal de Stella? — Nell perguntou a ela.
— Não, — respondeu a mulher. — Minha colega garçonete ainda é M.I.A9.
— Essa garota está prestes a ser chutada na bunda dela. Eu não me importo
com o quão boa Eric pensa que ela é com os clientes. Oh, Rosie, esta é Lydia. —
Disse Nell. — Lydia, esta é Rosie, uma das nossas garçonetes. Ela está conosco
desde o começo. Ela também estava no mesmo ano na escola que o Vaughan. Diga
oi.
— Oi.
— A noiva fugitiva de Delaney? — Os olhos de Rosie se iluminaram com
interesse. — Eu tenho ouvido falar de você o dia todo. É verdade que você escalou
uma cerca de três metros de altura coberta com arame farpado?
— Ela disse que era aproximadamente um metro e meio, — respondeu Joe
em sua voz grave. — Não ouvi nada sobre arame farpado.
O brilho nos olhos da garçonete diminuiu um pouco. — Ainda sim. Nada
mal para uma mulher em um vestido de noiva. O meu estava tão apertado que eu
nem consegui sair da limusine sem ajuda. Você sabia que o noivo e seu padrinho
foram para o Havaí?
— De jeito nenhum. — Disse Nell.
Meu estômago afundou. — Eles foram na lua de mel?
Isso fazia sentido. Caso contrário, as passagens teriam sido desperdiçadas.
Bem, as passagens do Chris, pelo menos. Eles teriam que comprar novas para o
outro homem. As minhas eram intransferíveis e eu duvidava muito que o seguro
de viagem cobrisse o cancelamento do casamento devido a um vídeo de sexo
escandaloso. E, no entanto, Chris e Paul estavam agora curtindo minha romântica
lua de mel na praia. O esforço que eu colocara em encontrar o resort certo para
nós, o melhor espaço para começarmos perfeitamente a nossa vida de casados.
Imagino o que eles estão achando das massagens e dos jantares à luz de velas que
eu reservei. De repente meu rosto ficou inchado, meus olhos duros e doloridos. Não
chore mais.
Não importava. Não importava.

9 Abreviação de Missing in action. Está desaparecida.


— Ouvi dizer também que eles foram. — disse uma mulher em uma mesa
próxima.
Muitas pessoas. Havia muitas pessoas bisbilhotando minha vida. Isso me
deu urticária. De repente, todas as grandes janelas, a pedra polida e a beleza
lustrosa do velho bar pareciam mais uma armadilha. Um palco com luzes
brilhantes. Meus ombros subiram, me escondendo da vista. Tal merda como uma
tempestade de excitação. Eu nunca tinha pensado nisso antes, como seria ser uma
daquelas pessoas nas páginas de revistas. Perseguida por paparazzi, tendo sua
vida espalhada pelas páginas e dissecada a cada esquina. E isso foi apenas um
escândalo em uma cidade pequena (mais ou menos). Minha aversão à atenção,
especialmente por causa de algo tão constrangedor quanto isso, fez com que a
necessidade dos Delaney em comprar meu silêncio fosse ainda mais ridícula. Essas
pessoas não me conheciam.
Eu queria minha privacidade de volta. Para ser apenas mais um rosto na
multidão, fazendo minhas coisas, vivendo minha vida. Coeur d'Alene e eu
terminamos. Acabou. Arruinou.
Em meio a loucura veio uma voz. — Ei.
Os olhos de Vaughan me pegaram, me acalmando. A fofoca não seria o fim
do meu mundo. Mais alguns dias e eu estaria fora daqui. O pensamento de deixar
Vaughan me incomodava, embora ele também seguiria logo o seu caminho. De
volta à costa oeste e aos negócios da música. Eu faria outros amigos. Um dia,
poderia até encontrar um homem em quem pudesse confiar, alguém com quem
pudesse fazer planos.
— Você está bem?
— Claro, — eu menti. — Por que não estaria?
Ele se inclinou sobre o bar, se aproximando, fazendo um espaço seguro só
para mim e para ele. — O babaca roubou sua lua de mel.
— Meh. Aposto que ele vai pegar chato.
— Aposto que ele vai ficar com queimaduras nas bolas.
— Aposto que ele acidentalmente será alimento dos tubarões, — eu disse
com grande veneno. — E não haverá mais nada a não ser essa espuma vermelha
na água agitada, como em Tubarão o filme.
— Legal. — Vaughan assentiu em apreciação. — Como você vê isso
acontecendo?
Mordi meu lábio, ponderando. — Talvez ele vá em um desses barcos
fretados e caia no mar. Eu não tenho todos os detalhes ainda.
Um lado de sua boca se curvou para cima, os olhos fixos em mim. Tipo,
realmente focado apenas em mim. Eu chequei meus dentes da frente com a minha
língua. Nada lá que eu pudesse sentir. Talvez houvesse uma marca no meu rosto
ou ele tivesse percebido que eu estava fora do meu peso saudável ou algo assim.
— O que?
— Você parece mais solta agora, — disse ele. — Você perdeu o sorriso falso
de merda.
— Eu perdi?
— Sim. — Ele ligou os seus dedos, exalando. — Tudo bem, baby?
— Tudo bem. — Eu estava tão feliz por ele estar lá comigo, eu sinceramente
nem me importei que ele tivesse usado a palavra com B.
— Não precisa de mim para bater em alguém?
— Nuh. Eu cuido disso.
— Ok. — Ele se virou para sua irmã. — Nell, cuide dessa mulher, alimente-
a.
— Pode deixar. — Mais uma vez, sua irmã agarrou minha mão. Ela me
rebocou em direção à cozinha, localizada além de uma divisória baixa, além do
poço de fofoca. Nirvana. Boa comida. Paz e relativa tranquilidade. E tudo isso com
uma visão de Vaughan, meu combo favorito de amigo e homem-doce, se
movimentando no bar. Impressionante. Salva novamente pelo meu herói ruivo
tatuado em jeans azul.
Agora, se eu pudesse descobrir uma maneira de retribuir o favor.
Capítulo Nove
Nell sabia cozinhar.
Ela também podia latir ordens para seu assistente (um cara mais velho
chamado Boyd), me sondar para obter informações sobre seu irmão (não que eu
tivesse alguma), e ainda encontrar tempo para reclamar intermitentemente sobre
Pat. A mulher era multitarefa como uma mestra.
— É sempre tão ocupado? — Perguntei, chegando para o lado, tentando me
manter fora do caminho. Todas as mesas estavam ocupadas e havia um par de
pessoas em volta, socializando pelo bar.
— O verão é imprevisível. Quando os bares do centro da cidade se enchem,
parece que nós ficamos com um pouco do excedente, juntamente com os nossos
habituais. — Nell limpou as bordas de um prato, depois depositou-o sob a lâmpada
de aquecimento para ser recolhido. — Enquanto eles continuarem vindo e pagando,
eu estou feliz.
Joe e Vaughan estavam ocupados. Uma segunda garçonete, Stella,
finalmente chegou para trabalhar ao lado de Rosie, aliviando consideravelmente a
carga. Onde Rosie parecia amigável, Stella mantinha distância. Embora com os
olhares não tão acolhedores que Nell estava disparando para ela, eu também iria.
Ela tinha em meu palpite vinte e poucos anos com cabelo preto curto e um piercing
no nariz. Muito legal.
A noite só parecia ficar mais movimentada. Para cada mesa liberada, outro
grupo entrava. Eu me ofereci para pegar um táxi para casa, para deixar Nell
trabalhar em paz. Ela me mandou ficar parada. Por isso experimentei os pratos de
teste como ordenado, conversei com ela e bebi lentamente água gelada na cozinha
incrivelmente brilhante.
— Ele está observando de novo; rápido, pareça feliz. — disse Nell.
Virei minha cabeça, dei a Vaughan um aceno com os dedos. — Ele costuma
se preocupar tanto assim?
— Não na minha experiência. Mas então, faz anos que ele não está por perto.
Com uma faca de aparência letal, ela fez um trabalho rápido cortando
cebolas em cubos. Nem uma única lágrima foi derramada. Em seguida, ela passou
a testar uma panela fervendo de macarrão.
— Fui visitá-lo na Costa algumas vezes. As coisas estavam sempre malucas.
Eles estavam no meio da gravação ou a caminho de um show. Não é como se
realmente tivéssemos tempo para conversar.
— Isso é ruim.
— Então, uma vez que abrimos este lugar, minha vida girou em torno dele.
Estou aqui trabalhando ou estou em casa recuperando o sono.
— Eu tenho certeza. — Nunca dirigi meu próprio negócio, mas eu posso
imaginar.
— Desde que nossos pais morreram, Vaughan tem sido ainda mais difícil
de manter contato. Eu não sei, acho que a maioria das famílias se distanciam,
certo?
— Eu sou provavelmente a pessoa errada para perguntar. A minha nunca
foi próxima para começo de conversa.
— Mesmo?
— Eu fui um acidente. Reprodução nunca apareceu na lista de coisas para
fazer dos meus pais. Eles estavam sempre trabalhando, tentando melhorar as
coisas. Ter o dinheiro para comprar uma casa grande e brilhante com o mais
recente tudo. — Dei de ombros. — Isso nunca funcionou assim.
Nell franziu a testa. — Papai trabalhava muito, mas minha mamãe
geralmente estava em casa
— Eu não quero ser intrometida. Mas você se importa se eu perguntar como
seus pais morreram?
— Acidente de carro, — ela disse, o volume de sua voz diminuindo. —
Aconteceu à noite. Tinha começado a chover e havia óleo na estrada. Papai perdeu
o controle e eles atingiram uma árvore. Mamãe morreu no impacto, mas meu papai
durou mais tempo. Eles conseguiram tirá-lo do veículo e estavam a caminho do
hospital. Felizmente ele nunca recuperou a consciência após o acidente. Ele nunca
soube que a mamãe tinha morrido.
— Eu sinto muito.
— Sim. — Ela se sacudiu. — De qualquer forma, Vaughan e eu erámos
muito unidos no ensino médio. Praticamente fazíamos parte do mesmo grupo. Foi
estranho quando ele foi embora, eu estava tão acostumada a tê-lo por perto.
Ela parou para me passar um pequeno prato de queijo feta e azeitonas.
— Foi assim que conheci meu ex, Patrick. Ele era amigo de Vaughan. Eu
roubei ele. Provavelmente seja por isso que ele está tão preocupado em confiar em
mim com você. — Ela piscou. — Ele está preocupado que eu mude de time. — Ela
disse sarcasticamente.
— Mm, desculpe. Eu vou ter que recusar. — Coloquei uma azeitona preta
na minha boca. Deliciosa. — Você tem um corpo quente, mas é muito complicada.
Atualmente, estou evitando toda e qualquer complicação do tipo romântico.
— Ha. Acho que nós vamos ter que ser apenas amigas.
— Eu gostaria disso.
Ela sorriu e checou o progresso de algumas pizzas gourmet, depois as
montou os pratos com precisão. Halloumi10, abóbora, espinafre e pinhão. Parecia
divino e cheirava ainda melhor. — Eu também.
— Este lugar é muito melhor do que a maioria dos bares que eu já estive.
— Para ser honesta, estava mais na linha de um restaurante /bar moderninho com
um pequeno palco montado em um canto. — É muito mais iluminado e o chão não
é pegajoso.
— Nós herdamos esse nome, — explicou Nell. — o pai de Andre Bird, o cara
que é o dono do prédio, abriu aqui o Dive Bar nos anos setenta. Ele morreu atrás
daquele bar há seis anos. Ataque cardíaco. Um minuto ele estava servindo cerveja,
no minuto seguinte, foi.
— Ah
— Pat jura que viu o fantasma do velho tarde da noite quando estava
fechando o lugar. Mas eu acho que ele estava mentido. — Uma sombra de um

10 É um queijo originário do Chipre, com consistência firme, branco e ligeiramente salgado,


tradicionalmente feito de uma mistura de leite de cabra e ovelha.
sorriso permaneceu em seus lábios. Então ela parou de sorrir. — Você sabe que o
Stage Dive fez seu primeiro show público naquele pequeno palco lá.
— Não. — Meus olhos se arregalaram.
— Sim. Eu estava aqui. Eles eram absolutamente horríveis. — Ela riu. —
Eles levaram alguns anos para chegar ao ponto em que realmente valesse a pena
ouvi-los.
Olhei para o palco, oficialmente impressionada. Então rapidamente
verifiquei como Vaughan estava. Ele estava ocupado reabastecendo a geladeira de
cerveja. Parecia que estava tudo bem.
— Nós recebemos fãs obstinados para tirar as fotos deles no palco com
bastante regularidade. — Ela preparou algum tipo de peito de frango recheado,
espinafre e queijo macio saindo do meio. — Alguns são um pouco doidos, beijando
e acariciando o palco. Eric e Joe tiveram que jogar um cara para fora por tentar
trepar com ele. Temos certeza de que ele estava muito chapado. Ainda assim, você
pode imaginar as lascas que ele teria conseguido? Ai.
Eu bufei. — Aí, tudo bem. É incrível que você tenha visto o Stage Dive tão
cedo.
— Vaughan estava na escola no mesmo ano que alguns caras. Teve algumas
aulas com eles. Pergunte a ele sobre isso algum dia. — Nell fez uma pausa, fez
uma careta. — Talvez não, já que sua banda se separou e eles são maiores do que
nunca agora.
— Acho que vou ficar de boca fechada. Não deve ser fácil, ser músico e ser
da mesma cidade que eles.
Duas mulheres em vestidos justos estavam no bar, flertando com Vaughan.
Não que alguém flertando com ele fosse da minha conta. Quase sempre. A
quantidade de sexo alimentado pelo álcool oferecida aos bartenders… embora esses
caras tivessem muito a seu favor, não importava a situação. Tatuagens, músculos,
a maneira descolado. Nós, pessoas normais, nunca tivemos uma chance. Por que
eles se acalmariam quando podiam viver o estilo de vida livre e fácil para sempre?
— É ótimo que este lugar tenha uma história tão rica. — eu disse, fazendo-
me desviar os olhas dele. Talvez eu deveria colocar minha cabeça na parede. Usar
um grampeador, talvez.
Mais uma vez, Nell fez aquele quase surpreendente som curto e agudo de
alegria e/ou divertimento. Era difícil dizer se ela estava rindo ou comemorando ou
o quê. — Oh, tem história. Você deveria ter visto a quantidade de espelhos e papel
de parede de veludo e merda que tivemos que retirar para recuperar o tijolo e a
madeira original. Certo, Boyd?
Sem resposta do Boyd.
Nell nem pareceu notar. — Eu queria renomeá-lo, mas Pat e Eric votaram
contra. Provavelmente para o melhor. A cidade inteira o conhece como o Dive Bar.
— Você poderia ter sido assombrada pelo antigo dono.
— Sim. Andre Senior não ficaria impressionado.
Do outro lado da sala, observei Vaughan misturar um par de bourbon e
Cokes, passando-os para Rosie. (Ei, eu evitei olhar para ele por uns sólidos trinta,
quarenta segundos.) Joe lhe deu um tapinha no braço, dizendo-lhe algo. Então,
com um aceno de cabeça, Vaughan passou para o próximo trabalho. Seu rosto
magro e anguloso parecia feroz e determinado. Eu senti por ele. Aprender um novo
ofício nunca era fácil - especialmente em uma noite tão agitada.
— Jesus, você está perdida. — disse Nell.
Eu chamei a atenção, resmungando: — O quê?
— Você continua observando ele.
— Eu não.
— Oh deus, sim, você observa, — disse Nell. — Diga a ela, Boyd. É meio
nauseante.
Boyd nem se incomodou em olhar por cima da panela que ele estava
mexendo.
— Ele salvou minha bunda grande ontem. Ele é meu amigo e esta é a
primeira noite dele em um novo emprego, — disse, tentando o meu melhor para
ser indiferente, não louca. — Quero que ele se saia bem, isso é tudo.
A mulher ruiva levantou uma sobrancelha.
— Tudo bem. — Eu respirei fundo. — Nell, eu odeio ser a pessoa a ter que
te dizer isso. Mas seu irmão é quente. Como muito quente. Honestamente, é meio
impossível ter uma vagina e não olhar.
Ela soltou uma risada.
Boyd franziu a testa, continuando a cozinhar. Pelo menos eu consegui uma
reação. Mexi minha bebida com o canudo, perseguindo um cubo de gelo ao redor
do copo.
Com as mãos sempre em movimento, Nell seguiu para a grelha, cuidando
de cortes grossos de carne. — Ele disse mais alguma coisa sobre a venda da casa?
Caramba, território não seguro. — Você precisa perguntar a ele sobre isso.
— Ele está ocupado. Estou lhe perguntando.
— Sim. E eu estou dizendo para você perguntar a ele. — A mulher poderia
me dar todos os olhares duros que ela queria. Eu não entregaria qualquer coisa
que Vaughan havia me confidenciado.
Lâmpadas suspensas do teto de dois andares se acenderam e encheram o
Dive Bar com um brilho quente. Eu poderia ter me acomodado em uma mesa de
canto e lido por horas. Parecia um bom lugar para estar.
Até que deixou de estar.
Um homem de aparência escorregadia com um coque entrou, com o rosto
torcido de irritação, sua voz mais alta que o inferno. — Que porra é essa, Nell?
Imperturbável, a pequena chefe sorriu. — Que porra é essa, Eric?
— Ele não vai trabalhar aqui.
— Ele vai.
— Não.— O homem, Eric, deu muita ênfase à palavra. — Eu também sou
dono daqui. Você precisa passar esse tipo de merda por mim e eu estou dizendo
que não.
— Eric. — A outra garçonete, Stella, pairou atrás dele, esperando. — Posso
ter uma palavra com você?
— Agora não.
— É importante.
Eric não teve a chance de responder, no entanto, com Nell no caminho da
guerra.
— Nós contratamos Joe, seu irmão. — disse ela.
— Todos nós concordamos em contratar meu irmão. A única pessoa que
vejo apoiando essa decisão é você.
Com os olhos tão frios quanto o ártico, Nell pegou uma faca particularmente
longa e perigosa. — Nós precisamos de ajuda. Ele precisa de um emprego. É
vantajoso para todos.
— Estamos indo bem. E esse idiota pode apodrecer até onde eu sei. — Ele
avançou, pairando sobre Nell. Era impressionante o quão pouco medo ele tinha por
sua vida.
— Ele. é. Meu. Irmão.
— Meu irmão nos ajudou a construir este lugar. Trabalhou diariamente por
quase nada. Onde a porra do seu estava, hein? - ele perguntou, mandíbula rígida.
— Fora fodendo groupies na Costa Oeste.
— Por favor. Como se você não fosse fazer exatamente o mesmo se tivesse
a oportunidade.
Atrás dele, Stella permaneceu, os olhos endurecendo a cada minuto. A
mulher não estava me passando vibrações felizes.
— Livre-se dele, — Eric rosnou. — Agora.
— Não. Nós precisamos dele.
— Besteira. Eu vou assumir o bar com Joe.
— Não faça isso, Eric, — disse Nell. — Você quer que eu envolva Pat nisso?
Mesmo?
Os lábios de Eric apertaram.
— Ele vai querer Vaughan de volta. Você será voto vencido e você sabe disso.
— Ela enfiou a lâmina da faca na tábua de cortar com um ruído alto. Pobre tábua.
As duas forças de vontade se enfrentaram em silêncio. Havia uma guerra
mundial entre eles. Morte e desastre, muito sangue e explosões de bombas
imaginárias. Boyd manteve a cabeça baixa e ficou fora do inferno. Eu também.
Pensar que eu achava que Coeur d'Alene era uma cidade tranquila. Pessoas
legais, sem muito drama. Quanto mais eu viva, menos eu sabia.
Apenas uma pessoa se atreveu a quebrar o impasse. Stella visivelmente se
preparou, ombro para trás, a cabeça erguida. — Eric!
Com um grunhido, Eric girou. — Eu disse que não.
A garçonete deu um tapa no rosto dele. O barulho foi supreendentemente
alto.
— Foda-se você e o seu 'agora não', — disse ela. — Eu não estou perdendo
mais um minuto da minha vida esperando por você.
Eric não disse nada.
— Você estava sério sobre explorar algo comigo, estava? Você honestamente
acha que eu não ouviria falar que você levou a vadia para jantar ontem à noite? —
Stella perguntou, esfregando sua mão provavelmente dolorida contra o lado de seus
jeans skinny preto. — Bem?
Sua bochecha estava vermelha, o homem ficou congelado. Flagrado.
Malditamente pego no flagra.

— Seu pedaço de merda mentiroso. — A mulher arrancou o seu avental preto ,


empurrando-o no estômago dele. Seus olhos marejados brilhavam de fúria. — Eu
me demito!
Santo inferno.
Por um minuto, ninguém se mexeu. Uma música de Jason Isbell começou
a tocar no sistema de som. Lentamente, a conversa e os sons de comer e beber
começaram de novo. O Dive Bar mais uma vez veio à vida. Eu estava tão envolvida
na cena que nem tinha notado que nós ainda tínhamos uma audiência assistindo.
Pelo menos eles não estavam interessados em mim desta vez.
Uma mão estava nas minhas costas, um sólido corpo masculino atrás de
mim. Eu não precisava me virar para saber que era Vaughan. O súbito prazer em
meus hormônios era prova suficiente.
— Diga-me que você não fodeu outra empregada. — A voz de Nell estava
tão mortalmente baixa que eu quase não pude ouvir. Sua pele parecia pálida como
a neve, além dos pontos gêmeos brilhantes no alto de suas bochechas. — Você não
iria, não depois que você prometeu. Não de novo, além de tudo o que está
acontecendo agora.
Suas mãos se fecharam em punhos apertados. — Nell.
— Diga-me que você não fez isso.
Obviamente, o homem não podia.
Respirando com dificuldade, Nell olhou para sua tábua de cortar. —
Vaughan trabalha aqui o tempo que ele quiser. Eu não quero ouvir outra palavra
sobre isso.
Aparentemente Eric não tinha vontade de morrer, então ele manteve a boca
fechada.
— Saia da minha cozinha, — ela rangeu com os dentes cerrados. — Eu
estou falando sério, não quero nem olhar para você novamente hoje à noite. Saia.
— Você precisa de mim aqui, — disse ele.
— Não. — Furiosamente, ela balançou a cabeça. — Não, o que preciso é de
pessoas com as quais eu possa contar para administrar um negócio. Não uma
droga de pessoa que nem consegue manter seu pau nas calças durante o horário
de funcionamento.
Ninguém falou, a tensão estava grossa o suficiente para sufocar.
— Merda! — Eric bateu o avental na superfície de metal plana mais próxima
e saiu.
O restaurante estava agora completamente cheio e eu podia ouvir alguém
pedindo para ser atendido. Porcaria. Pobre Nell.
— Precisamos voltar ao trabalho, — disse ela em voz baixa, enviando o
pessoal em seu caminho.
Eu não podia simplesmente ficar ali sentada. Não quando eu podia ajudar.
Nell tinha sido legal comigo, além disso, havia a dívida que eu tinha com o irmão
dela. Então, eu peguei o avental que Eric tinha acabado de bater e o sacudi. — Eu
fui garçonete durante a faculdade.
Nell apenas olhou para mim, perplexa. Ela tinha os mesmos lindos olhos
azuis de Vaughan. Como um céu azul claro de verão ou seu jeans favorito, que você
tinha lavado cem vezes. Mas agora, aqueles olhos pareciam abalados, e seu rosto
branco era um forte contraste com o seu cabelo vermelho brilhante. Ela era uma
mulher prestes a explodir, então deu um pequeno aceno. Deus, eu conheço esse
sentimento muito bem.
Enquanto meus dedos estavam ocupados com os laços do avental, respirei
fundo. — Rosie pode me colocar a par sobre a numeração das mesas e o resto.
A mão de Vaughan se moveu para a parte de trás do meu pescoço, dando-
lhe um aperto suave. Seu polegar acariciou minha pele, me dando arrepios. Era
impossível não se inclinar para ele, para tomar um pouco mais do que ele estava
dando. Todo esse calor e força. A verdade era que eu gostava do seu toque muito
mais do que deveria. Definitivamente, muito mais do que era sábio. Também o
cheiro dele. Cara, ele cheirava bem. Sabão e ele e sexo. Embora o sexo fosse
provavelmente apenas a minha imaginação fértil.
Então ele se foi, indo em direção ao bar.
— Você não precisa fazer isso. — disse Nell.
— Eu sei.
Ela piscou, congelada por um momento. Então o momento se foi. Em voz
alta, Nell bateu palmas, voltando ao jogo. — Temos uma casa cheia, pessoal.
Vamos. Boyd, quantas vezes eu tenho que te dizer para parar de ficar tagarelando?
Trabalho. Trabalho!
Capítulo Dez
— Não se mova um centímetro. Eu só vou lá dentro pegar minha câmera.
Parecendo divertido, Vaughan se endireitou. Ele estava debruçado sobre a
frente do Mustang, fazendo coisas profundas e significativas no motor do veículo.
Eu tinha que admitir, a posição fez coisas incríveis para o seu traseiro no jeans. E
o fato de ele não estar de camisa me deixou todo arrepiada. O trabalho de tinta em
seus braços fez uma exibição incrível. O homem era uma arte viva.

— Bom dia, Lydia.


— Bom dia, Vaughan. — Passei para ele uma das xícaras de café que eu fiz
com os suprimentos que Nell me empurrou na noite anterior. Café, açúcar, creme
e recipientes cheios de sobras do restaurante, que Deus a abençoe.
— Obrigado. — Ele tomou um gole, sorrindo para mim.
— O que?
— Você, — disse ele. — Sorrindo e me dando porcaria. É como se você
tivesse libertado seu interior feliz e inteligente. Deixe-o ficar livre.
— Nah. — Eu inclinei um quadril contra a porta do lado do motorista. —
Isso é só eu elogiando sua bunda e praticando minhas cantadas agora que estou
solteira de novo.
— Fico feliz que você sentiu que a minha bunda é digna da sua atenção.
— Sem problemas.
— E eu quero que você saiba que no minuto que você me der o sinal e
levantar a camisa ficarei mais do que feliz em dar a seus seios as minhas melhores
cantadas.
— Isso é doce. — Eu tomei um gole do meu café, tentando manter uma cara
séria. Na minha infinita sabedoria, eu levantei o assunto do sexo. Agora aqui
estávamos nós, meu pulso acelerando, indo direto para um ataque de pânico sobre
o jeito que ele olhava para mim. Quão insano. Eu queria e não queria a atenção
dele com todo o meu coração. — Vou pensar um pouco na sua sugestão da camisa.
— Gostaria que você pensasse, — disse ele. Oh, aquele sorrisinho malicioso
dele. Isso me fez ficar toda fraca.
Eu ri um pouco nervosa.
— Você vai cair no meu flerte em breve?
Uau. Eu parei, confusa.
— Não que eu me importe em dar em cima de você, Lydia. Apenas curioso.
— Ele disse. — E eu não estou sendo gentil ou tentando aumentar sua
autoconfiança.
Ugh. — Eu sou tão obviamente neurótica e carente?
Ele tomou outro gole de café. — Para ser justo, a porcaria que você passou
ultimamente faria qualquer um duvidar de si mesmo.
Acima, um pássaro voou. Que bom seria poder voar e desaparecer tão
facilmente. Eu queria asas. Conversa embaraçosa, situação de merda, eu estaria
bem longe daqui, trouxas. Poof! Fui. Elas nem precisavam ser bonitas, quaisquer
asas velhas de pombo serviriam.
— Acho que sim, — eu disse, vendo o pássaro desaparecer de vista. —
Somos sempre mais duros com nós mesmos, certo?
Um encolher de ombros.
Certo. Como se esse cara estivesse nadando em um mar de dúvidas
internas. Bonito. Talentoso. Amado por sua família e amigos. Imagina ter a bravura
de subir ao palco na frente de centenas, não, milhares de pessoas. Cabia aos
palermas como eu encontrar a sua coragem e se reerguer. Algumas pessoas
simplesmente sabiam como se pavonear.
— Eu culpo as revistas femininas e a mídia, — anunciei, colocando minha
xícara de café de lado. — Você é muito carente? Como ser mais confiante e parecer
menos como uma porcaria em setenta e oito simples passos! Apenas trezentos mil
dólares para ser uma pessoa melhor! Bem, obrigada. Eu não tinha percebido como
tudo em mim era terrível até você dizer.
Eu juntei meu cabelo comprido, amarrando-o em um nó solto no topo da
minha cabeça. — Toda mulher na terra deveria lançar uma ação coletiva contra os
meios de comunicação de massa. Detenha-os.
Nenhuma palavra do meu amigo por causa de onde seu olhar estava fixado.
De novo.
— Vaughan, eu estou falando. Preste atenção. Meus olhos não estão lá
embaixo.
Seu olhar voltou para o meu rosto.— Obrigada.
— Isso foi uma armadilha. Você levantou seus braços, — Ele resmungou,
as sobrancelhas viraram para baixo. Nunca um homem pareceu tão oprimido. —
O que eu deveria fazer?
— Uma armadilha? Você acha que eu estou tentando prendê-lo? — Eu
enruguei minha testa. — Vaughan, estou genuinamente começando a me
preocupar com sua fixação por seios. Sério. Como você pode funcionar quando
qualquer indício de teta coloca o seu cérebro em um coma?
— Você estava olhando para minha bunda mais cedo. Você não me vê te
criticando. — Ele estalou o pescoço. — E de qualquer forma, isso só acontece com
você. Estou fico bem em torno de quaisquer outros seios. Eu posso apreciá-los
discretamente e seguir em frente. Os seus são diferentes.
— Sério? — Eu sorri, meu estômago fazendo a mais estranha dancinha.
Ao invés de responder, ele desapareceu mais uma vez sob o capô. Ao longe,
eu podia ouvir as crianças rindo e um carro passando. O vento soprava pelos
pinheiros e um pássaro cantava. Cara, esse lugar era adorável. Tão relaxante. Se
eu fosse dona desta casa, nunca desistiria dela. Eles poderiam me enterrar no
quintal, me deixar transformar em fertilizante.
Vaughan olhou para mim pelo canto do capô, imediatamente pegando
minha atenção.
— Eu humildemente peço desculpas por objetivar você, — eu disse. — Vou
tentar não fazê-lo novamente.
Um bufo.
Muito justo.
— Que dia lindo. — eu disse.
Eu não poderia ter pedido uma paisagem mais bonita. Uma grande árvore
velha sombreava a entrada de automóveis no lado da casa onde ele tinha aberto o
capô. Os raios de sol dispersos iluminavam o vermelho dourado de seu cabelo e a
tinta colorida sobre a sua pele pálida. Acho que tocar em bandas, curtir a vida
noturna, não fez um ótimo bronzeado. Mas não importava. Ele não precisava. Alto,
magro e firme em todos os lugares certos, Vaughan era o sonho molhado de uma
garota. Felizmente, eu o respeitava por sua mente.
— Meus pés doem por causa de ontem à noite. Faz anos que eu não fico
tanto tempo em pé. — Dei uma esticada nos meus pés calçados com minhas lindas
sandálias Birkenstock. Para cobrir o resto de mim, eu tinha escolhido jeans cut-
offs11 e uma camiseta grande. Confortável era o estilo que eu pretendia. — Eu estive
pensando sobre a sua casa um pouco mais, se você ainda está interessado em
vendê-la.
Nenhum resposta debaixo do capô.
— Conheço um bom agente, Wes da imobiliária Brewers. Ele é um cara
legal, não tão impiedoso quanto o resto. Eu poderia ligar para ele, pedir-lhe para
passar por aqui, se você quiser?
Esperei por uma resposta.
— É sua escolha, claro
O som que ele fez estava longe de ser feliz. — Pensei que íamos falar sobre
isso novamente quando eu estivesse pronto.
— Não tenho notícias dos Delaneys ainda, mas eles não vão perder tempo
se livrando de mim, — eu disse, tom irônico. — Não sei quanto tempo mais estarei
aqui e não quero que você seja enganado.
Ele parou, me encarou. — Obrigado. Se você pudesse ligar para ele, seria
bom.
— Ok, — eu disse baixinho.
— É apenas... é difícil vendê-la.
— Sim.
Enxugando as mãos engorduradas em um pano, ele se virou para olhar
para a casa. — Sempre achei que eles estariam aqui. Eu voltaria de férias e essas
merdas, e nada mudaria. Papai ainda estaria estragando as luzes de Natal e mamãe

11Shorts feitos cortando as pernas de uma calça, especialmente jeans, acima dos joelhos e muitas
vezes deixando irregulares as bordas cortadas.
ficaria furiosa com as abóboras a cada Halloween. Nell e Pat teriam um filho e tudo
seria bom.
— Parece bom.
— Mm. — Ele fez uma pausa. — Depois que eu estivesse em turnê e feito
algum dinheiro, eu ia comprar uma dessas casas no lago. Me estabelecer.
— Aqui? Não na Califórnia?
— Não. Na minha cabeça sempre foi aqui. — Suas mãos torceram o pano
em uma bola apertada. — Eu tinha tudo planejado.
— Você sabe, — eu disse, tentando falar gentilmente, — Ouvi que a maioria
das pessoas tem três carreiras diferentes ao longo da vida.
— Têm?
— Talvez tocar na banda tenha sido a sua primeira.
— Você está falando sério? Você quer que eu simplesmente desista? — Ele
perguntou, o volume de sua voz subindo. — Penhore as guitarras e o que, consiga
um emprego no Burger King fazendo batatas fritas?
— Eu não quero...
— Porque eu realmente posso ver isso funcionando muito bem, Lydia. —
Ele jogou o pano de lado, furioso. — Boa ideia. Impressionante.
— Vaughan. — Os músculos da minha mandíbula doíam.
— Quer saber a diferença entre eu e você, querida?
Mantive minha boca fechada. Com certeza, ele ia me dizer.
— Seu sonho era casar-se com um mané com uma boa conta bancária e se
esconder atrás da cerca branca para o resto da sua vida. — O idiota se elevou
sobre mim, pairando.
— É mesmo?
— Cristo. Você sabe que é. — Ele riu, maliciosamente.
Uau. Sim. Eu não tinha nada a dizer em resposta.
— Mas meu sonho ... meu. — Seu polegar bateu diretamente no centro do
seu peito. — Foi um pouco maior.
Eu não tinha palavras. Nenhuma.
Por um bom minuto eu apenas olhei para ele, impressionada com a
explosão dele, mais do que tudo. Não havia nenhuma razão pela qual eu deveria
ter ficado impressionada. Ele e eu nos conhecíamos há umas quarenta e oito
horas? Eu conheci o Chris por quatro meses e fui ingênua. Meu histórico de leitura
de pessoas era, afinal de contas, uma merda.
— OK. Sinto muito por dizer algo que te chateou. — Fiz uma pausa,
respirando fundo. — Isso foi obviamente insensível da minha parte, dado tudo o
que você está passando.
Nada.
— O que eu quis dizer foi que poderia haver outros trabalhos na música
que funcionassem para você. Que você possa amar da mesma forma.
Nada ainda.
— Eu não sou sua inimiga, Vaughan. Me importo muito com você. —
Minhas mãos ficaram duras ao meu lado. Era tudo que eu podia fazer para resistir
a estrangular o idiota. — O jeito que você acabou de falar comigo não foi legal.
Como ousa dizer que minhas esperanças para o futuro são menos importantes que
as suas. Que eu sou uma vadia interesseira, pronta para abrir as pernas por uma
casa grande para ser uma mulher-troféu.
— Lydia ...
— Eu não terminei, seu babaca.
O homem olhou para mim, com os olhos cheios de surpresa ou
perplexidade. Seu rosto estava tenso, os lábios bem fechados. Assim como
deveriam estar. Eu olhei para ele, memorizando cada detalhe para mais tarde,
quando eu não quisesse queimá-lo ou explodir em lágrimas. Emoções femininas
idiotas, sempre me deixando em apuros quando queria ser uma durona. Minha
fraqueza, sempre ganhava e sempre ganharia. Hora de me aceitar e todas as
minhas falhas e seguir em frente.
— Na verdade, eu terminei.
— Certo.
— Vou juntar minhas coisas, — eu disse. — Acho que é o melhor.
Ele não fez nenhum comentário.
Eu recuei, virei e comecei a andar em direção à porta da frente.
A maioria das minhas coisas já estavam embaladas em caixas. Isso não
deveria ser muito difícil.
Meu pé atingiu o degrau da frente e eu tropecei, perdendo o equilíbrio. Eu
agarrei o velho corrimão de ferro, lutando para me segurar antes que meu rosto
encontrasse o chão. Impressionante. Tão graciosa.
— Eu sinto muito.
Eu fiquei congelada.
Nada mais foi dito.
Lentamente, eu me virei. Ele ficou na grama alta, observando, esperando.
Honestamente, era difícil olhar para ele. A expressão em seu rosto e o modo como
ele segurava seu corpo, a emoção em seus olhos. Meu mundo era tão colorido
quando se tratava dele. Cada detalhe era tão vívido e real. Ele não deveria ter esse
poder. Teria sido muito mais fácil deixá-lo caso contrário. Eu tinha invadido a casa
dele, mas ele de alguma forma me invadiu, me abriu, expondo-me a muito mais da
vida do que existia antes.
E pensar que eu realmente acreditava que amava Chris. Que idiota. Eu não
tinha a menor ideia do que era amor. Eu tive gostar e desejo, coisas nesse sentido.
Mas o resto era um abismo, um grande buraco negro e eu não conseguia ver o
fundo. Não podia sequer começar a entender a profundidade disso. Dentro de mim,
vivia uma grande bola de emoção relacionada com meu amigo Vaughan. Nada disso
estava pronto para ser rotulado. Tudo o que eu sabia era que deixá-lo magoaria.
— É isso? — Eu amarrei meus dedos na minha frente, insegura.
Um ombro grosso subiu e desceu. — Precisa haver mais?
— Não tenho certeza.
Ele deu um passo em minha direção e depois outro. Com ele em pé no final
da escada e eu no segundo degrau, ficamos cara a cara. Suas mãos emaranhadas
com as minhas, primeiro uma depois a outra. Deus, sua pele estava tão quente.
Nossos corpos gravitavam em direção um ao outro. A atração de um coração
bagunçado para outro. Eu o observei com cautela, tentando segurar alguma coisa
por segurança. Não funcionou de verdade.
— Você está certa, eu fui um babaca.
— Sim, você foi.
Um pequeno aceno de cabeça. — Eu vou beijar você agora. — ele sussurrou.
— Oh. Ok, — Sussurrei de volta para ele. Não tinha ideia do porque
estávamos sussurrando.
Eu não tinha uma boa razão para não deixá-lo me beijar. Bem, sempre
havia a coisa de proteger o coração e tudo isso. Realmente, no entanto, dado o
massacre pelo qual eu tinha feito o meu passar, era um pouco tarde para isso.
Seus lábios roçaram nos meus. Um toque tão suave. Para cima e para baixo
no menor dos movimentos, ele roçou sua boca contra a minha. Era doce, adorável
e um pouco estranho. Eu nunca fui beijada assim. Por ninguém. Cada parte de
mim ansiava por avançar, para pressionar por mais. Mas, ao mesmo tempo, o que
ele estava me dando era muito bom. Seria errado apressar ele e seu talento .
Sua respiração aqueceu meu rosto e seus dedos se apertaram ao redor dos
meus. Eu fiquei completamente imóvel enquanto ele gentilmente esfregou seus
lábios contra os meus, fazendo o que ele queria. A ponta do seu nariz cutucou
minha bochecha, uma e outra vez, e meu peito se encostou no dele. Com o que ele
estava fazendo, eu teria caído sob a minha bunda de outra forma. Seus beijos
estavam me hipnotizando.
Quando seus lábios se abriram um pouco, apenas o suficiente para beijar
suavemente meu lábio inferior, eu juro que desmaiei. Mais e mais ele beijou meus
lábios, primeiro o topo e depois o de baixo, os lados e o canto de onde meu sorriso
começava. Nenhuma parte foi deixada intocada. Meu sorriso cresceu mais largo,
meus mamilos duros e minhas partes baixas que Vaughan atordoou. Esse é um
termo médico.
Ele recuou um pouco, sorrindo também. — Você me perdoa?
— Eu teria perdoado você sem o beijo.
— Eu sei, — disse ele, ainda falando baixinho. — O beijo foi mais para mim.
— Foi? — Deus, ele era bonito. O homem mais bonito que eu já conheci. —
Você acredita em loucura à primeira vista?
Linhas franziram a sua testa. — O que?
— Não estou triste com toda aquela palavra com A, e não acho que isso, o
que quer que seja, é isso. Então não surte e de repente me acuse de ser um chiclete
pegajoso ou algo assim, entendeu?
— Ok. — Ele parecia divertido.
— Mas e se houvesse loucura à primeira vista? Porque acho que temos uma
base crível para isso.
Por um momento ele apenas olhou para mim, obviamente imerso em
pensamentos. — Eu definitivamente achei que você era louca na primeira vez que
vi você, sentada no meu chuveiro com aquele vestido.
— Mm-hmm.
— E você me deixa louca, às vezes.
— Idem.
Sua língua brincou atrás de sua bochecha. — Eu posso ser um pouco louco
por você também.
— Você definitivamente é pelos meus seios.
— Seus seios são de primeira classe. — disse ele, com as mãos nas minhas
costas, pressionando-me mais contra ele.
— Obrigada. Aprecio isso.
— Está mais para toda você, na questão da loucura. Só para você saber.
Eu só pude sorrir. — Sim?
— Sim. — Ele encostou a testa na minha, aproximando-se. — E você? Eu
confessei. Vamos.
— Eu tive uma ideia em um primeiro momento.
— Isso não vai te safar.
Gemi. — Bem. Eu sou louca por você também. Louca de todas as maneiras
pelas quais a palavra pode ser tomada.
— Nós só temos alguns dias, — disse ele, trazendo todos os felizes
desvaneios para cair por terra. De repente, o sol não brilhava. A terra não girava.
Tudo estava fodido.
Não, eu não deixaria.
— Eu sei. Quer dizer, sei que isso não é uma coisa permanente para
qualquer um de nós. — Algo dentro de mim gritou em negação. — É mais um
cruzamento de caminhos na grande jornada da vida.
— Certo. — Ele me beijou levemente mais uma vez. — Não significa que eu
não estou louco por você.
— Eu sei.
— E sobre o que você disse, — ele começou, olhando por cima do meu
ombro. — Sei que você estava tentando ajudar. Vou pensar sobre isso, ok?
— OK.
Suas mãos esfregaram minhas costas, então ele me soltou, exalando forte.
— A menos que você queira ir pra cama comigo agora, é melhor eu dar uma pausa.
Terminar o carro, começar a cortar a grama e essas merdas.
Olhei para baixo. Sim, algo definitivamente estava endurecendo na frente
de suas calças. Hã. Nós nem tínhamos usado a língua. E diziam que o romance
estava morto.
Um tempo na cama parecia ótimo, mas enquanto estávamos com pouco
tempo, eu também não queria apressar as coisas. E se tivéssemos relações sexuais
e então o acúmulo da urgência de todos esses bons hormônios, esperanças e
sonhos através do meu corpo acabasse? Não. Precisávamos ir devagar. Cara, era
tão difícil julgar os prós e os contras dessa situação.
— Vou deixar você fazer o seu trabalho. — disse com pressa, afastando-me
um pouco dele.
— OK.
— Oh, outra coisa que eu estava pensando, no entanto. — Coloquei uma
mão em seu peito nu super quente para prendê-lo.
Ele me deu um olhar cauteloso.
— Relaxa. Eu só queria saber se você me ajudaria a comprar um carro.
Você conhece sobre eles, certo? — Acariciei seu peito de uma forma sutil totalmente
inocente. — Eu vou precisar de rodas para escapar deste lugar.
— Certo. Fico feliz em ajudar, baby.
— Baby? — Eu olhei para ele de forma condescendente.
— Baby, — disse ele, resoluto.
Meh. Quem era eu para lutar com ele? — Bem.
Capítulo Onze
Nell invadiu a casa no final da tarde de segunda-feira, com Rosie, a
garçonete, na sua cola. Uma carregava bebida, a outra caixas de pizza.
Imediatamente, meu estômago roncou em necessidade. Pizza era apenas o melhor.
— Perdi a parte em que você bateu na porta? — Curvando, Vaughan sentou-
se no sofá, amarrando o cadarço do sapato.
— Você é engraçado, irmãozinho. — disse Nell alegremente, despejando sua
caixa cheia de garrafas de vinho no balcão da cozinha. Ela estava usando uma
minissaia jeans e camiseta laranja. Rosie balançava um vestido azul e arejado.
Definitivamente não era o uniforme de Dive Bar.
— Estou falando sério. — disse Vaughan.
— Eu sei. É isso que faz com que seja tão divertido.
— O que está acontecendo? — Perguntei, enchendo de porcaria a minha
bolsa. Nós estávamos nos preparando para ir ao trabalho. Dada a partida imediata
da garçonete amiga de Eric, Stella, eu tinha concordado em preencher seus turnos
até que uma substituta fosse encontrada. Ou até a hora de eu sair da cidade. O
que ocorresse primeiro. Estava usando minhas melhores calças pretas e uma
camiseta do Dive Bar combinando que Nell tinha me dado na noite anterior.
— Estou nos dando a noite de folga. — De um armário ela tirou três taças
de vinho, enxaguando-as sob a torneira. — Lydia, Rosie e eu estamos tendo um
tempo de garotas. Seja um querido e vá embora, tudo bem?
— Eu realmente preciso começar a trancar as portas, — Vaughan
murmurou, estendendo-se no sofá. — Quem está no bar?
— Eric.
— E?
— Só Eric. — Nell sorriu. Foi uma visão desconcertante. — Ele também
será o garçom desta noite. Boyd tem a cozinha sob controle, mas por outro lado,
Eric está sozinho.
Rosie também sorriu como uma conspiradora.
— Isso é bom para o seu negócio? — Perguntei sem pensar, e aceitando
uma grande taça de vinho tinto. — Espera. Deixa pra lá. Esqueça que eu disse isso.
Eu não vou estragar a felicidade dos outros com aspectos práticos desnecessários
que eles conseguem descobrir por conta própria.
No sofá, Vaughan me deu um pequeno sorriso, um olhar de compreensão.
— OK. Tudo bem. — Nell riu. — Provavelmente precisamos de uma voz de
praticidade por aqui. Mas a coisa é, às vezes, você só tem que ensinar as pessoas
uma lição. Ou isso ou recorrer ao homicídio, e prefiro não ir para a cadeia.
— Concordo, — disse Rosie, dando uma cheiradinha no vinho. — Ooh. Você
pegou as coisas boas.
— Claro que peguei as coisas boas. — Ela se virou para o irmão e para mim,
a curiosidade enchendo os olhos. — Então, o que vocês dois fizeram hoje?
— Vaughan trabalhou em seu carro por um tempo, então ele ajudou a
diminuir minhas escolhas de alguns potenciais carros para mim. — Deixei de fora
a parte onde meu amigo agente imobiliário tinha parado para dar uma olhada na
casa.
— Ela quer um Prius. — Vaughan riu.
— Eles conseguem fazer boa quilometragem.
— Lydia. — Nell estremeceu. — Não. Apenas não. OK?
Até Rosie parecia levemente aterrorizada pelo meu gosto por veículos.
— Nenhum de vocês se preocupa com o meio ambiente? — Eu levantei meus
ombros espantada.
— É para o seu próprio bem que nós vamos te salvar disso. — Nell segurou
alto a sua taça de vinho brindando minha falta de estilo, aparentemente. — Você
vai nos agradecer um dia.
— Duvido. — Então era isso que envolvia ter amigos. Talvez eu deva pegar
uma pedra de estimação ou algo assim. Uma planta, talvez. Qualquer coisa incapaz
de responder de volta.
Mais uma vez a porta se abriu, desta vez era do sexo oposto. Um cara alto
com uma barba enorme e os lados de sua cabeça raspada entrou com um growler12
cheio de cerveja em cada mão. Quase cada centímetro de pele estava coberto de
tatuagem e um anel de prata pendia do nariz.
No instante em que viu Nell, ele parou. — Merda.
— Pat, — disse ela em voz baixa e cuidadosa. — Pensei que você estava indo
para Whitefish.
— Mudei de ideia.
Ela assentiu, mordendo o lábio.
— Hey. — Joe entrou atrás dele, outro par de growlers na mão. Parecia que
todos estavam planejando uma festa.
Por último veio um cara um pouco mais velho. Não tão alto quanto os outros
dois, mas robusto e muito bonito, de uma maneira “eu já vi a vida”. Um pouco de
cinza riscava seu curto cabelo espetado e a barba em sua mandíbula e bochechas.
Em uma mão ele carregava uma guitarra, na outra ele equilibrava algumas caixas
grandes de pizza.
— Andre. — Com pressa, Vaughan ficou de pé. — Porra, cara. Bom te ver.
— Obrigado por me avisar que você estava de volta. — Andre empurrou o
violão para Vaughan, para segurar melhor as pizzas com as duas mãos. — Joe teve
que me dizer.
— Desculpe. — Vaughan colocou o violão embaixo de um braço, segurando-
o pronto para tocar. Então ele dedilhou um acorde. — Ela ainda soa ótima.
— Claro que ela soa. Martins ficam ainda melhores com o tempo.
Com um sorriso irônico, ele devolveu o instrumento, tomando conta da
pizza. — Não quero me apaixonar por algo que não posso pagar.
Andre riu e sacudiu a cabeça.
— Lydia, — disse Vaughan. - Quero que você conheça alguns velhos amigos
meus, aquele com a barba do comprimento do Gandalf é Pat. Ele é dono do estúdio
de tatuagem ao lado do bar.
— Oi. — Eu levantei a mão em saudação e o homem me deu um
cumprimento com o queixo.

12 É um garrafão retornável que pode ser cheio de cerveja e a conserva por até 15 dias, se mantido
refrigerado. Após aberto, a cerveja deve ser consumida no mesmo dia para conservar as suas
propriedades originais.
— E esse aqui é Andre. — Vaughan apertou o ombro do homem. — Foi ele
quem me ensinou a tocar. Comprei meu primeiro violão com ele quando tinha dez
anos. Ele tinha acabado de abrir sua loja.
— Sim, — disse Andre. — Levei todo o seu dinheiro de Natal e aniversário.
— Típico. — Joe colocou suas growlers na mesa de jantar. — Arrancar
dinheiro de crianças pequenas. Devia ter vergonha de si mesmo. Aposto que você
roubou doce deles também.
Muito discretamente, Andre o dispensou.
— Oh, isso me custou, — concordou Vaughan. — Aquela Epiphone de
segunda mão tinha tomado alguns golpes, mas você estava certo. Ela tinha um
som bonito, fez o trabalho dela e mais um pouco. Ainda tenho ela.
— Não diga?
— Não toco com ela há muito tempo. Mas eu não consegui me desfazer dela.
Ambos sorriram.
— De qualquer forma, — disse Vaughan. — Eu costumava trabalhar na loja
dele algumas vezes depois da escola e outras coisas.
— A loja de música perto do Dive Bar? — Perguntei, tomando meu vinho.
Excelente qualidade, Rosie estava certa.
— É essa mesma, — respondeu André, colocando o violão em uma cadeira.
Ele vagou em minha direção, me olhando. — Prazer em conhecê-la, Lydia.
Então ele se aproximou, baixando a voz para um murmúrio. — Delaney é
um idiota. Essa foi uma fuga de sorte da sua parte. Você pode fazer muito melhor,
querida.
Eu bufei uma risada. — Obrigada.
O homem se inclinou, me dando um beijo na bochecha, sorrindo. Porra, ele
era rápido. Ele também usava um pós barba muito bom.
— Hey, — veio uma voz irritada. Vaughan estava imediatamente ao meu
lado, atirando raios laser em seu velho amigo. — Vá com calma, cara. Você acabou
de entrar pela porta.
— Sinto muito, Lydia, — disse Andre. — Eu te deixei desconfortável?
— Não.
Os raios laser e o cenho franzido se voltaram para mim.
— Bom. — Depois de um tapinha no ombro de Vaughan, Andre se afastou.
Em seguida, foi até Nell, beijando-a no rosto e depois Rosie. Claramente, era apenas
sua maneira de ser amigável com as mulheres que ele gostava. Até parece que, de
repente, eu estava chamando a atenção de todas as pessoas gostosas.
— Você tem muitos bons amigos nesta cidade, — eu disse, mudando a
conversa.
Um grunhido.
— É ótimo conhecer alguns deles.
— Sim, — ele disse. — Ouça, o Andre é um pouco mulherengo e eu não
quero ver você se machucar.
Eu cobri a boca dele com a minha mão. — Pare bem aí. Você acha que eu
ficaria com um de seus amigos?
Sua preocupação não pareceu aliviar.
— Eu não ficaria - especialmente depois de hoje, — abaixei minha voz e
minha mão. — Lembra da parte em que você me beijou?
Seu olhar caiu para os meus lábios. Pelos deuses, este homem. — Eu
lembro.
— E a parte após quando conversamos sobre loucura à primeira vista?
— Sim.
— Isso não foi um compromisso de nenhuma das nossas partes. Eu sei
disso. Mas foi uma declaração.
Sua mão deslizou por baixo do meu rabo de cavalo, o polegar acariciando a
parte de trás o meu pescoço. Calafrios percorreram minha espinha. Assim tão
facilmente ele me deixou toda agitada. Sou tão estúpida por não ter arrastado ele
para a cama mais próxima mais cedo.
— Quarenta e oito horas. — Ele murmurou.
— O que?
— Eu te conheço há quarenta e oito horas. — Ele abaixou o rosto, nos
aproximando.
— Isso mesmo. — Este era um espaço seguro. E era lindo. — Parece que
cobrimos muito território em pouco tempo. Tipo de amizade rápida com o potencial
de benefícios.
— Mm.
— E eu só quero que você saiba que eu não penso menos de você por dirigir
um carro de desastre ambiental que consome combustível.
— Obrigado, baby.
Funguei meu nariz. — Você me pegou em um momento fraco mais cedo. Eu
não quis dizer que estava tudo bem com você me chamar de baby.
— Não?
— Não.
— É uma droga ser você. — Ele deu um beijo suave na minha testa.
— Vaughan, — disse Joe, batendo palmas alto. — Ainda tem aquela fogueira
lá atrás?
— Está um pouco coberto de vegetação, mas ainda está lá. — Ele deu a
minha nuca um último aperto, então deu um passo para trás. — Você está
pensando que devemos fazê-la funcionar de novo?
— Você leu minha mente.
— Vamos fazer isso. — disse Andre.
Vaughan olhou entre Pat e sua irmã, nenhum dos dois parecia estar
particularmente relaxado. O sorriso de Nell parecia tenso, o vinho em sua taça
desaparecendo na velocidade da luz. Um músculo pulou em sua mandíbula. —
Sim, vamos fazer isso. Deixe as meninas aqui para fazer suas coisas.
— Obrigada, senhores, — cantou Rosie, o vinho em sua taça também
diminuiu bastante. — Meu marido só aceita ficar de babá uma vez a cada lua azul.
Eu quero aproveitar ao máximo.
— Divirta-se. — Vaughan pegou as bebidas que Joe tinha deixado na mesa
e depois se aproximou das grandes portas de vidro que se estendiam para trás. —
Pegue alguns copos.
— Já estou nisso, — disse Joe.
— Vem, Pat? — Andre perguntou antes de sair para o início da noite.
Sem uma palavra, o tatuador seguiu. O olhar de Nell também. Havia amor,
em toda a sua dor e glória escrito por todo seu rosto. Em comparação, o que eu
senti por Chris era risível.
— Nós nos separamos. — disse Nell, encontrando meus olhos.
— Eu sinto muito.
Ela encolheu os ombros e drenou o último gole de seu vinho. — Essas coisas
acontecem certo? Pegue a garrafa da cozinha, sim?
— Claro.
Nós três nos amontoamos no sofá, enchendo nossas taças.
— Merda, eu esqueci. Pizza! — Rosie correu para a cozinha, trazendo uma
das caixas. — Calabresa, tomate e manjericão. Minha favorita.
— Legal. — Meu estômago ressoou e eu peguei uma fatia.
— Quer que eu aqueça?
— Não há tempo para isso, — eu disse, dando uma mordida. — Oh. Isso é
bom. Muito bom.
— Você está certa disso? — Rosie riu.
— Você só queria poder falar com a boca cheia de comida, e ainda parecer
tão atraente.
Isso até fez Nell rir. Ponto.
— As fiz para nós antes de abandonar o navio. Fico feliz que você goste da
minha comida, — ela disse. — Desde que vejo que meu irmão não se incomodou
em abastecer a casa. Você provavelmente vai ter que depender de mim durante a
sua estadia.
— Eu vou ao supermercado amanhã, — disse, parando para tomar um gole
do bom vinho. — Vaughan está ocupado.
— Não importaria se ele não tivesse, — ela disse, girando sua taça. — Ele
não fará nada que pareça que ele vai ficar aqui. Este lugar ... é muito difícil para
ele. Muitas lembranças, eu acho. Ele vai embora o mais rápido possível.
— Você realmente acha que ele vai vendê-la? — Perguntou Rosie.
Nell encostou a cabeça no sofá, olhando para o teto. — Tudo o que ele
sempre quis foi ser guitarrista, tocar em uma banda. Ele precisa do dinheiro.
— Merda, — sussurrou Rosie. — Sinto muito.
Eu comi mais pizza e bebi mais vinho. Meu coração doía por ela, mas não
havia nada que pudesse dizer.
— É como se eu tivesse perdido ele quando perdi mamãe e papai. Agora Pat
também foi embora. — Nell fungou, enxugando rapidamente os olhos. — Porra.
Desculpe meninas. Não queria ficar choramingado com vocês.
— Tudo bem, — eu disse, tocando seu cotovelo. — Você está segura aqui,
Nell.
— Isso aí que ela disse, — ecoou Rosie, levantando-se para pegar uma caixa
velha de Kleenex do canto. Eu realmente gostei dela. Ela era gente boa.
— Eu sou a cadela hardcore, — disse Nell. — Não tenho permissão para
chorar.
— Todos nós choramos às vezes. Não é nada demais.
— Meu período tá chegando. Vamos culpar isso.
— Feito. — Eu sorri.
Rosie empurrou a caixa de lenços para ela e correu para a cozinha para
pegar outra garrafa de vinho. Esta noite ia ficar confusa. Todo mundo precisava se
soltar às vezes.
Eu não pude deixar de me perguntar se esse era o único resultado final do
amor. Sentir-se perdida, sofrendo, agarrando-se ao que sobrou da sua vida? Graças
a Deus eu não tinha passado pelo casamento. E graças a Deus essa coisa com
Vaughan tinha uma data final. Caso contrário, quem sabia o que poderia
acontecer. Eu poderia acabar despedaçada, deixada em um estado ainda pior do
que depois da traição de Chris. Porque Vaughan poderia fazer isso. Quarenta e oito
horas, e ele já despertou sentimentos que eu não queria mencionar. Nós éramos
um desastre de trem esperando para acontecer. Mas, caramba, seria difícil evitar
seguir esse caminho. Mesmo se eu me arrependesse depois pelo resto da minha
vida.
— Considerando que trabalhamos no mesmo prédio, Pat ficou incrivelmente
bom em se esconder no estúdio de tatuagem e me evitar, — disse ela. — Eu não o
vejo há semanas. Acho que foi isso que causou nossa separação.
Nós ficamos quietas, deixando ela falar. Às vezes, isso é exatamente o que
uma garota precisa.
— Quando ele assumiu o estúdio, foi uma merda. Uma bagunça total. Ele
trabalhou duro para chegar onde está hoje e eu o apoiei. Eu pensei que quando
abríssemos o bar seria a minha vez, minha coisa. Achei que ele entenderia. Mas
não aconteceu assim. — Ela estendeu a sua taça e Rosie a encheu de novo. — Nós
quase nunca nos víamos e nós apenas… nós nos afastamos. Um dia ele se levantou
e disse, não sei por que estamos nos dando ao trabalho. O que você pode dizer
sobre isso? Como diabos você deveria reagir? Era como se toda emoção tivesse
sumido dele. Seu corpo estava lá, mas sua cabeça e seu coração estavam em outro
planeta.
Sua boca se abriu, mas por um momento nada saiu. Nell parecia arruinada.
Cristo, se isso fosse casamento, se isso fosse você confiar em outra pessoa, de corpo
e alma, isso me assustava muito.
De repente, ela levantou o queixo, enquadrou os ombros. — Eu deveria
bater na cabeça dele com a nossa certidão de casamento? Disse a ele que se ele
não queria estar lá, então ele deveria ir. Eu não iria pará-lo. Porra, não achei que
ele realmente fosse embora.
Lá fora havia gritaria, risadas. Parecia tão fora de lugar. Errado. Mas eu
acho que a vida continuava, mesmo quando não deveria.
Nell virou o cabelo para trás, lambeu os lábios brilhantes. — De qualquer
forma…
— Sinto muito, — eu disse, não que isso ajudasse.
Ela virou seu rosto vermelho manchado na minha direção, lágrimas
escorrendo por suas bochechas. — Você não pode engravidar acidentalmente e
fazer Vaughan ficar em Coeur d'Alene? Eu quero uma família por perto.
— Hum, não. Desculpa.
Ela latiu aquela risada marcante dela. — Bem. Estraga prazeres, Lydia. Veja
se me importo.
— Puxa, Lydia, — rosnou Rosie com um sorriso. — Ela não está pedindo
muito.
Eu ri e bebi mais vinho. Tudo faria mais sentido inebriada. Eu apenas sabia
disso. E cara, isso foi direto para a minha cabeça. Acho que ter comido apenas um
pedaço de torta de nozes hoje não era a melhor maneira de começar uma noite
bebendo vinho.
— Não estou sendo engraçada.
— Eu sei, — disse. — Sou uma egoísta.
— Sim. Você é. — Nell assoou o nariz e encheu a sua taça, tentando se
recompor sob nossos olhos atentos. — Você deveria apenas me deixar fazer o que
eu quero com o seu útero.
A mulher estava louca. As crianças nem estavam no meu radar ainda. Sem
falar com Vaughan.
— Seu irmão e eu somos apenas amigos, Nell. — Eu disse.
Ambas as mulheres riram tanto que foi uma maravilha elas não terem caído
do sofá. Eu estoicamente as ignorei o melhor que pude. Amigas do sexo feminino,
são tão superestimadas. Embora também seja maravilhoso em todos os aspectos.
Maldito Coeur d'Alene por ficar tão bom assim quando eu estava prestes a ir
embora.
— Um brinde! — Rosie segurou sua taça de vinho no alto. — A besteiras e
corações partidos.
— Ha. Bom. — Eu sorri.
— Aqui, aqui. — disse Nell, bebendo profundamente.
— A besteiras e corações partidos. — Eu disse. Então bebi também.
Horas depois alguém bateu na porta. Horas e horas e muitas garrafas de
vinho e fatias de pizza depois. Nell levantou-se lentamente e tropeçou para atender.
Eu admito, meio que me surpreendeu quando a pessoa apenas não invadiu da
mesma maneira que todo mundo fazia.
— Oh. É você. — Nell se virou e voltou para o sofá.
Atrás dela estava Eric, sua raiva da noite passada desaparecida. Bem,
principalmente. Seus lábios estavam apertados juntos, mas seus olhos estavam
completamente desprovidos do fogo e da raiva. — Você fez o seu ponto.
— Fico feliz em ouvir isso. — Disse Nell, pegando sua taça de vinho.
— Foi uma coisa de merda de se fazer, deixando-me para tomar conta do
bar sozinho, — disse ele. — Mas eu entendo porque você sentiu essa necessidade.
Nell apenas observou-o com olhos ligeiramente vidrados.
— Temos sorte de não estarmos tão ocupados como ontem à noite. Pela
situação, tivemos algumas queixas sobre o serviço lento. Mais de uma mesa ficou
sem dar gorjeta.
— Hmm.
Eric estudou os sapatos e enfiou as mãos nos bolsos das calças. Ele parecia
um estudante chamado para o escritório do diretor.
Ele realmente era um homem bonito, pensei, enquanto observava seu longo
cabelo escuro e o rosto esculpido. Alguma empresa de roupas de baixo cara poderia
colocá-lo em um outdoor. Ele não se vestia casual como os outros caras. Ele usava
uma camisa branca de botões que estava enrolada até os cotovelos e lindas calças
pretas em vez de jeans.
— Onde está Vaughan? É melhor eu falar com ele, — ele disse. — Resolver
as coisas.
— Ele está ocupado. — Exclamou Rosie, sentando-se em linha reta, de
repente, com toda a atenção.
— Podemos dizer a ele. — De novo, Nell se levantou, com os olhos vermelhos
de repente muito mais abertos. — Mas eu aprecio você ter se oferecido para fumar
o cachimbo da paz.
— Não, eu estive pensando, — disse Eric. — Há algo que eu quero dizer a
ele.
— Mas-
— Vaughan! — Eric esticou o pescoço para a direita e depois saiu,
verificando o corredor e a área de jantar. — Ei, Vaughan, você tem um minuto?
— Eric, não. — Ela agarrou seu braço, puxando-o em direção à porta. —
Mais tarde. Fale com ele depois.
— Relaxe, Nell. Eu não vou causar nenhum problema.
A porta da cozinha se abriu, batendo contra a parede com tanta força que
você podia ouvir o tremor de vidro. Embora não fosse Vaughan que estava ali, a
fúria gravada na pele do rosto, acima da barba gigantesca.
— O que você está fazendo aqui? — Pat rosnou, dando vários passos largos
para dentro da sala.
Nell soltou o braço de Eric, dando um passo apressado para trás. — Patrick
...
— Foi uma coisa de trabalho, — disse Eric, tom calmo, até apaziguador. —
Eu só parei para dizer algo a ela. Vou sair agora.
— Merda. — Murmurou Andre, parecendo longe de estar feliz. Os outros
caras também entraram, Vaughan estava pendurado na mesa de jantar, confusão
em seus olhos.
Mas Joe apressou-se a andar pela sala, chegando ao lado de seu irmão,
pronto. — Vamos, Eric. Vamos. Falo com vocês mais tarde.
— O que é isso? — Vaughan se aproximou de Pat, com as sobrancelhas tão
apertadas que quase se tocavam.
— Eu só queria dizer que estou bem com você trabalhando no bar, — disse
Eric. — Está bem pra mim. Isso é tudo que eu vim fazer aqui.
Nell estava na beira da sala, torcendo as mãos, parecendo que fugiria na
primeira oportunidade. Eu abaixei minha taça de vinho. O que quer que estivesse
acontecendo, a festa definitivamente terminara.
— Pat, — disse Vaughan. — Homem?
Pat apenas ficou parado, fumegando. E eu pensei que os raios laser de
Vaughan fossem impressionantes. Ele não tinha nada comparado a Pat. Com o
jeito que Pat estava olhando para Eric, ele deveria ter se transformado em cinzas.
Poeira.
— Não, — avisou Nell, olhos silenciosamente implorando a seu ex. — Não
traga meu irmão para isso.
— Todo mundo sabe. — Com alguns palavrões murmurados, Pat lhe
ofereceu um sorriso amargo. — Você realmente acha que ele não descobriria
eventualmente?
— Descobrir o que?, — Perguntou Vaughan, a voz além de tensa. — Nell?
— Eles foderam, — disse Pat. — Sua irmã e ele. Você acredita nessa merda?
— Que porra é essa? — disse Vaughan, com os olhos enormes quando se
virou para a irmã. — Nell?
— Não olhe para mim assim, Vaughan. Você não estava aqui, você não tem
ideia do que isso tem sido para mim. — Com os punhos apertados contra o
estômago, Nell lutou para manter a calma. — Aconteceu apenas algumas semanas
atrás. Pat e eu estamos separados há mais de um ano. Eu não sou uma traidora.
— Desculpe, — murmurou Vaughan. — Não pretendia acusá-la de nada.
Nell apenas sacudiu a cabeça. — E você ... você estava no maldito Iron Horse
toda noite pegando todas aquelas vadias, não estava, Pat?
A mandíbula dele tremia de raiva.
— Seu bastardo hipócrita. — disse ela.
— Eu não fodi sua amiga, Nell!
— Eu cometi um erro. Fiquei bêbada e cometi um erro. — Novamente, seus
olhos se encheram de lágrimas.
Com a mão estendida, Eric deu um passo à frente. — Pat ...
— Eu não quero ouvir uma única coisa de você. — Sob sua camisa preta
desbotada, os ombros de Pat levantaram. — Nem uma única coisa nunca mais.
Com a boca aberta, Vaughan não parecia saber para onde olhar. Toda a sua
família e amigos se reuniram em torno dele e agora isso. O que deveria ter sido
uma experiência positiva havia atingido a parede.
— Eu confiei em você, — rosnou Pat. — Eu confiei em vocês dois.
— Chega. — disse Vaughan, passando a mão pelos cabelos, obviamente
lutando. — Saia, Eric. Agora.
— Cristo. — Eric abaixou a cabeça, dando uma risada dura. — Eu vim aqui
para acalmar as coisas com você. Para fazermos as pazes. Isso é uma besteira.
— Cara, vamos lá. — Joe agarrou o ombro de Eric, mas ele se livrou do
aperto.
— Besteira? — Pat deu um passo para frente. — Você fode minha esposa e
isso é besteira?
— Você sabe o que eu não entendo, — disse Eric. — Você a largou, cara.
Então, por que você está tão amargo sobre isso? Tem algum arrependimento, Pat?
— Pare com isso. — Nell gemeu, lágrimas escorrendo pelo rosto.
— Ela não era sua esposa, — continuou Eric como se ele não tivesse ouvido.
— Você a ouviu. Vocês dois estão separados há séculos. Não é como se você
estivesse esperando o divórcio passar antes de seguir em frente, não é? Estava mais
para compensar o tempo perdido se você me perguntar.
— Vocês dois idiotas, calem a boca agora, — gritou Vaughan. — Vocês não
vão fazer a minha irmã chorar. Não aqui, não nesta casa.
Com os lábios curvados, Pat olhou para Eric. Nenhum deles se movendo.
Vaughan respirou fundo, procurando visivelmente por calma. — Acho que
seria melhor agora se vocês dois saíssem.
Um som soluçante veio de Nell e ela desviou o rosto, obviamente
perturbada. Curiosamente, a fúria nos olhos de Pat se desvaneceu quando ele a
viu naquele estado. Mas eu não acho que Eric tenha notado, o olhar cruel e o belo
rosto distorcido de raiva ainda estavam lá.
— Você sabe, Pat, eu pensei que você fosse louco por ficar com uma única
mulher todos esses anos, — disse Eric, segurando o rosto para cima. Seu sorriso
era mais de escárnio. — Mas agora eu entendo. Foda-me, se Nell não é o pedaço
mais quente de ...
Com um rugido, Vaughan de repente se lançou no homem. Punhos voaram,
estrondos horrorosos. — Você não fala sobre ela desse jeito!
Pés chutando, vozes gritando, madeira se despedaçando quando a mesa de
café explodiu sob os homens brigando. As coisas se moveram incrivelmente rápido.
Alguém estava gritando. Nell, eu acho. Foi demais para a minha mente embriagada
e desorientada compreender.
Rosie agarrou meu braço, puxando-me o melhor que pôde para a parte de
trás do sofá. Eu me esforcei para continuar. Para chegar a segurança. Os dois
homens eram como um furacão, destruindo tudo em seu caminho. Sangue quente
espirrou no meu rosto, então eu estava de pé, caindo no chão, rastejando para ficar
ao lado de Nell.
Tanto Joe quanto Pat entraram na briga. Eu acho que Joe tentou separar
os homens, mas Pat parecia ter perdido os sentidos. Enquanto tentava acertar um
soco em Eric, ele atingiu o braço de Joe. Joe defendeu seu irmão. Claro que ele
defendeu. O sofá foi empurrado para trás, deslizando em nossa direção. Eu
coloquei minhas mãos para frente, empurrando de volta antes que ele batesse.
Rosie agarrou o braço de Nell, arrastando-a para o corredor.
Porra. Eu nunca vi uma briga antes. Não assim.
Eu queria vomitar. E Vaughan estava lá, preso naquela confusão. O
pensamento dele se machucando me fez querer fazer algo extremo. Deus sabe, ele
se me apoiou mais de uma vez.
— Não, — disse André, me puxando mais para trás antes que eu pudesse
fazer algo estúpido. Provavelmente desnecessário, meus pés estavam presos,
congelados. O resto do meu corpo estava praticamente preso também,
profundamente em choque.
No chão, os quatro homens lutavam. Eu só podia ver sangue e violência,
Vaughan e Eric ainda lutando no chão. No corredor, Nell ficou com ânsias de
vômito. O som e o cheiro me fizeram engolir em seco. Respirei fundo.
O tempo parecia estar confuso. Porque não pareceu muito tempo até eu
ouvir as sirenes enchendo o ar.
— Graças a Deus, — eu disse, cedendo contra Andre.
Seu braço apertou minha cintura, sua cabeça encostou na minha. Não foi
nada sexual. Nós dois precisávamos do conforto.
— Tudo vai ficar bem, — disse ele. — Todos eles são amigos há muito tempo.
Eles vão resolver isso.
— Você realmente acredita nisso?
Ele soltou um suspiro. — Não.
Capítulo Doze
Eu fiquei ao pé da cama de Vaughan, lentamente olhando para o homem
seminu. O luar brilhava pela janela aberta, uma brisa de verão brincava com a
cortina. As coisas que ele fez comigo. Todas as emoções e efeitos de apenas estar
perto dele. Louco. Era louco.
— O que? — Ele perguntou, com voz rouca.
— Só pensando. — Eu sorri.
— Sobre?
— O quão quente você está deitado em sua cama com um saco de feijões
congelados, recheando sua calça jeans para curar suas bolas machucadas.
Um lado de seus lábios rachados e inchados começou a se mover para cima.
Então, parou. — Ow. Obrigado.
— Existe mais alguma coisa que eu possa pegar pra você?
— Não. — Ele deu um tapinha no colchão ao lado dele. — Sente-se comigo
por um tempo?
— Claro. — Eu sentei ao seu lado, tentando não mover muito o colchão e
piorar o seu corpo dolorido. Meio difícil considerando a surra que ele levou.
— Não posso acreditar que Eric me deu uma joelhada na virilha, — ele disse,
parecendo ferido. — Mesmo para ele, isso é baixo.
— Você o atacou primeiro.
— Mm. — Ele suspirou. — Ele não tinha direito de falar sobre Nell daquela
maneira. Eu não me importo com o que aconteceu entre eles ou por quanto tempo
eu estive fora. Ainda sou irmão dela. De jeito nenhum eu poderia ficar parado e
deixá-lo dizer aquele tipo de coisa.
— Entendo que você precisava defender sua irmã.
Ele fez um barulho. Só Deus sabia o que isso significava.
— Eu achei que foi legal o policial Andy não jogar todos vocês na cadeia.
Vaughan bufou. — Ele teria se Nell não estivesse aqui. Babaca. Não posso
acreditar no jeito que ele estava caindo em cima dela.
— Ainda bem que ela pode convencê-lo a ir embora.
Ele me observou com seu único olho bom; o outro estava escondido debaixo
de um saco de gelo. Sombras e protuberâncias marcavam seu lindo rosto e um lado
de suas costelas.
— É melhor eu deixar você dormir um pouco.
— Você está bem? — Ele perguntou.
Eu parei, procurando as palavras certas. A coisa era, não havia nenhuma.
— A luta me assustou, Vaughan. Inferno, isso me apavorou. Você poderia ter sido
gravemente ferido.
— Lydia, — disse ele, então parou. Com vários barulhos de dor, ele se
moveu, abrindo mais espaço. — Deita.
Sem nenhuma graciosidade, fiz o que pediu, tirando os sapatos e me
deitando na cama ao lado dele. De cabeça no travesseiro, eu imediatamente
comecei a bocejar. Tinha que ser três, quatro da manhã pelo menos. Qualquer
burburinho feliz induzido pelo álcool tinha se esgotado horas atrás. Logo o sol
estaria nascendo. Que noite.
— Hey. — Ele ligou meu dedo mindinho com o seu, segurando firme. —
Obrigado por se preocupar comigo.
— Eu estava preocupada com todos vocês.
Uma pausa. — Isso não foi o que você disse.
— Sim, foi.
— Não. Você disse, você poderia ter sido gravemente ferido. — ‘Você’
significa eu. — disse ele, virando a cabeça com cuidado para me encarar.
Eu apenas funguei cansada.
— Você estava preocupada comigo.
— Tanto faz.
Sombras passavam pelo teto, escuras e misteriosas. Do lado de fora, com
exceção de um ocasional inseto excitado, que enviava sua chamada para sexo, o
silêncio reinava. Todos estavam dormindo. Ou pelo menos todos em nosso cantinho
do mundo.
— É por isso que Andre tinha o braço em torno de você, — ele perguntou
do nada. — Porque você estava com medo?
Eu me levantei em um cotovelo. — Você e Eric estavam tentando se matar
e você ainda conseguiu perceber isso?
Sem resposta.
Surpreendente. O homem era simplesmente incrível. Deitei-me de novo e
voltei a olhar para o teto. Minhas costelas pareciam muito pequenas; todos os
órgãos importantes estavam superexcitados. Eu tentei não sorrir, mas falhei.
— Você vai dizer alguma coisa? — Ele perguntou eventualmente.
— Você gosta de mim. — O conhecimento afundou profundamente,
encharcando meus ossos e se estabelecendo. Com isso veio um tipo estranho de
calma, um acerto, mesmo que eu devesse estar enlouquecendo com o quão
transitórios nós éramos. A sensibilidade ditava que eu deveria manter distância. O
sentido queria enfiar a mão em suas calças, enterrar o nariz no pescoço e fazer
alguma coisa acontecer. Agora.
— Nós já cobrimos isso? — Ele deu um aperto no meu mindinho.
— Eu não sei. De alguma forma, parece mais real agora. Ou talvez eu não
estivesse ouvindo direito antes. — Eu sorri. — Ou talvez eu esteja apenas tendo
um momento.
— Você está sempre tendo momentos.
Verdade. — Lide com isso. Se você não tivesse se envolvido na luta,
poderíamos estar nos tornando bíblicos.
Um gemido longo e carregado. — Não fale comigo sobre sexo agora.
— Estou apenas dizendo…
— Bem, não.
— Bem. Eu não vou. — Fechei meus olhos com força, tomei um grande
fôlego e então lentamente deixei sair. Desapontamento. É uma merda. As coisas na
minha barriga que levavam aos meus quadris estavam conscientes de que tinham
sido muito maltratadas.
Completamente negada.
O Natal estava bem ao meu lado, mas eu não podia tocar meu presente por
medo de machucá-lo ainda mais. Eu poderia simplesmente bater em Eric eu
mesma. Bater na cabeça dele algumas vezes com uma bolsa, algo assim. Seria
apropriado.
A mão de Vaughan deslizou sobre a minha. Os calos nos dedos de tocar
guitarra, não eram moles. A pele ali estava mais dura e irregular. Mas eu não me
importei. Ele podia me tocar tanto quanto ele quisesse. Inferno, no humor em que
eu estava, eu me grudaria permanentemente ao lado dele, se eu pudesse me safar
com tal coisa.
— Você ouviu algo do agente imobiliário? — Eu virei minha mão, com a
palma para cima. Tanto melhor para pegar seus dedos com os meus e segurar.
— Ele está trazendo algumas pessoas amanhã. Acho que a sala de estar
bagunçada não vai parecer legal. — Ele xingou baixinho.
— Tudo bem, — eu disse. — Nell, Rosie e eu limpamos o pior da bagunça.
Se eles perguntarem, ele dirá que você é um minimalista que não acredita em ter
muita mobília ou algo assim. Tudo vai ficar bem.
Um suspiro. — Sim. Bem, terá que ficar. Obrigado por ajudar.
— Sem problema. — Eu gentilmente levantei a mão dele para os meus lábios
e beijei, com cuidado para evitar as duas juntas rachadas. — Posso fazer uma
pergunta pessoal?
— Atire. — Ele nem hesitou.
— Qual é o problema com Eric e você? Por que ele reagiu tão mal a você
trabalhando no bar em primeiro lugar?
O gemido estava de volta, mas logo se transformou em riso. O som não era
feliz. — Pensei que você perguntaria sobre isso antes, na verdade. Depois daquela
maldita cena no bar ontem à noite.
— Eu não queria me intrometer.
Sem uma palavra, ele levou minha mão aos lábios e a beijou. Oh Deus. Eu
estava derretendo. Tudo o que eles encontrariam de mim pela manhã seria uma
coisa grudenta e sentimental na cama e seria tudo culpa dele.
— Eu gosto de você, Lydia.
— Também gosto de você, Vaughan. Agora me conte a fofoca.
Sua risada se transformou em um som totalmente mais aceitável. — Eric
estava na banda durante o ensino médio. Ajudou-me a juntá-los, na verdade. Nós
éramos próximos naquela época. Seus pais moravam na mesma rua, nós
praticamente crescemos juntos ...
— O que aconteceu?
— As mesmas coisas que estão acontecendo agora. Ele fodeu com a banda.
Ele estava sempre dando voltas, nunca levando o grupo a sério. Tudo o que ele
tinha que fazer era aprender como acertar a porra da bateria no tempo, mas ele era
capaz de fazer isso? — Ele segurou minha mão em seu peito, coração batendo
contra as costas da minha mão. Parecia forte, bom, como o homem que estava lá
dentro. — De jeito nenhum. Eu o avisei, se ele não melhorasse a atitude, ele não
iria para o oeste conosco depois da formatura. Acho que ele não acreditou em mim.
A hora chegou e eu tive que dizer a ele que ele estava fora. Ele não aceitou bem.
Eu respirei fundo, soprando entre os lábios franzidos. — Inferno. Isso deve
ter sido uma merda. Agora sei por que você estava nervoso em aparecer para
trabalhar no Dive Bar.
— Sim. — Ele não disse mais nada.
Ficamos em silêncio, de mãos dadas, muito lentamente cochilando para
dormir. Apesar da minha mente ocupada, a exaustão me chamou alto e claro.
Lençóis e travesseiros cheirando a Vaughan, o calor de seu corpo bem ao lado do
meu e uma brisa fresca do começo da manhã de verão soprando pela janela. Meu
próprio paraíso pessoal. Deus, eu estava exausta. O peso do meu corpo parecia ter
triplicado e, no entanto, parecia leve como uma pena ao mesmo tempo. Como se
eu pudesse me sentir afundando no colchão e flutuando no éter, presa à terra
apenas pela mão de Vaughan. Eu queria flutuar lá para sempre, tendo bons
sonhos.
Eu me perguntava como Chris e Paul estavam indo, se divertindo no Havaí.
Interessante, o pensamento quase podia passar pelo meu cérebro sem que eu
quisesse entrar em uma fúria e incendiar a merda toda. Quase. O tempo que Chris
e eu passamos juntos, o casamento que nunca existiu, tudo isso meio que caiu
livremente pela minha mente.
Ao meu lado, o peito nu de Vaughan subia e descia em ritmo perfeito. Toda
sua tinta impecável não mais do que um borrão na luz fraca. O olho que eu podia
ver estava fechado, seu pobre rosto maltratado relaxado.
— Eu não amava Chris como deveria, — eu sussurrei. — Acho que eu estava
sozinha e toda a atenção ... Eu não sei, isso foi para a minha cabeça ou algo assim.
Mas não era real.
Ele não se mexeu. Nada mudou. A noite continuou.
Olhei de volta para o teto do seu quarto, meu velho amigo. Foi uma boa
testemunha da minha confissão como qualquer outra. — Em dois dias e meio, acho
que sinceramente sinto mais por você do que jamais senti por ele. É diferente, no
entanto. Eu pensei que sabia exatamente como a vida seria com Chris. O que
faríamos, como estaríamos juntos. Ele se encaixou nesse molde que eu pensei que
queria e entendia, e você não.
Revirei os olhos, gemendo com meu próprio drama. Nada fazia sentido.
Tudo me deixou perplexa. Vaughan Henson tinha minha vagina em um estalar dos
dedos se ele quisesse. Patético, louco e todo o resto. Pendure meu coração triste e
magoado para secar e termine com isso já. Gah
— Eu acho que o que estou tentando dizer é, eu não vou desistir de um
segundo com você por todos os meses de mentira e ser manipulada por ele, por
mais insano que isso pareça. Isso é tudo. O fim.
Lá, estava lá fora, flutuando no universo. A verdade como eu sabia lançada.
Deus, parecia que algum peso gigantesco, algum bastardo grande e
desajeitado havia sido tirado de cima de mim e jogado no abismo. Para baixo e para
baixo na escuridão.
Deixe o novo dia começar e toda a porcaria de ontem pra trás. Eu estava
farta disso. Doeu, me custou e eu tinha acabado com isso. Eu vivi, eu aprendi, etc.
A sabedoria chegou com um preço imenso. Mas eu paguei e agora eu
seguiria em frente.
— Baby, — disse uma voz na escuridão, segurando minha mão.
— Pensei que você tivesse dormido, — eu disse, a voz estranhamente
entupida. Acho que jogar sua merda emocional nas profundezas do espaço
prejudicava suas cavidades nasais. — Você está com dor? Precisa de mim para
pegar algo?
— Não. Apenas fique comigo.
— OK.
Silêncio.
— Você está bêbada?
— Não, — disse, me examinando por dentro e por fora. — Não, acho que
não. Acho que passou o efeito um tempo atrás.
— Certo.
Silêncio.
— Lydia, a banda se separando, eu tendo que voltar aqui ... — Sua
respiração na escuridão soou tão alta, profunda e uniforme. O silêncio quebrado e
meus segredos revelados. Cara, sempre era assim com ele. Eu não podia esconder
nem se eu tentasse.
— Sim. — perguntei, pedindo-lhe para continuar.
— Conhecer você faz isso quase valer a pena.
Quase. Mas sua dor, seus sonhos levaram uma década ou mais do que a
minha para crescer e morrer. Nossas situações não eram as mesmas. Essa era a
verdade.
— Obrigada. — Eu disse, segurando firme em sua mão.
— Vá dormir, baby. Nós vamos lidar com isso amanhã.
— OK.
Capítulo Treze
Os homens eram os mais estranhos.
Fomos estávamos escalados para trabalhar do meio-dia às nove no dia
seguinte. Assim que entramos no Dive Bar, Vaughan tão casualmente foi para atrás
do bar, caminhando ao lado de Eric, que estava conversando com seu irmão, Joe.
Foi ridículo. Cinco rodadas com Godzilla não poderiam ter feito os três homens
mais bonitos. Lábios machucados, olhos negros, maçãs do rosto esfoladas, eles
tinham tudo. Noventa e nove por cento de seus rostos estavam de cor preta e azul.
Os homens todos se entreolharam... e nada.
Absolutamente nada.
Eles fizeram a coisa viril do queixo e começaram a trabalhar. Se a luta
tivesse sido entre mulheres, tenho certeza que as hostilidades teriam durado
meses. O que serve para provar meu ponto de vista sobre as mulheres serem as
espécies superiores e ter mais compromisso com as coisas em geral. Nós ficamos.
Hoje, as lousas penduradas nas paredes do Dive Bar estavam todas com
informações sobre tacos. As opções do cardápio eram sempre baseadas no que quer
que Nell estivesse com vontade de cozinhar. Alguns pratos eram sempre oferecidos,
como bife, massa com queijo, mini burgers e batatas fritas cobertas com todas as
coisas boas que você poderia imaginar. Coisas assim. Mas fora isso, o que poderia
estar disponível era um constante mistério gastronômico.
Tenho que admirar uma mulher que respeita a Terça-feira do Tacos13, no
entanto.

13Taco Tuesday (Terça-feira dos Tacos) é costume em muitas cidades dos Estados Unidos as
pessoas saírem nas noites de terça-feira para comer tacos ou, em alguns casos, pratos da comida
Rabiscadas nos quadros havia as opções de tiras de carne, frango com limão
e chilli, camarão picante e batata-doce assada com feijão preto. Yum. Eu estava
ficando louca apenas com o cheiro. O Dive Bar estava rapidamente se tornando
meu lugar feliz.
Enchi minha bandeja com uma combinação de margaritas, um par de
coronas e uma dose de tequila Herradura com uma fatia de limão ao lado.
— Tudo bem? — perguntou Vaughan.
— Tudo bem. — Eu olhei entre ele e Joe, sorrindo um pouco. — Como vai
o clube da luta, rapazes?
— Não posso falar sobre isso. — Resmungou Joe.
Eu ri e levantei minha bandeja, indo servir um grupo de casais mais velhos.
Eles estavam em sua segunda rodada de bebidas - sorrindo, relaxando e
simplesmente se divertindo.
— Você estava certa sobre o camarão, — disse uma mulher. — É
definitivamente arrebatador. Mas o frango é incrível.
— É ótimo, né? — Entreguei a ela uma das Coronas enquanto seu parceiro
se ocupava em beber a margarita. — Eu gostaria de poder cozinhar tão bem quanto
Nell. Não sei colocar leite no cereal sem queimá-lo.
— Ha! Nós duas.
Eu sorri abertamente. — Posso servi-los em algo mais?
Eles responderam com um coro de não e agora não.
Com um aceno de cabeça, saí para verificar minhas outras mesas. A corrida
do almoço havia diminuído e nós nos mudamos para a fase do ficar curtindo e
bebendo da parte da tarde. Em uma mesa, um cara lia um livro com café e bolo na
frente dele, e em outra, um grupo de garotas da minha idade fofocava e ria com
muitas taças de vinho.
— Até mais. — Joe passou por mim, com as mãos nos bolsos, saindo para
a rua. Ele terminou o dia.
— Tchau.
Apesar da festança transformada em caos da noite passada, hoje estava se
tornando um bom dia.
… E falei cedo demais. — Oi, Betsy.

mexicana servidos em uma tortilla. Os restaurantes costumam cobrar preços especiais para esses
pratos.
— Liddy. — A recepcionista da imobiliária dos Delaney zombou mais do
que sorriu, olhando-me sem a mais vaga satisfação em me ver. — Meu, como os
poderosos caíram.
— Mm. Eu não vejo assim.
— Bom para você. — Oh, a falta de sinceridade em suas palavras.
A mulher tinha mais ou menos a minha idade. Muito mais country clube
do que eu jamais seria. Quando eu costumava trabalhar com ela, tinha passado
pela minha cabeça uma ou duas vezes que ela e Chris teriam feito um excelente
casal. Eu podia imaginá-los posando com suéteres de Natal combinando e merda,
vestindo roupas de linho branco. Eles se encaixavam. Felizmente para Betsy, ela
esteve na cidade muito mais do que eu e deveria estar por dentro de todo o segredo
“Chris é gay”. Embora eu duvido que isso a teria impedido de pegar o nome ou o
dinheiro dele, se ele estivesse interessado. Talvez o nível da administração tenha
sido muito baixo para Chris ir.
Quem sabia? E, no final das contas, eu não me importava. Sim, meu nível
dar alguma merda para isso definitivamente caiu. Vá por mim.
— Sobre o que você está sorrindo? — A mulher retrucou, provavelmente
consternada pela minha falta de irritação.
— O que posso fazer por você, Betsy?
Ela fungou, a cabeça pulando tão longe que foi uma maravilha ela não ter
ficado com torcicolo. — Sr. Delaney me pediu para entregar isso para você.
Um envelope grande foi empurrado para mim. — Obrigada.
— Não mencione isso. Qualquer coisa que te faça sumir. Bem, tenho de ir.
Alguns de nós têm um trabalho realmente importante a fazer. — Outra rodada de
fungadas e fazendo o melhor para me olhar com desprezo. O que quer que a fizesse
feliz. — Ouvi dizer que você está morando com o vizinho, algum fracassado
aspirante a músico.
— Você ouviu?
— Um pouco baixo, mesmo para você.
Pela minha vida, eu não conseguia me lembrar o que eu tinha feito para
irritar tanto a garota durante meus quatro meses na agência. Nossas interações
sempre foram educadas, até mesmo amigáveis. Eu não precisava ser amada
universalmente. Mas se eu fosse completamente odiada por alguém, eu deveria
saber o porquê.
Talvez ela fosse apenas Team Delaney da cabeça aos pés. Bom para ela.
— É ele? — Perguntou ela, apontando para o bar.
— Sim. — Ele domara a bagunça habitual de seu cabelo vermelho-dourado
em um estilo de penteado à moda antiga. Com o qual ele arrasou. E a largura de
seus ombros esticava sua camiseta preta simples só um pouquinho. Deus, seu
pobre rosto, todo cinza, preto e azul. Pelo menos ele não estava muito ferido. Algo
sobre a tatuagem em seu pescoço funcionava para mim. Eu queria beijá-la e lambê-
la e fazer todo tipo de coisa. Coisas que exigem uma classificação adulta.
— Eu não posso te dizer o quão maravilhoso ele é, — eu disse, sem me
preocupar em encará-la. Minha vista estava boa demais. — Vaughan é… ele é
incrível. E não é apenas o corpo quente e toda a sua vibração de roqueiro tatuado.
Porque deixe-me dizer, na maioria das vezes o homem é um gato total. O cara mais
doce que eu já conheci. Fiel e solidário, de mente aberta, totalmente confiável. Nós
podemos conversar por horas sobre nada, apenas ficando juntos. Ele tem seus
momentos irritados, mas ei ... não temos todos? Sem mencionar que ele é sexy
como o inferno. Eu sou uma dama para discutir o que ele tem em suas calças, ou
como ele pode me fazer sentir, mesmo sem trazer isso para o jogo. Mas quando o
cara pode acendê-la com apenas um beijo, sem sequer usar a língua, você sabe
que está fazendo uma coisa boa. Sabe o que quero dizer, B?
Betsy olhou para mim de boca aberta. Tenho quase certeza de que inseto
entrou nela. Opa.
— De qualquer forma, — eu disse. — É melhor eu voltar ao trabalho. Eu
mencionei o quanto estou gostando de ser garçonete novamente? É diferente
quando seus amigos estão envolvidos e você está realmente envolvida no negócio
emocionalmente. Quando você realmente acredita na qualidade do produto, sabe?
Todos trabalhando juntos para conseguir a mesma coisa. Nenhuma das besteiras
de ser um tubarão, constantemente tentando superar todos os outros e obter os
melhores números de vendas. Além disso, você deve ver as sobras que eu tenho
para levar para casa. Nell é verdadeiramente a chef mais talentosa.
E ainda, ela só olhava.
— De qualquer forma. Você não disse que tinha que ir
— Você é ridícula. Uma piada completa. — ela cuspiu, girando nos
calcanhares e saindo em disparada. Senhor. E os saltos dela eram uns bons dez
centímetros. Essa era uma habilidade impressionante.
— Tchau!
— Você está bem? — Uma voz profunda e familiar me perguntou por trás.
— Sim. Quer sair comigo esta noite depois do trabalho, Vaughan?
Primeiro, um puxão suave no meu rabo de cavalo, então seus lábios
roçaram minha orelha. Cristo, eu gostei disso. Arrepios correram pela minha
espinha. Era tudo que eu podia fazer para não dar um gemido de garota feliz.
— Você está me convidando para sair, Lydia?
— Sim, — eu disse. — Estou."
— Baby, eu adoraria. — Sua mão subiu para a parte de trás do meu
pescoço, acariciando, me puxando para mais perto. Caramba, ele tinha os
movimentos certos. O homem transformou a minha mente em mingau.
— Há algo que você precisa saber, — disse ele. — Antes de hoje à noite.
— O que é?
— Eu sou dos que transam no primeiro encontro, — ele me disse com um
rosto perfeitamente sério. — Tudo bem pra você?
— Oh, eu estou contando com isso. — Meu rosto pode ter ficado em
chamas, mas então o resto do meu corpo já ardia. — Quero dizer… teria sido tão
estranho se você esperasse que eu te respeitasse por sua mente ou algo assim.
Caramba, que vergonha. Entre você e eu, estou realmente interessada apenas em
entrar em suas calças.
O canto da boca dele se contraiu.
— Tenho certeza que você é um cara legal e tudo, mas prioridades, você
sabe?
— Eu sei. — O sorriso do homem teria feito uma freira pensar duas vezes.
Eu nunca tive uma chance. A maneira como iluminava seus olhos parecia mais
mágica do que biologia. — Tudo bem então.
— Estamos combinados?
— Estamos.
Nenhuma chance de conter meu sorriso. — Até hoje à noite, Sr. Hewson.
Estava parada de braços cruzados olhando para Vaughan enquanto ele
voltava para o bar quando o estranho se aproximou. No fundo do meu cérebro
todos os tipos de coisas estavam acontecendo. Coisas relacionadas ao trabalho. Eu
juro. Mais ou menos.
— Com licença? — Um jovem asiático bem vestido com um bigode moderno
me exibiu um sorriso amigável. — Senhorita Green?
Todos os pensamentos felizes fugiram quando eu voltei minha atenção.
— Lydia Green?
— Quem está perguntando? — Respondi com meu melhor sorriso falso.
Ele puxou um cartão de visita do bolso da camisa, apresentando-o para
mim com um floreio. — Brett Chen. Eu sou um repórter freelancer. Eu queria saber
se poderíamos falar sobre a sua recente separação de Christopher Delaney e o
casamento que você abandonou no último final de semana.
— Não, obrigada. — Segurei seu cartão de volta para ele.
Ele ignorou. — Como você sabe, os Delaney e sua agência imobiliária são
bem conhecidos em toda a área e têm fortes conexões com algumas figuras políticas
importantes. Mas acredito que uma história sensacional como a sua poderia ter
um alcance muito mais amplo. Um nacional, se não internacional.
— Uau. A oportunidade de ter estranhos em todo o mundo enfiando o nariz
no meu negócio. — Acenei o cartão de visitas sob o nariz dele, ficando impaciente.
— Não.
— O dinheiro envolvido pode ser grande, Lydia.
— Não. Novamente.
Frustração franziu sua testa. — Como eu disse ao Sr. Ray Delaney,
continuarei com minha matéria com ou sem a sua cooperação. Mas eu prefiro
muito que seja com.
Eu amassei o cartão de visita do idiota e fiquei voltada para o balcão.
— O relatório da polícia afirma que você bateu no Sr. Christopher Delaney.
Gostaria de comentar sobre isso?
— Não. — Atrás do balcão havia uma lixeira e o cartão do jornalista estava
dentro. Eu respirei fundo, evitando os olhos dele. — Por favor saia. Eu não
responderei suas perguntas.
— Múltiplas fontes confirmaram que Chris Delaney está atualmente no
Havaí com seu padrinho, Paul Mueller. — Chen me encarou do outro lado do
balcão, sem ir a lugar nenhum, aparentemente. Droga. — Tem havido muita
especulação de que Mueller e Delaney são, de fato, amantes secretos. É essa a
razão pela qual você se recusou em seguir com o casamento?
— Sem comentários.
— Por que você não está mais empregada na Delaney Imo ...
— Não. — Segurei na borda do balcão, unhas pressionando a madeira velha.
Do outro lado da sala, Vaughan atendia um cliente. Eu não conseguia ouvir
ninguém na cozinha atrás de mim. Mas também não queria começar a gritar por
ajuda, causando problemas para Nell. Esse cara tinha que desistir e ir embora,
eventualmente, sem eu ter que gritar e perturbar nossos clientes. Ele tinha que ir.
— Lydia, é verdade que houve um vídeo de ...
— Não.
— Que porra é essa? — Eric ficou ao lado do repórter, seu rosto machucado
forrado de aborrecimento. — Quem é Você? Não, não responda isso. Eu não quero
saber. Apenas saia.
A boca do Sr. Chen abriu, seus olhos subitamente ansiosos. — Mas se eu
pudesse ter um minuto com a Srta. Green.
— Srta. Green claramente não quer nada com o que você está vendendo.
Saia
— Mas-
— A gerência reserva-se o direito de recusar a entrada de qualquer pessoa
nas instalações da empresa. A partir deste momento, é você, — disse Eric, indo de
igual para igual com o homem. E ganhando. — Você está assediando um membro
da minha equipe. Saia agora ou serei forçado a remover você.
— Me ligue, Lydia, — disse ele, batendo outro cartão de visita. —
Oportunidades como essa só acontecem uma vez na vida.
— Saia daqui. — Rosnou Eric.
Com um último olhar cobiçoso em minha direção, o repórter fez o que Eric
lhe disse.
Droga. Queixo afundado tentei acalmar minha respiração e meu
temperamento. Que bastardo. Uma história chamando a atenção para todo o
maldito desastre era a última coisa que eu precisava.
— Você está bem? — Perguntou Eric, contornando o balcão.
— Sim. Obrigada. Eu poderia ter me livrado dele sozinha, só não queria
causar uma cena.
Um aceno de cabeça.
— O que foi isso? — Vaughan se aproximou de nós. — Baby, quem era esse
cara?
— Algum repórter. — Eu peguei o segundo cartão que ele deixou, deixando-
o se juntar ao primeiro no lixo. — Não importa. Eric se livrou dele. Obrigada
novamente por isso.
— Obrigado, cara. — disse Vaughan.
Eric assentiu, voltando para a cozinha.
— Hey. — Seu dedo se enrolou sob o meu queixo, levantando-o
suavemente. — OK?
— Apenas com raiva. — Cruzei meus braços, pressionando meus lábios
firmemente juntos. — Oportunidades como essa só acontecem uma vez na vida.
Como se eu fosse agradecer que o cara com quem estava prestes a casar fosse um
homossexual enrustido e me usando. Foi muito divertido descobrir a primeira vez,
vamos passar por isso novamente! Idiota.
Ele me deu um pequeno sorriso.
Eu gemi. — Às vezes parece que nunca vou colocar isso no passado.
— Só aconteceu no sábado. — Ele arrastou os dedos sobre a minha
bochecha, sorrindo mais amplamente. — Hoje é terça-feira. Essa merda vai ficar
para trás, só vai demorar um pouco mais. Três ou quatro dias ... não é muito
tempo.
Eu o destruí com meu melhor olhar mortal. — Pare de ser razoável,
Vaughan. Quem te perguntou?
Ele suspirou, depois deu a volta no balcão e deu um beijo no topo da minha
cabeça. Eu me inclinei para ele, tomando muito mais conforto em sua presença do
que deveria. Logo ele não estaria lá. Eu precisava aprender a ficar sozinha. Lidar
com a minha própria porcaria. Mas gah. Logo era logo o suficiente para ficar
sozinha.
— Esqueça esse idiota, — disse ele, esfregando minhas costas, beijando
minha bochecha. — Pense no que te faz feliz, como o nosso encontro hoje à noite
ou algo assim.
— OK.
— É melhor eu voltar para lá.
— Obrigada. — Minha mão de alguma forma conseguiu curvar-se sobre
sua bunda quando ele se virou. Pode ter havido um aperto sutil envolvido. Como
uma garota poderia ser responsabilizada pelo o que seus dedos faziam. Por favor.
— Eu senti isso.
— Eu não sei do que você está falando.
— Mais tarde. — Foi tudo o que ele disse.
Mais tarde.
Eu não poderia esperar.
Capítulo Quatorze
Mais tarde, acabou por ser mais perto da meia-noite do que nove horas da
noite.
O bebê de Rosie pegou um resfriado, então ela não pôde vir trabalhar. Nell
também não estava se sentindo fantástica e teve que ser mandada para casa,
deixando Boyd para lidar sozinho com a cozinha. Além disso, vários grandes grupos
apareceram sem uma reserva, e nós estávamos lotados.
Eric se revezou servindo mesas e ajudando Vaughan a dar conta dos
pedidos atrás do bar. Quando terminamos de limpar, eu estava morta de cansaço.
Mas lutando por tudo que valia a pena.
— Como você está? — perguntou Vaughan, acelerando o motor do
Mustang. — Ainda quer ir nesse encontro?
— Mais do que qualquer coisa.
— O que você está pensando? — Ele dirigiu lentamente pelo escuro. Nós
éramos praticamente o único veículo à vista.
— Eu quero a experiência completa de sedução Vaughan Hewson de Coeur
d'Alene, por favor.
— Sério? — Curiosidade acendeu seus olhos.
— Sim. — Eu liguei meus dedos, esticando meus braços para baixo na
minha frente. Todos os músculos dos meus ombros e costas estavam em estado de
profunda irritação. Não podia culpá-los. — Assim como sua irmã te provocou no
outro dia. Eu quero ser levada para algum lugar isolado perto do lago, e que você
toque pra mim melodias emo.
Ele riu.
— O que acontece depois disso?
— Ah. — Ele esfregou o queixo. — Eu te desafio a ir nadar pelada.
— Faz sentido.
— Depois disso, nós fodemos na praia. Às vezes essa parte pode ser
apressada. Depende de quão mal estão os insetos.
— Ai.
— Pode apostar. — Ele me deu um rápido sorriso antes de voltar seu olhar
para a estrada. — Difícil realmente aproveitar as coisas quando os mosquitos estão
fazendo uma refeição de sua bunda.
Bufei. — Posso ver como isso seria difícil.
— Hmm. Então eu geralmente corria para levar a garota para casa antes do
toque de recolher. Às vezes a ajudava a subir em uma janela ou qualquer outra
coisa.
— Romântico.
— Eu sempre achei que sim, — ele pensou, com o rosto nas sombras. —
Nunca recebi reclamações.
O mundo parecia vazio, pacífico. Continuamos com nenhum tráfego.
Entramos na garagem do bangalô e Vaughan desligou o motor. Por um momento
ficamos sentados em silêncio.
— A coisa é, eu não tenho mais dezoito anos. — Ele virou a cabeça, me
observando no quase escuro enquanto eu o observava. — Quero algo melhor para
você. Eu posso fazer melhor.
Sem outra palavra, ele abriu a porta e saiu. Eu sentei, observando-o andar
para abrir a porta do passageiro e me oferecer uma mão. Pelo visto o cavalheirismo
não morreu.
— Obrigada. — Eu saí, levando minha bolsa comigo. O envelope grande
que Betsy tinha entregado ainda não tinha sido aberto. Alguns trabalhos
precisavam de tempo e espaço. Eu tenho pressentimento de que ler o acordo dos
Delaney seria um desses.
Em vez de soltar minha mão, ele me levou pelo gramado e subiu os degraus
da frente. Pensar que apenas três dias atrás, eu estava aqui, ouvindo Samantha
me insultar, enquanto Ray conversava com seu advogado ao telefone. Incrível o
quão rápido as coisas podem mudar. Nos últimos dias, Vaughan estivera ocupado,
cortando a grama e cuidando do matagal que cresceu no jardim da frente,
preparando o lugar para colocá-lo à venda. Sob o luar, tudo parecia ainda mais
bonito, cada borda se suavizava, a velha casa era uma coisa mágica. O prazer de
um amante.
As chaves tilintaram então a porta da frente se abriu e nós entramos. Ele
não acendeu nenhuma luz. A porta se fechou e ele me pressionou contra ela, o
sorriso em seus lábios apenas visível. — Sei que você me chamou para um
encontro, mas você se importa se eu assumir?
— Depende. O que você tem em mente?
— Você tem que saber?
— Sim. — eu disse.
— Maníaca pro controle. — Ele riu suavemente, aliviando-me da minha
bolsa e abaixando-a no chão.
— Desisti do controle para Chris. Não funcionou muito bem.
— Eu sei. — Ele exalou duro. — Mas não sou esse pedaço de merda. Nunca
fiz nada deliberadamente para machucá-la ou humilhá-la.
Meus dedos flexionaram, apertando ele em ambas as mãos. Um sinal óbvio
da onda de emoções surgindo através de mim, da intensidade de suas palavras, a
sinceridade em seus olhos. Medo, luxúria e tudo mais me inundou.
Eu tentei me acalmar. Sexo casual com um amigo, nada mais, nada menos.
Apenas arranhar uma coceira.
Sim. Certo.
— Você está bem? — Ele perguntou.
— Sim. Eu só... — Eu lambi meus lábios. — Estou bem.
Ele não disse nada.
Fazia meses desde que Chris tentou me tocar de verdade e não terminou
bem para ninguém. Sexo antes dele tinha sido com um namorado de longa data na
faculdade (que conseguiu um emprego na Groenlândia depois da formatura)
seguido por muitas ficadas. Alguns yay, alguns blah. Igual a todos os outros,
imagino. Este era apenas mais um. Sem precisar de grande paixão para unir as
partes íntimas, exigindo poesia, luz ambiente e música clássica. Declarações de
compromisso não requeridas. Sexo divertido. Fim.
— Sempre podemos fazer isso outra hora, — disse ele, recuando um pouco.
— Esse foi um longo dia, eu...
— Não, — eu soltei, sem parecer totalmente desesperada.
— Não? Tem certeza?
Eu soltei suas mãos, agarrando sua camiseta, segurando-a como se minha
vida estivesse em risco. Ou pelo menos minha vida sexual. Ele era meu, no
momento, e eu não iria desistir disso.
— Baby?
— Eu quero você.
— Eu também quero você. — ele disse, gemendo quando eu me pressionei
contra ele. Ele era tão bom, forte e robusto. Além disso, o homem cheirava muito
bem.
Se ao menos eu pudesse me imprimir em sua pele, me esconder em seus
braços por um bom tempo até que as coisas parecessem seguras novamente. Em
vez disso, eu achatei meus seios contra o peito dele, envolvi meus braços em volta
do seu pescoço, chegando o mais perto que pude. O restolho da barba dele
gentilmente arranhou meu rosto e seus dedos cavaram minha bunda, me
segurando mais perto, me encorajando ainda mais.
— Eu realmente quero você, — eu disse. — Mais tarde não. Agora.
— Porra. Lydia.
Eu sabia exatamente o que ele queria dizer.
— Sua pele é tão pálida. — Sua voz fez o cascalho parecer suave. — Como
você se sente sobre mordida?
Eu pisquei surpresa, me afastando para poder ver o rosto dele. — Mordida?
— Sim.
— Hum. Eu nunca tentei isso.
— Apenas pequenas mordidas. Beliscadas, nada para te machucar, juro.
Eu vou me comportar.
— Oo-que é o que você gosta?
— Eu gosto de você. — Ele se inclinou mais perto, quase trazendo nossas
bocas juntas. — A pergunta é, você gosta de mim?
— Você é minha pessoa favorita no planeta. — Eu disse a ele honestamente.
— Eu sou?
— Sim. — Eu olhei para ele, seus olhos e boca ambos tão fascinantes. Meu
coração disparou e o ar ficou rarefeito, cada centímetro da minha pele ficou elétrica.
Eu estava mais do que viva e além de acordada, apesar do dia excessivamente
longo. O desejo é uma doença. Isso me tomou completamente.
— Obrigado, baby. Eu também gosto muito de você.
— Não apenas dos meus seios?
Ele deu uma risadinha, malvada e indecente. O calor inchou para níveis
alarmantes no meu peito. Meu coração precisava se acalmar. Minhas entranhas
pareciam prontas para explodir em combustão espontânea. O homem tinha
começado um fogo na minha calcinha que só ele poderia apagar.
E pensar que, se eu tivesse me casado com Chris, nunca mais teria isso de
novo. Ver minhas necessidades refletidas em outra pessoa, estar tão em sintonia
com outro ser humano. Surpreendente. Eu poderia ter passado toda a minha vida
fazendo sexo mediano com alguém que realmente não gostava disso, e tudo por
causa de segurança. Para ter uma casa.
— O que você está pensando? — As mãos de Vaughan deslizaram sobre os
meus braços, me soltando dele, me afastando.
— Nada.
— Tente novamente.
Eu gemi, meu rosto brilhando. — Estou muito grata por ter esse tempo com
você. Pensei que minha vida estava arruinada, que eu tinha feito todas as escolhas
ruins e estragado tudo. Mas estando aqui com você, as coisas parecem muito longe
de estarem ruins.
— Bom. — Ele beijou minha testa, sorriu. — Deixe-me te contar uma
história.
— Agora?
— Sim. Agora mesmo. — Então ele se abaixou sobre um joelho, pegou um
dos meus pés e tirou o salto preto muito modesto que eu estava usando o dia todo.
Excelente, meu chulé o derrubaria. Muito sexy.
— Quando eu tinha quinze anos, comecei a ver uma garota que era alguns
anos mais velha do que eu, uma veterana. — Ele calmamente colocou meu sapato
de lado e pegou meu outro pé, expondo-o também. Cabelo deslizou para a frente,
escondendo seu rosto, e ele o empurrou de volta quando se levantou. — Ela era
uma líder de torcida. Tinha muito mais experiência do que eu, o que não era difícil,
porque eu não tinha nenhuma.
— Ela foi sua primeira?
— Ela foi. — Dedos trabalharam no botão na minha calça, e no zíper. O ar
da noite mais frio atingiu minha pele exposta, dando arrepios. Embora
provavelmente fosse apenas ele. Mãos quentes deslizaram sobre meus quadris
enquanto ele abaixava o material. Descendo por minhas coxas, descendo até que
elas estavam no chão e eu fiquei lá com uma calcinha de renda preta não tão
modesta.
Você nunca poderia dizer quando a roupa íntima sofisticada seria
necessária. Melhor estar preparada.
Eu saí da minha calça de trabalho, empurrando-a de lado com o dedo do
pé. — E?
— E eu tive problemas em atender suas expectativas. — Ele acariciou meu
pescoço, correndo os dedos ao redor do decote da minha camiseta de trabalho. —
Continuava superexcitado e gozando cedo demais.
Eu sorri abertamente.
— Ela gostava de mim, mas ah ... ela estava começando a ficar um pouco
irritada com isso. — Um dedo vagou, desenhando uma linha no meio do meu sutiã,
pressionando entre a divisão entre os meus seios. É claro que ele tinha a atenção
total dos meus mamilos. Inferno, ele tinha toda a atenção do meu corpo, além do
meu cérebro. Estava nadando com hormônios felizes, me afogando neles.
— Huh. — Eu disse, porque sou um gênio intelectual desse jeito.
— Não que eu não terminasse com ela. Ela me mostrou como lhe dar um
orgasmo com a mão, me disse como usar minha boca. — Ele segurou a bainha da
minha camiseta, a parte de trás de seus dedos deslizando sobre o meu estômago,
brincando comigo.
Meu interior caiu e retorceu. Minha calcinha estava molhada.
— Agora que penso nisso, ela era seriamente mandona. Mas aprendi muito.
Subiu minha camiseta, expondo meu sutiã de renda correspondente. Então
a jogou longe, voando para a escuridão.
— Cristo, — disse ele.
De repente, uma luz repentina inundou a sala, me cegando. Padrões
brilhantes dançaram diante dos meus olhos, me fazendo piscar como uma louca.
— Desculpa. Eu precisava ver. — As mãos grandes de Vaughan deslizaram
por cima das minhas costelas, parando sob a faixa do meu sutiã. Seus olhos eram
tão grandes quanto ... bem, meus peitos.
— OK. Você já viu agora. — Eu me atrapalhei com a mão ao longo da
parede, tentando sentir o interruptor de luz. A escuridão era boa. Por que, escondia
todo tipo de coisas. A protuberância da minha barriga e as covinhas nas minhas
coxas grossas. A escuridão e eu éramos grandes amigas.
— Vai ficar acesa.
— Mas a atmosfera!
— Baby. — Ele pegou minha mão, beijando meus dedos. — Vai ficar acesa.
— Fale sobre ser mandão. — Eu resmunguei.
Ele me nivelou com um olhar. Ou ele tentou.
— É só que eu ficaria mais confortável
Antes que eu pudesse terminar o pensamento, ele tirou a camisa, deixando-
a cair no chão. Em seguida, seus pés ficaram ocupados tirando os sapatos
enquanto ele rasgava os botões do jeans. Com uma mão pressionada contra a
parede para se equilibrar, suas meias se foram, e então também suas calças.
Senhor, o homem estava diante de mim com não mais do que uma confortável
cueca boxer azul, que felizmente deixava pouco para a imaginação. Ele era tão
lindo. Quando se tratava de Vaughan Hewson, as palavras eram insuficientes. Eu
poderia passar o dia todo tentando descrever cada curva e plano, cada músculo
sutilmente delineado. Seu corpo longo e magro era pura poesia. Poesia ou pornô,
talvez ambos. Meu cérebro e vagina ainda estavam em guerra por causa disso.
— Isso foi rápido. — Eu disse.
— Agora estamos ambos quase nus. Sente-se melhor?
Dei de ombros, meu olhar ganancioso percorrendo seu corpo. Eu na luz,
não parecia algo muito feliz. Mas ele na luz parecia uma porra incrível. Estranho
como cada pedaço de umidade evaporou da minha boca aberta. Apesar de que,
para ser justa, a umidade era desesperadamente exigida em outro lugar.
— Lydia, — ele protestou, indo tão longe a ponto de parecer como se
estivesse contendo uma criança.
— O que?
Mais uma vez, ele caiu de joelhos. Sua cabeça quase, mas não exatamente,
nivelada com meus seios. Lábios em uma linha não pressionada, ele olhou para o
meu estômago. Justo. Minha barriga não fazia muito por mim também. Não que
eu me proibisse do cheesecake e começasse a correr. Não vamos ficar malucos.
Em vez de expressar preocupação com relação ao meu Índice de Massa
Corporal ou algo assim, ele arrancou as mãos que cobriam meu estômago,
mantendo-as em cativeiro com as suas próprias.
— Não faça isso, — ele disse baixinho. — Você é linda. Cada pedaço de você.
Oh.
Seus lábios colocaram beijos macios no meu estomago, sua língua se
esgueirando e passando sobre o meu umbigo. Eu ofeguei, sugando-me o máximo
que pude.
— Cócegas, — eu disse quando ele me deu outro olhar.
Um breve sorriso.
— Você vai terminar sua história? — Qualquer coisa para distraí-lo dos
problemas do meu corpo era uma coisa boa.
— Sim. — Ele ficou de pé mais uma vez, esfregando os dedos sobre as
palmas das mãos. — Onde eu estava?
— Ela começando a ficar um pouco irritada. Eu, seios.
— Claro. — Com uma mão por baixo de cada um, ele tomou seu peso,
levantando-os gentilmente. — Porra.
Eu não tinha nada.
— Acho que eu deveria apenas segui-la todo o dia, segurando seus seios
assim. — Ele acariciou meu pescoço, o lado do meu rosto. E o tempo todo suas
mãos trabalhavam, massageando levemente, polegares brincando com meus
mamilos. — Você nunca vai precisar de um sutiã novamente.
— Isso deve funcionar bem. — Ficou mais difícil respirar por algum motivo.
Como se meus pulmões estivessem indispostos ou fora de ordem.
— Eu acho que sim. — Ele gemeu, pressionando seu pau no meu quadril.
Grande, duro, definitivamente excitado. E senhor, eu também. Ao senti-lo, tudo em
mim ficou nuclear. Luzes vermelhas piscando, sirenes soando. O jeito que ele
estava me tocando, pressionando-se contra mim. A maravilha em seus olhos e
admiração em suas palavras. Era demais, mas eu nunca quis que isso acabasse.
Meu corpo todo ardeu com intensidade. Eu poderia iluminar uma cidade. Nada
mais existia além dele e de mim.
— Não consigo parar de tocar em você. — disse ele.
— Por favor, não pare.
— Por que diabos não fizemos isso antes. — Ele sussurrou em meu ouvido,
respirando pesado.
— Porque somos idiotas?
Um riso dolorido. Então, ele beliscou meu pescoço, a dor uma coisa
surpreendente. Mas seus lábios sugando, lambendo e tirando a leve dor foi tão
doce. Eu fiquei na ponta dos pés, tentando escapar de sua boca ansiosa, ainda
mantendo um aperto de morte em seus braços, caso ele tentasse ir a qualquer
lugar.
Foda-me. A confusão dominou minha mente. Havia muitas sensações, tanto
agudas quanto doces. Lábios firmes e uma língua perversa. As lambidas ficaram
mais longas, mais lentas, enquanto ele arrastava a sua língua pelo meu pescoço.
Beijos leves suavizaram minha mandíbula, a borda dos meus lábios.
— Viu? Não é tão ruim, — ele murmurou, esfregando o nariz contra a minha
bochecha. Deus, eu gostaria que ele se aproximasse. Dentro de mim seria bom.
— Não. Não é tão ruim.
— Mm.
Eu coloquei meus pés de volta no chão, passei meus braços em volta do seu
pescoço. Seu cabelo era melhor que o meu. Suave e sedoso. Aposto que o homem
só lavava ele com sabão ou algo assim. Quão injusto era isso?
— Você tem camisinha com você? — Eu disse, enfiando meus dedos por
seus cabelos, acariciando a parte de trás do seu pescoço, tocando o máximo
possível do homem.
— Eu saí e comprei uma caixa durante o meu intervalo. Uma grande. Eu fiz
um estoque só para você.
— Excelente.
Suas mãos escorregaram pelas minhas costas, brincando com alguma
coisa. Então o peso dos meus seios mudou, as tiras do meu sutiã afrouxaram. —
Então ... minha história.
— Sim? — Como ele esperava que eu me concentrasse em qualquer coisa,
eu não tenho ideia.
— Eu continuei gozando cedo demais e isso estava irritando-a.
— Compreensível, — eu disse. — Posso dizer rapidamente o quanto estou
gostando de ouvir sobre uma de suas ex-namoradas agora?
Desta vez ele beliscou onde meu pescoço e ombro se juntavam, mordendo
com mais força, segurando por mais tempo. Quando ele aliviou a ferida, ele abriu
os lábios, chupando uma área maior, puxando com força. Mãos espalhadas pelas
minhas costas, ele me segurou contra ele, não deixando espaço entre nós. O sangue
correu através de mim, rápido atrás das minhas orelhas. Meus nervos dispararam,
meio no céu, meio no inferno. Tudo de mim confuso como merda.
O homem era parte vampiro e eu tinha a pior sensação de que eu gostava
disso. Muito.
— Essa vai deixar uma marca. — ele relatou com naturalidade. Como se ele
não tivesse sido afetado. Como se o seu pênis não estivesse cutucando meu
estômago, duro como pedra.
Uma resposta esperta teria que esperar, no entanto. Eu estava muito
ocupada apenas respirando.
Vaughan recuou, procurando em meu rosto por algo. Quando ele não
encontrou o que quer que fosse, ele deslizou a mão entre as minhas pernas. Ele
puxou minha calcinha e deslizou um dedo cuidadosamente em mim. Embora não
houvesse nenhuma necessidade de ser cuidadoso. Fábricas de lubrificantes teriam
ficado com inveja de mim. O estado da minha calcinha era uma maldita desgraça.
— Quente e molhada. — disse ele.
Eu fiz uma careta. — Eu não deveria estar?
— Só checando. — Uma vez, duas vezes, ele beijou meus lábios. Coisas
rápidas e inconsequentes. Nada como o que eu ansiava. O devorador que eu estava
atrás. Ele fez um zumbido feliz, mantendo o dedo no lugar. — Eu fiquei preocupado
quando você não disse nada. Tinha que saber se estava funcionando para você.
— Isso faz sentido.
— Hmm. — Seu polegar deslizou para dentro da minha calcinha, deslizando
perigosamente perto do meu clitóris superexcitado. Eu ofeguei, apertando meu
punho em seu cabelo. O homem estremeceu, mas não reclamou. E pra registro, ele
estava respirando tão forte quanto eu.
— Devemos ter uma palavra de segurança ou algo assim? — Eu perguntei,
tentando pensar direito, para ser prática.
— Certo. Se isso faz você se sentir melhor.
— Ok. — O dedo dentro de mim girou ao redor, bombeando para dentro e
para fora, fazendo tudo de bom. Todos os músculos lá embaixo se contraíram de
alegria. Eu podia sentir meu pulso martelar entre as minhas pernas. — Oh deus,
isso é bom.
— Qual é a sua palavra de segurança, querida?
— Continue fazendo isso ou eu vou te matar?
— O que é isso? — O dedo inteligente provocou a minha entrada,
espalhando a umidade ao redor.
— Mais.
— Logo, — disse ele, lentamente retirando a mão da minha calcinha. Droga.
Eu dei um triste e lamentável gemido. — Não. Agora.
— Então, ela me diz que eu tenho que começar a pensar em outra coisa
quando estamos fazendo sexo. — Ele pressionou a coxa entre as minhas pernas,
mantendo uma pressão constante contra as minhas regiões inferiores. Todas
aquelas que eram os meus pedaços de garota divertida, atualmente em
desesperada necessidade de atenção. Era impossível não recuar com força, embora
aliviasse a dor apenas um pouco. Sua história não diminuiu em nada, e foi
francamente uma distração.
— Eu tenho que manter minha mente ocupada enquanto nós estamos
fazendo isso, ela disse. — Ele segurou meu quadril com uma mão, deslizando a
outra entre o meu peito e a taça do sutiã, empurrando o material para baixo. —
Ela me pergunta do que eu gostava. Eu disse, eu realmente gosto de guitarras
Fender.
— Mm-hmm, — eu disse, tentando ser educada.
— Então eu tenho que pensar em guitarras Fender.
— Guitarras Fender. Certo.
— Você está prestando atenção? — Ele perguntou. Seu polegar esfregou
meu mamilo duro, fazendo tudo muito pior (melhor). Inferno, o jeito que ele olhava
para mim com tanta fome. Eu não sabia o quanto mais poderia aguentar. O calor
de sua pele e o cheiro de seu suor, tudo sobre o homem me deixava louca.
Insaciável. Tanto faz.
— O que? Oh sim. Na maior parte. — Eu me esfreguei contra sua perna,
longe de me preocupar como eu parecia. Apenas gozar importava. — E?
— E. — Sua mão agarrou minha bunda, puxando-me com mais firmeza
contra sua perna, me moendo contra ele. Enquanto isso, sua outra mão estava
realizando proezas incríveis com meu seio esquerdo, rolando e beliscando
levemente o mamilo. Dedos me agarrando um pouquinho mais do que o necessário.
Foi estranho. Com ele, gostei dessa vantagem.
— Droga, você está molhada. O seu cheiro está me matando. Eu poderia te
comer porra inteira.
— Em mim agora. Oral depois.
— Mais tarde, — ele concordou. — Precisamos mover isso para o quarto.
— Não há tempo.
— Merda.— Ele se concentrou em meus lábios, alternando beliscões com
beijos. Mas suas mãos continuaram fazendo coisas boas também. Coisas
maravilhosas e surpreendentes. E sério, já era o suficiente. Hora de passar para a
parte real do pênis na vagina do programa.
Eu enfiei minha mão em sua cueca boxer, deslizando a palma da minha
mão sobre o seu pau. Pele macia e suave sobre a dureza mais perfeita. Era oficial.
Minha mão estava no céu. Sério, quem teria pensado que a salvação estava
escondida nas calças de Vaughan? Eu não.
Eu envolvi meus dedos ao redor dele, acariciando reverentemente.
Com um gemido, sua cabeça caiu para frente, descansando contra a minha.
Pré-sêmen umedeceu meus dedos, encorajando meu aperto, aumentando meu
ritmo.
— Não me faça te foder contra esta porta, Lydia.
Tudo dentro de mim apertou forte. — Deus, isso soa bem. Vamos fazer isso.
— Merda.
Eu deslizei minha mão livre na parte de trás de seu cabelo, puxando sua
boca para baixo para a minha. Chegara a hora de pegar o que eu queria. Tudo o
que eu queria. E diabos sim, eu estava indo atrás disso.
Com um grunhido, ele atacou minha boca, beijando-me ferozmente. Nós
usamos nossos lábios, dentes e línguas. Desesperados para entrar um no outro de
qualquer maneira que pudéssemos. Guerras tinham sido menos confusas. Sua
língua emaranhada com a minha, me dando um gosto dele. Mas não era o
suficiente. Nunca poderia ser o suficiente.
Quadris trabalhando, ele fodeu meu punho. Seu pênis ficando mais duro e
mais grosso. Muito mais disso e eu gozaria em sua perna, ele na minha mão. Que
ideia incrível. Só o pensamento quase me levou até lá.
Tão perto.
Então, em uma corrida todo-poderosa, ele empurrou para trás, fora do meu
alcance, longe da minha boca. Um pouco perigoso, mas acho que o homem sabia
o que estava fazendo. Talvez. Sem sua coxa me sustentando, minha bunda quase
caiu no chão. Minhas costas começaram a escorregar pela porta, os joelhos
balançando. Levou um tempo para eu me levantar.
— Vaughan?
Com a mão enrolada em torno de seu pênis, ele ficou de pé, pendurando a
cabeça. — Espera.
Alças de sutiã deslizavam pelos meus braços, a roupa de baixo caindo
lentamente. Eu ajudei, deixando de me importar com a coisa toda de imagem do
meu corpo. — Mas..
— Um segundo. — Ele pegou sua calça jeans, vasculhando os bolsos.
Tirando de dentro um pacote de preservativo e ele rasgou-o como um homem
possuído.
Sim. SIM.
Eu empurrei minha calcinha, quando ele fez o mesmo com sua cueca boxer.
Poderia ter sido uma corrida a julgar pela determinação de sua boca, o olhar feroz
em seus olhos. Com movimentos rápidos e seguros, ele colocou o preservativo. E
então veio para mim. Por um momento, quase senti medo. O doce e divertido
Vaughan havia deixado o prédio há muito tempo. Esse homem era outra pessoa
completamente diferente. Tentei voltar, mas não havia para onde ir.
Nossos corpos colidiram, batendo na porta. Mãos agarraram meu rosto,
manobrando minha boca, segurando-a em posição para um beijo ardente. Então
ele agarrou minhas coxas, me empurrando para cima, pegando meu peso e
envolvendo minhas pernas ao redor dele. Tudo aconteceu tão rapidamente. Com
uma mão na minha bunda, ele se abaixou entre nós com a outra, moveu seu pênis
para a posição. A cabeça imediatamente começou a empurrar, separando minha
carne, tornando-se uma comigo. Tudo que eu pude fazer foi segurar seu pescoço e
recebê-lo.
Lenta, mas seguramente, ele me encheu. Somente quando seus quadris
estavam contra mim e nós estávamos pele a pele ele fez uma pausa. Seus lábios
roçaram minha bochecha, colocando beijos de boca aberta ao longo do meu queixo.
— Ok? — ele perguntou, seu corpo tremendo com o esforço por se segurar,
para aguardar a minha resposta.
Em resposta virei a cabeça, encontrando sua boca com a minha, beijando-
o estupidamente. E assim começou. Não posso dizer que sei exatamente como é
ser pregada em uma porta. Mas o jeito que Vaughan fez isso foi uma experiência e
tanto.
Ele se afastou antes de penetrar profundamente dentro de mim,
empurrando forte e seguro desde o começo. Não havia ir com calma. Nenhum
acúmulo suave. Nós dois estávamos longe demais para essas coisas. Nossa pele
bateu forte juntas, suas bolas batendo na minha bunda. O comprimento grosso
dele mergulhou em mim uma e outra vez. Com nossos dentes batendo juntos,
tivemos que parar de beijar antes que alguém se machucasse. O suor escorria por
nossas peles e os sons de nossa respiração encheram a sala.
Com toda honestidade, nós estávamos meio selvagens. Animalescos.
Definitivamente obscenos.
Dedos cavaram fundo nas bochechas da minha bunda quando ele nos
inclinou para a direita. Então sua pélvis continuou fazendo contato com meu
clitóris. De novo e de novo, ele bateu no meu ponto doce, me empurrando para
mais perto da borda, me mandando para fora da minha mente. A eletricidade corria
através de mim, o sangue corria, todos os nervos cantavam. Eu nunca estive tão
nervosa, toda tensa da cabeça aos pés, desesperadamente precisando de liberação.
A força dele me segurando, o jeito como seus músculos se destacavam em
evidência. O cheiro de sexo e suor. Era tudo de bom e certo. Mesmo a ocasional
pontada de dor de Vaughan me batendo na porta, me esticando, enchendo-me além
do que eu achava que poderia suportar.
Então seus dedos se contraíram, apertando as bochechas da minha bunda
com força. De alguma forma, ele mudou o que estava fazendo um pouco. O ângulo
ou a maneira, só Deus sabe. Mas seus quadris bateram em mim quando ele
empurrou com força, esfregando sua pélvis contra o meu clitóris. A pressão foi
construída até o ponto de ruptura na base da minha coluna, cada músculo em
mim se contraindo. Uma vez, duas vezes, três vezes ele fez isso e então meu mundo
ficou branco.
Estrelas. Fogos de artifício. Cada parte de mim convulsionando como se eu
estivesse tremendo, explodindo. Logo, não haveria mais nada de mim. E ainda
assim, ele me segurou firme. Minha espinha bateu na porta, fazendo-a tremer, suas
dobradiças rangendo. Seu corpo se movendo no meu, nossas partes do corpo
emaranhadas ao ponto de eu achar que nunca nos separaríamos.
Até ele fazer barulho, um grito gutural. Mais duas vezes ele me encheu.
Rosto enterrado no meu pescoço, e ele gozou.
Capítulo Quinze
— Espero que você esteja feliz consigo mesma. — Grunhiu Vaughan,
deitado de costas, olhando para o teto.
Escondi meu sorriso contra o seu lado, respirando-o. Acontece que o
homem cheirava ainda melhor na manhã depois de sexo quente. Eu queria lambê-
lo da cabeça aos pés e depois voltar para mais. Em vez disso, bocejei, estendendo-
me cautelosamente. Certas coisas doendo da melhor maneira. Depois de meses e
meses de negligência, a alegria finalmente chegou ao caminho da minha vagina. —
Eu sinceramente não acho que poderia estar mais feliz.
Um grunhido.
— Obrigada por todo o esforço. Eu realmente apreciei isso.
— Você foi direto dormir.
— Eu sei, — eu disse. — Mas foi um dia muito longo e eu tinha acabado de
gozar o suficiente para causar danos neurológicos reais.
Outro grunhido.
— Agora que penso nisso, provavelmente estava mais perto do coma do que
do sono.
— Baby, você não é engraçada. — Ele passou um braço em volta de mim,
apesar de sua falta de diversão, dedos acariciando o lado do meu peito. Claro. Era
um homem ligado em peitos. — Era para ser romântico.
— E foi.
Ele levantou a cabeça cansada. — Lydia, você tem contusões nas costas por
eu ter te fodido com força na porta da frente. Eu posso não ter muita experiência
nessa área, mas tenho certeza que isso não é romance.
Isso do próprio Sr. Mordida. O cara estava falando sério.
Fachos de luz do sol brilhavam através das aberturas das cortinas. Apenas
o suficiente para iluminar as velas apagadas espalhadas pelo quarto, os vasos
transbordando de flores silvestres. Uma garrafa fechada de champanhe em um
balde de gelo há muito tempo derretido. Tenho certeza de que os lençóis frescos
eram de algodão egípcio. Eu queria rolar sobre eles com Vaughan até o mundo
explodir. Que maneira perfeita de fazer a minha saída.
Me mexi mais perto, segurando firme. Agir como um carrapato às vezes é
relaxante, não questione isso. — Aprecio você ter tido todo este trabalho. Obrigada.
Com um suspiro, ele encostou a cabeça no travesseiro. — Eu vou dever ao
Joe por anos por fazer tudo isso enquanto estávamos no trabalho.
— Você certamente se esforçou. O quarto parece incrível.
— Sim. — Seu rosto carrancudo se tornou envergonhado. — Na verdade, eu
apenas dei a ele vinte e pedi para ele pegar um buquê de flores e algumas velas.
Eu não tinha ideia de que ele faria tudo isso.
— Hã. Quem teria pensado que Joe teria a alma de um romântico?
Todas as flores e os conjuntos de velas, o espumante no gelo e os lençóis
impressionantes. Surpreendente. O grande urso loiro barman sabia como cortejar.
Ele me deu um tapinha no braço. — Tenho que usar o banheiro.
Eu o liberei e lentamente me sentei, segurando o lençol no meu peito. Uma
ótima posição para ver toda a bondade que era Vaughan Hewson se levantar da
cama. A pele pálida e tinta em suas costas, seus ombros largos e bunda firme.
Tudo tão bom. Ele passou a mão pelo cabelo vermelho-dourado desgrenhado e
bocejou alto, vagando pelo corredor em toda a sua glória nua. — Eu deveria cortar
o cabelo.
— Não, — ordenei, com um pouco de força, considerando a natureza
temporária do nosso relacionamento. — Corte quando eu for.
Ele riu e foi atender ao chamado da natureza. Eu precisava fazer um pouco
disso e escovar os dentes também. Além disso, meu cabelo parecia incrivelmente
com o inferno. Eu provavelmente deveria arrumar isso algum dia. Engraçado, com
Chris eu estive sempre preocupada com a minha apresentação. Constantemente
verificando meu cabelo e maquiagem até o ponto do TOC. Não apenas no trabalho,
como de costume, mas o tempo todo. No entanto, aqui estava eu em uma bagunça
completamente amarrotada e bastante relaxada sobre a coisa toda. Estranho como
a mulher que eu tinha sido com Chris facilmente desapareceu. Eu poderia beijar
Paul por enviar o vídeo e me impedir de cometer o maior erro da minha vida. Beijar
e bater nele também. A raiva não havia diminuído completamente.
— Hey. — Vaughan sentou no final da cama, puxando gentilmente o lençol.
Eu segurei no meu peito, mantendo as coisas cobertas. — Ei.
— Você está franzindo a testa.
— Estava apenas pensando em Chris. O quanto o deixei mexer com a minha
cabeça.
Ele balançou a cabeça, dando ao lençol outro puxão.
Eu segurei com mais força. — Você sabe, não foi só ele. Foi o mundo inteiro
deles. Tudo era imagem, o tempo todo. O cabelo certo, a roupa certa, as etiquetas
certas. E me deixei levar por isso. Eu comprei isso.
— Você estava procurando por felicidade, Lydia. Como você sabe que algo
funciona a menos que faça uma tentativa?
— Talvez.
— Estou à procura de felicidade. — Ele puxou o lençol.
Eu agarrei contra o meu peito. — Você está?
— Oh, sim. — O bastardo sexy me deu um sorriso lento. — Nenhum
trabalho hoje. Somos livres para fazer o que quisermos.
Instantaneamente, meu sexo se aqueceu, sabendo exatamente como e o que
ele queria. Mas a prática Lydia chegou à minha boca primeiro, a vaca. Alguns
hábitos são difíceis de quebrar. — Achei que você disse que iria consertar a porta
da cozinha e trabalhar mais um pouco no Mustang, começar o jardim dos fundos.
E eu deveria repassar a papelada de Ray e procurar um carro.
Suas sobrancelhas foram empurradas para baixo, ele me deu um olhar
desapontado.
— Talvez?
— Baby. — Vaughan sacudiu a cabeça, puxando um pouco mais o lençol.
— Essas coisas são trabalho. Elas não nos farão felizes.
— Não?
— Não. Mas foder vai.
— Verdade. Ok, então. — Eu sorri.
O homem louco se lançou para mim. Minhas costas bateram no colchão e
eu fui coberta, o longo comprimento de seu corpo suspenso sobre o meu.
Felizmente, ele se conteve antes do impacto. Nós dois tínhamos hematomas
suficientes. A pele é o nosso maior órgão e ele brincou com a minha como um
maestro. Enquanto eu ria como uma lunática, me contorcendo debaixo dele, ele
acariciou meu pescoço, sua barba fazendo cócegas em cada maldito ponto sensível.
O calor do seu corpo, a sensação de seu cabelo roçando em mim, tudo isso
alimentou o fogo que se formava entre nós. Lentamente, ele abriu caminho até os
meus seios. Todas as minhas partes de menina ainda doloridas da noite anterior
estavam completamente despertas e querendo mais. Esquadrões de borboletas
voaram no meu estômago. O homem era uma experiência de corpo inteiro, incrível
e viciante. Eu conseguia ver que eu nunca teria o suficiente dele.
Um dia na cama com Vaughan parecia o paraíso. O celular dele zumbindo
na mesa de cabeceira, nem tanto.
— Merda, — ele murmurou, estendendo a mão e levantando-o para dar uma
olhada na tela. — É Nell. É melhor eu responder ou ela continuará ligando.
Eu chorei por dentro, minha ânsia pelo homem me deixando fraca.
— Sim, — ele respondeu, deitado de lado ao meu lado. Os cantos de sua
boca se fecharam. — Ainda estamos na cama. O que você quer falar com ela?
A voz de Nell soava pequena e distante. Tanto quanto eu gostava da mulher,
eu não queria falar com ela agora.
— Pelo amor de Deus. — Ele estendeu o celular.
Eu peguei. — Oi, Nell.
— Você precisa ter seu próprio telefone. — disse ela.
— Eu sei.
— E o que você está fazendo na cama do meu irmão?
O irmão em questão afastou o lençol excepcionalmente fino e começou a
beijar o meu tronco mais uma vez. Lambendo aqui, mordiscando lá. Que homem
bom. Meu coração bateu em dobro, inundando-me com hormônios ainda mais
felizes. Eu acariciei seus cabelos, em seguida, empurrei-o na direção da minha
buceta. De uma maneira amigável. Você sabe. Ele riu e sacudiu meu aperto, dentes
afiados morderam meus dedos. Cristo, ele era fofo. E quente.
— Você realmente não quer que eu responda a essa pergunta. — disse a
ela.
Nell gemeu. — Bem, o que você está fazendo, pare. Preciso de você no bar.
— O que? Não, — Eu disse, com a voz em pânico. — Não posso. Estou com
a peste negra.
— Bom. — Murmurou Vaughan, movendo-se cada vez mais perto de onde
eu o queria. Precisava dele.
— Tome um Advil, — disse Nell. — Rosie pegou a infecção estomacal de seu
filho e Joe está ajudando seu pai em um trabalho de construção. Estamos
reservados para o almoço. Masa não consegue lidar sozinho.
— Quem é Masa? — Perguntei.
— Um dos meus garçons, ele acabou de voltar de férias. Frequenta a
faculdade de tecnologia local. Você vai gostar dele.
— Ótimo. Mas e Eric, ele não pode ajudar?
— Eric está atrás do bar, — disse ela, obviamente ficando impaciente. —
Vamos lá, eu vou cozinhar algo delicioso só para você.
— Nell ...
— Olha, sei que você prefere fazer coisas na cama com meu irmão, mas
preciso de você. Por favor, Lydia?
GAH. — Bem. Deixe-me tomar um banho rápido, então vou estar aí.
— Obrigada. — Ela desligou no meu ouvido.
As pessoas eram as piores. Eu dramaticamente joguei meu braço sobre
meus olhos, chorando baixinho. Ok, então não eram lágrimas reais. A tristeza, no
entanto, não foi fingida.
Vaughan aproveitou a oportunidade para morder minha coxa, afundando
seus dentes em minha carne e me segurando. Isso machucou. — Ow
— Isso é por não colocar sua felicidade em primeiro lugar. — Ele beijou o
ponto dolorido uma vez ou duas. Então ele lambeu. — E isso é por ajudar minha
irmã. Eu vou isso ficar melhor quando você sair do trabalho.
— Espero. Idiota. — Coloquei o celular de volta na mesa de cabeceira,
saindo da cama. — Continue me mordendo assim e eu vou comprar uma focinheira
para você.
— Sua pele é tão bonita que não consigo resistir a deixar minha marca em
você. É sua própria culpa. — Nem mesmo uma pequena sugestão de remorso vinha
dele. — Continue. Eu vou fazer café, você toma banho.
— Obrigada. Posso pegar seu carro emprestado?
— Eu vou te levar, e te buscar quando você terminar. — Braços me
envolveram enquanto ele me abraçava por trás, pressionando-se contra as minhas
costas. Eu tinha esquecido como era bom ter um macho quente e com tesão por
perto. Este em particular funcionava para mim por grande parte do tempo. Grande.
— Você tem certeza?
— Me dá uma chance de pegar algumas cordas no Andre. E resolver
algumas coisas.
— Legal. — Passei minhas mãos por seus braços, apreciando a sensação
dele, de estar com ele.
Ele alinhou o comprimento de seu pênis com a divisão entre minha bunda,
esfregando-se contra mim. Uau. Que sensação interessante. Minha coluna
endureceu, em seguida, relaxou, entrando no clima. Ele retumbou um baixo ruído
de aprovação no meu ouvido.
— Nós não temos tempo, — disse, ficando ligada novamente. Eu estava uma
bagunça molhada e devassa, inchada. De jeito nenhum Nell poderia me cozinhar
algo delicioso o suficiente para compensar a perda do tempo na cama com
Vaughan. Impossível.
— Eu sei. — Grandes mãos agarraram meus quadris, puxando-me
firmemente de volta contra ele. — Foda-se, isso é bom.
— Vaughan. — A sensação dele endurecendo, e alongando, dificultou a
minha respiração. Pensar estava praticamente impossível.
— Eu gosto da sua bunda, baby. Gosto muito.
— Pensei que você fosse um homem de peito.
Sua boca quente pressionou contra o meu pescoço, acendendo fogo onde
quer que fosse. Uma mão espalhada sobre a minha barriga, a outra brincando com
um mamilo. Ele continuou a esfregar-se contra mim, tornando tudo muito pior. Ou
melhor. Ambos, talvez.
— Também, — disse ele. — Mas eu praticamente quero beijar, lamber,
morder e foder cada pedacinho seu.
Oh Deus. Meus joelhos tremeram.
— Merda. O timing da Nell é uma droga. — Ele gemeu, recuando. — Tome
um banho.
— Certo. — Meus joelhos fracos tremeram. — Vá fazer café.
— Sim.
Tropecei em direção à porta. Então parei, confusa no corpo e na mente, mas
curiosa sobre alguma coisa. — Ei. Você nunca terminou essa história na noite
passada.
Com uma cara de dor, ele segurou seu pênis contra seu estômago. — O
que?
— Aquela sobre a garota e você gozando cedo demais.
Ele meio sorriu. — Ah sim. Então ela me diz para pensar em outra coisa
que eu goste enquanto estamos transando. Para tirar minha mente de estar dentro
dela e tudo mais. Da próxima vez que fizermos, pensei nas guitarras Fender. Eu
pensei nelas muito duramente. Disse a ela meu plano, então ela sabia que estava
tentando.
— E?
— Eu durei. Ela gozou gritando: — Sim! Fenders! — Ele sorriu. — Acordou
os pais dela. Nunca escalei uma janela tão rápido na minha vida.
Silenciosamente, eu ri, balançando a cabeça. — Ótimo.
— Mm.
— Por que você estava me dizendo isso? — Me inclinei contra a porta,
observando-o. Cuidadosamente, lentamente, ele se sentou na beira da cama. —
Quero dizer, é uma ótima história. Mas por que ontem à noite?
— Não sei. — Ele suspirou. — Fazer você relaxar, tirar sua mente de se
preocupar com seu corpo.
— Oh
Um encolher de ombros.
— Obrigada.
— Não gostei de você tentar esconder partes do seu corpo de mim. —
Vaughan olhou para a parede. — Eu não sou como aquele idiota, escolhendo a
dedo quais pedaços de você combinam com ele e esperando que você mude o resto.
Estou em você, Lydia. Toda você.
Meu coração parecia enorme. Fora de controle.
— Funcionou. — Eu disse, a voz grossa de emoção apesar dos meus
melhores esforços.
Ele virou a cabeça para mim.
— Estou aqui nua, sem cobrir nada. Essa não é geralmente eu. — Dei de
ombros, nervosamente rindo. De alguma forma, ter minha bunda pálida e inchada
e protuberâncias em exibição não me enviou correndo para me esconder. Ainda.
Um milagre, na verdade. O cabo-de-guerra anterior com o lençol tinha sido mais
divertido do que qualquer outra coisa. — Eu não sei ... acho que confio em você.
Quero dizer, eu devo.
Nada.
Nenhuma coisa maldita.
Ai. Quando eu aprenderia? Revelar a sua alma era uma droga. Eu olhei para
o chão, a parede, para tudo, menos para ele. Não fazia sentido algum. Quer dizer,
ele me contou uma história boba. Então ele foi gentil, compreensivo. Ele estava
sempre sendo gentil e compreensivo. Isso não era novidade. Que ele então me fodeu
até me deixar sem sentido, me dando o melhor sexo da minha vida até agora,
significava que nós tivemos uma ótima noite. Mas não alguma experiência que
alterava a vida, alterava a percepção e alinhava as estrelas. Eu acabei de passar
por um período de crescimento e ele acabou sendo parte disso.
Isso é tudo.
Quando eu aprenderia? Só porque minha vagina estava se divertindo não
significava que meu coração tinha que ficar todo pegajoso.
— Baby, — disse ele. — Olhe para mim.
Relutantemente, eu fiz.
— Obrigado.
Eu assenti.
— Eu já disse isso antes, mas ... fico feliz que você esteja aqui.
— Eu também. — O sorriso no meu rosto parecia estranho, errado. Está
na hora de verificar a realidade. Coisas que realmente não deveriam significar nada,
estavam começando a parecer grandes e importantes, e isso não era necessário
nem bom.
Apenas amigos fazendo sexo. Nada mais.
Capítulo Dezesseis
— O que você sabe sobre o trabalho em livros?
Desatei meu avental, jogando-o no cesto de roupa suja. — Introdução de
dados contábeis em um computador, você quer dizer?
— Sim.
— Um pouco. Eu posso digitar. Estou familiarizada com os programas
básicos.
Estávamos de volta ao pequeno escritório desordenado, a correria do almoço
finalmente diminuindo. Meu colega garçom, Masa, um jovem japonês que estudava
na faculdade de tecnologia local, tinha sido realmente legal. Trabalhar com ele foi
divertido. O Dive Bar poderia estar com pouco pessoal agora, mas aqueles que
estavam aqui eram sólidos. Até mesmo o Eric provou ser mais do que competente,
dando conta dos nossos pedidos de bebida enquanto conversava com um casal
passando um tempo no bar.
— Por que você está me perguntando isso? — Perguntei, me arrastando até
a única cadeira disponível na sala. — Deus, meus pés doem. Você é bom com facas,
corte-os para mim. Eu não os quero mais.
— Pare de ser uma princesinha chorona.
— Sério, eles doem. Se eu continuar fazendo isso, vou ter que investir em
sapatos com sola melhor.
A cabeça de Nell subiu. — Você está pensando em ficar?
— O que? Não. — Minha boca estúpida se abriu, e fechou. — Não, claro que
não. Eu não sei de onde isso veio. Já tenho uma carreira, sou agente imobiliária.
— Não, você não é. Você foi demitida.
— Obrigada, — respondi secamente. — Na verdade, preciso ler o acordo dos
Delaney hoje à noite. Deixar logo isso resolvido.
— Então você vai receber uma indenização? — Ela colocou os cotovelos
sobre a mesa e juntou os dedos, me observando com pequenos olhos brilhantes. —
Quanto você acha?
— Espero que o suficiente para eu comprar um carro usado decente e
ajudar a me reinstalar em outro lugar. — Cruzei minhas pernas, ficando
confortável. — Sinceramente não sei o que será. Estou com um pouco de medo de
olhar. Minhas economias não são imensas.
— Você tem um emprego aqui, um lugar para ficar.
— Nell, estas são apenas medidas de emergência. Você encontrará um novo
garçom e Vaughan partirá em breve, a casa será vendida.
Ela se encolheu.
O arrependimento me inundou. — Eu sinto muito.
— Não sinta. É a verdade. — Seu cabelo vermelho brilhante tinha sido
puxado para trás em um coque. Ainda parecia muito brilhante contra o pálido de
suas bochechas, as sombras sob seus olhos. Era preocupante.
— Você ainda parece um pouco diferente. Você acha que pode ter pego
qualquer vírus que a família de Rosie esteja tendo?
— Talvez. — Ela franziu o rosto. — Estou tão cansada ultimamente. Tudo
está me desgastando.
— Você tem lidado com muita coisa.
— Mm. Eric pediu desculpas e está carregando seu peso novamente, mas
Pat ainda não pisa aqui. Eu não vejo uma mudança a qualquer momento deste
século.
Tudo o que eu podia fazer era franzir a testa em seu nome. Os homens eram
tão babacas às vezes.
— Eu só gostaria de ter o dinheiro para comprar a parte dele, — disse ela,
apertando os olhos fechados por um momento. — Minha parte da loja de tatuagem
não representa a metade do que eu preciso. Fazer de tudo para instalar este lugar
está me mordendo no rabo.
— Se você não tivesse feito isso, não teria o negócio em crescimento que
você tem. O investimento foi sólido.
— Sim. Apenas uma vergonha que meu casamento não foi. — Seus olhos
estavam brilhando de lágrimas. — Estou tão orgulhosa deste lugar, Lydia. Eu não
posso perder isso.
Era uma situação difícil. Promessas falsas não ajudariam, então eu mantive
minha boca fechada.
Um suspiro pesado. — De qualquer forma, você gostaria de mais algum
trabalho? Nós tínhamos uma ótima contadora, mas ela se aposentou no último
Natal. Eu estava esperando que entre todos, nós poderíamos nos manter nisso,
mas não está acontecendo. Joe tem o computador e o programa pronto para
começar. O que você diz?
Fechei meus lábios, considerando as consequências. Mais dinheiro. Menos
tempo com Vaughan. Um pensamento muito triste, de fato.
— Provavelmente levaria apenas um ou dois dias para nos atualizar, — Nell
reclamou, sentando-se no banco. — E você estaria sentada o tempo todo. Eu
garanto que não vai machucar seus pés. Por favor, Lydia?
— Você já usou 'por favor' comigo hoje.
— Por favor, por favor? — O rosto que ela fez foi verdadeiramente patético.
Algum tipo de cruzamento entre um cão de caça e uma preguiça ruiva deprimida.
Não foi bonito. — Estou disposta a implorar. Beijar seus pés fedorentos eu descarto,
mas implorar definitivamente poderia acontecer.
— Deus. Tudo bem — eu disse, levantando lentamente. — Mas você comece
a procurar por um novo contador.
— Absolutamente.
— E um novo garçom.
— Sim.
— Falo sério, Nell. — Pontei o dedo indicador para ela.
— Eu sei. — Ela sorriu beatificamente.
Não confiei naquele sorriso nem um pouco. — Tenho que ir encontrar
Vaughan.
— Falando nisso. — Ela delicadamente franziu o nariz, os olhos brilhando
com malícia. — Você pode por favor usar mais corretivo nas mordidas da próxima
vez? Ou isso, ou peça ao meu irmão para parar de usar você como seu brinquedo
de mastigar. Você está afrontando a classe do lugar com sua brincadeira sexual
pervertida. Não está certo isso. Somos um estabelecimento sério e respeitado.
— Oh, sim, — eu disse sarcasticamente. — tocar música punk durante todo
o dia definitivamente reforça essa imagem.
— Era a vez de Boyd escolher a música. Ele diz que escolhe o punk para
acalmar o fantasma de Andre Sênior.
— Você realmente acha que o lugar é assombrado? — Perguntei, curiosa.
Nenhum fantasma jamais cruzou meu caminho, mas você nunca sabe. Havia muito
neste mundo que eu não conseguia explicar nem rotular.
Nell apenas deu de ombros. — Pode ser. O velho era definitivamente casado
com o lugar. Ele quase nunca ia para casa, pergunte ao André Júnior sobre isso.
Sua mãe era modelo, sempre viajando a trabalho. Eventualmente, ela conheceu
outra pessoa e se estabeleceu em Nova York. Andre viajou de um lado para o outro,
mas ele basicamente se criou sozinho.
— Infância difícil.
— Sim. Andre Sênior amava tanto este lugar que não deixava muito espaço
para mais nada.
— Algumas pessoas não deveriam ter filhos, — eu disse, soando com mais
do que um toque amargo. Memórias envenenaram meu presente, como sempre
faziam. — Idiotas egocêntricos, é ridículo.
— Sim.
— Não é como se você tivesse que fazer isso. Não há exigência legal para
reprodução. Mas as pessoas sem qualquer intenção se importar em ser pais
continuam fazendo mesmo assim.
Nenhuma resposta, além de um sorriso triste.
— De qualquer forma. — Ugh. A tampa da minha merda emocional
precisava de conserto, imediatamente. — É melhor eu ir.
— Obrigado por ter vindo de novo, Lydia. Você salvou nossas bundas.
— Claro. — Eu colei um sorriso no rosto e fui para a saída.
— E obrigado por me ouvir choramingar.
Eu parei, então refiz meus passos, colocando minha cabeça de volta na sala.
— Idem, Nell.
O sorriso que ela me deu valeu a pena. Era bom ter uma amiga.
***

Lá fora, o sol da tarde batia, assando o topo da minha cabeça. Um carro


ocasional passava e alguns compradores estavam passeando. Sobretudo,
entretanto, estava tranquilo. Como se toda a área tivesse caído em uma calmaria
à tarde. Hora da sesta. Sacudi o resquício do meu discurso sobre maus pais. Ver
Vaughan faria maravilhas. Eu juro que meu corpo começou a formigar apenas com
o pensamento.
Um letreiro estava na calçada quente anunciando que a Inkaho estaria
aberta até as oito. Um pouco distante eu podia ouvir o zumbido da agulha de
tatuagem fazendo sua coisa. Eu não vi Pat desde a noite da grande luta e
certamente não parei e acenei pela janela da frente. Deus sabe o que eu diria ao
homem.
Enquanto o Dive Bar brilhava como novo e o estúdio de tatuagem de Pat
parecia bem conservado, o Guitar Den era de um estilo mais simples. Entrei, grata
pelo frio do ar-condicionado. O carpete industrial cinza que estava gasto cobria o
chão, sob um grande balcão de metal e vitrine. Amplificadores em todo lugar, uma
bateria estava montada atrás, e as paredes eram cobertas por todo tipo de guitarra
- a maior parte das quais eu não sabia nada.
Um retrato de Bill Murray estava pendurado atrás do balcão. Uma escolha
interessante de santo padroeiro.
De dentro da loja vinham vozes, o som da música. Eu o segui para uma
área aberta escondida atrás de uma parede de amplificadores. Era um jardim
secreto feito para instrumentos de seis cordas.
— Oi. — disse Andre, encostado no final de uma prateleira de guitarras no
teto. Como o homem conseguia parecer elegante em uma camisa havaiana
vermelha brilhante eu não fazia ideia.
Algumas pessoas simplesmente nascem legais. Eu não era nem
remotamente uma delas.
— Olá, Andre.
— Olha isso. — Ele empurrou o queixo na mesma direção que a música
estava vindo.
Vaughan estava sentado em um banquinho baixo, tocando violão, enquanto
três crianças de diferentes idades assistiam. Seus rostos estavam arrebatados. Eu
entendi completamente o porquê. Vaughan com um violão nas mãos encantaria
qualquer um.
Ele era mágico.
A precisão de seus dedos e a dança dos músculos em seus braços. Com o
maxilar cerrado e os olhos distantes, ele tecia a música do nada, enchendo a loja
com sua beleza. Não era nada extravagante, cheio de dedilhado e interpretação de
estrelismo. Apenas uma música antiga de rock suave. De Dylan, eu acho, embora
tenha ouvido essa com um novo arranjo musical um milhão de vezes. O cuidado
que Vaughan lhe deu, no entanto, o coração, tornou-a especial.
— C para G. — disse uma das crianças, que parecia que estava no início da
adolescência.
— Isso mesmo. — Vaughan sorriu enquanto continuava tocando.
— Então D. — acrescentou outro, apontando para as cordas inferiores.
— Sim. Você entendeu.
O terceiro permaneceu em silêncio, olhando para os dedos.
— Ele é bom com eles. — Eu disse baixinho para Andre.
— Não, ele é ótimo com eles, — ele sussurrou de volta. — Isso vem
acontecendo há mais de uma hora.
— Realmente? — Olhei para o grupo com admiração.
Andre deslizou a mão na minha, me puxando de volta para não perturbá-
los com a nossa conversa. Ele me levou até o balcão, apertando meus dedos antes
de soltar.
— As crianças pertencem a dona do salão de cabeleireiro do outro lado da
rua, — disse ele. — Ela já passou duas vezes para verificar eles, quer inscrever
todos os três para ter aulas com ele. Já comprou uma guitarra de tamanho menor
para eles usarem.
— Você não dá aulas?
Seu sorriso escorregou um pouco. — Honestamente, eu não sou tão bom
com as crianças. Adolescentes mais velhos, adultos? Tudo bem. Mas as crianças
menores de dezesseis anos geralmente possuem uma atenção de dois segundos.
Aborrece a vida fora de mim. Além disso, eles nunca treinam.
Eu ri. — Você disse a ela que Vaughan estava apenas visitando?
— Sim. Ela disse que preciso convencê-lo a ficar.
Em um enxame de barulho e movimento, as crianças passaram correndo
por nós e saíram pela porta.
— Não corram! — Andre rapidamente os seguiu, xingando baixinho. —
Usem a faixa de pedestres! Ei, vocês estão me ouvindo?
Uma onda quente de ar do verão explodiu e a porta da loja se fechou
novamente, a campainha acima da porta se agitou. A voz de Andre desapareceu,
ainda gritando ordens para as crianças enquanto ele as escoltava para o outro lado
da rua. De uma loja do outro lado veio uma mulher com cabelo azul brilhante.
Todas as três crianças basicamente caíram sobre ela, a excitação deles era óbvia,
mesmo à distância. Ela os abraçou de volta com exuberância. É bom ver alguém
se envolver com seus filhos, ser carinhoso.
Um braço deslizou ao redor dos meus ombros, um corpo familiar estava ao
meu lado. Calça jeans desgastada, um par de Converse verde surrado e uma
camiseta. (Hoje foi o Clash. Ele teria gostado da música punk de Boyd.) Era o
guarda-roupa habitual de Vaughan, e droga, ele o usava bem. Ray-ban no alto da
cabeça, segurando o lindo cabelo pra fora do rosto.
Mesmo completamente vestido, o homem fez minha boca encher de água.
O que ele me fazia sem roupa era melhor não mencionar por educação.
— Como foi no bar?
— Tudo bem, — eu disse, chegando nele para um beijo rápido. Ser capaz
de fazer uma coisa dessas? Melhor. Sentimento. De. Sempre. — Rosie tinha
acidentalmente superlotado, mas eu movi algumas mesas ao redor, perguntei a
algumas pessoas se elas não se importavam em sentar no bar. Tudo consertado.
— Ninguém te deu nenhuma merda?
— Não. Só não me pergunte de onde vieram aqueles pedaços de corpos
sangrentos na lixeira.
— Entendi. — Ele roubou outro beijo rápido.
— Ouvi dizer que você começou a dar aulas de violão.
Ele soltou uma risada. — Sem querer. Foi realmente divertido.
— Eu vi. Você os tinha na palma da sua mão.
— Sim? — Chegando mais perto, ele esfregou a ponta do nariz contra o
meu. O homem era uma mistura perfeita de quente e doce. — Eu acho que prefiro
ter você na palma da minha mão.
Minha boca se abriu, mas nada saiu. Língua amarrada. Morte cerebral.
Retardamento. Ele me fez todas essas coisas e muito mais. De pé tão perto, olhando
para mim como ele estava, o homem me deixou praticamente inútil.
— O que você acha, Lydia?
— Eu não posso.
Uma carranca. — Você não pode o quê?
— Pensar.
Seu sorriso era puro prazer carnal.
A campainha tocou de novo e Andre entrou, todo sorridente. — Essas
crianças são seus novos maiores fãs. Você deveria ter ouvido eles falando sobre
você.
Vaughan recuou um passo. Graças a Deus. Eu tenho a sensação de que
montá-lo no balcão do Guitar Den poderia ser um grande problema. Lugar público,
as crianças tinham estado presentes recentemente, etc.
— Eles são ótimos garotos. — disse Vaughan.
— Não, — corrigiu Andre. — Você é um ótimo professor.
Com uma risada, Vaughan moveu a mão para a parte de trás do meu
pescoço e começou a esfregar. Os músculos doloridos diminuíram. Até os meus pés
pararam de doer, principalmente. Eu me inclinei em seu toque, o encorajando.
Todo e qualquer contato com o homem tornava as coisas melhores.
— Estou falando sério, — disse Andre. — Você tem um dom, Vaughan.
— Não. Só um pouco mais de paciência com as crianças do que você.
Andre cortou o ar com a mão, subitamente sério. — Besteira.
— Homem.
— Eu não precisava disso, então praticamente deixei o lado de aulas do
negócio deslizar. Mas não demoraria muito para você construir de novo, — disse
André, com a mão estendida e a expressão séria. — A sala à prova de som está lá
atrás, está tudo lá. Volte aqui e dê aulas de violão. Você pode ganhar dinheiro
decente fazendo algo que você gosta.
— Por favor.
— Não me diga que você não estava gostando de compartilhar a música com
essas crianças. Eu vi seu rosto.
Os dedos caíram do meu pescoço e Vaughan se virou. — Foi divertido, claro.
Mas não é o que eu faço.
— Poderia ser.
Vaughan sacudiu a cabeça. — Escute, liguei para Conn mais cedo. Você
não vai acreditar nisso, mas Henning Peters quer trabalhar conosco. Isso não é
incrível?
— Impressionante.
— Né? Aparentemente, ele nos viu tocar no ano passado e gostou do que
ouviu. Pensa que poderíamos escrever algumas coisas boas juntos, — disse
Vaughan. — E escuta isso, ele tem gravadoras já na fila querendo ouvir seu
próximo projeto.
— É isso que você quer, ser o projeto de alguém?
— Claro que sim. Henning está prestes a ficar grande e nós estaremos lá
com ele. Vamos, Andre. Esta é uma oportunidade incrível, você sabe disso. — O
sorriso de Vaughan era grande, enorme. — Tudo o que tenho que fazer é sobreviver
financeiramente até termos músicas suficientes prontas, então vamos ganhar
muito dinheiro.
— É sobre isso agora, o dinheiro?
— Sempre foi sobre o dinheiro.
— Não, não foi, — argumentou Andre. — Quando você saiu daqui, queria
compartilhar sua música. Você queria tocar guitarra, escrever músicas e colocá-
las lá fora, tocar ao vivo. Isso é o que te levou.
Eu me afastei, ficando quieta. Desajeitada. Parecia que ser pega em
situações difíceis era o meu hobby nestes dias. Eu só queria saber como ajudar.
Além de manter minha boca fechada e ficar fora disso, é claro.
— Cristo, — respirou Vaughan, rindo baixinho. — Calma, Andre. Eu ainda
estou fazendo o que amo.
— Então por que você está tão fodidamente infeliz?
O rosto de Vaughan estava vazio, oco.
— Eu te conheço quase toda a sua vida. Você faz um bom show, mas não
está enganando todo mundo.
— Nós estamos passando por algumas merdas, isso é tudo.
Com o rosto forrado de frustração, André sacudiu a cabeça. — Eu não estou
falando sobre nós, sobre a banda. Estou falando de você.
Nada.
— Voltar para a costa não é a única opção pra você.
— Você está louco? — Vaughan respirou fundo, visivelmente procurando
por calma. — Esta é a maior oportunidade da minha vida. Eu não vou parar agora.
— Você tocou para milhares de pessoas, tem álbuns por aí, músicas nas
paradas. Claro como o inferno, que você chegou mais longe do que eu já cheguei,
— disse André com um sorriso autodepreciativo. — Se seus pais estivessem vivos,
eles ficariam em êxtase.
— Não é o suficiente.
— Quando algo não está mais funcionando, mudar seus planos não é
desistir. Não é fracasso.
— Talvez não para você. Mas para mim seria. Especialmente com Henning
agora na fita. Eu não vou ficar aqui, eu segui em frente.
Por um momento, Andre não disse nada e o silêncio ardeu. Mas suas
próximas palavras e o tom de sua voz eram muito piores. — Sim, Vaughan, você
seguiu em frente, e você deixou um monte de gente para trás.
Tudo parou como se alguém tivesse pressionado “pausa”.
Os dois homens apenas se entreolharam. Então um carro passou zunindo,
a campainha tocou e um cliente entrou. Nada havia mudado. Palavras furiosas não
impediram o mundo de continuar.
— Apenas me faça um favor, — disse Andre. — Quando você voltar para a
costa, ligue para sua irmã ocasionalmente. Talvez até Pat de vez em quando, ok?
Um aceno de cabeça.
— Obrigado.
— Lydia e eu temos planos, — disse Vaughan, pegando minha mão. Ele
segurou meus dedos apertados, seu aperto suado. — Vou te ver antes de ir.
— Tudo bem.
— Foi bom ver você de novo, André. — eu disse, oferecendo um breve
sorriso.
— Você também, Lydia. — Ele se aproximou, dando-me um beijo rápido na
bochecha. — Cuide-se.
Saímos da loja, descemos a rua e entramos no Mustang em menos de um
minuto. Dois passos para cada um dos de Vaughan, eu quase corri para
acompanhar, bufando todo o caminho. Ele não falou até que a chave entrou na
ignição, o motor acelerou, alto e orgulhoso. Lentamente, seus ombros desceram,
as paredes desabaram. Mas elas não desapareceram. Não de verdade.
Não para ele e não para mim.
— Desculpe por isso. — disse ele, olhando com firmeza a estrada à frente.
— Está bem.
— É melhor voltar, terminar o trabalho na casa.
— Certo. — Me agachei no meu lugar, segurando a bolsa no meu colo.
Alguém me disse uma vez que, quando as pessoas passam em instalações
assistenciais, é comum que homens sejam encontrados segurando seus pênis. As
mulheres, no entanto, agarram suas bolsas. Nosso dinheiro, nossas identidades,
nossas vidas estão dentro dessas coisas. Todos os fragmentos que coletamos ao
longo dos anos. Tudo o que podemos precisar para passar por qualquer emergência
menor ou maior.
Os homens são muito menos confiáveis do que as bolsas.
— Eu preciso ler os documentos dos Delaney, — eu disse, colocando minhas
prioridades de volta no lugar. — Deveria arrumar minhas coisas apropriadamente
também. Nell e eu jogamos tudo em caixas. Seria horrível se mais coisas se
quebrassem.
Um grunhido, do homem que está temporariamente ao meu lado.
Capítulo Dezessete
— Ei.
O homem deitado de pernas abertas no quintal levantou a mão e deixou
que caísse de volta à terra.
— Para você. — Eu disse, passando-lhe uma cerveja.
— Você é um anjo. — O suor em seu corpo brilhava ao luar. Fios úmidos e
escuros de cabelo se agarravam ao rosto dele. Ele bebeu uns bons três quartos da
cerveja em quatro, cinco segundos no máximo. Foi impressionante. Muito viril.
Ainda bem que eu trouxe um pacote de seis.
O cheiro de grama cortada enchia o ar. Todos os arbustos tinham sido bem
aparados. Em vez de uma Amazônia de Idaho, o quintal agora se assemelhava a
um belo jardim suburbano com uma impressionante fogueira de pedra no centro.
Sentei-me em uma das rochas ao redor, tomando minha cerveja. Estrelas
cintilavam no alto. A lua brilhava. Logo, Vaughan terminou sua cerveja e eu o
passei outra.
Ele se sentou, com os cotovelos apoiados nos joelhos. — Você vai dizer
alguma coisa?
— Sobre o quê? — Perguntei, olhando em volta. — O Jardim? Bom trabalho.
— Eu quis dizer sobre a briga com o Andre.
Levantei minhas sobrancelhas, tomando outro gole. — Não.
Nada ganhava de uma cerveja gelada numa noite de verão. Eu tomei banho
e vesti um vestido de algodão solto. Depois do pó da garagem e de embalar
novamente quase tudo que possuía, era necessário me limpar. Cabelos molhados
estavam enrolados na minha cabeça. Muito melhor para adicionar um pouco de
maleabilidade nele amanhã. Também deixou meu pescoço exposto à bela brisa
refrescante da noite, um bônus definitivo. Era tão bom depois do calor do dia.
Ele olhou para mim, depois olhou em volta. Um processo que ele repetiu
várias vezes, ocasionalmente parando para tomar um gole de cerveja.
— Eu não conheço você, Vaughan, — disse, quando eu não aguentava mais
o questionamento silencioso. — Não de verdade. E você não me conhece.
Sua testa franziu.
— O que Andre disse foi o suficiente para fazer você entrar em uma espécie
de confusão frenética de jardinagem. Eu não vou adicionar nada a isso.
— O quintal era apenas um trabalho que precisava ser feito, — ele
murmurou em torno do topo de sua cerveja. — Não há necessidade de fazer disso
algo importante.
— Certo. Apenas um trabalho que precisava ser feito ... por sete horas sem
pausa.
Um ombro levantou. — Isso foi o tempo que levou.
— De cueca.
— Ficou quente. — Ele tomou outro gole de cerveja. — Obrigado por deixar
as garrafas de água mais cedo.
— Sem problemas.
Por um tempo, bebemos em silêncio. Lá no alto as pontas dos velhos
pinheiros balançavam na brisa como se estivessem acenando para as estrelas.
Alguém em algum lugar tocava Simon e Garfunkel um pouco mais alto do que o
necessário. Por outro lado, a noite estava tranquila, agradável.
— Boa coisa sobre essas cercas. — Eu disse eventualmente.
— Hmm?
— Caso contrário, os vizinhos teriam um tempo maravilhoso assistindo você
cortar as sebes em sua cueca boxer.
Ele bufou. — Verdade. Essas cercas não são altas o suficiente para impedir
as noivas em fuga, no entanto.
Respirei através dos meus dentes, fazendo um ruído sibilante. — Uma raça
invasora desagradável. Eu ficaria surpresa se alguma coisa pudesse detê-las.
Ele apontou para a linha limpa de sebes com sua garrafa meio vazia. — É
assim que papai costumava deixar tudo limpo e arrumado. Então mamãe plantava
flores em todos os lugares que ela pudesse. Elas estariam se espalhando por todo
o lugar. Caos total.
— Sim?
— Tenho certeza que ela fazia isso apenas para deixá-lo louco. — Um
fantasma de um sorriso cruzou seu rosto. — Todo ano ela fazia com uma cor
diferente. Todas as flores brancas num verão, todas amarelas no seguinte e assim
por diante. Quer ouvir outra das minhas histórias embaraçosas?
— Inferno sim.
— Um ano, eu acidentalmente quebrei uma lâmpada. Estava jogando uma
bola dentro de casa, completamente contra as regras, — disse ele. — De qualquer
forma, culpei o cachorro. Uma bola de pelo fofinha que Nell tinha implorado para
que a comprassem no Natal. Ela até chamou a coisa estúpida de Bola de Neve.
— O que aconteceu? — Perguntei.
— Bem, mamãe sabia que eu estava mentindo sobre a lâmpada, mas ela
não podia provar.
— E o seu pai?
Uma risada. — Ele odiava o cachorro também. Me deu o benefício da dúvida.
— Pobre Bola de Neve.
— Mm. Ele teve que passar mais tempo fora depois disso, — disse ele. —
Nell não falou comigo por semanas e mamãe definitivamente não ficou
impressionada.
— Eu aposto. Você parece uma criança terrível. — brinquei.
— Espere, eu não terminei. — Ele virou em minha direção, seu sorriso sério
desta vez. — Então eu ia ter uma guerra de água no quintal durante a minha festa
de oitavo aniversário. Estava planejando isso há meses. Estoquei todos os balões
de água e eu e Eric passamos semanas construindo esses fortes gigantes de caixas
de papelão. Isso seria excelente. Absolutamente nenhuma garota seria permitida.
— E?
— Mamãe plantou rosa naquele ano. E não apenas rosa claro, oh não.
Flores cor-de-rosa brilhantes grandes em toda parte. Elas estavam penduradas em
cestos e enchendo panelas. Ela ficou frenética com elas, muito pior do que o
normal. — Ele fez uma pausa, bebeu. — Você não poderia vir aqui sem ficar cego
por todas elas. Parecia que um bando de flamingos havia explodido.
— Oh, não, — eu gritei dramaticamente. As minhas aulas de teatro do
último ano foram finalmente úteis, graças a deus. — Sua pobre masculinidade
crescente e credibilidade nas ruas. Se foi!
— Certo? Eu estava completamente humilhado. — Ele esticou as pernas,
semi reclinado em seus cotovelos. — Eric queria arrancar todas elas antes da festa
e tentar culpar Bola de Neve. Mas eu realmente não via como isso poderia funcionar
duas vezes.
— Provavelmente uma sábia decisão.
Um aceno de cabeça.
— Sua mãe parece incrível. — disse sem muita surpresa.
— Sim. Ela era.
Como eu não tinha qualquer história sobre pais para contar, a conversa
deu uma pausa de novo. Desta vez, no entanto, não pareceu estranho. Nós éramos
apenas duas pessoas passando um tempo juntos, olhando as estrelas em uma
noite de verão. Estava tudo bem.
— Eu conheço você, — ele disse baixinho. — Você está errada sobre isso.
Meu olhar saltou das estrelas para ele. Ambos igualmente impressionantes.
Seus olhos brilhavam ao luar, o que era singularmente inútil. Eu não consegui lê-
lo. Eu precisava de mais luz para ver sua expressão, para que pudesse descobrir
onde isso estava indo.
— Você não fez nada além de me mostrar quem você é desde que conheci
você. — disse ele.
E aí estava o problema. — Não tenho certeza se é justo me julgar pelos
eventos recentes. Os últimos dias possivelmente estão entre os mais bizarros e
traumáticos da minha vida.
— Lydia, você invadiu minha casa, socou um babaca mentiroso no nariz,
ficou comigo quando eu não queria ficar sozinho, entrou em cena para ajudar os
negócios da minha irmã, me perdoou quando eu me comportei como um idiota, me
limpou e a minha casa depois de uma briga, e me empurrou pra fazer sexo violento
com você.
— … sim.
— Sim, — ele repetiu. — Eu gosto de você. Mas mais do que isso, confio em
você.
— Uau. Isso é o que você tirou de tudo isso?
— É isso que eu vi.
Levantei minhas sobrancelhas, olhando para longe. Era muito para
absorver. Mais do que eu precisava ou menos do que eu queria, não conseguia
decidir. A confusão do coração é uma cadela. Assumir gostar, o mesmo que amor,
vinha do músculo vascular, é claro. Loucura obviamente vinha da cabeça e das
entranhas.
Então, enquanto a parte sensata da minha cabeça dizia coisas como “é
apenas temporário” e “relaxa”, a parte louca gritava “ Ooh veja, é Vaughan, ele é
tão bonito e brilhante e faz você se sentir bem” e “Pula no homem, pelo amor de
Deus”. E essa parte era muito, muito mais alta. Loucura era uma prostituta, que
Deus a abençoe.
De qualquer forma, meu corpo estava em guerra. Sorvete de massa de
biscoito de chocolate iria atingir o local. Insira um suspiro pesado aqui.
— O que foi isso? — Perguntou Vaughan.
— Sorvete.
— Certo. Nós não temos nenhum. — Uma pausa. — Eu acho que tem alguns
dos bolos de chocolate sem farinha de Nell na geladeira. Isso serve?
— Eu acho que sim. — Deus, a vida era tão difícil. Tomei um gole de cerveja,
empurrando firmemente todos os meus pensamentos profundos e insanos. Já
chega. — Você se sente melhor agora que fez o jardim?
Ele tomou seu tempo liberando um suspiro pesado. — Honestamente, eu
não sei. Estar de volta aqui ... Andre estava certo. Está fodendo comigo.
Eu fiquei quieta, deixando-o trabalhar nisso.
— Continuo esperando ver meu pai sair da garagem. Ouvir mamãe gritar
comigo da cozinha sobre alguma coisa. — A luz brilhou em sua garrafa enquanto
ele a levava aos lábios e bebia profundamente. — Longe daqui eu poderia
simplesmente ignorar a ausência deles. Fingir que eles não morreram naquele
acidente de carro, como se o funeral fosse apenas um sonho de merda.
Em uma súbita explosão de raiva, ele levantou, jogando a garrafa de cerveja
na cerca dos fundos. Não quebrou se estilhaçando. Não houve a satisfatória
destruição. A garrafa bateu na cerca e caiu atrás dos arbustos, aterrissando na
terra com um baque suave. Uma resposta tão fraca e inútil.
— Foda-se! — Vaughan deitou-se, olhando para o céu noturno. Dor e raiva
fluíam dele em ondas, preenchendo a escuridão.
Nenhuma luz era necessária para eu sentir isso. E doeu.
— Baby. — disse ele, voz gutural. Ele levantou a mão, chamando-me para
a frente com os dedos.
Eu deixei minha bebida de lado, indo para ele sem pensar. O homem apenas
tinha esse tipo de poder sobre mim. — O que posso fazer por você?
Sem resposta.
— Vaughan?
Ajoelhei-me ao lado dele, mais capaz de vê-lo de perto. Suor ou algo mais
umedecia seu rosto. Sujeira e grama mancharam seu corpo bonito. O homem
estava uma bagunça. Ele se sentou, agarrando meu rosto e trazendo sua boca para
a minha. Beijos quentes e molhados e mãos frenéticas. O gosto dele me deixou
louca. Tudo aconteceu tão rápido que foi vertiginoso. Primeiro seus polegares
acariciaram minhas bochechas, as mãos me seguraram no lugar. Então ele tinha
um braço em volta da minha cintura e uma mão segurando minha coxa,
manobrando-me sobre ele. Com os joelhos pressionados no gramado bem cuidado,
encontrei-me sobre ele antes mesmo de saber o que ele queria.
Por sorte, eu usava um vestido.
Tocar o homem me deixou louca. Toda aquela pele nua e necessidade
violenta, só para mim. Ele me alimentou com beijos apaixonados, fazendo minhas
entranhas derreterem. Meus músculos da coxa tremiam, a sensação dele
endurecendo contra mim era de tirar o fôlego. Imediatamente minhas partes de
menina entraram em ação. Elas sabiam como era soberbo tê-lo dentro e queriam
que ele fizesse uma nova visita.
Se ele precisasse, eu foderia o medo da morte dele, afugentaria a mágoa de
memórias antigas.
Se ele quisesse, eu não pensaria duas vezes.
Dedos empurraram minha calcinha. Não que ela pudesse ir longe. Ele
amassou minha bunda, ainda me beijando sem sentido. Eu me encostei contra ele,
ofegante. Tão bom. Sua língua na minha boca, sua respiração nos meus pulmões.
Nos apalpando como louco no quintal de sua casa de infância. Não me importava
se alguém pudesse ver.
— Lydia. — Ele pressionou beijos na minha bochecha, depois para baixo
ao longo do meu queixo. Os dentes roçaram a pele sensível do meu pescoço.
Maldito vampiro.
Enquanto isso, suas mãos pareciam cansadas de sentir minha bunda. Uma
cavou no meu cabelo, enquanto a outra puxou minha calcinha de lado. Dedos
deslizaram entre os lábios da minha boceta, arrastando levemente para trás e para
frente na umidade, me provocando. Tudo lá em baixo de mim ficou tenso, uma
sensação vibrante correndo pela minha espinha. Eu não sabia se me movia ou
ficava parada. A ponta do polegar dele decidiu por mim, desenhando círculos ao
redor do meu clitóris. Mergulhou na umidade mais baixa e retornou com uma
vingança.
— Olhe para mim. — Ele murmurou.
O polegar roçou meu ponto doce, fazendo-me tremer. Merda, isso era bom.
Se ele continuasse um pouco mais, pressionando um pouco mais forte ...
— Abra seus olhos, baby.
O punho no meu cabelo apertou fortemente, picando meu couro cabeludo.
Foi completamente inesperado. Meu foco inteiro estava na minha buceta, onde isso
pertencia. Minhas pálpebras voaram para cima, boca aberta. — V-Vaughan.
— É isso. — As linhas de seu rosto se destacavam, seus olhos enormes e
hipnóticos. Ele beliscou meu lábio inferior, em seguida, beijou-o melhor. — Não me
deixe agora.
— Não. — Balancei a cabeça enfaticamente. Nosso tempo não acabou. Ainda
não.
— Preciso de você aqui. — disse ele, ainda manipulando meu clitóris com
experiência. Seu polegar inteligente nunca parou, o toque variava de leve à forte,
provocando de forma quase rude. Como ele sabia onde estava a importantíssima
linha entre prazer e dor, eu não fazia ideia. Acho que a garota Fender lhe ensinou.
Se a mulher cruzasse meu caminho, eu a beijaria. Meu cabelo estava em pé, o suor
estava nas minhas costas. Ele poderia ter escrito a Constituição americana lá
embaixo. Eu não me importava. Contanto que ele não parasse.
— Preciso de você aqui. — disse ele, olhando profundamente nos meus
olhos.
Eu balancei a cabeça, além das palavras.
Então ele moveu o polegar para longe. Foi a coisa mais triste de todas. As
costas da mão dele roçaram contra mim, fazendo alguma coisa. Sem sua
interferência, minha calcinha deslizou para trás, uma linha de elástico dissecando
meus inchados lábios. Nada legal.
Antes que eu pudesse consertar, seus dedos retornaram, puxando-o para
fora do caminho. A cabeça larga e lisa de seu pênis arrastou por meu clitóris, entre
os lábios molhados do meu sexo. E sim, infernos sim. No momento em que pude,
lentamente empurrei para baixo, levando-o para dentro. Meus olhos reviraram na
minha cabeça, foi tão bom. Delicioso, glorioso todas essas coisas e muito mais. Eu
nunca senti nada assim. Seu pau duro deslizando em mim era pura felicidade e eu
não queria que isso acabasse.
Eu choraminguei e gemi como uma vadia devassa.
Ele xingou tempestuosamente.
Se quaisquer vizinhos, astronautas ou divindades celestiais estivessem lá
assistindo, eles ficariam com ciúmes como o inferno.
Seu braço livre deslizou ao redor da minha cintura, me segurando em um
abraço quase brutal. Como se eu tivesse alguma intenção de tentar fugir. A
sensação dele me esticando, preenchendo-me por dentro, era muito boa. Cada veia
em seu pau parecia tentadoramente ampliada. Minhas costas arquearam, pelve
tentando balançar, mas não indo muito longe. Os músculos interiores se
agarravam a ele com dor e prazer. Eu sofria por dentro e só ele podia me fazer
melhorar. Em frustração, eu torci contra o seu aperto, contorcendo-me nele.
Foi uma doce tortura.
— Eu preciso me mover, — implorei, pressionando minha boca em seu
rosto, beijando cada centímetro de pele que eu poderia alcançar. O restolho
arranhou minha pele, mas não importa. — Vaughan?
O bastardo controlador puxou meu cabelo, virando o rosto para reivindicar
minha boca novamente. Eu o beijei tão selvagemente quanto pude. Língua
acariciando os seus dentes, depois se emaranhando com a dele. Dentes roçando o
seu firme lábio inferior. O cobre líquido atingiu meu paladar. Eu devo ter reaberto
o lábio partido dele. Ah bem.
— Você vai me foder, garota safada? — Ele perguntou, a voz gutural.
— Sim. —Assobiei de volta para ele. Parcialmente tramando sua morte, mas
principalmente apenas orgasmos.
— Quão forte?
— Forte. Eu prometo, muito. Me solte, Vaughan.
— Diga por favor.
Desgraçado. — Por favor.
— Faça.
Seu braço cedeu, me libertando. E eu agarrei seus ombros, usando-os para
alavancar quando me levantei e caí em seu pênis. Eu não poderia entrar no
Kentucky Derby, mas eu montei Vaughan no chão.
Literalmente.
Grama e sujeira foram pulverizadas sob meus joelhos enquanto eu batia
nele. Me agarrei a ele com minhas entranhas. Seus gemidos eram música para
meus ouvidos. A pele batia contra a pele, o suor escorria de nós dois. Nada
importava. Apenas a sensação dele dentro de mim e gozando. Mãos agarraram
meus seios, apertando e moldando-os sobre o tecido do meu vestido e sutiã. Não
foi o suficiente. Tomei o controle e empurrei-o de volta, inclinando meu corpo para
frente. Bem melhor para moer meu clitóris contra seu osso púbico.
Sim.
Um gemido foi arrancado da minha garganta. As terminações nervosas
chiavam, o prazer quente fluindo através de mim. Continuou construindo, ficando
maior e mais alto e até mais surpreendente. Sua mão segurou meu rosto, tentando
se mover comigo, para manter o contato. Seu olhar me engoliu inteira. Todo o
tempo eu continuei me movendo, fodendo-o com força como ele queria. Como nós
dois queríamos. Os músculos das minhas coxas gritavam assassinato sangrento.
Mas a luz dentro de mim ficou mais e mais brilhante até se tornar um flash de fogo.
Eu não vi nada e senti tudo. Meu corpo inteiro agarrado pelo prazer
esmagador. Eu gozei e gozei até que não sobrou nada. O zumbido nos meus ouvidos
continuou por um tempo enquanto caía flácida contra ele. Seus quadris
empurraram contra mim, ainda empurrando seu pau duro profundamente. Mãos
apertaram meus quadris violentamente. Então ele gozou também, exalando forte,
peito subindo abruptamente contra o meu. Braços fortes me apertaram contra ele.
A noite pressionou em torno de nós mais uma vez. Apenas fazendo sua
coisa.
O coração de Vaughan batia forte sob o meu ouvido, o calor do seu corpo
me aquecendo. Eu acho que não precisava de mais nada. Pelo menos não agora.
— Inferno de par de pulmões você tem. Os vizinhos vão pensar que eu estava
tentando te matar. — disse ele.
— Você basicamente estava. Foi terrível.
Ele riu. — Baby, você gozou com tanta força que quase me quebrou.
— Tanto faz. — Quem tinha energia para discutir? Eu me desgastei
fodendo.
Então eu senti. Um líquido espesso saindo de mim. O temido esperma.
— Nós não usamos nada. — Eu sussurrei.
— Merda.

**********************

O pobre bebê estava seriamente chateado. Com a cara vermelha e gritando,


sacudindo os punhos minúsculos para o mundo. Sua mãe não parecia muito
melhor, pálida e desgastada. Dado que eles tinham pulmões tão minúsculos, os
bebês podiam liberar uma quantidade extraordinária de som. Uma coisa infeliz
para esta hora da noite. Por qualquer hora, realmente.
— Os dentes estão nascendo. — disse a mulher, tendo me surpreendido
olhando.
— Oh
A baba cobria o queixo do bebê.
— Acho que isso dói como um mer ... coisa ruim.
— Hmm. — disse a mulher, esfregando as costas dele.
Seu olhar se moveu para frente e para trás entre mim e o homem vagando
atrás de mim, todo alto e coberto de tatuagens, enquanto esperávamos. Fios de
cabelo vermelho-dourado recém-lavados se agarravam nos lados de seu rosto, a
cor brilhante sob a luz forte. Seus olhos estavam colados à seleção de acessórios
de prótese na parede. Ele deveria ter ficado no carro. Eu disse a ele que não
precisava me acompanhar na farmácia 24 horas. A viagem tinha sido estranha o
suficiente. Sexo incrível não deveria vir com consequências ruins. Algumas
contusões, manchas de grama nos meus joelhos? Bom. Medo de pragas, doenças
e partos, não muito.
— Você tem alguma sua? — Ela perguntou.
Eu pisquei. — Crianças? Não. Não-o-o.
O homem atrás de mim se mexeu desconfortavelmente.
— Ainda não. Um dia, talvez. — falei, sentindo-me um pouco
autoconsciente. — No futuro, você sabe. Não há pressa. Não que seu garotinho não
pareça adorável. Ele é simplesmente maravilhoso.
O bebê berrava.
— E se tornar pai ou mãe, um bom pai ou mãe, é um grande negócio. Muito
trabalhoso.
Ninguém mais disse nada.
— Vaughan, — disse a mulher com um sorriso repentino. — Meu deus, é
você. Eu sou Nina Harrison, fizemos inglês juntos no último ano.
— Nina, — disse ele, voz afetada. — Ei.
— Como você está? Ouvi dizer que você foi para Los Angeles com sua banda
logo depois da formatura - ela disse. — Como isso está indo?
Os músculos do pescoço dele se moveram. — Ah sim. Bem.
— Na verdade, ouvi uma de suas músicas na rádio há alguns anos atrás.
Não era ruim!
— Obrigado.
— Senhora. Seu pedido está pronto. — O farmacêutico de roupas brancas
acenou com a cabeça na minha direção e colocou uma pequena caixa no balcão.
— Efeitos colaterais e mais informações estão listados no folheto dentro da caixa.
E lembre-se, pode atrasar seu ciclo menstrual em alguns dias. Se você já passou
da sua menstruação normal por mais de duas semanas, pode querer fazer um teste
de gravidez.
— Ok. — Minha mão tremia quando peguei o pacote e entreguei o dinheiro.
— Obrigada.
Nina olhou para nós, sua boca um O perfeito. Como se ela nunca tivesse
feito sexo sem proteção. Ohhh por favooor!
Eu corri para a saída. Vaughan murmurou um adeus e me seguiu. No
momento em que ele abriu a porta do passageiro, eu pulei, pegando minha garrafa
de água. Lá veio a pílula do dia seguinte, depois desceu pela minha garganta. Feito.
Vaughan apenas olhou para mim, seu rosto uma máscara em branco. Ele
era bom nisso. Eu já tinha visto isso algumas vezes agora, mas ainda era
impressionante.
Eu, por outro lado, dei a ele meu melhor sorriso profissional falso. — Tudo
bem.
Um aceno de cabeça.
— Estou limpa, prometo, — recitei pela décima vez nas últimas horas. —
Eu fiz um teste depois da faculdade só para estar segura. Mas eu sempre usei
proteção.
— Sim, eu também.
— Nós dois estamos protegidos. Isso foi apenas uma anomalia. — Na
verdade, foi embaraçoso. Quão tola fui, primeiro com o casamento que não
aconteceu, e agora com Vaughan. Fiz uma careta para o brilho do letreiro de néon
da farmácia. Uma garrafa dançante de remédio balançava com os braços para a
frente e para trás. Mas que porra é essa? — Se eu não tivesse me esquecido de
tomar minha pílula no domingo, não teríamos que nos preocupar em correr para a
farmácia assim.
— Tudo bem. — disse ele.
— É bom que tenhamos feito isso. Todo cuidado é pouco.
— Sim. — Ele fez uma pausa, balançou a cabeça. — Sinto muito, Lydia. Eu
deveria ter pensado, eu acabei ...
— Está bem. Somos ambos adultos, Vaughan. Nós dois estávamos lá.
Ele abriu a boca como se fosse dizer alguma coisa. Mas não disse.
Com o giro da chave, o motor do Mustang rugiu, como sempre. Um pedaço
tão ostensivo de metal. Muito alto para o meio da noite.
Eu pensei novamente sobre como carros desportivos, homens tatuados e
outras coisas legais e selvagens não eram minha praia. Eu ansiava por
estabilidade. Uma vida sensata e estável. A coisa toda do Chris tinha sido um erro,
sim. Obviamente. Da próxima vez, eu levaria as coisas mais devagar. Não ficarei
tão empolgada. Seja o que for que o futuro trouxesse, esse tempo de insanidade
temporária chegou ao fim. Sujo e louco não eram para mim.
— Acho que posso testar um Prius amanhã, — eu disse, decisão tomada. —
Uma das concessionárias de carros usados tem um modelo de quatro anos para
venda.
Outro aceno de cabeça.
Nós não conversamos novamente até estarmos de volta a casa dele. Mesmo
assim, foi apenas um boa noite tranquila quando ele desapareceu em seu quarto,
fechando a porta.
Eu e meus ovários irritantes foram excluídos.
Náuseas e cãibras dificultavam o sono. Então me sentei e li a oferta de
acordo dos advogados dos Delaney. Na verdade, eu li duas vezes. Então, apenas
por diversão, li uma terceira vez. Demorou tanto tempo para o choque passar.
Capítulo Dezoito
— Eu pareço com alguém que quer passar o resto da noite me cagando? —
O homem irritadiço empurrou o prato com a entrada em minhas mãos. — Eu disse
ao garçom que precisava sem glúten. Fui muito claro sobre isso.
— Peço desculpas pelo erro, senhor, — eu disse. — Deixe-me corrigir isso
imediatamente para você.
— Obrigado. — ele gritou, sua expressão longe de ser apreciativa.
Tanto faz.
Eu corri para a cozinha, onde Boyd levantou uma sobrancelha para mim.
— Preciso de uma nova entrada sem glúten, por favor.
Ele assentiu e ficou ocupado. Ou melhor, como o único chef na cozinha esta
noite, ficou permaneceu ocupado. Nell tinha ficado doente depois de vomitar o dia
todo, a pobrezinha. Felizmente, o Dive Bar estava meio cheio esta noite.
Deus, eu esperava não pegar o vírus dela. A pílula do dia seguinte tinha
mexido comigo o suficiente.
Um barulho todo-poderoso veio do balcão da frente. Me virei para encontrar
Masa ali, uma bandeja cheia de copos quebrados a seus pés. Cubos de gelo, rodelas
de limão e canudos, espalhados pelo chão.
— Merda. — Murmurei.
Masa apenas fez um pequeno som de desespero e caiu de joelhos, para
limpar.
Peguei a pá e a vassoura e me juntei a ele.
— Sinto muito, — disse ele, as mãos se movendo freneticamente. — Isso
não levará nem um minuto.
— Desacelere. Você se cortar com o vidro quebrado não ajudará ninguém.
Ele não disse nada, mas se acalmou. Um começo.
— O que está acontecendo com você? — Perguntei, pegando
cuidadosamente os restos de uma garrafa de cerveja.
— O que? Nada. — disse o jovem.
— Tente novamente.
Ele apenas fungou.
— Masa, você serviu hortelã para a mulher com alergia à hortelã, errou o
pedido do indivíduo com intolerância a glúten e disse a Boyd que os vegetarianos
da mesa oito queriam a pizza de frango satay14 em vez da marguerita. E a lista
continua.
Ele olhou para mim, olhos escuros inchados e vermelhos.
— Você está claramente chateado e distraído, — eu disse. — Fale comigo.
Ele abaixou a cabeça. — Minha namorada me largou.
— Ah não. Eu sinto muito.
— Ela tem fodido seu professor por meses pelas minhas costas. — O queixo
de Masa enrugou, sua mandíbula rígida. — Eles estão apaixonados,
aparentemente. Ela me mandou uma mensagem logo antes do trabalho, contou-
me tudo.
— Que puta.
De trás do bar, Eric nos observava enquanto servia outra cerveja. Ele não
fez nenhum movimento para se aproximar, e não comunicou nada com seu olhar.
Que assim seja. Corações partidos eram uma merda séria. Alguém tinha que agir
antes que Masa acidentalmente colocasse fogo no local enquanto servia Baked
Alaska15, ou algo assim.
— Limpe isso, então vá para casa, — eu disse, entregando a pá e a escova
a Masa. — Vou me certificar de que Eric fique bem quanto a isso.
— Você tem certeza? — Ele parecia preocupado. Como ele provavelmente
deveria estar.

14 Frango Satay é uma receita tailandesa. A receita leva pedaços de frango com o molho satay, que
é um molho cremoso, apimentado e agridoce feito com gengibre, shoyu, pimenta e amendoim.
15 É uma combinação de bolo com sorvete e merengue. Quando o bolo é servido, o merengue (que

fica espalhado por cima do bolo) deve ser queimado com um maçarico para deixar uma casquinha
crocante.
— Sim. A corrida do jantar está quase no fim. Posso terminar aqui.
— Obrigado.
— Não tem problema. — Eu sorri e voltei a trabalhar.
O cara com intolerância a glúten não deixou uma gorjeta e a limpeza
demorou um pouco mais do que o normal, mas não houve mais queixas ou
catástrofes. Tenho certeza de que vi o repórter, que queria a informação sobre o
meu casamento fracassado, à espreita na calçada em um determinado momento
durante a noite. Enquanto ele não entrava no meu caminho, todavia, eu estava
disposta a ignorá-lo. Por agora.
O Dive Bar parecia diferente após o fechamento, todo escuro e tranquilo.
Uma mudança de toda a luz brilhante e música do horário comercial. Era
agradável.
Vaughan estava desaparecido quando acordei esta manhã. Quando chegou
a hora de eu ir para o trabalho, Boyd chegou em um Jeep de modelo antigo e tocou
a buzina. Acho que Vaughan organizou a carona para mim. Não é como se Boyd
estivesse falando. Nunca. Eu estava prestes a começar a andar, uma vez que eu
não tinha um telefone para chamar um táxi - um problema que ousei levantar com
o meu motorista. Boyd gentilmente parou em uma loja de telefone, permitindo que
eu corresse e comprasse um.
Ah, tecnologia. Eu realmente não senti falta, mas neste mundo moderno de
comunicação constante, era uma necessidade. A primeira coisa que fiz foi deixar
uma mensagem para meus pais. Não que eu realmente esperasse uma resposta
antes do cartão de Natal anual. Comunicação não era o forte deles. Como pais, eles
basicamente não prestavam. Era apenas um fato da vida. As pessoas eram quem
eram, blábláblá. Hormônios e expectativas sociais tinham muito a responder
quando se tratava de crescimento populacional.
Eu ainda podia ouvir Boyd batendo panelas e frigideiras na cozinha.
Supondo que ele fosse minha carona para casa, eu estaria esperando por um
tempo. O que estava bem. Tenho certeza de que poderia encontrar algo para fazer.
Talvez fosse caçar o fantasma de Andre Senior para me assustar para caramba no
porão escuro. Pelo que sei, nunca tinha estado em um prédio assombrado antes.
Poderia ser divertido. Uma experiência única na vida.
— Lydia, acho que é hora de conversarmos. — disse Eric do bar.
Uuh ooh.
— Tudo bem. — Eu vaguei, desamarrando meu avental enquanto
caminhava. Se eu estava prestes a ser demitida por dizer a Masa para ir para casa,
pelo menos seria com conforto. Subi em um dos bancos, dando um tempo aos meus
pés chorosos e doloridos. Na verdade, eles não estavam tão ruins hoje. Acho que
estava me acostumando a ficar de pé o tempo todo.
Eric preparou um drinque no bar, servido em um dos robustos copos de
cristal de estilo vintage. Eu amava eles. Ele bateu sua bebida brindando contra a
minha, então tomou um gole. Era um líquido âmbar. Scotch, a julgar pelo cheiro.
Um espiral de casca alaranjada e cubos de gelo nadavam por dentro.
— É um Old Fashioned16, — disse ele com um sorriso. — Já bebeu um
antes?
— Não. — Eu dei outra cheirada, em seguida, ousei um gole. Scotch e
açúcar e algo mais que eu não pude reconhecer. Não é ruim. — Agradável.
Obrigada.
Um aceno de cabeça. — Você disse a Masa para ir para casa.
— Sim. Ele não estava se sentindo bem e não estávamos muito ocupados,
então ... tendo em conta que Rosie e Nell pegaram esse vírus ...
— Às vezes, temos grupos grandes que chegam tarde. Amigos e outras
pessoas na área que sabem que não vamos rejeitá-los.
Tomei outro gole da minha bebida.
— Você realmente acha que teria sido capaz de lidar com isso sozinha? —
Ele perguntou.
— Ter que pedir desculpas pelo serviço ser um pouco lento seria preferível
a um cliente ser vomitado, eu acho. —Não me incomodei em cruzar meus dedos
para me proteger contra a mentira. Masa também poderia estar doente. Nunca se
sabe.
Eric soltou uma risada. — Justo.
Ufa
Tomei outro gole do Old Fashioned, tentando apreciar o scotch. Sem dúvida,
era o melhor material da prateleira. Envelhecido por trezentos anos ou algo assim.
Mas foi praticamente desperdiçado comigo.

16 Coquetel feito com Whisky, Angostura, açúcar, água mineral e uma fatia de laranja ou cereja
fresca.
Os olhos verdes de Eric me estudaram do outro lado do bar. Seu cabelo
escuro estava amarrado atrás e ele usava uma camisa de botão preta com mangas
enroladas. Vaughan não era classicamente bonito, era mais um trabalho
personalizado. Totalmente único e bonito com seu corpo longo e magro e rosto
anguloso. Eric, no entanto, era muito bonito. Você podia ver como as meninas em
crescimento iam da obsessão por pôneis a garotos como ele em um piscar de olhos.
Eles eram ambos adoráveis e só um selvagem.
— Vi você reorganizar a recepção, — disse ele. — Limpou o livro de reservas.
— Ficamos muito calmos esta tarde.
— Mm. — Ele bebeu mais um pouco. — Nell diz que você está apenas de
passagem. Que esta não é a sua linha de trabalho habitual. Mas se você estivesse
pensando em ficar, poderíamos definitivamente usar alguém para cuidar da seção
do restaurante.
— Oh.
— Nell tem a cozinha sob controle. Haverá um novo assistente a partir da
próxima semana para ajudar a ela e ao Boyd. E entre mim, Joe e Vaughan,
enquanto ele está aqui, o bar está bem, — disse ele. — Precisamos de uma gerente,
ou uma pessoa do tipo maître, para manter o restaurante funcionando sem
problemas. O trabalho é seu se você quiser. Um mês em experiência, então,
consideramos deixar permanente, discutimos o pagamento adequado e o resto. Eu
não sei o que você ganha vendendo casas, mas nós faríamos com que valesse a
pena.
Hã. Meus olhos pareciam muito arregalados. — Eu não estava esperando
isso.
— Você estava bem com os clientes irritados hoje à noite. Acalmou-os sem
nos fazer perder negócios - disse ele, depois acenou com a cabeça para o meu copo.
— Beba.
Eu bebi. Dado o meu estômago quase vazio por causa das náuseas e cãibras
anteriores, foi direto para a minha cabeça. — Há pessoas com muito mais
experiência em gerenciar um restaurante por aí.
Ele me encarou por um momento e então se ocupou em pegar um par de
garrafas na parede, despejando doses em uma coqueteleira. — Quando começamos
este lugar, só queríamos ganhar a vida e ter um lugar para ficar com nossos
amigos. Nell queria dirigir sua própria cozinha, cozinhar o que ela gostava. Eu
trabalhei atrás de alguns bares, achei que era praticamente mais do mesmo. Nós
éramos ingênuos como merda.
Enquanto ele falava, ele trabalhava, misturando algo novo. Eu assisti,
fascinada. O gelo foi para a coqueteleira, juntamente com o álcool, em seguida, a
tampa. Prata piscou para frente e para trás diante dos meus olhos enquanto ele
sacudia a mistura. Em seguida, saindo de uma das geladeiras abaixo das infinitas
prateleiras de garrafas atrás dele, estava um elegante copo de martini fosco. Nele o
líquido foi derramado através do filtro da coqueteleira. A bebida era branca e turva.
Eric perfurou uma única pétala de rosa vermelha, depois o fruto de uma lichia,
com um pequeno pedaço de bambu, amarrado com um nó em uma das
extremidades. Ele cuidadosamente adicionou o enfeite.
— Experimente esse, — ele sugeriu, colocando a nova criação na minha
frente. — Pode ser mais do seu gosto.
— Obrigada. — Primeiro eu o estudei de vários ângulos. O coquetel era uma
obra de arte. Se tivesse meu novo celular comigo, teria tirado uma foto. Não que
alguém atualmente se importasse com o que eu estava bebendo no jantar. — É
lindo. Eu não acho que você conseguiria isso em um boteco.
— Você ficaria surpresa. — Ele sorriu. — Mas não somos um boteco. Beba.
— Certo. — Eu cuidadosamente levantei o copo para os meus lábios. Doce
gelado e melado. Definitivamente tinha licor de lichia e vodka. Esta mistura tinha
gosto de céu servido em um copo pretensioso.
— Lichia Martini.
— Uau. Eric, eu amo isso. Quero tomar banho com isso a partir de agora,
— Eu disse, apenas parcialmente brincando. — O que você é, algum tipo de barman
clarividente?
Ele riu. — Não. Eu só conheço as mulheres.
Bufei. — Nem todas elas.
Nós compartilhamos um sorriso. Embora com toda a honestidade,
provavelmente estava mais perto de um sorriso falso de ambas as partes. A batalha
dos sexos travada sempre.
— Como vão as coisas com Vaughan? — Ele perguntou, baixando o seu Old
Fashioned. E sim, meu relacionamento atualmente inexistente com o meu senhorio
temporário não era da conta dele.
— Pegou alguma garçonete ultimamente?
— Não. Você não está interessada em mim. — O homem me deu um olhar
de flerte. Você tinha que lhe dar isso, ele tinha o olhar sexy, quente e promissor.
Definitivamente um mulherengo profissional. — Infelizmente.
Tomei minha bebida e mantive minha boca fechada.
— Estou tendo que ir mais longe para encontrar novas parceiras. — Ele
pegou uma garrafa de scotch. Prateleira de cima. O que eu disse?
Eu ainda não tinha nada a dizer.
— Voltando ao meu ponto, — anunciou ele. — Nell e eu não conhecíamos
um monte de coisas sobre administrar um lugar como esse. Pat não era muito
melhor. Eles administravam o estúdio de tatuagem há algum tempo, mas isso não
envolvia trabalhar tão de perto com os fornecedores, administrando o estoque no
mesmo grau. E nenhum de nós é realmente ótimo nessa chatice de lidar com os
clientes. Mas você é.
— Mesmo? Você parece uma pessoa do povo.
Um lado de seus lábios se levantou. — Hmm.
— Eric, tudo isso é muito interessante. E, para registro, como eu disse a
Nell, acho que esse negócio é sólido e tem um bom futuro pela frente. — Tomei
outro gole da minha bebida forte. Essa conversa precisava disso. — Mas eu não me
vejo como parte desse futuro. Tenho outros planos.
— Começar a vender casas em outro lugar.
— Sim, — eu disse. — É o que eu sei.
— Mas é o que você ama?
Dei de ombros.
Ele deu de ombros para mim.
Eu bebi.
— Bem, isso é uma vergonha. — Um novo Old Fashioned estava ao seu
lado, mas ele começou a fazer outro coquetel também. — Boa equipe é difícil de
encontrar, especialmente pessoas que se encaixam aqui. Alguém com quem
podemos nos dar bem. Esse trabalho, lidar com as pessoas o tempo todo e mais do
que ocasionalmente ouvir desaforos, não é para todos. Eu disse a Nell que tentaria
convencer você a ficar. Considere-se conversada.
— OK.
— Beba, — ele repetiu. — Boyd estará na cozinha por um tempo. Eu vou te
fazer uma caipirinha em seguida. Veja se você gosta disso também.
Oh garoto. Ressaca, aqui vou eu.

**********************************************

Quinta-feira tinha se transformado em sexta-feira no momento em que


tropecei pela porta. Vaughan estava sentado no sofá, a única peça de mobília
deixada na sala de estar desde o triste fim da mesa de centro e uma velha poltrona
durante a batalha épica dos homens. Os homens são tão idiotas. Meh para eles.
— Estava começando a me preocupar com você, — disse ele, dedilhando o
violão em seu colo. Andre estava certo, Vaughan tinha dom. O modo como ele
tocava, sua habilidade de trazer desse instrumento os sons mais maravilhosos e
bonitos, era apenas um entre muitos.
— Hey. — Me joguei no sofá ao lado dele, cabeça apenas girando um pouco.
Copos cheios de água e uma tigela de nhoque com este incrivelmente delicioso
molho de queijo e espinafre feito por Boyd tinha ajudado a mitigar a bebida. Um
pouco, pelo menos.
Vaughan pegou o caderno e a caneta em que eu tinha parcialmente
plantado meu traseiro, colocando-o no chão. Ele não tinha seu rosto feliz.
Felizmente, ele não tinha o rosto sem expressão também. Seus lábios eram uma
linha reta, seu olhar perturbado.
— Deixe-me adivinhar, Eric convidou você para ficar e provar suas
mercadorias. — Ele voltou a tocar seu violão silenciosamente. — Nell disse que é
assim que ele opera.
— Nós tivemos algumas bebidas. — eu admiti.
— Você transou com ele?
— Você se importa?
Ele lambeu os lábios, rugas cruzando a sua testa. — Acho que sim ou não
estaria perguntando.
Graça seja amaldiçoada. Eu me joguei no sofá, inclinei a cabeça contra a
almofada e fechei os olhos. — É o pênis que faz de vocês todos esses idiotas
abomináveis? Deve ser. Aquele pedaço da anatomia é o único ponto universalmente
comum entre todos vocês, não é?
Nada dele.
Eu abri meus olhos, rolando minha cabeça em sua direção. — Faz uma
coisa para mim? — Eu perguntei.
— O que?
— Se você acredita honestamente que há uma chance de eu ter transado
com Eric hoje à noite, seja um bom menino e enfie esse violão onde o sol não brilha.
Sua expressão endureceu. Eu diria que coincidiu com a minha. Nós éramos
duas pessoas emotivas e furiosas. Um dos principais problemas em ser mulher, no
entanto, é a nossa propensão para as lágrimas. Mesmo quando preferimos não
chorar, essas glândulas se empolgam, espremendo a água salgada, fazendo-nos
sentir e parecer fracas quando preferimos ficar enfurecidas.
— Boa noite. —Me esforcei para ficar de pé, sutilmente enxugando meu
rosto com uma mão. Ou aparentemente não tão sutilmente porque ele
imediatamente me seguiu.
— Lydia, espere. — disse ele enquanto seus braços fortes me viravam,
puxando-me contra seu corpo. Eu plantei o rosto em seu peito, choramingando o
tempo todo porque eu sou legal assim. Se ao menos tivéssemos mantido nossas
pélvis separadas. Nós nos demos bem antes que o sexo se tornasse parte da
equação.
— Eu sinto muito. — Ele murmurou.
— Você me excluiu ontem à noite.
— Eu sei.
— Você desapareceu hoje sem uma palavra.
— Sim.
— Então você tem a ousadia de agir com se tivesse o direito de ficar
chateado sobre o Eric?
Ele esfregou o rosto contra o meu cabelo, apertando-me com força. Eu tive
que virar meu rosto para o lado para respirar. Mesmo assim, com o seu aperto de
polvo ficou complicado.
— Quem ganha entrada na minha calça não é da sua conta, — eu disse,
batendo com um pé. O pé não gostou, mas azar. — Não há compromisso aqui.
— Eu sei, eu sei. — Uma pausa. — Mas você não dormiu com ele, certo?
Chutei o homem na canela com tudo que eu tinha. Toda a minha ira
reprimida e raiva bêbada. O bastardo teve sorte, que não tentei quebrar o nariz
dele. Então o empurrei.
— Merda, Lydia.
— Boa noite.
Tentei ir para o meu quarto com estilo, mas estou razoavelmente certa de
que parecia que estava esperneando. Todos os membros frouxos e de morais
duvidosas. Bater a porta do quarto também foi bastante juvenil, mas tanto faz.
Tirei meus sapatos. Demorou várias tentativas. Eu só caí uma vez, no entanto. Vai,
Time Lydia!
Eu lidei com meu jeans preto enquanto ainda estava no chão. Porque,
sejamos honestos, as chances eram que eu acabaria voltando pra lá de qualquer
maneira. E, vai cérebro, por ser coerente o suficiente para pensar nisso. Meu
traseiro bêbado estava pegando fogo, eu te digo. Em chamas!
— O que você está fazendo no chão?
Eu olhei para cima para encontrá-lo ali de pé. Sem ser convidado Ugh.
— Vá embora. — Eu disse.
As chances eram que se eu tentasse remover a minha camisa de trabalho e
o meu sutiã, eu de alguma forma conseguiria tirar um olho. Melhor que eu
desistisse enquanto estava à frente.
Agora, tempo para descansar um pouco. Subi no colchão e me estiquei de
costas.
— Sério, quão incríveis são as camas? As camas são apenas as melhores.
— Elas são? — Ele perguntou.
— O que você ainda está fazendo aqui? — Joguei meu travesseiro nele. Que
ele pegou e colocou no final da cama. Pena, era o único travesseiro que eu tinha e
o final do colchão estava a quilômetros de distância. Oh, bem, eu teria que dormir
sem isso. — Vá embora, Vaughan.
— Cristo, você está bêbada, — ele murmurou. — Novamente.
— Você e seus amigos são uma má influência sobre mim.
— Certo. — Ele inclinou a cabeça, me dando um longo e duro olhar. Macho
idiota. — Você vai vomitar?
— Não.
— Quantos drinks você tomou?
Eu segurei três dedos.
— Ele fez coquetéis pra você?
— Sim. —Suspirei e fechei os olhos, ligando meus dedos sobre a minha
barriga. — Eu não estou bêbada, apenas alterada. Bebi muita água, andei de um
lado para o outro e comi. Vá embora.
Em vez de ouvir a porta se fechar, senti o colchão se mexendo embaixo de
mim. Principalmente no meu lado direito. Abri os olhos e com certeza lá estava ele,
sentado ao meu lado.
— Eu tinha muita coisa para fazer hoje, — disse ele. — Não estava evitando
você nem nada.
Eu zombei.
— Tudo bem, eu estava evitando você um pouco.
— Não me diga. Bem, agora eu estou evitando muito você, — Eu disse,
fechando meus olhos. — Vá embora. E apague a luz quando sair, por favor.
Dedos calejados acariciaram meu braço, o toque persistente e até mesmo
amoroso. Eu bati loucamente na mão dele, fazendo o meu melhor para afastá-lo.
Exceto, é claro, que era Vaughan, então não funcionava direito. A próxima coisa
que eu soube era que ele estava agachado sobre mim, dedos rápidos fazendo
cócegas nas minhas costelas, debaixo dos meus braços, minha barriga. Em todo
lugar, o bastardo. Eu me contorci e me contorci, chegando a lugar nenhum.
— Não me faça cócegas! Deixe-me em paz, — eu berrei. — Você é um merda.
As cócegas continuaram.
— Afaste-se de mim, Hewson. Eu nem gosto mais de você.
Ele deitou seu longo corpo em cima de mim, efetivamente frustrando minha
capacidade de reagir. É claro que a sensação dele se esfregando contra mim
acordou minha cadela no cio interior. O desejo de me arquear nele, enfiar minha
língua em sua garganta e me esfregar um pouco era poderoso. Mas não! As minhas
partes de menina não seriam tão facilmente influenciadas. Sem sexo para ele.
Por deus, o idiota era pesado. Como elefantes, ou o Titanic, esse tipo de
peso.
— Você está me apertando!
Lábios quentes pressionaram beijos em todo o meu rosto. — Você me
perdoa? — Ele perguntou.
— Não. Você é o pior. Eu nunca vou te perdoar.
Eu bati nele com os punhos cerrados, o melhor que pude. Infelizmente, não
só ele era pesado, ele era forte. O paspalho pegou meus pulsos, pressionando-os
acima da minha cabeça. Mas eu não tinha terminado. Ah não. Como uma criatura
assustadora, mortal e meio bêbada, esperei minha chance de atacar. Então ...
meus dentes afiados morderam com força sua pele salgada quente, segurando-a.
Um ataque frontal completo na base do pescoço grosso.
Hahahahaha
— Ai. — Ele reclamou.
Uma mão segurava a parte de trás da minha cabeça, quase embalando-a,
mas isso era guerra, então não podia ser assim. Independentemente disso, eu
mordi.
— Porra, baby. — Ele envolveu meu cabelo em volta do punho e puxou com
força. — Tudo bem, você fez o seu ponto. Eu já disse que sinto muito. É o bastante.
Soltei a carne dura entre meus dentes. A vitória era minha. Além disso,
minha mandíbula estava começando a doer.
— Estou sangrando? — Perguntou ele, tentando olhar para a ferida.
— Não. Você vai ter um enorme hematoma, no entanto. — Relaxei de volta
contra o colchão, respirando fundo. Em algum momento, ele levou a maior parte
do seu peso em um joelho. Então eu realmente podia respirar livremente agora. —
Eu lhe disse para não me fazer cócegas. E se você estava tentando começar algo,
pense novamente. Eu posso ficar bem sem a sua ajuda.
Um grunhido de muita infelicidade. Então ele saiu de cima de mim,
desmoronando na cama ao meu lado, fazendo o colchão tremer. Por um tempo,
ficamos ali em silêncio.
— Eu pensei em você hoje. — disse ele eventualmente.
Eu não sabia como responder.
— Sinto muito por deixar você sozinha ontem à noite. Eu só…
— Você só o que? — Eu perguntei quando ficou claro que ele não estaria
terminando o pensamento por conta própria.
— Foi sério, você foi comprar a pílula.
— Sim, foi. — Com um suspiro pesado rolei para o meu lado, de frente para
ele. Pode chegar um dia em mil anos ou mais quando a visão dele não mexia
comigo. Eu duvido, no entanto. Ele confundiu meu cérebro e fez as borboletas
dentro de mim ganharem vida. Que efeito ele tinha no meu coração, eu nem queria
pensar.
— Eu acho que isso me chocou. — Havia tanta honestidade em seus olhos,
em sua expressão desprotegida. — Eu sempre fui cuidadoso com proteção. Sempre.
Papai me ensinou constantemente sobre isso e crescendo eu vi amigos se tornarem
pais bem antes do tempo. Então tem todas as DSTs17. Mas ontem à noite com você
...
— Você estava chateado, Vaughan.
— Sim. — Ele olhou nos meus olhos, me dando um sorriso triste. — Você
parece cansada. Deite-se, eu vou apagar a luz.
Eu não perguntei se ele ia ficar ou se retirar para o seu próprio quarto. Ser
carente me irritava muito. Nós não tínhamos esse tipo de relacionamento. Ele saiu
da cama e apagou a luz. Então ele saiu para o corredor. Uma a uma, as outras
luzes da casa apagaram e a escuridão total penetrou. Passos pesados vieram em
minha direção e então o colchão rangeu quando ele se sentou na ponta.
Isso não foi alívio passando por mim. Foi outra coisa. Algo complicado e
além do meu controle.
As palmas de suas mãos deslizaram sobre minhas pernas nuas, até a minha
calcinha, onde elas permaneciam com óbvia intenção.
— Vaughan.
— Eu quero te dar um orgasmo. — Ele traçou linhas delicadas sobre o meu
estômago, fazendo meus músculos apertarem com a necessidade. — Por favor.
— Eu não sei…
— Só você. Nada para mim. — disse ele, prendendo os dedos na minha
calcinha e lentamente arrastando-a pelas minhas pernas. — Deixe-me te chupar,
Lydia. Eu quero fazer as pazes.
— Não tenho certeza se alguém fazendo sexo oral deve ser usado como
método de punição. A ética é um pouco nojenta. — Sim, eu estava lutando com ele.
Suavemente, ele abriu as minhas pernas, ajoelhando-se entre elas. — Baby,
lamber sua linda boceta é um deleite. Não ter um pedaço seu depois é a punição.
Eu ri. — Deleite. Um pedaço de mim. Você me faz soar como uma torta.
Sem mais delongas, ele lambeu o meu centro. Da minha bunda para o meu
clitóris e vice-versa. Uma corrida incrível, um novo tipo de intoxicação correu por
mim. Minha espinha se arqueou, a mandíbula se abriu. — Porra.

17 Doenças sexualmente transmissíveis


— Você é doce o suficiente para ser uma torta. — Ele murmurou, fixando a
boca nos meus lábios e chupando suavemente. Seu nariz acariciou a área ao redor
do meu clitóris, o hálito quente agitando toda aquela carne delicada. Cada grama
de sangue em mim correu para a chamada de sua boca. Minha cabeça girou, meu
corpo flutuou, incandescente. Ele chupou e lambeu e me saboreava como um
banquete.
Era de tirar o fôlego.
O homem sabia das coisas, levando minha excitação a alturas
assustadoras. Primeiro passando suavemente os dentes sobre o meu monte, depois
circulando meu clitóris com a ponta da língua. Longas lambidas entre meus lábios,
uma e outra vez enquanto suas mãos me seguravam. Ele não seguiu nenhum
padrão definido, eu não sabia o que ele faria em seguida. Um beijo de boca aberta
e molhada na minha abertura. Ou dando no meu clitóris uma chicotada com a
língua. Talvez até provocar meu traseiro com um leve dedo. Nada estava fora dos
limites em sua busca pelo meu prazer.
Eu estava com raiva do homem? Não conseguia lembrar.
Certamente foi tudo um erro bobo. Ninguém com uma boca tão talentosa e
abençoada poderia se comportar como um bastardo insensível.
Um dedo passou por mim e se curvou um pouco, assumindo a forma de um
gancho. Era a única maneira que ele poderia ter alcançado as áreas pertinentes.
Cuidadosamente a ponta de seu dedo esfregou a parte de trás do meu clitóris, me
massageando por dentro. Minha pobre buceta molhada e inchada nunca teve uma
chance. O orgasmo quase me deixou inconsciente. Luzes brilhantes explodiram
dentro de mim, um prazer tão agudo que era quase doloroso. Eu gozei forte e
rápido, ofegando seu nome, agarrando-me aos lençóis quando o mundo virou de
cabeça para baixo. Levou um bom tempo para as coisas voltarem novamente.
Alguém respirava pela boca seriamente alto. Que grosseiro. Os músculos
continuavam se contorcendo dentro de mim, nas minhas coxas grossas. Por coisas
em estado de choque. Elas provavelmente nunca seriam as mesmas. Ele me
quebrou pra todos os outros. Eu tinha certeza disso. E eu nem tinha energia para
me importar.
Ele limpou o rosto no lençol e depois me puxou para seus braços, me
acariciando. Ficando confortável e acomodando-se para a noite. O cheiro do meu
gozo ainda permanecia sobre ele. Seus lábios ainda estavam úmidos quando ele
beijou meu ombro, a parte de trás do meu pescoço. Eu não sei se eu já estive com
alguém tão cru. Não vulgar, apenas aberto, relaxado e trivial sobre sexo e todo o
meu corpo.
— Desculpas aceitas. — Eu disse.
— Bom.
— Esteja avisado, no entanto, estou praticando para me tornar uma
feminista melhor. — Eu rolei de costas, olhando para seus olhos luminosos no
escuro. — A coisa toda do Chris foi um chute no clitóris, mas estou trabalhando
duro para me colocar em linha reta agora. Eu possuo este corpo. Meu destino é
meu.
— Ok, — ele disse lentamente, mesclando seus dedos com os meus. — Onde
isso está indo?
— Eu só quero que você saiba, não vou me tornar escrava da sua língua do
diabo, e seu pau demônio. Não importa quão bons eles sejam.
— Hmm. — Ele esfregou a boca contra o meu ombro. — Esse é o seu jeito
de dizer que você gosta de como eu fodo?
— Sim. Basicamente.
— Bem ... eu estou feliz, — disse ele eventualmente. — E eu gostaria que
você soubesse que me considero uma feminista também. Você é mais que a minha
igual. Mas com todo o respeito, acho que talvez deva pensar em dormir um pouco
agora. Este corpo que você possui provavelmente vai se sentir mal pela manhã.
Estou um pouco preocupado que você esteja fadada a ter uma ressaca amanhã.
Infelizmente, o homem fazia sentido. Me aconcheguei nele, fechando meus
olhos. — Eu vou sentir sua falta quando você for embora.
Um aperto e outro beijo na parte de trás do meu pescoço.
— A cidade estava tão bonita quanto Boyd me trouxe para casa. Nós fomos
pela rota cênica pelo centro da cidade.
— O centro da cidade está na direção oposta. — Ele disse com um sorriso
em sua voz.
— Eu sei, mas Boyd não parecia se importar e eu apenas senti vontade de
vê-lo. Todas as luzes e as árvores, a água. É tudo tão lindo, sabe?
— Eu sei. — disse ele, soando um pouco triste.
— Comecei a imaginar como será quando as árvores mudarem de cor,
quando neva.
— Frio. — Ele brincou.
— Sério?
Um risinho.
— De qualquer forma, eu comecei a pensar e ... não tenho certeza se quero
ir embora depois de tudo. —Tentei organizar meus pensamentos em uma linha
reta, mas meu cérebro estava todo confuso de orgasmo e álcool. Não era fácil. —
Veja, parte de mim quer passar o resto dos meus dias pelo menos a dois estados
longe dos Delaney o mais breve possível. Mas a outra parte de mim é toda “você
leva seus problemas com você, onde quer que você vá”. A verdade é que meus
problemas não são realmente sobre Chris e companhia, eles são sobre eu não estar
feliz com minha vida e fazer escolhas ruins. Isso não vai mudar só porque o meu
endereço mudou.
Nada.
— O que você acha?
Ele suspirou. — Honestamente, as pessoas têm memórias longas. Há muito
a ser dito sobre começar de novo em algum lugar.
— Meus pais tinham essa atitude e nunca funcionou para mim. E aqui ...
estou finalmente começando a sentir que encontrei o lugar a que pertenço.
Vaughan não respondeu e uma pequena voz indesejada sugeriu que ele não
me queria aqui. No entanto, ele sentia que o lugar sempre seria sua cidade natal.
Ele tinha família e amigos aqui, uma história. Com certeza, em algum momento no
futuro, ele estaria de volta e se eu ainda estivesse aqui ... bem, encontrar ex-
namorados poderia ser estranho como o inferno.
— Você não precisa tomar nenhuma decisão agora, — disse ele. —
Descansa.
Tudo ficou quieto por um bom tempo antes de ouvi-lo falar de novo. Minha
mente estava à beira do sono, então poderia até ter sido um sonho. Uma ilusão.
— Vou sentir sua falta também. — Uma voz sussurrou.
Capítulo Dezenove
Na sexta-feira de manhã, Vaughan sentou-se nos degraus do pátio dos
fundos, se aquecendo ao sol, tocando seu violão. Nenhuma camisa, o que era
definitivamente o meu traje preferido para a parte superior do seu corpo. O mesmo
aconteceu com o inferior. Um bloco e uma caneta estavam ao seu lado, como na
noite passada. Eu me lembrei de tudo ... vagamente.
Ele realmente disse que ia sentir minha falta? Talvez ele tivesse e isso não
significasse nada de importante. Você pode ficar sem ketchup e sentir falta disso
sem uma sensação esmagadora de privação que sobrecarrega sua vida. Afinal, era
apenas um condimento. Eu poderia muito bem ser a escolha atual de condimentos
em sua vida. Mas ele ainda comeria um hambúrguer sem mim.
Uma analogia terrível, eu sei. Mas possivelmente verdade.
De qualquer forma, eu não conseguia pensar nisso agora. Literalmente não
podia. Qualquer uso do cérebro era ruim. Dentro do meu crânio, as coisas
latejavam e doíam. Eu derrubei dois Advil com uma garrafa cheia de água e fiz uma
xícara de café enquanto tentava não pensar em nada. Apenas tentar não pensar
em nada era tão ruim quanto me concentrar em alguma coisa, e o organismo
malévolo da minha cabeça tomou isso como uma declaração de guerra.
Dor, muita dor.
Talvez não beber nada com uma porcentagem de álcool por um tempo fosse
o caminho certo. Além disso, Eric deve morrer. Os facilitadores eram pessoas ruins
e más. O mundo deve ser purgado deles.
Eu me escondi atrás dos óculos escuros, sentada em uma das poucas
cadeiras remanescentes da sala de jantar (várias haviam caído durante a grande
luta) e escutei ele tocando pelas portas abertas da cozinha. Graças a Deus pelo
café. Café me entendia. O café era meu amigo.
Felizmente, as drogas estavam começando a fazer efeito quando ele
percebeu minha presença.
— Bom dia. — Ele mudou sua posição, tanto melhor para me ver.
Infelizmente, eu não era uma boa visão.
— Oi.
— Como se sente?
— Como se o Long Island Iced Teas não fosse meu amigo.
Ele me inspecionou por cima de seus óculos escuros. — Merda, você estava
bebendo isso? Não admira que você tenha sido esmagada.
—Um Old Fashioned, um Lichia Martini, uma caipirinha e um Long Island
Iced Tea.
— Então você bebeu quatro coquetéis, — disse ele. — Ontem à noite você
me disse três.
— Eu disse? Hã.
Ele me deu um olhar que era muito duvidoso.
— Eu decidi que não tenho mais nenhuma declaração sobre a noite
passada.
— Você decidiu? — Sua língua brincou atrás de sua bochecha. Nenhuma
ideia de que expressão enchia seus olhos; ele recuou para trás de seus óculos.
Provavelmente para o melhor.
Ele desistiu do sol e entrou, carregando seu violão em uma mão e um bloco
e caneta na outra. Tudo isso foi jogado na mesa da cozinha.
— Trabalhando em uma nova música? — Perguntei.
— Sim, — disse ele, sentando-se do outro lado da mesa. — É chamada de
“Você diz merda engraçada quando está bêbada”.
— Gosto disso. Soa como uma vencedora.
— Sim. Vai ser gravada pela banda Pau Demônio e Língua do Diabo. — Ele
tirou os óculos escuros, colocou-os sobre a mesa. — O que você acha?
— Esse é o nome da nova banda? Doce.
— Elegante, certo?
— Totalmente. — Eu suprimi meu sorriso, apenas um pouco. Bastardo
engraçado. Eu girei o resto do meu café na xícara. — Você tem planos para hoje?
— Não, nada hoje. — Ele olhou para as portas da cozinha aberta para o
mundo além. O grande painel de vidro quebrado fora substituído em algum
momento de ontem. — Eu, ah, aceitei uma oferta na casa.
Meu rosto congelou. — Você aceitou?
Um aceno de cabeça.
— Uau. Isso foi rápido. Eu acho que não deveria estar surpresa, é uma
ótima propriedade.
No alto da parede, o relógio da cozinha estava fazendo tic-tac. Eu não sei se
eu realmente tinha percebido isso antes, mas agora ... droga, isso era alto.
— Você está feliz com o preço? — Perguntei.
— Muito.
— Ótimo. — Eu sorri, tentando o meu melhor para estar feliz por ele. Assim
como um amigo estaria. — Isso é ... isso é ótimo.
Estranho como ele não sorriu de volta. Em vez disso, ele ficou olhando para
o quintal, o rosto sem demonstrar emoção. Era o lugar de seus pais. Quaisquer
que fossem seus problemas ao aceitar sua morte, desistir de seu lar de infância
tinha que bater forte. Todas essas lembranças.
— Quando você está pensando em deixar a cidade?
— Henning e Conn querem começar a montar o novo material o mais rápido
possível. — Ele agarrou a parte de trás do seu pescoço. — Então, no começo da
próxima semana, eu acho.
— Assim tão cedo?
— Sim. — Seu olhar se concentrou em mim. — Isso é um problema para
você, com suas coisas e tudo mais, Lydia?
— Não. —Olhei para baixo, tentando me controlar ... bem, eu. Parecia que
meu pequeno mundo tinha sido virado de cabeça para baixo e abalado
profundamente. A cena perfeita no globo de neve estava uma bagunça de nevasca.
Que diabos era o meu problema? Nada disso deveria ser uma surpresa. — Não. Eu
vou resolver sobre o armazenamento nos próximos dias. Não é um problema.
— Então você ainda está pensando em ficar?
— Talvez. — Foi a minha vez de desviar o olhar, para evitar seus olhos. Um
tom tão perfeito de azul. Eu só teria que evitar olhar para o céu pelo resto da minha
vida para não ser lembrada dele. Completamente factível. — Então, no começo da
próxima semana. O que você está pensando, segunda-feira, terça-feira?
— Algo parecido.
Eu balancei a cabeça e coloquei minha massa de cabelo atrás das minhas
orelhas. Então estraguei tudo de novo porque me expor agora era simplesmente
idiota. — Bem, é ótimo que você tenha recebido uma boa oferta pela casa
imediatamente. Ótimo.
— Mm.
— Eu deveria ir tomar banho. Fazer uma pequena tentativa de parecer
menos com os mortos-vivos.
— Ei, — disse ele. — Você quer dar uma olhada em alguns carros hoje?
— Sim, isso seria bom. Obrigada. —Me levantei, minhas pernas parecendo
bizarramente frágeis, fracas.
A grande coisa sobre chorar no chuveiro era que com todo o barulho e água,
não havia nenhuma evidência.
Ninguém precisa saber.

********************************************

— Viu, baby. Isso não é legal?


Eu dei a ele um olhar inexpressivo. Não era uma tarefa fácil, dado o quão
bom ele parecia. Com a janela abaixada, seu cabelo vermelho-dourado soprava
selvagem ao vento e um braço coberto de tatuagens se inclinava sobre a porta. Ele
era como um anúncio para a boa vida.
— Vamos lá, você tem que admitir que este é um ótimo carro.
Eu não tenho que admitir nada.
— Lydia, esta é a escolha certa, — ele disse suavemente. —Interior
confortável, altos padrões de segurança, lida bem em climas úmidos e neve, e ainda
tem um pequeno teto solar apenas para você.
— Você está sendo condescendente. Pare com isso antes que eu te
machuque.
— Sei que você gosta daquele pedaço de merda do Prius e do bonitinho MINI
Cooper. — Ele estendeu a mão, deslizando a mão atrás do meu pescoço e
massageando suavemente. O cara teve sorte de eu não ter mordido seu membro.
Se ele não fosse tão bom com os dedos, eu faria. — Mas o WRX vai funcionar muito
melhor para você, eu prometo.
— Eu nem queria levá-lo para um teste drive. Você e aquele idiota se
juntaram contra mim.
— Baby.
— É verdade. Você sabe que você fez.
— Eu não tinha ideia de que Mitch trabalhava lá, — ele disse com uma
risada. Uma desonesta. — É realmente tão ruim que eu e meu velho amigo
queremos que você tenha um carro incrível com o melhor preço possível?
— É um bom preço.
— É um preço incrível e você sabe disso. Você deveria testá-lo, não eu. —
Ele parou em um estacionamento de cascalho em um local isolado perto do lago,
desligou o motor. — O veículo mais rápido construído em linha do mercado, Lydia.
Você sabe que quer tentar.
— Provavelmente foi destruído por seus antigos proprietários.
— De jeito nenhum Mitch lhe venderia algo que foi tratado de maneira ruim.
Eu voltaria a Coeur d'Alene para chutar a bunda dele, se ele fizesse, e ele sabe
disso.
— Deus, você poderia parar de falar sobre ir embora? — Retruquei. E
imediatamente me arrependi.
Vaughan inclinou a cabeça.
— Desculpe. — Eu respirei fundo, soltando lentamente. — Aparentemente,
eu sou a Senhora Péssima Atitude hoje. Vamos apenas aproveitar o aqui e agora.
OK?
Ele assentiu lentamente com a cabeça. Então ele olhou pelo para-brisa para
a água azul cintilante. — Você queria a experiência Vaughan Hewson de Coeur
d'Alene.
Demorou um momento para o meu pobre cérebro acompanhar. — Aqui é
onde você trazia seus encontros quando estava na escola?
— Sim.
— Agradável. Muito agradável.
— Longe o suficiente da cidade, longe das luzes. O céu inteiro estaria cheio
de estrelas.
— Mm. — Eu sorri melancolicamente. — Soa romântico. Pena que é dia.
— Ninguém está por perto.
Eu virei minha cabeça tão rápido que nós dois deveríamos ter ficado com
torcicolo. — O que?
— Ninguém está por perto.
— Ha. — Sorri, levantei meus olhos para o céu. — Deus, eu pensei que você
estava falando sério por um minuto.
— Eu estou. — Ele estava? Merda. Ele estava. Lindos olhos azuis intensos
e aquecidos, olhando para mim e lambendo os lábios como se eu estivesse
definitivamente no topo do cardápio de hoje.
— Oh.
Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, arrastando os
dedos pelo meu pescoço. Brincando primeiro com a alça da minha blusa branca e
depois com o sutiã por baixo. O homem tinha movimentos. Mas também, ele
basicamente me tinha sob controle, o bastardo. Mente, corpo, coração e alma. Não
que algum dia eu diga isso a ele. Imediatamente minha respiração acelerou, minha
pele ficou toda arrepiada.
— Atos lascivos. Exposição. — Eu ri histericamente, parecendo muito com
uma idiota. — Tenho certeza de que existem leis protegendo lugares públicos
contra isso. Especialmente em plena luz do dia. Melhor não.
— Nós não vamos ser pegos.
— Mas nós podemos.
— Nós não vamos. — Ele tirou as duas alças do meu ombro, expondo mais
pele. Nos movimentos mais suaves, ele soltou o seu cinto de segurança e se moveu
diretamente para liberar o meu. Mas o homem não tinha acabado. Ah não. Logo
chegaria o dia em que ele terminaria comigo, mas não era esse.
— Espere. — Ele torceu e se levantou. Com um joelho em seu assento, ele
chegou em frente a mim. As coisas estavam confusas no lado do meu assento, e de
repente o encosto estava lá atrás e eu estava olhando diretamente para o teto do
carro bege. Pela janela aberta, uma árvore balançava no alto. Ramos frondosos
verdes farfalharam ao vento. Muita natureza. De vez em quando o sol penetrava,
um deslumbrante raio de luz dos céus acima.
O sol tinha que ser tão brilhante? Nós seríamos pegos com certeza. Além
disso, a celulite melhorava sob iluminação suave ou sem iluminação. Por mais que
tentasse aceitar meu corpo, esse tipo de merda continuava sendo uma
preocupação.
— Hum, — eu disse, porque meu cérebro ainda estava no modo de gênio.
— Eu não tenho certeza se isso é seguro.
— O carro está parado e eu tenho um preservativo no bolso de trás. Nós
não poderíamos estar mais seguros. — Sem mais delongas, ele subiu em cima de
mim, seus quadris situados entre as minhas pernas. Um cotovelo ao meu lado
perto do topo do banco tomou a maior parte do seu peso. Ainda assim, a sensação
de seu corpo no meu enviou tremores de excitação correndo através de mim. Alerta
vermelho, ilegal e possivelmente embaraçoso, mas tempos muito bons pela frente.
Segurei os lados do meu banco como se estivesse em uma montanha-russa e uma
grande curva estivesse chegando. No entanto, o tempo todo, minha vagina se
preparou para festejar como se fosse 1999.
Porra. Eu estava tão confusa. — Temos uma cama em casa. Quero dizer,
na sua casa.
O depravado riu baixo. — Sim, mas eu tenho você toda ligada aqui. Porque
esperar?
— Eu não estou realmente ligada.
— Mamilos.
Eu olhei para baixo. Eles eram de fato pontos duros gêmeos, óbvios demais
sob o algodão fino do meu top. Fale sobre traição. — Eles não sabem nada.
— Ei. Você realmente quer que eu pare? — Ele olhou profundamente nos
meus olhos, vendo o pânico em minha alma. Eu podia sentir isso, sua
compreensão, sua preocupação. E não apenas sobre a coisa da exposição pública
do sexo. Vamos ser honestos aqui. Meu ataque de pânico atual tinha muito mais a
ver com o medo assustador dele ir embora e o medo em relação ao estado do meu
coração confuso.
— Baby?
Seu rosto estava tão perto. Lábios mal tocavam os meus, o calor e a beleza
dele me incendiando. Eu podia senti-lo endurecendo contra o meu estômago,
reagindo a mim. Minha necessidade se alimentou dele, crescendo a cada momento.
— Diga a palavra, — ele continuou. — Você sabe que eu farei o que você
quiser.
Eu queria chamar isso de tanta besteira. Ou melhor ainda, dizer a ele
exatamente o que eu queria. Assim que eu descobrisse exatamente o que era...
Em vez disso, estiquei meu pescoço, beijando-o gentilmente, docemente.
Mais e mais com os lábios fechados, em seguida, com eles um pouco abertos. Isso
durou até que sua língua deslizou em minha boca, me tomando. Nós nos beijamos
em câmera lenta como se tivéssemos todo o tempo do mundo. A palma da mão dele
moldou meu seio, apertando e provocando a carne sensível. Minhas mãos,
enquanto isso, deslizaram por baixo de sua camisa, explorando suas costas.
Acariciando sua pele macia, aproximando-se da sensação dele. Os cumes em sua
espinha e os planos duros de seus músculos. Todo o tempo, ele se moveu contra
mim, esfregando seu pau duro sobre o meu osso púbico, acariciando perto do topo
do meu ponto doce. Eu inclinei meus quadris, tentando obter mais.
Merda, me senti bem. Tão bom. Mas não foi o suficiente.
— Vaughan, — eu ofeguei, deslizando minhas mãos em seu jeans,
apertando as bochechas de sua bunda firme. — Sem cueca?
— Eu queria estar preparado.
Sorri quando ele mordeu levemente o lóbulo da minha orelha, depois
lambeu meu pescoço.
Nunca seria demais estar com ele. Toda a intimidade que compartilhamos
adicionada à familiaridade de seu corpo e seus modos. A emoção de estar com ele,
no entanto, nunca diminuiu. Com o tempo, isso poderia mudar e crescer. Mas
nunca desapareceria. Algumas coisas eram absolutas.
Eu deslizei minhas mãos entre nós, desabotoando sua calça jeans e
abaixando seu zíper. Eu não era recatada. Ou pelo menos, não quando nós
começávamos. Tirar aquela peça de roupa para longe do meu caminho. A pele de
veludo quente sobre carne rígida. Ele era um paraíso tátil. Meus dedos roçaram a
cabeça arredondada, o polegar procurando a junção na crista de sua cabeça e
massageando logo abaixo.
Ele gemeu no meu pescoço, levantando os ombros. — Foda-se, isso é bom.
Ah, o poder de colocar sua mão no pau de um homem. Era poderoso. —
Isso é?
— Mm.
Uma mão levantou minha saia de cambraia, expondo minhas coxas com
covinhas. Foda-se qualquer ansiedade. Eu estava muito envolvida com a maravilha
de tocar em Vaughan para me importar. Ele colocou um dedo na abertura da minha
calcinha, puxando o material.
— Por que diabos você está usando isso, Lydia?
— Porque eu sou uma tola?
Ele riu.
— Eu não sabia o que você estava planejando. — Reclamei.
— Presuma que eu sempre quero transar com você. Isso seria mais seguro.
Sua boca cobriu a minha e ele me beijou profundamente e molhado. A
masturbação mútua funcionou bem. Eu acariciava seu pênis, fazendo o meu
melhor para deixá-lo louco. Enquanto ele fazia o mesmo, enrolando seus dedos e
deslizando seus através da minha fenda molhada. Cada músculo entre o meu
pescoço e os joelhos tensos, se sentiam tão bem. O garoto me deu felicidade pura
e simples. Então ele quebrou o beijo e lambeu a ponta do seu polegar antes de ir
trabalhar no meu clitóris. Deus, ele era bom nisso, seu toque era bom. Sua mão
esticou o elástico da minha calcinha, abrindo espaço para ele tocar. Substâncias
químicas de felicidade fizeram minha cabeça girar, meu mundo inteiro estava
atordoado. Eu quase me esqueci de continuar acariciando-o. Triste, porque a
sensação dele engrossar na minha mão era sublime. Não é algo que eu queira
perder.
— Goze em mim. — Eu mordi seus lábios.
— Isso que você quer? Você quer meu esperma na sua pele macia?
Eu balancei a cabeça, ordenhando-o com mais força a cada golpe.
— Não. Não desta vez. — Ele tirou a mão da minha calcinha, uma pena.
Depois tirou o preservativo do bolso de trás e abriu-o com os dentes. Eu fiz um som
verdadeiramente triste quando ele arrancou meus dedos de seu pênis e o enrolou.
— Escorregue seu rabo para baixo um pouco, — disse ele, puxando-me
mais perto da borda do assento. — Por que você não podia querer um carro maior?
— Por que você não pode gozar em mim?
Os lados de seus lábios se levantaram. Ele puxou minha roupa de baixo e
cuidadosamente enfiou seu pau na minha abertura. Em um impulso suave ele me
encheu, nós dois gememos. Alto.
— Oh deus. — Minhas pálpebras tremeram, minhas entranhas fazendo o
mesmo. Indescritível. Isso é o que tê-lo dentro de mim parecia. Tudo de bom, tudo
brilhante. Mas mais, muito mais. E o jeito que ele olhou para mim, estudando todas
as minhas expressões, avaliando cada movimento meu. Eu não sei por que, mas
ter esse foco totalmente comprometido dele quase me desfez. Eu quase chorei pela
segunda vez hoje.
— É por isso que eu não poderia gozar em você, — ele sussurrou no meu
ouvido. — Porque eu precisava fazer isso.
Eu não tinha palavras. Felizmente, nenhuma foi requerida.
Lentamente, deliberadamente, ele fez amor comigo. Preso no lado do
passageiro de um veículo em teste que agora definitivamente deveria ser meu. De
todos os lugares para ter um momento significativo. Ele balançou para dentro e
fora de mim, tomando seu tempo, construindo a paixão entre nós. Nossa conexão
era absoluta e sempre seria. Não importa onde ele ia. Não importa o que ele faria.
Eu perdi uma parte de mim para ele que nunca eu teria de volta. Inferno, eu dei,
mesmo sabendo que não era inteligente e que poderia me arrepender um dia em
breve.
Corações são tão estúpidos.
Aos poucos, ele aumentou seu ritmo. Minhas pernas estavam enroladas em
volta dele, segurando firme. O suor encharcava nossas peles. Nós nos movemos da
melhor maneira que pudemos, alcançando o pico, nos unindo. Continuando e
continuando, e ainda terminou muito cedo. Eu inclinei meus quadris para cima,
levando-o profundamente. Ele investiu em mim com grande propósito. Uma mão
emaranhada no meu cabelo e a outra aguentando um pouco do seu peso. O som
da nossa respiração frenética, dos nossos corpos batendo juntos encheu o pequeno
espaço.
E ainda me surpreendeu. Meu orgasmo arrancou de meus pulmões. Eu
silenciosamente gritei, minha boceta apertando-o quando meu coração pulou uma
batida. Meu corpo inteiro tremeu sob ele quando ele gemeu meu nome,
pressionando sua bochecha com força contra a minha. Aparentemente, os
franceses referem-se a um orgasmo como a pequena morte. No entanto, isso não
chegava perto. Tente assassinato em massa de todas as minhas esperanças e
sonhos. Não deveria ter sido tão incrivelmente estupendo me apaixonar por um
homem que nunca seria meu. Mas aconteceu.
O amor é uma merda.
Capítulo Vinte
Coisas estranhas estavam acontecendo no Dive Bar no dia seguinte.
Sábado, o aniversário do meu casamento fracassado. Viva.
Nada de muito interessante havia acontecido depois de nossa escapada
sexual no meu carro novo. Nós voltamos para ver Mitch na concessionária, que deu
a nossa roupa distorcida olhares duvidosos. Ele visivelmente relaxou depois que
eu disse a ele que estava comprando o veículo. Vaughan tinha ficado quieto, mas
então eu também.
Nós fomos trabalhar. E quando voltamos para sua casa exaustos depois de
uma longa noite, fomos dormir juntos na mesma cama.
Mas de volta a hoje.
Brett Chen, o repórter, estava encostado em seu carro estacionado em
frente ao meu local de trabalho. Ele pegou sua Canon e começou a tirar fotos de
Vaughan e eu enquanto caminhávamos para dentro.
— Fale comigo, Lydia, — ele gritou do outro lado da rua. — Eu tenho uma
revista de grande nome pegando a história. Distribuição nacional. Muito dinheiro.
— Imbecil. — Murmurei, mantendo meus óculos escuros e meu rosto para
baixo.
— Hora de ligar para o policial Andy, — disse Vaughan. — Nos livrar desse
cara.
— Eu não tenho certeza se legalmente há muito que ele pode fazer. De
qualquer forma, o repórter não vai conseguir o que quer, — eu disse sem diminuir
a velocidade. — Deixe o carma cuidar dele por lucrar com o desgosto e a miséria
das pessoas. Tenho coisas melhores para fazer com o meu tempo.
— Esta é a terceira vez que ele está aqui em tantos dias. Tirando sua foto
sem sua permissão. O idiota praticamente está te perseguindo, baby.
Dei de ombros, estendi a mão e dei um aperto nos dedos dele. Nós entramos
no bar e eu fui direto para uma pequena mesa na parte de trás. A pobre Betsy, a
recepcionista da imobiliária dos Delaney, não parecia uma garota feliz. Boo-hoo.
— Eu estou te esperando por quase vinte minutos. — Ela fungou,
empurrando para trás uma xícara de café meio bebida e se levantando de seu
assento. — A cerveja aqui é horrorosa. Os documentos estão todos assinados
corretamente? Eu não quero ter que vir aqui novamente só porque você não pode
ler.
Deus, que puta. Os papéis foram assinados, corretamente, mas ela poderia
descobrir isso por si mesma.
Em vez de conversar, eu joguei o grande envelope contendo o acordo dos
Delaney em sua direção. Betsy mergulhou para ele. Fazendo um barulho ofegante
estranho. A indignação brilhou em seus pequenos olhos redondos. Antes que ela
pudesse me arrebentar pela falta de cuidado ou o que quer que fosse, eu fiquei bem
longe dela. Tinha coisas para fazer. Era hora de transformar a minha vida. Menos
besteiras desta vez.
Sábado era um grande dia. Era ainda oito e doze da noite, a maioria das
mesas já estavam preenchidas. Saudei Rosie e Masa no andar do restaurante, Eric
atrás do bar, e Nell e Boyd ocupados no trabalho na cozinha. Então continuei no
meu caminho para o escritório.
O grande urso loiro, também conhecido como Joe, estava sentado em frente
ao computador, absorto no que quer que estivesse na tela.
— Oi. — Eu disse, jogando minha bolsa no canto. Nell queria que eu
começasse a contabilidade.
Olhos assustados olharam para mim e seus dedos congelaram nas teclas.
— Ah, ei, Lydia.
— Você está trabalhando hoje também? — Parecia exagero, três pessoas
atrás do bar, mas tanto faz.
— Não, — disse ele. — Eu só precisava usar o computador. O meu está com
problema. Saio daqui em um minuto.
— Sem problemas. Vou pegar uma xícara de café.
O olhar de apreensão sumiu, transformando-se em outra coisa. Ele limpou
a garganta, o olhar voltando para mim a cada poucos segundos. O que quer que
estivesse naquela tela, Joe não queria que fosse visto. Provavelmente pornô.
— Você gostaria de um? — Eu perguntei, dando um passo em direção à
mesa.
Seu corpo inteiro ficou tenso como se estivesse se preparando para pular e
cobrir o que quer que fosse. — Um o que?
— Café.
— Não, — disse ele. — Obrigado.
— Ok. — Dei-lhe um breve sorriso, caminhando em direção à porta. — Volto
em um minuto.
Seu queixo estremeceu, os olhos grudados em mim como se eu pudesse
saltar sobre a mesa e lançar uma violenta invasão de sua privacidade online a
qualquer momento.
Muito estranho.
Quando voltei com o meu café, Joe tinha desaparecido pela porta dos
fundos. Nell havia deixado uma lista detalhando que tipos de despesas pertenciam
a cada categoria. Fora isso, era bem básico. Eu trabalhei nas pilhas de recibos,
registros bancários e faturas. Inserindo toda a informação - nome da empresa, itens
em questão, preços, etc. Gradualmente, o trabalho atrasado começou a diminuir.
A melhor parte de fazer este trabalho específico (que ninguém mais queria
fazer) era o excelente serviço e os benefícios gastronômicos. Rosie ou Masa
entregavam regularmente cafés, garrafas de água com gás, uma deliciosa salada
de frango ao estilo vietnamita para o almoço, e um bife incrivelmente bom com uma
batata assada e todos os acompanhamentos para o jantar. Eu não tinha ideia do
que eles fizeram com a vaca para deixar a carne tão macia. Massagens diárias.
Pedicuras semanais. O que quer que fosse, funcionou. Melhor filé do mundo.
— Como vai? — Nell desabou na cadeira em frente à minha mesa, o rosto
ainda pálido e as sombras sob os olhos. Ela parecia apenas ligeiramente melhor do
que no outro dia.
— Estou verificando lentamente as contas para serem apresentadas. Você
não deveria estar em casa na cama?
— Provavelmente. — Ela abriu a tampa de uma garrafa de suco de maçã e
engoliu um pouco, em seguida, colocou sobre a mesa. — Eu estou indo para casa
em breve.
— Bom. — E aqui veio a parte nervosa. — Nell ...
— Sim?
Esfreguei a ponta da língua sobre os dentes, tentando pensar na melhor
maneira de dizer o que precisava dizer. Medo e excitação agitaram dentro de mim,
acelerando meu coração e fazendo minhas mãos tremerem. Não importava o
quanto eu tentei me acalmar. — Não soando como uma espiã corporativa psicopata
para me infiltrar aqui.
Ela ergueu as sobrancelhas em questionamento.
— Mas enquanto eu estava repassando os números, eu revisei os números.
Com um gemido, ela balançou a cabeça. — Estou cansada, Lydia. O que
você quer dizer?
Sentei-me para frente, escondendo minhas mãos trêmulas debaixo da
mesa. — Ontem à noite, Eric me ofereceu um mês de experiência gerenciando a
seção do piso do restaurante. Eu confio que você está de acordo sobre isso?
— Claro.
— E Pat ainda quer vender a parte dele no negócio?
Seus lábios se apertaram, a dor percorreu seu rosto antes de ser
decididamente afastada. — Muito mesmo.
— OK.
— Lydia, me diga que você está dizendo o que eu acho que você está dizendo.
— Gostaria de fazer o teste de um mês com o objetivo de comprar a parte
de Pat na empresa no final desse período, se todos concordarmos que podemos
trabalhar juntos a longo prazo.
O sorriso de Nell foi beatífico. — Você vai?
— Sim. Eu sei que isso provavelmente parece repentino, mas a ideia vem
crescendo no fundo da minha mente nos últimos dias. O que ainda parece
repentino.
Ela não disse nada.
— De qualquer forma, quero fazer algo que eu goste para variar, vender
produtos em que acredito e acho que o Dive Bar poderia ser essa oportunidade
para mim. — Eu não sabia o que fazer comigo mesma. Saltar ao redor da sala ou
esconder-me em um canto. Ambas eram opções viáveis. — Eu sei que é muito
dinheiro, um grande compromisso, mas isso parece certo para mim. Acho que me
arrependeria se não tentasse.
— Mas você definitivamente tem o dinheiro?
— Vou ter em um par de dias, sim.
A curiosidade iluminou seus olhos. — Alguns dias?
— Entre você e eu?
— Claro. — Sem hesitação. Uma das qualidades que eu mais gosto em Nell
era a sua franqueza.
— Eu tenho um acordo sendo finalizado com os Delaney.
— Tudo bem, — disse Nell. — É um pouco repentino, mas você viu os
números. Você trabalhou aqui, viu o quanto as pessoas locais gostam do lugar.
Nós não estamos contando com o comércio sazonal no mesmo grau que os outros.
Isso vai ser incrível.
— Espero que sim. — Tentei dar de volta um sorriso; não funcionou bem.
— Eu sei que sim. — O olhar de Nell caiu no colo dela, os dedos se
remexendo. — No interesse da divulgação completa… tenho algumas novidades
para lhe contar. Ninguém mais sabe sobre isso uma vez que eu só descobri esta
manhã. Então, eu ficaria agradecida que você guardasse para si mesma por
enquanto.
— Claro.
— Estou grávida.
Minha boca ficou aberta, meus olhos se sentindo maiores que a lua.
— Essa foi exatamente a minha reação também. — Ela me deu um sorriso
sombrio. — É do Eric. Então, sim. Não exatamente planejado. Nem remotamente.
— Parabéns? — Perguntei baixinho.
Seu sorriso melhorou. — Obrigada. Eu sempre quis filhos. Pensei que eles
seriam com Pat, mas as coisas mudam, certo?
— Certo. E eu acho que você vai ser uma ótima mãe. Ninguém se atreverá
a mexer com seu filho.
— Eu sei como jogar facas, — disse ela. — O benefício de saber isso cedo é
que podemos planejar como lidar com as coisas em termos de negócios. Eu não
espero tirar muito tempo e Boyd pode administrar a cozinha quase tão bem quanto
eu. Nós vamos ter outro cozinheiro treinado junto com um assistente. Dessa forma
posso estar de volta depois do bebê em horários reduzidos. Isso também permite
que Boyd vá para mais convenções de ficção científica. Então, tudo vai dar certo
para todos.
— OK.
— Por favor, não deixe isso te assustar. Juro que isso não afetará de
maneira grande ou ruim o resto do negócio.
Ponderei por um minuto. — O fato é que cada um de nós passará por
períodos em que precisaremos nos afastar um pouco, nos concentrar em outras
coisas. Isso é a vida.
— Sim.
— Como você está se sentindo? — Perguntei.
— Apavorada. Animada. Mais apavorada.
— Eu também. E eu nem estou tendo um bebê.
Nell pegou o suco de novo, pegando o rótulo. — Estou muito feliz que você
vai ficar. Perdi muitos dos meus amigos no divórcio, então é bom fazer alguns
novos. Sei que dizem para não entrar em negócios com amigos. Mas, sinceramente,
se você for trabalhar tão perto das pessoas, confiar nelas com seu dinheiro e seu
nome, prefiro que sejam amigos. A coisa é, eles precisam ser amigos com quem
você pode conversar. Honestidade completa.
— Eu concordo. — Endireitei meus ombros, colocando meu rosto corajoso.
— Se você precisa de um lugar para guardar suas coisas, há muito espaço
vazio no andar de cima. Além disso, meu apartamento tem um quarto de hóspedes,
— disse ela. — Não estou dizendo que devemos ser companheiras de quarto
permanente. Mas você é mais do que bem-vinda para ficar comigo por alguns
meses, até conseguir outra coisa. Se acabar sendo necessário.
— Se?
— Vaughan nunca foi assim sobre uma garota antes. Preocupado com tudo
relacionado a você, garantindo que as coisas estão bem e você será tratada
corretamente. Eu sei que vocês tiveram uma briga ou duas, mas ele nunca ficou
por aqui antes. — Seu sorriso era muito esperançoso. — Normalmente as mulheres
eram apenas temporárias, fáceis. Essa coisa com você ... é legal.
Ah Merda. — Nell, eu realmente gosto do seu irmão. Tenho certeza que isso
está além do óbvio. Mas ele não te contou sobre Henning Peters e a grande
oportunidade com as gravadoras e tudo mais?
— Eu acho que ele se sentiu estranho sobre a briga e então eu fiquei doente.
Honestamente, nós não temos falado muito, — disse ela. — Ele vai trabalhar com
Henning Peter?
— Sim.
— Uau. Isso é enorme.
— Sim. Eu sou uma distração, Nell, — admiti, olhando para as minhas
mãos. Exceto que apenas covardes faziam coisas assim. Eu levantei meu rosto
novamente. — Essa é a realidade do seu irmão e eu.
Ela apenas olhou para mim.
— Você está certa sobre este lugar, a casa dos seus pais. Problemas
passados o incomodam, tornam difícil estar aqui. Só posso dizer isso porque não
estou contando nada que você já não saiba. — Diferentemente da venda da casa.
Essa era a notícia para ele compartilhar. Opa sobre a coisa de Henning Peter.
— Sinto muito. — disse Nell.
— É o que é. Somos amigos. — Engoli em seco, fazendo o meu melhor para
manter a calma. — Obrigada por se oferecer para me deixar ficar, para guardar
minhas coisas aqui.
— Claro.
Nós duas tentamos sorrir. Acho que o dela era melhor que o meu.
Foda-se os homens e seus pênis do diabo. Eu tinha um futuro para
planejar.
Certamente haveria problemas comigo entrando no negócio. Por exemplo,
Eric tratando o lugar como seu palácio de cortejo. Embora Rosie tivesse
confidenciado no outro dia, ele cortara muito disso desde o colapso de Nell com ele.
Ele mal se incomodou em flertar comigo. Ainda assim, estaria observando. Além
disso, como Eric receberia a notícia de sua futura paternidade poderia ser vital. Se
ele e Nell pudessem continuar mantendo um relacionamento funcional pelo bem
da empresa.
Mas eu tinha um mês para me acomodar, para ouvir e aprender. Para ver
se poderia fazer isso. Eu queria fazer parte do Dive Bar, para ficar em Coeur
d'Alene. Tinha muito a contribuir e, por qualquer motivo, estar aqui parecia certo.
Se não desse certo, no entanto, eu poderia sempre fazer um Plano B.
Chris tinha me arruinado. Machucou meu coração e abalou meu orgulho.
Ele também, no entanto, mostrou-me o erro dos meus caminhos. A minha
estupidez de lutar cegamente, tentando compensar minha infância ao substituí-la
por uma grande e brilhante casa e uma família. Aquelas coisas como eu as conhecia
eram apenas adereços.
Pode parecer tão Oprah, mas minha felicidade precisava vir de mim. Eu
sabia disso agora.
Eu poderia construir minha própria casa, fazer um futuro para mim
mesma. Não confiar em outra pessoa para vir e magicamente me fazer sentir como
se eu valesse a pena, como se eu pertencesse. Eu poderia ser forte sozinha.
Como um produto derivado do comportamento cruel deles, Chris e
companhia me fizeram crescer e me ensinaram algumas importantes lições de vida.
Com a indenização paga pelos Delaney por que eu nunca processasse por danos
emocionais ou outros danos, e me abstivesse de contar a minha história para a
imprensa (o medo de Brett Chen deveria ser significativo), eu implementaria o que
aprendi.
Irônico, realmente. Eu poderia até agradecer ao meu ex-noivo um dia
desses.
Duvido, no entanto.

*************************************************

Nell precisava do escritório. Eu deixei o trabalho de contabilidade e ajudei


Rosie e Masa a terminar a noite. Carregar as máquinas de lavar louça industriais,
limpar as mesas, limpar o chão, esse tipo de coisa. Principalmente qualquer
trabalho que me permita ficar de olho no corredor dos fundos. Quem sabe, a futura
mãe pode precisar de apoio emocional. Era uma situação tensa, de alto drama.
Dado ao meu recente susto com o preservativo esquecido, eu sentia muito por ela.
Nell pediu a Eric para se juntar a ela no escritório. Não demais. Ninguém
prestou atenção. Ainda. Os proprietários (com exceção de Pat) tinham reuniões
ocasionais em portas fechadas. Como seu irmão mais cedo, ele nunca reapareceu.
Dado que sem dúvida ele tinha acabado de receber as notícias sobre a sua iminente
paternidade, eu também usaria a saída dos fundos.
Vaughan entrou em seguida. Dois minutos depois, ele voltou correndo,
vermelho de raiva e furioso. — Onde ele está?
— Quem? — Perguntou Rosie.
— Eric. — Ele cuspiu o nome como se fosse veneno. — Onde ele está? Eu
vou matar ele porra.
— Não sei. — Rosie fugiu. Justo.
— Ele se foi. — Parei de fingir estar profundamente absorta em reabastecer
os condimentos. O olho maligno de Vaughan virou na minha direção. Merda. O
homem estava além de enfurecido, o lábio superior enrolado e os ombros
arquejando. Você teria pensado que eu tinha engravidado a sua irmã pelo jeito que
ele estava olhando pra mim. — Ele saiu há pouco tempo.
— Covarde.
Nada bom. Com toda a violência da batalha épica de quatro caras em sua
sala de estar no início desta semana, você teria pensado que ele já tivesse a sua
cota socos por um tempo. Acho que não, no entanto.
— Estou praticamente acabei aqui, — eu disse. — Por que não vamos?
Depois de um momento, ele sacudiu o queixo. — Sim. Pegue sua merda.
Vamos.
Oh-kay. Eu fui e peguei minha bolsa do escritório agora curiosamente vago.
Talvez fosse o dia internacional do uso da porta dos fundos. Nenhum trocadilho
intencional. Ou talvez Nell também tivesse decidido que precisava escapar sem ser
vista.
Eu verificaria ela mais tarde. Boyd tinha as chaves, ele podia fechar o bar.
Vaughan abriu a porta e pisou na calçada. Eu segui mais devagar, dando-
lhe algum espaço. Com sorte, não haveria sinal do pai do bebê hoje à noite. Se Eric
tivesse alguma habilidade de sobrevivência, ele estaria em algum lugar se
escondendo.
De repente, Vaughan se virou e recuou, parando abruptamente na minha
frente.
— Você sabe? — Ele exigiu.
— Sei o que?
— Sobre ela ter engravidado de Eric.
— Sim.
Ele soltou um suspiro. — E você ainda quer ficar aqui, comprar aquele bar?
— Nell falou sobre isso também? Ok. — Eu não dei um passo para trás,
apenas me inclinei para longe dele, tentando colocar uma pequena distância entre
nós. Não que eu estivesse com medo dele, mas também não gostava de ninguém
se levantar na minha cara. — Sim eu quero. Gostei de trabalhar lá e acho que
tenho muito a oferecer a eles.
— Não. Vamos lá. — Ele voltou a encarar e começou a andar de um lado
para o outro do lado de fora do Inkaho, o estúdio de tatuagem de Pat. A luz brilhou
em torno das bordas das grandes ilustrações emolduradas penduradas na vitrine,
escondendo a maior parte do interior da vista. Eu acho que se você estivesse com
sua bunda sendo tatuada, ter pessoas passando e vendo não seria desejável.
— Lydia! — Ele gritou.
Eu pulei surpresa, começando a ficar um pouco irritada comigo mesma.
Ele olhou para mim como se eu estivesse além do reconhecimento. Como
se eu fosse apenas uma merda no sapato dele.
— Primeiro você fica noiva de um cara que mal conhece, — ele disse. — É
sugada para aquela porra venenosa de família. Agora você está pulando direto para
isso? Você só trabalhou lá alguns dias.
— Eu tenho pensado nisso. Vi como eles trabalham, olhei para os números
deles, — disse, ficando o mais alta possível. — E haverá um período experimental
de um mês para dar a todos nós uma chance de avaliar se funcionará ou não. Eu
não estou apenas pulando em qualquer coisa.
— Cristo. — Sua risada não foi tão engraçada. — Que diabos está errado
com você? Você nunca aprende?
Hã. É bom saber o que ele realmente pensava de mim.
— Bem?
Eu apenas dei de ombros. — Bem o que?
— Você vai responder a minha pergunta?
— Não. — Cruzei meus braços, observando sua raiva crescer e crescer. Ele
olhou para mim, me enfrentando com uma máscara de fúria e frustração. Era
péssimo ser ele. — Eu não te devo nenhuma resposta, Vaughan. Não sobre minhas
decisões de negócios. Não sobre minha vida. E especialmente não enquanto você
está se comportando como um idiota e me insultando.
Ele engoliu em seco, virando-se. — Bem, eu não vou ficar aqui, não por esse
garoto, e nem por você.
— Quem diabos te pediu? — Gritei, a voz ecoando para cima e para baixo
na rua vazia. — Falo sério.
Ele parou.
— Você parece pensar que isso é tudo uma grande conspiração para prendê-
lo na cidade. Não é.
Ele zombou.
— Vá e se alegre com Conn e Henning Peters em Los Angeles. Essas pessoas
não precisam de você aqui, — eu disse, tentando manter minha voz calma. — Por
quanto… dez anos? Por dez anos, todos eles se saíram bem por conta própria.
Então merda aconteceu. Merda sempre acontece. O mundo vira e as pessoas
estragam as coisas, cometem erros. Sua presença aqui não teria mudado nada.
Em silêncio, ele olhou para mim.
— Eles não precisam de você, e eu também não. — Fiquei de pé, algo dentro
de mim quebrando, lágrimas brotando nos meus olhos. — Sinto muito que você
tenha perdido seus pais e sua irmã não esteja atendendo às suas expectativas de
como exatamente ela deveria ou não estar fazendo. A coisa é, somos todos humanos
e as pessoas morrem.
Suas narinas se dilataram em fúria.
— Lide com sua merda, Vaughan. Chore por seus pais. Supere sua culpa.
Dê a você e sua irmã uma pausa. Faça o que diabos você precisar para ficar bem.
— Muitas emoções estavam correndo soltas. Eu passei meus braços em volta de
mim, tentando me segurar. — Mas entenda, você não é Deus. Sua família e amigos
aqui vão conseguir se arranjar sem você, se voltar para a costa é o que você tem
que fazer para se sentir bem consigo mesmo.
— É, — ele gritou, mãos cerradas em punhos. Uma pose de homem tão
bravo. — Claro que é. A maior oportunidade da minha vida está lá. Aqui não.
— Ótimo. Vá. — Eu balancei a cabeça rigidamente. — Mas não fique
chateado comigo porque o que eu quero - esta cidade - essas pessoas são o que
você está deixando.
Nada.
E sério, foda-se isso. Foda-se tudo isso. — Acho que conversamos o
suficiente esta noite. Você se importaria de me levar para casa, por favor, ou prefere
que eu pegue um táxi?
Por um minuto ele olhou para mim, então ele andou em direção ao seu carro
estacionado. Eu fiquei olhando para ele. Homens do caralho com seus problemas
de merda. Foda-se todos eles. Eu tentei diminuir minha respiração, para acalmar
minha merda.
Não funcionou de verdade.
Na rua, ele destrancou o carro e entrou, batendo a porta com força. Dai-me
força. O pensamento de entrar em um pequeno espaço fechado com ele não era
apelativo pra mim. Um de nós poderia acabar morto. Talvez eu devesse ir para casa
andando. Não em casa. Nunca estaria em casa. Estava uma noite tranquila agora
que o Sr. Escandaloso tinha calado a boca. Claro, eu não tinha sido exatamente
uma jovem decorosa.
Gah. Tanto faz. As estrelas estavam brilhando. A lua estava brilhando. Toda
essa linda merda.
Vaughan acelerou o motor, os faróis cortando a noite. Então ele apenas
ficou lá, esperando por mim, eu acho. Meus pés ficaram parados. Isso era uma
mudança. Eu sempre estive tão ansiosa para chegar perto dele.
Mas agora, bem ... o que fazer?
Foi quando a cadeira veio atravessando vitrine do estúdio de tatuagem para
a calçada. Vidro quebrado, voando por toda parte. Eu caí de lado no meu quadril,
aterrissando com força no cimento, os braços cobrindo minha cabeça. O súbito
barulho foi atordoante. A cadeira passou por mim, com as pernas de metal fazendo
faíscas contra o concreto. Ela parou no poste, anunciando o limite de velocidade.
Então nada. Silêncio absoluto.
Cautelosamente, levantei a cabeça. De dentro do Inkaho, duas pessoas
ficaram olhando para mim em choque. Então. Justo, na verdade. A cena foi surreal.
A luz brilhou na miríade de vidros quebrados. Pareciam diamantes ou estrelas ou
algo assim. Algo bonito, mas sanguinário. De jeito nenhum eu poderia colocar
minhas mãos para baixo, me empurrar para me colocar em pé. Acho que deveria
ficar parada por um momento. Analisar a situação.
— Lydia! Merda! Gritou Nell de dentro do estúdio de tatuagens, depois
correu para a porta, sacudindo a fechadura. — Pat, abra-a.
Em vez disso, o homem subiu diretamente sobre os restos arruinados da
vitrine. Crunch, crunch, crunch, veio debaixo de suas botas.
— Você está ferida? — Ele perguntou.
— Eu, ah ... — Eu olhei ao redor, esperando meu cérebro se recuperar.
— Ela está bem? — gritou Nell, observando a vitrine quebrada da loja.
— Não tenho certeza. — disse Pat.
Passos vieram correndo em minha direção. Esse era Vaughan. Seu
Converse não fazia tanto barulho quanto as botas de Pat. Por que isso importava,
eu não tenho ideia. Eu poderia estar um pouco em choque. Apesar de todo o vidro,
Vaughan não hesitou em se ajoelhar ao meu lado.
— Baby? — Ele levantou meu rosto para a luz, me inspecionando por danos.
— Deixe-me ver. Você está bem?
— Sim. Eu acho que sim.
— Tem certeza?
— Eu realmente não tenho mais certeza de nada.
Um grunhido. O homem levantou-se, depois colocou as mãos nas minhas
axilas e me pôs de pé também. Nenhum vestígio de raiva permaneceu. Seu olhar
preocupado continuou me varrendo, procurando qualquer indício de mutilação. —
Alguma coisa doí?
— Que porra de noite estranha. — sussurrei.
— Ei, preste atenção em mim. — Ele gentilmente segurou meu rosto, a
boca em uma linha reta séria. — Você tem certeza de que está bem? Alguma coisa
dói?
— Acho que não. — Balancei a cabeça lentamente, sentindo o meu corpo
por dentro. Mexi meus dedos e dedos dos pés, movi minha cabeça para um lado e
para o outro. Todos os principais membros ainda estavam ligados. Nenhuma
piscina de sangue me cercava. Ok, bom. — Só um pouquinho onde eu caí sobre o
meu quadril.
Depois vieram Boyd, Rosie e Masa, saindo correndo do Dive Bar.
— O que aconteceu? — Perguntou Rosie, a voz alta e excitada.
— Pat recebeu algumas más notícias. — disse Nell, a voz tremendo
ligeiramente.
Não precisava ser formada em ciência espacial para descobrir quais eram
as notícias. Nell contara a Pat sobre o bebê. Pat havia perdido a cabeça e jogado a
cadeira. Apesar da separação deles. Apesar do divórcio. Ombros se curvaram, Pat
parecia perdido, ferido. Nell parecia igual. Ainda assim, não dava permissão a ele
para começar a atirar móveis pelas vitrines, no entanto.
A quantidade de gritos, drama e violência nos últimos sete dias tinha sido
insana. Em total contraste com a indiferença estudada da minha própria família.
Como se importar demais fosse um erro, um constrangimento. O fato é que, quando
as coisas se desintegrassem nesse grau, meus pais já teriam se mudado há muito
tempo. Eu tinha tido a mesma opção e, no entanto, eu fiquei.
Ficar era a decisão certa. Foi sim.
Enquanto isso, Masa xingou, enquanto Boyd recuava, franzindo o cenho.
— Cristo, Lydia, — disse Pat, com os olhos angustiados. Ele esfregou o rosto
com as duas mãos. — Se eu te machucasse ... merda.
Uma sirene de polícia soou à distância.
— Tudo bem, — anunciei para todos. Apesar de todas as evidências serem
do contrário. — Está tudo bem.
— Que bagunça. — disse Nell, uma lágrima escorrendo pelo seu rosto.
Eu só pude concordar.
Capítulo Vinte e Um
Os banhos eram os melhores amigos de uma menina. Foda-se as joias,
chocolate e outras coisas. Uma grande e velha banheira cheia de água morna
ganhava de tudo isso. Advil também não era ruim. Apesar do hematoma
monumental que cobria meu lado, meu quadril quase não doía.
Deitei minha cabeça contra a borda da banheira, olhando para o nada.
Tentando pensar de forma construtiva sobre a minha vida, mas não conseguindo
realmente.
Nell e Vaughan conversaram com a polícia enquanto o resto de nós limpava
a bagunça. Demorou um pouco para Joe chegar com suprimentos para selar a
vitrine. Joe ficou com Pat enquanto levamos Nell para o apartamento dela. Tudo
somado, mais uma longa noite louca em Coeur d'Alene com a família Hewson e
amigos.
A voz da dúvida estava passando pela minha cabeça. Claro que sim. Essas
pessoas eram loucas. Eu estava louca para sequer considerar ficar aqui e jogar
meu dinheiro no Dive Bar. Só quando eu andei com Nell até o apartamento dela,
ela me abraçou, segurando firme.
Gostei daquilo.
Por mais duro que pareça, se Vaughan estivesse partindo, o mais cedo
possível talvez fosse o melhor. O motim emocional e a confusão em massa em que
ele estava preocupado haviam ficado velhas. Ele fez minha vagina feliz.
Delirantemente. Mas o restante de mim estava cansado. Ou talvez fosse apenas a
minha cabeça e meu coração, as partes dos pensamentos e sentimentos. Eu já
tinha enfrentado uma grande rejeição neste ano, do meu ex-noivo. Duas já estava
ficando um pouco ridículo.
No começo, não registrei a batida silenciosa. Só quando continuou,
acompanhado de Vaughan abrindo a porta do banheiro um pouco para espiar,
sentei-me rapidamente, abraçando meus joelhos no peito, cobrindo todos os itens
essenciais. Como se ele não tivesse visto tudo. Uma cascata de água espirrou sobre
a borda no chão. Ops.
— Só verificando se você não tinha adormecido. — disse ele.
— Não, estou bem.
— Se importa se eu entrar?
Abri minha boca para inventar uma desculpa. Mas não saiu. A porta se
abriu e ele entrou, algumas velas grossas em uma mão e duas garrafas de cerveja
na outra. Ele colocou tudo no banco ao lado da banheira, tirando uma caixa de
fósforos do bolso do jeans. Pequenas chamas floresceram em pouco tempo. Um
dedo apagou a luz, mergulhando o banheiro no modo romance.
Não. Por favor não.
— Vaughan. — Eu não consegui dar um sorriso. Eu não tinha um em mim.
Com um movimento de seu pulso, uma tampa de garrafa caiu no chão. —
Aqui.
— Obrigada. — O vidro gelado gelou a palma da minha mão. — Hum. Eu
não estou realmente com vontade de ter a cura sexual...
Outra tampa de garrafa caiu e ele se ajoelhou ao lado da banheira, apoiando
um braço na borda. Depois de tomar um gole saudável, ele apenas olhou para mim,
sem dizer nada. Tê-lo todo perto e pessoal não constava na minha lista de objetivos
agora. Eu precisava de espaço para resolver essa situação. Não apenas para
planejar, mas para entender, como seria o futuro aqui sem ele.
— Lydia ...
— Sabe, eu realmente não quero falar também. Desculpa.
— Ok. — Seus olhos estavam tão tristes.
O desejo de levar tudo de volta era enorme. Mas eu não fiz. Não pude. As
habilidades de sobrevivência tinham que aparecer eventualmente. Proteger meu
coração idiota de ficar mais envolvido com ele. Eu também ainda estava um pouco
chateada com ele por mais cedo.
— Pensei que você deveria saber, — disse ele. — Tomei uma decisão. Eu
vou embora na segunda de manhã.
— Oh. — Era isso, a data tinha sido marcada. Minha mente esvaziou,
ficando em branco. Demorou um momento para encontrar palavras. — OK. Certo.
Vou me organizar amanhã. Tirar minhas coisas do caminho. Nell disse que eu
poderia ficar com ela por um tempo. Guardar minhas coisas no bar.
— Vou ajudá-la a se mudar.
— Obrigada.
Nós apenas nos encaramos.
Ele desviou o olhar primeiro, olhando para a porta. Obviamente infeliz.
Meus dedos coçaram para afugentar os sulcos em sua testa. Para dar-lhe conforto
e receber o mesmo. Eu tive sorte com a coisa do Chris. A maneira como tudo se
desfez, eu estava quase em êxtase. Ter evitado cair em sua malvada armadilha
matrimonial foi maravilhoso. Também havia raiva e vergonha. Muitas emoções
nublando a cena. Mas muito menos sofrimento do que deveria ter sido. Então
provavelmente haveria com Vaughan.
— Eu lhe darei sua privacidade. — ele disse, ainda sem se mexer.
— Nós não podemos fazer sexo.
Suas sobrancelhas se levantaram.
— E sem falar, — propus. — Apenas beber nossas cervejas e passar um
tempo juntos. Se você quiser?
Ele piscou. — Certo. Nós poderíamos fazer isso.
— OK.
— Você se importa se eu entrar? — Ele acenou para a banheira.
— Nós dois nus em uma banheira? — Mais duvidosa.
— Certo. — Ele estremeceu. — Pode dificultar um pouco a coisa do sem
sexo.
— Dificultar. Haha.
Um sorriso. Ele se levantou e começou a tirar os sapatos, tirando as meias.
Basicamente, não seguindo o acordo recentemente alcançado. — Eu tenho a
resposta.
— Você tem?
— Sim. Puxe o ralo, deixe um pouco da água sair. — Sem mais nenhum
aviso, ele subiu na banheira ainda vestido de jeans e camiseta. Nada normal.
— Vaughan! — Arranquei o plug antes de inundarmos a maldita casa. — O
que você está fazendo?
— Passando um tempo com você. Não fazendo sexo. — O homem ficou de
pé, esperando que o nível da água diminuísse. Depois de um minuto, ele se
agachou atrás de mim, pernas longas pressionando minhas costas. — Baby,
avance um pouco.
— Merda. — Eu fiz como disse. — Mas suas roupas?
— Elas estão precisando de uma lavagem.
Eu bufei. — Entendo. Ótima maneira de economizar água.
— Guerreiro ambiental. Este sou eu. Isso está um pouco apertado. Aguente
firme. — Seu braço foi ao redor do meu corpo durante o tempo que levou para me
puxar de volta para cima. Uma coisa fácil de fazer na água. Pernas esticadas
debaixo de mim e eu sentei em um colo áspero. Jeans molhado feito de assento é
tão confortável quanto você imagina. Pelo menos eu não estava usando um. Você
poderia imaginar o atrito?
Reinseri o ralo antes de perdermos toda a água. — Sim, isso não parece
nada sexual. Eu sentada nua no seu colo, tomando banho à luz de velas.
— Deus, você tem uma mente suja.
Eu dei a ele um olhar por cima do meu ombro. Espero que isso tenha
transmitido minha completa falta de confiança.
— Eu respeito seus desejos, Lydia. Nada vai acontecer. — Com os olhos
arregalados e inocentes, ele bebeu sua cerveja.
— Mm-hmm.
— Shh. Você não queria falar.
Idiota.
Coluna reta, eu sentei lá, tomando minha bebida. Fiel à sua palavra, nada
foi dito, nenhum movimento foi feito. Aos poucos, comecei a relaxar. Eu culpo as
sombras lançadas pelas velas. Aquelas chamas bruxuleantes me embalaram.
Eventualmente, eu descansei minhas costas contra sua frente molhada, me senti
confortável.
— Sinto muito ter gritado com você mais cedo. — Ele sussurrou.
— Novamente.
— Sim. — Um suspiro pesado. — Novamente.
— Um dia, talvez você queira conversar com alguém sobre tudo isso. A
morte dos seus pais ...
Silêncio. Muito e muito silêncio. Eu me preparei para o boom. Mais gritos e
palavrões, etc. Ele deixou claro que não queria discutir esse tipo de coisa. No
entanto, lá fui eu me intrometendo, colocando de volta meu nariz onde não
pertencia. Que boas intenções idiotas suas. Porque o pensamento dele carregando
essa dor pelo resto de sua vida doía. Doía muito.
Então sim, eu esperei.
Em vez de raiva, no entanto, ele beijou o lado do meu rosto. Foi com os
lábios fechados. Casto. Lágrimas brotaram nos meus olhos, minha respiração se
contraindo. Coração estúpido.
— Fale comigo. — Eu disse.
— Sobre o que?
— Eu não sei. Me conte uma história.
— Tudo bem. — Ele limpou a garganta, seu peito subindo e descendo em
ritmo perfeito contra minhas costas. Pena, estar com ele sempre me pareceu tão
certo. Minha vida seria muito mais segura, mais direta, se eu conseguisse manter
alguma aparência de indiferença. O que aconteceu com todas as lições duras e frias
de meus pais? Parece que desde que eu vi o pornô caseiro de Chris e Paul, algo
dentro de mim se soltou. Definitivamente não era o desejo. Mais perto da loucura,
se alguma coisa.
— Era uma vez, — ele começou, voz baixa e medida. — Havia uma princesa.
Uma linda princesa ocasionalmente irritante.
— Qual era o nome dela?
— Ah, Notlydia.
Eu fiz uma careta. — O nome dela é Notlydia?
— Você queria uma história, eu estou te dando uma. Cale-se.
— Tanto faz.
Um suspiro ainda mais pesado do homem. — De qualquer jeito, Notlydia
estava toda preparada para se casar com este príncipe. Nós o chamamos de
Príncipe Saco de Merda.
— Funciona para mim.
— Mas no dia de seu casamento, quando ela estava usando este lindo
vestido que servia seus seios como se estivessem em uma porra de prato.
— Esta é uma história pornográfica?
— Por favor, — disse ele, deslizando um braço em volta da minha cintura
nua. E eu deixei. — Se você não consegue ver nenhuma penetração, está perdendo
seu tempo. Esta não é recomendada para menores de 18 anos.
Eu ri.
— Então, no dia de seu casamento com o Príncipe Saco de Merda, Notlydia
o beija e ele se transforma em um grande sapo de duas cabeças com uma
respiração terrível e um odor ainda pior.
— Whoa. — Eu descansei minha cabeça contra seu ombro. — Pobre
Notlydia.
— Inferno de uma reviravolta na história, certo?
— Nunca vi isso vindo.
— Mm. — Ele descansou sua bochecha contra o topo da minha cabeça.
— O que acontece depois?
— Bem, ela está completamente apavorada, é claro.
— Claro.
— E ela foge para a floresta. Ela está correndo através de arbustos, pulando
cercas, escalando árvores, você escolhe. Nada vai impedi-la de ficar bem longe
daquele sapo, o Príncipe Saco de Merda. — Ele tomou um gole de cerveja. —
Infelizmente, ela perde seu vestido extravagante ao longo do caminho. Ela está
apenas com uma calcinha e um espartilho e com toda aquela corrida pela floresta,
eles mal se seguram. Um suspiro decente e vai haver um mamilo lá fora para todo
o mundo ver. Por acaso mencionei que ela foi eleita a Melhor Comissão de Frente
do reino por quatro anos consecutivos? Enfim, ela finalmente encontra esse
pequeno chalé. Agora, o que você não sabe sobre a Notlydia é que ela tem um
passado sombrio.
Eu tentei olhar para ele. Mas com o ângulo, tudo o que consegui foi restolho
e bochecha. — Isso não soa como Notlydia.
— Fique quieta.— Uma mão cobriu minha boca. — Notlydia é uma garota
bem suja. Tem um lado ruim como você não acreditaria. Um pouco de invasão de
propriedade não é nada para ela. Então ela entra na casa. Mas ela está toda
enlameada de correr pela floresta, viu? Ela não pode deixar as pessoas a verem
assim - ela é uma princesa, pelo amor de Deus.
A mão permaneceu sobre a minha boca. O que estava bem, eu não tinha
nada a acrescentar ao seu conto de fadas pornográfico.
— Notlydia entra no chuveiro e começa a se ensaboar. Há muitas bolhas e
vapor, e ela é uma mulher moderna, então há um pouco de amor-próprio. Ela até
encontra tempo para lavar o cabelo, raspar suas partes, coisas assim. Mas então o
dono da casa acorda e ouve a água correndo. Ele pisa no banheiro dizendo, alguém
está usando minha água quente. Notlydia grita: — Não sou eu, não sou eu.
Ele esticou o pescoço, encontrando o meu olhar. — Viu, baby, o que eu te
disse? Que Notlydia é uma mentirosa imunda.
Eu olhei para o céu. Nenhuma ajuda estava próxima.
— Alguém está usando todo o meu sabão, diz o dono. — Não sou eu, não
sou eu, — grita Notlydia.— Ele colocou os lábios ao lado da minha orelha. — Ela
deveria ter vergonha de si mesma, não deveria? Se alguma vez uma princesa
peituda merecesse uma surra.
Mordi a palma da mão dele, os dentes pegando o monte carnudo sob o
polegar.
— Ow. — Ele riu, puxando a mão livre. — Então o dono disse, alguém está
se tocando no meu chuveiro.
— Pare! — Eu coloquei minhas mãos sobre meus ouvidos, tentando
desesperadamente segurar minha risada. — Esta é a pior história de todas. Os
Irmãos Grimm estão rolando em seus túmulos.
— Notlydia joga a cortina do chuveiro para trás e diz: 'Ah sim, menino
grande, essa sou eu. Venha e me pegue. E eles fazem sexo selvagem por toda a
casa.— O corpo de Vaughan se sacudiu embaixo do meu quando ele riu. — O fim.
— De jeito nenhum. Notlydia é virtuosa e pura. Ela nunca puxaria esse tipo
de merda.
— Nah.— Ele riu. — Tudo aconteceu exatamente como eu disse. A princesa
mais suja em toda a terra.
— Como o inferno. O dono daquela casa era um pervertido e um depravado.
Por que, ele teria aberto a fechadura do cinto de castidade. Ela nunca teve uma
chance. — Difícil manter minha postura piedosa, dado que eu comecei a rir tanto
que as lágrimas estavam caindo pelas minhas bochechas. O bastardo engraçado.
— Eu quero saber mais sobre esse dono de chalé. Qual o nome dele?
— Eu não sei. Deixe-me pensar ... — Ele descansou o queixo de volta no
topo da minha cabeça. — Ele definitivamente não é o Príncipe Encantado.
— Ele poderia ser!
Silêncio.
— Se ele quisesse. Ou não. Seja como for, — acrescentei fracamente.
Porcaria. — Vamos voltar ao não falar.
Eu era um idiota.
Nós estávamos relaxados e rindo. Eu e minha boca idiota. Muito bem, Lydia.
Apenas grite qualquer sonho antigo e impossível para o cara que deixou claro que
não havia futuro para um “Nós“. Se alguém pudesse me direcionar para a parede
de tijolos mais próxima, eu colocaria um pouco de senso em mim.
Por outro lado, foram duas palavras estúpidas. Certamente ele poderia ter
ignorado os últimos cem anos da Disney perpetuando jovens da realeza que
vagabundeavam pelo interior do país salvando garotas gostosas em perigo. Para o
bem do nosso relacionamento. Deus sabe, Chris nunca teve problemas em me
ignorar ou me acalmar. Eu vi seu lindo e insensível sorriso dirigido para mim uma
centena de vezes. Não, mil vezes. Se ao menos eu tivesse reconhecido o que era.
Ugh. Só o pensamento disso me fez querer dar um soco no idiota de novo.
Talvez eu precisasse de um pouco mais de uma semana para superar essa
catástrofe. O dinheiro ajudaria. Substancialmente. Eu nunca imaginei que
comprometer minha moral e tomar dinheiro de idiotas tão mal-intencionados seria
tão bom. Talvez eu devesse ser traída mais vezes.
— Este, ah, esse seu Príncipe Encantado. — Ele disse hesitante.
— Sim?
Vaughan se mexeu embaixo de mim, empurrando uma respiração pesada.
— Quero dizer, não faz sentido, não é? Por que ele estaria em uma cabana em vez
de um castelo?
— Bem ... seus pais, o rei e a rainha do reino vizinho, morreram em um
terrível acidente.— Fiquei perfeitamente imóvel, esperando para ver como ele
reagiria.
— Entendo.
— E isso o machucou tanto que ele simplesmente não queria mais ser um
príncipe.
Nada dele.
— Coisas ruins acontecem em contos de fadas às vezes.
Um grunhido.
— Não é justo, mas acontece, — eu disse, sentindo o meu caminho com
mais cautela do que habilidade. — O príncipe amava seus pais e o castelo tinha
muitas lembranças.
— Hmm.
— Então ele correu para a floresta também.
— Não parece muito com um príncipe se ele não consegue lidar com sua
merda. — disse ele.
— Príncipes são apenas homens também, seres humanos. Eu não acho que
uma coroa ou um pênis lhe dê invulnerabilidade mágica para perda e dor.— Eu
olhei para a parede, pensando no problema. — A vida é difícil. Coisas terríveis
acontecem. Todos nós temos sentimentos. Somos todos de carne e osso, tentando
fazer o melhor possível.
— Fugir de problemas não é fazer o seu melhor.— Sua voz ecoou em torno
do pequeno banheiro do mesmo jeito que em volta da minha cabeça.
Com a conquista do título de Coeur d'Alene para noiva fugitiva do ano, não
tive resposta. Nenhuma mesmo. Tanto pela minha meia-sabedoria.
As mãos esfregaram o alto dos meus braços como se eu precisasse de algo
reconfortante. Como se ele quisesse sair, o que envolvia em eu calar a boca e sair
de cima dele.
— Longo dia, — Vaughan retumbou, me atraindo de volta para o aqui e
agora. — É melhor você ir para a cama. Como está seu quadril?
— Bem. Apenas com um hematoma— Eu movi minha bunda grande,
agachando-me na frente da banheira, retornando para a posição“oh deus, cubra
tudo para que ele não veja sua massa de flacidez branca”. — Instinto protetor puro
e irritante como o inferno. Não havia nada de errado com o meu corpo. Eu era uma
mulher forte e moderna, blábláblá. Velhos hábitos eram uma puta para quebrar.
Uma onda poderosa rolou para frente e para trás, derramando mais água
no chão. Ele saiu, gotejando todo o caminho. Logo o tapete do banheiro parecia
uma poça encharcada. Camisa molhada e jeans foram espalhados pelo chão.
Cara, eu adorava sua pele. Toda a arte tatuada nele. A maneira como seu
corpo se movia, vigoroso e eficiente, membros se movendo, músculos flexionando.
Ele não fez nada único ou peculiar. Nenhuma acrobacia ou proezas aéreas estavam
envolvidas. Apenas Vaughan fazendo sua coisa, movendo-se pelo mundo, vivendo
sua vida. Eu não poderia desviar meus olhos.
Ele secou a parte superior do corpo, em seguida, enrolou a toalha em volta
da cintura. — Você precisa de uma mão?
Eu sorri. — Não. Obrigada.
Ele assentiu e se dirigiu para a porta. Meu Príncipe Encantado, seguindo,
indo embora. É uma pena que sexo tenha consequências que você nem sempre
pode prever. Mudanças na emoção, em como você vê as pessoas. Pena que você
não podia comprar o amor.
Capítulo Vinte e Dois
Domingo, nós trabalhamos no turno do jantar no Dive Bar.
Devido a um evento no centro da cidade, não foi particularmente
movimentado. Boyd, com a ajuda de Kurt, o garoto da cozinha, estava no comando.
Parecia que ele gostava de fazer um brunch durante todo o dia no sétimo dia da
semana. Ovos Benedict, panquecas de ricota com banana e molho de caramelo,
batata e bolos de milho com espinafre, bacon e molho, e outras coisas incríveis.
Chegamos a tempo para pegar o final disso quando eles mudaram para o menu de
jantar, que incluía, principalmente, pizzas e massas. Chegar a provar dos restos
do brunch nos intervalos foi o melhor. Questões relativas ao tamanho da minha
bunda e quadris eram problemas para outro dia.
Nenhum sinal de Eric ou Nell. Joe e Vaughan trabalhavam no bar.
Eu liguei para Nell mais cedo e deixei uma mensagem no celular dela. Após
os eventos da noite passada, eu provavelmente gostaria de ser deixada em paz
também. O resto do dia passou rapidamente e foi relativamente indolor. Apesar da
contagem regressiva para a partida de Vaughan correndo na minha cabeça.
Ele dormiu comigo. Nós não discutimos isso, ele só subiu ao meu lado,
cueca boxer, que permaneceu intacta. As coisas estavam tão estranhas agora. A
gratidão que senti quando ele deitou ao meu lado me abrasou.
O amor era uma pílula amarga.
Dormir me ajudou com as minhas várias dores antes de mudarmos as
minhas coisas, o que não demorou muito. Cada um de nós pegamos nossos carros
para despejar uma carga na despensa do segundo andar acima do restaurante e
tínhamos acabado. A maioria dos meus itens da cozinha e itens domésticos foi
doada para uma instituição de caridade local pouco antes do casamento. Eu pensei
que não precisaria mais deles, com todos aqueles presentes dos amigos chiques
dos Delaney que chegavam todos os dias.
— Me dê cobertura.— Uma mão de repente agarrou meu braço. Uma voz
masculina vindo diretamente atrás de mim. — Bom trabalho. Qual o seu nome?
— Isso é um assalto ou algo assim? — Perguntei, sem saber se ficava
perplexa ou com medo.
O homem misterioso riu. — Foda-se não. Tenho mais dinheiro do que posso
gastar nesta vida. Qual o seu nome?
— Lydia
— Ok, Lydia. Você está indo bem.
— Obrigada.— Eu dei uma olhada por cima do meu ombro.
— Não olhe para mim!
— Desculpe, desculpe.— Apesar de ser quase nove da noite, o cara usava
óculos escuros. Seu rosto estava quase todo obscurecido por um chapéu de
caminhoneiro. Fios de longos cabelos loiros tinham escapado do boné, no entanto,
caindo por cima do ombro. Camisa verde brilhante. Fora isso, eu não tinha nada.
Se eu tivesse que descrevê-lo para a polícia, não haveria muito o que fazer,
caramba. — Eu não vou fazer isso de novo.
— Eu deveria esperar que não. Jesus, Lydia, — Ele disse, tom exasperado.
— Eu preciso que você trabalhe comigo aqui. Apenas aja normalmente. Caminhe
em direção ao bar como se nada de estranho estivesse acontecendo, tudo bem?
— Tudo bem.
— Vamos.
Com passos lentos e medidos, nos movemos em direção ao bar. Levei um
tempo para pegar o olhar de Vaughan. Eu tentei comunicar várias coisas para ele
com o meu olhar. Primeiro, eu não estou feliz. Segundo, quem estava atrás de mim
era a causa definitiva dessa infelicidade. Seus olhos se arregalaram, então seu
olhar saltou para a pessoa que me guiava em direção ao grande barman loiro.
— Você está tentando se disfarçar ou o quê? — Vaughan perguntou, voz
estranhamente calma. Em vez de pegar uma espingarda ou algo assim, ele
continuou servindo uma cerveja.
— Sim, — disse o maníaco, saindo de trás de mim. — Brilhante, não é?
Vaughan calmamente o olhou e sacudiu a cabeça. — Você é um idiota do
caralho. Tire suas mãos da Lydia, você está a assustando.
— Eu quero que você saiba, Lydia e eu somos melhores amigos. Ela acha
que meu disfarce é incrível, — declarou o maníaco falsamente. — Não é, Lydia?
— Eu estou autorizada a olhar para você agora? — Eu perguntei.
— Fique à vontade, — disse o homem, voltando-se para Vaughan, sua voz
extasiada. — Esta é a minha parte favorita, quando elas ficam todas animadas
comigo.
— Mm-hmm.
O maníaco me deu um largo sorriso.
Quem quer que ele fosse, ele certamente não tinha medo de cores berrantes
ou de declarar suas preferências musicais. Ele usava uma camiseta verde
fluorescente com uma grande foto de Malcolm Ericson do Stage Dive na frente, e
um chapéu rosa fluorescente combinando. — “Mal para Presidente” bordado no
chapéu. Acho que ele realmente amava o baterista do Stage Dive. Muito.
— Uau.— Eu dei a Vaughan um olhar de lado.
Ele começou a rir. — Ela não reconheceu você.
— Duh. Ela não deveria me reconhecer, eu estou disfarçado.— O maníaco
fez beicinho e sentou-se no bar. — E me dê essa cerveja
— Besteira.— Vaughan continuou rindo, colocando a cerveja no bar como
pedido. — Você queria que ela soubesse quem você era, seu fodido exibido.
O homem se recusou a responder, bebendo a cerveja.
— Baby, — disse Vaughan, sorrindo. — Esse é Mal Ericson.
Mal levantou a mão em saudação.
— Do Stage Dive? — Perguntei, só para ter certeza.
— Sim, — disse Mal. — Então… baby, hein? Não lembro de você ter um
baby antes, V-man. Que interessante.
— Não é interessante.— Vaughan começou a servir outra cerveja. — Não é
da sua conta.
— Eu gostaria de pagar uma cerveja para a baby.— Ele deu um tapinha no
banco do bar ao lado dele. — Sente-se, Lydia. Vamos nos tornar amigos. Conte
tudo ao seu tio Mal.
— Não diga nada a ele, — respondeu Vaughan, sobrancelhas abaixadas. —
O mais fodido intrometido que eu já conheci. Sempre fica metendo o nariz nos
negócios de todos. E ela está trabalhando.
— Eu adoraria uma bebida, — eu disse a Mal, tomando o assento oferecido.
— O jantar acabou, Masa está limpando as últimas duas mesas agora. Um
refrigerante e limão, por favor, barman.
— Vamos, baby.— Mal começou a estalar seus dedos. — Ele não é o seu
chefe.
— Quem o deixou entrar aqui? — Grunhiu uma voz feminina.
Pela segunda vez esta noite, fui abordada por trás. Desta vez, no entanto,
foi bem vindo. Nell me deu um rápido abraço antes de se inclinar contra o bar. —
Mal.
— Nell.— O baterista tirou os óculos escuros, jogando-os de lado junto com
o chapéu. Cabelos loiros dourados caíram por seus ombros. Claro, com ele revelado
em toda a sua glória, não poderia haver dúvida sobre sua identidade. O Stage Dive
era apenas uma das maiores bandas do mundo.
Eu olhei fixamente.
— Nell, Nell, Nell. Ainda secretamente ansiando por mim, eu vejo. — Mal
suspirou. — Pobrezinha patética.
— Aw. Eu acho maravilhoso você estar tão distante da realidade, Malcolm.
Não deixe ninguém te dizer algo diferente.
Ele riu. — Lydia, ela contou como quando éramos crianças, ela sempre
costumava me perseguir quando brincávamos de pegar e beijar? Toda vez. Não que
eu me importasse de ter uma garota mais velha em meu rastro. Mas, merda, correr
atrás de mim todos os dias. Ficou um pouco cansativo.
— Eu não estava tentando beijar você, seu idiota.— Nell se virou para mim.
— Uma vez no ônibus, o pequeno babaca tentou colocar fogo no meu rabo de
cavalo. Continuei perseguindo-o para tentar dar um soco nele, mas ele era muito
rápido.
— Sim, claro, Nelly. Você continua dizendo isso a si mesma.— Agitou Mal.
Eu olhei para frente e para trás entre os dois, tentando não rir. Os lábios
da pobre Nell estavam enrugados, com uma carranca pesada.
Vaughan bateu uma cerveja, colocando meu refrigerante e limão por cima.
Ficando fora da batalha de vinte e poucos anos. Sensato.
— Obrigada. — Eu disse.
Uma ponta de queixo levantada.
— Lamentei ouvir sobre sua mãe, — disse Nell em uma voz mais suave. —
Ela era uma mulher maravilhosa.
Mal assentiu. — Obrigado. Eu fiquei triste em saber sobre você e Pat.
— Sim. — Nell encolheu os ombros. — Merdas acontecem, certo?
— Infelizmente.
— Onde está Anne? — Perguntou Vaughan.
— Minha amada esposa está no final de um livro de romance e não quer ser
perturbada.— Com um sorriso, Mal tomou outro gole de cerveja. — Tenho a
sensação de que este vai ser incrível.
— O que?
— Cara.— Mal curvou o dedo, apontando pra Vaughan chegar mais perto.
Quando ele fez isso, Mal bateu na testa dele. — Ouça e aprenda, seu idiota. Você
tem um baby agora. Você precisa saber essas coisas.
Esfregando a testa vermelha, Vaughan não pareceu impressionado. Ou
mais experiente. Ainda.
— Quando as mulheres leem romances, uma de duas coisas geralmente
acontece.— Mal passou a mão pelos seus adoráveis cabelos. — Elas querem
discutir o livro com profundidade. E provavelmente a vida e seu relacionamento.
Algumas vezes está tudo bem. Você alcança um nível mais alto de compreensão
um do outro e essa merda. Mas às vezes é uma droga, pura e simples. Você acaba
ouvindo sermão por causa de algo que o cara do livro faz que faz você parecer mal.
Mas se é um livro incrível, no entanto, um quente? Bem, então ... vai rolar uma
foda bizarra como você não acreditaria, cara. As ideias que a minha amada tirou
de alguns desses livros. Ouro puro. Eu nunca poderia convencê-la a tentar metade
dessas coisas.
— Hã.
— Confie em mim, nunca zombe de um livro de romance, — disse Mal com
todo o entusiasmo de um pregador de rua maníaco. — Você não tem ideia da
quantidade de bem que eles podem fazer por você entre os lençóis e nas ruas. Se
você ama sua garota? Compre para ela livros.
Um momento de silêncio atordoado.
— Graças a Deus não temos pênis. — disse Nell, dando um tapinha no meu
ombro.
— Muito bom mesmo. — Eu concordei.
Profundamente pensativo, Vaughan coçou a cabeça. — Livros de romance,
né? Vou manter isso em mente.
— Dai-me força, — disse Nell. — Tudo certo?
Seu irmão olhou para ela, com o rosto enrugado. Eu acho que todos nós
sabíamos que ela não estava perguntando sobre o negócio. Até onde eu sabia, eles
não tinham se falado desde que ela havia dado a notícia de sua gravidez na noite
anterior. Dada a expressão dele quando saiu do escritório, ele não tinha aceitado
bem.
— Sim. Tudo bem.— Ele estendeu a mão, segurando a mão dela. — E com
você?
Seu sorriso era sombrio. — Chegando lá.
— Sei que você não queria que eu vendesse a casa. Mas com o dinheiro
extra, posso me dar ao luxo de voar para cá às vezes. Visitar com mais frequência.—
disse ele, com voz suave.
— Eu gostaria disso.— A alegria na voz de Nell falava por si mesma.
Os irmãos deram as mãos. Eu desviei o olhar, era um momento privado.
Suas promessas de visita não tinham nada a ver comigo. Eu só tinha que engolir
isso. E era bom que ele estivesse por perto mais frequentemente pela sua irmã; Nell
precisaria de todo o apoio que pudesse conseguir.
Mal, no entanto, continuou observando os irmãos, com os olhos pensativos.
Qualquer vestígio de sua marca particular de louco parecia ter desaparecido por
enquanto.
— A placa de fechado está posta, a porta está trancada. — disse Joe,
juntando-se a nós.
Andre seguiu logo atrás. — Olá a todos.
— Oi. — Eu sorri. Atrás de nós, o restaurante tinha esvaziado, todas as
luzes estavam apagadas. Músicas acústicas de várias bandas tocavam no sistema
de som. Eu gostava de como eles mantinham a música tocando mesmo depois de
fechar. — Hora de voltar ao trabalho.
— Fique aí, — ordenou Nell. — Masa e Boyd e o novo garoto da cozinha tem
tudo sob controle. Nós estamos tendo uma pequena festa de despedida surpresa
para o meu irmão. Desde que ele é tão bom em despedidas quanto é em nos avisar
que ele está na cidade.
— Eu ia ligar para você naquele dia. — disse Vaughan.
— Sim. Sim.
O grande urso loiro voltou para trás do bar, tirando uma garrafa empoeirada
da prateleira mais alta. — Eric disse para nunca tocar nessa. Então, vamos
começar com ela.
— Excelente. Tenho de admitir que seu irmão tem bom gosto pra uísque ...
— André inclinou a cabeça na direção de Nell, o menor dos sorrisos no rosto. — E
pra mulheres.
— Não.— Ela jogou nele um guardanapo de papel enrolado.
— Ah, falando nisso, — disse Andre, olhando para Vaughan. — Pat disse
que falaria com você mais tarde. Ele pegou a motocicleta dele e foi para as florestas
do Canadá por uma semana ou duas para esfriar a cabeça.
Vaughan assentiu. Mas não disse nada.
André franziu a testa, olhando em direção a Nell.
Um músculo pulou no queixo de Nell. — Se você tem algo a dizer, Andre,
me faça um favor e apenas diga.
Nessa noite, Andre usava uma camisa de botão xadrez muito legal, e cabelos
penteados para trás. Ele parou, e focou inteiramente em Nell. Seus olhos se
suavizaram, e seu rosto não era indelicado. — Menina, você fodeu tudo por não
consertar seu casamento. Pat fodeu tudo desistindo de você tão facilmente. Inferno,
Eric fodeu tudo mais do que nunca por se aproximar de você, sabendo qual era a
situação entre vocês dois. Você sabe disso tudo. Mas se você pensa por um minuto
que eu não amo você e não estarei sempre aqui pra te proteger, então você está
louca. Eu vou ficar de babá e trocar as fraldas cagadas se for preciso e espero ser
o padrinho, entendeu?
Nell apressou o olhar para longe, sugando suas bochechas. Tentando
segurar as lágrimas, eu acho. Depois de esperar um segundo ou dois, Andre se
aproximou, jogando os braços ao redor dela. O jeito que ela se agarrou a ele não
poderia ter deixado de comover ninguém. Esse tipo de amor e apoio inabalável era
o que eu queria. Foi por isso que fiquei aqui. Isso era o que mais uma vez Vaughan
estava desistindo ao ir embora. E a nostalgia, a emoção nua em seu rosto mostrou
que ele sabia disso, como ele poderia não saber?
Era o preço que ele pagava por seguir seu sonho.
Meu sonho não era tão grandioso quanto o estrelato no palco. Eu não queria
ser um ícone do rock and roll. Eu queria casa e família, um trabalho onde pudesse
me sobressair e financeiramente construir um futuro para mim. Claro, se uma fada
madrinha aparecesse e me batesse na cabeça com sua varinha, me dando glamour
instantâneo e sucesso como modelo plus-size, eu lidaria com isso. Seria divertido,
mas não era o que meu coração ansiava.
— Não estou trocando fraldas cagadas, te digo logo. — anunciou Mal.
— Amém.— Joe levantou o copo de uísque e eles brindaram ao sentimento.
— Veadinhos. — Eu disse.
— Como estão indo todos os bebês do Stage Dive? — Perguntou Vaughan,
aceitando seu próprio copo de uísque de Joe.
Você tinha que dar o braço ao cara, Malcolm Ericson fez uma atuação
incrível de alguém lentamente engasgando até a morte. No momento em que sua
cabeça bateu no bar, eu quase bati palmas.
— Isso é bom, hein?
Mal gemeu. — V-man, se eu tiver que olhar para mais um vídeo fofo de bebê
eu vou, merda, vou enlouquecer. Não aguento mais. Quero dizer, parabéns a eles.
Seus garotos podem nadar. Mas eu não preciso ver cada merda que os frutos de
seus paus fazem, sabe?
Ele parou para drenar o último terço de sua cerveja, entregando o copo de
volta ao bar para reabastecer. — Eu disse a minha amada na lata. Eu disse, meu
esperma não deve ser usado para esses propósitos por alguns anos, muito
obrigado.
— Como ela aceitou? —Perguntei.
— Ela riu de mim.— Mal franziu a testa. — Às vezes, eu me pergunto se
realmente estou no comando.
— Esse é o problema de se estabelecer, — disse Vaughan, braços cruzados
sobre o peito. — Ela tem a buceta. Você quer isso. Pode também dizer adeus a ser
seu próprio patrão.
— Essa é a sua visão dos relacionamentos? — Eu inclinei minha cabeça.
Um novo ângulo não conseguiu nada, no entanto. Ele permaneceu um enigma que
eu nunca poderia resolver. Um que, infelizmente, fez meu coração bater em dobro.
— A sério?
— Isso deve ser bom, — disse Joe, olhando para sua bebida.
Algumas risadas de Mal.
Oh bom. Nós tínhamos a atenção de todos. Andre estava ao lado de Nell,
com um braço ao redor da cintura dela. Vaughan assumira o velho rosto
inexpressivo. Olhos abertos e sinceros, braços soltos ao lado do corpo. E sim, não.
Nós não precisamos fazer isso. Eu não precisava saber.
Eu sorri e balancei a cabeça. — Esqueça que eu disse isso. Um brinde!
Todos levantaram os copos menos Vaughan. Evitei seu olhar, prosseguindo
com minha vida - aceitando as situações que não conseguia mudar, lutando contra
a inevitável perda de tempo e energia.
— A Vaughan, — eu anunciei, levantando para o algo o meu refrigerante
com limão. Eu não tinha medo de encontrar seus perfeitos olhos azuis. Agora não.
Hora de puxar minha calcinha e seguir em frente. — Viagens seguras e glória
musical. Espero que todos os seus sonhos se tornem realidade.
Elogios e desejos semelhantes foram falados. As bebidas foram tomadas.
— Você não vai com ele? — Perguntou Mal, voz baixa, enquanto as
conversas continuavam à nossa volta.
— Não. Nós nos conhecemos há apenas uma semana. Não é… e eu espero
me tornar uma parte importante do Dive Bar. — Meu sorriso pareceu encenado por
algum motivo. Não que eu estivesse mentindo. — Eu gosto daqui.
Ele inclinou o queixo e não disse mais nada. A compreensão em seus olhos,
eu não gostei disso. Merda, eu mal conhecia o homem. Eu realmente poderia ficar
sem desfilar meu coração idiota na frente de estrelas do rock internacionais.
— Você passa muito tempo em Coeur d'Alene? — Perguntei, ansiosa para
mudar o assunto a conversa.
Mal sorriu. — Sim, eu tenho família aqui. Comprei um lugar no lago. Você
deveria vir algum dia. Conhecer minha amada. Acho que vocês duas se dariam bem
e seria bom que ela conhecesse algumas pessoas na cidade. Estamos passando um
pouco mais de tempo aqui atualmente.
— Obrigada, — eu disse, os olhos arregalados de surpresa. — Eu gostaria
disso.
— Na verdade, todos vocês perdedores devem vir me visitar, — anunciou ele
mais alto. — Ficar a noite, tragam instrumentos, organizarei as comidas e as
bebidas. Ben está vindo com a Liza e o Gibson amanhã. Eu acho que Davie e Ev
estavam pensando em vir também. Vai ser divertido.
— Isso não é muita gente? — Perguntou Nell.
— Nelly, a casa é grande. Tipo, um bilhão de quartos ou algo assim. De jeito
nenhum eu vou correr o risco de que o bebê gritando de alguém possa me acordar
no meio da noite. Os visitantes vão pra outra ala, longe, bem longe de mim. — Ele
acenou com a mão, indicando um inferno de uma distância. — Confie em mim,
vocês vão caber.
— Cristo, sua casa tem alas? — Joe bufou uma respiração. — Da última
vez que te vi, você disse que estava procurando por uma cabana no lago. Você não
disse nada sobre ser um castelo.
— Olá, eu sei que não saímos muito desde a escola. Mas, pessoal, estou
meio rico agora, — disse Mal. — É uma cabana perto do lago. É apenas uma fodida
cabana grande. —
— Isso eu preciso ver, — disse Joe. — Quem construiu?
— Foda-se se eu sei. Você pode escalar o lugar se o seu coração desejar,
Bob, o Construtor. Confira como isso foi feito.
— Você tinha que saber que ele voltaria esfregando o seu dinheiro em
nossas caras. — disse Andre, com um sorriso malicioso no rosto.
— Haha.— Mal lhe virou os olhos. — Oh, ei. Ainda estou banido da sua loja
e você ainda tem o kit Gretsch do seu velho?
— Está lá em cima no armazenamento, mas eu poderia pegá-lo.
Com olhos excitados, Mal esfregou as mãos juntas. — Excelente. Está à
venda?
— Talvez.— Andre bebeu seu uísque. — Se eu soubesse, que teria um bom
lar. Quanto a você ainda estar banido, isso depende. Você vai tentar andar de skate
na minha loja de novo, seu cara de merda?
— Jesus, cara. Eu tinha quinze anos! Eu amadureci muito desde então.
— Hmm.
— Você me deixa entrar. Falaremos sobre o kit do seu pai mais tarde.
Definitivamente estará indo para um lar amoroso. — O baterista começou a bater
um ritmo em suas coxas. Ele parecia estar constantemente em movimento. Eu não
acho que ele alguma vez tenha ficado quieto. — Mas sim, todos vocês deveriam ir.
— Radical, — disse Nell. — Mas eu vou fazer a comida.
— Vendido!— Mal bateu a mão no bar.
Gritos e risadas encheram o espaço, todos se divertindo. Ou quase todo
mundo. Eu quase não notei Vaughan escapulindo. Com os ombros curvados e a
cabeça abaixada, ele foi direto para o banheiro masculino. Eu andei até lá e esperei
que ele saísse. Querendo fazer contato com ele emocionalmente, eu acho.
Quando ele saiu, ele bateu direto em mim. Acho que eu era uma
perseguidora de merda. Nenhuma sutileza. Meu equilíbrio vacilou até que ele
agarrou meus braços, me segurando firme.
— Merda. Lydia, — Ele disse, uma pequena linha voltou a ficar entre suas
sobrancelhas. — Você está bem?
— Eu ia te perguntar isso.
Ele me libertou, olhar perplexo.
— É só que a casa grande no lago era o seu sonho.
Silenciosamente, ele xingou, então pegou minha mão e me arrastou para o
banheiro masculino. Ele obviamente tinha acabado de ser limpo. O cheiro de
alvejante picou minhas narinas. Azulejos cinzentos e pintura combinavam com os
acessórios de aço inoxidável. Estava tudo muito limpo e arrumado. Com exceção
de uma grande peça de arte na parede dos fundos, entre dois mictórios e bancadas
do banheiro.
— Ha, — eu disse. — Eu não acho que eu já estive em um banheiro
masculino. O que é isso?
— Vá, olhe.— Vaughan encostou-se na parte de trás da porta, me
observando.
Um enorme símbolo de anarquia vermelho havia sido pintado na porta, com
uma escrita branca confusa declarando “Eu sou música. Música é minha vida.
Punk rock para sempre”. Por cima de tudo, havia uma folha de acrílico para
proteção da pintura. Eu me curvei, tentando decodificar o rabisco verde e azul no
fundo. Uma data e um nome.
— Andre Sênior. — Eu disse, sorrindo.
— Acertou de primeira.
— Isso é um pedaço da história.
— Sim. Aparentemente ele pintou na noite de abertura. — disse ele.
— Fico feliz que eles mantiveram isso.— Eu serpenteei de volta em direção
a Vaughan, ainda encostado na porta do banheiro relaxado. — Então você não está
tendo um momento sobre o palácio de Mal à beira do lago?
— Não. Esses caras trabalharam duro por tudo que eles têm. Eles são muito
bons no que fazem. Sim, eu quero o que eles têm. Mas não me ressinto por eles tê-
los. Eles são meus amigos.— Ele sacudiu o cabelo ruivo dourado, sem tirar os
olhos de mim por um minuto. — Estou tendo um momento, como você está
chamando, porque eu mais uma vez fiz você se sentir uma merda. Eu abri minha
boca gorda sem pensar. Novamente. Eu sinto muito.
Olhei em confusão pra ele.
— O que eu disse sobre relacionamentos foi idiota.
— Vaughan.— Eu sorri. — Não se preocupe com isso. Você não me
aborreceu. Não é como se o que estivemos fazendo na semana passada pudesse ser
chamado de relacionamento.
Suas sobrancelhas se abaixaram, mas ele sorriu. — Não?
— Não.
— O que você chamaria então?
Andando em direção a ele, eu ri baixinho. — Você está indo embora de
manhã. Isso importa?
— Continue. Como você chamaria? — Ele repetiu.
Parei um pouco antes de chegar a ele, tentando ler seu rosto. Um leve
sorriso relaxado. Seus pés estavam um pouco separados, braços soltos ao lado do
corpo. Todo o seu foco estava em mim, esperando pela minha resposta. O problema
era que nenhum dos rótulos se encaixava mais. Amigos com benefícios parecia
insuficiente, desagradável. De jeito nenhum, no entanto, eu era corajosa o
suficiente para apontar publicamente qualquer coisa superior a isso.
— Eu não sei. — Admiti.
— Eu chamaria de importante.
Respirei fundo, sentindo esperança, mas me fortalecendo para o sofrimento.
Onde ele estava envolvido, no final sempre parecia haver sofrimento. Fodidamente
depressivo, mas verdadeiro. Eu precisava escrever poemas sobre os orgasmos que
ele me dera. Relembrar minha alegria.
— Obrigada. — Eu disse.
Nós apenas nos olhamos.
— Você é linda, Lydia. Especial. Normalmente as coisas comigo são apenas
casuais, só sexo. Não mais que uma noite ou duas.— Boca séria e olhar sombrio
ele parou, procurando as palavras certas. — Você não é isso. E não é só por que
passamos um pouco mais de tempo juntos. É você. Você me faz desejar que as
coisas fossem diferentes.
De repente minhas sapatilhas pretas eram fascinantes. Totalmente
cativantes. E isso não tinha nada a ver com o choro que acontecia nos meus olhos.
Honestamente, esse homem. Toda vez que eu levantava minhas defesas,
mentalmente e emocionalmente me preparando para perdê-lo, ele derrubava a
fortaleza. Desgraçado.
— Baby?
Eu levantei a mão, alertando-o para não falar. Como se ele não tivesse dito
o suficiente.
Ele fechou a boca, sobrancelhas altas.
Enquanto isso, eu respirei. Respirar era bom, útil. Um ótimo passatempo.
Em seguida, fui até ele e fiquei de joelhos. Eu só tinha que chegar perto dele, para
dar-lhe algo mais. Amá-lo de alguma forma para mostrar a ele que ele era especial
para mim também. O azulejo era uma cadela para se ajoelhar. Minha favorita calça
flare azul não fez nada para suavizar a dureza. Ele não poderia ter feito o seu
discurso em algum lugar razoável, digamos, perto de uma cama ou em algum lugar
que, poderia haver almofadas. De jeito nenhum.
Homens. Umas dores no rabo.
— Um, Lydia?
Eu o ignorei, ocupada lidando com a fivela do seu cinto antes de abrir o
botão e o zíper da calça jeans. Maldita cueca. Hoje, é claro, ele decide usar sua
cueca boxer. Com um suspiro pesado de irritação, eu deslizei minhas mãos para
os lados de sua cueca, puxando-a e o jeans para baixo de seus quadris. Pele morna
e suave sob as pontas dos meus dedos. Músculo magro e as curvas do osso ilíaco.
O cheiro era apenas um pouco mais potente aqui. Sabonete, suor e ele. Ele fez
minha boca salivar.
Com o toque suave, eu libertei seu pau, esfregando meus lábios para cima
e para baixo contra a parte de baixo. Nada parecia tão quente e sedoso como a pele
do pênis de um homem. Era fantástico. Ele já estava endurecendo, crescendo. Os
homens tinham magia nas calças, é verdade. Apenas alguns perdem tempo para
descobrir a melhor forma de usá-lo, infelizmente. Eu tracei a veia grossa
percorrendo todo o caminho com a ponta da minha língua. De um lado para o
outro, para frente e para trás. Sua respiração ficou presa, os músculos do estômago
se flexionaram.
— Merda.— Ele ergueu sua camiseta preta do Dive Bar, a outra mão
acariciando o lado do meu rosto.
Ele enchia bem a minha mão. Não que tamanho fosse um grande indicador
de talento. Ajudava, mas não era o fator mais importante. Em uma mão eu embalei
suas bolas, rolando-as com meus dedos. A outra mão ficou enrolada em torno da
base de seu pênis enquanto o chupava. Eu chupei ele, dando longos puxões, antes
de torturá-lo com a minha língua. A cabeça pode ser divertida. Circulei a cabeça
de seu pênis, em seguida, lambi de um lado para o outro. Às vezes eu cutucava
gentilmente a pequena fenda de sua abertura com a ponta da minha língua,
mexendo lá dentro um pouco.
Vaughan engasgou e agarrou meu rabo de cavalo, envolvendo-o em seu
punho. A respiração pesada ecoou pelo banheiro masculino.
O truque era a inconsistência total. Nunca deixe que eles saibam o que vem
a seguir. Eu lambi e chupei, torturei e provoquei, cuidadosamente rocei-o com
meus dentes. Eu o amava com a minha boca enquanto minha mão continuava
brincando com suas bolas, puxando-as levemente de vez em quando. Eu
cantarolei, muito orgulhosa de mim mesma. Ele inchou para proporções
admiráveis e a vibração só ajudou. O comprimento duro dele deslizou dentro e fora
da minha boca, tanto quanto eu poderia levá-lo sem engasgar.
Por um tempo, ele conseguiu resistir a foder minha boca. Quando eu
massageei o ponto ideal entre suas bolas e seu ânus com a ponta do meu dedo, ele
perdeu todo o controle. Quadris mexendo, ele empurrou seu pau entre meus lábios.
Apenas a presença da minha mão em torno de sua base o impediu de ir muito
fundo.
— Porra. Babe.— Ele rosnou, puxando meu cabelo.
Era quente, os sons ferozes que ele fazia, o tom áspero e gutural de sua voz.
Tudo para mim e tudo isso me afetou. Minha calcinha estava definitivamente
molhada. Seu pau grosso latejava e eu chupava forte, o mais forte que podia. Gozo
salgado cremoso encheu minha boca transbordando. Eu não pude engolir rápido o
suficiente.
Ele caiu contra a porta, ainda segurando meu cabelo em sua mão. Eu me
ajoelhei a seus pés, recuperando o fôlego. E me limpando o melhor que pude.
Engolir normalmente não era minha coisa. No entanto, não vamos refletir isso.
Olhos azuis nublados me encararam. A sugestão de um sorriso brincando
com a borda de seus lábios. Ele gostava muito de mim. Talvez ele até me amasse
um pouco. Quem sabia? Não importava. Ele ainda não ia ficar.
— Gostaria que as coisas fossem diferentes. — disse ele, voz subjugada.
— Eu também.
Quando acordei na manhã seguinte, ele tinha ido.
Capítulo Vinte e Três
Cinco dias depois....

— Nós vamos ter que matá-lo.


— Não vejo alternativa.— Tomei um gole de água, observando Masa cuidar
de seus negócios. Ele estava servindo mesas enquanto cantava a plenos pulmões
“The Man Who Wants You” de Amos Lee. As pessoas apaixonadas eram as piores.
— Ele está intolerável desde que voltou com a namorada. Isso é muito ruim, ele é
um cara legal.
— Sim, — disse Nell. — Substituí-lo vai ser uma dor no rabo. Mas não
podemos ter pessoas por perto sendo todas felizes e essa merda toda.
Suspirei. — Não, nós não podemos. O homem pode realmente cantar.
Nell parou de mexer a panela de sopa, mexendo em uma frigideira de bacon.
— Masa gerenciava um clube de karaokê em Spokane antes deste trabalho. Disse
que era demais.
— Legal.
No final da música, os clientes começaram a aplaudir. Até eu aplaudi apesar
da minha aflição. A ausência de Vaughan ficou como uma pedra no meu coração.
Um pedaço de mim alterado que pode nunca mais se sentir suave e vivo novamente.
O amor era tão estranho. Uma coleção de momentos compartilhados ligados para
formar esse tipo de cadeia de emoção entre duas pessoas. Você testemunha a vida
um do outro, dando e recebendo conforme necessário. E então, um dia, acabou.
Você está sozinho. A solidão é um grande fardo quando você está acostumado a
compartilhar. Acostumado a fazer parte de um casal. No entanto, eu não suponho
que seja uma festa para ninguém.
Chega de choramingar. Eu me ajustaria.
Na próxima vez que Vaughan viesse à cidade, eu seria educada, simpática.
Mostraria a ele que tudo estava bem. Aprendi minha lição, no entanto. Namoro
estava fora de questão. Qualquer curtida com amigos também. Festas entre as
coxas só complicavam as coisas. Não valia a inevitável miséria. Se apenas orgasmos
e momentos felizes durassem mais. Você deveria ser capaz de engarrafá-los, deixar
que um pingo de prazer e alegria voe quando necessário. Que bom que isso seria.
Com um largo sorriso no lugar, Masa passou flutuando por nós com uma
carga de pratos sujos. — Noite maravilhosa, não é, senhoras?
— Morda-me. — resmungou Nell.
Bem ciente da nossa situação amorosa, o garçom apenas riu, seguindo seu
caminho alegre. Eu coloquei minha bunda de volta em marcha, verificando minhas
mesas. Joe sorriu quando passei pelo bar. Eric estava ocupado conversando com
duas mulheres bebendo bebidas de aparência exótica. A vida continuava.
“If You Ever Want to Be in Love” de James Bay estava tocando e eu
cantarolei junto, entrando no ritmo das coisas. Músicas bem executadas tocavam
hoje à noite. Era a vez de Eric escolher, um dever levado a sério por todos os
membros da equipe, uma vez que eles pudessem entrar no rodízio. Eu ainda não
tinha sido solicitada a apresentar uma playlist. Talvez eu apenas faça uma e insista
no assunto. Se todos podiam tolerar o punk de Boyd, certamente ficariam bem com
algumas horas dos meus pop e rock favoritos.
— Posso limpar isso para você? — Perguntei a uma mulher, me movendo
depois que ela acenou com a cabeça para que os pratos fossem removidos.
— Espere. — disse uma voz atrás de mim. Muito familiar.
Uma mão estendeu, pegando os pratos de mim e colocando-os de volta na
mesa. O braço coberto de tatuagens era tão familiar quanto a voz.
Eu me virei, coração com taquicardia por causa de quem estava diante de
mim. Muita barba por fazer e roupas amarrotadas. Seu cabelo estava uma
bagunça, sombras circulando seus olhos. Não importava. Ele era a visão mais linda
que eu já vi.
— Vaughan.
— Eu cheguei até L.A. e percebi uma coisa. — ele disse.
— O quê? — Eu fiz uma careta.
— Não sei quem foi o primeiro cara com quem você fodeu.
Alguns ofegaram. Outras pessoas riram.
Minha boca abriu, mas eu não tinha palavras.
Ele enfiou a mão pelo cabelo, o rosto cansado alinhado. — Eu te contei
minha história. Você nunca chegou a me contar a sua, no entanto.
— Oh.
— Então?
Eu pisquei. — Você quer ouvir isso aqui e agora?
— Certo. Por que não? — Ele se virou, procurando por algo. Sua mão
agarrou a minha e ele me rebocou através do restaurante até uma mesa vazia no
canto. Um assento foi puxado para mim e eu me sentei.
— Acho que estou tendo um ataque cardíaco. — Murmurei.
— Hmm? — Ele se sentou à minha frente, apoiando os cotovelos na mesa.
— Oh, eu não sei sua cor favorita também. Não é tão estranho? Parece estranho.
Quero dizer, eu deveria saber coisas assim sobre você, não deveria?
— Eu não sei.
— Claro que eu deveria!— Ele sorriu, estendendo a mão para colocar uma
mecha de cabelo atrás da minha orelha.
— O que está acontecendo?
— Hmm? — Sua mão quente segurou meu rosto, seu olhar suave e adorável.
— O que é isso? Por que você está aqui? — Perguntei, me arrastando para
frente no meu lugar. Estupidamente, a ponto de chorar. Meus olhos estavam
coçando, inchados. Meu coração parecia o mesmo. Aparentemente, o coração
partido coçava. Eu era obviamente alérgica.
— Acabei de te falar.
Emoção em excesso derramou através de mim. Eu não aguentei. De novo
não. Eu afastei a mão dele, balançando a cabeça. — Você chegou em L.A. e voltou
porque você não sabe qual é a minha cor favorita?
— Sim.
— Isso é insano
Ele encolheu os ombros, recostando-se na cadeira. — Eu precisava saber.
— Você não podia simplesmente mandar uma mensagem? — Oops, minha
voz ficou um pouco alta. Eu diria que estávamos atraindo atenção, mas dada a sua
entrada estranha, nós já tínhamos conseguido isso.
— Não.
— Não? — Minhas mãos estavam tremendo, coisas idiotas. Eu sentei nelas,
tirei-as de vista. — Como assim não?
— Há mais perguntas.
— Quantas mais?
— Muitas.— Perfeito olhos azul-celeste. Eu poderia felizmente ter me
perdido neles e nunca ter saído. — Não posso te dar um número exato.
Eu pressionei a mão no meu peito. Thump, thump, thump. Frequência
cardíaca acelerada. Corpo tremendo. Suor cobria minhas costas. Isso não era bom.
Eu peguei um menu e comecei a abanar o meu rosto.
— Baby?
— Eu não entendo nada disso. — disse, principalmente para mim, mas ele
estava aqui também. Tanto faz.
Lentamente, ele empurrou a cadeira para trás. Se levantou e veio para o
meu lado, agachando-se aos meus pés. Uma mão grande e quente cobriu meu
joelho nu. Eu decidi usar uma saia preta por causa do tempo quente. Graças a
Deus. Pele a pele era muito bom. Eu me acalmei ao toque dele. Minha frequência
cardíaca voltou para o normal, minha cabeça já não parecia prestes a explodir. Eu
queria que isso não acontecesse. Vaughan tendo qualquer tipo de efeito físico em
mim não augura nada de bom. Eu não tinha nada a dizer sobre minhas emoções.
Não era demais pedir que meu corpo mantivesse essa porcaria sob controle, no
entanto. Certamente não.
Ele pegou o cardápio da minha mão, colocando-o de volta na mesa. Eu dei
a ele o meu melhor olhar desconcertado. Sério, era uma obra-prima do tipo “Que
porra é essa”.
— Eu voltei. — ele disse suavemente.
— Por quanto tempo? — Perguntei, piscando de volta as lágrimas.
Glândulas estúpidas.
— Por quanto tempo for necessário.
Sim. OK. Suficiente. Me inclinei, ficando na cara dele. Minha boca apertada
antes de dizer. — Enquanto for necessário? Você pode me dar uma resposta direta
antes de eu te matar?
Seu sorriso de resposta era como o sol saindo. Absolutamente magnífico.
Então ele se lançou, agarrando meu rosto e me beijando tolamente. Eu já
era, no entanto, uma tola, então eu o agarrei. Me agarrei a ele, mãos em punhos
em sua camisa. Línguas, dentes, estávamos um sobre o outro. Qualquer criança
submetida ao espetáculo teria exigido aconselhamento, tenho certeza. Desculpas
teriam que ser pedidas mais tarde.
Por enquanto, eu o tinha. E ele parecia como o maldito mundo inteiro pra
mim.
Uma vez que o beijo acabou, ele recuou, os lábios úmidos e os olhos
sorrindo. — Eu voltei.
— Você voltou. — Concordei, sorrindo apesar de todas as perguntas e a
dúvida persistente e dor no meu coração.
— Eu sou louco por você, Lydia. Queríamos que fosse diferente, eu em L.A.
e você estando aqui. — Disse ele, com os olhos cheios de emoção. — Então, estou
fazendo diferente.
Eu só conseguia olhar. Isso significava demais. Eu queria muito ele.
— Eu vou ficar.— Ele inclinou a cabeça, roubando outro beijo rápido. —
Eu cancelei a venda da casa. Financeiramente, tenho alguns problemas. Mas Andre
disse que eu poderia começar a trabalhar com ele amanhã. Entre isso e o Dive Bar,
eu vou conseguir resolver isso. Ainda não planejei tudo.
— Mas o seu sonho!
— A coisa engraçada sobre esse sonho é que, — disse ele. — Agora inclui
estar com você.
Meu coração se agitou novamente. Não poderia ser saudável. A qualquer
momento, eu provavelmente cairia no chão. — Ele inclui?
— Sim.
— E sua banda, trabalhar com Henning Peters? E sobre tudo isso? — Eu
exigi. — Você disse que era um grande negócio. A melhor oportunidade que você já
teve.
— Lydia, eu tenho perseguido a música toda a minha vida. Mas você é a
melhor oportunidade que eu já tive, — ele disse, um tom mortalmente sério. —
Sinto muito que me levou tempo para descobrir isso.
— Você partiu meu coração.
— Baby.— O arrependimento encheu seus olhos. — Eu sou um idiota.
— Sim. — Funguei.
— Será que você pode me perdoar?
Eu fingi refletir por um momento. O homem me fez dano.
— Eu sinto tanto por ter causado dor a você. Farei o meu melhor para
garantir que isso nunca aconteça novamente, — disse ele. — Você pode por favor
me perdoar?
— Acho que sim.— É extremamente difícil parecer orgulhosa e digna
enquanto seu nariz está vazando. Mas eu fiz o meu melhor.
— Obrigado.— Ele acariciou minha bochecha.
— O que você vai fazer com sua música? Você não pode simplesmente parar.
— Não. Eu sempre quero tocar. É uma grande parte de mim. Eu quero
gravar minhas músicas, executá-las ao vivo. Mas não preciso necessariamente de
uma banda para isso. Tenho repensado as coisas, — disse ele. — O fato é que você
vem primeiro para mim. Eu decidi ficar sozinho para que eu possa me basear aqui,
organizar minha música para que ela se encaixe conosco. Mas se eu tiver que sair
para o trabalho, sair em turnê, eu voltarei. OK?
— Ok.— Apesar de toda a minha respiração profunda e piscadas, as
lágrimas começaram a cair pelo meu rosto. — Tudo bem.
— Você vai mudar suas coisas de volta para minha casa?
— Eu não sei, — disse, nervos zumbindo. — Você não acha que devemos
namorar? Talvez levar as coisas devagar e fazer isso corretamente?
Ele franziu o nariz. — O problema com isso é que meu sonho também
envolve ter muito sexo com você. Quero dizer, uma grande quantidade.
— Entendo.
— Não é apenas sobre o sexo, no entanto. O sonho é bem detalhado.
— Oh?
— Sim. — Ele estendeu a mão, enxugando as lágrimas do meu rosto com
uma careta. — Pare com isso. Eu não gosto. Não voltei para te fazer chorar.
— São lágrimas felizes. Deixe-as em paz. O sonho, Vaughan. — eu o
cutuquei, batendo levemente na mão dele.
Ele sorriu. — Isso nos envolve indo dormir juntos e acordar juntos.
— OK.
— E fazendo merda de casal, você sabe.
— Merda de casal? — Minhas sobrancelhas subiram. — O que é essa merda
de casal?
Um de seus ombros levantou. — Sair, assistir TV, ficar juntos.
Principalmente nus, mas ocasionalmente não.
— Parece um bom sonho.
— Não, — ele corrigiu. — É ótimo.
Eu sorri de volta para ele. Não conseguia não sorrir. — Sim. Você tem
certeza, no entanto?
— Tenho certeza.
— Não. Eu preciso que você tenha pensado bem nisso. Não quero que você
acabe se ressentindo comigo. Me machucaria se você mudasse de ideia, decidisse
que as perspectivas musicais na costa são mais importantes.— Agarrei sua mão e
segurei firme. Apavorada com o que estávamos fazendo. — Isso me machucaria
muito mesmo.
Linhas cercaram seus olhos, seu olhar se intensificou. — Baby. Essa chance
com você ... você é isso para mim. Você é meu número um e vai ficar lá. Eu preciso
que você acredite nisso. Esta não é uma ideia passageira. Eu não bati em L.A. e de
repente me senti um pouco chateado porque você não estava lá. Eu não estou
dizendo que eu sabia que você era para mim no minuto em que te vi no meu
banheiro. Para ser honesto, eu estava meio chateado com a coisa toda. Mas não
muito depois, as coisas mudaram. Meia hora, talvez. Definitivamente, no momento
em que você socou aquele idiota.
Eu ri através das lágrimas. — Ha. Tem certeza de que não foram os seios?
— Os seios foram definitivamente parte disso. Mas eu queria… não, eu
precisava saber tudo sobre você. Precisava que você ficasse, — Ele disse, a voz tão
sincera que doía. — Eu só não queria mudar. Nem meus planos, nem minha vida.
— O que aconteceu?
Limpando a garganta, ele se levantou, levantando-me igualmente para ficar
em pé. Braços fortes envolveram minha cintura, me puxando para perto. E Deus,
me senti tão bem. Parecia o meu sonho. Meu corpo relaxou contra o dele, meus
braços se enrolaram ao redor de seu pescoço.
— Vaughan?
— Eu sei que aquele idiota fez você duvidar de si mesma. Fez você duvidar
de se sentir assim sobre qualquer um. — Ele descansou sua testa contra a minha.
— Mas você está em mim. Desde o primeiro dia em que te encontrei. Eu lutei por
um tempo, mas isso acabou.
— Você também está em mim.
— Bom.— A ponta do nariz dele esfregou contra o meu. — Isso é bom,
Lydia. Porque é onde eu vou ficar.
Enterrei meu rosto contra o peito dele. Malditas lágrimas.
— Eu quero dizer isso literalmente também, — ele sussurrou contra o meu
ouvido. — Você entende isso, certo?
Eu solucei, rindo. — Entendi. Eu quero isso.
Um zumbido feliz veio de seu peito. Seu domínio sobre mim se intensificou,
me mantendo segura, nos mantendo apertados.
— Eu te amo, você sabe, — eu disse, colocando tudo para fora. Tomando o
salto, confiando nele e em nós. — Eu não queria, mas eu amo.
— Obrigado malditamente por isso. — ele murmurou.
— Que diabos? — Perguntou Nell, aparecendo ao nosso lado. Junto com
basicamente todos. Joe, Eric, Masa, até Boyd. Aparentemente isso se transformou
uma reunião de equipe.
Eu sutilmente limpei meu nariz na camisa de Vaughan porque o amor foi
feito para machucar e, ocasionalmente, ser nojento. Felizmente, também foi feito
para brilhar.
— Estou voltando para a cidade, cancelando a venda da casa.
Eu não sei se eu já vi Nell tão feliz. Ela escondeu muito rapidamente, no
entanto. — E você está segurando a minha garçonete, por quê?
— Porque vamos nos casar um dia e fazer bebês, — disse Vaughan, relaxado
como qualquer coisa. — Não necessariamente nesta ordem. Cabe a ela.
— Puta merda.— Meu rosto voltou para sua camisa. Deus ajude meu
coração. Do jeito que estava galopando, eu não acho que ele se recuperaria dessa
noite.
— Droga, — disse a voz profunda de Joe. — Você não faz as coisas pela
metade, não é?
— Quando você sabe, você sabe.
— Parabéns, cara.
— Obrigado.
— Para você também, Lydia.
Eu limpei meu rosto, sorrindo como uma tola apaixonada. E daí. Tudo bem.
Não, tudo fodidamente fantástico. — Obrigada, Joe.
Outros ecoaram o sentimento. Havia sorrisos por toda parte. Exceto por um
rosto.
— Grande decisão, — disse Eric, de braços cruzados. — Você vai se manter
assim ou vai mudar sua mente e deixá-la desiludida como você fez comigo pra estar
na banda? É isso, Lydia parece legal. E seus amigos e familiares, pessoas que
supostamente importam, nem sempre parecem ser importantes para você.
Silêncio. E não do tipo feliz.
— Você ficou fora da banda porque não levou a sério, — disse Vaughan. —
Nenhum outro motivo. Eu não estava dando as costas para você como amigo. Você
parou de atender minhas ligações, lembra?
Eric deu uma risada.
— Mas você está certo. Eu tenho sido negligente em manter contato com as
pessoas, cuidar das pessoas que amo. Isso vai mudar.
— Verdade?
— Sim. — disse Vaughan, sem recuar. Oh, o cheiro inebriante de
testosterona era espesso no ar. Eles provavelmente começariam a bater galhadas
a qualquer momento. Segurei a mão de Vaughan, de pé ao seu lado.
— Nell, — disse ele. — Eu queria saber se você visitaria as sepulturas da
mamãe e do papai comigo em breve. Não voltamos desde o funeral, mas acho que
está na hora.
— Poderíamos contar a eles sobre Lydia e o bebê. — Disse a irmã, com
lágrimas nos olhos.
— Sim, nós poderíamos.
— Que reunião. — disse uma nova voz. Andre se juntou ao nosso círculo,
encolhido entre todas as mesas do restaurante. Algumas delas ocupadas.
— Podemos ter algum atendimento, por favor? — Perguntou um cliente.
Justo.
— Em um minuto. — disse Eric, levantando a mão por paciência.
— Eu acho que você vai ser um grande professor de violão. Fico feliz em tê-
lo a bordo.— Andre estendeu a mão para apertar a mão de Vaughan.
— Obrigado por me dar uma chance.
— Você está falando sério sobre isso? — Perguntou Eric. O julgamento
escorria dos poros do homem. Juntamente com alguma loção pós barba cara, sem
dúvida. — Ficar aqui, estar com Lydia.
— Sim, — disse Vaughan. — Eu estou. Você ainda tem um problema
comigo, não me quer trabalhando aqui. Tudo bem. Eu desisto. Eu não estou
interessado em causar problemas no Dive Bar.
Uma língua trabalhou atrás da bochecha de Eric, seu olhar inescrutável.
Então ele subiu em uma cadeira e bateu palmas, chamando a atenção de todos,
funcionários e clientes.
Ah Merda. E agora?
— Tenho um anúncio para fazer, — disse ele, olhando para todos nós do
alto. — Dois membros valiosos da família Dive Bar, Lydia e Vaughan, decidiram se
casar. Eu gostaria de oferecer-lhes meus parabéns.
Aplausos irromperam.
Eu então disse. — Nós não decidimos. Nós não ficamos noivos.
— Nós meio que ficamos. — disse Vaughan, beijando minha mão.
— Para comemorar, — disse Eric, sorrindo para todos. — Bebidas por conta
da casa!
Eu, no entanto, não estava sorrindo, por estar à beira de um ataque de
pânico completo. — Eu não posso ficar noiva duas semanas depois de não me
casar. Quem faria isso? Ninguém faria isso. É loucura!
— Baby.— Vaughan sorriu, aproveitando demais o momento. — Não se
preocupe com isso. Está resolvido que vai acontecer em algum ponto, esperando
até que você esteja pronta.
— Mas nós não estamos realmente noivos, certo?
— Eu te amo. — disse ele, beijando meus lábios.
— Droga. — Eu esvaziei, basicamente colidindo contra ele. Era demais e
meu coração estava em jogo. Novamente. O sangue corria atrás das minhas orelhas
enquanto as pessoas aplaudiam e gritavam. Rolhas de champanhe já estavam
pulando. E lá estava Vaughan, esperando pacientemente que eu me recompusesse.
— Se você for embora, vai voltar? — Perguntei.
Ele encontrou meus olhos sem sombra de medo ou dúvida. — Eu voltarei.
— OK. Tudo bem.
Este não era Chris Babaca Delaney. Este, era Vaughan. Meu Vaughan. Ele
não dizia merda que não queria dizer. Ele me amava. Mas o que é melhor, eu o
amava.
— Eu estarei esperando. — Disse.
— Baby.— Seu sorriso, o azul de seus olhos ... tudo sobre o homem. Tudo.
Incapaz de me conter, lancei-me nele.
Os clientes tiveram direito a um belo espetáculo, Masa começou a cantar
novamente (algo dos Stones dessa vez), eu e Vaughan estávamos rodopiando no
chão. As coisas estavam loucas no Dive Bar.
A coisa é, às vezes o louco funciona.

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