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Este livro é uma Comédia Romântica Erótica

e contém cenas de sexo explícito e obscenidades.


Leia advertida da existência de tais cenas.
Este livro é uma ficção, qualquer semelhança com
a realidade é mera coincidência.

Criado e escrito pelo heterônimo Rose SaintClair.


Capa e diagramação: Alice Reis
Referências: Val Pimenta
Revisão: Luana França, Val Pimenta e Alice Reis.

Copyright © 2019 - 3ª edição - Rose SaintClair


Direitos adquiridos para esta edição pela autora.

A reprodução de parte ou do todo do presente texto, em qualquer meio físico, mecânico ou eletrônico, inclusive por meios
de processos
xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, é expressamente proibida sem a autorização prévia por escrito da autora,
conforme garantido pela lei 9610 de 19.02.1998

Prefixo Editorial: 900888


Número ISBN: 978-65-900888-0-2

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Índice
Apresentação
Palavras de Rose SaintClair
Como ler My Sunshine
Meu Raio de Sol
Aqui se faz...
O Embate
É O QUÊ???
A Decisão
Aula Prática
Que Beijo Foi Esse?
Singular
Hey DJ!
Quero Ser Seu, Quero Ser Seu, Quero Ser Seu Papá
A Volta
Nick Jonas
Boa Aluna
Marco Polo
Festa do Pijama
Gralha Piriguete
O Baile
My Only Sunshine
Quase Dezesseis
Feliz Aniversário
Mengão
Forever and Ever
Mas eu me mordo de...
A menina triste
My Girl
Angra
Eu nunca...
Trauma
Na Sua Estante
Voltando
Please Don't Take My Sunshine Away
Amor sem rótulos
Rede
Clarice
Revenge
Baile
Ragatanga
My Valentine
Apresentação por Karina Dias

Quando eu fui convidada para escrever a apresentação deste livro, duas palavras vieram
imediatamente à minha cabeça, a primeira foi honra, pois tinha ouvido rumores muito bons sobre a
escrita de Rose SaintClair. A segunda foi desafio. Sim, eu estava prestes a ler pela primeira vez as
linhas de um romance que havia sido sucesso na Internet e precisava escrever um texto à altura. A
responsabilidade era grande, pois é difícil descrever em poucas palavras algo tão saboroso, que afaga
a libido e retrata o desejo da mulher lésbica de forma tão natural, como de fato é.
Nas primeiras linhas que li, percebi que a escrita de Rose flui com naturalidade e quando nos
damos conta, sentimos um gostinho de quero ler mais. Depois dessa breve introdução, acrescente
mais uma palavra que veio à minha cabeça: Prazer. Ter tido a oportunidade de apreciar a leitura do
texto dela fez a minha admiração se confirmar.
My Sunshine é uma história que nos causa nostalgia do começo ao fim. As confusões da
adolescência, as descobertas, o frio na barriga, pitadas de humor e claro, doses de erotismo marcam a
trama de Rose SaintClair. Ao longo do livro as personagens saltam das linhas e ficam tão íntimas que é
quase como se nos convidassem para tomar um café. Entre um café e outro, aquele bate-papo entre
personagens e leitor@s tão agradável que dá saudade quando as últimas páginas se aproximam.
Nanda, Ana Clara, Luiza e companhia nos envolvem de forma leve, numa brincadeira escrita com
bom humor que resgata memórias da adolescência de quem já passou por esta fase há muito tempo —
como eu, por exemplo — e remete os mais jovens ao deleite de ainda estarem degustando de um
período tão marcante na vida de todos nós. A fase das descobertas, dos hormônios à flor da pele, dos
primeiros amores e desamores, das frustrações que se resumem ao fim do mundo, e é também um
curso preparatório para os desafios da vida adulta.
Despretensiosa, talvez tenha sido assim que a autora escreveu a trama para a Internet, mas My
Sunshine tomou vida e conseguiu, feito tatuagem na costela, desenhar uma identidade capaz de cair
na graça de quem abrir as próximas páginas deste livro.
Palavras de Rose SaintClair
Quando eu comecei a escrever essa história não tinha pretensão nenhuma já que nunca havia
escrito um romance antes. Como eu estava aqui atrás de uma telinha e com nickname senti segurança
em ser eu mesma. Talvez por nunca ter escrito nada o meu jeito zoeiro/internético/sem noção se
sobressaiu.
Online o romance de Nanda e Clarinha começou a ganhar vida. A minha escrita causou
estranheza pelo grande número de palavrões, memes, palavras em CAPs e hots. Mas aos poucos as
meninas começaram a entrar no meu mundo e gostar do que eu estava escrevendo.
A aceitação foi impressionante e com isso fez com que eu escrevesse uma segunda e terceira
temporada. Além de mais dois spin-offs da Luiza (que é crush de várias leitoras).
Aos poucos fui fazendo várias amigas nesse imenso lago literário o que deixa muito feliz. Por isso
que vou fazer aquela sessão de premiação do Oscar porque SIM, “mim deixa”. Então quero agradecer
a:
Alice Reis foi quem me incentivou a transformar My Sunshine em livro. Durante nossa parceria no
Amor em Jogo ela embarcou nessa ideia maluca e sempre esteve disponível (mesmo quando não)
para ouvir as minhas piadas toscas e me aconselhar no que eu precisava.
Meu grupo de betas Digdin SaintClair (Luana França, Rosangela Garcia, Saima Pool, Val Pimenta
e Williane Benício). Cada uma essencial e especial do seu jeito único. Aquelas que aguentam as
minhas zoeiras e me ajudam no brainstorm. Amo vocês, migas suaslocas!
Sylvie de Paula, Marília Rodrigues e Donária Vieira foram os maiores presentes que eu ganhei.
Não tem como colocar em palavras o quanto a nossa amizade é importante para mim. Loviuxuxus!
Bom, um beijo pra mamãe, papai e você Xuxa! Pera, me entusiasmei!
Espero que curtam o meu bebê e se apaixonem pela Nanda e Clarinha assim como eu.
Como ler My Sunshine
1- No final do livro está disponível uma lista de referências de cada capítulo então se você não
entendeu alguma expressão, zoeira, MEME, música, filme...
2- Miga sualoca, sente aqui vamos conversar... Leia sem preconceitos e com o coração aberto! Se
divirta lendo como eu escrevendo!
3- Se prepare para entrar no universo de Nanda, Clarinha, Luiza... My Sunshine é o primeiro livro
da Trilogia My Sunshine. Espero muito que vocês curtam porque tudo isso foi feito para vocês!
4- Tudo é possível! Você já deve ter notado que a minha cabeça é um mundo paralelo além da
imaginação então não se espante com nada. Nada!
5- Alguns personagens falam gírias, palavrões e palavras sacanas no sexo!
6- Leia sozinha! O livro é uma Comédia Romântica Erótica (Hot... muitos Hots). Segure a vontade
de ler mais um capítulo na sala esperando o almoço de domingo ouvindo o tio do pavêpacumê fazendo
piada sem graça, no busão lotado, no trabalho...
Tô dando a real! Vá até seu quarto para ler sozinha ou bem acompanhada. #ficadica em chamar a
crush para um orgasmo literário com um dos capítulos, vocês irão amar!
Meu Raio de Sol

Nanda
Definitivamente eu estava atrasada. Tinha certeza que não chegaria a tempo, antes da Sandra, a
tia da escola, trancar o portão. Seria a terceira vez esse mês que levaria uma advertência. Comecei a
correr desesperadamente.
Percebi que todas as pessoas da rua estavam me olhando. "Só faltava essa. Será que menstruei
e manchou a calça?". Olhei para baixo e vi que estava sem tênis, na verdade estava descalça e não
era só isso: "Como assim? Onde foram parar minhas roupas? Mainha vai me matar se eu pegar um
resfriado! Como vou entrar na escola pelada, caralho? Pior ainda é que eu tô parecendo uma macaca,
por que não me depilei?”.
Agora todos à minha volta me olhavam e gargalhavam. Fiquei angustiada e comecei a correr
ainda mais rápido. Lágrimas brotavam dos meus olhos. Meus pés sangravam, pedras e espinhos
cravaram-se neles.
Eu caí aos prantos no chão duro, cortes no meu joelho me fizeram gritar. A dor e a vergonha eram
insuportáveis. Não conseguia respirar, eu sabia que uma crise viria e eu desmaiaria. Tentei sugar o ar
para os meus pulmões, mas não conseguia. Tentei mais uma vez, e novamente, não consegui.
Senti um perfume conhecido que fazia o meu coração bater mais forte. Quando olhei para cima a
vi, cobrindo o sol e me estendendo a mão... ela... o meu raio de sol... com seus longos cabelos loiros.
Ela me puxou para seus braços e, no mesmo momento, com a cabeça no seu pescoço, senti que
estava em casa. Minha casa era no seu abraço, agora eu estava completa. Não me importava mais que
estivesse nua, descalça, sangrando... Desde que a vi pela primeira vez, aqueles braços eram a minha
segurança. Nem dor, nem vergonha, nem pânico ou escuridão me atingiam mais. Com ela, poderia
vencer todos os demônios que tentavam me agarrar. “My Sunshine. Meu raio de sol.”. Olhei para os
seus lábios que se mexiam. Mesmo querendo eu não conseguia entender as palavras. Aos poucos sua
voz foi entrando em minha cabeça. “Nanda!”. Ela me chamava... Sua voz aveludada me chamava, até
que senti um tapa na minha bunda. "Nanda, bora acordar? Mazé pediu pra eu vir te chamar! Vamos! A
gente vai se atrasar pra escola! Vamo! Vamo, loka!".
Benza Deus, era um sonho! Ana Clara estava sentada em minha cama, puxou as minhas
cobertas e ria porque eu dormi pelada! Que vergonha!
— Sai, Clarinha! Me dá o edredom, pelo menos! — Eu disse com as mãos cobrindo a minha
buceta.
— Mas é bem fresca mesmo! Até parece que até pouco tempo, a gente não corria pelada lá na
fazenda e a Mazé tinha que ir atrás da gente pra nos vestir. — Disse rindo e eu me derreti com o seu
sorriso.
— Caralho, Clarinha, a gente era criança! Me dá aqui esse roupão! — Tentei pegar o roupão que
ela escondia nas costas — Você não falou que a gente tava atrasada?
— Tá, chata! Peraí... que tattoo é essa, sua louca!? Tua mãe vai te matar! — Falou enquanto
admirava o desenho na minha pele — Olha, gostei!
A minha tatuagem possuía um significado muito íntimo para mim. Era o desenho de um sol, em
que as letras formavam as palavras “You're My Sunshine” e localizava-se nas minhas costelas, logo
abaixo do meu seio direito.
— “Você é meu raio de sol!” ... Uhm... Fez pra quem? — Ana Clara perguntou traçando o contorno
com os dedos.
Tentei disfarçar o que seu toque me causava. Comecei a tremer, suar frio, minha boca ficou seca
e senti minha buceta ficar molhada.
— Pra ninguém, só achei bonita. — Desconversei enquanto pegava uma roupa qualquer. Corri
para o banheiro fugindo o mais rápido que eu pude da minha melhor amiga. Olhei-me no espelho,
tentando acalmar os batimentos do meu coração e lembrei do sonho. O que será que significava?
Tinha que lembrar de perguntar à Mainha, ela ia saber com certeza.
Quando voltei para o quarto, Clarinha não estava mais lá. Ainda bem! Ultimamente estava sendo
muito difícil não demonstrar tudo o que sentia por ela. Organizei minha mochila e minha bolsa, porque
haveria treino de jiu-jitsu. Era uma das atletas do grupo da escola e, como eu mandava muito bem,
ganhei bolsa integral. Antes disso meu Padrinho, pai de Ana Clara, bancava meus estudos. Mas
preferia assim, meus padrinhos já faziam muito por mim.
Meu pai morreu quando eu tinha 7 anos e Mainha precisou trabalhar fora. Ainda bem que
conseguiu emprego na casa dos Alcântara Machado, como babá da Ana Clara. Logo que chegamos
eles gostaram tanto de mim que fizeram questão de me apadrinhar. Tinha certeza que muito disso foi
porque a Clarinha, logo que me viu, não quis mais me soltar. A menina, que tinha tudo para ser mimada
e esnobe, me tratava como igual. Mesmo que naquela época eu não falasse nem uma palavra devido
ao trauma que havia sofrido. E eu fiquei tão encantada com aquela menina de cabelos de princesa,
loirinhos que pareciam raios de sol, que a seguia por todos os lados como um cãozinho sem dono.
Então nós viemos morar na mansão dos Alcântara Machado em uma ala de empregados,
separada e independente, onde tinha de tudo, desde a cozinha, até um jardim que a minha Mainha
cuidava com muito carinho.
Mas desde sempre a Clarinha aparecia de madrugada com o ursinho dela para dormir comigo, ou
vinha me buscar para dormir com ela. Ultimamente ela andava reclamando que não tínhamos mais
isso, mas eu estava evitando essas noites do pijama. Ficar na mesma cama com a Ana Clara, só de
pijama curtinho, mexia muito com a minha libido e eu morria de medo de que não conseguisse
disfarçar.
Acho que sempre soube que preferia meninas à meninos. Meu primeiro beijo foi aos 12 anos na
Luiza, uma colega de escola. Meu corpo se desenvolveu muito cedo e nessa idade já era um mulherão.
Tanto meninos quanto algumas meninas me olhavam com cobiça. Aos 13 tive a minha primeira
experiência sexual, com minha professora de teatro. Nosso “rolo” durou aproximadamente um ano, até
ela ir morar em Londres. Ela foi embora e eu chorei muito, mas com a ajuda da Luiza e de outras
meninas logo me recuperei. Depois disso, nunca namorei sério, ou me apeguei a alguém. Mesmo antes
de perceber, acho que meu coração já sabia que tinha uma dona.
Comecei a ver a Ana Clara não apenas como amiga quando eu tinha 15 e ela 13 anos. Era a festa
de aniversário de 15 anos da Rebeca, prima da Clarinha, no Haras dos meus padrinhos. Eu usava um
vestido azul claro com algumas pedrinhas de strass formando desenhos em espiral. Sempre fui magra,
mas com as curvas nos lugares certos e, com esse vestido, os meus seios médios ficaram mais
salientes. Meu cabelo negro e longo estava num coque bem feito e minha maquiagem era leve. Me
sentia linda e havia combinado com a Luiza de ficarmos juntas depois da festa, já que ela dormiria ali
com mais alguns convidados.
— Nanda, minha filha, você está maravilhosa! — Minha Madrinha falou assim que me viu — Os
meninos vão ficar enlouquecidos por você!
— E as meninas também, né, mamãe!? — Ana Clara ria ao chegar na sala, pois todos sabiam da
minha orientação sexual.
Naquele momento, comecei a vê-la com outros olhos. “Caralho, mano, o Meu Raio de Sol virou
um mulherão!”. Clarinha estava linda demais, vestida em um longo vermelho que acentuou as suas
curvas. Os cabelos loiros ondulados estavam soltos e caíam em uma cascata acima dos ombros
desnudos. Seus olhos azuis evidenciavam-se ainda mais com a maquiagem. Sua boca carnuda, tingida
por um batom carmim, me fez querer beijá-la até esquecer o meu nome!
Meu coração começou a bater descompassado e ao sentir seu perfume percebi que eu não
conseguiria vê-la apenas como minha melhor amiga, eu a queria como mulher e isso eu tinha certeza
que nunca poderia ter. A partir daquele dia eu soube que meus sentimentos, meus desejos, meu corpo
e minha alma pertenciam apenas à uma pessoa: Ana Clara Alcântara Machado.
Corri para a cozinha e minha mãe já me olhou feio. Ana Clara estava sentada comendo um prato
de cereal com leite e sorriu lindamente. “Que menina maravilhosa!”.
— Menina, vocês vão se atrasar de novo! Meu Deus do céu, dorme mais que a cama! Nunca vi
disso! — Mainha falou me entregando um pote com frutas e um achocolatado para eu comer no
caminho.
— Ah, Mainha, e tem coisa melhor que dormir? Não tem não! — Abracei e a enchi de beijos.
— Essa menina... Clarinha cuida dessa sua amiga, viu? Só você pra colocar juízo nessa cabeça!
— Pode deixar, Mazé! Nanda tem é que arrumar uma namorada pra sossegar. — Clarinha falou
rindo.
— Já falei que eu só vou namorar quando a Ronda Rousey largar o marido e vir ficar com a
morena gata aqui. — Sorri maliciosa.
— Tá, gata sedutora, bora pra aula que o Alfredo vai nos levar.
Alfredo era o motorista da casa e sempre nos levava para a escola. Na volta a Clarinha iria para
casa de Uber e, como eu ficava até mais tarde treinando, voltava depois de busão.
Na escola, fui para minha sala, eu estava no segundo ano e a Clarinha no primeiro. Chegando lá,
sentei no meu lugar e tentei prestar atenção na aula. A professora de geografia passou um trabalho em
dupla e a Luiza logo veio para o meu lado. Ela era uma das minhas ficantes, sabia que eu não queria
nada sério e ficava com outras pessoas. Lu era uma menina estranha, porque vivia me enchendo o
saco e fazendo bullying, o que eu nunca dava bola, mas se alguém se metia comigo ela me defendia
com unhas e dentes.
— Vai amanhã lá em casa pra fazer o trabalho. — Ela me falou com um sorriso sacana no rosto
— Meus pais vão ficar o final de semana fora e a casa será toda nossa. — Sussurrou em meu ouvido
com direito a mordidinha no lóbulo, o que fez com que meus pelos arrepiassem.
— Eu tenho campeonato pela manhã e de tarde preciso ir com a Clarinha comprar umas coisas.
— Puta que los pariu, Nanda! Sempre a Ana Clara! Desde sempre essa garota é empata foda...
literalmente. — Luiza falou irritada.
— E se eu for de noite? Falo com Mainha e durmo na sua casa. Vai ter muito tempo pra gente
fazer o trabalho... — Sorri provocante.
— Hum, gostei. Vou comprar chantilly.
O restante da aula passou normalmente. No intervalo, eu conversava com alguns colegas,
quando Ana Clara chegou correndo e me puxando como uma louca.
— Nanda, vem aqui, preciso falar com você, urgente! É vida ou morte! — Falou toda afogueada,
parecia que tinha corrido uma maratona.
— Calma, Ana Clara, tá maluca? Se acalma e me fala o que aconteceu, você tá bem? — Fiquei
preocupada a olhando para ver se não estava machucada.
— Não! Quer dizer, sim! Ai, não sei! Acho que vou ter um infarto! Você não sabe o que
aconteceu, nem imagina... Nanda, eu não tô acreditando…
— Ai, mano, fala logo! Mainha tá bem? E seus pais? Fala, garota!
— O Vitor me convidou pro Baile de Primavera da escola e perguntou... se eu ficaria com ele... e
eu disse sim! — Ela pulava dando gritinhos.
Eu não acreditei. Vitor era o maior babaca da história da escola. Pegava as meninas, comia e
depois ficava se gabando para os outros garotos. O playboy estava na mesma turma que eu e na
equipe de luta. Presenciei várias vezes ele no treino falando de alguma menina e, o que era ainda pior,
dando os mínimos detalhes do que fez. Esse cara não prestava mano!
Sabia que não era nenhuma santa e que várias meninas me procuravam apenas para uma foda
ocasional. Porém, sempre fui discreta e não falava para ninguém. Geralmente elas que espalhavam
para as amigas, que depois me procuravam para conferir se a morena aqui era tudo o que diziam.
Sabia que nunca teria quem eu mais desejava pra mim. Então, eu a procurava em cada boca que eu
beijava, em cada corpo que eu acariciava, em cada gozo que eu proporcionava…, mas no final nunca a
encontrava.
Saí do meu devaneio olhando em seus olhos azuis que brilhavam de ansiedade e excitação,
engolindo a minha raiva e perguntei:
— Você vai ficar com ele antes do baile?
— Não, Nanda! Eu até queria…, mas ele falou que quer fazer tudo certo e ir conversar com o meu
pai. Você sabe que o pai dele e o papai são amigos... — “Eu sei o quão interesseiro esse cara é! Porra,
o que eu vou fazer? Eu sei que a Clarinha é apaixonada por ele já há algum tempo. Os pais dele e ele
estão sempre nas festas e feriados com a família dela. Mas também sei que ele não vai tratá-la como
as outras por causa do meu Padrinho. Pelo menos isso.”.
Pensava agoniada em uma maneira de proteger a minha melhor amiga, mas nada vinha a minha
cabeça. Clarinha sempre me apoiou em tudo e nós duas não tínhamos segredos. Contava tudo a ela,
sobre todas as garotas... quando eu dei meu primeiro beijo e até mesmo quando perdi a virgindade.
— Que cara é essa, Nanda? Até parece que você não gostou da novidade.
— Não é isso, Clarinha. Eu tô morrendo de cólica e acho que vou ficar menstruada. — Segurei
suas mãos e olhando no fundo dos seus olhos falei. — Se você está feliz, eu também fico feliz.
A minha amiga me abraçou feliz e eu afundei meu rosto nos seus cabelos sentindo o seu perfume
que acalmava minha alma.
— Nanda... — Ela falou depois de alguns segundos. — Eu nunca fiquei com ninguém antes. Eu
sei que ele é superexperiente e não quero parecer uma boba que não sabe beijar. Ai, Deus, vou pirar!!!
E se ele não gostar do meu beijo? O que eu faço? Eu fecho os olhos? Eu viro a cabeça pra qual lado?
O que eu faço com a língua? E as mãos? OMG!
— Calma, Clarinha! Você vai ver que na hora tudo vai dar certo. Relaxa!
— E se eu não fizer direito? E se ele não quiser mais me ver e nem ficar comigo? Ai, Nanda! O
que eu faço?
— Primeiro, respira. Depois vai pra aula, que o sinal já tocou. — Falei ajeitando uma mecha do
seu cabelo que teimava em querer cair em seu rosto.
— Tá, obrigada! Amo você! Amigas FOREVER! — E nós fizemos nosso cumprimento especial.
Quando ela se virou, fiquei olhando para o chão e sussurrei triste. — Amigas forever?
Aqui se faz...

Nanda
Caminhava pelos corredores sem ao menos ver para onde ia. Eu sabia que um dia isso
aconteceria, cedo ou tarde. Afinal, Clarinha, My Sunshine, era linda, amorosa, gente boa, humilde...
“Ah, mano, eu vou surtar!”. Acabei tomando o rumo da academia da escola, depois daria um jeito de
buscar meus materiais na sala de aula. Precisava bater em algo urgentemente para extravasar essa
angústia senão eu enlouqueceria.
No vestiário, coloquei o uniforme que consistia em um top e um short, calcei as luvas e me aqueci
por alguns minutos. Comecei a bater e a socar furiosamente o saco de areia. Meu desejo era que o
aperto que sentia no meu peito sumisse e a dor fosse embora, como o suor que escorria por todo o
meu corpo. Mano, eu só queria que tudo fosse diferente. Por que eu fui me apaixonar pela minha
melhor amiga? E, ainda por cima, por uma menina hétero! Por que, CARALHO?
Lágrimas salgadas se misturavam com o suor do meu rosto. Meus longos cabelos estavam
presos em um rabo de cavalo que aos poucos se desfazia cobrindo meus olhos. E eu continuava
batendo… batendo. Batendo. Batendo. Uma. Duas. Dez vezes. Meus punhos já doíam, mas nada se
comparava com a dor e a angústia que ainda estavam dentro de mim, do meu peito… do meu ser.
Parei e fui até a sala do treinador procurando o objeto que eu queria. Encontrei na primeira gaveta
uma tesoura afiada. De frente para o espelho, fiquei me olhando por alguns minutos, até que por fim
segurei a tesoura entre os dedos, levantei meu braço direito e... cortei meu rabo de cavalo fora
deixando meu cabelo rente ao pescoço.
Voltei ao saco de areia. Continuei a bater forte como se a minha vida dependesse disso. Quando
dei por mim já havia passado a hora do almoço e já era o turno da tarde. Vi a equipe de ginástica
rítmica sair do vestiário e ir treinar. Resolvi tomar um banho. Enquanto a água quente varria o suor e as
lágrimas do meu corpo, pressenti que alguém estava me olhando.
— A sapatão resolveu cortar o cabelo, então? Qual vai ser o próximo passo? Fazer uma tatuagem
no pescoço? Raspar a lateral acima da orelha? Anel de coco? Comprar um caminhão? Ah, é mesmo...
você não tem dinheiro pra isso. — Falava Letícia com desdém, uma garota do segundo ano que
sempre gostou de me perseguir.
Ela era ruiva e gostosa demais. No entanto, a aparência era inversamente proporcional ao seu
caráter, já que o que tinha de bonita, tinha de babaca. E, para piorar, ela era uma das peguetes do
idiota do Vitor. Sempre que tinham uma oportunidade eles faziam chacota com a minha orientação
sexual, ou com a minha condição financeira, logicamente, sem que a Ana Clara presenciasse.
Geralmente eu os ignorava, mas hoje não. Hoje eu só queria um motivo para extravasar toda a minha
raiva.
Saí do box me secando calmamente e notei que ela olhava meu corpo de cima a baixo,
principalmente meus seios, que modéstia à parte, sempre foram bem bonitos. Sem falsa modéstia, eu
sabia que as horas de treino constantes me fizeram uma morena muito gostosa e isso ninguém podia
negar.
— Gostou do que viu? — Dei uma volta para ela poder admirar a minha bunda.
— Deixa de ser ridícula. Eu... eu... ahm... eu tô olhando essa tatuagem horrível que você tem aí.
— Enquanto ela falava fui chegando cada vez mais perto e percebi que ela começava a ficar ofegante.
Me aproximei e a encurralei na parede, colocando uma mão em cada lado do seu pescoço e
sussurrei ao seu ouvido:
— Você sabia que quem desdenha quer comprar? E eu tenho certeza que se eu colocar a mão
dentro dessa malha de ginástica eu vou sentir essa buceta toda molhadinha.
Ela não se segurou me puxando em um beijo intenso, que a deixou completamente sem fôlego. A
garota estava enlouquecida... me mordia e arranhava, parecia uma gata no cio. Puxei-a pela mão, até o
almoxarifado, onde eu sabia que ninguém iria nos interromper. Se era sexo que ela queria, seria sexo
que ela teria. E o melhor de toda a sua vida. "Talvez seja isso que eu esteja precisando e essa seja a
solução para eu esquecer a Clarinha.".
Letícia nem esperou fechar a porta e já começou a me beijar novamente, quase me engolindo.
— Vem, Nanda, quero conferir se o que as outras garotas falam de você é verdade. Me faz gozar
bem gostosinho, faz... — Falou manhosa.
A virei bruscamente contra a parede e comecei a beijar e morder a sua nuca. Puxei seu top para
baixo deixando os seios descobertos e os braços presos. Enquanto roçava meu sexo na sua bunda,
lambia seu lóbulo da orelha e apertava os biquinhos dos seios simultaneamente.
— Ai, Nanda, não me tortura... me come logo vai... — Choramingou cheia de tesão.
Eu a virei, retirando a malha que ela usava e me ajoelhei. Olhei por um momento a sua buceta,
com pelos ruivos bem aparados e vi que realmente ela estava muito excitada. “Safada! Deve ter ficado
um bom tempo me olhando no banho!”. Olhei para cima e dei um sorrisinho sacana. Comecei a beijar a
parte interna da sua coxa direita até a virilha e lambi ao redor dos grandes lábios, sem pressa
nenhuma. Ela rebolava tentando fazer com que eu chegasse, finalmente, ao seu ponto de prazer, mas
eu queria torturá-la mais um pouquinho. Dei beijos na sua buceta como se fosse a sua boca e, os
pequenos lábios, a sua língua, tomando o cuidado para não chegar ao seu clitóris.
Ela já não aguentava mais, com as mãos soltas ela massageava seu seio direito e com a outra
puxava meu cabelo, tentando conseguir o que queria. "Acho que até o fim dessa transa eu fico careca!
Que garota louca da porra!”.
Assim que me levantei do chão, a puxei para um beijo colocando minha perna direita
pressionando seu sexo. Agarrei sua bunda redonda, auxiliando nos movimentos de vai e vem que ela
fazia na minha coxa, friccionando seu clitóris querendo chegar ao ápice.
A safada, soltava gemidos e falava palavras sem sentido, ao mesmo tempo em que tentava
loucamente mais contato. Minha perna já estava completamente encharcada pela sua umidade e ela
continuava rebolando de olhos fechados, gemendo meu nome. Quando eu senti que ela estava na
borda e gozaria, me afastei e sorri.
— Você já ouviu falar que toda ação tem uma reação? Então... você vai ficar na fissura. Isso é
para você aprender a ser melhor com as pessoas e, principalmente, ficar longe de mim. — Peguei
minha toalha do chão e sai pela porta a tempo de ouvir ela gritando de raiva.
Quando passei pelo treinador, ele me chamou na sua sala e perguntou o que eu estava fazendo
ali ainda. Não gostava de mentir e contei que estava há várias horas batendo no saco de areia. Vieira
me liberou para ir embora, mas não sem antes me dar uma bronca, porque eu deveria estar
descansando para o campeonato de amanhã cedo.
Fui pegar meu material que deixei na sala e vi que a Luiza tinha deixado na coordenação. Quando
liguei meu celular recebi umas 20 mensagens da Ana Clara e várias chamadas perdidas da Luiza.
Ignorei e fui a pé pra casa. Eu já sabia o que faria. Teria uma conversa séria com o Vitor. Chegando em
casa fui direto para o meu quarto e dormi.
Acordei com Mainha me chamando para jantar.
— Fernanda Duarte, o que a senhorita fez com o seu cabelo, minha nossa senhora! — Falou
apavorada olhando o ninho de ratos que havia na minha cabeça.
— Cortei, Mainha, não tava conseguindo treinar com ele tão comprido.
— O que eu faço com você, menina? Nunca vai crescer? Parece que continua com 8 anos.
Lembra o que vocês aprontavam? Quando eu peguei você e Clarinha em cima da casa querendo pular
com um guarda-chuva aberto, porque viram num desenho?
— Era no pica-pau...
— Que seja, Nanda, mas você tem que crescer, menina. Vem, vamos ao banheiro pra eu dar um
jeito nisso.
Fui com ela e me sentei na privada fechada. Mainha cortou meu cabelo e até que ficou estiloso!
Ficou bem curtinho e quase raspado atrás, com uma franja grande que eu poderia colocar atrás da
orelha, ou até passar um gel e fazer um topetinho!
— Mainha, a senhora entende de sonho? — Olhei para ela que estava limpando os cabelos que
haviam caído ao chão. — Tipo do que significa?
— Olhe, minha filha, até que de alguma coisa entendo sim. O que houve, sonhou, foi? Me conte.
Então narrei todo o sonho, mas só ocultei para ela quem era a menina. Acho que Mainha
desconfiava dos meus sentimentos por Ana Clara, mas nunca falamos nisso.
— Sempre que a gente sonha é importante lembrar as sensações que ocorreram no sonho. Você
me falou que estava angustiada, mas quando abraçou a menina se sentiu acolhida. E você tava
descalça e nua, significa que você encontrará seu amor e a pessoa terá a capacidade de te apoiar em
todos os sonhos, desejos e aspirações que vocês têm. Mas como você se machucou, correu até
chegar nela e várias pessoas riram, pode significar que para que isso ocorra, você terá várias
dificuldades e pedras pelo caminho. — Ela me olhou e viu que eu estava com a cara preocupada — Ah,
meu amor! Não fica assim por causa de um sonho. Muita coisa vai acontecer na tua vida! E você
sempre terá sua Mainha com você, mesmo que eu não esteja mais nesse plano, sempre estarei aqui te
protegendo.
— Mainha, não fale isso, que a senhora sabe que fico chateada em pensar que um dia não terei
mais a senhora comigo. — Me abraçou e me beijou na testa.
— Bora, jantar? Hoje a gente janta aqui na nossa cozinha porque os patrões saíram.
— Saíram, é? Clarinha também?
— Sim, foram jantar na casa daqueles amigos deles, do seu Cléber e a dona Theodora, pais do
Vitor.
— Sei...
Tomei um banho e fiquei pensando na Clarinha e que, se o Vitor a machucasse de alguma forma,
eu seria capaz de matar ele. A noite estava fria, então coloquei uma calcinha e uma camiseta velha do
RBD, “Sim, sou fã, me julguem!”, me deitando logo em seguida.
No meio da noite acordei sobressaltada com um trovão lá fora. Meu coração começou a bater
descompassado, eu sabia que teria uma crise de pânico a qualquer momento, eu já esperava pelo
pior... quando dei por mim, senti um braço na minha cintura e uma respiração em minha nuca.
Clarinha veio dormir na minha cama novamente. Ela sempre fazia isso quando iria chover, porque
quando pequena eu tinha medo. Meu pai morreu em um acidente de trânsito, em uma noite de
tempestade e eu estava junto com ele. Fiquei muito tempo esperando socorro dentro do carro e,
sempre que chovia, era inevitável não sentir a mesma angústia que senti naquela noite.
Virei de frente para ela e fiquei olhando seu rosto, sua boca carnuda e rosada, sua pintinha, a
bochecha que quando ela sorria surgiam duas covinhas que eram as coisas mais lindas do mundo.
Fiquei vendo sua respiração calma e velando seu sono por um tempo. Mais um trovão na rua e ela se
aconchegou no meu peito ainda dormindo, sua perna entre as minhas, seu rosto no meu pescoço.
Cheirei seus cabelos sentindo o perfume do seu shampoo tão familiar. Como um aroma, ao mesmo
tempo, era capaz de me excitar e acalmar? Abracei ela apertado, fazendo os exercícios de respiração
que aprendi para me acalmar e deixei o sono me levar.
O Embate
Acordei 5:30h da manhã porque eu tinha que estar na escola 7h para pegar o ônibus e ir para o
campeonato, que seria na cidade vizinha. Deixei Ana Clara dormindo na minha cama. Confesso que
tive vontade de ficar abraçada a ela. Mainha estava na cozinha preparando o café e me olhou feio, logo
que eu entrei, já vestida para sair.
— Nem pensar que você vai sair sem se alimentar. Pode ir sentando e come direito.
— Ah, Mainha, não tô com fome.
— Sem discussão! Já disse, saco vazio não para em pé!
Depois do café fui para a escola. No portão de entrada estava o ônibus de turismo que nos
levaria. Entrei e fui logo para o último banco, onde estavam as outras meninas. Assim que cheguei
Paulinha se sentou ao meu lado.
— Oi, gatinha, que cara é essa? — Paulinha me olhou preocupada.
— Nada não... só não consegui dormir direito.
— Você sabe que pode contar comigo sempre, né?
— Claro, linda. — Sorri para ela.
Paulinha era uma das minhas melhores amigas na equipe de jiu-jitsu e sempre me ajudou muito.
Ela tinha 18 anos e namorava o Leo que também estava na equipe. Tirando a Clarinha e a maluquinha
da Luiza, eu os considerava meus melhores amigos.
Assim que terminei de falar, começou uma algazarra na frente do ônibus e vi a chegada de Vitor e
a sua galera. Para variar ele estava se gabando que havia saído com uma mina e que ela pagou um
boquete nele. O jeito pejorativo que ele falava, os gestos pornográficos, as risadas dos amigos
babacas… tudo o que eu pensei naquela hora foi que a garota poderia ser a Clarinha.
Não sei o que me deu! Vi tudo vermelho e sai em disparada pelo corredor do ônibus dando um
cruzado de direita no nariz dele. O sangue jorrou na hora e o garoto, mesmo atordoado, veio para cima
de mim, já que era muito maior que eu.
— O que é isso, garota? Tá maluca? — Gritou sendo contido por uns garotos da equipe.
— Repete o que você falou da Ana Clara seu babaca, repete se você for homem! — Gritei sendo
contida pelo Leo.
— Que Ana Clara, sua pirada? Quem disse que eu tava falando dela? E mesmo se fosse, o que
você tem a ver com isso?
— Mano, te juro, se você machucar a minha amiga de qualquer maneira, eu te caço até no
inferno! Acabo com a tua raça! — Ameacei quase cuspindo as palavras.
— Vamos parar com isso aqui? Quero os dois fora desse ônibus... Agora! Vão pra casa esfriar a
cabeça, nenhum dos dois vai competir hoje. — disse o treinador Vieira quando chegou. — Segunda
quero os dois na minha sala às dez da manhã. Não admito que isso ocorra na minha equipe.
— Mas não fui eu, essa favelada saiu do nada e... — Vitor começou a falar.
— Fui claro?! — Reiterou Vieira quase gritando.
— Sim, senhor.
— Sim, mestre.
Saímos os dois cabisbaixos do ônibus. Assim que o veículo dobrou a esquina senti um forte
empurrão, caindo no chão.
— A próxima vez que você colocar a sua mão suja em mim se prepara, piranha… se prepara para
fazer uma plástica nessa carinha bonita. — Vitor falava com raiva me apontando o dedo. — Não se
meta nos meus assuntos. Eu não falei da Ana Clara, nem vou falar! Até porque meu pai me mataria se
descobrisse. Sai do meu caminho, garota, você tá avisada!
— Eu não tenho medo de você, idiota. — Disse entre dentes me levantando. — Você também tá
avisado. Se magoar a minha melhor amiga, eu te mostro porque eu sou a campeã estadual da minha
categoria.
Virei as costas e saí andando com raiva. Sabia muito bem que em uma briga com ele levaria a
pior porque, além de ser homem, ele era bem maior que eu. Sem falar que eu tinha certeza que ele
usava anabolizantes.
Caminhei sem destino, já que não poderia voltar para casa sem ter que dar muitas explicações.
Mainha ficaria uma fera se eu contasse a ela o que aconteceu. Peguei o celular e enviei uma
mensagem.
Eu: Posso ir praí agora?
Enquanto esperava a resposta continuei a andar pensando no que tinha acontecido. Olhei o
celular e a resposta havia chegado.
Maluca gostosa: Esperando ansiosa.
Já sabia “de cor” o caminho e não demorei nem dez minutos para chegar lá. Meu nome já estava
na portaria. Cumprimentei o porteiro que já era meu conhecido e entrei no condomínio de luxo sem
problema. Fui até a casa 15 e toquei a campainha. Ela atendeu a porta só de calcinha e sutiã
vermelhos, de renda. “Caralho, essa menina ainda vai me matar de tesão!”.
— Eu pressinto que o trabalho vai ficar para mais tarde. — Falei com um sorriso safado — Tio
Otávio e a tia Mariana já foram?
— Já! Queriam ficar porque eu disse que você viria e eles estão com saudade. Disse que você ia
demorar. — Ela riu enquanto me puxava para dentro da casa. Os pais dela sempre me trataram como
filha e eu gostava muito deles. — Não tem ninguém.
Luiza me puxou para dentro da casa e me beijou intensamente, me pressionando na parede, só
nos desgrudamos quando ficamos sem fôlego.
— E o trabalho? — Perguntei enquanto ela mordia o meu pescoço me causando arrepios, era
engraçado como essa menina sabia exatamente o que mais me excitava.
— Deixa o trabalho pra lá... — Ela sussurrou nos meus lábios — depois eu faço e coloco seu
nome.
— Uhm, mas o que eu tenho que fazer pra isso? — Perguntei apertando a polpa da sua bunda e
com a outra mão puxei a calcinha dela para cima fazendo ficar enfiada… mas só um pouquinho, na sua
buceta, para dar aquela fricção gostosa.
— Me fode gostoso, como só você faz, Nanda. — Ela sussurrou no meu ouvido e como éramos
quase da mesma altura ela não precisou se inclinar. — Você sabe que nenhum namorado que eu já
tive me fez gozar assim… desse jeito. — Contou enquanto colocava a minha mão dentro da sua
calcinha. Nós duas gememos quando meus dedos entraram em contato com a sua umidade.
— Já tá tão molhada assim, Lu? — A puxei para o seu quarto, já que eu conhecia o caminho
muito bem.
Fechei a porta enquanto ela se deitava na cama apoiada nos cotovelos e com as pernas
abertas… ela amava me provocar. Seus olhos verdes cintilavam safadeza, um círculo úmido podia ser
visto na sua calcinha vermelha…
Olhei para seus seios apertados no sutiã de renda e senti a garganta secar. Me despindo, fiquei
apenas com o top e uma calcinha boxer. Na beira da cama a puxei pelos pés em um movimento
brusco, deixando sua buceta próxima ao meu corpo. Ela deu um gritinho alto e eu sorri maliciosamente.
Sabia exatamente como e do que ela mais gostava. Luiza foi a primeira menina que eu beijei e a
segunda com quem fiz sexo. Mas ela fazia esse teatro para os pais de “menina comportada e
heterossexual”, então eu não tinha espaço na vida dela. O que para mim funcionava muito bem, mas,
muitas vezes, me peguei imaginando em como seria ter algo mais sério com ela.
Passei de leve a ponta dos dedos pela sola dos seus pés e fui subindo pelas pernas bem
torneadas. “Gostosa!”. As duas mãos sincronizadas chegaram a virilha, contornando a calcinha e
arranhando a sua pele. Luiza soltava uns gemidinhos agudos e começou a rebolar querendo aumentar
o contato. Subitamente puxei sua calcinha para o lado e penetrei um dedo na sua buceta encharcada.
Luiza soltou um grito e começou a se mexer mais intensamente, ao mesmo tempo em que eu
dava estocadas mais fortes e firmes.
— Mais, Nanda... — ela falou entre gemidos. Me deitei em cima do seu corpo sem deixar de
penetrá-la mordendo sua orelha.
— Mais o que, Lu? — Eu sempre amei o quanto ela se entregava. — Diz... Fala o que você quer...
— Põe mais... mais um dedo... — ela falou sussurrando, sem parar de rebolar, mordendo seu
lábio inferior. Suas mãos agarraram meus seios por baixo do top.
— Tá certo, gostosa, vou fazer do jeito que você gosta. — Me levantei e retirei o resto das minhas
roupas enquanto ela fazia o mesmo com ansiedade e rapidez.
Me posicionei entre as suas pernas e lambi toda a extensão da sua buceta, provando seu gosto e
gemendo. “Ah, Luiza… você é um tesão!”.
— Isso, Nanda, ah... isso, amor... faz assim... — Luiza falava com a respiração entrecortada
enquanto agarrava o lençol.
Olhando as suas reações, comecei a chupar os pequenos lábios e o grelinho que estava muito
duro. Luiza tinha um clitóris mais proeminente do que a maioria das garotas e, eu aprendi na prática,
que a sua excitação ficava tão grande… tão intensa que, às vezes, o menor estímulo a fazia gozar.
Continuei a chupar os pequenos lábios e a dar leves batidinhas no seu grelo durinho com uma
das minhas mãos. A cada batida ela gemia mais forte e se contorcia cada vez mais. Eu sabia que logo,
logo ela chegaria ao ápice. As pernas dela começaram a tremer e quando ela prendeu sua respiração,
enfim chupei seu clitóris e penetrei sua buceta com dois dedos.
Luiza levantou o corpo em um orgasmo arrebatador. Suas costas ficaram arqueadas e ela
ejaculou. O que me fez ficar muito orgulhosa comigo, porque a ejaculação feminina era rara e quando
acontecia, significava que o prazer foi intenso.
Continuei a lamber seu gozo preguiçosamente, até que ela se acalmasse. Depois, me deitei ao
seu lado e ela se aconchegou a mim.
— Por que a gente não namora mesmo? — Ela me perguntou.
— Primeiro, porque você não quer; segundo você paga de hétero para não ficar sem a mesada do
papai; e terceiro… daí já não sei.
Ela riu e concordou. Ficamos jogando conversa fora e transando. Uma hora, em que estávamos
deitadas, ela ficou olhando pensativa para a minha tatuagem, com uma expressão séria. Luiza era
assim, difícil saber o que se passava em sua cabeça. Logo depois, ela sorriu triste e me beijou. Eu a fiz
gozar mais três vezes, lanchamos e por fim fomos tomar banho juntas.
— Eu adoro esse seu shampoo. — Falei pra ela.
— É importado, caríssimo... hey… curti o cabelo… — Ela falou rindo e virando de costas para
pegar o frasco. Olhei aquela bunda gostosa e a puxei para o meu sexo.
— Uhm... eu já falei que você tem uma bunda gostosinha demais? — Disse inclinando o corpo
dela, para que empinasse mais a bunda e eu pudesse fazer uma fricção gostosa do meu grelo
naqueles montes apetitosos.
— Todas as vezes que a gente transa — Ela respondeu rindo e rebolando, auxiliando mais o
contato.
Mordi seu ombro enquanto continuava a sarrar aquela bundinha deliciosa. Ao mesmo tempo em
que eu apertava um dos seus seios, com a outra mão fazia movimentos circulares no seu clitóris.
O banheiro foi preenchido pelo barulho de gemidos e do atrito em nossos sexos. Ela se apoiava
na parede até que, deu um gemido estrangulado, gozando pela quinta vez. No mesmo instante, deitei a
cabeça nas suas costas e melei a sua bunda com o meu gozo.
Nos secamos entre carinhos e beijinhos. Enquanto ela procurava um filme para a gente assistir na
TV, escutei o som estridente do meu celular. Procurei dentro da minha mochila que estava no chão do
quarto e atendi.
— Nanda, onde você tá? Vai me dar o bolo? Tô te esperando desde às duas da tarde aqui no
shopping, como combinamos. — Ana Clara falava enfurecida.
— Ai, caramba, Clarinha, esqueci. Me dá 10 minutos que chego aí. — Desliguei e saí procurando
minhas roupas pelo chão.
— Sério, Fernanda? Puta que los pariu! Eu não tô acreditando no que eu ouvi. Você vai me largar
de novo e por causa da Ana Clara? Vai, pode ir, mas não volta!
Ana Clara
Duas horas. Era o tempo que eu estava esperando a Nanda na praça de alimentação do
shopping. Minha língua já devia estar congelando de tanto sorvete que tomei, sem falar que engordei
uns 3 kg. Liguei várias vezes para o celular dela e só dava na caixa postal. “Eu não acredito que ela vai
me dar o bolo! Ai, que ÓDIO!”.
A Nanda ultimamente andava tão estranha. Muito estranha! Antigamente nós duas éramos como
unha e carne, fazíamos tudo juntas… literalmente, tudo mesmo! Melhores amigas FOREVER! Só que
agora alguma coisa havia mudado… eu sentia que estava perdendo a minha melhor amiga. Poxa, ela
não conversava mais comigo como antes, não ficávamos mais tão juntas, nem as noites do pijama,
com muita pipoca e filme de terror, aconteciam mais!
Comprei o terceiro sorvete do dia e me sentei novamente na cadeira dura. “Meu bumbum vai ficar
quadrado!”. Pensei em minha melhor amiga e tentei lembrar quando nossa amizade começou. Acho
que desde sempre, vai saber… Eu era muito pequena quando ela foi morar lá em casa. A nossa
conexão sempre foi tão grande, que ela sabia tudo de mim e eu tudo dela, ou pelo menos era o que eu
pensava. Antigamente, ela contava tudo para mim. Tudo mesmo! Lembrei do dia em que ela me disse
que tinha certeza que preferia meninas à meninos e estava com muito medo da reação da Mazé com
isso. Ela me contou quando beijou pela primeira vez e com quem tinha sido (a insuportável da Luiza,
urgh, mau gosto!).
Eu sabia de todas as ficantes dela. Todas! E todos os rolos. Minha amiga me contou quando
perdeu a virgindade, com a professora Cláudia. Tudo o que ela sentiu e como foi. Depois, quando a
mulher se mudou para Londres, ela chorou várias vezes no meu colo até dormir. Aquilo me partia o
coração e eu chorava junto. Se eu pudesse, passava uma esponja e tirava a Cláudia da cabeça dela.
Na verdade, se eu tivesse a oportunidade colocaria aquela velha pedófila na cadeia, porque uma
mulher de quase 40 anos, com uma menina de 13, chegava a ser nojento!
A minha relação com a Nanda sempre foi de cumplicidade e carinho. Eu sempre cuidei dela e ela
de mim. Ela conhecia os meus segredos mais íntimos. Sabia que eu nunca fiquei com nenhum menino.
Não por falta de vontade, mas porque eu não queria ficar por ficar. Desejava que meu primeiro beijo
fosse um momento especial. E… ai... eu também morria de medo de não saber como fazer na hora.
Tipo, onde colocar a mão? O que fazer com a língua? “Ai, sou muito, muito insegura! OMG!”. Quem me
observava por fora poderia achar que era perfeita, afinal tinha tudo: dinheiro, uma família que me
amava, amigos... mas lá no fundo, bem lá no fundo, eu era só uma garota de 15 anos que queria ser
amada como ela é e não pelo que tem.
Mas se eu falasse alguma coisa sobre isso, sairia gente do bueiro me criticando e dizendo que
não tinha direito a ter problemas. Por isso que eu me abria só com a Nanda, porque ela nunca me
recriminou, ou achou que eu era princesinha e não podia ser insegura, ou até mesmo ficar triste. Com
ela podia ser simplesmente “eu”.
Sentia que a Nanda estava apaixonada e que deveria ser pela Luiza. Como ela sabia que eu
detestava essa garota, não me contava. Esses dias eu vi uma tatuagem linda que ela fez nas costelas:
"You´re My Sunshine. Você é o meu raio de sol.”. Super-romântico e fofo. Claro que só poderia ser para
alguém. Mas fiquei chateada porque ela não me contou para quem ela fez. Poxa, eu era a melhor
amiga FOREVER dela! Eu também tava boladíssima porque a gente cantava essa música quando
pequenas, era meio que a nossa música. Mazé nos ensinou e cantarolava para a gente dormir, ou
quando a Nanda estava triste com a morte do pai dela.
A senhora que limpava a praça de alimentação já me olhava com a cara feia pelo tanto de lixo que
eu tinha na minha mesa. Me levantei, joguei todas as embalagens fora e fui novamente dar uma volta
pelo shopping... E nada da Nanda chegar. Combinamos de comprar as nossas roupas para o Baile de
Primavera e ela sabia que agora era mais importante do que nunca. O Vitor me convidou e perguntou
se eu ficaria com ele. SURTEI! Ele era meu crush eterno!
Nossos pais eram muito amigos, geralmente a gente passava as férias e festas de fim de ano
juntos. Eu só não entendia porque a Nanda nunca curtiu muito ele. Os dois realmente não se bicavam.
Quando ele ia lá em casa, ela arrumava uma desculpa e fugia para o quarto dela. Ai… Como eu queria
que eles se dessem bem. Seria um sonho!
“Ai... e essa Nanda que não chega!”. Parei de tomar sorvete e já estava estourando de tanto Milk-
shake que eu havia bebido! Minha barriga estava tão gigante que eu deveria estar parecendo uma
anaconda que comeu um elefante! OMG! Que agonia! Precisava conversar com ela e contar como foi
ontem no jantar que aconteceu na casa do Vitor.
Nós fomos para sala de cinema ver um filme, enquanto nossos pais estavam conversando. Eu,
ele e Fernando, o irmão dele. Nós três nos sentamos no sofá e ele ficou com a mão em cima da minha
coxa, me acariciando. Queria contar para Nanda o que eu senti. A sensação foi boa. Na verdade, foi
como se um formigamento gostoso passasse pela minha pele, por onde a mão dele tocava, me dando
arrepios. Mas foi só isso. Depois de um tempo, ele segurou a minha mão e começou a fazer círculos
com os dedos no meu antebraço. Foi legal. Uma sensação gostosa. Não poderia me esquecer de
perguntar a ela, se era isso que sentia quando ficava com uma menina. “Será que era só isso?”.
Eu e o Vítor ainda não nos beijamos. A gente combinou que nosso primeiro beijo seria no baile.
“OMG! Super-romântico!”. O garoto foi superfofo e romântico, dizendo que comigo seria diferente das
outras meninas que ele ficava, porque ele queria algo sério. Eu estava morrendo de medo de fazer tudo
errado! “Tô pirando aqui! Eu tenho que falar com a Nanda, urgente! Vou ligar para ela de novo.”.
— Nanda, onde você tá? Vai me dar o bolo? Tô te esperando desde às duas da tarde aqui no
shopping, como combinamos. — Falei para ela já brava.
— Ai, caramba, Clarinha esqueci. Me dá 10 minutos que chego aí.
— Tá, vou pra praça de alimentação, preciso falar com você urgente. Vou te esperar.
Uns 20 minutos se passaram, eu estava jogando Candy Crush no celular, quando uma menina de
cabelo curto estiloso passou e fiquei olhando. Que cabelo fofo! Era curtinho, deixando o pescoço à
mostra e parecia que tinha uma franja na frente. Não dava para ver direito, mas parecia com aquela
Stella Carlin da série que a Nanda amava e eu assistia junto, Orange Is The New Black.
Inconscientemente, passei a olhar melhor a garota e percebi que o corpo dela era bem bonito,
principalmente a bunda. Comecei a rir e lembrei que a Nanda é tarada por bundas, ela sempre me dizia
isso. "O que é isso, Ana Clara? Secando o corpo de uma menina numa praça de alimentação? A
Nanda vai zoar muito da minha cara quando souber disso". Continuei a jogar, quando notei alguém se
sentando na cadeira ao meu lado e reconheci a roupa da menina que eu estava secando. Quando
levantei a cabeça percebi que, na verdade, a menina da bunda gostosa era ninguém menos que a
minha melhor amiga!
— Que cara é essa, maluca? Até parece que viu um fantasma! Tá vermelha por quê? — Nanda
me perguntou já puxando meu Milk-shake e bebendo o resto do copo.
— Ah... nada. Minha cara normal. E não desconversa que tô putaça com você por ter me feito
esperar. Poxa, Nanda, onde você tava? O campeonato terminava às 11 horas, meio-dia você já estaria
aqui. A gente combinou de comprar os vestidos pro baile. Você falou que ia me ajudar! — Disse
irritada.
— Eu tava tirando o atraso na casa da Lu. — Ela falou com um sorrisinho cafajeste e eu dei um
tapão na sua cabeça.
— Na Luiza, dona Fernanda? Aquela garota insuportável metida a patricinha? Mas peraí... e o
campeonato?
— Ah, deu uns problemas e o técnico me cortou, mas não quero falar disso agora. Bora, procurar
esses vestidos de uma vez.
Minha amiga se levantou da cadeira, sem deixar eu continuar a perguntar. Isso estava muito
estranho, mas tudo bem, depois eu conversaria com ela. Além do que, isso de ela ter ido à casa da
Luiza me deixou com a pulga atrás da orelha. Comecei a achar que as minhas suspeitas eram bem
reais. A minha amiga estava apaixonada justamente pela biscate da Luiza. Que ódio! Pressentia que
ela se machucaria muito. A Luiza era daquele tipo de menina que só usava os outros. Ninguém sabia
do rolo dela com a Nanda. A garota pagava de hétero e sempre estava com algum namorado ou
ficante. Mas chamava a minha melhor amiga para a sua casa, cada vez que os pais dela viajavam.
Biscate! "Awn... A Nanda entrou na minha loja preferida. Impressionante como ela conhece os meus
gostos.".
Depois das compras, encontramos o Alfredo no estacionamento e fomos direto para a minha
casa. Nanda foi para o seu quarto trocar de roupa e consegui convencê-la a ficar lá em casa essa
noite. Meus pais foram para o Haras e eu estava sozinha. Falei que se ela não viesse, eu iria para a
casa dela. Odiava ficar sozinha. Mazé deixou um prato com panquecas recheadas com carne para a
gente e muito sorvete de chocolate belga com morango, que era o nosso preferido.
Quando eu não precisei mais de babá, a Mazé virou a governanta lá de casa. Agora, mamãe
deixava tudo nas mãos dela, isso fez com que ela tivesse mais tempo para acompanhar meu pai nas
viagens e dirigir a ONG que ajudava as famílias de crianças com câncer, além de custear os
tratamentos.
No banho, pensei no meu vestido, na festa, no beijo, em como eu estava apavorada e insegura.
Aos poucos uma ideia começou a florescer em minha cabeça. Era uma ideia muito louca e absurda,
mas que ao mesmo tempo fazia o maior sentido. Qual a pessoa em todo o universo em quem eu mais
confiava? Quem me conhecia melhor que eu mesma? Quem sempre me apoiou em tudo? Quem nunca
me machucaria, ou me magoaria? Agora, eu só precisava pensar em como convencê-la.
Eu estava de banho tomado, vestindo a minha camisolinha do Piu-Piu que é curtinha e tem uma
calcinha combinando. Sim, eu sou dessas! Amava personagens de cartoons. Fui para a sala de TV e
fiquei vendo desenhos antigos até que ouvi os passos da Nanda na escada de acesso. Como sempre
ela estava vestindo uma camiseta velha de banda, hoje era The Cure, e uma calcinha boxer. Podíamos
ficar assim porque estávamos sozinhas em casa e os empregados já haviam saído.
— Tá, viada, já arrumou nosso rango? Me fez vir até aqui e ainda tá com essa bunda gorda no
sofá? Pelo jeito nem foi na cozinha ainda esquentar as panquecas.
— Ah, Nandinha! Eu tava com preguiça. Até porque se eu fizesse alguma coisa a minha bunda ia
deixar de ser gorda. — Rimos muito juntas.
O bom de se ter uma melhor amiga era que a gente podia falar um monte de merda e se xingar
muito porque tudo era zoação.
Fomos para a cozinha, comemos como duas suínas antes de ir para o abatedouro, frase típica da
Mazé. Depois pegamos dois potes com sorvete, refrigerante e subimos para o meu quarto. Chegando
lá guardei tudo no frigobar para mais tarde.
— O que você quer assistir hoje, Nanda? — Perguntei vendo o que tinha na TV a cabo.
— Ah, qualquer coisa. Romance, terror ou comédia. Escolhe aí, hoje tô muito cansada porque fiz
muito exercício aeróbico. — Ela me olhou rindo com aquela cara de safada. Bufei porque ela sabia
muito bem o quanto eu me incomodava com a Luiza. Irritada, atirei uma almofada nela.
— Nossa, pra que tanta violência? — Riu.
— Tá... tá! Vou escolher então, 50 Tons Mais Escuros. — Tinha certeza que ela reclamaria.
Nanda falava que nesse filme, o abuso era romantizado e, as mulheres mais humildes podiam ter
uma noção errada, ficando em uma relação abusiva por anos. Concordava em partes, mas o que eu
queria era só ver o tanquinho do Grey.
— Ah, não, Clarinha! Não quero ver a bunda do Christian Grey de novo! Aparece mais a bunda
desse cara do que os peitos da Anastasia Steele. E nunca vi um cara que gosta de transar de calça
jeans. Será que não dá micose? Assadura? Ele deve gastar metade da fortuna dele só em pomada pra
assadura. — Gargalhou.
— Vai ser esse filme sim, porque hoje eu escolho, lembra? — Falei rindo da cara amarrada que
ela fazia.
Nos deitamos e eu fiquei na minha posição preferida que era: usar os peitos da Nanda de
travesseiro, enquanto ela fazia carinho nos meus cabelos e costas.
— Nanda?
— Uhm?
— Por que você cortou seu cabelo? Ele era tão lindo!
— Ah, tava me incomodando na hora da luta, ficava caindo nos meus olhos. Mainha que cortou,
você não gostou? — Sua cara era de aflição.
— Você fica linda de qualquer jeito. Tá parecendo a Stella do Orange is The New Black. — Falei
sorrindo, comparando-a com a atriz Ruby Rose. Ela começou a rir e disse me fazendo cócegas.
— Vem cá, minha Piper!
Dei uns tapas nela para que parasse. Ficamos assistindo por mais alguns minutos o filme, até que
me lembrei de outra pergunta que queria fazer.
— Nanda?
— Uhm?
— E a tatuagem? Pra quem é?
— Falei pra você, maluquinha! Não é pra ninguém não. Eu fiz porque gostei. Só isso. — Falou
olhando o filme.
Ela continuava a olhar a tela da TV e eu estava inquieta. Não sabia como tocar no assunto que
queria.
— Nanda?
— Fala, demônio! — Disse ela rindo.
— Eu queria falar com você sobre o Vitor. — No mesmo momento ela mudou, se retraiu, pegou o
controle e pausou o filme.
— Ok, pode falar. — Sua expressão era séria.
Então, eu abri meu coração à minha melhor amiga. Contei a ela tudo o que rolou no jantar na
casa dos pais dele. Em como eu me senti quando ele me tocou. Falei sobre o baile e no beijo que viria.
— Nanda, eu tô morrendo de medo dele não gostar. — Eu falava rápido, estava agoniada. — E se
eu fizer algo errado? Ele é superexperiente. Você sabe que pra todo mundo na escola ele é o
pegador... — Ela me olhou levantando a sobrancelha — Tá, eu sei que na verdade quem já ficou com
metade das meninas da escola foi você. E também sei que ele fica falando das meninas e você não.
Mas ele jurou que comigo vai ser diferente, Nanda. E eu senti sinceridade nele, sabe? Eu vi aquele
olho azul brilhar enquanto falava isso pra mim. Ai… eu queria que tudo fosse perfeito.
— Ai, Clarinha, sei lá, mano... — Ela disse olhando para baixo. — Não sei o que te dizer...
— Deixa eu terminar... Nas vezes que ele me tocou foi bom e eu acho que o beijo vai ser muito
melhor! Mas eu não quero fazer nada errado! Você sabe que ele sempre foi meu crush master, né? —
Ela balançou a cabeça afirmativamente e eu segurei as suas mãos entre as minhas. — Nanda, você é
a pessoa em quem eu mais confio em todo o mundo. Eu sei que você faria qualquer coisa por mim.
Então eu tive uma ideia maluca, mas que, quanto mais eu penso, mais faz sentido.
Ela me olhava cada vez mais confusa e sem entender sobre o que eu estava falando. Eu já havia
me levantado e estava andando pelo quarto repetindo sem parar as coisas que eu já tinha dito. Suspirei
fundo parando na frente da cama e me ajoelhei em sua frente.
— Nanda, eu tenho um pedido pra te fazer: Você tira o meu BV e me ensina a beijar?
— É O QUÊ?
É O QUÊ???
Nanda
— Nanda, eu tenho um pedido pra te fazer: Você tira o meu BV e me ensina a beijar?
— É O QUÊ?
Sabe quando você escuta uma coisa, mas na hora não acredita? Como se seus ouvidos
estivessem te trollando? Era exatamente como eu estava me sentindo.
— Peraí, Ana Clara, eu devo ter entendido mal. Mainha sempre diz: Nandinha, cuidado com o
cotonete, pode machucar os tímpanos. É... — falei balançando a cabeça — deve ser isso. — Nesse
momento eu já estava em pé andando pelo quarto de um lado para o outro.
— Calma, Nanda, por favor! Senta aqui que você tá me deixando tonta. Pensa comigo: Você é
minha melhor amiga, certo?
— Certo! — Concordei me sentando ao seu lado.
Ela pegou as minhas mãos e me fez olhar para o seu rosto. “Caralho, tô fudida!”. Uma coisa que
eu sempre tentei bloquear e fiz das tripas coração para conseguir, foi esse puta tesão que eu sempre
tive nessa garota. Sim, eu disfarçava bem. Desde que eu a vi, anos atrás, naquele vestido vermelho, a
minha vida virou um inferno. Foram incontáveis banhos gelados e muita siririca. “Porra, quase tive LER,
aquela doença de quem faz movimentos repetitivos, tá ligado?”. E isso, só para poder estar
normalmente ao seu lado, ser seu travesseiro, porque ela tem a mania de dormir nos meus peitos e
ficar de conchinha. E agora de uma hora para outra essa loka quer que eu faça coisas que eu só
imaginei nos meus sonhos mais molhados. Fudeu, minha gente!
— Você não sente nada por mim e nem eu por você, quer dizer, só uma grande amizade, certo?
— Certo... — ERRADO! FUDEU, FUDEU, FUDEU!
“Tô fudida e mal paga”. Mano do céu, como eu vou sair dessa? O pior é que ela ficava falando
essas coisas agora com as mãos me segurando, enquanto eu só conseguia admirar a sua boca
carnuda rosinha e pensar em como seria o gosto. Encarava a pintinha que ela tem em cima dos lábios.
Ah, essa pintinha! Essa pintinha filha da puta que já tirou tantas vezes meu sono. A minha garganta
estava cada vez mais seca e sentia o meu sexo latejar. “Fernanda, se controla, caralho! Ficou quente
aqui ou é impressão?”.
— Então, Nanda! — Ela continuava a falar e agora só prestava atenção em como os cabelos dela
ficavam lindos em contraste com a sua pele. — Pense nisso como se fosse um experimento científico.
Você a cientista e eu a cobaia! Tudo pela ciência!
— Tá... quem sabe... — falei tentando me esquivar, precisava urgentemente sair daquele quarto.
“Preciso de controle, ou vou agarrar essa garota e darei uma aula completa que ela vai ter mestrado e
doutorado no assunto! Vou fazer barba, cabelo e bigode, como diria Mainha. Vou beijar esses lábios
carnudos rosinhas de cima e os de baixo, os quais são ainda mais lindos, pelo que me lembro bem!” —
Mas não vou te responder hoje, tá? Vou pensar com calma e te aviso... — FUDEU, FUDEU, FUDEU! —
Vou ao banheiro rapidinho, vai servindo sorvete que eu já volto…
— OMG! Você é a melhor amiga do mundo! — Ela beijou o meu rosto me abraçando forte, o que
fez com que eu sentisse os seus seios volumosos em contato com os meus.
Eu quase não consegui segurar um gemido. Meu coração acelerou! “Puta que pariu!”. Agora
parecia que uma torneira estava aberta e qualquer coisa liberava o meu tesão reprimido. Minha buceta
latejou de uma forma que chegava quase a doer. Mais um pouquinho e eu gozaria sem ela ter feito
nada demais para isso. Apertei as minhas coxas e saí correndo. Ai... seja o que Deus quiser!
Ana Clara
"A Nanda devia estar apertada porque saiu em disparada pro banheiro". Arrumei as duas taças de
sorvete e fiquei esperando. “Que demora dessa garota. Aff!”. Me sentei na cama e pensei sobre a aula.
Não sabia o porquê, mas aquilo estava me deixando com uma sensação estranha, eu havia me
excitado com a expectativa. "Deve ser a ansiedade! Relaxa, Ana Clara!".
Tudo bem que eu fosse virgem, nunca tivesse beijado e não soubesse muito bem como
funcionava tudo na prática. Mas não era idiota e a internet estava aí para quê, não é? E também tinha a
Nanda que sempre me contava tudo sobre os seus “casinhos”. Confesso que sempre ficava excitada e
por isso fazia questão de saber tudo nos mínimos detalhes. “Acho que isso é normal, né?”. Até me
masturbei várias vezes pensando nas histórias dela e nas cenas dos filmes que eu via (Mr. Grey é tudo
de bom!). Mas o estranho era que eu nunca havia conseguido chegar ao tal do orgasmo que todo
mundo falava que era o "Big O". Era bom quando eu me tocava…, mas tipo... tá legal, aham e “só”. Sei
lá. Foi mais ou menos igual quando o Vitor fez carinhos na minha pele. Foi bom e só.
Talvez as pessoas que sentiam demais, ou era eu que sentia de menos. Sabe-se lá. Uma hora
vou perguntar para a Nanda sobre masturbação. Eu vi vídeos e, sei lá, fiz igual, mas parecia que
aquelas mulheres estavam muito forçadas. Eram muitos gemidos e gritos que não soavam reais. E a
Nanda, hein? O sorvete já estava quase todo derretido.
— Ôh, Nanda, cê tá cagando? O sorvete tá derretendo! — Gritei na porta do meu banheiro.
— Uhm ... ãhn ... já tô indo... — Se passaram mais uns minutos e ela abriu a porta com a cara
toda afogueada.
— Ôh, maluca, você tá bem? A panqueca te fez mal? Melhor não tomar sorvete, porque a gordura
solta mais e...
— Tô bem sim, me dá aqui e bora ver o resto desse filme, antes que eu me arrependa.

Nanda
Corri para o banheiro e me deitei na banheira. Tirei a calcinha que estava extremamente molhada
com a minha excitação. "Ai, Clarinha, se você soubesse o que faz comigo, nem chegava perto de mim".
Molhei meus dedos na minha buceta e comecei a fazer movimentos circulares ao redor do meu clitóris
que estava extremamente rígido e sensível, com a outra mão eu apertava o biquinho do meu seio
direito, bem como eu gostava... Mordendo meu lábio inferior, sem parar o que estava fazendo, fechei os
olhos, imaginei que eram as mãos e a boca da Ana Clara... Ah, não sabia como, mas eu ficava mais
excitada ainda! Eu não tinha tempo. A Clarinha estava no quarto ao lado. O meu tesão estava no
máximo. Passei a trincar os dentes para que os meus gemidos não fossem ouvidos. Meus movimentos
já estavam descoordenados e cada vez mais rápidos. No banheiro podia-se ouvir o barulho dos meus
dedos na minha buceta molhada, eu estava quase gozando quando ouvi a voz rouca da Clarinha
gritando:
— Ôh, Nanda! Tá cagando? O sorvete tá derretendo!
Para qualquer pessoa normal isso seria extremamente broxante. Mas te coloca no meu lugar. São
anos de tesão reprimido e agora tinha a possibilidade de pelo menos uma parte, uma pequena parte,
mesmo que apenas um beijo, seja realizada, fosse extravasada, que mano... Então... eu tive um
orgasmo tão intenso... que há muito tempo eu não sentia — Uhm... ah... já tô indo... — Falei com a
respiração entrecortada.
Levei alguns minutos até me acalmar, molhar o rosto, tentar organizar minha calcinha. Ainda bem
que no banheiro da Clarinha sempre tinham alguns absorventes diários para emergências. Então,
coloquei um rezando para que ela não notasse nada. Sai do banheiro e ela estava sentada na cama.
— Ôh, maluca, você tá bem? A panqueca te fez mal? Melhor não tomar sorvete, porque a gordura
solta mais e... — Ana Clara perguntou preocupada. Ah, se ela soubesse o quanto eu estava bem.
— Tô bem sim, me dá aqui e bora ver o resto desse filme, antes que eu me arrependa... — Tirei o
sorvete da mão dela e me sentei na ponta da cama. Não queria dar sorte ao azar. Já tivemos muitas
emoções por hoje. Melhor ficar mais afastada até conseguir me controlar de novo. O filme continuou e
o quarto permaneceu em silêncio.
A Decisão
Nanda
O filme já estava quase no final e a minha amiga deitada no meu peito. Tudo já estava calmo e,
felizmente, consegui sobreviver às cenas mais hots. Ana Clara que estava superestranha! Se remexia
demais! Não encontrava uma posição. Desconfiei que a safada estivesse excitada. Sorri e comecei a
fazer um carinho nas costas dela, por baixo do pijama de alcinhas. Meus dedos passeavam livremente
pela pele branquinha e eu conseguia sentir o seu coração bater dentro do seu peito. Resolvi provocá-la
e com a ponta dos dedos comecei a fazer padrões aleatórios que chegavam cada vez mais perto do
seu seio direito. Percebi que ela prendeu a respiração. Quando meu dedo esbarrou na base daquela
delícia, ela deu um pulo, mais alto que gato que cai na água fria, se sentou na cama falando que estava
morrendo de calor e pegaria refrigerante. Ri baixinho e quando ela voltou deitou-se bem longe do meu
corpo.
Algum tempo depois, ela se instalou na posição favorita dela (Nanda travesseiro). Acabei pegando
no sono e acordando com a espaçosa da Clarinha literalmente em cima de mim. O celular dela tocava
sem parar.
— Clarinha, acorda! A merda do teu celular tá gritando, mano! — Claro que o celular da Ana
Clara não podia ter um toque normal. Tinha que ser "Que Tiro Foi Esse". O toque anterior era “Vai
Lacraia!”. Ana Clara sendo Ana Clara.
Me levantei e fui ao banheiro. Quando voltei a minha amiga estava ao telefone combinando com a
galera que viessem para a casa dela, ficar o dia na piscina.
— Nanda! Era o Vitor... ele vem tomar banho de piscina aqui em casa e vai trazer alguns amigos
dele. Então, eu liguei pra nossa galera vir pra cá...
— Ah, Clarinha, puta que pariu, eu tenho que ficar? — Perguntei meio que chateada de ter que
aturar a trupe do babaca do Vitor.
— Poxa, Nanda, a gente quase não tem ficado juntas. Você tá sempre treinando. Quando não tá
treinando, tem algum rolo com uma das suas garotas...
— Ai, caralho, tá bom! Oshi, menina que faz chantagem, viu! — Falei dando um abraço nela. —
Tá bom, pelo menos a Paulinha e o Leo estarão aqui.

Ana Clara
Acordei com a Nanda gritando ao meu ouvido porque meu celular estava tocando. “Ôh, menina
que às vezes é insuportável!”. Era o Vitor querendo passar a tarde comigo. Combinei de ele vir aqui
para casa e trazer alguns amigos, depois chamei o nosso pessoal. A Nanda não curtiu muito. Poxa,
como eu queria que eles se dessem bem.
Ontem aconteceu uma coisa muito louca. Acho que toda essa história de aula está me deixando
maluca. Nas cenas de sexo do filme, eu fiquei excitada, normal... isso geralmente acontecia comigo.
Estava na minha posição preferida, ou seja, fazendo a Nanda de travesseiro. E como não sou boba
nem nada, abusando dela, tinha pedido carinhos nas minhas costas.
A Nanda começou a fazer carinhos e estava supergostoso, só que de repente... os dedos dela
tocaram a base do meu seio direito. Na hora meus mamilos enrijeceram, me arrepiei toda e a minha
pepeka começou a, sei lá, meio que latejar e a ficar molhada... Eu nunca tinha sentido isso. Não desse
jeito, tão forte e intenso. Me sentei na cama ficando bem longe da minha amiga. Só voltei depois de ter
me acalmado. Que loucura isso!
Na cozinha, encontrei a Nanda e a Mazé conversando. “Gente, como a Nanda tá fofa com esse
cabelo curtinho!”. Servi meu cereal e fiz uma tigela gigante pra comer na frente da TV.
— Bom dia, Mazé, sua deusa, sua louca, sua feiticeira! Mazé, você é DEMAIS! Nanda, você não
acha que a sua mãe tá mais linda e charmosa hoje? — Pisquei para a Nanda abraçando minha babá.
— Agora que você falou que eu reparei! Ela tá radiante, né, Clarinha!? Olha esses olhos! Que
mulher! — Nanda comentou também abraçando a mãe. Fizemos um sanduíche de Mazé.
— Ai, ai, ai, o que as duas querem, hein? O que tão aprontando? — Mazé riu sabendo que
queríamos algo.
— Ah, é que virão uns amigos pra piscina à tarde e eu queria uns salgadinhos e umas bebidas.
Você organiza, Mazézinha mais linda da sua Clarinha? — Apertei as gordurinhas da minha Mazé.
— Claro que sim, minha filha. Só anotar quantos são e os nomes pra eu mandar para a portaria.
— Oba! Tá, pode deixar.

Nanda
Após o almoço fui colocar um biquíni no meu quarto. Nunca gostei de usar biquíni porque eu
sempre achava que ficaria de "teta" de fora a qualquer mergulho. Não por causa do meu corpo, porque
modéstia à parte, eu sou gostosa pra caralho. É que eu sou muito moleca e meio estabanada.
Hoje não tenho medo de mostrar a minha tatuagem porque já contei para a minha mãe. Ela ficou
putaça no início, mas depois eu falei para ela que eu queria uma coisa que me lembrasse a Clarinha. A
gente conversou muito e acabei contando tudo, abrindo meu coração. “Mainha não existe, mano!”. Ela
entendeu e falou que já sabia dos meus sentimentos pela Ana Clara. Ela só tinha medo de me tornar
uma pessoa triste na vida por Clarinha não sentir o mesmo por mim.
Vesti meu biquíni azul, um short, uma rasteirinha e fui procurar a Clarinha. Quando entrei na área
da piscina o pessoal já havia chegado. Leo e Paulinha vieram me beijar. Os primos da Clarinha,
Rebeca e Chico, junto com Júlia a namorada dele, já estavam dentro d´água. Procurei Mainha para ver
se ela queria ajuda, mas Claudete, a funcionária da casa, mandou ir me divertir.
Quando me virei, vi que o Vitor havia chegado com a sua “gangue”. Reconheci uma galera do
mal, mas no meio estava a Luiza e não entendi muito bem o porquê. Clarinha correu para dar dois
beijinhos nele e o babaca a agarrou possessivamente pela cintura enquanto conversava com o seu
irmão.
Luiza chegou e deu um selinho no Fernando que a abraçou. “Tá, perder as duas pra mesma
família já é demais!”. Não que eu tivesse algo contra o Fernando, irmão do Vitor. Até gostava do cara.
Ele era quieto quando estava na presença do irmão, mas quando ficava sozinho com a gente ele era
muito engraçado. Gente boa pra caralho! Nem parecia ser da mesma família. Mas eu não conseguia
entender o que estava sentindo naquele momento. Vendo tanto Luiza quanto a Clarinha abraçadas aos
dois. O pior de tudo era que o babaca do Vitor estava com a mão embaixo dos seios da minha amiga
como quem não quer nada.
Aquilo me deu um ódio, uma raiva... e, para não acontecer a mesma coisa do incidente no ônibus,
tirei o short e pulei na piscina. Nadei até uma parte mais distante colocando a mão na borda, mas sem
querer, segurei a perna de alguém. Olhei pra cima e vi Letícia em um minúsculo biquíni vermelho.
— Você não olha onde anda não hein, garota? — Falou toda irritadinha.
— Olho, mas não vejo gente insignificante. — Dei um meio sorriso, ainda segurando a perna dela.
Agarrei a borda e só para provocar, comecei a acariciar a perna que tinha em mãos olhando-a nos
olhos. A safada não se moveu, então eu dei uma arranhadinha na sua panturrilha e na região sensível
que ficava atrás do joelho. — Cuidado pra não arruinar o biquíni, consigo ver a tua buceta molhada
daqui. — Pisquei para ela e sai nadando calmamente.
Fui para o lado do Chico, Júlia e Rebeca que estavam brincando de Marco Polo. Naquele
momento vi o babacão do outro lado da piscina cheio de dedos para a Clarinha fazendo massagem nos
seus ombros. "QUE PORRA É ESSA?". Não aguentei e resolvi ir até lá, aquilo já estava demais. Não
estava conseguindo me segurar. Subi a escada da piscina rapidamente. Eu acabaria com aquela
palhaçada, quando senti um puxão e uma voz no meu ouvido.
— Para, Nanda, você tá dando muita bandeira! Só falta comer os dois com os olhos. Se você
fosse o Dr. Xavier do X-Men a cabeça do Vitor já tinha explodido. Vem comigo, vem. — Luiza me puxou
para dentro da casa e quando olhei para trás vi a Ana Clara nos olhando com a cara fechada.
— Tá muito na cara, Lu? Quando você percebeu? — Perguntei assim que chegamos ao meu
quarto.
— Só cego não nota, Nanda. Eu te conheço desde os 9 anos. Essa devoção que você tem por
ela. O jeito que você a olha, como cuida dela, como adivinha todos os mínimos desejos... Nanda, se eu
tivesse certeza que você me daria a metade desse amor, desse cuidado, desse carinho que você dá a
ela... por você: eu sairia do armário. — Revelou com os olhos lacrimejando. — Eu aceitaria ser sua
namorada.
— Lu, mas a gente pode tentar... — Tentei falar, mas ela não deixou.
— Não... Para! Você não me ama. — Ela chegou perto de mim e fez carinho no meu rosto. — Nós
duas estamos bem assim. Agora eu tô com o Fê, quero tentar. E se não der certo comigo e com ele…
eu aceito o que você quiser me dar, sem cobranças, ok? Só não quero que você sofra. Por favor, se
controla. Não dá bandeira. Se precisar de mim eu tô aqui. Conta comigo.
— Poxa, Lu, muito obrigada. — Minha cabeça era um turbilhão de emoções. Pensando bem, a
Luiza sempre esteve ao meu lado quando eu precisei. — Eu te adoro, viu? — A abracei bem forte e ela
colocou seu rosto no meu pescoço.
Nossos corpos desnudos vestidos apenas com as pequenas peças de banho se tocavam. Mesmo
molhada pela piscina, eu sentia meu corpo esquentar cada vez mais e sabia que com ela não era
diferente. No entanto, ficamos paradas sem fazer nada. Apenas ouvindo as batidas dos nossos
corações. Ficamos abraçadas por um tempo até que a porta do quarto abriu.
— Ah, que bonito né, Fernanda! Então você combina uma coisa comigo e na primeira
oportunidade faz outra — Uma Ana Clara soltando fogo pelos olhos estava parada na porta.

Ana Clara
Coloquei um biquíni rosa e fui ver com a Mazé se tudo estava pronto. Na mesma hora o pessoal
começou a chegar e fui recepcionar a todos. Vitor entrou já me segurando, me pegando de um jeito
muito possessivo... me deu vários beijos molhados no rosto e ficou me segurando na cintura. Não
entendi o porquê aquilo me incomodou. “O que tá acontecendo com você, Ana Clara? Não era tudo o
que você mais queria?”.
Vi a Nanda entrando na área da piscina e... gente do céu! Será que porque ela cortou o cabelo eu
conseguia notar mais o corpo dela? Me deu um arrepio estranho, vendo o pescoço descoberto, os
seios em um biquíni azul (lindo, por sinal, lembrei que fui eu que escolhi) e aquela tatuagem nas
costelas parecia que atraía meus olhos como um imã. Me senti inquieta e com a boca seca.
Fernando chegou com a Luiza à tiracolo. “OMG! Só o que me faltava ter que aguentar essa
ridícula!”.
— Ana, tá tudo bem? — Vitor me perguntou preocupado.
— Tá sim! É que eu acordei com uma dorzinha no pescoço. — Desconversei.
— Senta aqui que faço uma massagem.
Sem poder dizer não, fiz o que ele pediu e ele massageou os meus ombros enquanto conversava
com o pessoal. Observei a Luiza levar a Nanda para dentro da casa. Aquilo me incomodou demais e eu
não sabia o porquê disso.
— Aninha... — Vitor sussurrou no meu ouvido o que me causou um arrepio — Eu queria falar com
você sozinho. Vamos ali no ofurô?
— Ah, tá meio quente pra ofurô, você não acha? Vem cá, vamos ali na sala de jogos. —
Chegando lá, ele me puxou e tentou me beijar — Peraí, Vitor... pera... você não falou que seria especial
e que... e que... — Gaguejei e tentava me desvencilhar enquanto ele beijava meu rosto e meu pescoço.
— Aninha, eu tô louco por você e sei que você também tá por mim. Então porque esperar pra ficar
junto? Eu quero te namorar! Nossos pais iriam ficar muito felizes. Vem, minha gatinha, vem me dar um
beijo. Vou te fazer ver estrelas... Vou te mostrar o paraíso. — Falou me puxando e beijando meu
pescoço. Na verdade, ele estava literalmente babando meu pescoço.
— Não! — Acabei gritando e o assustando — Quer dizer... eu... eu fiquei sonhando com o dia
especial que você prometeu. — Ele continuava a me apertar e pude sentir a sua ereção junto a minha
barriga. Não estava entendendo o que sentia. A única coisa que eu tinha certeza... bom... era... era não
parecia ser bem o que eu esperava.
— Tudo bem, Aninha — Ele falou enquanto beijava (babava) minha testa. — Mas só porque o
baile é semana que vem. Eu quero te fazer minha. Eu quero fazer tudo certo com você. Namorar, casar
e ter uma vida juntos. — E me abraçou forte.
— Eu... eu... tenho que ver se tá tudo bem na cozinha... — saí dali correndo. Precisava encontrar
a Nanda! Precisava conversar com ela! Precisava contar o que o Vitor disse! Casar? "Como assim??
Puta que pariu! Eu tenho 15 anos, vejo Bob Esponja, como cereal e uso pijama do Piu-Piu. Tipo,
hellow?! O que ele fumou? Ok, beijar tudo bem. Acho que tá na hora... Até outras coisas. Tô preparada.
Tô a fim...". Cheguei no quarto da Nanda e ao abrir a porta, a encontrei com a Luiza nos braços no
maior love. AI, QUE ÓDIO!!!
— Ah, que bonito, né, Fernanda. Então, você combina uma coisa comigo e na primeira
oportunidade faz outra. — Falei olhando para as duas com muita raiva.
— Nanda, meu amor, te espero na piscina — Luiza saiu rebolando, mas antes deu um selinho na
minha melhor amiga.

Nanda
— Nanda, meu amor, te espero na piscina — Luiza me deu um selinho. “Que porra é essa? Essa
menina quer ver a minha caveira, só pode”.
— Pô, Nanda, que merda...
— Ah, nem vem, Ana Clara. Você tava lá, cheia de amorzinho com o Vitor. Nem se preocupou
comigo. Então sem mimimi. — falei sem me importar, já estava cansada.
— Tá, tá... Nanda preciso falar com você. O Vitor tentou me beijar e...
— O quê? Mas e o blábláblá de que você era uma mina especial? Era só para inglês ver? Filho da
puta esse moleque, eu vou quebrar...
— Não... ele me pediu em namoro, veio até com um papo doido de casamento e disse que tá
louco por mim. Falou que tá difícil esperar. Mas concordou em fazer tudo como o combinado e em ser
tudo perfeito! — Ela dizia aflita enquanto apertava as mãos.
— Me diz o que ele chegou a fazer em você... — falei entre dentes, quase não me controlando de
tanto ciúme.
— Ah, ele tentou me beijar, mas virei o rosto, então ele ficou beijando meu pescoço e... me
abraçando e eu senti o pau dele, duro, na minha barriga...
— E você… você ficou excitada? — indaguei não querendo saber a resposta e tentando não
vomitar imaginando a piroca do Vitor.
— Não sei, acho que sim... foi tudo tão confuso. Nanda, ele me pediu em namoro! Tudo o que eu
sempre quis..., mas daí falou em casamento e... oi? Tipo, WTF? Eu tô muito confusa, amiga. Me ajuda!
— Ela falou olhando para o chão.
"Ah, Vitor! Filho de uma puta! Essa paixão toda pela Clarinha de uma hora pra outra é porque teu
pai te obrigou. Acha que eu não tô ligada nisso! Eu vi o Padrinho falando pra Madrinha que os teus pais
estão passando por dificuldades financeiras. Ah, mano, tu tá se achando o gostoso, né? Beleza então.
Vamos dar algo pra Clarinha poder comparar e não cair na tua lábia tão facinho. Eu vou fazer ela saber
a diferença de alguém que realmente se preocupa com uma garota e alguém que quer apenas o
próprio prazer. Me aguarde!". Respirei fundo depois de ter tomado a minha decisão. Cheguei perto
dela, tirei o cabelo do seu rosto colocando atrás da orelha e disse:
— Hey, não te preocupa, Clarinha. Eu vou te ajudar. Hoje à noite você vai ter a sua primeira aula.
Aula Prática
Nanda
Sabe quando tiram um peso das tuas costas e você fica leve? Ou quando cai aquela tempestade
e depois abre um sol maravilhoso, com direito a arco-íris no céu e passarinhos fofos cantando? Bem...
era como meu humor estava agora. No momento que decidi o que eu deveria fazer, tudo desanuviou.
Tudo melhorou e eu me sentia leve.
Assim que voltei para a piscina, todo mundo notou que eu estava diferente. Me perguntaram se eu
tinha visto um passarinho verde. “Na verdade, uma canarinha amarelinha, que tem uma pintinha fofinha
e uma bunda que deusulivre".
— O que houve, Nanda? Quando eu saí do seu quarto parecia que vocês iriam se matar. E você
volta como se a Lauren Jauregui tivesse te dado o melhor oral da sua vida! — Luiza perguntou baixinho
ao meu ouvido.
— Nada não, Lu. Agora tá tudo certo comigo e a Ana Clara. — Minha amiga me fitou com
aqueles olhos verdes profundos querendo saber tudo — A gente não brigou, não discutiu e se
entendeu. Ficou tudo bem, fica tranquila. — Sorri para ela — Tô desencanando, Lu, eu compreendo
que entre nós duas só irá rolar amizade. — Levantou uma sobrancelha como se não acreditasse muito,
mas eu não estava confortável em contar a ela sobre as “aulas”. Ela certamente diria que é uma
loucura e que eu iria me machucar.
Procurei Clarinha e avistei o Vitor com o braço ao seu redor, todo metido, como se fosse seu
proprietário. Babacão! E os babaquinhas todos ao seu redor escutando as merdas que saíam da boca
do imbecil. Clarinha percebeu que eu a estava olhando e sorriu para mim. Ah… mano! Aquele sorriso
que eu adorava! Aquele sorriso que ela sempre dava quando nós duas aprontávamos. O sorriso que
diz que temos um segredo único, uma cumplicidade que só nós duas entendemos.
O mais engraçado na nossa relação era que nunca tivemos segredos entre nós duas. A única
coisa que ela sequer imaginava era o tamanho do meu amor por ela, mas do resto... nossa, ela sabia
tudo. Clarinha me conhecia mais do que eu mesma. Quando começava a chover forte, ela logo me
procurava porque sabia dos meus ataques de pânico e, se fosse à noite e eu estivesse dormindo, ela
me abraçava forte para caso eu acordasse com um trovão, eu me acalmasse por tê-la comigo. Tantas
vezes ela me salvou dessas crises, me ajudou nos exercícios de respiração, ou apenas ficou abraçada
a mim até que eu sossegasse.
Nossas noites do pijama sempre foram regadas a trocas de confidências quando ela me contava
sobre os garotos que ela estava paquerando e eu sobre meus rolos. No mesmo dia que perdi o BV com
Luiza ela soube! A Clarinha sempre foi supercuriosa. A louca me fez contar até onde as nossas mãos
estavam, como foi a sensação de beijar alguém... se foi bom...
Quando me envolvi com a Cláudia, a minha professora de teatro que me ensinou tudo sobre sexo
e como dar prazer a uma mulher, Clarinha tentava me fazer ver que era errado e que, por ser mais
velha, ela estava me usando. Mesmo eu não dando bola e continuando a relação, minha amiga me
apoiou nas tantas vezes que chorei no seu colo, e depois quando a mulher foi para o exterior sem ao
menos se despedir.
Andei até a mesa onde estavam os salgadinhos para pegar alguma coisa para comer quando
notei Vitor vindo em minha direção, com aquele sorriso de galã de novela mexicana. Lógico que eu
tentei ignorá-lo, mas não deu muito certo.
— Já sabe da novidade, hein, ôh, sapata? Vou ser teu patrão. Aí você vai ver o que é bom... —
disse baixinho para ninguém ouvir enquanto servia um prato para ele.
— Olha, Vitor, eu tô tentando te ignorar por causa da Clarinha, já que ela é minha melhor amiga,
mas você não facilita. Então, vou deixar umas coisas bem claras pra você: primeiro, eu não trabalho
aqui na casa; segundo, se eu souber que você destratou ou maltratou qualquer funcionário daqui, o
primeiro a saber será o meu Padrinho e você sabe muito bem que ele não admite esse tipo de coisa e,
por fim, se eu fosse você não contaria com "o ovo no cú da galinha". Não sei não... essa história de
você com a Clarinha... — Já ia saindo quando ele agarrou meu braço.
— O que você quis dizer com isso, garota? A Ana Clara tá gostando de outro moleque? Me fala
quem é, Fernanda? Me fala que vou arrebentar esse garoto...
— Ah tá, até parece que eu falaria qualquer coisa pra você... — Me soltei deixando um Vitor com
os olhos faiscando de raiva.

Ana Clara
Quando você quer que as horas passem rápido é aí que tudo parece demorar mais. Mais ou
menos como no Natal: você tá esperando o Papai Noel chegar e parecia que demorava séculos. A
tarde de hoje para mim estava assim. A minha ansiedade ficou no limite. Nem conseguia ouvir o que o
Vitor falava. Só notei que ele voltou da mesa de salgadinhos com a cara amarrada. Quando indaguei a
ele o que havia acontecido, ele não me respondeu.
Eram oito da noite e todo mundo ainda lá! Puta que pariu! Que merda esse horário de verão. Por
fim o pessoal começou a ir embora e ficaram apenas Vitor e o Fernando.
— Vitor, não é melhor vocês irem? Não tô te mandando embora nem nada, é que amanhã tem
aula e eu tô sozinha em casa. Mamãe e papai chegam só terça.
— Então, amor, não quer que eu fique aqui e durma com você? — Ele me abraçou pela cintura
falando sensualmente — O Alfredo leva o Fernando e aproveita pra buscar uma roupa pra mim. O que
você acha? — Seus lábios encontram o meu pescoço... enchendo-o de baba. Será que ele tinha algum
problema de saliva em excesso? Mazé contou que uma tia dela morreu afogada na própria saliva. — A
gente podia ver um filme, relaxar, namorar... comer uma pipoca...
— Não, melhor não! Meus pais não iam gostar... e tem a Mazé e a Nanda pra me fazer
companhia. Você não precisa ficar preocupado. — Retruquei logo para que ele não tivesse a ideia de
querer ligar para os meus pais.
— Ok, então. Amanhã te vejo no intervalo da aula, ok? — Falou se despedindo com um abraço e
beijo babado quase na minha boca. Meio molhado demais para o meu gosto, mas tudo bem, devia ser
assim mesmo.
Na verdade, eu estava ficando confusa, será que todo beijo era molhado assim? Se era assim, eu
teria que me acostumar, né? Lembrei que a Nanda comentou que a Luiza babou ela toda no primeiro
beijo, mas depois disso ela não falou mais nada. Acho que vou andar sempre com um lencinho na
bolsa.
Caminhei até o meu quarto e depois do banho procurei um pijama. Ai, tava nervouser! “O que eu
escolho? Pijama de todo dia? Pijama novo? Babydoll?”. Comecei a rir. “Ana Clara você não quer
seduzir a tua amiga. Você vai ter uma aula. É científico. Nada demais, menina!”. Vasculhei as minhas
coisas e descobri uma camiseta velha da Nanda dormir, daquelas de banda, mas que nem dava mais
para ver de tanto que estava apagada a estampa... Coloquei uma calcinha de renda e a camiseta que
ficou um vestido em mim já que ela era bem mais alta. “Devo colocar perfume? Ai... não sei…”. Acabei
colocando o meu perfume de sempre que sabia que ela amava e deitei na cama para esperar a minha
amiga, mas com o coração batendo forte.

Nanda
Depois da conversa com o babaca do Vitor, não tive mais paciência em ficar ali junto daquelas
pessoas. Dei tchau para os meus amigos, para a Luiza e fui para o meu quarto. Resolvi tomar um
banho e ficar pronta.
Fiquei horas na frente do meu guarda-roupa sem saber o que usar. “Será que coloco algo
diferente? Uso um pijama diferente? Uma calcinha de renda?”. Acabei gargalhando só de me imaginar
vestida assim. Procurei no armário e encontrei em um canto esquecido um pijama dos minions da
Clarinha. Era de alcinha e ficaria bem curtinho em mim. A parte de baixo deixou quase toda a minha
bunda de fora. Meio desconfortável porque não estava acostumada. Comecei a rir novamente.
Coloquei o perfume amadeirado que minha melhor amiga me deu de Natal e me deitei para esperar a
hora de ir até o seu quarto.
Acabei dormindo e quando acordei eram 11:30 da noite. “Puta que pariu! Clarinha vai comer meu
fígado!”. Saí pela casa e percebi que estava tudo escuro. Parei na porta do quarto da minha melhor
amiga que estava entreaberta. Ao entrar vi que a TV estava ligada e ela de bruços dormindo. Eu não
consegui dar nenhum passo, meu coração parecia que sairia pela boca... Ela estava vestida com uma
camiseta minha que, diga-se de passagem, ficava enorme nela. Só que não era só isso! A bendita
camiseta subiu deixando à mostra uma calcinha branca de renda e a sua bunda redondinha firme e
bronzeada. “Que bunda é essa, nossasinhora das nádegas perfeitas?!”. Poderia passar a noite toda só
admirando aquela bunda! Deveriam fazer uma estátua para essas nádegas! Dar a chave da cidade! Me
imaginei a fodendo por trás, bem forte e arranhando aquela bunda maravilhosa enquanto ela gozava
gemendo meu nome.
— Nanda... é você? — Sua voz rouca me tirou dos devaneios.
— Uhm... hã... oi... desculpa eu dormi. Quer que eu vá pro meu quarto? — Perguntei meio
constrangida pelo que estava pensando e por estar excitada por isso.
— Não! Não, se senta aqui. — Ela falou batendo na cama ao lado dela. — Eu vou ao banheiro e
já volto.
Observei em volta meio sem saber o que fazer a esperando voltar. “Nanda, calma. Parece que é
você que nunca beijou na vida, mulher!”. Clarinha retornou com o cabelo preso em um coque
bagunçado. Linda!
— Peraí... — Ela vai até a sua escrivaninha pegando uma caderneta e um lápis. — Eu anotei
umas perguntas e...
— AI, MEU DEUS! — Comecei a gargalhar e ela me olhou furiosa. — Que coisa bonitinha. A tua
caderneta é da Barbie e no lápis tem um pompom rosa! — Minha barriga doía de tanto rir. Eu cheguei a
me atirar em cima da cama rolando. Por fim, ela também começou a rir.
— Para, Nanda! Tá, eu sou menininha. Ridícula! Para de me zoar. — Me deu um tapinha. — Olha,
anotei umas coisas que eu quero te perguntar... Aliás, você ficou mó fofa com meu pijaminha...
Senti as minhas bochechas ficarem vermelhas. Nós estávamos sentadas na cama uma de frente
para a outra e a caderneta estava no meio.
— Tá, você vai me perguntar, ou quer que eu leia? Como você quer fazer isso? Eu tô por você.
Acho legal a gente falar como vai ser antes, né... — Eu falava rápido quase cuspindo as palavras.
— Ah, eu quero aprender e ser, tipo assim, expert!! E quem melhor que você que é
superexperiente para ser a professora, né? Acho que as aulas podem acontecer conforme forem
surgindo as minhas dúvidas. Fica, tipo assim... mais dinâmica. Tá bem pra você?
— Aham... — FUDEU, FUDEU, FUDEU! Aonde eu fui me meter? Dúvidas? Caralho, mano, mas
não era só beijar? O que essa menina quer mais?
— Tipo, minha primeira pergunta é: o que a gente faz com a saliva? Porque eu lembro de você
falando que a Luiza te babou e... — E comecei a gargalhar de novo — PARA, NANDA! Assim não dá!
Você zoa com tudo!
— Tá, tá... parei. — Continuei a rir.
— Tá, Nanda... responde.
— Mano, saliva se engole. — Ela estava tão bonitinha de óculos anotando as coisas na
cadernetinha da Barbie e eu rindo como uma hiena.
— E as mãos onde eu coloco? — Ela perguntou lendo o próximo item da lista.
— Ué, onde você tiver vontade na hora. — Sua expressão era confusa. — Depende do clima,
Clarinha. Depende do encaixe. Depende do tesão. — Tirei a caderneta da sua mão — Um beijo não é
um cálculo matemático que sempre vai dar o mesmo resultado. — Peguei os óculos dela e meus dedos
roçaram na sua pele. Senti ela estremecer com o contato. Guardei os óculos, desliguei a TV e coloquei
no notebook a música “Bang” na versão do Tiago Iorc, que ficou sensual demais e, que eu sabia, que
ela amaria!
Me aproximei dela vagarosamente, sem tirar os olhos dos seus. Ela estava inquieta e molhava os
lábios com a língua. Admirei os lábios dela que estavam entreabertos e para a pinta convidativa acima
do lábio superior. Me sentei à sua frente notando que a sua respiração estava cada vez mais
acelerada.
— Beijar não é uma ciência exata. — Tracei o contorno dos seus lábios com a ponta do meu
indicador, o que fez ela soltar um pequeno suspiro e fechar os olhos. — É só relaxar, e viver o
momento...
Então, fiz o que esperei quase a minha vida toda. Aproximando nossos rostos eu senti a sua
respiração e seu hálito de menta. Avancei em seus lábios de forma delicada, tentando não a assustar e
mostrar nesse beijo todo o meu amor. A princípio ela ficou parada e não se moveu, mas aos poucos foi
relaxando e, após alguns segundos, entreabriu os lábios dando passagem para a minha língua
ansiosa. Minhas mãos invadiram seus cabelos loiros puxando sua nuca para aprofundar o beijo, o que
fez Ana Clara soltar um gemido rouco. No mesmo momento, as mãos dela apertaram a minha cintura
de forma possessiva e foi a minha vez de gemer entre o beijo.
Me encontrava absurdamente excitada e sentia a minha buceta encharcada. “Que boca era essa,
minha gente?”. Ela chupava a minha língua com fome e isso irradiava diretamente no meu clitóris. Se
continuasse assim eu era capaz de gozar só com isso. Acabei me desequilibrando e caindo em cima
dela, sem quebrar o contato. A minha perna direita pressionava a sua buceta, em um movimento de vai
e vem, enquanto ela rebolava.
Mesmo ela vestindo a calcinha de renda, a minha perna ficou melada com a sua excitação. As
mãos dela apertavam a minha bunda e eu já não estava conseguindo me controlar mais. Lambia e
mordia seu pescoço, enquanto ela gemia cada vez mais alto. Então, de repente, o telefone dela tocou e
a gente se separou como se estivéssemos acordando de um transe. Saí correndo e me tranquei no
banheiro.
Vislumbrei meu reflexo no espelho não acreditando no que eu havia feito. “Puta que pariu!
FUDEU, FUDEU, FUDEU! Como eu vou olhar pra ela agora? Quase comi a menina! Era só para
ensinar a beijar, mano! Era um beijinho inocente! Puta que pariu!”.

Ana Clara
O meu medo era esquecer alguma pergunta para a minha melhor amiga. Então, eu tinha feito
uma lista de dúvidas para a Nanda na minha caderneta. Eu era superorganizada em tudo o que eu
fazia. Meu pai sempre falou que eu tinha alma de cientista. Acho que sim, até porque eu quero ser
médica oncologista. Só que a Nanda começou a gargalhar e a me zoar muito. Enquanto lia os itens da
lista, a Nanda ria cada vez mais.
— E as mãos onde eu coloco? — Perguntei.
— Ué, onde você tiver vontade na hora. Depende do clima, Clarinha. Depende do encaixe.
Depende do tesão. — Ficou séria tirando a caderneta das minhas mãos — Um beijo não é um cálculo
matemático que sempre vai dar o mesmo resultado. — Ao tirar meus óculos, seus dedos tocaram a
minha pele me fazendo estremecer. Depois se levantou, desligou a TV, deixou a luz do abajur acesa e
colocou uma música com o Tiago Iorc cantando (amo, crush eterno!).
Nanda retornou bem devagar, me olhando e… e eu não sei o que aconteceu, mas eu comecei a
sentir uma pressão no peito, uma moleza e ao mesmo tempo fui esquentando. A minha melhor amiga
me encarava e eu notei que as suas pupilas estavam dilatadas. OMG! Sentia o meu sexo pulsar.
Molhei meus lábios que estavam secos e minha respiração ficou mais rápida no momento em que ela
se sentou à minha frente.
— Beijar não é uma ciência exata... — seu indicador traçou o contorno dos meus lábios. Aquilo
me deu um arrepio e todos os meus pelos se eriçaram, me fazendo soltar um suspiro e fechar meus
olhos. — É só relaxar e viver o momento... — Dizendo isso ela se aproximou e me beijou.
No primeiro momento, eu levei um susto. Depois, fui relaxando aos poucos e deixei a sua língua
faminta entrar em minha boca. “Gente, que sensação incrível!”. Eu não era mais eu... não me sentia
mais a mesma. Quando ela puxou meus cabelos e agarrou a minha nuca para aprofundar o nosso
contato, eu quase enlouqueci e soltei um gemido rouco. Agarrei com vontade a sua cintura e cravei as
minhas unhas com força, ela gemeu e isso me excitou ainda mais.
Nunca na vida eu havia ficado com tanto tesão assim. Nem quando eu assistia as cenas mais
hots nos filmes e seriados. Eu não sei o que deu em mim, mas eu precisava desesperadamente
aprofundar aquele beijo. Chupava a sua língua e percebi que ela gostava porque ela se remexeu tanto,
mas tanto, que caiu em cima de mim.
Sua perna pediu espaço entre as minhas e pressionou o meu sexo, o que me fez rebolar os
quadris querendo que aquela fricção aumentasse. “OMG! Que sensação gostosa!”. Instintivamente
agarrei a sua bunda e a puxei mais contra mim, o que aumentou o movimento, a pressão e o pulsar no
meio das minhas pernas, que estava me deixando maluca. Nunca fiquei tão molhada assim. Naquele
momento, eu já não segurava mais meus gemidos que já se ouviam cada vez mais altos no meu
quarto. Ela mordia meu pescoço, me lambia e eu rebolava cada vez mais. A pressão no meu ventre
aumentava a cada momento e eu tinha certeza que iria gozar. Nunca tinha chegado até essa etapa...
mais um pouco e... meu telefone gritou: “QUE TIRO FOI ESSE?!”.
A Nanda pulou, correndo para o banheiro. Segurei o telefone com a respiração entrecortada.
Tentando me acalmar, vi que era a minha mãe.
— Oi... Dona... Alice — Minha voz estava entrecortada.
— Ana Clara, por que a sua voz está assim, minha filha? O que houve? Tava correndo? Cadê a
Mazé?
— Ah mãe, eu e a Nanda estávamos jogando Just Dance no X-Box. — Falei a primeira coisa que
me veio à cabeça.
— Mas a essa hora, minha filha? Vocês têm aula amanhã! Olha, eu só te liguei pra avisar que eu
e seu pai vamos voltar na quarta e não terça. Avisa a Mazé, por favor?
— Ok, mamãe, pode deixar. — Prometi já mais calma.
— Ah, falei com a Theodora hoje de manhã. Ela me falou que você e o Vitor estão namorando.
Quando ia me contar, Clarinha?
— Ah, mãe! Não é bem assim. Ele me pediu, mas a gente nem ficou ainda. Vamos ao baile
sábado que vem. E a senhora sabe que eu sempre gostei dele... desde pequena.
— Filha, não sei se gosto disso. Pensa bem, não namora por carência. Só se realmente gostar
dele. Cléber e a Theodora criaram um menino fútil e que só pensa em status. Já o Fernando é o
oposto.
— Até que ele é legal quando se conhece mais a fundo, mamãe… — Não sei o porquê, mas eu
achei que devia defender o Vitor.
— Toma cuidado, ok? Agora vai dormir, tá!? Manda beijo pra Nandinha. Boa noite e eu te amo!
— Boa noite, mamãe! Também te amo. — Desliguei e fiquei olhando a porta do banheiro.
Que Beijo Foi Esse?
Nanda
Aproveitei o som estridente do telefone e saí correndo para o banheiro. O que eu fiz? Meu Deus!
Eu nunca na minha vida, nem mesmo com a Cláudia, tinha ficado tão entregue a outra pessoa. Foi a
sensação mais intensa que eu já tive. Clarinha com a sua inocência e ingenuidade, soube os botões
certos que devia apertar. “Gente, que mulher é essa?”. Se o primeiro beijo foi assim, eu não quero nem
imaginar quando ela tiver mais experiência!
Fui até a porta e a escutei falando com a Madrinha. Não queria bisbilhotar, mas ouvi uma parte
que me deixou sem palavras: "Ah, mãe! Não é bem assim. Ele me pediu, mas a gente nem ficou ainda.
Vamos ao baile sábado que vem. E a senhora sabe que eu sempre gostei dele... desde pequena".
“PUTA QUE PARIU! Ela gostava mesmo do imbecil. CARALHO!”. Eu não queria acreditar que
fosse tão sério. "Calma, Nanda!", pensava andando de um lado para o outro. Como protegeria My Little
Sunshine? O que eu poderia fazer para que pelo menos ela soubesse quando ele estivesse mentindo?
“Ele vai fazer gato-sapato da minha menina, puta merda, velho!”. É capaz de até a engravidar de
propósito para garantir a herança. Ele e o pai dele eram dois canalhas. Fazia tempo que estava de olho
naqueles dois... “Ai, Meu Deus! Que aflição! Que vontade de chorar! Que vontade de socar qualquer
coisa!”. Se eu pudesse, iria para a academia da casa, mas a Clarinha desconfiaria... ela sabia que eu
usava o saco de areia como válvula de escape. “Respira e não pira, Nanda, pensa... pensa... O que
você viu hoje? Que consegue excitar a Clarinha. Ok... Isso é bom! Como usar isso para fazer com que
ela não seja boba e caia na lábia dele? Pensa, cara, pensa... pensa mulher!”.
Enfim, uma ideia começou a tomar forma em minha cabeça... A Clarinha era a menina mais
inteligente que eu conhecia, mas ao mesmo tempo, a mais ingênua. A minha amiga possuía um
coração tão grande que sempre via o lado bom das pessoas. E se… e se eu continuasse com as
aulas? Se ela fosse mais safa, mais malandra… “Vai, Malandra ãn ãn Eta Loka... Porra, Nanda,
concentra”. Ok, ok... Então... se ela for mais ligada ela conseguiria distinguir o fingimento e veria o
quanto aquele moleque era um dissimulado. Ele não a enganaria tão fácil, mano! E, bem, se ela ficasse
com ele assim mesmo, eu não poderia fazer nada. Mas a minha parte eu teria feito.
Com isso na cabeça saí do banheiro e encontrei a Ana Clara olhando para o teto deitada na
cama. Assim que seus olhos encontraram os meus, a sua face ficou vermelha. Coisa mais fofa! Resolvi
quebrar o clima e deixá-la mais à vontade. Me atirei ao seu lado e falei:
— Porra, Clarinha, tive que lavar todo o meu rosto pra tirar a sua baba. Que nojo, mano! Pior que
a Luiza! — Comecei a rir, mas ela viu que eu estava zoando — Parecia que um tsunami tinha me
atingido...
— Ai, viada, você me paga! — Ela entrou na brincadeira e começamos uma guerra de
travesseiros que acabou com as duas deitadas, rindo e sem fôlego.
— Nanda? — Ela chamou hesitante.
— Uhm…
— Foi ruim? Tipo... eu fiz direito? — Olhei naqueles olhos azuis que brilhavam em expectativa.
“Ah, Ana Clara! Como te dizer que foi a melhor experiência da minha vida? Como te dizer que só em
mencionar, já fico com a minha boca seca querendo de novo? Ah, menina...”.
— "Foi ótimo!". — Imitei a travesti do meme. A gente começou a gargalhar e ela deitou no meu
peito. No mesmo momento comecei a fazer carinhos nos cabelos loiros dela — Foi maravilhoso,
Clarinha, o Vitor é um cara de sorte!
— Você acha que eu preciso de mais aulas? — Ela perguntou baixinho — Claro, se você não se
importar, porque eu tenho uma lista de perguntas ainda e eu tava pensando... sei lá... eu... — Eu vi que
ela estava relutante em dizer o que queria e eu quase corri pelo quarto gritando de alegria.
— Pode falar, Clarinha. Lembra que eu sou tua melhor amiga e por você eu faço qualquer coisa.
— A tranquilizei.
— É que, tipo... Tem várias coisas nessa lista e... tipo... queria que você me ensinasse. Ou
melhor, me mostrasse algumas coisas... — Falou completamente constrangida.
— Você tá falando sobre sexo? É isso?
— Tá, vou te dar um exemplo. — Ela colocou seus óculos e abriu a caderneta da Barbie. —
Masturbação.
— Ok. Não entendi. Eu lembro que uma vez a gente conversou sobre com quem a gente
fantasiava quando se masturbava e eu falei que era na Laura Prepon e você me falou que pensava no
Nick Jonas. — Falei confusa.
— Sim, mas o problema é que eu acho que eu não tô fazendo certo. — Ela falava relutante.
— Clarinha, não tem jeito certo, ou errado desde que você sinta prazer, mano...
— É esse o problema, Nanda... eu nunca... tipo... entende? — A minha amiga ficou mais vermelha
que turista gringo no sol de meio dia — Nunca… cheguei lá.
— Como assim? Você nunca gozou? — Eu perguntei com a voz meio esganiçada.
— Eu sempre chego perto, muito perto, fico no limite... Mas nunca tive isso o que todo mundo fala
que é... “o orgasmo” ... sei lá... talvez eu esteja fazendo errado... e você podia me ensinar...
— Ah, tranquilo. Tem vários vídeos na internet que mostram e ensinam. Eu posso te passar... —
ela me interrompeu.
— Não, Nanda! Você não entendeu... eu... tipo... queria que você me ensinasse na prática... tipo...
como no beijo... — PUTA QUE PARIU! FUDEU, FUDEU, FUDEU! Minha calcinha ficou molhada pela
enésima vez naquela noite. Mano, vou ter que usar uma fralda geriátrica perto dessa menina, assim
não tava dando! Puta que pariu, Ana Clara, assim não tem psicológico que resista!
— Eu teria que... teria que... você sabe... teria que... te tocar... Isso é um problema? — Perguntei
baixinho imaginando onde eu teria que tocar e quase sentindo nos meus dedos a umidade e o calor
que certamente encontraria.
— Não... não, de modo algum, acho que teria que ser, né... tipo... para poder me mostrar, né... é
científico, né?
— Super! — Concordei.
Nós ficamos quietas por vários minutos, mas eu senti o meu coração e o dela batendo
descompassadamente e as nossas respirações entrecortadas.
— Nanda?
— Uhm...?
— Essa aula... poderia ser hoje? — Puta que pariu! FUDEU, FUDEU, FUDEU! Minha sanidade foi
para o espaço! CARALHO!! Tirei o pigarro da garganta e falei. — Melhor amanhã à noite Clarinha,
porque eu vou comprar umas coisas pra você usar que vão te ajudar, tá?
— Tá! Você é a melhor amiga do mundo! Amigas FOREVER! — Falou sonolenta.
— Forever — repeti pensando aonde fui me meter.

Ana Clara
Depois que minha mãe desligou demorou um tempo até que a Nanda saísse do banheiro. Fiquei
lembrando do beijo e nem acreditei no que senti. Ela foi perfeita, nossa! Será que era sempre assim?
Bom, eu vou ver sábado. Será que o Vitor é carinhoso assim também? O que eu sabia é que eu quase
gozei... “Ai, que vergonha!” Eu nunca havia chegado tão perto assim.
Andei até a minha gaveta de calcinhas e troquei a que eu estava vestindo. Nossa, agora sei
porque tem milhares de garotas atrás da Nanda. Que pegada! E que boca! Eu fiquei com vontade de
mais. Pensei nos itens da minha lista e lembrei que um deles era a masturbação. “Ai, será que eu teria
coragem de falar?”.
Nanda saiu do banheiro e começou a me trollar falando que eu a babei toda. No início, eu
acreditei e fiquei chateada. Mas depois eu vi que ela estava me zoando. Fiquei mais tranquila quando
notei que estava tudo normal entre a gente. Nossa, que alívio! Se tivesse ficado esquisito eu não
imagino o que poderia acontecer. Nunca iria me perdoar se perdesse a minha melhor amiga por um
pedido bobo desses.
“Será que eu perguntava a ela das outras coisas da lista? Ana Clara, melhor não, melhor não dar
sorte ao azar... Ai... vou falar! Mas vou ter que contar sobre eu nunca ter gozado... Seja o que Deus
quiser.”.
Pronto, falei. Ela ficou com uma cara de tacho achando que não era possível eu nunca ter
gozado. Até porque a gente já conversou sobre masturbação. Mas tudo bem. Ufa, mano! Tudo certo,
ela vai me ajudar... Agora aquela pressão na minha pepeka voltou, meu coração começou a bater forte
e a minha respiração está descontrolada.
— Nanda? — A chamei baixinho deitada no seu peito.
— Uhm...?
— Essa aula… poderia ser hoje? — Sussurrei louca de vontade que ela dissesse que sim. No
início achei que ela não tinha escutado porque ela demorou um pouco a falar.
— Melhor amanhã à noite Clarinha, porque eu vou comprar umas coisas pra você usar, tá?
— Tá, você é a melhor amiga do mundo! Amigas FOREVER! — Me aconcheguei melhor nos
seus peitos quase dormindo.
— Forever.
Singular
Ana Clara
Acabei pegando no sono deitada na minha posição preferida, fazendo os peitos da Nanda de
travesseiro. Só que dessa vez estava diferente. Depois de tudo o que aconteceu, eu tinha vontade de
me virar e sentir eles no meu rosto... na minha boca. “O que é isso, Ana Clara?”.
Dormi incomodada e extremamente excitada. No meio da noite acordei com uma umidade
estranha no meu sexo. Quando olhei para baixo, vi a Nanda me sorrindo de lado com a cabeça entre
as minhas pernas. Ela havia tirado a minha calcinha enquanto eu dormia.
— Sabe, Clarinha, não consegui dormir imaginando que você nunca gozou. — Minha intimidade
se contraiu ao sentir a sua respiração tão perto — E eu não seria uma boa amiga se deixasse você
continuar assim, né? — Falava passando levemente seus dedos numa carícia pelo meu sexo molhado.
— Si... si... simmm... — Disse em um gemido sussurrado.
— Então, se prepara que eu vou te dar o melhor orgasmo do universo. — Falando isso, ela
começou a lamber o meu sexo molhado, abrindo bem minha pepeka, fazendo com que eu ficasse
completamente exposta para ela... eu gemia loucamente e abria as pernas para que ela tivesse mais
espaço...
A porta do meu quarto se abriu subitamente e Vitor partiu para cima da Nanda começando a bater
nela. Desesperada, eu pedia para que ele parasse até que eu gritei: Vitor, NÃO!
Acordei sobressaltada e com a Nanda me segurando nos seus braços. Tremendo, notei que tudo
havia sido um sonho e a minha amiga tentava me acalmar.
— Nan... Nanda? O que foi? — Perguntei pra ela
— Nada não, Clarinha, você tava sonhando e eu te acordei. Volta a dormir. Você não tem aula nos
primeiros períodos. Tô indo, tá?
Ela me deu um beijo na cabeça e saiu. Fiquei um tempo pensando no sonho e nas sensações que
foram tão fortes e reais, como se estivessem mesmo acontecendo de verdade. Aos poucos peguei no
sono novamente.

Nanda
O despertador tocou às 6 da manhã. Hoje, apenas eu tinha aula nos primeiros períodos, então a
Clarinha poderia dormir mais um pouco. Decidi não sair para correr e coloquei os fones para ouvir a
música que expressava tudo o que eu estava sentindo naquele momento. A abracei mais forte,
sentindo a sua respiração ritmada e apertei o play para ouvir “Singular” do duo AnaVitória.
Fiquei fazendo carinhos nela, olhando para o seu rosto, decorando as suas feições, como se eu já
não as tivesse decorado e ouvindo as palavras da música.
“Você, incrivelmente, não se importa... Se eu te chutar a noite inteira” ri ao pensar no mal dormir
do “Meu Raio de Sol”, principalmente quando ela tinha uma prova importante no outro dia. Ela passava
a noite inteira se virando na cama e me chutando.
“É singular, tua vergonha e tua forma de pensar, o teu abraço que me enlaça devagar e enfeita
todos os meus dias e horas.”. Clarinha sempre foi envergonhada, mas ao mesmo tempo ela possuía
uma sagacidade e um senso de humor únicos, que muitas vezes passava despercebido a quem não a
conhecia mais profundamente. Ah, e esse abraço que ela me dava... nossa... esse abraço que parecia
que curava qualquer mazela que me afligia, qualquer preocupação, qualquer dor… o abraço que me
diz que está tudo bem, ou que fazia eu ter a certeza de que ficaria.
“É tão particular o meu encontro quando é com você. O meu sorriso quando tem o teu pra
acompanhar.”. Nós duas somos o clichê dos clichês. Nós duas nos entendemos apenas com o olhar.
Nossa cumplicidade e sinergia eram tão grandes que a Madrinha chegou a brincar que a gente usava
telepatia. Eu percebo todas as emoções que ela está sentindo em apenas uma palavra e ela não fica
atrás. Ela tinha uma antena parabólica que sabia quando eu não me sentia bem, mesmo quando
estávamos longe e corria para ficar comigo... ou me ligava quando pressentia algo. Era estranho...
muito estranho..., mas lindo.
“As minhas histórias quando você para pra escutar A minha vida quando tenho alguém pra
chamar… de vida!” Comecei a rir lembrando das vezes em que fizemos graça dos casais que se
chamavam por nomes fofos… como: mozão, xuxu, vida..., mas eu não me importaria nem um pouco se
ela me chamasse de qualquer adjetivo desses… de vida.
“Bom, deixa de sonhar com o que nunca vai acontecer, Fernanda! Vamos viver o hoje, vamos
aproveitar os presentes que a vida nos dá e agradecer. Aproveitar que eu ainda a tinha nos meus
braços. Podia acordar de manhã sentindo o seu perfume e ver a sua cara amassada de sono. Admirá-
la ficar olhando para o nada toda descabelada, sentada na cama enquanto decidia se levantava ou
dormia mais 5 minutos. Aproveitar enquanto eu ainda podia estar na sua vida e, com certeza, eu ficaria
até quando ela permitisse”.
Conferi as horas e resolvi me levantar. Clarinha começou a ficar inquieta. Ela se debatia e
murmurava, começou a gemer e falar umas coisas que eu não entendi. GEMER! Puta que pariu! A
safada estava tendo um sonho erótico! Fiquei admirando a expressão dela, quase que bebendo cada
gemido... cada enrugadinha de pele da testa... Ai, que coisa fofa, gente! Ela estava mesmo tendo um
sonho erótico. Aquilo me deu um tesão danado. Os seus seios volumosos subiam e desciam
rapidamente, me deixando hipnotizada. Molhei meus lábios que estavam ressecados... E se eu a
acordasse com um beijo? De repente ela começou a se debater e gritou:
— Vitor, NÃO! — PUTA QUE PARIU! Clarinha estava sonhando com o babacão e para piorar,
ainda era um sonho erótico! A abracei para tentar acalmá-la.
— Nan... Nanda? O que foi?
— Nada não, Clarinha, você tava sonhando e eu te acordei. Volta a dormir. Você não tem aula nos
primeiros períodos. Tô indo, tá? — Beijei a sua cabeça e arrumei o edredom para que ela ficasse mais
confortável, saindo em seguida do quarto.
Corri para o meu quarto e no caminho encontrei Mainha. Aproveitei, dei um cheiro naquela delícia
de mãe e fui me arrumar para a escola. Passei pela cozinha e peguei um achocolatado senão Mainha
ia me azucrinar que saí sem comer nada. Alfredo queria dar carona, mas não aceitei. Clarinha iria mais
tarde, não tinha porquê ele me levar.
Fui curtindo as músicas da minha playlist e pensando que teria que encontrar o ridículo do Vitor,
na sala de aula e depois na reunião com o treinador. Puta que pariu, ninguém merecia isso em uma
segunda de manhã! Cheguei na escola, dei um beijo na tia Sandra da portaria (sim, era dessas) e
andei até a minha sala. No caminho encontrei a Gabriela, uma pretinha gostosa demais, do primeiro
ano A (sala da Clarinha) que me puxou para um canto.
— Bom dia, Nanda! — Falou toda gostosinha para o meu lado. “Humm, tá querendo provar da
morena aqui.”.
— Oi, gata! Fala aí, o que eu posso fazer por você numa segunda de manhã? Aliás, o que você
faz aqui a essa hora? Pelo que eu sei a tua turma não tem esses dois primeiros períodos.
— Ah... — Ela chegou mais perto e falou sussurrando no meu ouvido — eu vim aqui mais cedo
pra perguntar se você não queria passar esses dois períodos comigo, lá no almoxarifado do ginásio... a
essa hora não tem ninguém lá. — Mordeu o lóbulo da minha orelha, o que me deu um arrepio pelo
corpo.
— Vish, gatinha! Não vai dar, não. Hoje a morena aqui vai ter que ficar na aula, mas prometo que
outro dia te compenso, tá? — Falei tentando me esquivar.
— Ah, quem perde é você... — Me deu um beijinho no canto da boca e saiu rebolando aquela
bunda gostosa.
— PARA TUDO! Não tô acreditando... Fernanda dispensando uma gostosa? O mundo vai acabar,
só pode ser! — Leo que estava acompanhando o desenrolar da conversa começou a falar rindo.
— Vai se foder, Leo! — Ri — Eu sou uma aluna aplicada tenho que estudar! — Entramos na sala
de aula e Vitor já estava lá junto com seu séquito de seguidores acéfalos. Fiz de conta que nem o vi.
A manhã passou tranquila até que chegou o horário em que eu precisava ir ver o treinador Vieira.
Tive que esperar o babaca do Vitor falar primeiro com o mestre para depois eu entrar. Me sentei em
frente ao Vieira com cara de cachorro que caiu da mudança.
— Nanda, não me interessa o porquê da briga e principalmente de quem é a razão, mesmo eu
tendo as minhas desconfianças. Os ensinamentos de qualquer arte marcial preconizam que não
podemos usar nossa técnica em prol da violência. Nunca! Jamais! Fui claro?
— Sim, mestre! — Falei olhando para baixo. Eu sabia que tinha vacilado.
— Você tem que entender que o Vitor tem a vida ganha. Para ele tanto faz estar na equipe. Ele irá
para uma boa faculdade de qualquer jeito, não importa o que ele faça. Você não. As suas ações
sempre terão consequências maiores. — O homem à minha frente me estudava com um semblante
paternal — Ano que vem é seu último ano na escola. Eu falei sobre você para um amigo meu que
treina uma equipe como a nossa em uma High School situada em Nova Jersey. Se tudo der certo ele
vai conseguir uma bolsa para você. — Ai, meu Deus! — Mas você terá que se esforçar muito. Sei que
você é fluente em inglês devido aos cursos que você faz, mas a vida lá é muito diferente. Você entraria
no meio do ano para fazer o quarto ano do High School, já que nos Estados Unidos são 4 anos. Você
iria para lá em junho do ano que vem. Pensa bem, conversa com a Dona Maria José, com seus
Padrinhos... Não precisa me responder agora, ok? — Ele me olhava e eu estava completamente
atordoada. Era muita informação. Coisas que eu nunca imaginaria na minha vida. Estudar nos Estados
Unidos, ter uma vida fora do país..., mas deixar a minha mãe... deixar Clarinha.
— Ok... treinador... eu vou falar com Mainha pode deixar. Muito obrigada. — Levantei e dei um
abraço no homem que tem sido um mentor para mim nesses últimos anos.
— Mas você sabe que eu vou ter que afastar você e o Vitor da equipe até o final do ano, não
sabe? — Ele continuou falando sério — Mas não se preocupe, você não perderá sua bolsa por causa
disso. Como seu Padrinho sempre foi um benemérito da escola e faltam poucos meses para as férias,
falei com a direção e decidiram deixar assim por enquanto.
— Muito obrigada, treinador. O senhor não vai se arrepender. Pode deixar que isso nunca mais
vai acontecer em nenhuma dependência da escola. Eu juro!
— Gosto muito de você, Nanda. Vejo todo seu esforço diário. Tenho certeza que daqui há alguns
anos, vou te ver em alguma competição no exterior, ou graduada no que você quiser. — Aquilo me
emocionou. Eu o abracei e saí com lágrimas nos olhos. — Agora o que eu quero que você faça é que
intensifique os exercícios que eu te ensinei... para meditação, respiração... você precisa aprender a se
controlar melhor, ok?
Saí do escritório do Vieira com o ânimo renovado. Quem via de fora achava que a minha vida era
um mar de rosas por causa dos meus Padrinhos. Claro que não me faltava nada, mas eu nunca quis
abusar. Sempre ajudei Mainha e os outros empregados no que eu pude, mesmo que eles nem sempre
quisessem. Com o Alfredo aprendi tudo sobre mecânica e uma das coisas que mais gostava de fazer
era ficar com ele na garagem mexendo nos carros antigos do Padrinho. Nas férias, quando os meus
Padrinhos viajavam, eu trabalhava em uma Pet Shop ajudando em tudo, para ganhar uma grana. Já
tenho bastante dinheiro guardado. Tanto que no final do ano comprarei uma Harley Fat Boy para mim.
Usada e velhinha, que eu mesma vou restaurar.
Bom, vou deixar para pensar nessa coisa da bolsa depois. Coloquei a mão no bolso para conferir
se estava com o dinheiro para comprar as coisas que eu queria para a minha amiga. Só relaxei quando
encontrei duas notas amassadas. Ah, Clarinha... Meu pensamento estava voando quando eu encontrei
Vitor, abraçado na Letícia no corredor e na frente de todos. Passei por eles fazendo questão em ser
notada. Quando ele me viu, a empurrou falando:
— Sai, grude, já falei que não quero mais você!
— Quê? Como assim? — Lógico que ele estava fazendo um joguinho para tentar me convencer.
Deixei quieto e não quis me meter. Saí de lá e fui para a sala. Já estava terminando o intervalo e eu
nem vi a Clarinha. Provável que ela tenha dormido demais.
Na hora da saída, a Luiza me chamou para almoçar na casa dela, porque o tio Otávio e a tia
Mariana estavam com saudade. Falei que não dava, porque eu precisava comprar umas coisas para
Mainha. Ela queria ir junto, mas desconversei e saí andando na frente. Não podia facilitar.
Comi alguma coisa no centro mesmo, entrei na loja e comprei as coisas que eu queria. Fiquei
imaginando, com um sorriso safado, o que a Clarinha pensaria e falaria sobre aquelas coisas que eu
comprei. Mandei uma mensagem para ela perguntando se iria à aula de dança hoje. Ela respondeu que
sim e que à tardinha estava em casa. Sim, Clarinha fazia dança do ventre. Você consegue entender a
minha situação em todos esses anos tendo que ir a todas as apresentações? A menina possuía uma
sensualidade gigantesca e sabe o que é o pior? Ela não tinha a mínima ideia do quanto ela era sexy.
Por que você acha que o Padrinho precisava trocar o saco de areia da academia quase todos os anos?
Por que você acha que minha barriga é trincada? Eu tinha que descarregar esse tesão enrustido em
algo. Quando eu não aguentava ia para a academia da casa e ficava várias horas por lá, com a
desculpa que estava treinando. Queria só ver o que eu faria agora que estava fora da equipe. “Nanda,
você tá fudida!”.
Já em casa, fui para a garagem ver se o Alfredo precisava de algo. Como ele não estava, fui dar
uma volta e perguntar se alguém precisava de alguma coisa, quando me deparei com a nova ajudante
da Claudete em cima de uma escada, limpando o lustre do escritório do Padrinho. Não teria problema
nenhum se: ela não estivesse com a saia do uniforme curtíssima, com uma calcinha preta de renda, se
ela não tivesse no máximo uns 25 anos e se ela não fosse uma ruiva gostosa pra caralho. Fiquei ali
encostada na porta apreciando a vista, até porque, olhar não tira pedaço, né? Então, a garota olhou
para baixo e deu uma risadinha vendo que eu a estava olhando e o pior... empinou mais a bunda. AI,
MEU DEUS!!!
— Tá gostando da vista, Fernanda? — Ana Clara chegou na porta com cara de poucos amigos,
vestida com sua roupa de ginástica. — “Vish, lascou-se”.
— Sempre, Clarinha — sorri safada para ela, que saiu brava para cozinha comigo atrás. Coisa
mais querida ela bravinha!
— Mazé, o que tem de comida pra hoje? Tô cheia de fome. — Minha amiga perguntou me
ignorando.
— Eu fiz aquele suspiro de bacalhau que sua mãe gosta, Clarinha... — Mainha respondeu
— Sério? — Nós duas perguntamos ao mesmo tempo.
— Não! Fiz bife, arroz e batata frita pra vocês — Mainha riu.
— Oba! Vou tomar um banho e já venho. — Minha amiga disse.
Aproveitei a ausência da Clarinha e contei a conversa com o treinador e a briga com o Vitor. Claro
que Mainha ralhou comigo, mas ela também não vai com as fuças daquele lá, então pediu que eu
ficasse de olho nele, para que não machucasse o coração da nossa princesinha.
— Sobre a bolsa, minha jóinha... o que for pra ser será. Lembra que peru é que morre de véspera.
Primeiro, você tem que decidir o que quer fazer e quem tem que decidir isso é você. Depois a gente vê
o que faz. Vamos esperar o seu Carlos Eduardo e a Dona Alice voltarem. Pergunte a eles, converse
com seu Padrinho! Ele é um homem correto, bom, sábio! Vai saber te orientar. Mas me diz uma coisa,
você vai aguentar ficar longe da Clarinha?
— Ai, mãe... vish! Pensar nisso me dá um coisa ruim, uma gastura, sei lá, mano. Ai... pois é...
— Pensar no que, Nanda? — Ana Clara chegou bem na hora.
— Ah, quando Mainha for visitar Voinho e Voinha. Eu vou ficar sozinha aqui nesse casarão.
— Por que você não vai para Angra com a gente? Você sabe que meus pais te convidaram.
— Eu já combinei com a doutora Olívia lá da Pet Shop para eu passar essas férias trabalhando lá.
— Nanda, vá aos finais de semana. Alfredo te leva. Por favor, por favor, por favorzinhooo... — Ela
pediu fazendo beicinho.
— Tá bom, vamos ver.
Hey DJ!
Nanda
Durante o jantar descobri pela minha mãe que a garota que estava auxiliando a Claudete era a
sobrinha do Alfredo, que se chamava Juliane e que veio passar uns tempos aqui na cidade. Mainha me
deu várias recomendações para que eu não me metesse a besta com a menina porque ela era moça
direita e tal. “Aham, Claudia, senta lá!”. Só eu vi o sorriso bem safadinho que ela me deu. Clarinha
estava com uma tromba, uma cara feia tão grande que eu achei que ela nem iria querer mais a aula.
“Será que aconteceu alguma coisa e eu não sei?”. Quando Mainha foi se deitar eu perguntei pra ela:
— Ô, loka, você tá bem? Parece putaça com alguma coisa. Você prefere que eu durma no meu
quarto hoje, pra você poder ficar sozinha? — Perguntei comendo meu mousse de chocolate.
— Não... — ela desconversou rapidamente. — Foi nada não! Me aborreci na aula, uma garota
ridícula lá se meteu na minha coreografia para a apresentação de final de ano. — Contou e eu meio
que fiz que acreditei, melhor deixar quieto.
Em silêncio fomos para o seu quarto. Nas mãos eu levava a minha mochila com roupas e as
compras. No seu banheiro, tomei uma ducha rápida enquanto ela me esperava mexendo no celular.
Saí vestida com um top e uma calcinha boxer secando meus cabelos curtos. Dentro da minha mochila
peguei a camiseta que havia separado para ela e entreguei nas suas mãos.
— Clarinha, tira toda a roupa e coloca essa minha camiseta de dormir — Ela me olhou com um
brilho nos olhos, mas aceitou sem retrucar, indo se trocar no banheiro. Aproveitei sua ausência e fui até
a TV para colocar o pendrive com o filme, diminui a luz e deixei minha mochila estrategicamente do
lado da cama. “Eu nem acreditava no que estava prestes a fazer, puta que pariu!”. Suspirei
profundamente, meu coração aos pulos… me sentia nervosa como se eu fosse a virgem ali.
Ela saiu do banheiro tímida e foi a coisa mais linda que eu já vi na vida! Os cabelos loiros caíam
nos seus ombros em cascata. Gente, que menina é ESSA! Envergonhada, suas mãos procuraram a
barra da camiseta puxando para baixo, mesmo que estivesse na metade das coxas pois eu sou uns 8
cm mais alta do que ela. As pernas bronzeadas à meia luz... Ai, MEU DEUS! Essa menina ainda vai me
matar! Assim que ela se aproximou, senti o cheiro do seu perfume único e meu sexo se contraiu. Ela
colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, um tique nervoso que eu reconheci de quando ela
estava muito tensa, e sentou-se na beira da cama o mais longe possível.
— Clarinha, se você não quiser mais a aula não tem problema. — A tranquilizei — Você quem
manda! Eu faço qualquer coisa que você queira. Tudo o que eu quero é te ver feliz. Ok?
— Ok. — Sua voz não era mais que um sussurro.
— Você quer continuar?
— Sim, quero sim. Tenho certeza. — Afirmou com convicção.
— Você sabe que eu vou te tocar, vou fazer perguntas que você terá que responder e ser sincera
comigo, né? Eu não quero que você se magoe, ou se sinta mal, tá? — Me sentia muito preocupada,
afinal eu amava aquela menina. Preferia morrer a fazer qualquer coisa que a magoasse.
— Fica tranquila, Nanda. — Ela se aproximou e segurou as minhas mãos. — Eu sei que você se
preocupa comigo e nunca iria me fazer infeliz, ou me magoar. — Sua certeza me deixou mais tranquila.
— Então... vamos lá. Primeiro vou te mostrar o que eu comprei pra você. É presente e, antes de
você falar qualquer coisa, não quero dinheiro de volta…
— Nanda, não é justo, você rala pra ganhar essa grana...
— Já disse que não, poxa! Senão a gente encerra aqui. — Ela fez um muxoxo, mas concordou —
O que você acha que são essas coisas aqui? — Coloquei em cima da cama um pote de creme e um
batom.
— Ué, um batom e um creme?
— Não. — Sorri — Um gel lubrificante sabor morango e um vibrador clitoriano. — Minha amiga
segurava os objetos espantada.
— Sério? Mas como!?
— Eu me preocupei em comprar pra você coisas que pudesse usar sozinha e fossem discretas,
você pode deixar na mesinha de cabeceira sem problemas. O gel ajuda muito na lubrificação. Sempre
que for usar um objeto desses, deve-se usar lubrificante pra não ter perigo de machucar. E o vibrador
você usa sempre da menor intensidade para a maior, conforme for se acostumando. — Mostrei a ela
como ligava o aparelhinho. — Olha, você coloca seu clitóris bem lubrificado aqui... — Coloquei o bocal
no seu dedo e sua face ficou vermelha — E é só ligar.
Ela olhava fascinada para o objeto que eu havia comprado para ela. Ligava e desligava. Parecia
criança que ganhou um brinquedo novo.
— O importante é você estar relaxada, sozinha e com privacidade. Tipo, fecha a porta e tranca!
Uma vez Mainha me pegou brincando de DJ na maior! Então vai por mim! Tranca a porta!
— Nanda? Como você sabe tudo isso?
— Cláudia… — Minha amiga fez uma careta. — Mas não vamos falar da falecida, né? Olha só…
eu trouxe um filme, a meu ver tem a cena mais sensual que já vi!
— Qual Nanda? — Ela perguntou me vendo arrumar a TV.
— “Azul é a cor mais quente” um filme francês que conta a história de uma adolescente bissexual
e uma garota lésbica de uns 25 anos que se apaixonam. O nome em francês é “La Vie D’Adele" e o
engraçado é que a menina que faz a Adele tem o nome de Adele mesmo. Eu tive muitos sonhos
molhados com essas duas atrizes… me imaginei várias vezes em um ménage com elas. — Ela me
olhou revirando os olhos — Depois de uns anos rolou uma polêmica, em que uma das atrizes se
queixou do diretor dizendo que ele mandava elas fazerem as cenas de sexo milhares de vezes até ficar
perfeito e tal, que o cara era um escroto, mas a outra meio que desmentiu… sei lá. Mas, na verdade, se
você pensar no filme em si, a atuação é maravilhosa e dá um tesão fudido ver essas duas meninas se
pegando. Elas são ótimas atrizes.
— Ok, se você diz — falou meio que não acreditando muito. — Você já assistiu?
— Aham, um final de semana na casa da Luiza, nós duas…
— Ah, tá, tinha que ser! Sempre a Luiza! — Minha amiga me cortou.
Depois de deixar tudo pronto, eu me sentei na cama encostada nas almofadas da cabeceira.
Chamei a Clarinha para se sentar no meio das minhas pernas se encostando no meu peito. Eu nos
cobri com o edredom e liguei a TV. O filme começou e nada importante aconteceu. A primeira cena de
sexo rolou e era uma cena de sexo hétero. Vi que a Clarinha começou a se mexer ficando
desconfortável e com calor. O edredom caiu ao chão e observei as suas coxas bronzeadas com
penugens loirinhas. Engoli em seco, já sentindo a minha buceta pulsar.
— Eu vou começar a falar algumas coisas pra você… — sussurrei ao seu ouvido e a senti
estremecer — Vou pedir pra que você me responda e faça tudo o que eu mandar, ok? — Ela concordou
com a cabeça. Olhei para baixo e percebi que o decote da camiseta larga mostrava o vale dos seus
seios. “Ai, MEU DEUS!”. — Essa cena te excita? — Sem tirar os olhos da TV ela confirmou novamente.
— Então eu quero que você coloque a sua mão dentro da camiseta e acaricie os seus seios, primeiro
um e depois o outro, até os biquinhos ficarem durinhos, tá? — Cochichei e aproveitei para cheirar o seu
pescoço, dando uma lambidinha de nada no lóbulo da sua orelha. “Que menina cheirosa, puta que
pariu!”. Ela mordeu os lábios soltando um gemido quando fez exatamente o que eu pedi.
As minhas mãos estavam grudadas no lençol, pois se eu as deixasse soltas era capaz de querer
sentir o peso daqueles seios volumosos. Não preciso nem dizer que eu já estava mais do que molhada.
Meu clitóris estava tão sensível que qualquer movimento que ela fazia, eu me excitava mais. PUTA
QUE PARIU, esse filme vai ser longo... Travava uma batalha comigo mesma para manter meu corpo
calmo e me manter focada, mas só em tê-la entre as minhas coxas sabendo que não vestia nada além
de uma fina camiseta estava fazendo com que a minha sanidade fosse para o espaço.
O filme continuou e as protagonistas se encontraram. PUTA QUE PARIU, é gata essa Léa
Seydoux! Constatei que a cena que eu queria estava se aproximando e meu coração começou a bater
loucamente. “Fernanda, onde você foi se meter?!”. Seja o que Deus quiser! Veio a cena do parque e o
beijo. Logo depois, as duas estavam nuas e se amando. Senti que Clarinha estremeceu e sua
respiração ficou acelerada. Suas costas inquietas na minha buceta não estavam me ajudando muito a
ficar centrada e focada no que necessitava fazer.
— Ficou excitada? — Sussurrei novamente no seu ouvidinho e ela concordou. — Abre as
pernas... Isso... Agora faz tudo o que eu vou te dizer, mas fica olhando o filme... — O coração dela
batia descompassadamente e eu conseguia escutar a sua respiração cada vez mais difícil. — O erro
que a gente comete é ir direto ao nosso centro de prazer. Querer o orgasmo logo. Só que as garotas
não são como os garotos. Nós precisamos de preparação, carícias… carinhos... O nosso clitóris é
muito sensível. Você tem que conhecer o que mais te dá prazer… qual parte, se é ao redor, como tocar,
qual a pressão que você deve usar... Eu vou pegar a tua mão e vou usar ela como se fosse a minha,
tá? — Segurei a sua a mão e comecei a passar seus dedos pelo interior das suas coxas, virilha… olhei
para baixo e PUTA QUE PARIU ela estava toda depiladinha que coisa mais DELICIOSA! A buceta
rosinha, com os pequenos lábios e o grelinho que coisa mais QUERIDA! Vontade de ficar a noite toda
lambendo! Eu dormiria agarrada àquele púbis. GENTE, eu iria enlouquecer hoje. Ai, MEU DEUS...
enchi a minha boca de água! Engoli em seco e molhei meus lábios com a língua. “CONCENTRA,
NANDA!”.
— Tudo bem? Posso continuar? — Eu perguntei e ela concordou. — Abre mais as pernas… —
Minha voz saiu rouca e ela obedientemente o fez, me levando quase ao orgasmo por causa disso.
Molhei os seus dedos na própria excitação, os deixando bem lubrificados… e, consequentemente, os
meus também. Aquela bucetinha estava gotejando, pedindo que eu chupasse tudinho... “CONCENTRA,
CARALHO!”. Com a mão dela melada, eu comecei a fazer movimentos circulares em toda a sua buceta
deliciosa... opa... “CONCENTRA!”.
— Pega tua outra mão e fica apertando o biquinho desse teu peitinho gostoso, vai… — OPA,
ESCAPOU! Acho que ela não notou... “CONCENTRA, PORRA!”.
Como uma boa aluna, ela imediatamente fez o que eu pedi e seus gemidos se confundiam com
os das atrizes do filme. Eu comecei a fazer movimentos circulares no grelinho dela... nossos dedos já
se confundiam, a nossa respiração era a mesma, nossos corações na mesma batida. Mordia meu lábio
inferior e ela rebolava querendo mais. Suas costas roçavam na minha buceta e eu sentia que gozaria
logo se ela não parasse.
— Tá gostoso, tá? — Eu perguntei com a minha boca no seu ouvido. Já tinha perdido a noção,
dava beijinhos e chupava seu pescoço desnudo.
— Ahamm — ela gemeu e eu pirei, o resto da minha sanidade foi para o brejo.
Quando dei por mim, as minhas duas mãos estavam na sua buceta extremamente molhada. Uma
abrindo os grandes lábios da bucetinha rosinha para expor mais aquele grelinho gostoso e os outros
dedos dedilhavam-no, uma hora em círculos outra em um vai e vem, conforme ela rebolava nas minhas
mãos. Ela que ditava o ritmo! “Que mulher era ESSA? GENTE DO CÉU!!”. As suas mãos castigavam
seus mamilos, apertavam e puxavam. A camiseta que ela vestia já estava no seu pescoço me dando
uma visão privilegiada do seu corpo. E QUE CORPO, MINHA GENTE! Eu friccionava meu sexo nas
suas costas, chupava seu pescoço, lambia a sua orelha… eu estava completamente louca de tesão.
Sentia que chegaria ao meu limite e não aguentaria muito tempo mais. Ela gemia ritmicamente e
mordia os lábios, ao mesmo tempo em que Adele e Emma faziam um 69 prazeroso.
Minha menina estava fora de si. Ela tinha os olhos fechados e a cabeça para trás no meu ombro.
A sua boca entreaberta como se o ar estivesse faltando. Sexy pra caralho!
Eu mordi seu pescoço, no mesmo momento em que ela deu um gritinho agudo, prendeu a
respiração e fechou suas pernas trêmulas, aprisionando as minhas mãos junto a sua buceta latejante.
Gozei ao mesmo tempo que senti o seu gozo molhar meus dedos. “CARALHO, QUE PORRA FOI
ESSA? MARAVILHOSA!”.
Mano, se só com isso eu me senti desse jeito, eu não queria nem imaginar se um dia eu comesse
essa menina. Ainda respirando rapidamente, dirigi meus olhos para Clarinha e notei que ela estava
toda molinha, com a respiração difícil como se fosse penoso até mesmo falar. Lembrei que essa foi
uma sensação que ela nunca havia sentido. Então, com cuidado, a deitei no travesseiro.
Contemplei meus dedos melados e não resisti: cheirei e os lambi, sentindo seu gosto. Deliciosa,
mano! “Ah, Clarinha! Eu poderia ficar viciada nisso”. Desliguei a TV, e fui buscar uma toalha embebida
em água morna no banheiro. Voltei até ela e limpei todo seu gozo das pernas e sexo, para que ela
ficasse confortável. Ela não se mexeu em nenhum momento.
Tomei um banho rápido, coloquei apenas uma camiseta e me deitei ao seu lado. No mesmo
momento, ela se aconchegou no meu peito e suspirou. Fechei os olhos com um sorriso gigante nos
lábios. Nanda 2 — Vitor Cuzão 0.

Ana Clara
Estava em um sono tão relaxado, fazia tanto tempo que eu não dormia tão bem, quando uma
música começou a tocar e foi aos poucos me despertando... ♫I, I follow, I follow you Deep sea baby, I
follow you I, I follow, I follow you Dark doom honey, I follow you ♫. De onde estava saindo essa música?
Entreabri meus olhos percebendo que era do meu celular. A Nanda trocou o meu toque de despertar
pela música do filme que vimos ontem. Sorri colocando os dedos nos meus lábios. “Ai, Nanda...”.
Subitamente lembrei de tudo o que aconteceu na noite passada e senti a minha face corar: "Ai, MEU
DEUS, que Vergonha!".
Flashback On
Enquanto esperava a Nanda ficar pronta, pensava na nova funcionária da casa. Não tinha ido com
a cara da garota. Onde já se viu usar aquela sainha minúscula? Sem falar na cara de piranha dela.
Nanda saiu do banheiro toda perfumada... que cheiro bom. Ela vestia uma calcinha boxer e um
top preto. Uma parte da tatuagem dela estava descoberta... eu fiquei encarando a barriga chapada
dela. Nossa, que corpo lindo!
Ela disse para eu tirar minhas roupas e colocar uma camiseta. OMG! Será que ela notou que eu
estava babando pela barriga dela? “Ai, que vergonha, gente!”. Quando saí do banheiro sentei o mais
longe que pude dela. Eu estava muito... muito... envergonhada. Ela achou que eu tinha desistido da
aula. Falou toda preocupada comigo... Nossa gente, como a Nanda é fofa! A Luiza tem muita sorte pela
Nanda ser tão apaixonada por ela.
Tranquilizei a minha amiga falando que queria sim a aula. “Ai, eu tô muito nervosa!”. Nanda me
mostrou umas coisas que comprou pra mim. AMEI um batom vibrador. É superdiscreto! Achei
tendência! Nanda me ensinou a ligar e me deu umas dicas para eu usar quando estivesse sozinha,
como fechar a porta e tal. Colocou um filme na TV e para variar ela já o havia assistido com a vaca da
Luiza. Mas fazer o que, né? Era um filme sobre duas meninas que se apaixonavam. A Nanda falou que
era bem “quente”.
“Ai, tô nervouser”. Ela me chamou para me sentar na cama, entre as suas pernas. Identifiquei os
seios e a pepeka da minha amiga nas minhas costas. “Ai gente, o que é isso que eu tô sentindo?”. O
filme já havia começado há um bom tempo até que a Nanda sussurrou ao meu ouvido:
— Eu vou começar a falar algumas coisas a você… — Nossasinhoramãedocéu, isso me deu um
calor, minha garganta ficou seca, meu coração disparou. Na hora começou uma cena de sexo entre um
garoto e a protagonista. Era bem explícita e eu fiquei excitada... O pênis ereto do menino apareceu e o
cara era bem gatinho. Eu já estava excitada antes e fiquei mais ainda. Então, eu levei um susto quando
escutei:
— Essa cena te excita? — Sem tirar os olhos da TV eu confirmei. — Então eu quero que você
coloque a sua mão dentro da camiseta e acaricie os seus seios, primeiro um e depois o outro, até os
biquinhos ficarem durinhos, tá? — Nanda falou num sussurro ao meu ouvido. Jurava que ela havia
dado uma lambidinha na minha orelha enquanto fazia isso. AI, MEU DEUS! Levei a minha mão
timidamente ao meu seio direito e fiz o que ela pediu, sentindo a sua respiração forte ainda no meu
pescoço, logo meus mamilos estavam duros e eu gemi. Ela prendeu a respiração quando eu fiz isso.
Notei que as minhas costas estavam úmidas. “Será suor? Mas é só num lugar... bem na pepeka
dela... OMG! A Nanda também tá excitada!”. Ela falou que o filme fazia isso mesmo. Deve ser isso.
Passou um bom tempo e eu me acalmei um pouco, até que começou uma cena fofa. As duas meninas
em um parque. Será que eu ficaria bem de cabelo azul? Nossa, por que será que ela não usa
aparelho? Ela tem um buraco gigante entre os dois dentes da frente! Ah, mesmo assim ela é linda.
A Nanda ficou meio inquieta. As meninas no filme se beijaram e a cena cortou do nada para elas
nuas se pegando. OMG! Tipo, oi? Assistia a tudo com os olhos vidrados na tela. Sabia que se tratava
de um filme, mas era tão real, as expressões, os gemidos... parecia mesmo que as atrizes estavam ali
se amando. A Nanda estava coberta de razão, como ela mesmo falou: dá um tesão fudido. Minha
pepeka latejava. Até mesmo achei que tinha feito xixi, porque eu estava muito molhada!
— Ficou excitada? — Me sobressaltei ao ouvir a voz enrouquecida da Nanda ao meu ouvido. Não
conseguia nem falar e apenas confirmei com a cabeça. — Abre as pernas... Isso... — AIMEUDEUS!
Ainda bem que eu me depilei. — Agora faz tudo o que eu vou te dizer, mas fica olhando o filme... —
Fiquei com os olhos pregados na TV vendo as duas meninas fazendo sexo e era tão real, tão erótico
que eu não sabia o que era verdade ou imaginação. Estava cada vez mais difícil de me concentrar e
ouvir o que a minha melhor amiga falava.
— O erro que a gente comete é ir direto ao nosso centro de prazer. Querer o orgasmo logo. Só
que as garotas não são como os garotos. Nós precisamos de preparação, carícia... carinhos... O nosso
clitóris é muito sensível. Você tem que conhecer o que mais te dá prazer… qual a parte, se é ao redor,
como tocar, qual a pressão que você deve usar... Eu vou pegar a tua mão e vou usar ela como se fosse
a minha, tá? — Concordei com um movimento de cabeça quase imperceptível, ela segurou a minha
mão como se fosse uma luva e me levou a fazer carinho nas minhas coxas, virilha... AI, MEU DEUS...
— Tudo bem? Posso continuar? — Eu concordei. Então ela pegou meus dedos e molhou na
minha excitação, pedindo para que eu abrisse mais as minhas pernas e... OMG! Isso era muito erótico.
Eu já não sabia se olhava o filme, ou a mão dela na minha. Sua pele morena em contraste com a
minha branquinha… me dava muito tesão. Ela me guiou e eu comecei a me masturbar. Ah, gente...
Círculos! Círculos SÃO VIDA! Eu comecei a rebolar na minha mão. — Pega tua outra mão e fica
apertando o biquinho desse teu peitinho gostoso, vai — Oi? Ela falou isso mesmo? Ela acha os meus
seios gostosos? Fiz o que ela pediu. Não aguentei e apertei meus dois mamilos com as minhas duas
mãos. Agora era a Nanda que estava me masturbando e eu não segurava mais meus gemidos cada
vez mais altos.
— Tá gostoso, tá? — Ela questionou lambendo e mordendo meu pescoço enquanto eu rebolava
nos seus dedos. Não sabia distinguir se os gemidos eram meus, ou das meninas do filme… ou dela?
Eu não estava mais ali. Só experimentava as sensações das mãos e da boca da Nanda no meu corpo.
— Aham… — Eu respondi gemendo a sua pergunta. Fechei os olhos rebolando cada vez mais
forte. A Nanda gemia esfregando seu sexo nas minhas costas nuas enquanto continuava friccionando
meu clitóris cada vez mais rápido... “AI, MEU DEUS, QUE DEDOS SÃO ESSES?”.
Nunca havia vivenciado tais sensações, eu não era mais “EU”. Quando a Nanda mordeu meu
pescoço, não consegui mais segurar e, com um grito agudo, fechei fortemente as minhas pernas
prendendo os seus dedos, tentando perpetuar as sensações do meu primeiro e espetacular orgasmo.
Flashback off

Depois não lembrava de quase nada. Só de sentir o contato com uma toalha molhada e ser
carinhosamente colocada para dormir. OMG! Relembrando as sensações, parecia que não havia sido
real e sim um sonho. Toquei na minha pepeka por baixo do edredom e constatei que ela estava um
pouco melada ainda. “Ai, aconteceu mesmo!”. Sempre achei que era a estranha, porque todas as
minhas amigas falavam horrores de como era maravilhoso e tal, e eu... aquela coisa morna. Mas eu
não estava preparada para o que eu senti. Foi um milhão de vezes melhor do que eu esperava. Será
que sozinha é assim também? “Círculos, círculos a Nanda ensinou...”.
Sorrindo olhei para o lado e descobri um girassol no travesseiro, um bilhete, uma pomada e um
adesivo desses que se colocava em contusões.
“Bom dia, dorminhoca!
Mentira, eu que acordei cedo pra correr na praia. Não contei para você, mas tô fora da equipe até
o final do ano, depois te conto o motivo, então o Vieira passou um esquema de treino físico para eu não
perder massa muscular.
Lindinha, levanta, toma um banho, passa a pomada no pescoço e coloca o adesivo. Se
perguntarem você diz que você se machucou ontem na dança. Me desculpa por isso, tá? Eu acho que
me empolguei um pouco... esse filme faz isso comigo.
Te encontro no café.
Beijocas,
Nanda.”
Me levantei e fui ao banheiro. Ao me olhar no espelho notei uma marca imensa arroxeada de
chupão no pescoço! “OMG! NANDA EU VOU TE MATAR!”.
Quero Ser Seu, Quero Ser Seu, Quero Ser Seu Papá
Nanda
Sabe quando você acorda com uma vontade danada de sair cantando pela rua, como o Zeca
Balero:
♫De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho e desejar bom dia
De beijar o Português da padaria♫
Então… acordei assim, às 5:00h da manhã. Sim, eu mesmo, aquela que dormia mais que a
cama, como Mainha falava. Só que havia prometido ao Vieira que manteria a forma, mesmo estando
fora da equipe, então correria e faria uma série de exercícios todos os dias.
Me espreguicei e fiquei admirando, com cara de boba, o anjo loiro que dormia ao meu lado.
Comecei a me lembrar da noite passada e PUTA QUE PARIU! Eu ainda não estava acreditando, mano!
"Ah, Ana Clara! Como você consegue me deixar mais apaixonada ainda, menina?".
A minha amiga me abraçou mais forte, como se estivesse pressentindo que eu me levantaria.
Mexi no seu cabelo, sentindo a maciez dos fios loiros nos meus dedos e percebi que havia deixado
uma marca no seu pescoço. “CARALHO, MANO! Quando foi isso?”. E não era uma marquinha
qualquer... nãooo... parecia um outdoor anunciando: "Nanda esteve aqui!”. Tá... vou confessar... deu
até um orgulho. “Chupa! Vitor imbecil”.
Com cuidado para não a acordar, saí da cama colocando um travesseiro no lugar onde estive
deitada, para que ela não sentisse tanta falta do meu corpo. Encontrei seu celular no meio das cobertas
e sorri ao trocar o toque do despertador. Caminhei silenciosamente até o meu quarto, pegando
algumas coisas que ela precisaria e roubei um girassol do jardim da Mainha. Essa flor sempre me
remeteu a ela, a minha melhor amiga, pela cor dos seus cabelos, mas pensando bem... essa flor
representava melhor a mim.
O girassol não buscava os raios de sol a todo instante? Então... era como eu me sentia ao seu
lado. A todo momento eu procurava o seu calor… seu sorriso... seu olhar... eu ficava bem em apenas
estar ao seu lado. Sim, eu era o girassol e ela o meu raio de sol: “My Sunshine”. Voltei ao seu quarto e
coloquei a flor, as coisas e um bilhete no travesseiro ao seu lado. Dei um beijinho de leve na testa dela
e saí.
Corri por aproximadamente 1 hora, ouvindo minha playlist de músicas felizes. Sim, eu tinha uma
de músicas felizes. Vi o sol nascer e tomei um banho de mar. O mar me energizava, sempre foi assim.
Não sei o porquê, mas parecia que recarregava as minhas baterias.
Cheguei em casa e passei direto na cozinha. Clarinha estava tomando café da manhã, sentada à
mesa junto com os demais empregados da casa. O que eu mais gostava nessa menina era a sua
simplicidade. Ela poderia ser cheia de frescuras, cheia de não me toques, mais ou menos como a prima
dela, Rebeca. Só que, muito pelo contrário, Clarinha nunca foi. Ela era superhumilde.
Quando os pais dela viajavam, ela preferia fazer as refeições na cozinha, ouvindo os papos da
galera da casa: as últimas desilusões amorosas de Claudete, as histórias da adolescência de Alfredo,
as brigas por causa de comida entre o Gilberto e a Elisa (o jardineiro e a cozinheira) e, por assim vai.
Roubei o pão de queijo com doce de leite que Clarinha estava levando para boca e Mainha
ralhou.
— Menina, vá tomar seu banho! Olhe, tá toda cheia de areia! Sujando todo o chão. Claudete vai
ficar uma jaguatirica com você, nem quero ver!
— Pode deixar, Dona Mazé, eu seco o chão. — falou Juliane me olhando com desejo e aquilo me
constrangeu um pouco. Usava meu top de treino e short de corrida, não estava pelada para ela ficar
com aquela cara. — Ah, que linda essa tatuagem... — A garota moveu a mão pelas minhas costelas,
quase tocando meu seio e isso me causou um arrepio involuntário.
Nesse momento, Clarinha, com uma cara de quem tinha tomado suco de limão sem açúcar,
levantou-se abruptamente, agarrou a minha mão e falou me puxando.
— Vem logo, Nanda! Vai tomar seu banho, senão a gente se atrasa. — A minha amiga estava
putaça, soltando fogo pelas ventas, como Mainha falava. “Será que é ciúme?”. Mesmo uma pequena
possibilidade como essa, já fez meu coração bater acelerado. Andei até o meu quarto com a minha
amiga ao meu encalço.
— Já, já fico pronta, ok? — Disse enquanto entrava no meu banheiro.
— Peraí, Nanda! Como eu vou ficar com isso no pescoço quando meus pais chegarem? — Me
mostrou o adesivo nada discreto, ficando cada vez mais irritada porque comecei a rir — Poxa... olha só
o que você fez... — Ela fez um biquinho, coisa mais linda, mano! A minha vontade era enchê-la de
beijos.
— Ah, me desculpa, não faço mais! Pelo jeito você não gostou. — Tirei minhas roupas me
fazendo de desentendida e sem me importar com a sua presença.
— Não... não foi isso. Eu tipo... er... eu amei, de verdade. Nunca tinha sentido aquilo... é que... é
que... ah, deixa pra lá. — Se dirigiu rapidamente para o meu quarto, sentando-se na minha cama.
Achava tudo aquilo muito surreal para a minha cabeça. O jeito que a Clarinha estava se
comportando... Em um impulso, resolvi ser um pouco da Nanda “velha de guerra”. Aquela que as
outras meninas conheciam tão bem.
Deixei a porta do banheiro aberta e terminei de tirar a roupa. Pelo espelho percebi que ela estava
me observando, com o olhar de quem está a três meses fazendo dieta e passava uma torta de sorvete
bem na sua frente.
Então, eu quis provocar. Entrei no box do banheiro e abri o chuveiro deixando a água lavar todo o
suor e a areia. Olhei por cima do meu ombro esquerdo, percebendo que ela virou o rosto bruscamente,
porque foi pega em flagrante me secando. “Ah, safada...”. Dei um risinho sacana, tomei meu banho
rapidamente, abrindo a porta do box e, como quem não quer nada, gritei para a Clarinha:
— Clarinha, traz a toalha que tá aí na cadeira? Eu acabei esquecendo... — Minha amiga surgiu
com a toalha nas mãos e percebi que seus olhos faziam um tour pela minha pele, começando pelos
meus seios médios, que modéstia à parte, eram bem-feitinhos e que já estavam com os biquinhos
duros de excitação. Como não estariam? Eu era alvo do olhar de desejo dela, da minha Clarinha! Eu
nem estava acreditando, mano. Se ela pudesse ouvir meu coração, veria o quanto ele estava em
disparada... tentei me acalmar e não dar nenhuma bandeira.
Ela continuou sua inspeção, enquanto mordia o lábio inferior involuntariamente, até a minha
buceta que só faltava ter uma placa de boas-vindas, tipo: "Welcome, Ana Clara, entre e fique à vontade
que a casa é sua.". Quase soltei um gemido ao ver que ela não havia percebido que estava me
admirando fixamente a longos minutos. “Ah, mano, essa menina ainda vai me matar.”. Me sequei
lentamente até que ela se deu conta que ainda estava em transe, salivando pelo meu corpo.
— Ahrr... doeu pra fazer a tatuagem, Nanda? — Ela perguntou desconversando.
— Até que não. Foi como se fosse um arranhãozinho de leve, sabe? — Contei enquanto ia para o
quarto, ainda nua e me abaixava, empinando a bunda, para pegar uma calcinha na última gaveta do
armário. Dei um sorriso malandro e perguntei enquanto me vestia. — Por quê? Tá pensando em fazer
uma?
— Uhm... Não sei. — Ela falou com a voz mais rouca que o normal. — Acho que depois do meu
aniversário. Mamãe sempre disse que eu poderia só depois dos 16.
— Eu vou com você se quiser, ok? Você sabe que eu faço qualquer coisa por você... — Continuei
sensualmente. Já vestida, fui andando na sua direção e notei seu peito subir e descer rapidamente.
Quando estava a poucos centímetros do seu corpo, percebi que a sua língua molhou seus lábios.
Coloquei a mão atrás dela e... peguei a minha mochila.
— Vamos? — Virei as costas e sai rindo comigo mesma. “Ah, Clarinha, eu farei você pedir... me
aguarde. A morena aqui está com o modo de sedução: On!”.
Cantarolei baixinho:
♫Ana oh Ana, oh Ana. Quero ser seu, quero ser seu, quero ser seu, quero ser seu papa ♫

Ana Clara
Depois de quase uma hora tentando cobrir aquele roxo enorme no meu pescoço com maquiagem,
me dei por vencida e, muito a contragosto, passei a pomada e coloquei o adesivo para contusão. “Ai,
que ridículo! Todo mundo vai notar essa coisa horrorosa no meu pescoço.”.
— Quer pão de queijo, filha? Tá quentinho saiu agora do forno. — Mazé perguntou assim que
entrei na cozinha. — Quero sim, Mazézinha, obrigada! — Falei cheia de sono dando um beijinho no
rosto daquela senhora que tanto amava.
— Ué, o que foi no pescoço? — Perguntou preocupada. OMG!
— Eu dei um mau jeito na dança ontem e a professora disse pra eu usar isso.
— Minha virgem santa! Vocês têm que se cuidar! A Nandinha também vive tendo mau jeito no
pescoço.
— Aham, tô sabendo os “maus jeitos” da Nanda… — Agora que entendia o porquê da minha
amiga estar sempre com algum desses adesivos.
— Eu falei pra ela que eu vi um filme que tinha um moço tão lindo numa cadeira de rodas! Ele
tinha quebrado o pescoço por besteira... — Bateu na mesa de madeira 3 vezes.
— Cruzes, Mazé! — Nisso chegou Alfredo e a sobrinha dele.
— Sentem que o café tá quente. — Falou Mazé. A piriguete me olhou estranhando por eu estar na
cozinha, como se ali não fosse o meu lugar. “Ah, tá. Só o que me faltava”. — Clarinha, filha, que horas
seus pais chegam hoje?
— Mamãe falou que perto da hora do almoço. — Respondi mordendo um pão de queijo.
— Bom dia, gente! Mas olha só: essa cozinha tá cheia de mulher linda, hein! Deusulivre! — Nanda
chegou roubando o pão de queijo que eu estava levando a boca. A tal da Juliane só faltou agarrar ela
ali mesmo, na frente de todo mundo! Que garota mais assanhada!
— Menina, vá tomar seu banho! Olhe, tá toda cheia de areia! Sujando todo o chão. Claudete vai
ficar uma jaguatirica com você, nem quero ver! — Mazé brigou com a Nanda que estava toda molhada.
Aliás, cheia de areia e molhada, fazendo uma poça de água no chão.
Mas esse não foi o meu problema. O grande problema era que eu não conseguia parar de olhar,
fascinada, para as gotas de suor e água que se misturavam e caíam dos seus cabelos, viajavam pelo
pescoço, sumiam dentro do top e por entre o vale dos seios. Ou, para aquelas gotas que teimavam em
ficar grudadas, bravamente, na barriga chapada da minha amiga. Meu devaneio foi interrompido por
uma voz irritante:
— Pode deixar, Dona Mazé, eu seco o chão. Ah, que linda essa tatuagem. — A gralha vadia teve
a audácia de falar isso, passando a mão na Nanda. Não aguentei e levantei tão rápido que quase
derrubei tudo no chão.
— Vem logo, Nanda! Vai tomar banho senão a gente se atrasa. — Arrastei a minha amiga pela
mão. Eu estava furiosa! E para piorar a Nanda, com uma cara de paisagem e um meio sorriso safado,
ficou dando moral para essa garota. E eu ainda estava com um chupão gigante no meu pescoço!
“OMG! Que ódio!”.
— Já, já fico pronta ok? — Ela falou entrando no banheiro.
— Peraí, Nanda! Como eu vou ficar com isso no pescoço quando meus pais chegarem? —
Reclamei ficando cada vez mais irritada porque ela só ria. — Poxa... olha só o que você fez.
— Ah, me desculpa, não faço mais! Pelo jeito você não gostou. — Retrucou tirando o top e eu já
não sabia mais do que a gente tava falando. Tudo o que eu via eram os seios dela, médios, empinados
e com os mamilos rijos…
— Não... não foi isso. Eu tipo... er... Eu amei! De verdade... Nunca tinha sentido aquilo... é que... é
que... ah... deixa pra lá. — Me sentei na sua cama e fiquei espiando para dentro do banheiro.
A minha cabeça estava uma bagunça. Como explicar a ela que, na verdade, eu queria muito mais
daquilo que nós tivemos ontem. Mas isso não seria justo com a minha amiga, porque eu sabia que ela
estava apaixonada pela Luiza e as duas só não estavam juntas porque a ridícula lá tinha medo de
perder as mordomias que os pais davam a ela. E também tinha o Vitor... Eu gostava dele desde
sempre. E agora ele vinha me tratado como eu sempre quis... Ai, não me entendia mais. Era uma
mistura de sentimentos contraditórios que me deixavam cada vez mais confusa.
Fiquei admirando a bunda da Nanda enquanto ela estava no chuveiro. “Nossa, simplesmente
linda!”. Minha amiga virou o rosto por cima do ombro, me olhando e deu um sorrisinho safado. “Ai,
DEUS, ela me viu. Que vergonha!!”.
— Clarinha, traz a toalha que tá aí na cadeira? Eu acabei esquecendo... — “Ai, GEZUIS só faltava
essa!”. Entreguei a toalha a ela e... OMG! Como de uma hora para outra eu comecei a perceber o
corpo da minha melhor amiga de uma maneira diferente? Como eu nunca tinha notado esses seios
redondos lindos! Os mamilos marrons intumescidos. “Ela devia estar com frio”. Nossa, eram perfeitos.
Comecei a me lembrar da cena do filme francês que nós vimos e das atrizes. Como seria tê-los em
minha boca? Passar a língua ao redor dos mamilos? A minha garganta ficou seca, minha respiração
entrecortada e minha pepeka úmida. “Nossa, o que tá acontecendo comigo? Essa excitação não é
normal!”.
Meu olhar viajou pela sua tatuagem e cheguei à pepeka lisinha da Nanda, eu travei. Minha
vontade era de me ajoelhar no chão do banheiro e provar o gosto da sua intimidade. “OMG! EU SOU
BISSEXUAL!”.
A ficha caiu e eu fiquei chocada porque nunca havia me interessado por meninas. Claro que
quando assistia a séries com a Nanda, como Orange Is The New Black, eu ficava excitada com as
cenas mais hots, mas isso também acontecia quando examinava o tanquinho de alguns garotos da
escola. Quando dei por mim, eu estava encarando fixamente a pepeka da Nanda. Tentei disfarçar.
— Ahrr... doeu pra fazer a tatuagem, Nanda? — Perguntei.
— Até que não. Foi como se fosse um arranhãozinho de leve, sabe? — Ela falou indo até a
gaveta de calcinhas para pegar uma. Só que ao invés de apenas se agachar, não… ela empinou a
bunda na minha direção fazendo com que eu cravasse minhas unhas nas palmas das minhas mãos.
“Que vontade de apertar aquela bunda durinha de novo...” — Por quê? Tá pensando em fazer uma?
— Uhm... Não sei. — Falei e minha voz saiu rouca por causa do meu desejo. — Acho que depois
do meu aniversário. Mamãe sempre disse que eu poderia só depois dos 16.
— Eu vou com você se quiser, ok? Você sabe que eu faço qualquer coisa por você. — “OMG! Aiii,
eu quero! Calma, Ana Clara... É a sua melhor amiga, que está apaixonada por outra... Ela tá vindo...
Ai... acho que ela vai me beijar...”. Eu entreabri meus lábios, esperando o beijo e ela passou por mim
pegando a mochila.
— Vamos? — Ela falou dando um sorrisinho.
A Volta
Nanda
“Acho que exagerei com a Clarinha”. Em todo trajeto até a escola ela ficou quieta, olhando o
trânsito, enquanto conversava com o Alfredo sobre a moto que eu iria comprar. Daqui a um mês eu
faria 18 anos e já possuía todo o dinheiro para comprar uma velhinha e eu mesma reformaria.
— E a senhorita Ana Clara, está animada com o seu aniversário? — Alfredo perguntou tentando
trazer a minha melhor amiga para nossa conversa. Clarinha e eu fazíamos aniversário com um dia de
diferença e nós passávamos sempre juntas.
— Acho que esse ano não quero festa, Alfredo. — Desconversou desanimada.
— Ah, faz sim, menina. Pelo menos com seus amiguinhos. Seu Carlos Eduardo e a Dona Alice
com certeza não vão querer que esse dia tão importante passe em branco.
Ela continuou olhando para a janela pensativa. Quando chegamos à escola, ela se despediu e
saiu sem ao menos me esperar. Alfredo me olhou dizendo:
— Nandinha, sabe que eu gosto de você como se fosse minha filha. Então, vou te dar um
conselho de alguém que já viveu muito e já viu de tudo nessa vida. Muitas vezes perdemos a chance
de sermos felizes por medo do que possa acontecer. Eu perdi o grande amor da minha vida por
besteira e medo de me assumir. — “Mano! Comassim? Alfredo é gay e eu não sabia?!”. — O que eu
quero dizer para você é que sempre é melhor falar e abrir seu coração, tentar ser feliz. Como a pessoa
vai saber o que você sente por ela se você não diz?
— Alfredo, você tá enganado. — Tentei desconversar.
— Menina, não esquece que te conheço desde que você comia terra do jardim do Gilberto,
brincando de fazer bolo. Lembra? Você e a menina Ana Clara? Então, me escute. Melhor tentar e não
conseguir, do que nunca ter tentado. — Ele me deu um sorriso e saiu com o carro.
Que porra foi essa? Agora o Alfredo resolveu virar uma espécie de Mestre dos Magos misturado
com o Yoda? Puta que pariu! Ok, entendi o que ele quis dizer. Mas tinha medo de perder o que eu e a
Clarinha tínhamos. Mesmo ela me dando vários sinais, eu morria de medo.
Fui para a sala de aula pensativa. Passei pelo corredor dos primeiros anos e vi a Clarinha
conversando com o Leo, a Paulinha e a Gabriela. Como eu não queria problemas com a minha amiga,
já que a pretinha gostosa estava me olhando maliciosamente, nem parei.
Hoje era o melhor dia de aula da semana. Nos dois primeiros períodos nós tínhamos artes e
depois educação física, junto com os primeiros anos. Me sentei no meu lugar habitual, pronta para dar
um cochilo porque a professora Ester, de artes, tinha uns 200 anos e qualquer coisa que você fizesse
era: “Lindo! Você tem talento.”.
A porta da sala foi aberta e eu estava com a cabeça abaixada tentando dormir. Escutei a voz do
diretor Bernardo e não dei muita atenção porque estava naquele limiar entre ficar acordada e cair no
sono, sabe? Entendi algumas palavras, como: internada, bem, aposentadoria, substituta, voltou, muito
feliz. “Ah, só o que faltava, vou ter que estudar geometria e o caralho a quatro! PUTA QUE PARIU!”.
Quando estava levantando a cabeça, escutei uma voz conhecida, que diversas vezes gemeu o meu
nome.
— Bom dia, gente! Muitos aqui são velhos conhecidos, mas percebo que temos várias carinhas
novas. Então, vou me apresentar: meu nome é Cláudia Fonseca, tenho 38 anos, sou atriz e professora
de artes com ênfase em teatro. Estive esses últimos anos em Londres, fazendo a minha pós-graduação
na RADA, Royal Academy of Dramatic Art e voltei há poucos meses. Nas nossas aulas teremos...
PUTA QUE PARIU! FUDEU, FUDEU, FUDEU! E, como assim, voltou há alguns meses?
CARALHO, MANO! Tipo, ela nem se preocupou em me dar um oi. “Como essa mulher tá gostosa!
Parece que esses anos só fizeram bem a ela!”. Ela tinha que voltar justo agora? Pensei na Clarinha, no
seu beijo... Porra, mano!

Ana Clara
Eu estava confusa e precisava ficar sozinha para pensar no que estava sentindo, na Nanda e no
Vitor. Senti um aperto no peito porque eu não me reconhecia mais. Não me entendia mais.
Na minha criação nunca fui obrigada a seguir nenhum padrão, mesmo que a família da minha
mãe fosse extremamente tradicional e cheia de preconceitos. Meus pais sempre me deixaram livres
para ser eu mesma e ter autonomia para as minhas ideias e escolhas. Lógico que isso não quer dizer
que fui uma criança malcriada e egoísta, dona Alice nunca deixaria isso acontecer, mas sempre fui
alguém com opinião própria… um indivíduo que era ouvido.
Quando Nanda percebeu que gostava de meninas ela surtou, porque na cabeça dos avós dela e,
até da Mazé, isso era pecado e ela iria para o inferno. Eu fui a primeira pessoa para quem ela
confidenciou e, mesmo sendo criança, eu tive a melhor ideia do mundo: levá-la para conversar com a
mamãe.
A minha mãe foi fundamental para que a Nanda fosse tão segura como ela era hoje, porque além
de ter longas conversas com a Mazé, apoiou a minha amiga falando que ela sempre teria o nosso
amor, independentemente de qualquer coisa.
Então, para mim, ser heterossexual, homossexual, assexual… era de cada indivíduo e ninguém
poderia interferir nisso. Só que... eu tinha bem claro em minha cabeça que não curtia meninas, nunca
me atraíram, nunca olhei com outros olhos… só que agora, com a Nanda, tudo havia mudado. Pensava
nela o tempo todo. Nos olhos, na boca, no jeito que ela ri, no cheiro... na maneira com que ela cuidava
de todos ao seu redor... “Que merda! Que merda!”. A minha cabeça estava um turbilhão e ao mesmo
tempo eu não sabia o que pensar!
— Ana, você sabe se a Nanda tá namorando alguém? — Gabriela me perguntou na saída para o
intervalo, como quem não quer nada. Isso não me cheirava bem.
— Que eu saiba não. Por quê? — Claro que eu não poderia falar nada do rolo com a vadia da
Luiza, era segredo.
— Nada não. É que eu tava pensando se ela ia ao baile no sábado.
— NÓS, vamos sim. — Dei ênfase ao nós. Ela virou as costas sem falar mais nada.
— Ih, Clarinha acho que a VaGaby quer pegar a Nanda. — Falou rindo a Cris, uma das minhas
melhores amigas dali.
— VaGaby? — Perguntei.
— Sim, mistura de Vagaba com Gaby. — Explicou com um sorriso. — Sabia que ela deu em cima
do Leo, do segundo ano, na frente da Paulinha que é a namorada dele?
Cris continuou falando, mas eu já não a ouvia. Mais uma para o harém da Nanda. Ai, ai... No que
fui me meter? Dei uma desculpa e fui procurar a minha melhor amiga para me desculpar por ter sido
grosseira hoje mais cedo.
Entrei no corredor do segundo ano e quase fui atropelada por uma Nanda completamente fora de
si.
— Clarinha... me abraça! Me tira daqui, por favor! — A minha amiga chorava desesperada e se
atirou nos meus braços.
— O que foi, Nanda? O que aconteceu? — Perguntei preocupada tentando ver se ela estava
ferida de alguma maneira.
— Ela, mano... ela... — Sua voz saiu abafada no meu pescoço e percebi que suas lágrimas
molhavam a minha camiseta.
— Ela quem Nanda? Fala! Quem te fez mal? — Segurei seu rosto próximo ao meu secando suas
lágrimas com minhas mãos.
— Ninguém me fez mal…
— Então, meu amor, me fala! O que houve? — Eu não sabia o que fazer, porque ela estava
desesperada!
— A Cláudia... ela voltou! — No mesmo momento vi a professora saindo do banheiro com uma
sobrancelha levantada e um sorriso cínico nos lábios.

Nanda
A aula terminou e fui a primeira a sair da sala, sem olhar para a Cláudia. Durante toda a aula ela
tentou chamar a minha atenção, me perguntando coisas que eu respondia monossilabicamente. “Essa
palavra existe mesmo?”. PUTA QUE PARIU, MANO! Entrei no banheiro do corredor e lavei meu rosto
para tentar me acalmar e entender o que eu ainda sentia por ela. Várias meninas entravam e saíam,
mas eu continuava ali parada.
Quando por fim o burburinho cessou, pressenti que estava sendo observada. Não precisei nem
olhar para trás para saber quem era. Respirei fundo, olhei para a porta e ficamos nos encarando. Eu
séria e ela com um sorrisinho malicioso no rosto.
— Nossa Nanda! Você com 15 anos era uma garota bonitinha, mas com uma sensualidade crua,
pronta para ser desbravada... Só que hoje… menina... você está arrebatadora! — Sua voz rouca e
sensual me arrepiou, mesmo eu não querendo. — Quando entrei na sala e te vi não acreditei no quão
gostosa você ficou em apenas dois anos. — Ela falou se aproximando sedutoramente.
— Acontece... caso você não saiba, isso se chama adolescência. O problema é que depois dos
30, quanto mais velha a gente fica, a coisa só desanda, mas isso você deve saber muito bem, né? —
Tentei passar por ela, mas fui empurrada com força para uma cabine vazia. Ela sorriu enquanto
trancava a porta.
— Se eu lembro bem esse andar fica um cemitério durante o intervalo e ninguém aparece por
aqui. Então, a gente pode conversar bem direitinho. — Seus dedos finos seguraram meu rosto e eu me
desvencilhei. — Eu fiquei molhada quando te vi hoje. O que eu mais queria era te pegar de jeito e te
comer bem gostoso, como eu fazia, lembra? — Sua voz era maliciosa e ela colou seu corpo ao meu.
Não era a minha intenção, mas eu estava excitada. — Lembra, Nanda? — Tentei me soltar, mas ela
tinha um poder sobre mim que eu não sabia de onde vinha. A professora me prendeu em seus braços,
me fazendo aprisionar o ar quando meu tronco bateu no frio azulejo do banheiro.
— Me deixa sair, Cláudia! Sai da minha frente. — Eu gritei. — Eu não sou mais aquela menininha
ingênua, que você usou feito um trapo velho e deixou sofrendo. Porra, mano! Você nem se despediu.
— Falei quase chorando. — Eu soube como todo mundo, pelo diretor da escola. Sai da minha frente,
CARALHO! — Tentei passar por ela, o que foi meu erro porque o seu corpo ficou ainda mais grudado
no meu.
Para piorar a minha situação, ela colocou uma perna entre as minhas, apertando fortemente a
minha buceta por cima da roupa e me deixando com o tesão nas alturas. PUTA QUE PARIU! Essa
mulher sabia como me excitar!
— O que você queria? — Falou friccionando sua perna na minha buceta molhada, em um vai e
vem gostoso. — Seria pior eu me despedir. Não tinha paciência pra choradeira de mais uma
adolescente. — Falou ela enquanto beijava o meu pescoço. — Mas agora eu tô aqui de volta. — Ela
disse enquanto acariciava lentamente minha cintura por baixo da camiseta. — E nós vamos recuperar o
tempo perdido, porque você foi a que ficou mais gostosa.
Falando isso ela atacou meus lábios e forçou a sua língua na minha boca. CARALHO, MANO! Ela
tinha o mesmo gosto que eu lembrava e anestesiava meus sentidos. Eu não queria, mas quando vi
estava correspondendo ao beijo ferozmente. Seus dedos experientes, abriram a minha calça e em um
só movimento, ela abaixou tanto a calça jeans, quanto a minha calcinha. Sem nenhuma cerimônia, ela
se ajoelhou e abocanhou minha buceta, chupando fortemente meu clitóris. Fechei os olhos e encostei a
cabeça na parede, soltando um grito entrecortado. Só ela me tocou assim até hoje. A mais velha, de
forma ansiosa, inseriu dois dedos no meu sexo e passou a dar estocadas rápidas e fortes, ao mesmo
tempo em que maltratava meu nervo rígido. O prazer era intenso e eu gemia encostada na parede.
Até que a imagem da Clarinha surgiu em meus pensamentos... a imagem do seu sorriso, da sua
ingenuidade, do seu jeito que cativava todos a sua volta e das tantas vezes que ela secou as minhas
lágrimas por causa dessa mulher. “QUE PORRA EU TÔ FAZENDO?”. Empurrei a professora, que foi
ao chão, consegui me desvencilhar e corri para fora do banheiro me arrumando. De repente, bati em
quem eu mais queria no mundo.
— Clarinha... me abraça! Me tira daqui, por favor! — Atirei-me aos seus braços como se ela fosse
a minha tábua de salvação.
— O que foi, Nanda? O que aconteceu?
— Ela, mano... ela... — Enterrei meu nariz no seu pescoço sem me preocupar com as lágrimas
que jorravam dos meus olhos, só o seu cheiro me acalmava.
— Ela quem, Nanda? Fala! Quem te fez mal?
— Ninguém me fez mal...
— Então, meu amor, me fala! O que houve?
— A Cláudia... ela voltou! — Falei e comecei a chorar novamente. Ela olhou para a direção do
banheiro, por cima dos meus ombros. — Vem, Nanda. Não se preocupa que agora será diferente. Eu
vou cuidar de você. — Ela falou me abraçando e nos conduzindo para longe dali.
Clarinha me levou até o vestiário do ginásio e contei tudo, sem esconder nada, o que tinha
acontecido no banheiro. Ela me escutou sem dizer nenhuma palavra. Quando eu terminei meu relato,
nunca vi a minha amiga tão furiosa. Tive que segurá-la porque ela queria ir tirar satisfação com a
professora e denunciá-la ao diretor. Falou em abuso de menor, assédio e o caralho a quatro. Ela me
abraçou e disse que tudo ficaria bem. E também falou uma coisa que eu não entendi: disse que não
contaria nada para a Luiza. QUE CARALHOS a Luiza tinha a ver com isso?
Fomos para o ginásio e eu fiquei deitada no seu colo, muda, enquanto ela me fazia cafuné até o
início da aula.
— O que foi? Tá doente, Nanda? Você tá com uma cara! — Perguntou Paulinha preocupada.
— Ela tá com enxaqueca, por causa daqueles dias... — Minha amiga respondeu.
— Ah, então sapatão também tem aqueles dias, é? Pensei que era como homem… porque
querem ser macho! — Vitor se meteu na conversa.
— Deixa de ser ridículo, Vitor! Vai me dizer que você é homofóbico!? — Clarinha me defendeu. Eu
estava quieta, sem vontade de falar nada.
— Brincadeira, Aninha! Só uma piada inocente. Nossa, hoje em dia nem se pode fazer uma piada!
Claro que eu não sou homofóbico. Né, Nanda? Fala pra ela, que a gente é parceria, fala... — Nesse
momento o professor chamou para a aula.
— Nanda, eu vou lá falar com o professor e pedir pra dispensar você. Fica aqui um pouco que eu
já venho. — Ela saiu correndo. A minha cabeça estava uma bosta, eu não conseguia pensar em nada.
Sentia como se meu cérebro fosse uma daquelas amoebas que os pais teimam em dar para as
crianças e que depois grudavam em tudo: cabelo, tapete, pelo do cachorro, cortina... — Prontinho! É só
você ficar aqui e, se melhorar, e quiser fazer a aula é só ir. — Ela me deu um colchonete para me deitar
nas arquibancadas, improvisou um travesseiro com seu moletom, beijou meu rosto e saiu.
“Como resistir a Cláudia? Mano, tô fudida!”. O que eu tinha certeza é que deveria ficar bem longe
dos banheiros e corredores escuros. Levaria sempre alguém comigo, isso... seria assim que eu faria.
Pensando nisso, acabei adormecendo e sonhei que estava correndo pelos corredores da escola e a
Cláudia me perseguia.
Acordei com a Clarinha toda suada me chamando. Como podia o suor de uma pessoa, misturado
com o seu perfume, ser afrodisíaco? A ciência precisava explicar isso!
Fomos para casa e fui direto para o meu quarto. Não quis nem almoçar. Mainha levou uma
sopinha porque disse que eu não tinha tomado café direito e “blábláblá anemia blábláblá no céu tem
pão blábláblá e morreu blábláblá whiskas sachê”. Não gostava muito, mas tomei. Parecia que um
caminhão cheio de concreto havia me atropelado e meu corpo todo doía. Tomei um banho demorado,
não coloquei roupa nenhuma e deitei na minha cama, dormindo rapidamente.

Ana Clara
Sabe quando alguém faz mal a uma pessoa que você AMA? E você tem vontade de ir até lá e
socar, socar, socar a cara da criatura até achar que chega!? Era o que eu estava sentindo!
Não culpava a Nanda pelo que aconteceu no banheiro. Pensem comigo: a professora era bem
mais velha e sabia seduzir como ninguém! Sem falar que eu achei que foi abuso. Mesmo que a Nanda
tenha me contado como se sentiu, que quase gozou... a Cláudia forçou a minha amiga. Não é porque o
corpo dela reagiu que deixou de ser forçado. Quando o rolo delas começou foi um mês antes da Nanda
fazer 14 anos. Imaginou!? Foi abusada com certeza!
A minha raiva era tanta que nem sabia do que seria capaz de fazer se encontrasse a professora
na minha frente. Se dependesse de mim a Nanda nunca mais cairia nas garras daquela balzaquiana
metida à gostosa. Ela nem era tão bonita assim! Só porque ela ficava mostrando para os alunos as
fotos das peças que fazia, a mulher se achava. Em algumas imagens ela aparecia com os seios de fora
e aí falava: “Ai, essa foto não era pra mostrar!”. “Aham, tá, acredito!”. Coisa ridícula! Eu já não gostava
dela. Agora, passei a odiar!
Cuidei da Nanda na aula de educação física. Às vezes, entre uma atividade e outra, ia até onde
ela estava para vê-la. Ainda bem que os professores eram parceiros. Se fosse outro, faria a Nanda
participar da aula. Uma coisa que me irritou foi a brincadeira que o Vitor fez. Fiquei muito chateada.
Bom, outra hora conversaria seriamente com ele.
Nick Jonas
Ana Clara
Chegamos em casa e a Nanda foi direto para o quarto dela. Mazé ficou preocupada e me
perguntou o que ela tinha. Desconversei, dizendo que era enxaqueca, que ela já havia tomado remédio
na escola e só precisava descansar. Almocei na cozinha, porque meus pais ainda não haviam chegado
e fui trocar de roupa.
Sabia da minha sorte em ter a família que eu tinha. Meu pai, o Sr. Ilustríssimo Meritíssimo Carlos
Eduardo Machado era um juiz federal muito renomado e íntegro. Quando casou com a mamãe, ele
estava na faculdade de Direito e ela na de Medicina. Meus avós não queriam o relacionamento entre os
dois. Tudo por causa do maldito dinheiro e status.
Vovô era dono do hospital mais conceituado da cidade e possuía filiais pelo Brasil inteiro. Eles
achavam que o papai daria o golpe do baú, mas seu Cadu provou a eles que era o que todos sabiam
hoje: um homem humilde, correto, bem-humorado, íntegro e que amava minha mãe mais que tudo.
Sério! Eles pareciam estar sempre em lua de mel. Às vezes, encontrava eles de agarramento pela
casa, como dois adolescentes. A minha meta de vida era ter um relacionamento assim.
Todo mundo dizia que eu era a cópia perfeita da minha mãe, a Dra. Alice Alcântara Machado.
Pensando bem, nós éramos muito parecidas, tanto fisicamente, quanto no jeito de ser. Mamãe deixou a
medicina de lado quando eu nasci. Ela preferiu acompanhar o meu crescimento. Mas aos poucos e, por
insistência do meu pai, foi voltando a trabalhar. O que eu agradecia aos céus, porque assim ela
contratou a Mazé, minha segunda mãe e conheci a minha Nanda.
Dona Alice fundou a ONG que cuidava de crianças com câncer e alguns dias atendia de graça
pessoas de baixa renda no hospital do vovô. Logicamente que o seu Manoel foi contra, mas por fim
aceitou.
O meu sonho desde sempre era o de me tornar médica e me especializar em oncologia. Quando
eu era criança, usava a pobre da Nanda como cobaia. Ela me deixava fazer o que quisesse com ela e
“embarcava” nas minhas maluquices.
Sempre amei pegar escondida a maleta da mamãe para brincar. Nanda era a paciente que eu
enchia de esparadrapos e gazes. Uma vez eu colei tanto esparadrapo no seu cabelo, logo acima da
testa, que tiveram que raspar todo o seu cabelo! Ela ficou carequinha.
A minha amiga chorava tanto, tanto, que eu fui ao banheiro e achando uma tesoura, cortei o meu
cabelo também. Mamãe contava que eu cheguei com um tufo de cabelo loiro nas mãos e disse com
aquele jeito de criança pequena: “Tó, Nanda, pega proce”. A solução foi raspar o cabelo das duas.
Eu devia ter uns 6 anos quando isso aconteceu. Nós temos várias fotos dessa época em que as
duas sempre estavam de bonés, um mais lindo que o outro! Mamãe comprava vários e a Mazé bordava
personagens de desenho animado neles.
Papai e mamãe chegaram de viagem e matamos a saudade. Fui esmagada e beijada várias
vezes pelo casal mais fofo do mundo. Fomos jantar e papai pediu para convidar a minha amiga.
Mesmo morando "quase" na mesma casa, a Nanda e a Mazé faziam questão de serem
completamente independentes e quando meus pais estavam em casa, a minha amiga quase nunca
aparecia. Apenas quando era convidada, ela fazia algo conosco. Mamãe havia tentado mudar isso
nela, mas a minha amiga sempre foi muito cabeça dura e dizia que a gente precisava de privacidade.
Passei pela sala delas, Mazé estava vendo novela e me disse que a Nanda ainda estava
dormindo. Abri silenciosamente a porta do seu quarto e quase perdi o ar com o que eu vi: Nanda
estava nua, deitada de bruços, dormindo. Como podia ser tão linda? Aquela bunda! OMG!
Inconscientemente comecei a ficar ofegante! "Ana Clara, te controla! Sua amiga precisa de carinho e
não alguém que fique babando por ela!".
Me aproximei sem fazer barulho e puxei o edredom para cima dela. Ela se aconchegou como se
fosse uma criança. Acho que estava com frio. Fiquei observando por um momento seu rosto. O nariz
que dava a ela aquela pose de marrenta, a boca carnuda que eu já sabia que possuía um gosto
maravilhoso, os cílios gigantes que deixavam a sensação de que ela estava sempre maquiada. Muitas
vezes brinquei com ela que eu morreria para ter cílios como aqueles.
"Ah, Nandinha, eu não vou deixar aquela predadora te fazer mal de novo. Na primeira vez, eu era
muito nova e não tinha consciência do quanto ela estava te maltratando. Hoje eu tenho as minhas
armas. Ela que não se atreva!". Dei um beijinho na sua testa e fui jantar.
Após a refeição eu e meus pais vimos um filme e, como sempre, houve briga. Claro que de zoeira.
Papai querendo ver um filme de ação e mamãe de terror. Claro que eu desempatei e escolhi o de
terror. AMO! Após o filme, fomos para nossos quartos. Tomei um banho, escovei os dentes e olhei para
a minha TV. O pendrive da Nanda ainda estava lá. Reiniciei o filme, mas antes, deixei os presentes que
ganhei dela na mesinha de cabeceira.
O filme recomeçou e consegui acompanhar a história, já que ontem quase não prestei atenção,
porque com a Nanda colada nas minhas costas ficou difícil me concentrar. “Nossa, mas essa Adele
come muito feio com a boca aberta, cruzes! Sem falar que comem espaguete todos os dias. Oi? O que
é isso, gente!!! Que eu saiba massa é típico na Itália e não na França.”.
Passou a cena de sexo hétero e eu fiquei um pouco excitada. A garota do filme estava fazendo
por fazer, pela cara de paisagem dela, olhando as coisas em volta. Mais ou menos como: “Ai, amor
temos que pintar o teto...”. Dava um gemidinho, mas só! Coitado do garoto que até que era bonitinho. O
pênis meio fininho parecia uma salsicha.
Não é porque eu era virgem, que eu nunca tivesse visto um pênis! Eu e a Nanda, quando
menores, entramos em vários sites para “conferir” o equipamento masculino.
O filme continuou e eu quase cochilei. Nossa que filme parado! Então a bendita cena chegou. E,
OMG! Senti minha calcinha molhada na hora. Olhei para o lado e peguei o gel de morango e o bullet.
“Será que tem gosto de morango mesmo? Peguei o pote e coloquei a ponta da minha língua dentro.
Tem! Mas é meio estranho!”.
Tirei a calcinha e conforme a Nanda falou, melei a minha pepeka com o gel. Nossa, geladinho!
Peguei o objeto e liguei na menor potência. “Ok, até aqui tudo bem! Uhm, que sensação gostosa!”.
Comecei a passar gentilmente o bullet ao redor dos meus pequenos lábios, enquanto olhava a cena
que se desenrolava na TV. Com a minha outra mão apertei meu seio.
As garotas do filme gemiam sem parar e eu aumentei a potência do meu mais novo melhor amigo.
"Nossa! Que vibração boa, uhm...". Comecei a fazer o que os dedos da Nanda me fizeram. “Círculos!
Grandiosos, maravilhosos, circunferentes, redondos... CÍRCULOS.”. Movimentei ao redor do meu
clitóris que estava duro e sensível. As atrizes estavam em um 69 meio que de lado. “Nossa, isso é
possível? Será que não dói o pescoço? Tipo, não fica com torcicolo?”.
Aumentei mais um pouco a potência e coloquei o vibrador mais próximo do meu ponto de prazer.
Naquele momento, um espasmo cortou meu corpo e eu estava quase lá. Eu, Ana Clara Alcântara
Machado teria meu próprio orgasmo, produzido por nada menos do que um aparelhinho igual a um
batom. Continuei executando os movimentos circulares, gemendo roucamente, rebolando
desesperadamente, arfando, minhas costas arqueadas no colchão... “OMG, quem inventou isso
merece um Nobel!”.
Acompanhava o ritmo das atrizes, os mesmos gemidos, os mesmos estímulos, fechei os olhos e
em minha imaginação não eram mais Adele e Emma. Na minha imaginação eram Ana Clara e Nanda.
E a Nanda da TV estava fazendo um oral maravilhoso na Ana Clara, enquanto ela retribuía, em meio a
gemidos e barulhos de chupadas. "Isso, Nanda... assim, assim... continua...". Apertei as minhas pernas
no bullet para manter a sensação por mais tempo. Fiquei exausta... como se tivesse corrido uma
maratona!
“OMG! Eu tive meu segundo orgasmo em menos de 24 horas! É, eu posso me acostumar com
isso.". Pausei o filme, fui ao banheiro me limpar e higienizar o Nick Jonas. Sim, chamei meu amigo
desse jeito... porque sim. Me julguem!
No momento em que vi a minha imagem refletida no espelho, entendi que a minha fantasia foi
com a Nanda e mais ninguém. Não parecia errado. Parecia tão certo. Fiquei pensando brevemente em
tudo o que aconteceu e fui assistir ao final do filme, até porque eu não sabia ainda como terminava.
Boa Aluna
Nanda
No outro dia pela manhã me sentia muito melhor. Acho que o que me deixou mais arrasada
ontem, foi o choque por ter visto a Cláudia depois desses anos todos. O grande problema era saber
que essa mulher ainda mexia muito comigo. Ainda bem que a Clarinha estava lá.
Enquanto tomava meu café da manhã, ouvia o tagarelar da nova funcionária e me odiava em
pensamento por ter esquecido os fones de ouvido. “Clarinha tem razão, essa menina tem voz de gralha
no cio. Chega a doer a cabeça. E o pior é que não cala a boca, puta que pariu!”.
— Ô, menina não tem nada melhor pra fazer não? Vamos, que o dia vai ser cheio. — “Ai,
Claudete, te amo!”. A senhora gordinha chegou e levou a garota daqui. PAZ!
Clarinha entrou na cozinha vestida com um shortinho curto, parte de cima do biquíni e uma
rasteirinha. Linda! Me deu um beijo no rosto, bebeu um gole do meu café com leite e sentou-se à minha
frente.
— Papai vai fazer churrasco e convidou você. — Roubou das minhas mãos a metade do
sanduíche de peito de peru que eu já havia dado uma mordida. Nós sempre fazíamos isso uma com a
outra. — Falou que não aceita não. Disse que tá com saudades e que viu uma moto para você
comprar.
— Churrasco do Padrinho não tem como perder. Só tem que cuidar a caipirinha... quando a
caipirinha entra o churrasco torra. — Começamos a rir, enquanto eu fazia um novo sanduíche para mim
e ela me servia suco.
— Ah, não vai ter problema... o tio Cléber e o tio Júlio também virão com as famílias. Talvez o
vovô e a vovó também. — Ela viu que eu fechei a cara. — Ei, Nanda, não te preocupa. O Vitor ontem
só tava brincando, eu conversei com ele depois e já disse que não gostei. — Segurou a minha mão e
eu me arrepiei inteira ao sentir seus dedos fazendo carinhos na minha palma. — Fica comigo na
piscina? Vamos ter um dia legal. Acho que você tá precisando, né?
— Ok. — Falei meio a contragosto. — Vou me trocar e te encontro lá. — Ela me deu um beijo e
saiu.
O problema não eram o tio Júlio, a tia Mayara, Chico e a Rebeca. Gostava muito deles. O triste
seria aguentar a família do Vitor, que tirando o Fernando, nunca vi mais esnobe. Eles eram aquele tipo
de gente que por ter dinheiro, achavam que eram os donos de tudo e de todos.
Já prevendo que seria um dia difícil, fui até o quarto e coloquei um biquíni e uma camiseta
qualquer por cima.
Na churrasqueira meu Padrinho já estava arrumando o carvão e claro, a madrinha dando palpite.
Como eu amava esses dois! Dei um longo abraço com um beijo em cada um e fiquei ajudando o
Padrinho depois que Dona Alice resolveu que não iria adiantar palpitar, seu Carlos faria do jeito dele
mesmo.
— Vi uma Harley Davidson Fat Boy 1998 para você. Tem algumas coisas a fazer, mas acho que
eu, você e o Alfredo conseguiremos sozinhos. O dinheiro que você guardou dá e ainda sobra para o
IPVA e a sua carta de motorista. O seguro deixa por minha conta. Falarei com o nosso corretor que
cuidará isso.
— Não, Padrinho, não preci...
— Para de ser turrona, menina! Você vai ter que ter dinheiro para manutenção, gasolina, várias
coisas. Então, não fique brigando por besteira. — Como sempre a gente tinha aquelas pequenas
discussões sobre dinheiro. — Façamos o seguinte: até você terminar a escola, você ajuda o Alfredo na
manutenção dos automóveis da casa e os da coleção. Você começará a receber um salário, ok?
— Mas isso já faço de graça, Padrinho. Não quero receber nada!
— Meu Deus do Céu, Fernanda! Para de ser cabeça dura! Aceita pelo menos uma vez. Daqui a
pouco você termina a escola e vai querer fazer uma faculdade, não é? — Concordei com ele. — Você
precisará de dinheiro para se manter e mesmo para suas coisas.
— Quanto a isso, eu queria conversar com o senhor e a madrinha. — Aproveitei que ninguém
havia chegado ainda e contei tudo a ele. A briga com o Vitor, sem falar o motivo, o desligamento da
equipe e o convite para o intercâmbio. Ele escutou tudo enquanto fazia o fogo na churrasqueira.
— Nanda, o que eu quero que você saiba antes de falar a minha opinião é que eu e Alice te
amamos como a uma filha. Tudo o que tiver ao nosso alcance para te fazer feliz, nós faremos. Então,
eu quero que você pense muito bem em tudo o que eu vou te dizer. — Sentamos esperando o fogo
virar brasa. — Não sou eu que direi a você o que deve, ou não fazer. Apenas você e só você, decidirá.
Clarinha, minha Madrinha e Claudete estavam organizando uma mesa com alguns aperitivos, um
pouco afastadas de onde estávamos. Olhei para lá enquanto meu padrinho falava.
— Você tem que decidir o que você almeja para o seu futuro. Quer ser atleta? Quer continuar
essa carreira? Se for isso terá todo o nosso apoio aqui no Brasil, ou em qualquer lugar do mundo. Vai
ter o patrocínio do Haras Alcântara Machado. Não precisa ir para um país estranho, sozinha, só porque
seria sua “única” chance na vida. Eu sei o seu potencial no esporte e isso me enche de orgulho, mas
você terá todo o meu suporte. Meu não, nosso, dos seus padrinhos, porque nós amamos você e
queremos vê-la feliz. — Nesse momento ele estava com a voz embargada e eu já deixava escorrer
algumas lágrimas silenciosas pelo meu rosto. — Então, o melhor treinamento é nos Estados Unidos?
Você irá para os Estados Unidos. Mas com um apartamento, com segurança, comida, dinheiro, com
carro... onde a gente saiba que você está bem. Mas antes de qualquer coisa você e apenas você, tem
que decidir. O que quer para o seu futuro?
— Padrinho, eu amo jiu-jítsu, eu amo lutar. Acho que se tirarem o esporte de mim, será como
arrancar um pedaço do que eu sou. — Falei a ele.
— Então está decidido... vamos... — Começou a falar.
— Espera, padrinho…, mas desde pequena, sempre sonhei em ser alguém que fizesse a
diferença, como o senhor. Trabalhar com a lei… ser advogada, delegada da polícia federal e quem
sabe algum dia: ser juíza como o senhor. Eu o admiro muito, Padrinho. Desde criança eu ficava
ouvindo o senhor falar sobre os processos que julgava e os bandidos que colocava atrás das grades.
Isso tudo sempre me fascinou. Então, a minha única certeza agora é que eu quero fazer faculdade de
Direito. — Eu vi o quanto ele estava emocionado.
— Nanda, não é segredo de ninguém que eu ralei muito para estar aqui hoje. Muitos dias sem
almoçar, para poder pegar o ônibus para a faculdade. Fui office boy, mecânico, frentista, faxineiro...
Você tá cansada de saber toda essa história. Até mesmo o Manoel, acreditava que eu queria apenas
dar o golpe do baú, sempre foi contra meu relacionamento com Alice. — Ele procurou minha madrinha
e a olhou com devoção. — O que eu quero dizer, Nanda, é que você não precisa passar por isso. Não
estou te dando nada de mão beijada, não! Mas aceite o que eu oferecer. Você é muito importante pra
mim, minha esposa e, especialmente, para minha filha. Nos permita te ajudar, por favor? — Ele falou
com lágrimas nos olhos e eu não aguentei, me atirando nos seus braços. Ficamos os dois abraçados
por um tempo, até que senti um corpo bater nas minhas costas.
— OBA! ABRAÇO COLETIVO! — Eram Clarinha e minha Madrinha nos abraçando, parecíamos
quatro bobos abraçados, rindo.
Nossa, como eu amava esses três!

Ana Clara
Estávamos sentadas à beira da piscina, curtindo o sol. O pessoal ainda não havia chegado. Papai
e mamãe já tinham encaminhado as coisas e foram se trocar. Minha suspeita era que foram namorar,
isso sim.
Usava óculos escuros e podia olhar sem medo, o corpo da minha melhor amiga. Os seios, a
barriga, as coxas… Nossa! Musculosas, mas femininas… me imaginei tocando aquela pele… beijando
seus lábios, tendo as suas mãos em mim novamente. Não parava de pensar nisso nem por um
segundo sequer! Gozar sozinha foi bom, mas com ela tinha sido muito melhor. Lembranças do filme de
ontem vieram à minha mente e eu já sentia um desconforto na minha pepeka.
— Clarinha, vou pegar um suco. Você quer? — Ela me perguntou sorrindo de lado ao perceber
para onde eu estava olhando.
— Aham... Obrigada. — Ela saiu rebolando aquela bunda perfeita e eu vi que a gralha sirigaita
prontamente foi para o seu lado. Trocaram algumas palavras, mas a minha amiga estava com a cara
fechada. “O que será que a biscate falou para a Nanda?”.
— Obrigada. — Agradeci quando ela voltou com um copo de suco. — Nanda, você passa protetor
nas minhas costas? — Entreguei o frasco sem dar tempo de ela negar.
Virei de costas e desatei o nó da parte de cima do meu biquíni, segurando o pequeno pedaço de
pano no lugar. Os dedos da minha amiga estavam trêmulos enquanto ela espalhava generosamente o
filtro solar nos meus ombros. “Será que eu a estou afetando, tanto quanto ela me afeta?”. Testei a
teoria quando ela quis me devolver o frasco, me deitando na cadeira de bruços.
— Na bunda também, Nandinha. — Fechei os olhos e encostei a minha cabeça nos meus braços.
Escutei ela falar baixinho um palavrão. Após alguns segundos, ela sentou-se na espreguiçadeira
ao meu lado e começou a espalhar o creme nas minhas pernas. “Ué?”. Decidi aguardar e ver o que
rolava.
As mãos da Nanda no meu corpo faziam a minha libido ir às alturas. A respiração dela parecia
pesada como se a tarefa lhe fosse difícil. Quando suas mãos chegaram à minha bunda, demos um
gemido sofrido, ao mesmo tempo. Virando o rosto, olhei para ela e sorri. Ela ficou ruborizada e tinha
plena consciência de que eu também estava vermelha. Sem demora ela disse que precisava lavar as
mãos no vestiário da piscina, saindo rapidamente.
Eu estava sedenta por mais… eu precisava de mais dela. Senti uma vontade e um desejo que,
até agora, eu ainda não havia conhecido. Não era o meu normal! Me levantei e fui atrás dela. Sabia
que se eu não tomasse a iniciativa, ela não faria nada. Nanda lavava as mãos na pia. Entrei, tranquei a
porta e ela me olhou surpresa.
— Nanda, eu me esqueci de te contar que ontem à noite, eu fiz o meu dever de casa. — Ela me
olhou sem entender nada. Fui me aproximando até chegar bem perto dela, onde nossos corpos quase
se tocavam. — Eu usei o “batom” e o “hidratante” que você me deu, enquanto assistia o filme francês.
Olha, você está de parabéns! É uma excelente professora, porque eu tirei 10 na prova “O”.
— Foi uma boa aluna então? — Sua voz saiu rouca e ela mordeu seu lábio inferior.
— Eu acho que sim... O que você acha de fazer uma prova oral? — Perguntei enquanto traçava a
sua tatuagem com a ponta do meu indicador. Ela colou bruscamente nossos corpos, segurando meus
cabelos e me puxou para um beijo apressado nos deixando ofegantes. “E que beijo, OMG!”. Minha
amiga foi descendo pelo meu pescoço dando lambidas e mordidas. — Nanda, calma! Não quero ter
que usar mais daqueles adesivos. — A lembrei ofegando.
— Oshi, desculpa. — Seu sorriso era sensual. Não aguentei e agarrei a sua cabeça a trazendo de
volta aos meus lábios. Nanda me sentou no balcão da pia e prontamente envolvi minhas pernas na sua
cintura.
A minha amiga voltou a beijar meu pescoço, enquanto agarrava a minha bunda. Puxei para o lado
a parte de cima do meu biquíni, deixando meus seios livres. Nanda os encarou como se estivesse
reverenciando algo divino. Meus mamilos doíam em expectativa e eu me contorcia contra ela.
— Fernanda Duarte, a senhorita vai ficar só olhando? — Me desesperei.
Ela deu uma risada sacana e abocanhou meu seio direito apertando com a mão, o esquerdo. Na
mesma hora, minha cabeça tombou para trás com as sensações deliciosas que os seus lábios estavam
me proporcionando. Em meio a gemidos, eu segurava sua cabeça firmemente no meu peito, enquanto
me esfregava em sua cintura. “Que sensação é essa, GEZUIS? Como é possível ser tão intenso
assim?”. Ela começou a chupar meu mamilo mais forte e eu tinha certeza que gozaria a qualquer
momento, somente com aquilo. Uma pressão profunda começou a crescer na minha intimidade,
enquanto a língua de Nanda fazia sua mágica brincando, envolvendo e chupando meus mamilos hora
um, hora o outro.
— Ana Clara… Ana Clara... sua mãe tá chamando! — A voz da gralha no cio, também conhecida
por Juliane, se ouviu através da porta fechada.
— Fala que já tô indo! — Falei com um pigarro. Olhei desapontada para a Nanda, que arrumou
meu biquíni me dando um selinho.
— Mais tarde, gatinha. Fica tranquila... mais tarde. — E saiu do vestiário com essa promessa.

Nanda
Ana Clara e eu estávamos torrando na beira da piscina como duas leitoas à pururuca. Ah, como
eu amava o sol! Se eu fosse viver em um lugar onde só chovesse, ou fosse nublado, tipo Forks na
época em que a Kristen achava, ou fingia que era hétero, eu morreria! Sério! Tipo aqueles vampiros
que não bebem sangue por séculos nos filmes de terror, brancos e enrugados. Mano, às vezes achava
que eu tinha demência porque pensava cada merda!
Hoje, depois de conversar com o padrinho, fiquei muito mais tranquila. Quando fui contar para a
minha mãe, Clarinha chegou querendo fight! A minha amiga ficou putaça comigo porque eu não tinha
contado a ela sobre a proposta do treinador, da briga com o Vitor e tal.
Até explicar que “urubu não era meu louro” à minha pequena, ela ficou com uma tromba
gigantesca. “Coisa mais querida, até assim ela ficava fofa!”. Depois de me desculpar, explicar que
tinham acontecido tantas coisas naqueles dias, que eu me esqueci de contar a ela e, principalmente,
quando admiti que não iria me mudar para outro país, tudo ficou bem.
— Clarinha, vou pegar um suco. Você quer? — Perguntei para ela e notei que estava me dando
aquela secada. Conferindo o material da morena aqui, lindamente, sem vergonha nenhuma. Safadinha,
essa loirinha!
— Aham... obrigada. — Ela respondeu e eu saí rebolando sabendo que ela estava olhando minha
bunda. “Ah, menina! Você me mata!”.
Fui pegar o suco e a Juliane veio para o meu lado, perguntando se eu não queria mostrar para ela
o meu quarto. “Tipo, oi?? Garota deixa de ser vagaba! Não te dei essa confiança!”. Falei para ela que
tinha que se preocupar em fazer bem o serviço dela, ao invés de ficar de pegação pela casa dos
patrões. Aí, a safada, sem ninguém ver, passou a mão na minha buceta, na cara dura. MAZOQUE!
Louca!
— Qualé a sua garota? Tá achando o quê? Por eu ser lésbica pode chegar e ficar passando a
mão? Sou lésbica, mas não promíscua sua ridícula! — Disse baixo para ninguém ouvir, não queria
confusão. Saí de perto dela antes que perdesse a razão e fosse pra cima.
Tudo ia bem até que a diabinha da Ana Clara pediu para eu passar protetor solar nas suas costas,
desatando a parte de cima do biquíni para isso. FUDEU, FUDEU, FUDEU! “Viu, Nanda, foi cutucar a
onça com vara curta. Se fudeu, bonito!”. Respirei fundo, coloquei uma boa quantidade de creme na
minha mão e, tremendo, passei nas costas dela. Fiz o mais rápido possível para me livrar logo. Quando
fui devolver o frasco, a menina pediu para que eu passasse na sua bunda! Logo na bunda, mano!?
— “Puta que pariu, caralho!”. — Falei entre dentes. Eu vou acabar enfartando!
Besuntei o protetor nas duas mãos e comecei a espalhar nas pernas dela tomando coragem para
ir mais acima. Eu não conseguia respirar de tanta tensão. Enfim, cheguei naquela parte que tanto
amava. EU SEMPRE FUI LOUCA POR ESSA BUNDA! Apertei aqueles montes macios, passando o
creme e gemo ao mesmo tempo em que a Clarinha. WTF? Ela me olhou e sorriu. Aquela pintinha sexy
em cima do lábio dela, deixava tudo pior. Fuji constrangida para o vestiário.
“PUTA QUE PARIU! ERA MUITO TESÃO MINHA GENTE!”. Eu ainda estava lavando as mãos,
quando vi Ana Clara entrar e trancar a porta.
— Nanda, eu queria te contar que ontem à noite eu fiz o meu dever de casa. — Do que diabos ela
tava falando? Quando eu percebi, Ana Clara estava bem próxima, quase me tocando. Seu cheiro me
inebriava e eu sentia a minha buceta completamente molhada. — Eu usei o “batom” e o “hidratante”
que você me deu enquanto assistia o filme francês. Olha, você está de PARABÉNS! É uma ótima
professora, porque eu tirei 10 na prova “O”. — Seus olhos azuis pareciam que estavam pegando fogo e
eu só conseguia imaginar ela se masturbando.
— Foi uma boa aluna então? — Perguntei para ela.
— Eu acho que sim. Mas o que você acha de fazer uma prova oral? — PUTA QUE PARIU!
“Será... só imaginação... Não, Renato, meu bom amigo, não é! A minha menina! My Sunshine! Meu raio
de sol! Meu crush eterno quer brincar na Nandalândia. Clarinha, Clarinha, minha menina! Pra você eu
dou passaporte VIP vitalício.”.
A agarrei e dei um beijo que há muito eu queria dar: quente, desesperado, cheio de desejo e
urgência. Precisava provar essa mulher, meu DEUS!
Fui descendo, fazendo tudo o que queria há tanto tempo: dando lambidas, beijos e mordidas.
Claro que ela me lembrou para ir com calma, porque na última vez ficou uma marca gigantesca.
A coloquei em cima do balcão da pia, suas pernas envolveram a minha cintura e eu pude sentir o
calor e umidade da sua buceta. “Se for um sonho, por favor, ninguém me acorda! Senão vou matar
um!”.
Ela puxou a parte de cima do seu biquíni para o lado e congelei. “Que seios divinos são esses?
MEU DEUS! Deveriam fazer poemas, odes, esculturas para esses seios”. Fiquei olhando fixamente
como um cachorro em frente a uma assadeira de frangos, na frente da padaria, salivando sem parar.
— Fernanda Duarte, a senhorita vai ficar só olhando? — Falou baixo e rouco.
No mesmo momento, abocanhei seu seio direito e senti minha umidade gotejar. Apertando aquele
delicioso seio esquerdo, girando e puxando os biquinhos, comecei a intercalar a minha boca com a
minha mão, entre um e outro, como se eu fizesse uma reverência a eles.
Ela se esfregava na minha cintura, querendo mais contato. Nós duas gemíamos. Eu mordia,
lambia, chupava... “Clarinha, você é uma delícia!”. Eu estava pronta para mais, quando ouvimos a voz
da Juliane, a chamando. “EMPATA FODA DE UMA PORRA!”.
Arrumei o biquíni dela, respirei fundo para me acalmar, dei um selinho longo nos seus lábios e
prometi que mais tarde a gente continuaria. Quando eu olhei para trás, enxerguei a coisa mais linda
que já vi em minha vida: Ana Clara, com as bochechas rosadas, respiração ofegante, pernas abertas e
me olhando com um puta tesão.
Marco Polo
Ana Clara
Quase todo mundo já havia chegado e, depois de dar um beijo em todos, fui atrás da mamãe ver
o que ela queria. Descobri que ela não havia me chamado e morri de raiva. “Piriguete irritante, vai me
pagar por isso!”. Voltei para a área da piscina e a Nanda estava dentro d'água junto com meus primos,
Rebeca e Chico.
— Vem, Clarinha, vem pra água! — Chico chamou espirrando água por todos os lados. Amava
meu primo, mesmo ele sendo completamente sem noção! Ele era mais velho, já estava na faculdade,
mas não se importava em zoar com a “pirralhada” como ele sempre dizia. Fui beber um copo de suco e
gritei que já iria para a piscina.
— Nossa, Ana Clara, você tá linda hoje! Não vai me dar um beijinho de oi? — Vitor falou ao meu
ouvido, me agarrando pela cintura “cheio de dedos”.
— Ah, oi. — Me desvencilhei dele.
Como as coisas podiam mudar tanto em apenas poucos dias? Ao invés de sentir desejo nos seus
braços, eu estava cada vez mais incomodada.
— Meus pais querem te ver. — Me puxou pela mão brutamente, sem me dar alternativa a não ser
segui-lo. Conversei com meus tios um pouquinho e fomos para a piscina.
— Vem, gente! Bora jogar Marco Polo! — Gritou Chico. Dentro da piscina estavam ainda
Fernando e a Luiza. “Oi?”.
— Vitor, o que a Luiza tá fazendo aqui? — Perguntei mal-humorada.
— Ah, meu amor! Ela e o Fernando estão namorando sério. — Como assim? Essa Luiza era uma
vadia, mesmo sabendo que a Nanda gostava dela, vinha esfregar o namorado na cara da minha amiga.
Que garota mais ridícula! Ai, que ódio!
— Falando nisso, bem que a gente podia oficializar o nosso, né? — Me agarrou pela cintura e
ficou beijando meu pescoço, na verdade, babando!
— Para, Vitor, para! Meus pais tão olhando! — Falei mais irritada ainda. Não sei o que me deu,
mas esse garoto estava me enchendo o saco hoje. O empurrei e me joguei na piscina.
— Beleza... quem começa é o mané que entrou na piscina por último! — Chico “sem noção”
apontou para o Vitor. — Vai lá, Vitinho chorão, vai pro meio da piscina. Senão eu conto também aquela
vez que você mijou nas...
— Porra, Chico, já falei que não gosto desse apelido. — Vitor gritou com raiva.
— Ué, mano! Pra mim você sempre vai ser o Vitinho Chorão que vivia chorando pra tudo — Vitor
estava completamente vermelho — Vai... bora começar.
O jogo iniciou e eu procurei ansiosa pela minha melhor amiga dentro da piscina. Ela se
encontrava em uma parte mais profunda e me direcionei, como quem não queria nada para lá, me
agarrando as suas costas porque ali eu não alcançava o chão. Vitor tentava pegar o pessoal gritando
“Marco” e o resto falava “Polo” e mudava de lugar.
Nanda colocou as mãos nas minhas pernas me segurando melhor. Seu toque quente, contrastava
com a temperatura da água da piscina. Todas as sensações vividas no vestiário vieram à tona. Agarrei
seu pescoço e trocamos de lugar, assim ela me segurava pela cintura para que eu não afundasse, seu
corpo colado ao meu.
— O que a Madrinha queria? — Sua voz rouca sussurrando ao meu ouvido, sua mão na minha
cintura, apertando, apalpando... minha bunda na altura do seu sexo. Voltei a ficar molhada e não era da
água da piscina.
— Nada. Ela não tinha me chamado. — Sempre alerta aos outros e ao jogo, sussurrei, empinando
a bunda e rebolando sutilmente. Escutei ela gemer baixinho e seus dedos me apertaram ainda mais.
— Melhor assim, acho que a gente iria muito longe. — Sua respiração estava difícil. Deixando
uma mão firme na minha cintura, a outra desceu um pouco e me puxou pela pepeka, por cima do
biquíni, dando um apertão. OMG! Senti como se tivesse levado um choque elétrico.
— Qual o problema em ir mais longe? — Indaguei torcendo que a sua mão entrasse na parte de
baixo do meu biquíni.
— Você não merece perder a virgindade em um vestiário Clarinha e nem com alguém que você
não ame. Pra você tem que ser tudo perfeito, feito com carinho e com tempo. — Ela explicou toda fofa.
Nesse momento tivemos que nos mover até o outro lado da piscina, porque o Vitor estava se
aproximando.
— Tá! Mas e se eu quisesse que fosse num vestiário e com a minha melhor amiga? — Sussurrei
ao seu ouvido porque Rebeca estava muito próxima. Suspirando forte, como se estivesse se
controlando, ela me olhou séria.
— Melhor a gente conversar sobre isso depois, sem ninguém junto, tá? — Concordei, mas a
minha decisão já estava tomada. Nanda, a minha melhor amiga, a pessoa que mais me conhecia no
mundo, seria a minha primeira.
O resto do dia transcorreu normalmente. Todos os tios e tias perguntaram sobre a tatuagem da
Nanda. Tadinha! Chico começou a zoar horrores, falando que a Nanda estava apaixonada. Falando
para ela passar filtro solar porque “Sunshine” poderia queimar e outros trocadilhos de merda. Chico era
demais!
Papai já estava no ritmo das caipirinhas. Ainda bem que o tio Júlio assumiu o churrasco, se não
nós teríamos que ficar apenas na salada. A todo momento, eu a procurava com o olhar. Nós duas
sorríamos, como duas bobas, quando isso acontecia. Até que o meu pai teve uma ótima ideia, só que
não!
— Vamos todos pro Haras amanhã pela manhã e voltamos domingo? Faz tempo que não
fazemos isso! — Ele perguntou todo animado.
— Pai, sábado tem o baile na escola, que eu vou e...
— O Alfredo traz vocês sábado ao meio-dia! — Todos ficaram animados, menos eu e a Nanda. —
Hoje à noite os meninos podem ficar aqui em casa. Lembra, Alice quando isso acontecia, sempre era
uma festa! Todos dormiam na sala de TV vendo filme, comendo pipoca… — “Ai, pai, para!”.
Para minha infelicidade todos toparam, menos o Chico que teria um trabalho da faculdade. “Ai,
que raiva!”. Olhei para Nanda e ela estava cabisbaixa com as bochechas vermelhas. Até que prestei
atenção no que o papai falava paro tio Cléber e tio Julio.
— Essa menina me surpreende cada vez mais! Falei pra ela que ajudaria e ela não quis! Quer
trabalhar pra pagar o que for gasto! — Papai estava muito orgulhoso e quando a caipirinha entrava, ele
sempre compartilhava para todos o que sentia. — Ganhou lá uma bolsa e eu falei: não, quer ir pros
Estados Unidos nós organizamos. Imagina a preocupação, Cléber?! Não saber se essa menina tá
numa casa boa, comendo direito... — Tomou mais um gole da caipirinha. — Mas aí, ela disse que quer
fazer Direito, entrar na polícia federal, ou ser juíza! JUÍZA! — Papai encheu os olhos de lágrimas e a
Nanda já não sabia mais onde se enfiar. Até que graças a Deus mamãe chegou e interviu.
— Vem, meu lindo. Não acha melhor a gente ir trocar a roupa com cheiro de churrasco? Tomar
um banho? — Mamãe o segurava enquanto os dois andavam cambaleantes, devido ao acentuado
nível alcoólico do papai.
— Viu, Cléber? Essa mulher me ama! Ó, vou tomar banho e já volto. Alice, contei pra você que a
Nandinha quer ser juíza!? JUÍZA!
— Sim, meu amor, umas dez vezes. — Gargalhou e saiu levando papai. Eu acompanhava aquilo
rindo. Papai nunca bebia. Só muito raramente nos churrascos e, principalmente, quando ele estava
muito feliz.
— Se ela for da Polícia Federal tudo bem… nós só queremos que ela seja feliz, né, Alice?
— Sim, meu amor!

Nanda
Enquanto me arrumava, pensava sobre os acontecimentos do dia de hoje. A Clarinha estava me
enlouquecendo! A todo momento me abraçava e eu era tomada pelo seu cheiro hipnotizante. Porque
não era só o perfume que ela usava. Tinha uma mistura com um pouquinho de suor e a pele dela. Não
saberia como explicar.
Sem falar que sempre que podia, ela esfregava aquela bunda MARAVILHOSA na minha cara.
Hoje à tarde aconteceu literalmente isso, quando ela pegou um copo ao lado da espreguiçadeira que
eu estava deitada. A danada fez questão de esfregar aquele traseiro apetitoso quase no meu rosto.
“Nossa, Nanda, que cafajeste! “Apetitoso!” Ah, mas é verdade!”. Quase segurei e mordi. Ela me olhou e
falou: “Ai, desculpa, Nanda!”, com uma cara muito safada! “PUTA QUE PARIU, essa menina era muito
GOSTOSA!”.
Percebi várias vezes o Vitinho Chorão, “Como amava o Chico!” de barraca armada perto dela.
Quase que eu fui lá e dei um chute bem dado no meio das suas pernas. Mas estranhamente hoje, até
que eu não tive muito ciúme dele. A Clarinha só queria estar junto a mim, o que eu achei ótimo.
O saco foram as tias e os tios falarem da minha tatuagem. Alguns achando legal, mas claro que o
Cléber tinha que falar que não era coisa de gente direita. Aham... “Tá”. Tatuagem não era coisa de
gente direita, mas ficar me olhando com cara de quem queria me comer era? Tatuagem não era coisa
de gente direita, mas a dona Theodora estar sempre com algum machucado porque ela “caia da
escada, esbarrava na porta” era. Sei. Depois vai à igreja bancar o santo. “Aham, tô ligada!”.
Coloquei o único pijama que eu tinha porque dormiria uma galera aqui. Lógico que eu não
apareceria apenas de camiseta e calcinha, ou talvez pelada como preferia dormir.
Uma coisa que não saía da minha cabeça era a Clarinha, que deu a entender que queria que eu
fosse a sua primeira. Tipo, FUDEU! FUDEU! FUDEU! Nem nos meus sonhos mais molhados eu
imaginaria isso, quer dizer, nos sonhos sim. Principalmente, nos molhados... Só que se eu fizesse, não
seria de qualquer jeito. Tinha que ser especial. Ela merecia isso e muito mais.
Mas depois do que percebi hoje, do jeito que ela estava se comportando, um grande problema
seria convencer a minha amiga a esperar.
Festa do Pijama
Ana Clara
As meninas estavam no meu quarto, se arrumando e os garotos no quarto de hóspedes. A Nanda
preferiu ir para o dela. Melhor assim, imagina a Nanda saindo só de toalha do banheiro e a Luiza ali,
babando. Não mesmo!
Eu não queria ir para a fazenda, ainda mais porque sabia que a Nanda não pretendia ir. Quando
ela sabia que iria uma galera para lá, ela sempre dava uma desculpa. Pelo menos a gente voltaria no
sábado para irmos ao baile.
Mamãe pediu pizza e até que estava um clima legal. O Vitor e a Nanda não estavam brigando.
Luiza fazia o Fernando de escravo. Ai... ai... Eu e a Rebeca só falávamos besteira. A única coisa ruim
era que o Vitor ficava me abraçando e beijando meu rosto a todo momento. Que garoto meloso!
Na sala, houve briga para ver onde a gente ficaria. Mazé organizou uns colchonetes, mantas e
travesseiros no chão. No final, a Nanda ficou com o sofá só para ela e os outros deitados no chão. Nós
faríamos uma maratona de Invocação do Mal. AMO!
O filme começou e o Vitor me abraçou. “Ai, o que eu faço?”. Luiza reclamou que o Fernando era
muito espaçoso e foi para o sofá, com a Nanda. O móvel era gigante daqueles que você puxava uma
parte e colocava os pés em cima. Olhei para cima e a Luiza estava deitada, bem feliz, NO PEITO da
Nanda! No MEU LUGAR! Como assim? Dei a desculpa de que o travesseiro ali tava me dando dor no
pescoço e subi para o sofá com a cara amarrada.
Nanda logo percebeu e deu um sorrisinho. Não sei o que houve, mas a ridícula da Luiza resolveu
voltar para o lado do Fernando. Prontamente tomei posse do MEU LUGAR. Os seios da Nanda. Meu
travesseiro. O problema era como prestar atenção no filme, se a Nanda estava grudada em mim
fazendo carinho? Não tinha condições. Então, como a gente estava mais acima e eles não poderiam
nos enxergar, resolvi fazer uma coisa que estava com vontade há algum tempo.
A sala encontrava-se escura e apenas o barulho da TV e o ronco dos meninos, que já dormiam,
podiam ser ouvidos. Nós duas estávamos envolvidas em uma manta de casal. Bem lentamente
coloquei minha mão por baixo da camiseta larga que a Nanda vestia. Ela prendeu a respiração e me
olhou feio. Dei uma risadinha e comecei a fazer carícias na barriga dela com as minhas unhas,
arranhando de levinho. Nanda prendeu um gemido e agarrou a minha mão.
— O que foi? — Sussurrei com a minha melhor cara de santa.
— Para! O pessoal tá aqui embaixo.
— É só você ficar quieta e não gemer alto. — Sussurrei e voltei a acariciá-la e a Nanda soltou um
longo suspiro.
Enfiei o rosto no seu pescoço e comecei a lamber e dar beijinhos naquela região. “Nossa, que
gosto bom ela tem. Por que eu nunca fiz isso?”. Nanda tremeu e praguejou baixinho. Como gostava de
falar palavrão essa menina! Senti na minha boca o seu batimento cardíaco alterado e aquilo me fazia
sentir poderosa.
Subi a mão e segurei o seio mais próximo. “Uhm, sem sutiã.”. Com o meu indicador, brinquei ao
redor do mamilo em uma carícia leve, mas ao mesmo tempo repleta de sensualidade. Continuei minha
exploração no outro seio. A pele da Nanda estava completamente arrepiada e a minha também. Tirei a
mão um pouco e chupei meus dedos, molhando-os de saliva, para colocá-los, logo em seguida, no seio
que eu estava acariciando e agora apertando um pouco mais forte.
Minha excitação já estava nas alturas e conseguia perceber que a dela também. Sorri e levei a
mão até a sua calcinha. Ela agarrou firmemente o meu pulso e com o olhar pedia para eu parar. Rindo,
eu coloquei a minha perna direita em cima das suas pernas, assim se alguém levantasse não
perceberia o que estava acontecendo sob a coberta.
Ela por fim se rendeu e eu comecei a acariciar a sua pepeka ainda por cima da calcinha. “Nossa,
como ela tá molhada.”. Eu conseguia sentir nos meus dedos a sua lubrificação por cima do tecido. A
minha amiga me olhava hipnotizada não acreditando no que eu estava fazendo. Na verdade, nem eu
acreditava...
Ela entreabriu um pouco mais as pernas, me dando mais espaço e quando eu coloquei minha
mão dentro da sua calcinha, a sua barriga contraiu. “Será que eu consigo fazer o que ela me ensinou?
Nossa, o clitóris dela tá duro como uma pedra. Uhm...”. Tentava não gemer e sabia que para ela
deveria ser ainda mais difícil. Ela mordia a sua mão para não emitir nenhum som e eu tentava entender
se ela estava gostando ou não. Mas achava que sim, sua pepeka ficava cada vez mais molhada.
Ela me empurrou de lado e achei que a tivesse machucado. Mas ela colocou a mão dentro da
minha calcinha, em um só movimento. OMG! Nos olhávamos fixamente, enquanto eu imitava as suas
ações… algumas vezes mais leves, outras mais fortes. OMG! Mordi meu lábio inferior fortemente,
porque senti que iria gozar, ainda mais quando ela começou com os CÍRCULOS!
Agarrei a sua pepeka porque meu gozo aconteceu tão intenso que os dedos dos meus pés
dobraram. Ela conseguiu cobrir a minha boca com a outra mão. SANTO HOME THEATER! Se fosse
uma TV normal, teriam ouvido tudo. Quando dei por mim, ela estava se masturbando rápido e forte,
enquanto seus olhos estavam fixos nos meus.
Coloquei a minha mão novamente na sua pepeka retirando a dela. Eu queria fazê-la gozar. Puxei
a manta mais para cima e, levantando sua camiseta, abocanhei seu seio com fome. Nossa! Ela não
esperava que eu fizesse isso e gozou fortemente melando mais ainda meus dedos.
As nossas respirações aos poucos foram se acalmando e eu estava morrendo de vergonha de me
levantar. “Ai, será que alguma das meninas viu?”. Retirei a mão da sua pepeka e vi meus dedos
melados. “OMG! Eu preciso provar o sabor dela!”. Após lamber meus dedos, falei baixinho.
–Hum, salgadinho!.

Nanda
— Você está tentando soltar esse parafuso com o poder da mente? — Alfredo me perguntou
rindo. — Faz mais de cinco minutos que você tá parada com a chave na mão, olhando fixamente pra
ele. — Ele saiu da garagem gargalhando. Era sábado e eu abria o Impala 1973 vermelho que o
padrinho havia acabado de comprar para ver se precisava de outro carburador. Padrinho possuía uma
coleção de carros e motos antigas e me ensinou, junto com Alfredo, a tudo que eu sabia sobre
mecânica.
Só que o meu problema era complicado: não estava conseguindo me concentrar. Quando menos
eu esperava minha mente voava para quinta à noite e tudo que aconteceu naquele sofá. Na sexta pela
manhã, acordei cedo toda torta com a Clarinha dormindo no meu peito e a Luiza no meu braço.
“Quando a Luiza pulou aqui pra cima de novo?”.
Fiquei dolorida o dia inteiro. Clarinha me encheu o saco para que eu fosse à fazenda, mas eu
queria ficar e ir até a academia. Me matriculei aqui perto, no mesmo local em que ela fazia dança do
ventre. Eles possuíam uma turma de Muay Thai só para mulheres. Pena que não tinha jiu-jítsu, mas
pelo menos seria no mesmo horário que a aula da Clarinha e pensando bem, não me importaria em
trocar de arte marcial. Ah... Clarinha... quando percebi já estava novamente “viajando”. Mas como não?

Flashback on
Todo mundo brigava por um lugar no chão. “Eita, bando de crianças”. Enquanto eles discutiam,
aproveitei e fui até a cozinha beber água. Logo Luiza chegou ao meu lado.
— E esse sorrisinho aí? Viu o passarinho verde? Ou melhor, a passarinha loirinha? — Ela
começou a rir.
— Xiu... fala baixo, Lu! Vão escutar na sala. — A puxei para longe da porta. — Lu, eu não sei o
que tá rolando. Mas que tá rolando tá e eu tô muito feliz. Resolvi aproveitar o hoje, o agora... Não quero
me preocupar com o amanhã.
— Tá, mas você contou a ela que tá apaixonada?
— Não, mano! Ela gosta do Vitor. Eu acho que gosta, pelo menos... Ai, mano! Tá tudo estranho...
Porra! A gente ia ficar junto essa noite, conversar...
— Aham, sei bem das tuas conversas, Fernanda Duarte. Chega a me dar um calor de lembrar! —
Ela falou rindo.
— Palhaça! — Não consegui deixar de rir. — Só que com todo mundo aí não tem como.
— Olha só, vou te ajudar. Mas depois não diz que eu nunca fiz nada por você, ok?
— O que você vai fazer, louca? — PUTA QUE PARIU! Era certo que a Luiza faria alguma merda.
— Espera que você vai ver.
— Lu, puta que pariu… Volta aqui… — Ela não me deu ouvidos e a encontrei no meio da sala me
esperando. Todos estavam deitados no chão.
— Deita no sofá, Nanda — Luiza sussurrou para mim. Fiz o que ela disse.
Olhei para baixo e o Vitor estava abraçando a Clarinha. “Ai, caralho! Mano, vou sair daqui, não
vou aguentar ficar olhando isso.”. Quando fui me levantar, a Luiza veio e se deitou no meu peito,
reclamando que o Fernando era espaçoso demais.
Passaram-se alguns minutos, a Ana Clara deu uma desculpa e deitou ao meu lado também.
CARALHO, A LUIZA É GÊNIA! Tinha que me lembrar de agradecer a ela. Pela cara que a minha
melhor amiga fazia, percebi que ela não estava gostando de ver a Luiza deitada no meu peito,
abraçada ao meu corpo. Lu saiu do sofá sem dizer uma palavra e se deitou novamente no chão.
Então, a Clarinha se acomodou no meu seio e quase ronronou como uma gatinha satisfeita.
Minha vontade era de gritar de felicidade! Pelo menos vou ficar coladinha a ela vendo o filme. Comecei
a escutar o ronco dos meninos. Puta que pariu, que coisa mais escrota! Ainda bem que o equipamento
de som e TV do Padrinho eram foda para caralho, parecia que você estava dentro de um cinema
mesmo.
Estava satisfeita prestando atenção ao filme quando senti suas unhas fazendo uma carícia na
minha barriga. Quase pulei do sofá com o susto. Fiquei toda arrepiada. Fiz uma cara feia e a safada fez
o quê? Começou a rir! Segurei a sua mão e pedi baixinho para que parasse porque o pessoal estava ali
embaixo.
— É só você ficar quieta e não gemer alto. — Sussurrou com aquela voz rouquinha… Isso fez
com que a minha buceta virasse as Cataratas do Iguaçu. “Porra do caralho de menina gostosa, mano!”.
Ela começou a lamber meu pescoço e a dar beijinhos. Não aguentei e soltei um gemido. Puta que
pariu! Aquilo estava tão gostoso! A minha amiga não contente em ficar me provocando daquele jeito,
subiu a mão e agarrou meu seio. Apertei as minhas pernas fortemente para ver se parava um pouco o
latejar do meu ventre que já estava ficando desconfortável.
Respirava pesadamente, morrendo de medo de alguém levantar e ver o que ela estava fazendo.
Então, a diabinha lambeu os dedos e os colocou no meu biquinho duro, dando um leve apertão.
“PUTA QUE PARIU! Clarinha, de onde você saiu?”. Foi quando notei que ela levava a mão até a
minha calcinha. “NÃO!”. Olhei para ela como quem diz: “PARA, Loka! OLHA OS OUTROS.”. Ela sorriu
e colocou a perna em cima das minhas para esconder o que estava fazendo, assim eu relaxei e MANO
DO CÉU! Ela começou a passar as unhas de levinho pela minha buceta por cima da calcinha e, cada
vez que batia no meu grelo, eu dava um gemido sussurrado. Não conseguia deixar de olhar para ela.
“Clarinha? É você mesmo? Se for um sonho não me acorda, mano!”.
Abri mais as pernas dando espaço para ela se movimentar, com isso ela enfiou a mão TODA
dentro da minha calcinha, ficando em contato com a minha pele. CARALHO! Bastou isso e eu
literalmente enlouqueci, mordia minha mão para tentar abafar um pouco meus gemidos.
Os dedos dela, aqueles dedos macios e pequenos, estavam me levando ao paraíso. Mesmo com
movimentos um pouco desajeitados e até mesmo bruscos, não faltava muito para eu gozar. Ela
brincava com meu clitóris como se fosse o seu mais novo brinquedo preferido.
Mano, eu precisava tocar essa menina! A empurrei e ela me olhou sem entender, mas relaxou
quando sentiu minha mão em contato com a sua buceta! “AH, CARALHO!”. Eu comecei a dedilhar
aquela bucetinha gostosa, molhadinha... molhadinha... Ela entendeu e passou a imitar todos os meus
movimentos com precisão. Como ela estava encharcada!
Depois de alguns minutos ela me deu um puxão, que eu achei que iria arrancar fora a minha
buceta. Sério! Momento tenso! Gemi de dor! Até que percebi que ela gozava fortemente e, num
resquício de lucidez, cobri a sua boca com a minha mão. Tinha certeza de que se não o fizesse, ela
gritaria alto.
Clarinha ficou respirando pesadamente no meu peito e eu naquela situação periclitante com a
minha buceta pulsando mais que bumbo em escola de samba.
“Meu, se eu não gozar agora, explodo!”. Comecei a me masturbar com movimentos rápidos e
fortes. Meu gozo logo viria. Então, ela retirou a minha mão e recomeçou… e… mano, eu me sentia nas
nuvens. Subitamente ela colocou a cabeça embaixo da manta e MAMOU UM DOS MEUS SEIOS, com
direito a mordidinha no biquinho! CARALHO! No mesmo momento gozei gostoso nos dedos dela.
Após isso, ela levantou a cabeça olhando bem nos meus olhos, mostrou os dedos melados com o
meu gozo e após lambê-los, falou baixinho:
— “Hum, salgadinho!”.
Flashback off

Perdi as contas das vezes que me masturbei com essa lembrança desde quinta à noite.
O calor estava muito forte e retirei o macacão, ficando apenas com short e regata. Coloquei o
Impala na posição e entrei embaixo do motor para começar a trocar o óleo.
A qualquer momento Clarinha voltaria do Haras, me encheria o saco porque estava cheia de
graxa e não fui me arrumar para o baile. De repente, unhas começaram a acariciar as minhas partes
internas das coxas e eu gemi sorrindo feliz. “Ela voltou!”. Estava prestes a sair quando escutei:
— Tô interrompendo alguma coisa? — Era a voz da Clarinha, na porta da garagem. Saí
apressadamente debaixo do carro, batendo a cabeça na lataria e vi Juliane, com a cara mais deslavada
do mundo, segurando um copo de suco.
Gralha Piriguete
Ana Clara
Os dias no Haras foram um porre! Vitor a toda hora queria me tocar, dar beijinhos e me abraçar.
Fugia dele mais que vampiro da cruz. Em todos os momentos só conseguia pensar no que a Nanda
estaria fazendo. Na verdade, eu só pensava nela, revivia os toques, os beijos… e mais de uma vez
precisei me tocar para aplacar um pouco o fogo que me consumia.
Durante todo o feriado enviei várias mensagens a ela, mas nem foram visualizadas. Liguei
algumas vezes e o celular estava desligado. Olhava o aparelho a toda hora, enquanto estava deitada
na rede. Mamãe deitou-se comigo me abraçando.
— O que você tanto olha nesse celular, Ana Clara?
— A Nanda, mãe! Ela não me responde. — Disse entristecida.
— Falei há pouco com a Mazé e ela me disse que a Nanda foi à praia com alguns amigos.
— Aham... Amigos. — Devia estar é cheia de meninas a sua volta, como urubus ao redor de
carniça. Aff!
Meu humor piorou ainda mais e não consegui disfarçar a minha cara amarrada. Dona Alice me
observou por alguns minutos.
— Filha, não acha melhor tirar as esperanças do menino? — Olhávamos para Vitor que estava
jogando futebol no gramado da frente com os outros.
— Eu vou falar com ele, mamãe. Só não sei ainda como começar.
— Eu sei que você vai arrumar um jeito e não vai magoar o rapaz. Acho que o seu coração tá
numa certa praia do Rio...
— Ah, mamãe... — Era impressionante como a minha mãe sempre sabia tudo sobre mim. — O
problema é que o coração dessa pessoa tá aqui no Haras. E não está comigo e sim com a Luiza. —
Falei tristonha.
— Eu não teria tanta certeza disso não. — Ela me olhou nos olhos. — Filha, por que alguém faria
uma tatuagem em sua homenagem se não te amasse profundamente!?
— Como assim, mamãe? Aquela tattoo não tem nada a ver comigo...
— Nossa! Ana Clara Alcântara Machado, você é tão inteligente para algumas coisas e para outras
parece uma mula! Que música vocês cantavam quando pequenas?
— Essa, mas não significa que...
— Ana Clara! Meu Deus do Céu! Como a Nanda te chamava depois que vocês rasparam a
cabeça e o teu cabelo nasceu bem fininho e amarelinho como raios de sol?
— My Sunshine...
— Eita, menina lerda! — Minha mãe deu um tapão na minha cabeça. — Sem falar que a menina
te venera! Só falta lamber o chão onde você pisa.
— Ai, mamãe! Será? — Falei rindo, mas cheia de dúvidas ainda.
— Todo mundo vê, Clarinha. Só você não viu ainda. Menina, você precisa acalmar esse coração e
entender o que está sentindo de verdade.
— Mãe... você e o papai... Como reagiriam se eu namorasse uma menina?
— Sendo sincera com você, isso não é algo que eu sonhasse. Ainda mais por todo o preconceito
e barreiras que vocês terão que enfrentar… Todos os pais sonham que seus filhos sejam felizes e nada
de mal lhes aconteça. Mas filha, eu também sei que no coração da gente ninguém manda. Você sabe
muito bem da minha história de amor com o seu pai…
Mamãe falava ainda olhando a algazarra no gramado e eu sentia que ela estava digerindo a
informação de que eu estava gostando de uma menina.
— Se você decidir ficar junto dela… Eu vou te apoiar, mas não vai ser fácil com o resto da família,
você sabe disso, né? — Lógico que eu sabia. Vovô Manoel era o ser mais homofóbico do planeta.
— Mãe, e o papai?
— Filha, ele vai levar um susto no início, temos que ir com jeito..., mas, se for a nora que eu tô
pensando, tenho certeza que seu pai vai soltar foguetes de felicidade! — Papai amava Nanda como a
uma filha.
— Então… você não se importa mesmo?
— Lógico que não! Eu amo aquela menina! Bem... — ela ficou séria — O meu conselho é que
vocês sejam discretas e se preservem até terem mais de 18 anos, porque depois disso, ninguém
poderá falar nada sobre a vida de vocês.
— Certo. — A abracei sorrindo.
— Ana Clara eu estou falando sério. O seu avô não pode saber. No momento em que ele
desconfiar, a sua vida será um inferno... Na verdade, a nossa. Ele vai inventar várias coisas para
separar vocês duas. E… pode ficar perigoso… — Ela ficou quieta como se lembrasse de algo.
— Pode deixar, mamãe, nós tomaremos cuidado.
No outro dia eu tentei conversar várias vezes com o Vitor, mas ele sempre fugia.
Chegando em casa, fui correndo ver onde a Nanda estava. “Caramba, que saudade é essa?”.
Mazé me indicou que ela estava na garagem dos fundos, onde papai armazenava os carros antigos.
Chegando lá vejo a gralha piriguete da Juliane agachada em cima das pernas da minha melhor amiga.
— Tô interrompendo alguma coisa? — Falei morrendo de raiva enquanto olhava aquela cena.
Com o susto, Nanda bateu a cabeça no carro e abriu o supercílio, jorrando um monte de sangue!
A piriguete para “ajudar”, quando viu aquele tanto de sangue, desmaiou. Corri até o banheiro mais
próximo e peguei uma toalha para estancar o sangue. Alfredo ouvindo a gritaria surgiu e, como eu já
estava ajudando a minha amiga, foi socorrer a sobrinha.
— Nanda, para quieta e vem comigo. — Puxei a minha amiga enquanto ela segurava a toalha
que já ficava vermelha por causa do sangue.
— Clarinha, tá saindo muito sangue. Mano, tô ficando enjoada... Acho que vou desmaiar. — Ela
falou muito pálida enquanto eu a levava para dentro da casa.
— Para de ser fresca, Nanda! Mamãe vai dar um jeito nisso. — Ainda bem que a Dona Alice veio
comigo para nos ajudar a nos aprontarmos para o baile. A encontramos na cozinha e fui buscar a sua
maleta com urgência. Quando retornei, vi que a cor da Nanda já estava melhor.
— São só três pontinhos, Nanda. Então, eu só vou passar essa pomada anestésica para você não
sentir nada... — Eu segurava a mão da minha amiga que me apertava fortemente.
Comecei a fazer carinhos na mão que segurava na tentativa de acalmá-la. Até que percebi a
roupa que ela estava usando: uma regata colada ao corpo, sendo que ela estava sem sutiã e um short
curtíssimo, onde podia-se ver as pernas longas e bronzeadas. Na cabeça ela usava uma bandana
vermelha como se fosse uma tiara para tirar os cabelos dos olhos. Sexy demais!
— Que roupa é essa, dona Fernanda? Que eu saiba, papai cansa em falar para você, que para
mexer nos carros, precisa usar macacão — Tinha certeza que meus olhos estavam brilhando de ciúme.
“Será que ela ficou nesses trajes pela casa quando eu não estava? Ainda mais com essa gralha
piriguete rondando por aí?”.
— Tava calor, Clarinha... — A voz da minha amiga não era mais que um sussurro.
— Menos, Ana Clara, menos! Nanda nem tá indecente, você anda com trajes bem menores.
Mazé, não se preocupe a cabeça dura aqui tá pronta pra outra. Quando tomou a antitetânica pela
última vez?
— Foi ano passado dona Alice, quando ela caiu do cavalo lá no Haras, em cima de uma cerca
velha.
— Então está em dia. Nanda, vai tomar um banho, só cuida para não molhar o curativo. —
Mamãe fez um cafuné na minha amiga. — E para hoje à noite, a gente coloca a franja em cima e
ninguém vai notar. Vai continuar linda igual!
— Tá bom, madrinha. — Nanda abraçou apertado a minha mãe.
— Nanda, para! Você tá cheia de graxa!
— Ai, desculpa...
— Vem, Nanda, vem que eu te ajudo a tomar banho. — Falei já segurando a mão da minha
amiga.
— Não é pra tanto, Ana Clara, a Nanda não está entrevada. — Mamãe disse rindo e me dando
uma piscada.
— Ela tava tonta, mãe, melhor cuidar, né? Vem, Nanda! — Saí de fininho sem dar chance da
minha mãe falar mais nada.
Levei a Nanda para o seu quarto e nem esperei ela fechar a porta, me atirando nos seus braços.
Nossos lábios se encontraram em um beijo cheio de saudade, o que fez com que nossos corpos
entrassem imediatamente em combustão.
Ela me puxou de encontro ao seu corpo e eu apertava a sua coxa entre as minhas pernas,
sentindo minha pepeka gritar de alegria. "Nossa, que saudade!". Ela apertou a minha bunda me
levantando um pouco para eu me encaixar melhor, enquanto ela se escorou na porta.
Nós estávamos ofegantes, suadas e excitadas. Ela mordia o lóbulo da minha orelha enquanto eu
apertava seu seio por cima da roupa. Já estava quase rasgando aquela regata branca dela, quando
escutei uma batida na porta.
— Nanda! Seu vestido tá atrás da porta do banheiro. Eu passei e deixei arrumadinho para você,
filha.
— Tá, Mainha, obrigada! — Com as respirações entrecortadas tentamos nos acalmar. Ela me
abraçou e deu um selinho carinhoso. — O que você tá fazendo comigo, menina?
— Acho que o mesmo que você comigo. — Nossas testas se tocavam — Nanda, a gente precisa
conversar, mas agora não tem como. O cabeleireiro e o maquiador daqui a pouco estarão aí. — Ela
fechou os olhos tentando se acalmar. — Você me espera na piscina depois do baile?
— Claro, linda! Espero por você onde quiser. — Ela disse carinhosa. “OMG! Mamãe tem razão.”.
— Você me deixou toda suja de graxa. — Falei sorrindo.
— Não tanto quanto eu queria, pode ter certeza. — Ela me deu pequenas mordidas no meu lábio
inferior.
— Nanda... uhm... eu preciso me arrumar. — Falei, mas não arredei um centímetro de onde eu
estava.
— Ei... Não tô te segurando! — Disse com um meio sorriso.
— Então… — Ela me roubou um selinho. — Toma um banho bem gostoso, fica cheirosa e vai lá
ao quarto para o Ernani nos arrumar. As meninas também já devem estar chegando. — Mamãe havia
convidado as meninas para virem se aprontar aqui em casa. O que mais me irritava seria ter que
aguentar a Luiza. Se bem que, essa era a oportunidade em comprovar a teoria da mamãe e a
esperança que eu tinha.
— Ai, Clarinha, não precisa! Eu mesmo me maquio. Afinal, todas as aulas que a madrinha me fez
ir com você serviram pra alguma coisa, né? — Dona Alice sempre nos colocou em aulas de etiqueta,
stiletto, de maquiagem e várias coisas. Ela dizia que nós temos que saber nos portar perto de reis, mas
sem nunca perder nossa humildade e não esquecer quem somos.
— Vai lá, vai. Quero ver você mais gostosa ainda... — Falei dengosa e ela acabou concordando.
O Baile
Ana Clara
O meu quarto parecia um salão de beleza. Ainda bem que mamãe avisou ao Ernani que as
meninas viriam para cá e ele trouxe a sua equipe.
Cris e Nanda conversavam enquanto as unhas eram feitas. Paulinha e Rebeca estavam sendo
maquiadas. Eu já estava pronta e a Luiza… Bem, a Luiza andava para lá e para cá, como uma barata
tonta, apenas de roupão e bobes nos cabelos.
A garota estava infernizando a vida do Ernani, mas não era de um jeito ruim. Ela ficava ao lado
dele vendo como ele maquiava cada uma das meninas, perguntando o porquê de ele usar tal produto e
sempre com um comentário engraçado. Mamãe, Ernani e os outros morriam de rir dela. Acho que se
fosse em uma outra situação, eu até poderia ser amiga dessa menina.
— Acho que eu devia ter ficado em casa, Nanda. — Escutei Cris falar com a minha amiga.
— Eles não vão fazer mal nenhum a você, Cris, ainda mais se estiver comigo e com a Lu. — Não
queria me meter na conversa, mas a curiosidade foi mais forte.
— Eles quem?
— A Cris anda sofrendo bullying, Clarinha… Essa semana eu a ajudei. Alguns garotos e garotas
tinham jogado uma lata de lixo da cantina em cima dela.
— Cris, por que você não me falou? — Poxa, a Cris era uma das minhas melhores amigas! Ela
baixou os olhos envergonhada. — Daqui pra frente conte com a gente para tudo, ok? Nós somos suas
amigas!
— A Lu falou com eles, Clarinha. — Cris olhou para Luiza que dizia algo que fez mamãe rir alto.
— Mesmo assim eu ainda tenho medo.
— Quem foi, Cris?
— Outro dia a gente conversa sobre isso, tá? — Notei que ela não iria me falar, mas algo me dizia
que Vitor e sua turma estavam envolvidos com isso.
Depois que o Ernani nos aprontou ficamos esperando a limusine chegar. Admirava discretamente
a Nanda, com seu vestido azul e salto alto. Linda! Várias vezes perguntaram para ela se não gostaria
de entrar para a carreira de modelo, porque ela tinha beleza, altura e porte. A minha amiga nunca quis.
Procurei seu machucado e notei que o maquiador fez um ótimo trabalho em “esconder” o curativo.
A limusine chegou e os meninos já estavam nos esperando dentro do veículo. Nanda e eu fomos
as últimas a entrar e só havia sobrado um lugar ao lado da Luiza e um ao lado do Vitor. Então tivemos
que ir separadas, mas nossos olhares se cruzavam a todo instante.
O Baile da Primavera era um evento que acontecia todos os anos na nossa escola. Na verdade,
sempre foi uma desculpa para o diretor arrancar dinheiro dos nossos pais, pois todo ano ele pedia
doações para “viabilizar” o evento.
O baile estava a todo vapor e eu não conseguia me desvencilhar do Vitor. Sempre que procurava
a Nanda pelo salão, ela estava rodeada por várias meninas. “Ai, que ódio!”. Eu não queria nenhuma
menina perto dela. Quando eu vi a Gabriela sussurrando algo no ouvido da Nanda, não aguentei. Fui
até lá deixando o Vitor plantado no meio da pista de dança.
— Nanda, vamos tomar alguma coisa? — Puxei minha amiga pelo braço.
— Vamos sim.
— O que aquela menina queria com você? — Perguntei como quem não quer nada.
— Me convidar para ir à casa dela depois daqui, porque os pais estão viajando. — Ela falou com
um meio sorriso. “O QUE??? QUE SEM VERGONHA!”.
— E você vai? — Perguntei bebendo meu refrigerante, tentando não mostrar minha ansiedade.
— Você quer que eu vá? — Nossos olhares se encontraram.
— Não. Eu quero que você vá pra casa comigo. — A fitei com intensidade.
— Então tá decidido. Eu faço tudo o que você quiser, Clarinha. Tudo para te ver feliz! — E então,
ela sorriu para mim. “OMG! Que sorriso mais fofo!”. Olhei para a Gabriela, que não tirava os olhos da
gente e dei um sorrisinho cínico para ela. RIDÍCULA!
Falei para a Nanda que conversaria com o Vitor e que logo encontraria com ela. Vi pelo seu jeito
que ela ficou preocupada, mas eu precisava dar um basta nessa situação.

Nanda
A merda desse baile não acabava nunca! A minha ansiedade era tanta que eu não conseguia ficar
parada. O que será que a minha amiga quer conversar comigo? Comecei a rir ao lembrar da crise de
ciúmes que ela deu ao ver a Gabriela perto de mim “Ai, Clarinha! Como se eu fosse te trocar para ficar
com qualquer uma. Nem que fosse para apenas ficar olhando para você.”.
— Deu pra falar sozinha, Nanda? — Luiza se aproximou com um copo de bebida em mãos.
— Clarinha foi falar com o cuzão e tô achando que ela vai mandá-lo à merda. Na verdade, essa é
a minha esperança.
— Uhm, ok.
— Cadê o Fernando?
— Banheiro. Não sai de lá. Toda hora tá indo arrumar o cabelo… Nanda, para quieta, que aflição.
— Não consigo, Lu… Como diz Mainha: Tô tão angustiada que sou capaz de cagar um tijolo! —
Fui ao banheiro molhar a nuca, antes que eu tivesse um treco.
— A gente só se encontra em banheiros, né? Mas hoje poderia ser diferente... Vamos para a sala
de teatro? — Cláudia, belíssima em um vestido colado preto, me convidou completamente sem noção
nenhuma.
— Cláudia, eu não quero mais nada com você. Me larga, pô! — Falávamos baixo porque a todo
momento entravam e saiam meninas para retocar a maquiagem, ou usar os reservados. — Tanta
mulher no mundo! Você mesma disse que eu nem era a mais bonita, qual o seu problema? —
Sussurrei enraivecida. Hoje ela não me pegaria de surpresa.
— Nenhum problema, Fernanda. Só que você é minha e vai continuar sendo.
— Talvez tenha sido um dia... Se bem que, pensando bem... Nunca fui. — Seus olhos faiscavam
de raiva, mas ela não podia fazer nada, pois chamaria atenção indesejada. — Você sabe que eu nunca
te amei. Só que hoje eu sei o que é o amor e, com certeza, não é nem de perto o que um dia achei que
sentia por você.
— Quem é a menina, Fernanda? — Perguntou sem disfarçar a raiva.
— Nanda, a Clarinha pediu para você a esperar na frente do palco. — Cris me avisou.
— Obrigada, Cris, já tô indo.
— Ah, então é esse o motivo de você não me querer? A princesinha Alcântara Machado. — Ela
riu com escárnio. — Sério, garota!? Sério, que você acha que tem alguma chance com ela? — Seus
olhos pareciam vasculhar a minha alma. — Peraí... você acha mesmo!
— Eu não acho, eu tenho certeza! — Falei séria.
— Fernanda, caia na real. Quando essa garota se cansar da experiência lésbica, eu não vou estar
te esperando não. Você é só uma fase na vida dessa menina. Eu diria melhor... Um experimento! — Ela
começou a gargalhar. — Ai, tadinha, você realmente achou que ela estava apaixonada por você? Achei
que você tivesse amadurecido, mas está ainda mais patética!
Sai do banheiro com os olhos marejados de lágrimas escutando ao fundo as gargalhadas da
Cláudia. “PORRA, PORRA, PORRA! Será que eu sou uma fase pra ela? Uma brincadeira? Um
experimento!? Será que ela não quer nada sério?”. Completamente transtornada caminhei pelo salão e
vi algo que meus olhos não queriam acreditar: Clarinha aos beijos com o Vitor.

Ana Clara
— Vitor, a gente pode conversar? — Os outros meninos que estavam com ele ficaram rindo e
fazendo chacota, o chamando de garanhão e coisas do tipo. Não gostei muito do tom da brincadeira.
Quando chegamos perto de um pilar, ele tentou me beijar.
— Vitor, espera! Eu preciso falar pra você uma coisa… Eu… bem… Eu não tô mais a fim.
— Como assim, Clarinha? Você me fez ficar na seca esse tempo todo pra me deixar na mão?
Você prometeu! Eu até falei para os meus pais que hoje a gente começaria a namorar, mamãe está te
esperando para o almoço amanhã.
— Garoto, você tá maluco? A gente nunca nem se beijou! Tá... Confesso que você era meu crush,
mas aconteceram coisas que...
— Ah, não seja por isso... — E então, ele me agarrou em um beijo bruto, onde eu não conseguia
me desvencilhar. Quando enfim consegui dar um tapa no seu rosto, ele parou.
— VOCÊ NUNCA MAIS, TÁ ME OUVINDO!? NUNCA MAIS TOCA EM MIM SEM EU DEIXAR!
— Ana, Ana, volta aqui... — Ele ficou gritando enquanto eu corria até a frente do palco a procura
da Nanda.
O tempo foi passando e ela não chegava. Comecei a procurá-la por todos os cantos. Fiquei
desesperada porque não a encontrava. Passei pela Luiza que saía do banheiro e perguntei se tinha
visto a Nanda. Ela me olhou friamente e disse:
— Vi sim. Ela saiu daqui chorando depois de ver você se agarrando com o Vitor. Eu a ajudei a
chamar um táxi, porque ela estava tremendo. Tentei ir com ela, mas a cabeça dura não quis.
— OMG!
— Olha, Ana Clara eu sei que você não gosta de mim e eu também não vou com a sua cara. Mas
vou te falar uma coisa: Se a Nanda me amasse com um quarto de todo o sentimento que ela sente por
você, eu lutaria por ela com unhas e dentes. Faria tudo ao meu alcance para fazê-la a menina mais
feliz do mundo. Não teria pai, mãe, papagaio, cachorro, ou periquito que me impedisse de ficar com
ela. Então, se você perder a sua chance... Puta que Los Pariu! Eu vou esperar. Porque se ela me
estender a mão, eu vou estar aqui e vou fazer de tudo para que ela não olhe pra trás.
Fiquei completamente sem palavras com o que a Luiza me disse. Ela acabou de revelar que a
Nanda me AMAVA MUITO e que ela era apaixonada pela minha melhor amiga. “Ai, eu preciso falar com
a Nanda. Preciso explicar o que ela viu.”.
Liguei para o Alfredo ir me buscar. Primeiro pedi a ele para ver se a Nanda estava em casa, sem
assustar a Mazé. Ele falou que não.
Quando o Alfredo chegou nós saímos atrás da Nanda pelos lugares que ela gostava de ir. Já
estava de madrugada, era perigoso, eu fiquei morrendo de medo que alguma coisa tivesse acontecido
a ela. Liguei para todos os seus amigos e ninguém a viu.
Já estava amanhecendo quando resolvemos retornar para casa. Eu não conseguia parar de
chorar. Já tinha ligado para os meus pais que avisaram a Mazé. Papai já havia acionado a polícia.
Mazé já devia ter rezado todo um terço. Eu estava olhando para o mar enquanto entrávamos no
condomínio quando eu vi, na areia bem longe, uma figura vestida de azul.
— ALFREDO, PARA! — Ele parou de supetão sem entender. Desci do carro correndo, deixando
meus sapatos para trás.
Chegando perto vi que realmente era ela. Nanda estava completamente cheia de areia, a
maquiagem borrada pelo choro, uma garrafa de vodka barata vazia ao lado dela e um cachorro. Sim,
ela estava completamente bêbada agarrada a um cachorro... conversando. Sim, conversando. Eu
chorava e ria ao mesmo tempo, de alívio.
— Clarinhaaa, deuxa euti apresenta... Meu parça. Sabrino, essa é a Clarinha, minha Sunshine...
xiuuu, ela não sabe... é segredo. — Ela falou sussurrando na orelha do cachorro.
Minha amiga estava muito engraçada! Falava toda enrolada. E o cachorro olhava como se
entendesse! Isso sem falar que era o cachorro mais feio que eu já tinha visto em toda a minha vida.
Deve ter entrado na fila da feiura umas mil vezes!
Quando eu cheguei perto dela, ele começou a rosnar e não deixou eu me aproximar.
— Sabrino, brother... xiiiuuu... Olha qui... Sabrino... Dexa ti ixplicar... — Ela falou puxando o
cachorro. — Clarinha é mamãe. My Sunshine, lembra que te contei? Não é osmaluco... oscara mau...
— Nesse momento o cachorro veio para o meu lado me cheirando e começou a me lamber. WTF?? —
Sabe, Calinha... Clarinha... O Sabrino aqui... Meu parça, botou pra correr uns muleque que tavam
querendo fazer sei lá o que comigo... Né, lindo? — Ele começou a lamber a cara dela. OMG! Só de
pensar na Nanda sozinha na praia, podendo ser abusada por alguém comecei a chorar de novo.
Alfredo chegou e carregou a Nanda. Sabrino nos acompanhava observando atentamente. OMG!
O que eu deveria fazer com esse cachorro? Mamãe me mataria!
Chegamos em casa e levamos a Nanda e o Sabrino para o quarto dela. Ele não se separava dela.
Cada vez que a gente tentava tirá-lo de perto dela, o feioso rosnava e fazia um escândalo.
Após eu contar tudo o que a Nanda me falou, mamãe e papai deram o veredicto: Sabrino ficaria!
Chamaram a Dra. Olívia, veterinária do Pet shop que a Nanda trabalhava nas férias, para olhar o nosso
herói.
Enquanto Mazé dava banho na Nanda, fiquei na incumbência de dar banho no pequeno peludo.
Levei-o até o meu banheiro e usei os produtos que a veterinária havia trazido. Ela falou que o Sabrino
era um bebezão ainda, não tinha nem um ano, deu umas vacinas e remédios para pulgas e vermes.
Não precisaria nem falar que o meu banheiro ficou um caos. Água e pelo de cachorro por todo
lado. Mas no fim, até que o Sabrino ficou apresentável. Depois, de banho tomado e alimentado, levei
Sabrino para ver a Nanda. Prontamente, ele se deitou ao seu lado, como se ali fosse o seu verdadeiro
lugar.
— Sabrino, eu não sei se você é cachorro de verdade, ou se é um anjo da guarda. Mas o que
você é não me importa. Eu vou ser sempre grata por você ter protegido a coisa mais importante da
minha vida! — Dei um selinho na minha amiga e fui fazer um pedido para minha mãe.
My Only Sunshine
Nanda
Acordei com uma dor de cabeça dos infernos. Pela janela observei que o sol estava se pondo. Na
mesinha de cabeceira tinha um comprimido de um analgésico e um copo de água, que eu bebi com
prazer. Virei para o lado e vi um cachorro. “PUTA QUE PARIU, DE ONDE SAIU UM CACHORRO?”.
Ele começou a me lamber e aos poucos a memória foi voltando. A conversa com a Cláudia no
banheiro, Clarinha beijando o Vitor, eu dentro de um táxi, passando num quiosque e comprando
caipirinha, depois vodka, na praia da frente do condomínio, Sabrino chegando e se deitando ao meu
lado, Sabrino me defendendo de dois garotos que queriam me fazer mal...
— Sabrino! Coisa mais linda da mainha! Como você chegou aqui? Aliás, como EU cheguei aqui?
— No meu braço tinha um esparadrapo e um hematoma acima da veia. Suspirei com a certeza de que
minha madrinha me aplicou glicose e soro, enquanto eu dormia. — Vish, Sabrino! Tô lascada, a coisa
foi feia!
Ainda tonta, me levantei e olhei meu reflexo no espelho levando um susto. Minha cara estava toda
amassada e cheia de olheiras. “CARALHO! VOU FICAR DE CASTIGO ATÉ OS 30!”. Tomei um banho e
escovei umas vintes vezes os dentes, para tentar tirar o gosto amargo da boca. Na volta para o quarto
encontrei a minha amiga me esperando com uma bandeja.
— Boa tarde, ou melhor, boa noite, dorminhoca! Aqui, mamãe mandou você tomar essa sopinha e
beber aos poucos esse isotônico. — Sorriu lindamente para mim.
Eu estava morrendo de vergonha por tudo. Pelo vexame e, principalmente, por ter tido esperança
onde não deveria ter. Durante o banho, cheguei a uma decisão: deixaria tudo para lá e faria de tudo
para ser como era: A sua melhor amiga! O que eu não queria e não conseguiria fazer, seria me afastar
dela. Porque eu definitivamente era como um girassol e precisava do meu raio de sol pra viver.
— Oi... Clarinha... Ah, desculpe por ontem... Estão muito bravos comigo? — Perguntei já tomando
a sopa.
— Sim e não. — Franzi a testa sem entender. — Sim porque você se colocou em risco. Poxa,
Nanda, poderia ter acontecido tanta merda com você. Sozinha, numa praia de madrugada!? — Ela
falou séria.
— Vacilei mesmo...
— Então, te prepara que vem sermão sobre isso. E você? Tá se sentindo melhor? — Ela
perguntou me olhando carinhosamente.
— Tô, tô sim... Olha, Clarinha... Sobre esses dias, eu queria me desculpar por ter entendido
algumas coisas erradas... — Comecei a falar baixinho enquanto ela tirava a bandeja do meu colo e a
colocava no chão.
— Que coisas, Nanda? — Ela sentou-se bem próxima e eu senti o seu perfume me tirando o foco.
“CONCENTRA, NANDA!”.
— Sobre as aulas, sobre o que aconteceu com a gente. Eu confundi tudo... não vi que pra você
era apenas um experimento científico... — Lembrei sobre o que a Cláudia havia afirmado. — Eu
comecei a achar que era outra coisa… então... eu queria falar pra você que eu continuo sendo a sua
melhor... — Nesse momento, ela colocou o dedo indicador na minha boca me calando.
Sem deixar de me fitar, ela silenciosamente começou a tirar a sua blusa. Engolindo em seco, eu
procurei no seu olhar algum vislumbre que me dissesse o que estava acontecendo. Até que eu vi,
abaixo da sua clavícula direita, uma tatuagem idêntica a minha, mas com as palavras: My Only
Sunshine.
— Não era um experimento, Nanda. Talvez no início sim... Mas sempre teve muito amor... Eu amo
você! Fica comigo?
Sabrino
Essas duas semanas foram insanas, mano! Cês não tem noção! Deixa te passar o papo reto!
Agora meu nome é Sabrino! Lindo, né? Bem apessoado como o ser que vos fala! Antes, meu nome era
algo como: “saidaquisaporra”, “passaforafilhodaputa”.
Eu tava tranquilão lambendo as minhas bolas lá no quiosque do seu Zé, quando a minha mainha
passou. Claro que ela ainda não era minha mãe. Mas sei lá, mermão, a cara dela era de quem queria
comer melancia quente no sol, tá ligado? Tava pronta pro crime. Alguma coisa me fez ir atrás dela. Não
sei se foi o cheiro, que era bom pra carai, ou se os muleque da quebrada que estavam no bico dela, só
de longe...
Fiquei a noite toda escutando ela falar e não entendendo quase nada. Porque não sei se vocês
sabem..., mas vocês são burros demais! Falam nada com nada! Os coisa ruim vieram fazer mal pra
princesa e como sou safo, botei eles pra correr. Depois, chegou minha outra mãe e me levou pra casa.
Virei o mó donodessaporratoda! Durmo um dia em cada cama! Tenho sempre comida no meu
pote e água transparente... vocês sabiam que a água podia ser transparente? E tem uma fada da água!
Meu pote fica vazio e daqui a pouco: TARAM!!!... Aparece água como milagre, mano! Não tô de caô,
sérião mermo!
Fiz uma lista de coisas que eu devo me lembrar para manter minha integridade física:
Não cagar no tapete da sala, o vô fica vermelho e grita como um louco.
Não comer as plantas do japonês maluco... Ele joga coisas em mim e fica falando umas palavras
em árabe, acho...
Não roubar linguiça de cima da mesa, a moça gordinha de avental enlouquece.
Não mijar dentro de casa.
Não mijar no sapato do vô.
Não comer os sapatos de solado vermelho da vó.
Não comer as maquiagens da mamãe amarela, mesmo que sejam cheirosas.
Não roer o controle da TV.
Não roer as cadeiras da sala.
Não mijar nos pneus dos carros da garagem grande.
Se esquecer e acontecer alguma das coisas acima é só deitar de barriga para cima e fazer cara
de pidão!
Maninho, cê não tem noção de como tô cheiroso! Uma vez por semana vou num lugar e me
passam umas melecas, me dão banho, a menina lá fala com voz de retardada comigo. Me passam
mais meleca, mais banho, um negócio que sai vento quentinho, um sprayzinho com cheirinho bom.
A única coisa ruim é que, às vezes, vem a moça de branco e daí mermão: FUDEU. Ela me
cutuca, coloca termômetro no meu cu, enfia uma agulha do cacete..., mas... fazer o que, né?
Outra coisa que eu não curto muito, mas finjo pra deixar a mamãe amarela feliz: TODO SANTO
DIA ELA ME COLOCA UMA ROUPA DIFERENTE! É marinheiro, Super-homem, Homem-Aranha,
bailarina... sim... Daí a mamãe morena falou que bailarina era demais porque achava que eu não tava
gostando. Pior que tudo coça. Mas a mamãe amarela gosta tanto... ela fica tão feliz quando eu deixo.
Sou fofo, fazer o que?!
Por esses dias encontrei o Paçoca, enquanto a mulher da saia curta me levava pra cagar na
pracinha. Depois das devidas cheiradas de cu pra dar “oi”, vi que Paçoca estava com aquele abajur na
cabeça e SEM BOLAS! Ele me contou que foi porque ele queria dar uma aliviada nas pernas do
namorado da mãe dele. Sabe, né? Um nheco-nheco gostoso. Aí, BAM! Tiraram as bolas dele! QUE
DOR, CARAI! NÃO POSSO ME ESQUECER DISSO! Nunca, mas nunca tentar “cruzar” com as pernas
das visitas. Senão as joias da família já eram!
Nos primeiros dias que eu tava aqui em casa eu notei que tudo tava meio tenso. Os vôs e as
mamães tiveram uma conversa longa na sala. Eu não prestei muita atenção porque estava
compenetrado mordendo um brinquedinho, mas pelo que eu entendi era algo sobre não dormir no
quarto uma da outra e algo sobre aniversário. Sei lá, não me importei. Eu durmo sempre onde eu
quero, um dia em cada cama. Vovô chega a me chamar pra dormir com ele, só que ele ronca muito, daí
me acorda.
Tá, vou lá... porque tá na hora do meu sono da beleza, porque tá ligado, né? Um cara lindo e
bem-apessoado como eu tem que se cuidar.
Quase Dezesseis
Nanda
Fazia duas semanas da noite do baile e eu ainda achava que estava sonhando. CARALHO,
MANO! Sabe quando você quer tanto uma coisa, mas acha que é impossível e, no fim, essa coisa
acontece? Ao final, você não acredita! Então...
O primeiro dia foi tenso demais. Clarinha me buscou no quarto junto com Sabrino, para uma
reunião na sala. Estavam Mainha, Padrinho e Madrinha sentados na mesa de jantar, sérios. Mano, me
senti como se fosse para a forca. Sabe aquele episódio do Game of Thrones onde a Cersei fez a
caminhada da vergonha? "Aliás, Cersei crush eterno desde que ela estava naquele filme: Imagine eu e
Você".
Primeiro, levei um sermão daqueles gigantescos, por ter bebido e, principalmente, por ter feito a
besteira de ficar sozinha e vulnerável. Padrinho falou tudo o que poderia ter me acontecido e fez
questão de me contar, em seus mínimos detalhes, alguns casos que ele acompanhou no tempo em
que era promotor.
Se eu achava que não podia piorar, eu estava completamente enganada. Padrinho saiu da sala,
com a desculpa de atender ao telefone. Mainha e Madrinha começaram a falar com a gente sobre
sexo. SIM, MANO! PUTA QUE PARIU! CARALHO! FUDEU, FUDEU, FUDEU!
Não sabia onde me enfiar e estava da cor do uniforme do Chapolin Colorado. Não dava um pio.
MANO DO CÉU! Eu queria me enterrar em algum canto. Fugir dali o mais rápido possível, mas a
Clarinha ficava retrucando... Tudo, mas tudo! Nada ela aceitava sem antes retrucar e querer saber
todos os porquês!
Aí Mainha falou: "E chega de vocês dormirem juntas, agora cada uma no seu quarto.". Clarinha
virou o Hulk! Virou uma tigra! Começou a argumentar que ela já tinha 15, quase 16 anos e questionar
sobre qual século que elas viviam e tal... E eu querendo ir para Marte, Vênus, ai, CARALHO! Madrinha
resolveu dizer para ela diminuir o tom porque "ela não estava falando com as coleguinhas de escola
dela" e que tinha que ter respeito e tal.
E eu muda, olhando o Sabrino lamber as bolas... Até que recebi um tabefe na cabeça, dado pela
Ana Clara, para que participasse da "conversa".
Depois de muita discussão, ficou decidido que nós poderíamos "ficar no mesmo quarto" se é que
vocês me entenderam, só depois do aniversário de 16 anos da Clarinha e o meu de 18. Antes disso, a
madrinha nos levaria ao ginecologista porque, mesmo que fosse impossível uma gravidez, sim,
adivinha quem falou isso? Clarinha! Claro... "Ah, tá mãe, acha que a Nanda vai me engravidar?!". Puta
que PARIU! Fecha essa boca, menina! Então, mesmo que fosse impossível uma gravidez, nós
passaríamos a fazer exames preventivos todos os anos assim que iniciássemos a vida sexual.
E a Madrinha começou a dar uma aula sobre sexo seguro DST’s e o CARALHO! Clarinha só me
olhou de canto de olho. FUDEU, FUDEU, FUDEU, MANO! Eu estava morrendo de medo que ela desse
com a língua nos dentes e falasse: "Ah, mas a Nanda é ativa desde os 13". Aí sim eu tava FUDIDA!
Mas a cretina me olhou e deu um sorrisinho, tipo: “Aham, vou fingir para elas que você é virgem”.
FILHA DA PUTA!
Outra coisa que a Madrinha pediu é que a gente não contasse para ninguém, porque senão o
pessoal lá da família dela ia azucrinar a vida dos daqui de casa. Então, por mim tudo bem, desde que
eu esteja com ela, não precisaria mostrar ao mundo. Lógico que Clarinha ficou falando horrores e tal...
Dizendo que era uma falta de respeito com ela...
No fim, achei que seria muito fácil respeitar tudo o que foi combinado. Mas eu havia esquecido o
ponto principal: Ana Clara Alcântara Machado. Essa menina, quando colocava uma coisa na cabeça
era foda, mano! E ela achava a maior besteira esperar. Por ela seria agora! PUTA QUE PARIU! ESSA
MENINA TINHA UM FOGO!
Tudo era desculpa para ela me agarrar. A todo momento ela arrumava uma maneira diferente.
"Ah, Nanda, me ajuda a regular a esteira na academia?". Pegação na academia! "Nanda, você me
ajuda com a tarefa de matemática?". Bulinação por baixo da mesa. Sem falar na escola que era
território mais livre. Nossos amigos começavam a estranhar porque não nos viam mais nos intervalos.
A gente ficava se pegando em qualquer canto mais desabitado e estava sendo cada vez mais difícil
não ceder totalmente. A coisa boa disso tudo é que eu só encontrava a Cláudia na sala de aula.
"Nanda, é uma membrana de nada! Grande coisa! A gente já faz quase tudo mesmo!". E isso
fazia com que eu quase, QUASE mandasse tudo a merda e “seja o que Deus quiser!”. Mas aí, eu
lembrava do que eu estava planejando para o aniversário dela e recuava, deixando Ana Clara mais
PUTAÇA comigo. Sério, teve uma vez que ela ficou um dia inteiro sem me dizer uma única palavra!
Mas graças a São Jorge o nosso aniversário seria daqui alguns dias. Clarinha não queria festa,
mas o Padrinho fez questão de reunir a família e os amigos, ou seja, festão.
Todos os anos, na noite do nosso aniversário nós passávamos juntas, olhando as estrelas. Esse
ano, consegui convencer a Madrinha a nos deixar ir para uma pousada em Búzios. MANO, cheguei a
implorar de joelhos. Ela só aceitou quando concordei que o Alfredo fosse junto e ficasse em outro
quarto na mesma pousada. Fazer o que, né? Melhor que nada.
Então procurei na internet o lugar ideal, gastei uma grana que era para um alforje foda que eu
compraria para a moto. Mas eu queria ter a certeza de que tudo ficaria perfeito. Clarinha só ficaria
sabendo ao final da festa. Eu arrumaria umas roupas dela e deixaria organizadas junto com as minhas.
“MANO, TAVA NERVOUSER!”.

Ana Clara
Depois da conversa com a mamãe e a Mazé, a Nanda resolveu que logo COMIGO seria toda
certinha. AFF! Quantas vezes ela me contou das transas e dos rolos que ela teve! Ai, eu quero! Será
que tinha algo errado comigo? Fazia de tudo e na hora H ela conseguia se esquivar. “AI, QUE RAIVA!”.
Cansei de usar sainhas curtas para provocá-la. Quando a gente se sentava na sala para ver TV,
eu sempre ficava longe dela e, assim que a Mazé levantava para ir ao banheiro, abria as minhas
pernas e acariciava a minha pepeka por cima da calcinha. Ela segurava a respiração e eu mordia meu
lábio. Só que logo a Mazé voltava e a Nanda nem me olhava. Tinha que me contentar com o Nick
Jonas. Aliás, ultimamente estava sendo muito bem usado!
Outro dia, a chamei para me ajudar na lição de matemática. Ficamos na sala de jantar com os
livros abertos. Quase todo mundo estava fazendo seus afazeres e meus pais no trabalho. Ela estava
compenetrada tentando me ensinar uma matéria que eu já sabia. Eu dava beijinhos no seu pescoço e
fazia carinho nas suas coxas. Sua respiração já estava fora do normal.
— Clarinha, para! Presta atenção... — Ela suplicou.
— A aula que eu quero é outra, você sabe muito bem disso. — Rocei minhas unhas na sua
pepeka por cima do seu short curto.
— Para, por favor... Eu não sou de ferro. — Ela gemeu num sussurro.
— Poxa, Nanda, eu tô cansada de usar o Nick Jonas. — Lambi sua orelha. — O que eu mais
quero são os seus dedos… Ai, Nanda... Por favor... Me faz gozar, faz... por favor... — Coloquei a mão
por dentro do short dela que fechou os olhos em agonia.
— Pro... Promete que depois você espera até nosso aniversário? — Perguntou relutante e eu
quase pulei de alegria.
— Aham... — Fingi que aceitei. Agarrei a sua mão e fomos para o vestiário da piscina, que
naquele horário sempre estava vazio.
Chegando lá, esperei que ela fechasse a porta e, quando ela se virou, eu já estava em cima do
balcão, na mesma posição do dia em que fomos interrompidas. Vi pelo seu olhar que ela se lembrou
exatamente disso.
Minha amiga se encaixou nas minhas pernas e eu comecei a beijar seu pescoço. Como a minha
sainha já estava levantada, ela colocou minha calcinha para o lado, levando sua mão até meu sexo
encharcado. OMG! Nanda começou a fazer uma fricção gostosa no meu nervo rígido, pulsante. “Nick
Jonas, você é ótimo, mas a Nanda é muito melhor!”. Passei a rebolar na sua mão enquanto a beijava
com muito desejo.
Nos beijávamos como duas loucas porque essa “seca” que nossas mães estavam nos impondo,
tirava nossa sanidade. Agarrei o mármore da pia para me equilibrar enquanto meus gemidos eram
ouvidos pelo banheiro vazio.
— Mostra os peitinhos pra mim, mostra... — OMG! Nanda falou isso com uma voz rouca tão
gostosa, que mesmo achando impossível, fiquei ainda mais molhada! Com uma mão levantei a
camiseta que eu vestia e ofereci um seio a ela, que prontamente o sugou. AHM! Parecia que a sua
boca possuía uma ligação direta com a minha pepeka, porque deu uma fisgada gostosa lá e causou
uma pressão ainda maior. — Agora faz assim, pega os dois peitinhos e segura juntinho pra mim,
segura, gatinha... — Sorriu maliciosamente e eu apenas fazia o que ela pedia, me contorcendo em
suas mãos.
Ao mesmo tempo em que ela fazia um movimento delicioso no meu sexo umedecido, ela brincava
nos meus seios e... OMG! Como era bom! Ela chupou cada seio: hora um, hora o outro... lambendo,
mordendo, puxando com os dentes a ponto de dar uma dorzinha gostosa. Eu não sabia o quanto era
deliciosa essa brincadeira nos mamilos... Principalmente, quando ela fazia desse jeito...
— Tá bom assim, minha gostosinha, tá? Nossa, como esse peitinho é delicioso! Caralho... eu
sempre sonhei em mamar nesses dois peitinhos. Fala pra mim... fala? Uhm... — O tesão era gigante na
sua voz e ela me olhava fixamente. Não conseguia responder, somente gemia. Só tive forças para
balançar a cabeça afirmativamente. “OMG! Acho que eu vou desmaiar!”. — A minha gatinha quer que a
Nandinha lamba seu grelinho? — Ela perguntou sussurrando ao meu ouvido. OMG! Ela falando
sacanagem me deixava morta de vergonha e ao mesmo tempo muito excitada. Era enlouquecedor.
— Se você não responder, eu não vou fazer nada, Clarinha. — Ela falava e continuava a me tocar,
só que mais lentamente... e eu estava quase gozando... AI, QUE VERGONHA!
— Si... simmm. — Disse com súplica no olhar. OMG! Nanda vai fazer o que eu sempre desejei,
desde que assisti ao filme com ela... Não consegui parar de olhá-la.
A minha amiga sorriu para mim, toda cafajeste, enquanto tirava a minha calcinha, a guardando no
bolso do seu short. Ela se abaixou, ficando na altura do meu sexo, com os seus olhos fixos nos meus e
começou a lamber meus grandes lábios. A sensação era... nossa... era demais! Não controlei mais os
meus gemidos que já saíam como gritinhos finos. Até que ela fez algo que eu nunca pensei que fosse
possível: beijou de língua meus pequenos lábios e meu clitóris. OMG! Eu nunca senti uma sensação
assim! “Por que eu esperei tanto tempo? Que boca é essa? Ai, Nanda!”.
Comecei a murmurar seu nome como se fosse um mantra, enquanto ela chupava meu clitóris,
não deixando escapar as minhas reações. Agarrei a sua cabeça rebolando na sua boca. Estava
completamente entregue... Parecia que meu corpo tinha vida própria... Não conseguia controlar os
meus quadris. Até que um orgasmo arrebatador veio em forma de um líquido quente, que escorreu pelo
rosto da Nanda: “OMG, EU FIZ XIXI!”.
Feliz Aniversário
Nanda
O toque do meu celular me despertou às cinco da manhã. Me levantei de um salto, corri até o
banheiro, escovei os dentes e saí silenciosamente para não acordar Mainha que tinha o sono leve. No
jardim, olhei a sacada do quarto da Clarinha e pensei em como escalar até lá em cima, sem quebrar o
pescoço. Subi até o sótão e escorreguei do telhado até a sacada. Não sei como, mas não fiz nenhum
barulho.
A minha pequena estava deitada de bruços e eu imediatamente comecei a salivar. "Ai,
CARALHO, Nanda te controla". Puxei a manta com cuidado para não a acordar e a visão me tirou o ar
que restava. Aquela bunda redondinha tinha uma calcinha fio dental enfiadinha... Nossa! Me aproximei
lentamente deitando entre as suas pernas. Por alguns segundos fiquei admirando a “paisagem”. Sabe
quando você estava em um buffet livre e tinha tanta coisa gostosa que não sabia o que comer
primeiro? Era exatamente o que me definia naquele momento.

Ana Clara
Tinha certeza que estava sonhando. Nanda lambia todo meu sexo, desde a minha bunda até a
minha pepeka. Em um estado límbico, em que eu não sabia se estava dormindo, ou acordada, abri
mais as pernas dando a ela mais espaço. Estremeci quando ela retirou minha calcinha mordendo a
minha bunda, separou as minhas bandas lambendo meu ânus... OMG! Que sensação deliciosa, nunca
pensei que seria possível sentir tanto prazer nesse lugar. Olhei para trás e a vi me olhando com aquela
cara de safada, sem deixar de me lamber. Nossa! Sexy!
Senti o lençol embaixo de mim encharcar com a minha umidade. Naquele momento, eu já estava
totalmente acordada e ADORANDO a surpresa! Comecei a rebolar na sua cara e empinei mais a bunda
gemendo. Nanda soltou um gemido longo. Sabia muito bem o quanto ela amava esta parte da
anatomia feminina, especialmente a MINHA.
Minha amiga melou seu dedo indicador na minha excitação e começou a brincar ao redor do meu
ânus, enquanto chupava meu clitóris. OMG! Eu já estava na borda e não aguentaria muito tempo. Até
que ela penetrou sua língua na minha entrada. "GEZUIS! Isso é possível?".
Eu continuei a rebolar, cada vez mais desordenadamente. Ela estava com a cara toda enfiada em
mim e parecia adorar cada vez mais... Sentia uma mescla de sensações que fizeram com que eu me
contorcesse em um gozo deliciosamente prazeroso. Quando por fim eu me acalmei, Nanda subiu pelo
meu corpo me dando beijinhos.
— Feliz Aniversário, My Sunshine! Que venham mais 20, 30, 40 anos ao teu lado. Gostou do
presente? — Ela perguntou sorrindo safada.
— Uhm, amei. Pode me acordar sempre assim, eu deixo... — Falei dengosa.
— Sem xixi hoje? — Ela me disse com um meio sorriso.
— Ai, para, Nanda! — Dei tapinhas nela. — Tá... Agora eu sei que era ejaculação feminina.
— Era não…
— Sério? — Perguntei sentindo minha face corar.
— Não, mas amo ver você com vergonha. — Ela mordeu meu ombro com carinho.
— Ai, para! — Escondi o rosto no travesseiro, até que ela me prendeu em um golpe de jiu-jítsu e
me obrigou a olhar para ela.
— Você fica ainda mais linda toda vermelhinha... Toda envergonhadinha... Princesa... eu acho que
peguei pesado lá no vestiário e falei muita putaria… — OMG! Como assim? Aquilo foi o que eu mais
AMEI!
— Nanda… eu... meio que… meio que adorei…
— Pequena, eu não devia… você deve ser tratada com todo o respeito e carinho, amor… — Sua
perna ficou entre as minhas e o que eu mais queria naquela hora era que ela me comesse.
— Nandinha... eu quero que você faça comigo tudo aquilo que contava que fazia nas outras
meninas...
— Tudo é?
— Quase tudo...
— Safada... — Ela sugou meu lábio inferior. — Eu ainda vou ver o dia em que você vai falar
sacanagem pra mim.
— Nem morta! — Escondi novamente a cara no travesseiro.
— Amor, eu tenho que ir agora. Mainha daqui a pouco bate no meu quarto pra vir trazer seu bolo
de aniversário. Imagina se eu chego e peço à benção a Mainha com essa cara com cheirinho delicioso
de bucetinha de Clarinha… — E ela saiu pela janela rindo.
— Nanda… Palhaça! — “OMG! Ela fala cada coisa que me dá um calor! Essa Nanda... Como não
ficar a cada dia mais apaixonada por ela?”.
O dia passou rapidamente e, como sempre, todos vieram ao meu quarto pela manhã cantar
parabéns. AMO! A noite chegou e tudo estava pronto para esperar os convidados. Consegui convencer
os meus pais a não ter muita frescura na festa. Então, era basicamente um coquetel com música ao
vivo, onde as pessoas poderiam se sentar e conversar tranquilamente.
Papai e mamãe me estranharam por eu não querer uma balada completa. Mas hoje, o que eu
mais queria era todo mundo fora daqui o quanto antes, para eu poder ficar sozinha com a minha
Nanda.
— Clarinha, cada dia mais linda! — Tio Cléber chegou com o resto da família.
— Obrigada tio e que bom que vocês vieram. — Agradeci já tentando me afastar, mas ele me
puxou pelo braço discretamente.
— Filha, dê uma chance ao Vitinho. O menino está desolado, pense bem... Não é por ser meu
filho, mas é um partidão! — Ele falou.
— Ah, tio, é que eu tô gostando de outra pessoa.
— Posso saber quem é? Não é por nada não, filha, mas é que eu gosto muito de você... Sabe
como tem gente interesseira nesse mundo.
— Sei sim, tio, fica tranquilo que eu sei me cuidar... — Me afastei rapidamente.

Sabrino
Essa coisa que a mamãe amarela colocou em mim tá me dando uma coceira do cacete, mermão.
Tô aqui embaixo dessa mesa tentando tirar, mas não tá rolando. Ah, uma coxinha! Já gostei do lugar!
Ó, DEUSES DAS COXINHAS E SALGADINHOS, FAÇAM COM QUE CAIAM MAIS AQUI!
Tava de olho, só na encolha, vendo se caía mais alguma coisa pra encher minha pança, quando
eu escutei o homem com cara de peixe morto falar pro marombado.
— Você é uma completa decepção! Nem para isso você serve. A menina estava doidinha por
você, te venerava! E você deixou escapar!
— Eu não sei o que aconteceu, pai, de uma hora pra outra…
— Cala a boca! Não me faça perder a paciência. Escuta o que eu tô te falando: descobre quem é
esse talzinho aí, pega teus amigos e dá uma lição nele, mas seja discreto.
— Eu já perguntei para todo mundo e ninguém sabe quem é...
— Não me interessa. Honra o que você tem dentro dessas calças! Nós precisamos dessa
herança. Se você não estiver noivo dela até o ano que vem, meus planos vão por água abaixo. E você,
moleque irresponsável, vai ter que trabalhar!
— Pô, pai…
— Arruma um jeito de fazer um filho nessa menina! Pelo amor de Deus, o que eu fiz de errado?
Um filho que não abre a boca pra nada, até achava que era meio afeminado... Pelo menos agora tá
tendo serventia, namorando com a filha dos Nadge… E você? Uma decepção!
Enquanto lambia a minhas bolas escutava a conversa sem entender porra nenhuma. Olha lá uma
empadinha... me dei bem!

Nanda
CARALHO de relógio! As horas não passavam nunca nessa merda! Ai, se eu for obrigada a
escutar mais uma história do seu Manoel contando quando ele foi pescar, vou cortar os pulsos.
— Seu Manoel, o senhor me dá licença, preciso ver se Mainha precisa de algo. — Ele olhou para
os lados e viu que estávamos longe das outras pessoas.
— Nanda, minha filha, eu sei que você é uma boa amiga da minha neta. Mesmo sabendo a sua
condição social, eu gosto dessa amizade! — “Ai, meu Deus!” — Ana Clara é uma menina muito pura...
Então, eu queria pedir a você, para, a partir de hoje, ficar de olho em quem se aproxima dela. — O
velho disse sério. — Ela é uma menina bonita, rica e de boa família. Eu soube que ela não quer mais
namorar o menino do Cléber...
— Desculpe, Seu Manoel, mas eu não...
— Espere, menina, escute o que eu tenho a dizer. Você me contando tudo o que acontecer e,
principalmente, com quem ela está se relacionando... Será muito vantajoso para você e sua mãe. —
“Mano, eu não tava acreditando que o velho tava tentando me COMPRAR!”. — Eu conto com você
para me avisar, caso ela fique próxima a alguém que não seja do nosso meio e da nossa raça, se você
me entende. Se for alguém fora dos padrões da família...
Sabe quando você fica totalmente sem reação? Aquele velho havia realmente falado o que eu
ouvi? Além de tentar me subornar para ser dedo duro, ele não queria Clarinha perto de gente de outra
“raça”, sério? “PUTA VELHO PRECONCEITUOSO DO CARALHO!”. Imagina se ele descobrisse que,
além de ela estar com alguém que tem avô negro, ainda é do sexo feminino. MANO, QUE NOJO! Mas
como eu não queria fazer escândalo no aniversário da minha princesa, resolvi apenas fazer de conta
que não entendi.
— Desculpe, seu Manoel, eu tenho mesmo que ir. — Fugi o mais rápido que pude de perto
daquele homem que me causava asco.
Não deveria. Mas do que adiantaria fazer um barraco com o avô da Clarinha? Quantas vezes o
Padrinho contou o quanto ele sofreu para manter o relacionamento com a Madrinha. Agora eu entendia
o que a Dra. Alice tentou avisar sobre o pai dela. Puta que pariu!

Ana Clara
O chato do Vitor passou a festa toda me seguindo. Poxa vida! Será que ele não conseguia
entender que eu não estava mais a fim? E se fosse comparar, o beijo dele era muito gosmento. Parecia
que eu havia beijado um peixe, urgh! Ele me babou toda! Ao contrário do beijo da Nanda... Os lábios
dela eram macios, quentes, suaves... Se moviam da maneira certa... o encaixe... Nossa... O nosso
encaixe era perfeito!
No final, apenas a família do Vitor ainda estava na festa. Queria que eles fossem logo embora e
toda hora fazia sinal para minha mãe que me olhava como quem dizia: “O que você quer que eu faça?”.
Até que eles se mancaram e resolveram ir para casa. AFF! Tava louca para puxar a Nanda para o ofurô
depois que todos fossem dormir. “Ué, cadê a Nanda?”. A procurei pela casa inteira até que a encontrei
vindo da garagem.
— Nanda, onde você tava? — Perguntei desconfiada.
— Pequena, tenho uma surpresa de aniversário pra você. Eu vou te sequestrar. — Me beijou
delicadamente.
— Mas como... A mamãe e o papai não vão gos...
— Calma, gatinha! Já falei com eles. Você acha que eu sou louca em fazer uma coisa dessas sem
os padrinhos saberem? Alfredo vai nos levar. — A minha amiga me puxou para a garagem.
— Nanda, espera, eu tenho que pegar roupa, dar tchau…
— Não precisa! Todos estão avisados, amor. Vem comigo! — Ela disse abrindo a porta para mim.
Alfredo sorriu cúmplice. “Ai, o que essa menina tá aprontando?”.
Minha melhor amiga se sentou no banco traseiro comigo, me abraçando feliz. Notei que seu
coração batia fortemente pela emoção. Mesmo muito curiosa, o balanço do carro foi me acalmando e,
por fim, dormi em seu peito.

Nanda
“Ai, ANSIEDADE DO CACETE! Essa pousada que não chegava nunca!”. Havia feito a reserva
com todas as recomendações do que eu gostaria que tivesse na suíte. “Será que ela vai gostar? Será
que não vai achar muito brega? Ai, to nervouser!”.
Quando enfim chegamos, o Alfredo foi até a portaria pegar a chave dos dois chalés. O que eu
aluguei possuía vista para o mar e, como a pousada ficava em um lugar bem isolado, uma parede era
toda de vidro, mas possuía cortinas garantido a privacidade. Carreguei nossas malas e não consegui
ver a cara da Clarinha porque ela estava na minha frente.
— Amor, fecha os olhos. — Pedi quando chegamos próximas a porta. Me atrapalhei toda com a
chave e atirei as bolsas de qualquer jeito para dentro segurando a sua mão entre as minhas.
Nosso chalé era composto de um quarto com uma cama king size bem no meio, numa posição de
onde poderíamos ver a mata atlântica e o mar. O banheiro ficava do lado direito com um reservado,
mas todas as outras coisas integravam o quarto. O chuveiro, a hidro...
Pedi a dona Jurema, a proprietária da pousada, que decorasse o ambiente com velas aromáticas
e flores. A banheira também estava cheia e com água quente. Na grande cama, repleta de pétalas de
rosa, um lindo girassol se encontrava no centro como se estivesse nos esperando.
Morrendo de ansiedade olhei para Clarinha, que estava com as mãos juntas na boca sem emitir
nenhum som. Ela se dirigiu até a cama e segurou a flor amarela da cor dos seus cabelos.
— Clarinha, se você não gostou a gente pode ficar em outro quarto, tá? — Comecei a falar
apressadamente e no mesmo momento, ela se atirou contra meu corpo, me beijando várias vezes.
— Eu amei... Amei... Amei... Amei... Amei! — Cada palavra era acompanhada por um beijo.
Caímos em cima da imensa cama e eu me ajoelhei a puxando junto a mim.
— Ana Clara, espera... Preciso falar uma coisa pra você. — Minha voz embargada denotava toda
a emoção que eu estava sentindo. Segurei sua pequena mão entre as minhas, tão branca,
contrastando com o tom moreno da minha pele e a olhei nos olhos. — Desde que a gente se conheceu
fiquei encantada com a sua meninice, com o seu jeito simples, com o seu coração gigante... —
Lágrimas corriam livremente pelos nossos rostos. Entreguei o girassol a ela. — Enquanto a gente foi
crescendo, o meu sentimento ia mudando e eu o enterrava dentro do peito... Mano, eu morria de medo
de fazer qualquer coisa para afastar você da minha vida. Eu preciso de você como o girassol precisa
do sol. — Toquei seus cabelos. — Você é o meu sol, meu raio de sol. Sabe, me acostumei com a ideia
de ser somente a sua melhor amiga. Mas um dia, você com seu jeito maluquinho de ser, mudou tudo.
Virou o meu mundo de ponta cabeça! — Ela começou a rir. — E me fez ter esperança de algo mais, de
um futuro diferente… O que eu quero perguntar é: se você… Ana Clara Alcântara Machado, você
aceita ser minha namorada? — Tirei do bolso uma caixinha com dois cordões de ouro com pingentes
de sol, em cada um tinha o nome de uma de nós duas. Meu coração parecia que saltaria pela minha
garganta. Clarinha me abraçou fortemente tão emocionada quanto eu.
— Nanda, é tudo o que eu mais quero! — As nossas lágrimas se misturavam, o nosso abraço era
tão intenso e forte que parecia que queríamos nos fundir em apenas um só corpo, como se fosse
possível. A minha pequena soluçava e eu beijava seu rosto lindo.
— Vem, vem beber alguma coisa para se acalmar. — A puxei até o frigobar. A minha namorada…
Sim, MINHA NAMORADA, me segurava firme pela cintura como se fosse difícil me soltar. A fiz tomar
um pouco do refrigerante que ela mais gostava e, aos poucos, nós duas fomos nos acalmando, entre
beijinhos e carícias delicadas.
Tracei as suas feições com as pontas dos meus dedos, como se eu quisesse eternizar em minha
memória aquele momento... Até que nossos lábios foram se aproximando num beijo cheio de
significado. A sua língua se enrolava na minha, explorando cada parte da minha boca. O beijo foi se
intensificando cada vez mais e nós duas já ofegávamos. A minha menina teria uma noite inesquecível!
Coloquei minhas mãos por baixo do vestido, apertando a sua bunda e, PUTA QUE PARIU, QUE
BUNDA! No mesmo instante a ouvi suspirar e arranhar com força a minha nuca desnuda. “Vai ficar
marca disso, certeza!”. Desci o zíper do seu vestido e o deixei cair aos seus pés.
Senti como se tivesse levado um soco no estômago, tamanha a beleza da minha menina. Como
ela podia ser tão perfeita por dentro e por fora? CARALHO! Ela usava uma lingerie branca, de renda e
seus seios estavam esmagados naquele sutianzinho pequenino: “Calma, gêmeos, Nandinha logo, logo
vai cuidar de vocês.”.
Agachei em frente a sua buceta, passando meu nariz por toda área que eu desejava tanto,
aspirando profundamente. Senti aquele cheiro único e tão feminino que me viciou desde o primeiro
momento. Lambi e chupei sua intimidade molhada por cima da calcinha de renda. Dando pequenos
chupões pelo seu corpo, fui subindo pela barriga, vale entre seus seios e puxei com os dentes o sutiã
rendado que bateu na sua pele com um estalo. Clarinha deu um pequeno gritinho fino, enquanto
agarrava meus cabelos. “MULHER GOSTOSA DA PORRA!”.
— Hoje eu vou te amar sem pressa, como você merece! Vou lamber e chupar cada cantinho do
teu corpo. — Sussurrei com a minha voz rouca ao seu ouvido. A cada nova palavra seus pelos ficavam
mais eriçados. Ana Clara segurou meu rosto, me tomando em um beijo faminto e chupando
intensamente a minha língua. Nós duas sorrimos em meio ao beijo. O tesão estava nas alturas.
Me livrei do seu sutiã e seus seios caíram pesadamente, sem resistência. Os mamilos durinhos e
rosados, pedindo que eu os chupasse. Comecei a mamar em um e depois no outro, repetidamente. Ela
parecia uma gatinha ronronando. Ela tremia e, com cuidado, a coloquei na cama.
— Deita, minha pequena... Deita. Me deixa cuidar de você. Eu vou te comer bem gostosinho e
sem pressa, como eu sempre quis... — Falei enquanto a conduzia até a cama, a deixando
completamente vermelha e sem ar.
Aqueles olhos azuis, cada vez mais escuros com suas pupilas dilatadas de excitação,
acompanhavam tudo o que eu fazia. Sei que ela morria de vergonha em falar putaria, mas isso eu
mudaria nela com o tempo... “Ah se vou!”. Ainda mais que eu descobri que ela se excitava me ouvindo
falar obscenidades.
Clarinha observava a tudo atentamente, enquanto eu tirava meu vestido sensualmente. A
umidade que molhava a sua calcinha podia ser vista e eu salivava em antecipação.
— Vem, Nanda... — Pediu chorosa, no momento em que abri meu sutiã e apertei os meus seios,
puxando os biquinhos, sem nunca desviar o olhar do seu.
— Eu já vou, minha gatinha. Só me deixa tirar a roupa. — Me fiz de desentendida. Abaixei a
minha calcinha e passei o indicador no meu clitóris. — Olha como tá durinho, Clarinha... É por sua
causa. — A minha menina ficou hipnotizada, mordendo os lábios, enquanto eu continuava a me tocar.
Sei que aquilo a estava torturando, até que ela não aguentou mais e num pulo me puxou para cama.
Ela se sentou sobre minha cintura e puxou meus mamilos, apertando gostoso. — Ah... gatinha! Chupa,
chupa aqui meu biquinho... Vem mamar na Nandinha, vem... — E, então, ela veio. “PUTA QUE PARIU!
QUE MENINA GOSTOSA DA PORRA!”.
Não resisti e inverti nossas posições. Comecei a me roçar nela, mesmo por cima da calcinha e
cada vez que eu friccionava seu clitóris ela gemia.
— O que você quer que eu faça, minha gatinha? — Perguntei sem parar aquele vai e vem
gostoso. — Fala, minha gostosa, fala pra sua Nandinha.
— Nanda... Ahm...
— Você quer que eu te coma bem gostoso, quer? Pede pra sua Nanda, pede... — Sabia que eu já
estava abusando demais, tinha certeza que ela nunca falaria sacanagem na primeira vez…
— Nanda, vai... por favor... — Sua expressão era quase de desespero e eu sentia suas unhas
cada vez mais fundo na minha pele, na tentativa de um contato maior entre nossas bucetas
encharcadas.
— Vai o que, amor? — Parei o movimento e ela me arranhou tão forte que deveria ter tirado
sangue!
— NANDA, CACETE! ME COME! Eu não tô aguentando de tesão! — Ela suplicou desesperada.
Sorrindo descaradamente, desci e arranquei a sua calcinha. Sua bucetinha estava deliciosamente
molhada, tanto que chegava a escorrer por entre suas pernas. Comecei a chupar com vontade aquela
delícia, rodeando o grelinho com a minha língua.
— Aiii, Nandaaa...
— Isso, gostosa, geme pra mim, vai... — Subi até o seu rosto e dei um beijo que a deixou
totalmente sem fôlego — Gatinha, se você quiser que eu pare a qualquer momento é só falar, tá? E
também se ficar desconfortável pra você... — A minha pequena concordou com a cabeça e eu voltei a
chupar com gana seu clitóris, a fazendo arquear suas costas dando um grito.
Acompanhando atentamente a todas as suas reações, penetrei lentamente um dedo na sua
buceta, sentindo uma pequena resistência.
— Tudo bem, amor? Eu vou colocar mais um, tá? — Ela se retesou um pouco e, para dar tempo
para que ela se acostumar com a intrusão, deixei meus dedos parados, enquanto lambia seu clitóris
vagarosamente.
Quando ela começou a rebolar, percebi que tinha sinal verde para iniciar as estocadas. Chupei
seu seio sem parar de comer aquela bucetinha delícia. Minha namorada parecia uma gata no cio.
Gemia, me arranhava, rebolava. “Que loucura de mulher, cacete!”.
Enquanto isso, eu roçava o meu sexo em sua perna direita, fazendo fricção e sentindo o meu
próprio prazer se aproximando. Os gritos dela estavam cada vez mais desesperados e eu via que logo
ela gozaria. O orgasmo da minha menina veio intenso e rápido, no exato momento em que meu dedão
pressionou seu clitóris.
— Nandaaaa... Caralhooo... — Seu corpo convulsionou várias vezes e ela deu vários gemidinhos
depois do gozo.
Eu estava com tanto tesão e precisava ter meu alívio imediatamente que, rapidamente, levantei
sua perna direita e me encaixei, fazendo nossos clitóris se encontrarem.
— Ai, Nanda que delicia isso... — Apertou os próprios seios. Sabia que ela deveria estar muito
sensível ainda e que o estímulo tinha que ser feito com cuidado.
— Tá gostoso, tá? Meu grelinho lambendo o teu? Tá?
— Aiii, sim... — Falou isso e cravou as unhas na minha cintura me puxando para aumentar o
contato entre nossas bucetas. “CARALHO, vou precisar de uma transfusão de sangue, do tanto que
devo tá perdendo nessas unhas”. — Nandaaa, mais... Mais rápido... Por... Por favor. — Apoiei minha
perna direita no colchão para dar o que a minha menina queria e após algumas fricções intensas,
nosso gozo se misturou e caímos esgotadas na cama.
— Nanda?
— Uhm?
— Eu amo você. — Sussurrou com os olhos fechados.
— Eu te amo mais. — Sorri me deitando na curva do seu pescoço.
— Feliz aniversário, meu amor... — Falou já caindo no sono com um sorriso satisfeito nos lábios.
Mengão
Ana Clara
Não sei por quanto tempo eu dormi. Aos poucos fui despertando, sentindo dedos fazendo
carinhos na minha pele. Inúmeros desenhos imaginários eram traçados desde a minha nuca, até a
polpa da minha bunda. Fiquei com os olhos fechados aproveitando. Uma pequena ardência no meio
das minhas pernas, me lembrou do quanto a minha namorada foi carinhosa comigo. Sim, MINHA
NAMORADA. Tinha como ser mais feliz?

Flashback on
O nervosismo fez todo o meu corpo tremer. “O que essa menina está aprontando, GEZUIS!”. Ela
pediu para que eu fechasse os olhos e não pude deixar de rir, ao perceber como se atrapalhava com as
malas e a chave. Quando por fim ela me levou para dentro do chalé, fiquei totalmente paralisada.
Prendi um grito com as minhas mãos!
Sempre fui uma menina que acreditava em príncipe encantado. Sonhava com um namorado que
me esperaria na porta da escola com um buquê de flores, ou mandaria entregar: bombons, mimos,
ursos... Sim, fazia o estilo bem garotinha e romântica.
Mas nem nos meus sonhos imaginei o que a Nanda preparou: uma cama cheia de pétalas de
rosas, um girassol no meio, o quarto todo às escuras, apenas com velas aromáticas de verbena. “OMG!
Ela lembrou que amo essa flor.”. Uma janela gigantesca de vidro mostrava a lua cheia e o mar ao
longe. No canto havia uma banheira de hidro ligada e decorada e uma mesa cheia de frutas e
bombons. Para que um príncipe se eu tinha a melhor princesa de TODAS!?
E, como num conto de fadas, ela me entregou o girassol e dois pingentes lindos com nossos
nomes gravados, me pedindo para ser sua namorada. O choro foi de emoção. Nós duas nos
amávamos. Eu sempre a amei, mas o sentimento foi mudando... Amadurecendo.
Ela me levou até o frigobar para beber alguma coisa para que eu me acalmasse. Nossa, como ela
era carinhosa! Seus dedos finos acariciavam o meu rosto. O beijo não demorou a acontecer... Sereno e
carinhoso. A Nanda me beijava como se eu fosse a coisa mais preciosa da terra. Aos poucos o beijo foi
se intensificando e nossas línguas se enroscavam. O ar já nos faltava. Enquanto ela colocava suas
mãos por baixo do meu vestido, apertando fortemente a minha bunda, eu chupava seu lábio inferior e
dava leves mordidinhas.
Nós gememos e eu estava tão excitada que arranhei fortemente a sua nuca, a fazendo soltar um
gemido doloroso. Ela retirou o meu vestido e prendeu a respiração, me olhando faminta. O meu peito
subia e descia rapidamente. A minha namorada caiu aos meus pés, roçando o nariz na minha pepeka.
“Oi?? Ai, que vergonha!!”. Inspirou profundamente como se fosse o aroma mais delicioso do mundo.
Mordi meus lábios fortemente de tensão e expectativa. No mesmo momento, ela levava sinuosamente
a sua língua até meu sexo umedecido por cima da minha calcinha.
Sempre soube que a Nanda era extremamente sexual e sensual, ainda mais pelas histórias que
ela me contava. A minha amiga sempre me relatou, com todos os detalhes, os encontros e transas.
Lógico que eu a enchia tanto, mas tanto, até que ela se dava por vencida e falava tudo o que havia
acontecido. Só que eu nunca imaginei que sentir... e vivenciar tudo isso, era infinitamente melhor.
Dando mordidas e chupões na minha pele, ela subiu até meus seios. Fiquei na expectativa do que
ela faria em seguida. Minhas mãos continuavam a arranhá-la loucamente, demonstrando o quanto eu
estava amando a experiência.
— Hoje eu vou te amar sem pressa, como você merece! Vou lamber e chupar cada cantinho do
teu corpo. — A sua voz enrouquecida pela paixão, falando ao meu ouvido fez meus pelos se eriçarem
ainda mais.
Agarrei seu rosto, a beijando, chupando sua língua com vontade e tesão, isso nos fez sorrir em
meio ao beijo. Agora que eu tinha com o que comparar, sabia que o beijo da Nanda era infinitamente
melhor que o do Vitor. Sua língua me causava sensações intensas, fazendo com que o meu clitóris
enrijecesse mais ainda. Nanda tirou meu sutiã e começou a brincar com os meus seios... Uhm...
lambendo, chupando, mordiscando... Enlouqueci gemendo e querendo mais contato.
— Deita, minha pequena... Deita. Me deixa cuidar de você. Eu vou te comer bem gostosinho e
sem pressa, como eu sempre quis... — “OMG! GEZUIS, me abana!”. Ela falando esse tipo de coisa me
fazia ficar completamente trêmula.
Senti minhas bochechas corarem, mas não consegui deixar de olhá-la tirando lentamente seu
vestido. A danada estava me provocando. Ela retirava as peças de roupa e eu ficava com água na
boca. Mordi meus lábios, tentando diminuir um pouco a pressão que cada vez mais se instalava na
minha intimidade.
— Vem, Nanda... — Pedi enquanto ela apertava os próprios seios.
— Eu já vou, minha gatinha. Só me deixa tirar a roupa... — Retirou a sua calcinha, acariciando o
próprio clitóris. — Olha como tá durinho, Clarinha... É por sua causa. — Não aguentei mais tamanha
provocação e avancei sobre ela, a trazendo finalmente para a cama e apertando firmemente seus
seios.
Quando ela me pediu para mamar... OMG! Abocanhei o mamilo durinho, sentindo a sensação
gostosa de tê-lo dentro da minha boca. Agora eu entendia o porquê dela amar fazer isso... Era
delicioso... ou talvez a Nanda é que fosse deliciosa!
Por mim ficaria muito tempo ali, mas ela inverteu as nossas posições e começou a se mover,
eriçando cada vez mais meu clitóris ainda coberto pela calcinha. Quando ela me falava sobre
tribadismo, nunca imaginei que seria tão gostoso assim... A cada rebolada que ela dava, eu não
conseguia segurar um gemido que escapava.
— O que você quer que eu faça, minha gatinha? — Ela me perguntou naquele tom safado que eu
estava aprendendo a amar. — Fala, minha gostosa, fala pra Nandinha.
— Nanda... Ahm... — AI, GEZUIS. Essa menina vai me enlouquecer...
— Você quer que eu te coma bem gostoso, quer? Pede pra sua Nanda, pede... — OMG! Não
conseguiria suportar. Eu queria senti-la dentro de mim, eu precisava gozar, mas morria de vergonha.
— Nanda, vai... por favor... — Supliquei, cravando minhas unhas na sua pele, na tentativa de
fazer com que nossas intimidades aumentassem o contato.
— Vai o que, amor? — E ELA PAROU! Não aguentei e a arranhei muito forte, dando um grito!
— NANDA, CACETE! ME COME! Eu não tô aguentando de tesão! — Falei desesperada, sem
acreditar no que havia dito. A safada me olhou com um sorriso de vitória, retirou minha calcinha e
abocanhou a minha pepeka sem perder tempo.
— Aiiii, Nandaaa... — Ela alternava em chupar e lamber o meu clitóris. Minhas pernas já tremiam
em antecipação ao gozo. Ela era tão boa nisso… percebia exatamente o que meu corpo pedia.
— Isso, gostosa, geme pra mim, vai... — Continuou a me masturbar com os dedos e me olhou
com preocupação — Gatinha, se você quiser que eu pare em qualquer momento é só falar, tá? E
também se ficar desconfortável pra você... — “OMG! Que fofa! Como não amar?”. Concordei em um
movimento rápido de cabeça e então ela chupou meu clitóris com tamanha intensidade, que fez minhas
costas se arquearem, enquanto eu gritava de prazer.
Nesse momento senti a invasão de seu dedo dentro de mim, o que me causou um leve ardor.
Percebendo minha expressão, ela perguntou se podia colocar outro e eu concordei, porque sentia que
o incômodo logo passaria. Tinha a certeza de que com ela tudo seria maravilhoso.
Quando me acostumei com a intrusão, rebolei nos seus dedos e ela começou um vai e vem
prazeroso. A sensação era indescritível. Não existia mais nada ao nosso redor. Somente eu e a Nanda.
Ela estocava seus dedos profundamente e eu rebolava cada vez mais. Meus gritos e gemidos ecoavam
por todo quarto. Ela se apertava a minha perna e eu sentia sua excitação escorrer por toda minha coxa.
O seu cheiro, nosso suor... O seu sexo na minha pele... Era extasiante... Eu estava quase lá
quando senti seu polegar no meu clitóris e explodi, em um orgasmo longo e intenso, gritando seu
nome.
Não consegui me controlar, só sentia os espasmos pelo meu corpo. Sem deixar eu me acalmar,
ela rapidamente abriu minhas pernas encaixando nossos sexos.
— Aiii, Nanda que delicia isso... — Eu gemi puxando o bico dos meus seios. Tribadismo, minha
nova palavra favorita!
— Tá gostoso, tá? Meu grelinho lambendo o teu? Tá? — “Aiii, Nanda, você não sabe o quanto”.
— Aiii, sim... — Tentei fazer com que houvesse um contato maior entre nossos sexos, puxando e
cravando mais ainda minhas unhas na sua cintura. — Nandaa, mais... Mais rápido... Por... Por favor. —
E ela fez: mais rápido, mais forte... Até que nós duas caímos exaustas na cama.
Flashback off

Senti uma mordida na minha nuca e o riso da minha namorada.


— Eu sei que você tá acordada, safadinha.
— Hum, eu tava aproveitando...
— Eu sei! Você deve tá dolorida... Vem, preparei a banheira. Levei também algumas coisinhas
gostosas pra caso você esteja com fome. — “Ai, DEUS, ela vai me acostumar mal.”.
Na banheira, a água borbulhava com os sais de banho e Nanda se sentou comigo entre suas
pernas. Por longos minutos, ela fez uma massagem tão gostosa nos meus ombros, que eu relaxei.
— Amor, você tá bem? Eu te machuquei? — Perguntou toda preocupada.
— Melhor impossível, Nandinha. Você foi perfeita! — Falei num suspiro, fechando os olhos.
— Você tem que me falar se alguma coisa não for legal, tá? Fala sempre... — Beijou minha
orelha. — Você sangrou um pouquinho, por isso fiquei preocupada.
— Mas teus dedos nem são tão grossos! — Segurei suas mãos entre as minhas. — Você me
disse que não sangrou quando a cosplay de Meryl Streep, depois do incêndio, te desvirginou…
— Cosplay de Meryl Streep? “Desvirginou?” — Ela gargalhava.
— Para que é sério! Você disse que não sangrou.
— Ah, mas cada pessoa é diferente. A Luiza sangrou um pouquinho.
— Sério, Nanda, falar da Luiza?
— A Lu é minha amiga, gata, e ela ajudou a gente a ficar juntas.
— Sei não…
— Minha ciumentinha… — Ela beijou minha testa.
— Nandinha, até quando a gente fica aqui? — Perguntei não querendo voltar para casa.
— Como as aulas já terminaram, os teus pais deixaram a gente ficar até segunda. Por que, quer
voltar? — Perguntou me dando beijinhos no pescoço.
— Por mim ficaria a vida inteira aqui. — Falei rindo.
— Nossa, que menina exagerada!
— Nanda?
— Uhm?
— Sabe quando você me contava as suas transas? Eu não imaginava que era assim.
— Ruim?
— Tão bom! — Ela soltou uma risada orgulhosa. — E agora, só de pensar em tudo que você me
contou... Eu tô MORRENDO de ciúmes. — Ela começou a rir mais ainda. — Para, Fernanda! É sério!
Sei que eu não tenho o direito, mas eu tô sentindo isso, que merda!
— Gatinha, elas podiam ter meu corpo. Mas meu coração foi sempre seu e agora tudo o que tem
em volta dele também. — Ela disse enquanto me virava e eu enlaçava minhas pernas na sua cintura.
— Acho bom mesmo. — Falei dando mordidinhas no seu queixo.
— Agora, só falta você falar mais putaria comigo.
— Ai, Nanda para! — Escondi meu rosto no seu pescoço.
— Fala, amor: “Nanda, come a minha BUCETA!”. Fala?
— Para sua ridícula! — Já estava mais do que vermelha.
— Imagina que broxante: Nanda, vem comer a minha pepeka. — Gargalhou.
— Nandaaaa... — Dei um tapa nela. Quando por fim ela parou de rir, eu olhei para ela mordendo
meu lábio inferior.
— Nanda??
— Uhm... — Ela falou enquanto lambia minha tatuagem.
— Eu falei sério… Eu quero igual. — Falei baixinho.
— O que, amor? — Agora ela estava chupando o meu mamilo esquerdo e aquilo já estava tirando
a minha concentração.
— Tudo o que você fez com elas. Eu também quero. — Falei rapidamente e envergonhada.
— Você vai ter e muito mais... — Estremeci em pensar o que seria esse “MAIS”. Ela me colocou
sentada na borda da hidromassagem e começou a lamber as minhas dobras delicadamente.
— Oi, pepeka da Clarinha. A partir de hoje você vai se chamar BUCETA. — Falou rindo sem parar
de me chupar.
— Ai, Nanda, faz mais.
— O que?
— Você falou enquanto me chupava, foi tão bom, dá uma tremidinha lá. — Me contorci na sua
boca.
— Ah, vocalização, Clarinha. Faço sim, vou cantar o Hino do Mengão!
— Ai, Nanda… Uhm... — E ela começou a cantar e eu nunca amei tanto o Hino do Flamengo
como naquele momento.
Forever and Ever
Nanda
Despertei soterrada por uma Ana Clara nua. "Oshi, menina espaçosa! Mas isso aqui tá uma
delícia!". Me aconcheguei a ela sentindo nossos seios se tocando. Passei minhas mãos pelas suas
costas até chegarem a sua bunda. Comecei a ficar molhada de tesão. Meu estômago roncou e eu
fiquei entre a cruz e a espada: vou arrumar algo para comermos, ou como aqui mesmo? "Essa menina
vai me fazer emagrecer. Eita, menina gostosa da porra, mano!".
Resolvi levantar e arrumar alguma coisa para alimentar a minha namorada. Clarinha com fome
parecia o demônio da Tasmânia, tinha que sair de perto! Consegui me desvencilhar dela e procurei
meu celular para ver as horas. PUTA QUE PARIU! Já passou do horário do café e talvez até do almoço.
Liguei para a recepção e a dona Jurema me informou que nos domingos, a pousada servia um brunch
até às duas horas da tarde. A solução seria acordar a minha menina.
Entrei no box para tomar uma ducha rápida e quando a água caiu nas minhas costas, soltei um
berro de dor. Corri para frente do espelho e vi a minha pele com inúmeros arranhões: "CARALHO!
Como eu vou esconder essa porra?!".
Conformada em ter que usar camiseta na praia, terminei meu banho. Quando eu estava me
secando, olhei para a cama e vi Clarinha me olhando com os olhos bêbados de sono.
— Bom dia, para a menina mais linda do universo! — Beijei seus lábios e virei para me vestir. —
Clarinha vai tomar uma ducha, amor. Dona Jurema falou que podemos comer até as duas. — Vesti um
biquíni.
— Nanda do céu! O que eu fiz nas tuas costas! Tá doendo muito? — Ela falou apavorada, vindo
em minha direção.
— Foi nada, linda. Só tenho que usar camiseta, não dá nada. Mas tem algumas partes do meu
corpo que você não pode usar essas unhas aí... — Ri para ela.
— Não entendi. — Tinha uma carinha de indagação. "Ai, gente, que fofa!".
— Amor... — Falei dando um beijinho na ponta do seu nariz. — Se um dia você tiver vontade de
me comer... As suas unhas têm que estar bem menores, senão pode me machucar.
— Ah... — Examinou as próprias unhas com a face corada.
— Sabe que eu amo quando você fica toda vermelhinha assim? Envergonhadinha? — Dei vários
beijinhos nela. — Bora, vai se arrumar, senão vamos ficar sem rango. Eu aproveito e mando
mensagem pra Mainha falando que estamos bem.
Ela foi tomar banho e eu a acompanhei com o olhar, pensando em quanta sorte eu tinha.

Ana Clara
Nós estávamos no restaurante da pousada, terminando a nossa refeição, quando escutamos
várias risadas. Um grupo de garotos e garotas, mais ou menos da nossa idade, chegou fazendo
estardalhaço. Pelo que eu entendi, eram de um grupo daquelas viagens de formatura, com monitor e
várias atividades. Nanda foi até o buffet pegar um pouco mais de mousse de maracujá para mim e eu vi
vários garotos olhando para ela.
— Olha, lindinha, quer mais alguma coisa? — Me entregou o pratinho alheia aos olhares de
cobiça dos meninos. Me inclinei na mesa e dei um beijo na sua boca.
— Obrigada, tá ótimo! — Com o canto de olho vi que os garotos cochichavam e riam entre si. É
bom que eles vejam que ela tem dona. O que tão pensando? Mais alguns minutos se passaram e um
menino juntamente com uma menina vieram à nossa mesa.
— Oi! — A menina falou me olhando com simpatia. — Meu nome é Carol e esse é o Luca, somos
filhos da Jurema. Queria convidar vocês para o luau de hoje à noite. Vai ser na praia aqui próxima. É só
pegar a trilha que vai estar bem iluminada que não tem erro.
— Ah, valeuzão! Talvez a gente vá sim. — Nanda respondeu.
— Isso, pode deixar. Muito obrigada pelo convite! — Agradeci enquanto os dois saíam. — Vai
querer ir, amor? Se você quiser a gente pode ficar no quarto namorando.
— Vamos ver como a gente vai estar mais tarde, o que você acha? — Concordei e, como
tínhamos combinado, demos uma volta pela pousada e na praia próxima.
Na beira mar, nos sentamos em uma barraca porque o sol estava muito forte. Nanda começou a
espalhar protetor nas minhas costas e eu já queria voltar para o quarto. "OMG! Essa menina me deixa
num tesão sem nem fazer nada!".
Notei os mesmos garotos nos olhando e algumas meninas também. Aquilo começou a me
incomodar, mas tentei não dar bola. Lembrei do que mamãe falou sobre sermos alvo de olhares
curiosos e até mesmo de coisas piores.
Relaxei e passamos boa parte da tarde conversando e namorando. O engraçado é que parecia
que nunca faltava assunto entre a gente, mesmo nós duas tendo gostos diferentes. Perto do final da
tarde voltamos ao chalé e a Nanda foi acertar o nosso checkout do dia seguinte me deixando sozinha.
Tomei uma ducha para tirar a areia e me deitei, pegando no sono. Acordei meia hora depois e vi
que já era final da tarde. A Nanda ainda não havia retornado o que me deixou preocupada. Enviei uma
mensagem para ela, que nem ao menos foi visualizada.
Fui procurá-la e depois de caminhar por vários locais, a encontrei jogando vôlei com algumas
meninas. Ela parecia estar se divertindo e eu fiquei chateada por ela não ter me avisado onde estaria.
Sentei e me distraí com o jogo.
Ao meu lado notei que alguns meninos daquele grupo estavam alterados pela bebida. Procurei a
Nanda com os olhos e vi que marcou um ace. Várias meninas vieram abraçá-la em comemoração.
Uma chegou a dar um beijo no seu pescoço! "Fernanda Duarte, você me paga! Essas meninas se
roçando em você como sonsas. Ai, que raiva!".
Um dos garotos de hoje pela manhã, meio embriagado, veio falar comigo. Começou com aquele
papo de querer saber meu nome, onde morava, número do telefone… Essas coisas. Lógico que não
dei, mas respondi algumas coisas e até mesmo ri de algumas piadas que ele fez, mas sempre me
mantendo distante.
Algum tempo depois ele começou a ficar inconveniente, querendo me tocar, enquanto falava
comigo. Percebi que aquilo não estava legal e decidi sair logo dali. Dei uma desculpa dizendo que
estava tarde e que chamaria minha namorada para ir embora, na tentativa de ver se ele se tocava.
Nessa hora, ele me prendeu com os braços, falou que não era ciumento e que poderíamos, nós três,
nos divertimos juntos. Quando ele tentou me roubar um beijo, comecei a gritar e me debater. De
repente, ele foi jogado ao chão por uma Nanda enraivecida.
— Sai daqui mané! Você não tá vendo que a menina não quer nada contigo? — A segurei pela
cintura e pedi calma. O garoto resolveu partir para cima dela, mas Nanda o imobilizou. — Eu não quero
te machucar, babaca. Passa fora, mano! — Outros meninos vieram acudir o amigo e queriam briga.
Ainda bem que os monitores do grupo estavam por perto e separaram todos. Voltei ao chalé com uma
Nanda transtornada.
— Nanda, fica calma. — Falei quando chegamos.
— Como eu vou ficar calma, Clarinha? O babaca tentou te beijar. Se você não tivesse ficado de
conversinha com ele...
— Peraí, O QUÊ?? VOCÊ me deixou sozinha e foi jogar com suas "amiguinhas". Eu acordei aqui,
sozinha, não sabia onde você estava, nem uma mensagem você me deixou. — Eu também já estava
fora de mim.
— Você tava dormindo tão bonitinha que eu não quis te acordar! Aí, eu vejo você lá toda “sorrisos”
pro lado do mané. Ah, mas claro que você não deve ter dito que tinha namorada. Eu olhava e via que
você tava morrendo de rir das coisas que ele falava. Toda de mimimi com ele.
— Olha aqui, Fernanda, vai à merda! Você que tava se esfregando nas meninas naquele jogo,
pensa que eu não vi. — Gritei. — Era um monte de piriguete te beijando em "comemoração".
Comemoração o cacete!
— Tá com ciúmes?
— E se eu tiver, qual o problema? Você não é MINHA namorada? Eu não vou admitir ninguém se
esfregando em você! TÁ ME OUVINDO?
Nós estávamos cara a cara, muito perto uma da outra. As duas enfurecidas por besteira. Até que
ela enfiou as mãos nos meus cabelos e puxou a minha nuca num beijo furioso. Correspondi
intensamente a apertando contra o meu corpo. Só que a raiva era tanta, que mordi seu lábio com força.
Ela me empurrou com a mão na boca e eu notei que seu lábio estava sangrando. Olhando nos
meus olhos, com raiva, ela entrou no box do banheiro se despindo. Fiquei parada sem saber o que
fazer. "OMG! Fiz merda!". Assim que ela abriu o chuveiro, me despi, entrando no box e abracei seu
corpo nu.
— Nanda, amor, por favor, me desculpa... Vamos conversar? — Pedi com meu corpo colado ao
dela, meus seios nas suas costas e meu sexo na sua bunda. Senti-a retraída, sabia que nós duas
erramos, mas o maior erro foi o meu. — Eu te amo... Desculpe! Eu não estou acostumada a sentir
ciúmes. Parece que tudo na minha frente fica vermelho e me dá uma raiva em pensar naquelas garotas
tirando casquinha de você, meu amor. — Falei enquanto dava beijos no seu ombro, segurei seus seios
e me encaixei ainda mais no seu corpo.
— Clarinha… Mano… Por favor, não me machuca mais por querer. Eu quase revidei, por reflexo...
— Ela falou chorando. — Quase bati em você… Eu nunca iria me perdoar se tivesse te machucado. —
A virei para mim e a abracei com força, enquanto ela chorava no meu pescoço. — Desculpe ter te
deixado sozinha, foi cagada minha não deixar a porra de um bilhete nem nada. Nunca mais vai
acontecer. Eu juro! Eu te amo demais, pequena…
— Nandinha, eu acho que tudo isso é muito novo pra gente. Nós duas temos que conversar mais.
Não deixar qualquer mal-entendido nos afetar. Vamos fazer essa promessa? Por favor? — Ela me
olhou concordando.
Alcancei a esponja e comecei a dar banho nela como forma de carinho. Peguei meu shampoo e
lavei seus cabelos curtos. Repeti o processo ficando alguns minutos massageando seu couro
cabeludo. Senti que aos poucos ela foi relaxando, enquanto ensaboava as suas pernas, a barriga, os
seios, o sexo… “Que menina linda! O corpo perfeito, as curvas certas em todos os lugares… Nossa!”
Comecei a dar beijinhos no seu pescoço, clavícula e seios.
Nós duas já respirávamos rapidamente. Ela me olhou com desejo e me puxou para um beijo
molhado. O gosto metálico de sangue, me fez ficar mais arrependida ainda. A empurrei até a parede,
colocando minha perna direita roçando o seu sexo. Eu queria cuidar dela, como ela sempre fez comigo.
Queria dar o amor, o carinho e todo o prazer que ela me proporcionava.
Apertei seu seio esquerdo, segurando o bico rígido entre o dedo indicador e o médio. Lambi o
mamilo rodeando a auréola, sentindo a textura que com certeza ficaria viciada. Ela gemeu e eu chupei
com força, a fazendo fechar os olhos com o prazer estampado em seu rosto.
Voltei a tomar a sua boca chupando sua língua. Entre gemidos, o beijo se acelerava cada vez
mais. Senti sua excitação melar a minha perna e sorri orgulhosa por saber que eu estava causando
isso nela. Ela tentou inverter nossas posições.
— Nanda, me deixa cuidar de você, amor!? — Ela aceitou permanecendo quieta — Se eu fizer
alguma coisa errada, me fala. Só me ensina, tá?
— Não tem como você fazer qualquer coisa errada, gatinha. — Voltou a me beijar
apaixonadamente. Após ouvir essas palavras me senti muito mais segura.
Me ajoelhei no chão do box e vi seu sexo depilado. Nunca imaginaria que essa visão me faria
salivar. “Tá, Ana Clara, não pira. Calma e faz como Nanda fez em você!”. Queria fazer certo e dar todo
prazer que ela me deu. A minha namorada entreabriu mais as pernas se expondo para meu deleite.
Comecei a dar pequenos beijinhos e mordidas na sua virilha.
Ela gemeu e, com uma das mãos, separou seus grandes lábios para que eu lentamente lambesse
seu sexo de baixo para cima. O seu gosto agridoce me atingiu como uma droga. Nossa! Eu precisava
de mais, aquilo era pouco!
Com minhas mãos em sua bunda, a puxei com urgência para minha boca. A maciez dos
pequenos lábios e a rigidez do clitóris, contrastavam com a quase aspereza da pele… Eu queria
lamber, chupar, beijar cada canto escondido… queria conhecer, queria tudo na minha boca... Eu estava
amando aquilo e ela, por sua vez, rebolava cada vez mais. Notando que aquilo a estava dando prazer,
chupei seus pequenos lábios, para depois inserir a minha língua na sua cavidade.
Lia no seu rosto o que aquilo a estava fazendo sentir. Então, lentamente, usei a ponta da minha
língua para brincar com o seu clitóris. Nanda gemia e olhava para minhas ações embevecida. Comecei
a chupar mais forte e mordia levemente seu clitóris, fazendo seu corpo pular de vez em quando. Ela
apertou a minha cabeça contra o seu sexo e eu entendi o que ela queria. Coloquei mais pressão em
minha língua, fazendo movimentos circulares e, algumas vezes, dava uns chupões mais fortes. A
minha namorada gemia, delirava e chegava quase a gritar.
— Porra, Clarinha! Que boca é essa, cacete?! Ai, caralho, eu... Eu vou gozar fodendo essa sua
boquinha. — Essas palavras quase pornográficas me davam ainda mais tesão e eu sorria feliz em
saber que ela estava quase descontrolada. — Chupa mais forte, vai... Chupa a buceta da sua Nanda...
— Ela falava com a voz entrecortada, rebolando na minha cara e apertando minha cabeça contra a sua
intimidade. Até que eu senti seu gozo melar meu queixo. Continuei lentamente dando lambidas até ela
se acalmar.
— Agora é a sua vez! — Ela me puxou para um beijo quente, muito quente.

Nanda
Voltei para o chalé desnorteada. Ana Clara veio logo atrás com uma cara de poucos amigos.
Começamos a discutir e os ânimos estavam exaltados. Até que percebi a grande cagada que fiz por
não ter deixado nem um bilhete para a minha menina. FUDEU, FUDEU, FUDEU! “Nanda, sua estúpida!
Se coloca no lugar dela, caralho! Você também ficaria puta!”.
— Tá com ciúmes? — Perguntei para ela maliciosamente.
— E se eu tiver, qual o problema? Você não é MINHA namorada? Eu não vou admitir ninguém se
esfregando em você! TÁ OUVINDO? — Gritou quase encostando sua boca na minha.
Não aguentei e a puxei em um beijo brusco e intenso. Nossas línguas se digladiavam para ver
quem ocupava mais espaço. Nossos corpos colados como se quiséssemos ser uma só. Até que ela me
mordeu, com força e como reflexo a dor extrema, eu a empurrei brutamente. “PUTA QUE PARIU! Eu
quase bati na minha menina!”.
Transtornada com o que quase aconteceu, fui esfriar a cabeça no banho. Abri o chuveiro de
costas para ela, enquanto minhas lágrimas jorravam livremente. “Mano, se eu tivesse batido, ainda que
por reflexo, na Clarinha, eu nunca iria me perdoar. Eu amo essa menina a ponto de doer.”. Subitamente
eu senti seu corpo nu, colado ao meu e não consegui controlar meus soluços.
A minha pequena pediu desculpas e eu também disse que tinha culpa. Nós duas erramos.
Poderíamos ter acabado uma relação linda por besteira. Combinamos de nunca mais fazer isso e
conversar sempre.
Clarinha decidiu me dar banho. O carinho era imenso em cada gesto. Mesmo com tudo o que
aconteceu, com toda tensão, apenas o fato de ela estar nua ao meu lado, fez meu corpo responder ao
simples toque dela. Minha buceta já estava pulsando.
Puxei minha namorada para um beijo intenso, no mesmo momento em que ela me empurrou para
a parede. “WOW, que pegada é essa?”. Senti sua perna fazendo uma pressão gostosa na minha
buceta e, com isso, comecei a me esfregar nela. Clarinha estava irreconhecível e maltratava
gostosamente meus seios. No meio de um beijo enlouquecedor eu tentei inverter nossas posições, mas
ela não deixou.
— Nanda, me deixa cuidar de você, amor!? Se eu fizer alguma coisa errada me fala. Só me
ensina, tá? — “AI, CARALHO, se eu não amasse essa menina, tinha me apaixonado nesse momento.”.
— Não tem como você fazer qualquer coisa errada, gatinha. — Ataquei seus lábios. Nós duas não
tínhamos mais como respirar, o tesão era gigante.
Ela se ajoelhou, olhando fixamente minha buceta. Que visão mais tesuda, mano! A garota que
você ama te olhando com desejo. CARALHO!
Abri mais as pernas me expondo descaradamente a ela. “Ah, gatinha, vem... É tudo seu.”. Não
perdia nenhum movimento dela. Clarinha iniciou timidamente, dando beijinhos na minha virilha.
Gemendo em antecipação, separei meus grandes lábios, facilitando o acesso a ela e ao mesmo tempo
em que a encorajava a me chupar.
Ela lentamente, me lambeu de cima a baixo e eu achei que gozaria naquele momento. A única
mulher que havia me tocado desse jeito havia sido a Cláudia. Pensando agora, não sabia o porquê
disso. Geralmente eu preferia dar prazer, a receber e o meu gozo vinha no final, quando vinha. Muitas
vezes eu alcançava o prazer apenas sozinha. Até mesmo com a Luiza foi assim.
Nunca pensei a respeito. Talvez inconscientemente, eu esperasse a Clarinha. Somente ela
poderia fazer o que quisesse com o meu corpo. Eu era incondicionalmente dela.
Em um movimento rápido, ela me puxou e me abocanhou inteira. Eu a fitava como se estivesse
em transe. A visão daquela menina deslumbrante, se esbaldando na minha buceta como se fosse um
manjar dos deuses, me tirou de órbita. “QUE BOCA É ESSA, MANO!”. Eu estava irreconhecível!
Enquanto ela lambia, chupava, mordia meu grelinho, eu rebolava e gemia desesperadamente. Agarrei
a sua cabeça, literalmente, fodendo a sua boca carnuda.
— Porra, Clarinha, que boca é essa, cacete?! Ai, caralho, eu... Eu vou gozar fodendo essa sua
boquinha. — Foda-se o palavreado chulo. Eu estava quase gozando na boca da mulher da minha vida.
— Chupa mais forte, vai... Chupa a buceta da sua Nanda... — Até que o orgasmo veio intenso e longo!
Demorei alguns minutos para voltar à terra. Quando enfim olhei para baixo, ela estava toda melada e
continuava lambendo preguiçosamente a minha buceta, sem deixar de me fitar.
— Agora é a sua vez. — A puxei para um beijo.
Desliguei o chuveiro e carinhosamente sequei a minha menina. Há muito tempo eu não gozava
tão gostoso assim. Na verdade, acho que nunca foi tão bom assim.
A carreguei no colo levando-a até a cama. Fiquei admirando o seu corpo nu, os seios volumosos,
a barriguinha que não é chapada e tem uma saliênciazinha, mas que para mim era perfeita... Aquela
buceta viciante. Me ajoelhei, pegando seu pé e lambendo-o. Fui subindo aos poucos. Quando cheguei
perto da sua buceta, que gotejava de excitação, eu reiniciei todo o caminho no outro pé. Vi que ela se
contraia a cada mordida mais forte.
Olhando para cima, notei que ela se apoiava nos cotovelos acompanhando meus movimentos,
mordendo seu lábio inferior. Me deitei na sua buceta, lambuzando todo o meu rosto enquanto gemia.
— Nanda, não enrola. — Suplicava. Prontamente, atendendo ao seu pedido, abocanhei toda sua
buceta enquanto segurava sua bunda e levantava seu quadril, para o meu deleite.
O gosto da Clarinha já era o meu favorito no mundo inteiro. Aqui era o meu lugar. Aqui era onde
eu ficava completa. Ela me completava de corpo e alma. Minha namorada gemia e apertava os próprios
seios. Não deixando de chupar seu grelinho duro, introduzi dois dedos de uma vez na sua buceta. Suas
costas se dobraram e ela soltou um gritinho de prazer.
A visão da Clarinha se contorcendo, com a cara afogueada, mordendo o lábio inferior e os olhos
escuros de tesão, era algo que eu gostaria de colocar num quadro. Para mim era, é e será a coisa mais
linda do mundo, FOREVER!
— Nanda... Uhmm…
— Fala, amor, pede que a sua Nanda faz. — Falei estocando meus dedos dentro dela. A parede
de sua buceta já apertava meus dedos e eu sentia que o seu gozo viria logo.
— Me... Me fode mais... Mais rápido, por favor... Nandaaa... — Com a fala entrecortada e
respiração ofegante, ela rebolava na minha mão.
Comecei um movimento mais forte e profundo, que foi pontuado por seus gritos. A pressão nos
meus dedos estava ficando cada vez maior. Até que eu atingi o seu ponto esponjoso algumas vezes e
depois de gritar o meu nome ela se derramou nos meus dedos. A abracei e ela se deitou no meu peito
ainda com a respiração ofegante.
— Primeiro sexo de reconciliação, então? — Disse rindo.
— Ai... Preferia não ter discutido com você. — Falou me dando um tapinha. — Nanda?
— Uhm?
— É sempre assim?
— Assim como?
— Fuckin’ perfect?
— Ah, palavrão em inglês pode então? Vou ter que falar “oh, baby, fuck me, fuck my pussy,
yeah...”. — Comecei a zoar, porque sabia que ela ficaria toda encabulada.
— PARA! — Escondeu o rosto no meu pescoço. — Responde o que eu perguntei.
— Não, nem sempre. Mas com você tenho certeza que vai ser. Sabe por quê? — Ela me olhava
em interrogação. — Porque nós somos almas gêmeas. Não é só por causa do teu corpo, que aliás,
PUTA MERDA! É MUITO gostoso. — Ela ficou encabulada de novo. — Nós nos amamos por inteiro e
isso faz toda a diferença. — Ficamos vários minutos em silêncio.
— Nanda?
— Uhm?
— E com as outras era assim? Cláudia... Luiza...
— Nunca foi. Eu já te disse, amor. O que eu sinto por você e com você... É impossível de
comparar. Seria como se você comparasse o Cristiano Ronaldo com o Tiãozinho do XV de Piracicaba.
Tudo com você é melhor e só você me tem por inteiro.
— Nanda?
— Uhm?
— Você também me tem por inteiro. Amigas forever? Ou melhor My Only Sunshine Forever and
Ever. — Sorri feliz.
Mas eu me mordo de...
Nanda
Acabamos ficando mesmo no chalé aquela noite. Não queríamos ninguém para nos atrapalhar. A
pousada não servia jantar, então pedimos pizza. Ficamos assistindo TV e namorando. Em um momento
de carinho fizemos uma jura de amor: Aconteça o que acontecer nós sempre estaríamos juntas em
nosso aniversário, independentemente de onde e com quem estivéssemos.
Na segunda-feira, Alfredo nos levou para casa. Dormimos a viagem toda, até porque nós
estávamos esgotadas. Sei que em casa vai ser mais difícil ficarmos o tempo todo namorando, mas só
em poder estar ao seu lado, já me enchia o coração de felicidade.
Quando chegamos, tive uma infeliz surpresa. Os avós da Clarinha estavam lá e pelo jeito ficariam
até eles viajarem. Todos os anos, meus padrinhos viajavam para as festas de final de ano. Geralmente,
acompanhavam na viagem os pais da madrinha e a família do Vitor. Mesmo que eu sempre fosse
convidada para ir junto, preferia estar com a Mainha e visitar meus avós. Clarinha ficou de beiço “coisa
mais fofa!”, querendo que eu fosse com eles dessa vez. Mas depois de muitos beijinhos ela entendeu e
ficou tudo bem.
Nós morreríamos de saudade! Isso eu tinha certeza. Mas o jeito era namorar escondido até a sua
partida. Pelo menos a gralha bunduda não estava causando problemas. Ela viajou para ver a mãe que
estava doente. Mas como coisa ruim nunca vem sozinha, ela voltou bem quando seu Manoel e dona
Tereza estavam em casa. Então, além de nós não podermos namorar direito, tinha a Juliane fazendo
raiva para a Clarinha.
Uma das coisas boas que aconteceram nesse período, foi a compra da minha moto. Ela era linda!
Tinha muitas coisas para fazer, mas eu e o Padrinho daríamos um jeito. Enquanto ela não ficava
pronta, eu fazia as aulas na autoescola.
Era um domingo ensolarado e todos estavam à beira da piscina, até mesmo o Vitor e seus pais,
que apareceram sem que tivessem sido convidados.
— Nandinha, chega aqui. — Puta que pariu! Eu e o Sabrino tínhamos terminado de trocar a vela
da “Clarice” e eu estava toda cheia de graxa. Tentei passar despercebida, mas seu Manoel me
chamou. — Vem cá, minha filha. Conta para a gente por quem a Clarinha está apaixonada. Ela não
quer falar pra ninguém e eu sei que você é a melhor amiga dela, então deve saber. — Olhei para a
Clarinha que estava mais vermelha que um pimentão. Vitor não disfarçava o interesse.
— Pára com isso, Manoel! Deixa a menina em paz. — Dona Tereza interviu.
— Eu não entendo essa bobagem da Ana Clara. Traga o moço para a gente conhecer. — “Ai, que
ódio mano, ele tá fazendo isso só para ver se o tal “moço” é como ele quer que seja: nos “moldes” da
família tradicional brasileira. Que nojo!”. Pensava enfurecida.
— Eu não tô sabendo de nada não, seu Manoel. — Falei tentando desconversar.
— É lógico que tem um galalau por aí! Nunca vi minha neta tão feliz, tão risonha! Preciso
conhecer aquele que coloca esse sorriso no seu rosto. — “Tá do seu lado, velho babaca,
preconceituoso do cacete. E se quer mesmo saber, coloco muito mais do que o sorriso no rosto dela”.
— Desculpe, mas eu preciso tomar banho para tirar a graxa. — Tentei escapar.
— Trocou a vela da Clarice, filha? — Padrinho perguntou.
— Troquei sim e ela tá lisinha, lisinha! Tô louca pra andar. — Falei rindo.
— Amanhã a gente dá uma volta, já que sua carta fica pronta só em janeiro.
— Onde já se viu, Carlos Eduardo! Você ficar incentivando a menina a comprar uma moto! Isso é
coisa de homem! Mulher já dirige mal carro, imagina moto! — “Ah, tá, puta que pariu, velho escroto!”.
— Concordo com você, Manoel. Por isso que proíbo a Theodora de dirigir. Imagina só! “Mulher no
volante, perigo constante!”. Clarinha, se você gosta de moto, não se preocupe que no meio do ano que
vem Vitor fará a habilitação e te leva pra dar umas voltas na Ducati que ele vai ganhar.
— Não precisa não, tio Cléber. A Nandinha vai me levar para passear. — “Tomaaa, Cléber
tarado.”.
— Como é que é? Carlos Eduardo, eu não estou de acordo com essa irresponsabilidade! Imagine
andar na garupa de uma mulher!
— Olha, Manoel, a Nanda dirige melhor que eu. Ela aprendeu a dirigir com 15 anos, lá no haras.
Dirige trator, caminhonete, caminhão, moto e o que tiver roda. Nunca vi um talento como esse. Ela só
não anda aqui fora porque ainda não tem habilitação. Quando tiver, eu tenho certeza que ela não seria
imprudente, principalmente com a minha filha na garupa.
— Mas você é um abestalhado mesmo, Carlos Eduardo! Essas suas modernidades...
— Manoel, estamos na minha casa. Vamos deixar essa conversa por aqui? Senão, a dona Tereza
vai se estressar e você sabe que o coração dela não está bom. E vamos parar de falar bobagem. Cadê
o Sabrino do vovô? Olha Cléber, ensinei ele a nadar na piscina, vou te mostrar...
Aproveitando a deixa, fugi para o meu quarto. Mano, eu não poder falar umas poucas e boas pra
esse velho ridículo me dava um nó na garganta. Passei pela cozinha e me servi um suco de maracujá,
na tentativa de me acalmar.
— O que foi, filha? — Mainha perguntou.
— Ah, Mainha. Seu Manoel fica cagando pela boca e eu fico quieta em respeito aos meus
padrinhos.
— É um bem que você faz, filha. Às vezes, o melhor a se fazer é não bater de frente com certas
pessoas. Você vai mudar a opinião dele? Não, né? Então você fez certo.
— Ainda bem que o Padrinho me defende. Mas fica difícil, Mainha, às vezes, tenho vontade de
falar um monte de coisa pra ele e o pior é que seu Cléber fica dando moral, concordando e tal. — Senti
um corpo colado ao meu.
— Não fica assim, amor. Não dá bola pro vovô e muito menos para o tio Cléber. — Ela falou me
dando um selinho.
— Falei pra ela, filha. Às vezes, o melhor a fazer é ignorar. Quando você estiver andando com
suas próprias pernas, aí a coisa muda de figura.
— Tá certa, Mainha. Por hora vou fazer o que a senhora disse. Mas ele que não se meta comigo.
— Saí para meu quarto para tomar banho, junto com a Clarinha. — Amor, você não tem que ir lá para
fora com as visitas? Vai dar na cara...
— Ah, tô de saco cheio de aguentar o Vitor. Quando o Fernando tá junto até dá pra suportar. Mas
ele foi pra casa da Luiza.
— Será que esses dois tão firmes mesmo? — Falei tirando minhas roupas.
— Por que você quer saber, dona Fernanda? Você tá muito interessada na Luiza pro meu gosto.
— Minha loirinha falou bravinha.
— Amor, a Lu é minha amiga. E você sabe que eu só tenho olhos para uma loirinha gostosinha,
que tem uma pintinha em cima do lábio, uma bundinha que eu amo apertar, umas tetinhas que ficam
durinhas quando eu chego assim, pertinho e lambo... que tem uma tatuagem fofa que combina com a
minha... — Dei beijinhos nela para desfazer a sua cara amarrada. Ela não aguentou e começou a rir.
— Mas você é uma safada mesmo, né? — Nos beijamos até perder o fôlego. Uma mensagem
chegou no seu celular e ela olhou irritada. — Aff, eu tenho que ir. O Vitor tá me procurando!
— Vai lá, depois a gente continua. — Entrei no chuveiro e seus olhos azuis me seguiram em
cobiça.
— Nandinha... Vai me visitar no meu quarto, vai? — Clarinha pediu fazendo beiço. — Depois que
todo mundo for dormir. Eu deixo a porta aberta... Vem dormir comigo? Tô morrendo de saudade de
você.
— Vou, com uma condição. — Dei o meu sorriso mais safado.
— Qual? Depende... — Fingiu que não aceitaria.
— Se você deixar eu te comer bem gostosinho. — Abri o box e a puxei para água.
— Nanda! — Começou a rir fugindo.
— Então, nada feito. Vou ficar assistindo filme e fantasiando com a Gal Gadot de Wonder Woman.
— Ai, sua ridícula. — Recebi uns tapas.
— Brincadeira, você sabe que eu só tenho olhos para uma tal de Ana Clara Alcântara Machado.
Conhece?
— É... já ouvi falar. — Riu. — Falando sério, você vai?
— Vou sim, me espera bem gostosinha, que vou levar uma surpresinha que eu comprei.
— AMO! — E ela saiu toda feliz. Mano, como eu amava essa menina!
Mais tarde eu estava na cozinha quando Juliane chegou e disse que era para eu jantar na sala,
pois a Madrinha estava chamando. Não queria, mas seria rude não ir. Chegando lá me sentei ao lado
da Clarinha, dando boa noite a todos. Vitor me olhou de canto de olho, como se tivesse nojo da minha
presença.
Madrinha me perguntou se eu iria com eles para Angra em janeiro. Eu respondi que não, porque
já havia organizado meus horários na Pet Shop e que trabalharia todas as manhãs, até as férias
acabarem. Logicamente que minha namorada não gostou da ideia fazendo cara feia. “Que coisa mais
fofa! Até brava ela ficava linda!”.
— Nanda, faz o seguinte: combine com a Dra. Olívia para que você não trabalhe na sexta e nem
na segunda. Então você pode pegar carona com seu padrinho e ir na quinta à noite e voltar na segunda
à tardinha, o que acha da ideia?
— Mas eu já combinei os horários...
— Simples! Descombina, ué… — Clarinha argumentou de má vontade.
— Pode deixar que eu falo com ela. Não aceito desculpas! — Madrinha concluiu. — Você precisa
aproveitar também, meu amor! Vamos, vai ser como quando vocês eram pequenas.
— Tá legal. — Falei sorrindo. — Eu converso com ela amanhã.
— Eehh!!! — Clarinha soltou um berro e agarrou meu pescoço. Achei que a louca me beijaria.
Todos olharam para ela e o seu Manoel ficou desconfiado. — O que foi? Eu ia ficar sozinha lá, no tédio!
Pelo menos terei companhia!
— Vitinho vai estar lá. — Cléber deu o ar da graça.
— Não é a mesma coisa. — Minha menina disse com má vontade.
— O importante é que tudo se resolveu. Cléber, já te disse que o Sabrino sabe pular corda… — E
o Padrinho mais uma vez mudou o foco da conversa. Amava esse homem!
Clarinha estava extremamente feliz e a toda hora dava um jeito de me tocar por baixo da mesa.
Eu já estava preocupada se alguém notaria. A diabinha loira apertava as minhas coxas e roçava as
unhas na minha buceta por cima do meu short. Tentava tirar a sua mão discretamente, mas a safada
logo voltava a me provocar. No final do jantar, eu já sabia que teria que trocar de calcinha. Foi quando
Mainha entrou na sala afobada.
Voinho havia tido um mal súbito e estava no hospital da cidade. Fui correndo arrumar uma
mochila com algumas roupas enquanto meu padrinho chamava o Alfredo.
Nem pude me despedir direito da minha namorada, o que nos deixou tristes. Ainda mais que
agora só nos veríamos após as festas de final de ano.
A viagem demorou uma eternidade, com Mainha rezando o terço. Alfredo nos deixou direto no
hospital e vimos logo a tia Dulce na entrada.
— Dulce, como Painho está? — Mainha perguntou aflita.
— Papai está sedado na UTI. Mas não se preocupe, foi só um susto. Ele deve ficar aqui por mais
uns dias. O doutor falou que ele deve fazer cateterismo, mas por causa das festas será só em janeiro.
Disse que vai ficar tudo bem e que com a medicação, ele estará pronto pra outra. Não adianta ficarmos
aqui porque ninguém pode passar a noite com ele. Vou levar mamãe em casa, vocês não querem ir
junto?
Minha mãe ficou mais tranquila com as notícias. Voinho possuía um pequeno sítio onde criava
gado leiteiro. Todas as festas de final de ano nós passávamos aqui. Vinha a parentada de tudo que é
lugar. Era uma festança! Uma primaiada que eu nem sei de onde saía. Tudo é meio parente. Filho do
primo, da tia casada com o tio, enfim uma confusão.
Nós cuidávamos da lida do sítio, mas sempre conseguíamos tempo para tomar banho de açude,
andar a cavalo, jogar, correr... Aprendi a tirar leite de vaca, apartar as vacas dos bezerros, cuidar das
galinhas chocas e tudo que uma pessoa do campo deveria fazer.
Quando eu tiver meus filhos, vou querer que eles aprendam tudo isso. Meus pequenos não serão
essas crianças que nunca andaram com os pés no chão em contato com a terra e nunca comeram
manga no pé.
Clarinha a toda hora me enviava mensagens para saber onde eu estava, com quem e fazendo o
que… Acho que era porque ela sabia que eu sempre tive rolo com algumas “primas” distantes. Eu não
entendia o ciúme que essa menina tinha. Tá certo que eu nunca havia sido santa, mas com ela eu não
olhava nem para o lado! Ela era tudo o que eu precisava e o que eu mais queria. Quando voltarmos, eu
precisaria arrumar um jeito dela entender isso.

Ana Clara
TÉDIO. Palavra que definia o meu estado de espírito. Nunca pensei que estando em New York,
lugar que eu mais amava no mundo, me sentiria assim. Para piorar, houve uma nevasca gigantesca e
não havia como sair para passear. AFF! Eu estava morrendo de saudade da Nanda. Até trouxe uma
camiseta dela para ficar abraçada quando dormia.
Vitor cada vez mais me torrava a paciência. “Ôh, garoto chato!”. Agora queria saber a todo custo
quem era o menino por quem eu estava apaixonada. Sem falar que ele me roubou alguns selinhos e
mesmo eu o empurrando, falando que não queria, sempre arrumava um jeito de ficar junto a mim. Meus
avós estavam espantados porque sempre que eu podia ficava com eles, na tentativa de fugir do Vitor.
A Luiza veio junto com a família do Fernando. Nós duas estávamos dividindo o mesmo quarto e,
por incrível que pareça, ela até que era gente boa. A gente conversou bastante e consegui ver que ela
realmente queria a felicidade da Nanda.
Outra coisa que me espantou bastante, foi que ela era superengraçada e gente boa. Numa das
nossas conversas, Luiza me contou o que o Vitor e a turma dele faziam com a Cris. Mais um motivo
para eu ter asco desse garoto. A morena me deu muitos conselhos, principalmente sobre o meu ciúme
gigantesco. Ela falava a todo instante que a Nanda me amava e que era para eu deixar de ser boba.
CIÚME. Sentimento horrível que eu não conseguia parar de sentir. Principalmente, sabendo que a
Nanda estava rodeada de “primas”. Tudo ficava pior quando enviava uma mensagem e ela demorava
horrores para responder. Ficava pensando em um monte de besteira. “AI, QUE RAIVA!”. Não queria me
sentir assim.
A menina triste
Nanda
Felizmente Voinho estava novo em folha, assim, no segundo dia de janeiro, nós já estávamos em
casa. Sabrino que ficou desolado, tadinho. Tinha até emagrecido. Quando me viu enlouqueceu e quase
me derrubou no chão. Agora, me seguia como uma sombra. Acho que tinha medo de ser deixado
sozinho novamente.
Como eu amava estar em casa! Precisava voltar a minha rotina de exercícios, porque Voinha me
fazia comer demais. “Come, Nandinha, fiz pra você.”. Aí, como recusar? Só coisa boa!
Sabrino roncava ao meu lado quando despertei e vi que eram cinco horas da manhã. A melhor
hora para correr e depois, ver o nascer do sol, fazendo os exercícios de meditação que o Vieira me
ensinou. Coloquei uma roupa de treino, comi uma maçã e saí pelo condomínio.
A maresia entrava nos meus pulmões e eu não conseguia deixar de sorrir pensando que logo a
minha Clarinha estaria de volta em casa. Nunca imaginei que hoje, estaria namorando a menina que
por muitos anos fizera parte dos meus sonhos mais escondidos. Ana Clara! My Sunshine! Meu Raio de
Sol! Enquanto corria, coloquei na boca o pequeno pingente de sol com seu nome na minha corrente.
Era como se eu pudesse beijá-la mesmo à distância.
O sol estava surgindo no horizonte e vi um vulto adentrando o mar. Era uma menina totalmente
vestida, o que me causou estranheza, porque tipo, se você vai cair no mar, deveria tirar algumas peças
pelo menos… Diminuí o passo e fiquei observando a figura que entrava sem medo. As ondas já a
encobriam. “Ah, caralho! Essa menina tá de caô! Fudeu, Fudeu, Fudeu!”.
Só tive tempo de tirar os tênis e entrar mar adentro. Não vi mais a garota e fiquei desesperada.
Nadei rapidamente até onde eu a vi pela última vez e mergulhei tentando achá-la. Acho que Deus
pensou que não seria a hora dela e me ajudou a ir no local exato, no meio daquele marzão gigantesco.
A puxei e fui nadando de volta tentando chegar o mais rápido possível na areia.
Usei tudo o que aprendi nas aulas de natação e primeiros socorros que Padrinho fez questão em
nos colocar. Comecei uma compressão ritmada no seu tórax, olhando desesperada para os lados.
Notei que os salva-vidas que corriam pela manhã, no mesmo horário que eu, já haviam percebido a
minha movimentação e se dirigiam rapidamente na minha direção. “Graças a Deus!”.
Fui na ambulância junto com a menina. Não sei o porquê de fazer isso. Ela parecia ser mais nova
que eu e suas roupas eram de grife… Com certeza era granfina. Não saía da minha cabeça o que a
levou a fazer uma coisa daquelas.
No hospital dei todas as informações que eu tinha e liguei para Mainha de um telefone público.
Ela ficou em choque, por eu ter colocado a minha vida em perigo, mas ao mesmo tempo estava
orgulhosa.
O salva-vidas chegou e me disse que a menina estava viva, graças a mim, mas me deu um
sermão sobre eu ter ido salvá-la sem treinamento adequado. Ele estava certo, me coloquei em risco,
mas na hora eu nem pensei.
Sentei nos bancos da emergência, esperando Alfredo vir me buscar. Eu estava toda molhada e
suja de areia. Percebi uma movimentação diferente e vários homens entraram. Galera da quebrada. Os
berros deviam estar escondidos nas roupas, o segurança do hospital estava completamente
encagaçado, o pobre não soltava um pio. No meio daquele monte de homens tinha um senhor
aparentando ter a idade do Padrinho.
O homem mais velho gritava exigindo a presença do médico, que prontamente veio e o levou para
dentro. Uma coisa que eu aprendi cedo era que não devia me meter com essa gente. Ficar na minha e
deixar eles na deles. Até jogava futevôlei na praia com uma galera da quebrada. Fingia que não sabia o
que eles faziam e ficava por isso.
Outra coisa era que eu nunca achei que todo mundo que mora na comunidade fizesse parte do
tráfico. Tem muita gente trabalhadora que vivia e criava os filhos ali e só queria ser feliz. Eu e Mainha
moraríamos em um lugar assim se não tivéssemos a sorte de conhecer meus padrinhos.
O tempo passava e nada do Alfredo chegar. Eu estava com frio porque o dia havia começado
quente, mas uma chuvinha fez cair a temperatura rapidamente. Vestia top, short de corrida, tênis e
estava toda molhada. Tremia de frio e me abraçava para esquentar.
— Você é a Fernanda. — Ouvi a voz grave e vi o homem mais velho me olhando com cara feia.
Os cupinxas estavam ao seu lado. “Fudeu, Fudeu, Fudeu!”.
— Sim, senhor.
— Eu sou Carlos, pai da Jennifer, a menina que você salvou.
— Prazer. — Disse trêmula, já não sabia se era de medo, ou frio.
— Eu não sei como te agradecer, menina. Você salvou o bem mais precioso que eu tenho na vida.
— A voz do homem estava embargada pela emoção. — Falaram que você correu riscos… quero te
recompensar. Carniça! — Um magrinho, todo estiloso vestindo um moletom que deveria custar o que
eu ganhava na Pet Shop em um mês, veio e deu um maço de notas a ele.
— Senhor Carlos, o senhor me desculpe, mas eu não posso aceitar. — O homem me olhou com a
cara fechada. — Minha Mainha me ensinou que “deve-se fazer o bem, sem ver a quem”. Sem esperar
nada em troca.
— Aceite, menina, eu tô mandando! — O homem falou baixo com irritação e eu quase fraquejei.
— Posso não. Olha, na comunidade tem uma creche, né? O senhor pode comprar brinquedos pra
galerinha lá... Pode ser? O senhor aceita? — O olhei esperançosa, não queria entrar em atrito, mas
não podia aceitar o dinheiro. Ele ficou me examinando com aqueles olhos negros e eu achei que
estava fudida. Por fim ele riu e colocou a mão no meu ombro.
— Eu gostei de você, menina... Poucos homens me enfrentaram como você e estão aqui pra
contar. Tá com frio? — Confirmei, acho que já estava roxa. — Carniça, dá o moletom pra menina, não
tá vendo que ela tá com frio?
— Mas, doutor, esse eu comprei nos states...
— CARNIÇA! — O magrinho tirou a roupa e me deu. Vesti rapidamente o agasalho, com cheiro de
perfume importado. O homem mais velho foi saindo balançando a cabeça de um lado para o outro.
— Seu Carlos! — Chamei e ele parou. — Posso visitar sua filha? — Ele me olhou como quem não
acreditasse na minha ousadia.
— Pode sim... Acho que talvez faça bem a ela... Quando quiser é só avisar o Zé do quiosque.
— Mas... Mas como o senhor sabe que o quiosque do Zé fica na frente de onde eu moro?
— Menina, menina… Eu sei tudo sobre você e a família do seu padrinho. Pode confiar que nada
mais vai acontecer com ele por minha causa... — “Como assim nada mais? Padrinho estava sendo
ameaçado? CARALHO!”.
Clarinha chegaria apenas dali algumas semanas e eu não conseguia deixar de pensar que meu
Padrinho estava correndo risco de vida. Alguns dias depois, fui visitar a menina que morava em um
condomínio ali perto. A segurança era gigantesca e eu tive que passar por vários homens armados
para chegar até ela. A encontrei sentada no seu jardim, com um cachorro no colo. Ela parecia muito
mais jovem do que realmente era e sua expressão de tristeza doeu no meu coração. Então, eu fiz o
modo Nanda zoeira aflorar e falei um monte de besteira.
Aos poucos Jennifer foi se soltando e até mesmo rindo das minhas piadas. Ficamos brincando
com seu cachorrinho poodle no quintal, até eu ter que ir para o trabalho. Quando saí, ela me deu um
abraço e pediu que eu voltasse no outro dia.
— Menina... — Passei pelo seu Carlos na saída, queria sair logo dali porque aquele homem me
dava arrepios. — Espere um momento. Fui informado que Jé saiu do quarto por sua causa. — Será
que fiz merda? — Venha cá, eu vou te contar o que aconteceu...
Seu Carlos, ou Doutor como era conhecido, contou que Jennifer era sua filha mais velha, sua
princesa e a mãe já haviam falecido. Começou a namorar um menino que ele não ia muito com a cara.
O rapaz era mais velho e o homem deu um bom susto nele, para garantir que nada acontecesse à sua
filha. Então ele ficou tranquilo. Seu Carlos disse que esse foi seu maior erro.
Jennifer foi a um baile funk com o namorado, em uma comunidade próxima, como a tantos outros
que já havia comparecido. Só que naquele em especial, o rival do seu Carlos deu uma grana preta para
o namorado da garota, que a entregou a ele. Jennifer ficou várias horas sendo estuprada por mais de
vinte homens diferentes. Tudo isso para mandar um “recado” para o seu pai.
O homem chorava ao me contar tudo isso. A menina não conseguiu superar o trauma e o seu
afogamento foi a sua terceira tentativa de suicídio. Então, ele me fez um pedido: para que eu
continuasse a visitá-la e ser a amiga que ela estava precisando.
Uma ideia começou a se formar em minha cabeça e eu pedi autorização ao homem. Notei que a
Jennifer amava os animais, tanto que era vegana. Então, sugeri a ele que ela me acompanhasse na
Pet Shop, o homem prontamente concordou, desde que Carniça estivesse junto, ou pelo menos por
perto. Imediatamente fomos conversar com ela, que aceitou com um pouco de receio, mas com um
brilho diferente no olhar quando eu falei que a Dra. Olivia trabalhava com todo tipo de animais, desde
pequenos até os silvestres.
E os dias se passaram assim: eu me exercitava, passava o resto do dia na Pet com a Jennifer e
voltava para casa. A menina gostou tanto de lá que começou a ir, mesmo quando eu não estava.
Percebi que a Dra. Olivia meio que a adotou e a levava a todas as consultas externas.
A Dra. teve uma boa conversa com o Seu Carlos, não sei sobre o que, mas depois disso a
Jennifer até mesmo ficava na casa dela com suas filhas. Fiquei feliz em ver que em tão pouco tempo, a
vida da menina mudou e tomou outro rumo.
Enfim, hoje, seria o grande dia! A minha menina estaria de volta e eu teria uma grande novidade a
ela: iria para Angra passar as férias com ela. Falei com a Dra. Olívia que me liberou e disse que, como
a Jennifer estava lá, e com as outras estagiárias, não precisaria de mim.
Para esperar o tempo passar, coloquei um short de ginástica coladinho, um top e fui me exercitar
na academia da casa. Chegando lá, me aqueci um pouco e fui para os aparelhos. Sabrino estava
deitado na esteira desligada acompanhando tudo o que eu fazia. “Vou treinar um pouco para quando
ela chegar, eu estar de banho tomado e cheirosinha”. Estava com tanta saudade do meu amor que
chegava a doer.
Enquanto me exercitava, pensava nos brinquedinhos que eu tinha comprado. “Clarinha vai amar!”.
A gente quase não conseguiu se falar nesses dias. Sempre tinha alguém com ela e quando ela estava
sozinha era eu que não podia.
A Luiza que me mandou umas mensagens falando para eu abrir o olho com o Vitor, porque ele
estava como louco querendo saber de quem a Clarinha gostava. Na real, tava pouco me lixando pra
esse babaca.
Estava de costas para a porta, em um dos aparelhos, concentrada e com os fones de ouvido,
quando eu senti um corpo colado ao meu, o perfume da Clarinha me invadindo os sentidos, duas mãos
nos meus seios e um beijo molhado no pescoço.
Sorri feliz e virei o rosto sentindo seus lábios nos meus. Até que eu abri os olhos e vi Julianne
agarrada a mim. Por puro reflexo, a empurrei no mesmo momento em que visualizei na porta a minha
Clarinha, chorando.
My Girl
Ana Clara
A viagem de volta foi cansativa e tudo o que eu mais queria era encontrar a Nanda. Ainda bem
que meus avós foram direto para casa deles, assim eu poderia ficar com a minha namorada livremente.
Não queria ter que me esconder pelos cantos novamente.
Deixei as malas no meu quarto e saí a procura de quem eu mais queria encontrar. Nós quase não
conversamos nesse período em que estivemos longe. Sempre algo nos impedia!
Achei Mazé na sala, a enchi de beijos devido a saudade e ela me disse que a Nanda estava se
exercitando. Cheguei na academia e a porta estava aberta. Quando enfim eu entrei vislumbrei o meu
pior pesadelo se tornando realidade: Nanda estava beijando a Juliane. Fiquei paralisada enquanto
lágrimas rolavam pelo meu rosto. Por fim, Nanda me viu e empurrou a Juliane que caiu sentada no
chão. Eu não aguentei mais e corri para o meu quarto trancando a porta.
Nanda batia à porta desesperada querendo se explicar. Por que ela fez isso comigo? Por que ela
me traiu? Por fim, ela desistiu e tudo ficou em silêncio. Me encolhi na cama chorando copiosamente.
Até que eu escutei a porta da varanda abrir abruptamente e uma Nanda desesperada passar por ela.
— Clarinha, mano... Amor... Me escuta, por favor! Eu preciso explicar... — Ela veio até mim
chorando.
— Por que, Nanda? Por que você fez isso? Ela é mais experiente que eu... é isso? — Falei num
choro sofrido. — Você cansou de mim? Cansou de brincar com a menina boba que não sabe nada? É
isso? — Disse enquanto ela me apertava entre seus braços. Eu tentava me desvencilhar, mas ela me
abraçava cada vez mais forte, como se a sua vida dependesse disso.
— Clarinha, você é tudo que eu quero! Essa filha da puta, essa putiane me enganou…
— Você quer que eu acredite que você foi enganada? Sério, Fernanda? Eu vi, poxa! Eu te vi
beijando ela e parecia bem feliz!
— Escuta o que eu tenho pra falar, CARALHO! Por favor! — Gritou segurando meu rosto entre as
mãos. — Eu tava treinando, com fone de ouvido, pensando em você... Então, eu senti seu perfume,
alguém me abraçando... — Ela chorava intensamente — Na minha cabeça era você, eu viro o rosto e
te beijo... Mas era a vadia! Eu vou matar essa cachorra! Acredita em mim! Por favor! Eu te amo! — Me
beijava entre as palavras seu desespero era visível.
— Eu vi, Nanda... — Sussurrei triste.
— Você me viu beijando alguém que achei que fosse você, princesa! Acredita em mim, por favor!
— Eu acredito..., mas... Ainda tenho na minha cabeça a imagem de vocês duas... — Solucei com
o rosto no seu pescoço.
— Shiii... Calma, amor, eu tô aqui, calma! — Ela me segurou no colo e me deitou na cama me
acarinhando docemente. Ela me ninava como a uma criança. Eu estava morrendo de dor de cabeça de
tanto chorar. O cansaço da viagem mostrava sinal, afinal era uma viagem longa e eu nunca conseguia
dormir no avião. Aos poucos meus olhos foram ficando pesados.

Nanda
PUTA QUE PARIU! CARALHO! Filha da puta da Juliane. Era só o que eu conseguia pensar com
a Clarinha dormindo nos meus braços. Mano, eu vou matar aquela vadia. Tentei me levantar, mas a
Clarinha me segurou forte.
— Amor, me deixa tomar uma ducha rápida e já venho me deitar com você. — Levantei e fui até o
banheiro da Clarinha tirar o suor do treino. Quando voltei ao quarto vi a minha menina com os olhos
vermelhos me fitando. Deitei ao seu lado a puxando para o meu peito, como ela gostava. Acariciando
suas costas comecei a cantarolar baixinho para ela dormir:
♫ I've got sunshine on a cloudy day
When it's cold outside I've got the month of May♫
Olhava seu rosto vermelho e inchado de choro e não conseguia pensar em como ela poderia
estar mais linda. Assim como a letra da música dizia “Eu tenho um raio de sol em um dia nublado”, ao
seu lado meu mundo se ilumina…
♫My girl
Talkin' 'bout my girl ♫
Do que eu estou falando? “Minha menina, eu estou falando da minha menina.”. Fiquei por muito
tempo cantarolando para ela, sentindo o calor do seu corpo junto ao meu e até achei que ela já havia
dormido quando escuto sua voz bêbada de sono.
— Nanda, eu amo muito você. — Seus olhos estavam fechados.
— Eu amo mais, My Sunshine…
Quando enfim ela dormiu, prometi a mim mesma que de amanhã a Juliane não escapava. Essa
piranha me pagaria.

Ana Clara
O cheirinho gostoso de café me acordou e me espreguicei. Nanda sorria lindamente, enquanto
segurava uma bandeja cheia das mais diversas guloseimas para o café da manhã.
— Good morning, Sunshine! Fui lá embaixo e pedi pra Mainha preparar tudo o que você mais
gosta: tapioca de doce de leite, pão de queijo quentinho, waffle de blueberry, suco, café... — Sentei na
cama enquanto ela colocava a bandeja no meu colo.
— Nossa, que lindo! Mas só tem uma coisa que eu quero... — Minha voz estava rouca de sono.
— O que, amor? Fala que eu corro lá e busco... — Nanda falou olhando para as coisas com uma
carinha tão linda de quem quer agradar.
— Um beijo bem gostoso.
— Ah, isso é especialidade da casa. — Me beijou com carinho como se eu fosse a coisa mais
preciosa do mundo.
— Vem, Nanda, toma café comigo. — Pedi a ela que se sentasse ao meu lado.
— Só não dá pra demorar, amor. Daqui a pouco eu vou na Pet ver como tudo está. Falei com a
Dra. Olivia e ela me liberou… Vou pra Angra com vocês! — Oh My fucking G!
— Sério? — Exclamei entusiasmada — Ai, que tudo! Te amo, te amo, te amo. — Dei vários
beijinhos nela. — Mas como você conseguiu? Ela não estava contando com você? — Então a minha
Nanda contou algo que me fez ficar ainda mais apaixonada e orgulhosa. Consegui até mesmo
esconder o ciúme que eu senti da tal Jennifer! Após o seu relato, contei a minha namorada como foi a
viagem e da chatice do Vitor.
— Não quero você perto dele! — Nanda estava furiosa por ele ter me roubado alguns selinhos.
— Amor, não fica assim. Não aconteceu nada demais e a Lu tava sempre comigo!
— Lu???
— O que foi? Ela até que é legal!
— Nossa senhora, o mundo muda mesmo, né? Esses dias você não a suportava! Tá… — Ganhei
um beijo na testa. — Vou levar isso até a cozinha e aproveitar pra ter uma conversar séria com a dona
Juliane.
— Não, você não vai! — Falei rispidamente. — Pode parar! Eu que vou falar com essa daí. Não
quero que você fale com ela, só o estritamente necessário. — Lembrei da gralha periguete com as
mãos na minha namorada e o ódio me tomou!
— Sim, senhora... Oh, minha princesa, minha dona, meu tudo, o que você quiser! — Me zoou
rindo muito.
— Para, boba, é sério! — Joguei um travesseiro, mas ela se esquivou fechando a porta.
Depois de me arrumar, desci e fui à caça daquela assanhada de garras vermelhas, a encontrando
na cozinha junto a Claudete.
— Juliane, você gosta de trabalhar aqui? — Perguntei a ela secamente.
— Gosto, por quê? — Ela me olhou de cima a baixo como se estivesse me desafiando. “OMG!
GEZUIS, dai-me paciência senão arranco esses cabelos dessa ruiva falsa!”.— Então, eu vou te dar um
aviso: saia de perto da minha namorada. Sim, a Nanda é MINHA NAMORADA! E eu não admito esse
seu assédio para cima dela.
— Ela bem que gosta... — Juliane falou com desdém. “Ai, que raiva!! Se controla, Ana Clara,
senão você perde a razão!”.
— Olha, Juliane, você tá muito enganada. Ela tem nojo de você, menina! Você é tão tosca que
não percebe que ela foge sempre que te vê? A Nanda é educada e não gosta de barraco na frente dos
outros, por isso ela não fala nada. — A garota olhou para mim séria. — Não quero você perto dela! Ou
melhor, você está proibida de sequer lhe dirigir a palavra, apenas o necessário. Se você quiser
continuar trabalhando aqui, espero que você nos respeite e se dê ao respeito. — Eu consegui notar
que ela estava com muita raiva e se controlava. — Mais uma coisa, a próxima vez que você usar meu
perfume, exclusivo e importado, você vai para o olho da rua, com justa causa. Fui clara?
Juliane concordou séria, saindo da cozinha pisando duro enquanto a Claudete me abraçava toda
feliz.
— Essa daí precisa aprender a trabalhar mais e não ficar por aí de saliência! Fez bem, Clarinha!
— Ai, Claudete eu tô com tanta raiva que o que eu queria mesmo era arrastar a cara dela no
chão.
— Patroinha é chique demais pra isso! Não se rebaixa ao nível dessa aí! — E saiu rindo.
— O que houve aqui? — Mamãe perguntou.
— Nada não, mamãe, eu só tava colocando uma ratazana no seu devido lugar.
— Ai, ai, menina! — Falou me dando um beijo na testa. — Clarinha seu pai quer ir hoje à tarde
para Angra, já que ele volta a trabalhar só semana que vem.
— Tá bom, mamãe. Vou mandar uma mensagem para a Nanda avisando que iremos hoje.
Arrumei as minhas coisas, com o Sabrino entrando toda hora dentro da mala. Tadinho, estava
com medo de ficar sozinho novamente. Convenci o papai a me deixar ir com a Nanda na “Clarice” e
como estava acostumada a andar na garupa dele, eu tinha todo o equipamento de segurança
necessário. Separei minhas coisas e deixei para o Alfredo colocar no carro, indo para garagem ver se a
Nanda já estava pronta.
Ao chegar, vi a minha namorada vestindo uma calça jeans justíssima, botas de cano curto, uma
regata branca, jaqueta de couro e óculos estilo aviador... OMG! Minha intimidade pulsou com aquela
visão. Nanda a cada dia ficava mais bonita! Sorri com a possibilidade de ficar algumas horas grudadas
ao seu corpo, sentindo seu calor e seu perfume!
— Amor, já arrumou tudo? — Com a minha concordância ela me passou o capacete. — Deixa eu
te ajudar a colocar. — Olhou para os lados percebendo que papai estava um pouco mais afastado. —
Sabia que você tá muito gostosinha com essa calça de couro e essa jaqueta? — Ela sussurrou
baixinho fazendo com que eu ficasse mais molhada. — A minha vontade é te deitar em cima da
“Clarice”, arrancar essa calça apertada e te chupar tanto... Mas tanto... Até você gozar na minha boca.
— “OMG!”.
— Prontas, meninas? — Papai perguntou antes que eu tivesse condições de falar qualquer coisa.
— Tudo certo, Padrinho, não se preocupe que eu vou bem devagar.
— Ok, mas faça uma parada naquele posto em Itaguaí. O rastreador dos celulares está ligado,
né?
—Tudo certo! Tanque cheio, tudo revisado.
— Então vão com Deus! À noite nos encontraremos lá. — Papai falou e nos beijou se despedindo.
Nanda ligou a moto e eu sentei grudada a ela. “Ainda bem que coloquei um protetor diário na calcinha,
porque minha excitação tá enorme! Tô toda melada!”.
O caminho até Angra até que foi agradável. Fomos conversando pelo comunicador do capacete e
contei para Nanda da minha “conversa” com a Juliane. Nanda desatou a rir, imaginando a minha cara.
Chegamos à casa da praia e Dora, a senhora que tomava conta de tudo por lá, veio nos receber.
Trocamos de roupa e logo corremos para dar um mergulho. Nanda parecia uma criança de tão feliz que
estava.
Já era de tardinha e estávamos deitadas no ancoradouro para nos secarmos. A minha namorada
segurava a minha mão, enquanto olhávamos o céu tentando imaginar o que as nuvens pareciam.
— Clarinha, quem mais vem pra cá? — Ela me perguntou.
— Essa semana vem o tio Júlio, por uns dias e no final de semana o tio Cléber.
— E o seu avô?
— Só mais no final do mês. Por quê?
— Ah, eu não falei pra você ainda, para não te estressar, mas seu avô veio com uns papos
trouxas... — Conforme ela me contava o que o vovô tinha pedido a ela, eu ficava cada vez mais
irritada. Que ridículo! Agora eu entendia quando mamãe falava tanto para nós sermos discretas. O seu
Manoel seria capaz de qualquer coisa para manter o “nome” da família. NOJO!
— Nanda, nada nem ninguém pode apagar o que eu sinto por você. Se você estiver comigo, eu
sou capaz de suportar qualquer coisa!
— Eu sei, amor, mas fico preocupada. Eu tô acostumada com o preconceito, com o bullying, com
a intolerância... Eu não quero que você sofra.
— Nanda, o importante é a gente estar juntas. Eu já sei o que fazer. O problema é que eu não
tenho 18 anos e o vovô se meter nos meus bens e tal. Vou encher o saco dos meus pais para me
emancipar. Pronto, aí nós podemos gritar para o mundo ouvir que a gente se ama! — Falei recebendo
um beijo dela.
— Não, amor... Não se precipita, lindinha, faz tudo com calma, conversa com o padrinho. Promete
que não vai fazer nada por impulsividade, ok?
— Aham... — Falei desconversando.
Angra
Nanda
Ouvi o latido do Sabrino e soube que os meus padrinhos chegaram, mas, para minha tristeza,
Vitor e sua família estavam juntos. Pelo menos hoje ainda chegariam tio Júlio e a família. O padrinho
sempre amou a casa cheia e nesse verão havia convidado, até mesmo, a família da Luiza.
— Vamos organizar as acomodações, Dora. Como a casa tá cheia, do jeito que eu gosto, coloca
mais um colchão de casal no quarto da Clarinha. Todas as meninas dormem lá, ok? — “AH, PUTA QUE
PARIU!”. Olhei para minha namorada que fez cara de quem não gostou.
— Vitor, Fernando, Chico e Otávio dormem em um quarto. Os outros quartos ficam para os
casais, ok? — Dora concordou.
— Amor, eu queria tanto que a gente dormisse sozinha. — Clarinha sussurrou no meu ouvido.
— Gatinha, se acalma que eu dou um jeito. Você não vai ficar sem a sua dose diária de vitamina
N. — Sorri maliciosa.
— Oi?
— Não conhece? É uma vitamina que faz você ter um orgasmo bem gostosinho. — Vi a minha
menina enrubescer drasticamente.
— O que tanto vocês ficam de cochicho aí, hein? — Vitor chegou interrompendo.
— Nada não, Vitor, tava falando para a Clarinha que ela ainda não tomou as vitaminas dela hoje.
Né, Clarinha? — Perguntei arqueando uma sobrancelha.
— Err... Aham — A menina estava cada vez mais vermelha.
— Ah, qual você toma? Meu personal me passou uma lista de suplementos maneiros, se você
quiser, minha princesa, posso ver pra você... — O babacão disse mostrando os músculos.
— Não, Vitor, sabe como é... Acho que a vitamina que você tem não faz muito efeito na Clarinha.
— Fingi seriedade e a Clarinha já estava um pimentão e me beliscou para que eu parasse. — Esse tipo
de vitamina só tem lá na casa dela, quer dizer, tem aqui agora também — Ele me olhou sem entender
nada. A minha vontade era de gargalhar, mas me segurei. — A madrinha que é médica que organiza
tudo, sabe, né?
— Ah, real. Tô ligado. — Clarinha suspirou aliviada.
— E aí, BITCHESSS, o que vamos fazer? — Luiza chegou pulando em cima de nós duas e,
pasmem, Clarinha a abraçou como se fossem BFF’s!
— Vamos aproveitar o resto do dia na piscina? Depois, ou amanhã a gente pede para o papai nos
levar para mergulhar com a lancha. — Todos concordaram.
O pessoal ficou em volta da piscina enquanto os adultos conversavam na varanda. Chico colocou
música e até que estava divertido. Claro que eu preferia estar sozinha com a minha pequena e sempre
que conseguia, tirava uma casquinha daquele corpo delicioso, deixando uma Clarinha cada vez mais
afogueada.
— Você não presta mesmo, Nanda. — Luiza chegou perto de mim na piscina.
— Oshi, o que eu fiz?
— Tá arretando a menina faz tempo, ela tá quase estourando de tesão, olha como aperta as
pernas, dá quase pra espremer uma laranja! Eu tô até com pena dela.
— Lu, você nos dá cobertura? Por favorzinho? — Fiz carinha de pidona.
— Vou te ajudar, mas só porque eu aprendi a gostar da Clarinha. — Dei um beijo estalado no seu
rosto. Minha namorada fez cara feia para isso.
— Clarinha, vamos nos arrumar para a janta? — Perguntei como quem não quer nada.
— Ah, vou também — Falou Rebeca.
— Rebeca, você que já veio aqui, nos mostra o ancoradouro? Eu queria conhecer ainda hoje.
Vamos Fernando? Quem mais? Podemos dar um mergulho também? Bora? — Todo mundo resolveu ir
e eu sorri maliciosa para minha namorada.
Não perdemos tempo e corremos para o quarto, onde nos entregamos a um beijo intenso, repleto
de carinho e saudade. Nunca havia me dado conta, mas desde o primeiro momento, nossos beijos não
demonstravam apenas desejo, mas também o grande amor que inundava o nosso peito. Sempre foi
mais! Não era apenas pele e sim duas almas que se interligavam a cada toque.
Caímos na cama e nos despimos com pressa. Me deitei sobre seu corpo nu e nossos seios se
tocaram causando um arrepio na minha espinha. Suguei fortemente sua língua ao mesmo tempo em
que apertava seu mamilo recebendo em troca um gemido fraco. Minha namorada encaixou as pernas
na minha cintura em busca de mais contato. Deslizei sobre sua pele arrepiada ficando na altura do que
eu mais amava.
— Oi, gêmeos, sentiram saudade da mamãe? — Falei para os seios volumosos em minhas mãos
enquanto passava os polegares nas auréolas. Clarinha soltou uma risada com um gemido assim que
eu comecei a sugá-los. — Mamãe vai cuidar de vocês. — Os chupei com devoção enquanto ela
empurrava minha cabeça para baixo.
— Nanda…
— Pede, amor. — Mamei com força soltando o bico fazendo com que um barulho de estalo
ecoasse pelo quarto.
— Por favor... — Minha menina rebolou na minha cintura.
— Se você não falar, eu não tenho como saber. — Provoquei-a maliciosamente.
— Nanda, me fode, AGORA!
— Que namorada brava eu tenho! — Falei descendo a cabeça até encaixar entre suas pernas. —
Oi, buceta linda e deliciosa da Clarinha. — A cada palavra eu dava uma lambida e minha namorada um
pequeno pulo. — Sentiu saudades, né?
— Nanda! Menos palavras e mais ação!
Sorrindo suguei longamente seus pequenos lábios. Minha namorada rebolava cada vez mais
rápido na minha cara e eu resolvi não a torturar mais. Chupando o seu clitóris, introduzi dois dedos de
uma vez na sua buceta o que causou um grito rouco. Olhei para ela, estava apertando e puxando o
bico dos seus seios.
— Mulher gostosa da porra! — Mordi levemente sua virilha sem deixar de estocar profundamente
e forte meus dedos. Ela dava pequenos gritos e eu sentia que ela já estava na borda. Acho que eu a
excitei demais durante a tarde!
— Nandaaa... — Ela olhou pra mim em súplica. — Eu... Tô... Quase... — Como não tínhamos
muito tempo, me ajoelhei e juntei nossos sexos, o que causou um gemido em uníssono.
As bucetas extremamente molhadas deslizavam facilmente uma contra outra. Clarinha em um
movimento repentino, trocou as nossas posições e ficou por cima, ditando o ritmo. Segurei na sua
cintura para auxiliá-la no movimento. Nosso pré-gozo se misturava e eu olhava fascinada para a junção
das nossas bucetas, como que hipnotizada.
— Rebola mais, vai. Me mela toda com essa buceta gostosa... Ahhh... — “Manoo, essa mulher
rebolando é de outro mundo! Santa aula de dança do ventre.”. — Rebola pra sua Nanda, vai... — Ela
aumentou o ritmo, nossos gemidos e o barulho da fricção podiam ser ouvidos pelo quarto. Até que ela
gozou, me molhando ainda mais.
A minha namorada notou que eu estava muito perto e então continuou o movimento, o que fez
com que logo em seguida eu atingisse um orgasmo intenso. Nossos líquidos se misturavam e se
perdiam nas dobras da minha bunda.
— Ana Clara, Nanda... Abre... — Era a Luiza batendo na porta. Nos vestimos correndo e abrimos
para ela entrar. — CARACA! Esse quarto tá cheirando a sexo e a xana! Abram a janela, vamos colocar
incenso, borrifar qualquer coisa... — Ela falou rindo. Caralho, Luiza era foda! — Rebeca tá vindo, é
melhor correr.

Ana Clara
O assunto do jantar era: “COMO MEU PAI ME DEIXOU FAZER UMA TATUAGEM?”, estrelando:
tio Cléber. O meu saco já estava estourando e mamãe só me olhava como que dizendo: “Filha, não
vale a pena.”.
— Isso não é coisa que uma moça de família faça! — Falava tio Cléber já embriagado.
— Achei linda demais. Doeu pra fazer Clarinha? — Luiza entrou na conversa — Tô pensando em
fazer uma gigantesca, em todo meu corpo, né, papai? Só ainda não sei se faço um dragão, ou uma
cobra... — Olhei espantada para o pai da Luiza que ria da filha, como se soubesse que ela estava
zoando com a cara do pai do Vitor.
— Desde que você não faça no rosto, pode tudo, filhinha! — Falou seu Otávio com um brilho
zombeteiro nos olhos.
— Se fosse filha minha, ia passar um dobrado. — Continuou cagando pela boca, tio Cléber.
— Eu achei bonitinha. — Tia Theodora tentou colocar panos quentes.
— Você não acha nada, mulher! Fica de boca fechada! Ô mulher que só fala besteira! — Bebeu
de um gole só o resto do cálice de vinho e o encheu novamente.
— Cléber, acho que o assunto se encerra por aqui. — Mamãe falou vermelha de raiva, porém não
alterou o tom de voz. — Nunca ninguém da minha família faltou com respeito a você e, principalmente,
à sua esposa. Já não posso dizer o mesmo de você, que a trata como capacho na frente de qualquer
um. — Ele tentou falar. — Não, por favor, não me interrompa... Gostamos muito de vocês e, por favor,
não se meta nos assuntos da minha família. Quem deve dizer o que a minha filha pode fazer, ou não,
somos nós. A tatuagem é de muito bom gosto e mostra esse sentimento lindo entre essas duas.
— Sentimento?
— Amizade, Cléber, logicamente e eu espero que você modere o que fala enquanto estiver aqui,
na minha casa. E trate a todos com cordialidade, sem distinção. — Papai interrompeu finalizando a
discussão.
Nanda estava no sofá com Sabrino no colo e os olhos cintilando de raiva. Sabia muito bem o que
ela estava sentindo.
— Terminou o circo? — Chico sem noção como sempre perguntou. — Bora pra beira da piscina?
— Melhor mesmo! Vão crianças... — Mamãe nos mandou para fora.
Os dias passavam mais rápido do que eu queria. Luiza e Fernando nos davam cobertura para que
ficássemos sozinhas. Impressionantemente, o rapaz dizia que não desejava o “encosto” que era o seu
irmão para ninguém. Ele e a Luiza juntos, eram muito engraçados, pareciam mais amigos do que
namorados.
Nanda me surpreendia a cada momento, nos pequenos detalhes do dia-a-dia, como quando ela
saía da mesa para buscar o suco que eu gostava, ou quando ficou toda torta no sofá porque eu e a Lu
deitamos espaçosas em cima dela... Não que ela já não fosse assim e cuidasse de mim desde
sempre... Mas só depois que a gente se beijou é que eu comecei a realmente notar o jeito dela comigo.
Eu nunca...
Ana Clara
Uma noite, estávamos à beira da piscina jogando conversa fora e eu deitada com a cabeça no
colo da Nanda recebendo carinhos. Chico chegou com um cooler cheio de bebidas e falou para
jogarmos verdade ou desafio. Antes, ele fez um copo de vodka com energético para cada um, falando
que estava liberado, desde que apenas ele fizesse o drink e colocasse pouca vodka.
— Ó, pirralhada, tô confiando em vocês. Nada de ficarem locaços porque depois eu que me fodo!
Então, vamos jogar essa bagaça, ou não?
Todos ficaram em uma roda. Vitor e Luiza estavam ao meu lado e Nanda na minha frente. Chico
rodou a garrafa e caiu no Otávio que perguntou, cheio de sorrisos, para Rebeca se ela tava crushando
alguém. Claro que a galera soltou aquele: “Uhm, aí tem”.
O jogo estava bem divertido e eu já me sentia levinha por causa da vodka. Os desafios foram os
mais engraçados: correr e gritar lá na sala “EU TE AMO, TIO CLÉBER!”, lamber o dedão do pé do
Chico e por aí vai. A garrafa parou em mim e Chico perguntou: “Verdade, ou Desafio”. Escolhi verdade.
— Priminha, amada do meu coração: Você já perdeu o BV? — Todo mundo riu e teve aquele
“hummm”.
— Lógico, mano, foi comigo! — Vitor falou alto meio embriagado. Nanda olhava para mim sorrindo
de canto.
— Na verdade, sim! E não foi com o Vitor. — Em um primeiro momento houve silêncio, depois
“WOW” e o Chico gritando “Vitinho Mijão, sifudeu”. Todos riram, menos o Vitor, claro. Ainda estava
espantada com a coragem que eu tive em falar isso.
— Tá, me dá essa porra aqui. — Vitor girou a garrafa com força e parou na Nanda. Ele sorriu
cinicamente. — Verdade, ou desafio?
— Verdade.
— Como vocês lésbicas transam sem ter um pau?
— Do mesmo jeito que você sobrevive sem ter um cérebro. — Chico foi à loucura! Chegou a
deitar no chão de tanto rir. Vitor estava cada vez mais alterado. Nanda girou a garrafa que caiu em
Luiza.
— Verdade, ou desafio?
— Desafio.
— Eu te desafio a beijar uma pessoa aqui da roda, que não seja teu namorado. — Chico gritou e
eu olhei para Nanda com cara de: “O que você tá pensando?”. Todos na roda estavam em graus
variados de embriaguez.
— Ok. — Luiza que estava bem pior que eu, me olhou e disse — Só relaxa. — Se aproximando,
ela prendeu meu rosto entre suas mãos e me deu um beijo molhado.
Os garotos enlouqueceram, assobiavam e gritavam! Vitor olhava embasbacado, quase babando.
Quando eu procurei a Nanda com o olhar, ela estava com os olhos escuros de desejo e sorrindo
safada. Minha intimidade se contraiu. “OMG! O que eu fiz?”.
— Porra, me dá isso aqui. — Vitor correu para pegar a garrafa e girar, mas Chico foi mais rápido.
— Bora jogar “Eu nunca?”. Todo mundo conhece? — Alguns não conheciam o jogo, então meu
primo explicou. — Primeiro eu encho os copos, depois cada um fala uma coisa tipo: “Eu nunca pulei de
paraquedas”. Quem já pulou, bebe um gole, quem nunca pulou não bebe. O copo que estiver mais
cheio, após a rodada é o vencedor. Beleza? — Todos concordaram e quem começou foi a Nanda.
— Eu nunca dei o cu. — Todo mundo morreu rindo. Só a Luiza bebeu. Chico rolou de tanto rir.
— O que foi, gente? Se souber fazer direito é bem gostosinho! — “OMG! Luiza você me mata!”.
— Eu nunca fui corno. — Otávio falou. — Luiza, Rebeca, Fernando e Chico beberam.
— Sim, meus amigos, a Julia me meteu um chifre gigante. Eu andava com dor de cabeça e não
sabia o porquê. — “Ai, eu amo meu primo!” — Viu, Nanda, tudo porque você não me quer. Se você pelo
menos fosse bissexual e me desse uma chance... — Ele tentava dar beijinhos em minha namorada que
escapava rindo.
— Pára, Chico... — Todo mundo riu. “Chico não tinha jeito mesmo.”.
— Tá, vamos continuar. Agora sou eu. Eu nunca fiz sexo. — Fernando falou e todos beberam. A
roda INTEIRA me olhou com admiração!
— Como assim, Clarinha? O tio Carlos sabe? Quem é o garoto, posso saber? — Vitor falava
nervoso.
— WOW! Vitinho chorão não tirou o BV e nem o cabaço! LOSER! — Chico levou um tapa da
Nanda. — Ai, que violência! Tá, eu continuo então... Eu nunca fiz um ménage. — A roda inteira
explodiu em gargalhada, até que a Nanda e a Luiza beberam. — Caraca, moleque, quando eu crescer
quero ser igual a Nanda! Puta que pariu! — Chico sem noção nenhuma continuava a zoar a minha
namorada.
Nanda procurou meus olhos com medo de que eu estivesse com ciúmes, mas por incrível que
pareça eu não estava. Lembrei de quando ela teve essa experiência e eu a fiz me contar tudo. Foi em
uma excursão da escola onde ficaram no mesmo quarto ela, Luiza e a Paulinha, que na época não
namorava o Leo. “OMG! Preciso beijar logo minha namorada. Essa lembrança tá me dando um tesão!”.
— Crianças, a gente vai se recolher. Modos aí, ok? Chico, não deixa eles beberem demais. —
Mamãe gritou lá de dentro.
— Pode deixar, tia. — Chico deitou sua cabeça no colo da minha namorada. — Nanda abusa de
mim aí, que eu deixo. — E começou a rir.
— Chico, você não presta! — E ela fez cafuné na cabeça dele. O engraçado é que a relação dela
com o Chico sempre foi de irmãos. Eu sei que ele até desejava algo a mais, mas o carinho que rolava
ali era muito grande.
O jogo acabou e ficamos conversando até o copo de bebida acabar. Fernando e Luiza sumiram
em algum canto escuro e me deu uma inveja gigantesca. Rebeca ficou na cozinha conversando mais
um pouco com Otávio, enquanto Nanda ajudava a arrumar a bagunça.
Mesmo louca de vontade de ficar com minha namorada, dei boa noite e fui em direção ao quarto.
Precisava urgentemente de um banho. Quando eu passava pelo corredor, Vitor me prendeu contra a
parede.
— Você acha que vai escapar assim, é? Fala, Ana Clara? Quem é o moleque? Fala pra eu
quebrar a cara desse safado, pra aprender a não pegar o que é meu...
— Vitor, você tá me machucando, cara! Me solta! Eu vou gritar! — Ele estava transtornado e ao
invés de me soltar colou o corpo ao meu. “AI, QUE NOJO!”. Eu sentia a sua ereção contra a minha
barriga.
— Eu sempre te tratei como uma princesa... — Seu bafo era horrível e ele certamente bebeu mais
depois que saiu de lá. — Mas pelo jeito você quer ser tratada como puta. Eu vou dar o que você quer...
— Forçou um beijo.
Usando toda a força que eu tinha tentei me desvencilhar, mas ele era muito mais forte e me puxou
para dentro da adega. Comecei a chorar gritando e ele cobriu a minha boca, enquanto rasgava a parte
de cima do meu vestido deixando meus seios expostos.
— Quem chupou essas tetinhas aqui, hein? — Apertou com raiva meu mamilo fazendo com que
eu chorasse ainda mais.
O medo e o nojo me tomavam por completo. Não conseguia acreditar no que estava acontecendo.
Meus tapas e arranhões não faziam nem cócegas nele. Vitor puxou meu vestido para cima e rasgou
minha calcinha enquanto tirava seu pênis para fora do calção. Apertando ainda mais meu corpo contra
a parede. Eu senti sua mão tentando abrir meu sexo... Consegui morder a mão que estava na minha
boca e gritar por socorro.
— Ah, sua piranha! — Recebi um soco no rosto, que me atordoou. — Vou te mostrar o que é uma
pica de verdade. Para de fingir, eu sei que você tá adorando, como a boa putinha que você é.
Senti os dedos dele na minha carne. Eu me debatia, tentava gritar, seus dentes me mordendo o
ombro, a minha pele. Minha boca sangrava, meus mamilos doíam dos beliscões, tudo era um borrão...
Não sei se passaram minutos, ou horas... Até que ele me soltou e eu caí no chão.
Gritos... Choro... Luiza me abraçava... Eu chorava alto... Mais gritos, Nanda estava coberta de
sangue… Chico gritava, enquanto imobilizava um Vitor com a face ensanguentada. Nossos pais
discutindo… Tio Júlio segurava papai que queria bater no tio Cléber... Todos gritando... Eu estava em
choque... Nanda me aninhou no seu colo e saiu dali comigo... Eu me agarrei a ela chorando cada vez
mais... Quanta dor eu sentia nos braços, seios, pescoço... em cada lugar onde as mãos dele me
apertaram, onde seus dentes marcaram a minha pele. Meus lábios doíam devido a brutalidade do seu
beijo... Eu me sentia suja... Mamãe chegou no quarto e me deu um comprimido com um copo d´água...
Eu soluçava, chorando... Nanda me fazia carinhos... E então, não lembro de mais nada...

Nanda
Se eu senti ciúmes da Luiza ter beijado a minha namorada? Não. Senti um puta tesão. Aquilo foi
a coisa mais sexy que eu vi na vida e a minha cabeça viajou demais com aquelas duas! Não sei se foi
o álcool, ou porque eu estava segura sobre a nossa relação. Não sei.
“Mano, o Chico é uma figuraça. Parceria mesmo!”. Os jogos e brincadeiras sempre eram mais
divertidos com a presença dele! Ainda mais que ele não perdia nenhuma oportunidade de zoar o Vitor.
Quando todos entraram eu fiquei ajudando-o a arrumar a bagunça.
— Nanda, você sabe que eu não sou cego, nem burro. Me faço de bobo, de sem noção e tal...
Queria que você soubesse que vocês duas tem o meu apoio. — Eu sorri. — Eu amo vocês, como
minhas irmãzinhas.
— Pô, Chico. Vai me fazer chorar, mano. — O abracei forte.
— Tá, mas não abusa que eu ainda quero te comer. — Falou rindo e eu dei um tapa nele. —
Falando sério agora, cuida bem da minha prima. Cara, eu sei que vocês se gostam muito, mas fica de
olho no babaca do Vitor. Aquele ali não é flor que se cheire, ainda mais com o pai que ele tem. Meu
medo é que um dia, eu não esteja por perto e ele machuque uma de vocês duas. Gente como ele não
tá acostumado a receber um NÃO.
— Pode deixar, Chico. Desde que eu quase apanhei dele, eu estou aprendendo outros tipos de
luta, principalmente aquelas que a gente usa a força do oponente contra ele mesmo. Também tô
treinando mais, para ficar mais forte.
— Notei mesmo que você tá mais gostosa!
— Mano, tu não perde uma! — Rimos muito. — Tá triste, né? Pela Júlia?
— Ah, Nandinha, sempre achei que ela era a mulher da minha vida…
Ficamos conversando um pouco mais e ele contou sobre o estágio que estava fazendo e que
quando se formasse trabalharia com o tio Júlio, administrando o Haras. Quando estávamos indo para
dentro da casa, ouvimos gritos e corremos para ver o que tinha acontecido.
A cena que eu vi dentro da adega, foi sem dúvidas a pior da minha vida. Clarinha quase nua,
chorando, tentando se desvencilhar de um Vitor completamente alterado com seu pau pra fora. Ele...
Ele a tocava, a mordia, a apertava... Corri e dei uma gravata nele, usando meu corpo como alavanca.
Quando caímos, passei a socar a sua cara sem pena. Eu não sei quantos socos eu dei e quanto
tempo se passou, só sei que minhas mãos e meus braços ficaram cheios de sangue, até que o Chico
me tirou de cima dele. Eu berrava que mataria aquele filho da puta.
Todos vieram ver o que aconteceu e tudo virou um pandemônio. Vitor correu para cima de mim
com ódio, seu rosto ensanguentado, eu me esquivei e dei um chute nas suas costelas, que o fez cair
novamente ao chão. Chico o imobilizou.
Procurei Clarinha e a vi nos braços de Luiza. Meus padrinhos discutiam com todos. O que eu ouvi
foi “B.O.” e “Theodora arruma as coisas”. Tio Júlio tentava acalmar meu padrinho que estava pronto
para partir para cima de um. Peguei o meu amor no colo. Ouvi coisas ditas pelo Cléber como “homem
tem necessidades”. Queria tirá-la dali o quanto antes. Queria cuidar dela. Carreguei uma Clarinha
completamente fora de si até o quarto. Ela soluçava e se agarrava a mim, como se eu fosse a sua
tábua de salvação.
Minha madrinha entrou no quarto com um comprimido e um copo de água. Fez Clarinha beber e
começou a examiná-la. A cada hematoma, arranhão, mordida e lesão que ela descobria, mais lágrimas
rolavam da sua face. Nós duas a despimos e ficamos a olhando no sono.
— Vem, Nanda, vamos até o banheiro ver as suas mãos.
— Não, Madrinha, me deixa ficar do lado dela.
— Vai ser rápido, filha, eu tenho que ver para não infeccionar. — No banheiro ela passou a
trabalhar em minhas mãos que estavam cortadas. A tia Mayara chegou falando que o tio Júlio e o
padrinho fizeram Cléber e a família ir embora. A família da Luiza decidiu ir também, mas nos deram
todo seu apoio. Soube que Luiza esperneou para ficar junto com a gente porque estava preocupada,
mas os seus pais não deixaram. Deitei-me ao lado da Clarinha e ela, mesmo no sono, se aconchegou
a mim. Aos poucos o resto da família foi entrando no quarto.
— Cadu não é melhor ir agora à delegacia para fazer o B.O.? — Tio Júlio perguntou.
— Já liguei e falei com o delegado. Amanhã cedo ele nos espera. Clarinha não está em condições
de ir agora. Amor, como ela tá? — Padrinho perguntou, passando a mão nos cabelos da filha.
— Em choque, vida. Dei um sedativo leve para ela que deve dormir até amanhã pela manhã.
— Ele... Ele chegou... — Padrinho nem conseguiu perguntar e as lágrimas caíram.
— Pelo que eu vi não, os meninos chegaram a tempo, mas só um exame mais apurado, amanhã
no hospital, que vai nos dizer. — Os dois se abraçaram como se precisassem disso como o próprio
oxigênio. — Se a Nanda e o Chico não tivessem chegado, não sei o que teria acontecido...
— Vou precisar que vocês vão amanhã à delegacia prestar depoimento... Vem, gente, vamos
deixar as meninas dormirem. — Todos saíram do quarto e eu fiquei velando o sono do meu amor.

Ana Clara
Acordei como se uma jamanta tivesse me atropelado de tanta dor no meu corpo. Olhei para o lado
e vi Sabrino deitado no meu ombro. Até que a lembrança do que ocorreu ontem me tomou e eu revivi
intensamente todos os momentos de pavor. Não conseguindo ficar mais deitada, me desesperei e fui
até o banheiro onde se escutava o barulho do chuveiro ligado. Nanda tomava banho e entrei no box
com ela.
— Princesa, te acordei? — Coloquei meu rosto no seu pescoço soluçando. — Calma, gatinha... Já
passou. Eu tô aqui com você. — Ficamos por vários minutos abraçadas até que eu parasse de chorar.
Minha namorada cuidou de mim como quem toma conta de uma criança. Me deu banho, ajudou a
me secar, a me vestir e tudo com muito carinho. O mais estranho é que eu estava completamente
anestesiada, como se visse tudo em terceira pessoa. Como se tudo não passasse de um filme e eu
fosse mera espectadora.
Alguma coisa havia se quebrado dentro de mim.
Trauma
Nanda
Chutando furiosamente o saco de areia, eu pensava nos últimos meses. Tinha certeza que foram
os mais tensos de toda a minha vida. O que eram as férias dos sonhos, se tornaram um pesadelo em
apenas uma noite. Depois vieram horas intermináveis na delegacia, IML para exames, gabinetes de
advogados, sala de espera da psicóloga... Acompanhei a minha menina a tudo e em todos os
momentos, já que ela mesmo nunca mais se desgrudou de mim.
Era seu porto seguro, sua âncora, sua melhor amiga, mas só isso. Faziam semanas que não nos
beijávamos e me perguntei várias vezes se o que ela sentia por mim mudou. Madrinha conversou
comigo e me explicou que ela sofreu um grande trauma e que aos poucos a vida retornaria ao normal,
principalmente quando as aulas recomeçassem.
Vitor foi obrigado a mudar de escola já que padrinho conseguiu uma medida restritiva contra ele.
Acho que seria horrível para a minha princesa ter que ver o babaca pelos corredores. O Cléber
conseguiu livrar o filho de uma punição mais severa, ele teria que cumprir apenas alguns meses de
trabalho comunitário, já que o playboyzinho era menor de idade. “Puta que pariu! Isso era tão injusto!”.
Tentava direcionar a minha raiva para os treinos e todos notavam que meu corpo estava mais
definido. Sempre que a minha princesa estava dormindo, eu treinava até a exaustão e só assim
conseguia dormir.
Todos me olhavam com pena. Sabia que eles achavam que eu estava me anulando e vivendo
apenas para ela. Mas o que eles não entendiam é que eu me sentia culpada. Eu deveria ter
acompanhado ela até o quarto, não tinha que ter ficado com o Chico.
Chutei o saco de areia como se não houvesse amanhã. Minhas lágrimas se misturavam ao meu
suor. Só esperava que amanhã fosse realmente um dia melhor.
Depois de me arrumar para dormir, me deitei ao lado da minha melhor amiga que me abraçou
murmurando coisas sem sentido. O que mais me doía o coração era saber que ela tinha pesadelos
todas as noites e vários episódios de ataques de pânico. A sua psicóloga a ensinou exercícios de
respiração bem parecidos com os que eu fazia e sempre procurava estar com ela quando via que
estava para acontecer. Clarinha começou a se debater novamente e eu a abracei forte, sussurrando
palavras de carinho a ela até que se acalmou e enfim dormiu.
No outro dia, despertei com o Sabrino lambendo meu rosto, procurei Clarinha pelo quarto e não a
encontrei. “Que estranho! Ela nem me chamou.”. Fui para a cozinha e ela não estava tomando café.
— Mainha, bom dia! A senhora viu a Clarinha?
— Já foi pra aula, filha. Pediu ao Alfredo que a levasse mais cedo.
— Mas não me esperou? Ué, que estranho!
Tomei um gole de café e fui pegar a “Clarice”. Aquilo da Clarinha ir para a aula sem me chamar
me incomodou bastante. Estacionei na frente da escola e choveu meninas a minha volta, perguntando
se a moto era minha. Não queria papo com nenhuma delas, eu precisava saber onde estava a minha
namorada. Fui até o corredor dos segundos anos e a achei conversando com um grupo de garotos. O
problema não era esse e sim o que ela estava vestindo!
Minha namorada vestia uma microssaia preta, meias arrastão, salto alto e um cropped preto.
CARALHO! Ela estava muito gostosa! E não era só eu que achava isso, os marmanjos à sua volta a
estavam comendo com os olhos.
— Clarinha... — A chamei e quando minha namorada se vira notei uma maquiagem pesada e
batom vermelho. SEXY PRA CARALHO!
— Oi... fala? — Disse sem dar um passo na minha direção.
— Posso falar com você?
— Sou toda ouvidos. — Falou ainda parada no mesmo lugar. PUTA QUE PARIU! Irritada, peguei a
sua mão e a puxei pelo corredor. — Ai, Nanda PARAAAA! Você tá me machucando!
— Tá, desculpa... — Parei com ela longe das outras pessoas. — O que tá acontecendo, amor? Eu
não tô te entendendo… — Fui fazer carinho no seu rosto, mas ela se esquivou.
— Não tá acontecendo nada, Fernanda, me deixa ir para a aula senão vou me atrasar. — Ela saiu
rebolando e me deixou falando sozinha. “Mano, o que ta acontecendo, caralho!”.
— Uhm, problemas no paraíso? — Cláudia passou por mim piscando. — Sabe onde me achar...
“FUDEU! FUDEU! FUDEU! Mano, não tô entendendo. O que eu fiz? Caralho, eu tô ficando
louca!”. Encontrei a Luiza na sala de aula e me sentei ao seu lado. Ela já sabia tudo o que tinha
acontecido porque nós conversávamos bastante por mensagem. A família do Vitor havia se mudado
para o exterior, por um tempo. Acho que eles tinham medo de que o babacão fizesse mais alguma
cagada.
— Mano, a Clarinha tá muito estranha, parece outra pessoa... Na real... Parece você!
— Ah, então ela tá linda! — Minha amiga exclamou rindo.
— Sério, mano! Ela tá toda produzida e maquiada. Se fosse só isso tudo bem... Mas, Lu... Ela não
me esperou para vir para a escola e me ignorou no corredor!
— É, não parece coisa que ela faria mesmo. — Lu segurou a minha mão com carinho. — Nanda,
se afasta um pouco dela. Dá espaço, de repente ela precisa disso.
— Ah, mano! Como se fosse fácil!
— Nanda, conta comigo. Eu gosto muito de você e comecei a gostar da Ana Clara também. — A
minha amiga colocou a sua cabeça no meu ombro. — Mas ela que não se faça de besta, porque se ela
te machucar, eu arranco o couro dela... — Luiza riu.
Durante o intervalo Clarinha não me procurou. Lanchei com a Paulinha e a Luiza. Paulinha nos
contou do seu término com o Leo e como ela estava triste com isso. Pelo jeito não era um bom início de
ano para a gente. Cris chegou triste e nos contou que a minha amiga nem falou com ela na sala de
aula, se juntando com outro grupo. A ruiva era uma menina muito sozinha e a Ana Clara era uma das
suas poucas amigas. Lu, daquele jeito dela, falou que iria adotá-la e que ela ficaria com a gente no
intervalo daqui para frente.
No final da aula, peguei a moto e fui para casa. Chegando lá perguntei pela Ana Clara e o Alfredo
disse que ela tinha ido almoçar na casa de uma amiga. “Cara, isso tá me deixando louca!”. Pensei no
que a Luiza me disse e decidi dar espaço a Clarinha, mas se eu ficasse em casa, enlouqueceria.
Saí e me matriculei na academia novamente, em todas as aulas de artes marciais disponíveis.
Conversei com o proprietário e ele me daria um desconto se eu fosse monitora em algumas aulas.
Concordei porque eu não teria nada a perder. Voltei para casa à tardinha com o corpo cansado.
As semanas passavam assim: Clarinha me ignorava, andava com a Gabriela e a sua turma. Já
fazia um mês que eu não sabia mais o que era ter namorada. O pior era que nem terminado a gente
tinha. Ela simplesmente me ignorou, de um dia para outro, como se eu não existisse.
Fiquei mais reclusa, sem sair com os amigos. Ao contrário da Ana Clara que todos os finais de
semana ia para balada. Quando chegava estava quase sempre bêbada, drogada, ou os dois.
Me olhei no espelho da academia depois de uma tarde fodida de treino puxado e percebi o quanto
eu estava triste, com o meu rosto cheio de machucados. Enquanto tomava banho, vi que a professora
de natação chegou e ficou me olhando. Martha era uma mulher linda, de quase trinta anos e sempre
me dava bola.
— Nanda, o que vai fazer hoje?
— Acho que vou pra casa mesmo, Martha.
— Hoje o pessoal vai fazer um happy hour se você quiser ir... — “Caralho de voz sensual da
porra. Acho que essa abstinência está me fazendo mal.”.
— É no barzinho de sempre, né? Quem sabe eu vou. — Desconversei. Não iria, mas não queria
ser grossa.
— Vai sim. — Beijou bem próximo aos meus lábios e sussurrou no meu ouvido. — Se você for, eu
quero dar uma volta na sua moto... Deve ser uma delícia entre as minhas pernas. — Falou toda cheia
de segundas intenções. Nesse momento entraram várias meninas da aula de step.
— Ok, quem sabe. — Saí piscando o olho.
Coloquei minha camiseta e meu colar de compromisso. Lembrei triste que a Clarinha não tem
usado o dela. Só percebi que estava chorando quando senti as lágrimas molharem o meu pescoço.
Suspirei e saí do vestiário, era sexta-feira, mas para mim não fazia a menor diferença.
Chegando em casa deixei “Clarice” na garagem e passei pela área externa. Pelo jeito, rolava uma
festa ali. Reconheci várias pessoas da escola espalhadas rindo e bebendo. Na beira da piscina, Ana
Clara e a Gabriela morriam de rir do que alguns garotos diziam.
— Nanda, vem dar um mergulho! — Leo gritou de dentro d'água.
— Oi, bro! Não, valeu! Tô pregada da academia! Falou, galera! — Saí notando que Ana Clara e a
Gabriela me examinavam.
Fui para o meu quarto e liguei para Lu. Ela queria vir aqui para falar umas poucas e boas para
Clarinha. Quando consegui acalmar minha amiga, fui até a cozinha pegar algo para comer. Chegando
lá Clarinha e Gabriela estavam se servindo de suco.
— Boa noite. — Falei seca.
— Oi, Nanda, muito boa mesmo... — Gabriela me secou de cima abaixo. Olhei para minha
namorada e ela pareceu não ligar.
— Clarinha, quando você puder gostaria de conversar com você.
— Hoje não dá porque vou numa festa com a Gaby. — “QUE PORRA DE GABY É ESSA? Até
pouco tempo era VaGaby!”.
— Quer ir também, Nanda? Prometo que não te deixo sozinha... — Gabriela se insinuava para
mim.
— Talvez, se não estiver tão cansada eu passo por lá… depois manda por mensagem o
endereço. — Peguei o sanduíche que eu tinha feito e fui para o meu quarto.
Esse estava sendo o meu ritual: descobrir para onde a minha Clarinha iria e entrar sem ser
notada. Depois ficaria de olho nela para que ninguém a ferisse...
Preferia quando ela ficava em casa porque eu sabia que ela estava segura, ainda que me
desprezando... Nas festas, baladas e bailes funks, a coisa era diferente… Os perigos estavam por
todos os lados. Ana Clara bebia como se não houvesse amanhã, dançava e se atracava com vários
garotos… Eu ficava nas sombras, apenas a observando e cuidando do seu bem-estar. No momento
que eu notava o menor sinal de “não” ... O menor sinal de que ela não quisesse ir adiante... Eu entrava
em ação e a tirava de lá.
Levantei a minha blusa e examinei as minhas costelas, roxas pelos chutes que levei na noite
passada. Clarinha havia entrado num quarto com um dos garotos da outra escola e eu fiquei na
varanda, sentada... De olhos fechados, deixando as lágrimas caírem, mas atenta a qualquer indício de
que ela não quisesse... Na verdade, era a minha esperança...
Em um determinado momento, ouvi um não e arrombei a porta. O garoto estava tentando tirar a
sua roupa e ela semiconsciente em cima da cama... O resultado? Uma costela trincada e Clarinha
intacta sem saber o que aconteceu.
Meu celular vibrou e vi o endereço da festa... Pelo menos não era na comunidade e sim na casa
de um colega dela. Lembrei do dia que fui conversar com seu Carlos, pedindo autorização para poder
bater nos cupinxas e tirar a Clarinha das quebradas quando fosse necessário. O homem disse que era
para eu ter cuidado porque nem sempre ele tinha controle com o que acontecia e quem entrava nesses
bailes.
Deitei um pouquinho até dar a hora de ir para a festa e me acordei com um barulho no portão da
garagem, fui olhar e vi a Clarinha sendo carregada por dois garotos. Corri até eles e vi que era o Leo e
outro menino da turma da Ana Clara.
— Leo, o que houve? — Ainda bem que era o Leo, mano! Puta que pariu! Dormi e não avisei
ninguém que não iria!
— Ela bebeu demais, Nanda, você tinha que ver. Primeiro dançou se esfregando na Gabriela,
depois beijou não sei quantos garotos, até que subiu na mesa e queria tirar a roupa. Ainda bem que a
Luiza tava lá e não deixou. A Lu ficou cuidando para ela não fazer bobagem e quando me achou pediu
para que eu a trouxesse para casa.
— Mano, por que não me ligaram?
— Só dá na caixa postal!
— Tá, cara. Fico te devendo essa, irmão. — Falei pegando a Clarinha desacordada do colo dele.
A carreguei até o banheiro e a deixei sentada no box com o chuveiro ligado. “Porra, Clarinha, o
que você tomou, maluca!?”. Hoje ela estava pior do que sempre. Sem saber o que fazer, chamei a
Madrinha.
— Nanda, traz a minha maleta enquanto eu seco os cabelos dela. — Corri e trouxe o que a
madrinha pediu. — Vou aplicar soro glicosado. Preciso que você me chame quando terminar para eu
retirar o cateter, ok?
— Pode deixar, Madrinha.
— Tá, agora me fala o que houve.
— Nem eu sei. Parece que ela tá com raiva de mim. Não fala comigo. Tá andando com uma
galera diferente. O pior, madrinha... é que nem acabar comigo ela acabou. Eu... — Comecei a chorar —
Eu não sei o que fazer. Eu tento ajudar, mas ela não quer a minha ajuda.
— Calma, filha. — Ela me abraçou e eu desabei. Chorei por esses meses. Chorei por mim e pela
Clarinha. Chorei pela minha sensação de impotência. — A Vanessa, psicóloga dela, falou que poderia
acontecer alguma coisa assim, mas não achei que seria tão extremo. Minha filha, sempre dramática!
— Não entendi. — Funguei tentando limpar o nariz.
— Vítimas de abuso têm maneiras diferentes de lidar com o trauma. O estresse pós-traumático é
grave. E mesmo a Clarinha tomando um medicamento leve, a gente não sabe o que se passa pela
cabeça dela. O quanto ela se culpa pelo o que aconteceu.
— Mas, Madrinha, não foi culpa dela.
— Eu sei, meu amor. Mas esse comportamento parece uma punição. Não a você. Mas a ela
mesma. Em não ficar perto de você, em não ter o seu amor, seu carinho, cuidado... Filha, vocês duas
se completam. Isso que ela tá fazendo é autodestrutivo.
— Mas eu não sei o que fazer. Eu continuo aqui, tento conversar, fazer as vontades, tô sempre
presente.
— Sim, talvez esse seja o erro. — Ela ficou pensativa. — Filha, tente outra abordagem. Não
esteja presente. Saia, se divirta. Lembro muito bem do monte de meninas que batiam aqui por sua
causa.
— Mas eu não tenho vontade de ficar com ninguém...
— Eu sei, você sabe, mas ela não precisa saber... Tá entendendo?
Enquanto ela examinava a minha amiga, eu estava tão desesperada que falava sem parar...
Contei várias coisas que ela não sabia e que estavam acontecendo nesses últimos meses. Ela me
xingou, me disse que eu não deveria ter escondido dela e me proibiu de tentar ajudar a Clarinha. Falou
que o melhor a fazer era eu tentar me afastar mesmo e que o padrinho iria colocar seguranças para a
minha amiga.
Lembrei também do que o seu Carlos me disse sobre meu padrinho e que eu estava desconfiada
que algo poderia ocorrer a ele. Novamente, prometi que daqui para frente contaria tudo a eles sem
deixar nada para trás.

Ana Clara
— Ai, merda! Para de me lamber, Sabrino! — Joguei Sabrino no chão enquanto me levantava.
“Que dor de cabeça dos infernos!”. Olhei para fora e o sol já estava alto. Ainda bem que a Nanda não
veio me encher o saco com café da manhã.
Tomei um banho e percebi que não sabia como cheguei em casa. A última coisa que lembrava era
do comprimido de ecstasy que a Gaby me deu... Depois disso mais nada. Corri para o vaso sanitário e
vomitei.
Examinei o meu rosto no espelho e vi um chupão no meu pescoço. Não lembrava como ele foi
parar ali, mas também não dei muita bola. Mamãe entrou no meu quarto e me inspecionou com aquela
cara de bunda dela.
— Que foi agora?
— Ana Clara, a vida não pode ser assim! Você quer se destruir, ok... Mas não leve quem te ama
junto.
— Tá doida, mãe, tô levando quem? Pirou? — Minha mãe estava maluca, falando nada com
nada.
— Quem você acha que vai te buscar nas baladas, que segura seu cabelo para você vomitar, que
limpa os cortes dos teus joelhos quando você cai no chão?
— Você?
— Não, filha, a Nanda. Ela me chamou pela primeira vez ontem, porque ela não sabia o que fazer.
— “Como assim a Nanda?” — Ana Clara, eu espero que você amadureça e veja que todas as suas
ações têm consequências. Você está perdendo a coisa mais bonita que você tem na sua vida, alguém
que te dá amor sem pedir nada em troca. — Ela me abraçou com carinho. — Espero de coração, que
você veja o que está fazendo. E que quando você perceba não seja tarde demais e a Nanda encontre
outro Sunshine por aí.
Mamãe saiu do quarto e eu fiquei parada pensando no que ela disse. “Ana Clara, sua estúpida,
você tá fazendo tudo errado. Achou que tivesse conseguindo proteger a Nanda, afastá-la...”. Pensei em
tudo o que aconteceu e como aquilo havia me quebrado. Muitas vezes eu não conseguia olhar meu
reflexo no espelho. Me sentia suja. E o carinho da Nanda só me fez ver que eu não a merecia.
Abri a caixinha de joias onde estava o meu colar de compromisso. Uma lágrima escorreu pelo
meu rosto ao lembrar do que mamãe havia me contado. Tentei... tentei afastá-la... tentei protegê-la...
Tentei fazer com que ela seguisse em frente, que achasse alguém melhor do que eu, alguém que não
tivesse sido marcada… Eu não a merecia, ela era perfeita! “Porra, Ana Clara, o que você fez?”.
Só de imaginar que Nanda cuidava de mim durante as bebedeiras, me cortava o coração… Eu
não queria isso. Talvez seja melhor eu maneirar nas baladas e em todo o resto. Vesti um biquíni, pedi
para Mazé fazer um lanche e para Claudete me levar na beira da piscina, precisava pegar sol.
Ao chegar lá, escutei algumas risadas e fui ver o que era. Em uma área mais reservada, Nanda
estava com as mãos no chão e a bunda empinada, uma mulher de uns 30 anos segurava sua lombar.
A loira tinha um corpo escultural e usava um biquíni pequeno. As duas riam de alguma coisa e vi a mais
velha morder o lábio inferior, enquanto analisava a bunda da minha amiga.
— Boa tarde. — Nanda sorriu.
— Oi, Clarinha! Queria te apresentar a Martha. — A loira me deu um beijinho. “Falsa!”. — Ela veio
me dar umas aulas particulares de natação, agora a gente está alongando.
— Hum, particular, é? Legal. — Sabia bem o que ela queria.
— Precisa de alguma coisa? Mainha tá me chamando? — A minha amiga perguntou.
— Não, não... Tudo bem. — Saí de perto das duas, mas ainda conseguia ouvir as risadas.
Claudete trouxe meu lanche e como eu estava de óculos escuros, fiquei observando a interação
das duas do outro lado da piscina. Eu sabia que deveria ficar feliz, era tudo o que eu queria... Mas o
aperto que eu sentia no meu peito era estranho. “Clarinha, essa mulher é tudo o que a Nanda precisa.
Tá na cara que ela é tudo o que você não é!”.
Quando elas chegaram mais perto, vi que a Nanda não estava usando nosso colar. Aquilo me
causou uma sensação estranha... Uma sensação de vazio, um nó na garganta...
— Tchau, Ana Clara, prazer, viu? — A loira aguada falou.
— Igualmente. — Só que não.
— Gata, quer que eu te leve? — GATA? Oi?
— Não precisa, Nandinha, tô de carro. Te vejo segunda, tá? — Ela saiu dando um selinho! Sim!
Um selinho na Nanda! Fiquei com um ódio gigante, um ciúme, que eu não queria e não podia estar
sentindo.
Nanda roubou um pão de queijo do meu prato e pegou um gole do meu suco.
— Bonita ela. — Disse como quem não quer nada.
— E gostosa. — Deu aquele sorriso cafajeste que eu conhecia tão bem.
— Vocês estão juntas? — Perguntei como quem não quer nada, meus olhos ardiam com as
lágrimas que eu não deixava cair.
— Aprendi que não vale a pena me prender por mulher nenhuma, Ana Clara, porque quando
menos se espera, a gente leva uma porrada. — Saiu depois de levar o resto do pão de queijo que eu
segurava na minha mão. Fiquei observando o seu rebolar, morrendo de vontade que tudo fosse
diferente e que eu não estivesse arruinada para ela.
Na Sua Estante
Nanda
Hoje eu acordei mais leve. Triste? Sim! Com o coração partido. Mas leve. A grande merda em ser
quem eu era... bom... era justamente que eu tinha trilha sonora pra tudo. Nanda feliz: música. Triste:
música. Cansada: música. A trilha dessa manhã tinha a ver com a resolução que eu tomei. Vou voltar a
ser a Nanda que amava a Clarinha, que cuidava dela, mas aquela que também se amava e aproveitava
a vida. Montei na “Clarice” com o volume máximo da música da Pitty “Na Sua Estante”, nos meus fones
de ouvido e sai pelas ruas da cidade maravilhosa.
♫ E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu
Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar ♫
“Ai, Clarinha, eu estou aqui o tempo todo… Mas vou cuidar de mim, vou tentar cuidar de mim…
Eu tô tão cansada, tão triste… preciso me afastar, mesmo que essa decisão me cause TANTA dor…”.

Ana Clara
Quando cheguei na cozinha para o café da manhã, não vi a Nanda em nenhum lugar. Claudete
me contou que ela já havia saído, porque daria carona para uma amiga. "Será que ela vai buscar a Lu?
Que estranho!".
Ao chegar na escola, não encontrei a sua moto estacionada em lugar algum. Fiquei fazendo hora
no portão até que eu ouvi o ronco do motor tão conhecido por mim. Na garupa, Gabriela desceu com
uma pose, como se fosse a Primeira Dama do Brasil! Todos olhavam para elas e vi a Gabriela entregar
o capacete para minha melhor amiga.
— Adorei! Quero de novo! — Gabriela se insinuou.
— Sempre às ordens. — Nanda puxou a garota e lhe deu um beijo de tirar o fôlego.
Gabriela meio afogueada veio ao meu encontro.
— Oi, catchorra! Por que não foi na festa sábado? Nem te conto quem eu peguei, uma delícia... —
Ela me puxou para dentro da escola, enquanto eu via Nanda dando mole para uma garota do primeiro
ano.
— Tá, Gabriela, não quero saber! — Continuei olhando a menina que sussurrava algo no ouvido
da minha amiga.
— Iiihh, dormiu com os pés destapados, é? Amiga, olha só..., mas que pegada tem essa Nanda,
hein! Ela me deu um beijo, que me deixou de um jeito… nem te falo! Tô louca que chegue o intervalo
porque combinei de dar bem gostoso pra ela, lá no banheiro do segundo ano. Ai, chega a me dar um
calor! Sabe a Nathalia do terceiro C? Disse que a Nanda deu o melhor orgasmo da vida dela…
— GABRIELA EU JÁ FALEI QUE EU NÃO QUERO SABER, PORRA! — A deixei falando sozinha.
Meu peito parecia que explodiria a qualquer momento, meus batimentos cardíacos estavam
acelerados, minha respiração cada vez mais intensa... Depois do que o Vitor fez, eu tive isso várias
vezes. Entrei no primeiro banheiro que encontrei e me sentei no chão. Encostada na parede... tentava
respirar pausadamente... uma... duas... três vezes..., mas eu não conseguia. “AI, DEUS!”.
Senti que desmaiaria a qualquer momento! Luiza me encontrou deitada no chão... em posição
fetal... com os olhos vidrados... ouvia ela me chamar... mas não conseguia reagir... Ela falava
rapidamente ao telefone e eu não compreendi uma palavra sequer. Não sei quanto tempo passou, para
mim parecia uma eternidade... foi quando vi a minha melhor amiga ajoelhada à minha frente.
— Clarinha, respira comigo. Olha dentro dos meus olhos. Eu tô aqui com você... Respira 5... 4...
3... Vamos! Tô aqui com você, não vou a lugar algum... Respira comigo... 5... 4... 3... Calma... Comigo...
Respira comigo...
Aos poucos, fui me acalmando, senti os batimentos do meu coração voltarem quase ao normal...
Nanda continuava me acalmando e fazendo os exercícios de respiração que a psicóloga havia nos
ensinado. Prestando atenção no seu rosto, eu vi como ele estava mais anguloso, ela emagreceu e
estava mais forte...
— Tá melhor, Clarinha? — Colocou a mão na minha testa.
— Tô sim, obrigada.
— Ok! Lu, leva ela para a enfermaria?
— Levo sim. Vem, Ana Clara. — “Por que a Nanda não me levava?”.
— Beleza, tchau. — Minha amiga saiu sem olhar para trás.
Na enfermaria me deram o chazinho milagroso. Dor de cabeça: chá. Perna quebrada: chá.
Ataques de pânico: chá.
— Obrigada por ficar comigo, Lu.
— Eu não devia, Ana Clara, porque você tá vacilando demais. — Ela estava irritada olhando as
unhas.
— Você não tem que se meter, Luiza. Não é nada com você. — Respondi malcriada.
— Como não, Ana? Se eu também fui tua babá nesse tempo todo.
— Como assim? — Eu não estava entendendo nada do que ela falava.
— Ai, merda! Tá, vou falar... Vou falar porque tô de saco cheio! Quando você começou a ser arroz
de festa e se esfregar em cada garoto sarado com cara de bebê que aparecia... Nanda sempre ia às
festas cuidar de você, só que, às vezes, ela ficava tão chateada... Tão triste... Que eu ficava no lugar
dela.
— Como assim? Eu nunca a vi em festa nenhuma. — “Isso só pode ser mentira! Ela me cuidar em
casa é uma coisa, mas me ver nas festas… OMG! As coisas que eu fiz!”.
— Ela ficava escondida. E mesmo que você a visse, você tava cagando! — “Não! Eu nunca a vi!”
— Nanda ficava em um canto, sempre te olhando, sabendo onde você estava e o que fazia. Quando
ela notava que você tava muito bêbada, ou drogada, ela te levava pra casa. Sem falar que ela nunca
deixou nenhum babaca abusar de você desacordada. — Meus olhos estavam no chão. Estava
morrendo de vergonha. — Porra, Ana Clara, sério que você achou que ninguém nunca te comeu
desacordada porque todos são cavalheiros e seus amigos? Puta que pariu, me poupe!
— Mas..., mas... — Eu gaguejei — A Gaby nunca me disse nada sobre a Nanda. Eu sempre achei
que a Gaby me levava pra casa!
— Ah, tá! Gabriela só pensa nela! Essa garota nunca foi sua amiga, ela só quer mesmo é dar pra
Nanda...
— Eu… Eu nunca soube nada disso. A Nanda nunca me falou…
— Ela sempre cuida de você, mesmo quando você não quer! Puta que los pariu, Ana Clara!
Várias vezes ela chorou no meu ombro porque você tava se agarrando com algum imbecil. Eu não sei
o porquê de ela ser tão masoquista. Várias vezes você tava pelada, pronta pra dar pra algum babaca...
E ela sentada na porta do quarto, esperando e chorando. Cara... — Ela limpou as lágrimas que caíam
dos seus olhos. — ... era de cortar o coração. Mas ela tava ali, pronta, ouvindo tudo... Era só você dizer
não e ela arrombava a porta e te tirava de lá.
— Eu... Eu não lembro…
— Como você iria lembrar se tava sempre bêbada e drogada? Quantas vezes ela apanhou pra te
tirar dessas situações! Claro que ela consegue se sair muito bem, mas quando vocês iam nas festas da
periferia é que ela apanhava feio... Sem falar que muitas vezes ela precisou fazer algum acordo com os
chefes da boca, para que você pudesse sair livremente...
— Mas eu sempre achei que os machucados eram das lutas da academia...
— Ah, Ana Clara, VAI TOMAR NO SEU CÚ! Cansei, cara! Já falei para a Nanda que eu não vou
mais ficar em festa quando ela não estiver, só pra cuidar de menina mimada. Cresça! Aconteceu merda
com você? SUPERE! O que não dá é pra você destruir uma menina maravilhosa como a Nanda. E tem
mais, ela tá na pista... E se ela quiser... Esse avião aqui vai pousar quantas vezes ela permitir... —
“MEU DEUS, o que eu fiz?”. A Nanda sofreu demais e tudo por minha causa.
Depois disso, nós duas ficamos em silêncio com os nossos pensamentos. A enfermeira me
liberou para ir para a sala e eu ainda consegui assistir ao período de artes. Urgh! Teria que aguentar a
essa abusadora de menores, ainda! Cláudia sempre se insinuava para os alunos e eu tinha vontade de
vomitar.
No intervalo, os garotos me chamaram para lanchar junto com eles, mas eu não estava com
vontade. Comecei a pensar nas besteiras que eu fiz nesses últimos meses. Nas bocas que eu beijei. O
pior era saber que nenhuma boca me fez sentir tudo o que a dela me proporcionava. Por que eu tive
que fingir que não a queria? Por que eu não aceitei o seu amor, seu carinho... Seu cuidado? Por que eu
me senti tão inferior... Por que eu achei que não era merecedora do seu carinho? Por que eu fui
procurar longe, algo que estava ao meu lado e ao alcance das minhas mãos?
Fiquei sentada, sozinha, olhando a Nanda e seu harém. Gabriela chegou e sussurrou algo no seu
ouvido, as duas sorriram e, de mãos dadas, saíram juntas. Novamente um nó se formou na minha
garganta. Por que eu fui tão estúpida? Eu perdi o amor da minha vida no momento em que não soube
aceitar a sua ajuda.
— Aninha, tá gostosa hoje, hein! O que você acha da gente ir dar uns pegas lá no ginásio? — Um
garoto da turma da Nanda me puxou pelo braço me machucando.
— ME SOLTA, GAROTO. — Falei entre dentes.
— Para de se fazer de santa, Ana! Sei muito bem que o que eu tenho aqui — pegou seu pau por
cima da calça — é o que você mais gosta! — Continuei tentando me soltar. — Quietinha, vadia! Lembro
bem que na festa da Gaby eu só não te fodi porque a Nanda chegou e ficou estressadinha!
— Cara, me solta! Eu devia estar bêbada pra ficar com um frango que nem você.
— Algum problema aqui, Vini? — Escutei a voz rouca da minha melhor amiga.
— Não, claro que não, Nanda! A gente só tava relembrando o passado né, Aninha?
— Então acho melhor você esquecer rapidinho e não voltar a lembrar. Senão eu vou bater tanto
na sua carinha de playboy que a tua mamãezinha vai ter que te ensinar a usar o troninho novamente,
porque o babaquinha aqui vai ter que usar fraldinha por um longo tempo. Entendeu, mano? — Nanda
falou com a testa quase colada na dele.
— Claro, Nanda...
— E avisa a qualquer imbecil que queira relembrar o passado com a Clarinha, que antes vai ter
que passar por uma sessão de “regressão” comigo, tá ligado?
— Tá... Tá, falou. — Ele se afastou correndo.
— Você tá bem, Clarinha? — Aqueles olhos escuros preocupados olhavam bem fundo nos meus
e pareciam desvendar a minha alma.
— Tudo bem, Nanda, obrigada.
— Ok, até mais. — Ela se virou e eu percebi a Gabriela esperando.
— Nanda?
— Oi?
— Você se importa em ficar comigo até terminar o intervalo? — Perguntei baixinho.
— Eu tinha umas paradas aí…
— Por favor?
— Ok, me dá um minuto. — Vi a minha amiga falando com uma Gabriela completamente
aborrecida e de cara feia. Se me senti feliz por isso? Sim, muito!
Nanda ficou comigo até o final do intervalo e me acompanhou até a minha sala. O estranho era
que eu não percebia o quanto eu sentia falta desses cuidados que só ela era capaz de me dar.
— Obrigada por me trazer.
— Imagina. Qualquer coisa é só chamar. — Virou-se para ir embora.
— Nanda?
— Oi?
— Você me dá uma carona pra casa? O Alfredo avisou que não consegue me pegar hoje. —
“Nota mental: avisar o Alfredo para ele não me desmentir!”.
— Oshi, eu tinha prometido pra Rafa... — Olhei para ela com cara tristonha. — Mas tudo bem, falo
com ela. Te espero lá na frente. — Saiu rebolando com a calça jeans apertada, acentuando a sua
silhueta. Fiquei olhando até ela sumir no corredor e dei um suspiro longo.
Gabriela me lançou inúmeros olhares furiosos. “Ah, foda-se!”. Peguei minhas coisas e me sentei
ao lado da Cris que estranhou. Esse ano, eu quase não havia conversado com nenhuma das minhas
amigas antigas.
— Desculpe por eu ter sido uma vaca esse tempo todo. Não tem justificativa, mas eu vou contar o
que me aconteceu nesses últimos meses.
Durante a aula de física, onde o professor Afonso era meio surdo, contei baixinho para Cris e
minhas amigas tudo o que aconteceu comigo, pedindo desculpa por ter sido aquela vadia com todas
elas. No final da aula, nos abraçamos e nos despedimos com os olhos marejados.
Fui até o portão e vi a Nanda me esperando! Ela estava deitada em cima da “Clarice” com os
olhos fechados aproveitando o sol. Como eu pude ser tão burra, tão cega, tão estúpida! A minha
princesa e seu cavalo de aço estavam ali na minha frente. Eu precisava achar um jeito de reconquistá-
la. Só esperava que não fosse tarde demais.
Voltando
Nanda
Minha libido quase explodiu quando Clarinha agarrou a minha cintura e colou seu corpo ao meu.
Esses meses de seca estavam me deixando louca. Seca sim! Não comia ninguém, o máximo eram uns
beijinhos. Tentei com a Martha, mas não rolou, porque na hora “H” eu corri. Sempre que eu estava com
outra menina, acabava comparando e o beijo não era o certo... o toque não era o certo... o cheiro não
era o certo... O certo para mim, agarrava a minha cintura fortemente e a cada curva que a moto fazia
seu corpo quase se fundia ao meu.
Hoje reparei que a minha amiga parecia diferente. “Nanda, deve ser coisa da tua cabeça! Tu tá
querendo que ela volte a ser tua menina de qualquer jeito!”. Não podia ter falsas esperanças, porque só
iria me machucar mais e ela voltaria para as festas e os braços desses moleques.
Você deve achar que eu adorava ser corna. Que eu amava ver o meu amor se roçando, beijando,
quase fodendo um monte de babacas. A cada festa que eu ia, era uma facada no meu peito, mas eu
não podia deixar ela sozinha. Clarinha não estava no seu normal. Alguma coisa estava quebrada e eu
esperava que um dia se consertasse.
Aí você poderia me perguntar: "Como você sabia que ela não queria dar para algum desses
babacas?". Na verdade, eu não sabia. Por isso eu ficava por perto e ao menor indício de uma negativa
da parte dela eu entrava em ação.
Patético, né? Nisso, concordo com você..., mas sempre achei que se você não estiver para
pessoa amada quando ela mais precisar disso, na verdade, não será amor. Amor de verdade não é
feito apenas de momentos felizes. Eu só esperava que ela não demorasse para voltar a ser a minha
Clarinha. Não aguentava mais e estava perdendo as esperanças, na verdade, achava que já tivesse
perdido. Cuidaria um pouco de mim, senão eu enlouqueceria.

Ana Clara
Cheirei a minha roupa sorrindo ao notar que o perfume da Nanda ficou grudado em mim. Fui
almoçar na cozinha e encontrei a minha amiga vestida de roupa de treino, almoçando.
— Vai à academia, Nanda?
— Já faz quase dois meses que eu vou todos os dias, Ana Clara. Você não percebeu?
— Er ... eu não estou no meu melhor ultimamente. Você faz o que lá?
— Várias lutas e sou monitora em algumas turmas. No início, eu troquei por desconto, mas agora
recebo um salário. Combinei com o padrinho que a manutenção dos carros faço aos finais de semana.
— Ah, legal. — Uma ideia começou a se formar em minha cabeça. — Tem alguma turma que
você me indique?
— Na verdade, tem sim. Abriu uma turma de defesa pessoal para mulheres. Hoje tem horário,
quer fazer uma aula experimental?
— Quero sim. Você me dá uma carona?
— Ok. Se você quiser. — “Nossa que seca! Ela nunca me tratou assim!”.
Depois do almoço, troquei a minha roupa para ir à academia. Fomos de carro porque estava
chuviscando. Nanda pegou um fusca antigo do papai que era todo original. Ela amava esses carros!
Chegando lá, cumprimentei o pessoal que logo perguntou se eu não voltaria para a dança do ventre.
Informei que naquele semestre, focaria em defesa pessoal.
A aula seria no final da tarde e eu fui treinar um pouco. Aproveitei e fiz avaliação com o personal e
notei que eu havia emagrecido muito. Enquanto me exercitava, assistia Nanda pelo vidro. Ela era muito
boa em todas as aulas, e sendo monitora, sempre havia alguma menina pedindo ajuda a ela. “Sei bem
que tipo de ajuda essas daí querem!”.
Martha apareceu e, do nada, a cumprimentou com um selinho demorado. A certeza de que eu
havia perdido todo o direito de sentir ciúmes, não tirava a minha vontade de arrancar a Nanda dali. Por
fim, a hora da aula chegou e eu fui participar. Em um primeiro momento achei que detestaria, mas no
final até que gostei bastante. A minha melhor amiga era ótima monitora, auxiliando todo mundo com
uma paciência gigantesca.
Quando a aula acabou, perguntei se ela estava liberada. Nanda falou que mais meia hora e nós
poderíamos ir embora. Na saída, vi que o “encosto” da Martha iria junto. AFF! Chegando em casa, as
duas foram direto para o quarto da minha amiga, o que me deixou com mais raiva ainda. QUE MERDA!
— Você tá parecendo melhor, filha. Como está se sentindo? Nanda falou que você teve uma crise
hoje. — Jantava com meus pais, mas meu pensamento estava no quarto da minha amiga.
— Tive, mamãe, mas mesmo assim eu tô me sentindo mais eu. Não sei se você me entende.
— Entendo sim.
— Clarinha, a partir de amanhã, sempre que você for a uma festa, ou a escola, uma equipe de
segurança vai te acompanhar.
— Como assim, papai? Isso é ridículo…
— Ana Clara, me deixa terminar e fique de boca fechada... A Nanda fez muito mal em ter te
acobertado esses meses... Se você tem postura de criança, vai ser tratada como criança. Vai ter
segurança sim! Até eu achar que não precisa mais e eu não admito um piu sobre esse assunto...
O silêncio tomou conta do ambiente, até papai sair da mesa, sem se despedir, algo estava errado.
— Filha, você tem que entender seu pai. Imagina para ele, que acompanha tanta atrocidade
nesse mundo, saber agora todos os perigos que você correu! E não só você, a Nanda também! Ela se
colocou em perigo várias vezes!
— Eu sei mãe... eu... eu não sabia..., mas até na escola?
— Clarinha... soubemos há poucos dias que seu pai está sendo ameaçado de morte e daqui para
frente a nossa vida vai mudar um pouco sim! A gente vai ter seguranças 24 horas por dia!
— Como assim, mamãe? Mas papai...? — Eu não conseguia imaginar a minha vida sem meus
pais.
— Não se preocupe, tudo vai se resolver. Carlão virá fazer a nossa segurança e chefiará a equipe.
— Fiquei mais tranquila em saber que o assistente e amigo do papai, um ex-militar, seria o
encarregado... eu não sei como me sentiria com um monte de gente desconhecida ao meu lado.
— Mamãe e a Nanda? Ela e a Mazé correm riscos também!
— Mazé já está informada, mas converse com a Nanda... — Mamãe segurou as minhas mãos. —
Fala com ela, Clarinha... Essa menina sofreu muito esses meses com a sua distância. — Notei que era
sobre nós duas que mamãe falava agora.
— Vou falar, mamãe… eu vou pedir desculpas…
Após o jantar fui até o "apartamento" da Nanda. Me sentei ao lado da Mazé e deitei no seu colo
para ver novela. A todo momento, eu olhava para a porta do quarto da minha amiga. Até que saiu de lá
uma Martha toda descabelada e com as faces coradas.
— Boa noite, dona Maria José, Ana Clara! Bom, vou indo!
— Tchau, filha, vai com Deus.
Nem esperei ela sair e entrei no quarto da Nanda. O cheiro de sexo estava muito forte, mesmo
com a janela aberta e um incenso aceso. A porta do banheiro estava aberta e observei a minha amiga
tomando banho.
Sua cabeça estava apoiada na parede e o box repleto de vapor. Apenas conseguia vislumbrar a
sua silhueta. Quanta coisa mudou de quando nós estivemos naquele mesmo banheiro e eu admirava
seu corpo nu. Ou quando ela me deu as primeiras aulas… o primeiro beijo… o sexo… Minha calcinha
ficou encharcada com a lembrança.
— Nanda?
— Ahmmm... oi. Não vi você aí. Precisa de alguma coisa? — Sua voz estava mais rouca do que o
normal. “Lógico, Ana Clara, a menina acabou de transar com aquela loira sem sal!”.
— Eu queria perguntar se você pode dormir comigo hoje... — Alguns minutos se passaram e eu
achei que ela não tinha escutado.
— Ué, por quê?
— É que eu tô com medo de ter outro ataque de pânico... como o de hoje de manhã.
— Ok, vai indo que eu já vou.
Corri para o meu quarto colocando uma lingerie de renda vermelha que eu sabia que ela amava.
Abusei da essência especialmente preparada para mim, por um perfumista francês e me deitei embaixo
do edredom. O quarto permanecia na penumbra e meu coração batia descompassado. Alguns minutos
se passaram até que Nanda entrou, se deitando ao meu lado e virando-se de costas para mim.
Sem me deixar abater, a abracei, ficando de conchinha com ela: meu nariz na sua nuca, meus
seios nas suas costas e meu sexo na sua bunda. A minha amiga estremeceu quando me aproximei
colando meu corpo ainda mais no dela.
Cerca de uma hora se passou e eu não conseguia dormir. Nanda ressonava e dormia
serenamente. Introduzindo a mão por baixo da sua camiseta senti os gominhos da sua barriga sarada
na ponta dos meus dedos. "Uhm... isso é novo!". Continuei explorando saudosamente aquele corpo
que tantas vezes havia sido meu. Seus mamilos endureceram ao meu toque. “Ok, é reflexo, não quer
dizer nada.”. Apertei de levinho para não a acordar… “O que eu não daria para tê-los na minha boca!”.
Comecei a tocar a sua bunda. "Nossa que delícia! Tá durinha e redonda!". A minha intimidade gotejava
e a minha necessidade em saciar meu desejo, mesmo com a minha amiga ali falou mais alto.
Me deitei de costas no colchão e retirei a minha calcinha. Com uma mão iniciei movimentos
circulares no meu clitóris, enquanto apertava aquela bunda que já me proporcionou tanto prazer, com a
outra. Só o fato de que ela estava ao meu lado, fazia tudo mais gostoso e intenso. Mordi os lábios com
força abafando os meus gemidos, enquanto me penetrava com dois dedos. Imaginando que eram as
mãos da Nanda que estavam ali me fodendo... intenso... forte... eu dou um grito chamando o nome
dela enquanto gozava nos meus dedos. Esperei até que a minha respiração estivesse controlada para
me vestir e dormir agarrada ao meu amor.

Nanda
Martha entrou no meu quarto e eu não esperei nem mais um minuto, tirando toda a sua roupa.
Nós duas decidimos que não queríamos romance. Queríamos sexo. FODER. Então, fiz o que eu mais
sabia. A fodi de todas as formas que ela queria.
O grande problema é que eu não consegui gozar, nem uma vez. PATÉTICO. Tinha uma loira
escultural na minha cama, nua, querendo fazer tudo para mim e eu não conseguia chegar ao orgasmo.
Pelo menos, levei ela ao ápice várias vezes, tanto que eu perdi a conta. A deixei deitada, exausta na
cama e fui tomar banho, eu precisava tirar o seu cheiro de mim.
— Nanda, eu vou me vestir e já vou tá? — Ouvi sua voz do quarto.
— Espera que eu te levo!
— Não precisa, eu chamo um táxi!
— Tá ok, me manda mensagem pra dizer que você chegou bem.
Ouvi barulhos no quarto e notei que ela estava dando uma arrumada. A tristeza me consumia.
Fechei os olhos colocando a testa no azulejo enquanto lembrava de tudo o que havia vivido com a
Clarinha. As primeiras aulas... o sexo... “AI, CARALHO!”.
Quando lembrei das sensações que senti a primeira vez que a masturbei, não consegui evitar que
minha mão buscasse o meu clitóris. Revivi nitidamente todos aqueles momentos me tocando como se
a sentisse na ponta dos meus dedos. Meus movimentos tornavam-se cada vez mais fortes e eu quase
podia sentir seu perfume único e ouvir sua voz.
— Nanda? — “AI, PUTA QUE PARIU!”. Gozei fodidamente tendo a Clarinha na porta do meu
banheiro.
Fiquei imóvel para que ela não notasse o que havia acabado de acontecer. Ana Clara pediu que
eu fosse dormir com ela, dando uma desculpa esfarrapada. A minha amiga até parecia a antiga
Clarinha, mas eu não queria encher o meu peito com falsas esperanças.
Após o banho vesti uma calcinha boxer e uma camiseta de dormir, dei um beijo em Mainha e me
dirigi ao quarto da minha menina, com o coração aos pulos. Ao chegar lá, parei na porta com a
garganta seca ao vê-la apenas de calcinha e sutiã de renda vermelha. “Ah, PUTA QUE PARIU! É o
meu preferido! Ai, Caralho, que gostosa! Concentra, Nanda!”.
Quase sucumbindo ao desejo de me abraçar a ela, me deitei do outro lado da cama. A minha
amiga suspirou e colou seu corpo no meu ficando de… CONCHINHA comigo, sim, CONCHINHA! “AI,
CARALHO! FUDEU! FUDEU! FUDEU!”. Mordi com força meus lábios e cheguei a suar frio... O seu
perfume... os seios nas minhas costas... a buceta na minha bunda... “Ai, mano, não vou aguentar.
CONCENTRA, FERNANDA! RESPIRA!”.
Usando as técnicas de meditação, consegui sair um pouco de órbita e aos poucos o sono veio.
Acordei com os seus dedos me tocando timidamente e senti a sua buceta roçar na minha bunda. PUTA
QUE PARIU! Prendi a respiração! Ela tocou minha barriga, meus seios e, prontamente, os biquinhos
ficaram duros… “Vish, agora ela descobre que tô acordada... não... parece que não. Ah, se ela tocar a
minha buceta vai ver o quanto eu tô molhada. Caralho, ela tá apertando a minha bunda! Ai, que delícia
mano!”. Até que ela parou. Será que ela cansou?
Clarinha se afastou e escutei um barulho muito conhecido por mim. “Puta que pariu mano, a
minha menina… a mulher que eu amo tá se masturbando do meu lado!”. Mordi fortemente a minha mão
com medo de que escapasse um gemido, ao sentir seus dedos curiosos e atrevidos apertando a minha
bunda, dentro da minha calcinha… entre as minhas bandas! “Ai caralho, que tesão da porra!”.
Até que ela parou de me bolinar e retirou a sua mão. A movimentação ao meu lado tornou-se
mais forte e barulhenta, sua respiração mais ofegante, até que ela gritou o meu nome. Meu sorriso foi
de orelha a orelha, mas continuei imóvel. Passaram-se alguns minutos e ela novamente colou seu
corpo no meu, dando um longo suspiro satisfeito. “Fudeu, mano! Agora que não consigo dormir
mesmo!”.
Please Don't Take My Sunshine Away
Ana Clara
Naquela manhã, acordei antes da Nanda despertar. Durante o sono nossos corpos procuraram a
posição que mais nos completava: minha cabeça no seu peito, comigo sentindo a maciez dos seus
seios, o movimento rítmico da sua respiração, a minha perna entre as suas, sua mão possessivamente
na minha bunda... Como fui achar que não precisava mais disso? Como fui acreditar que conseguiria
viver longe dela?
Fiquei por um longo tempo admirando o seu rosto sereno... My Only Sunshine... A vontade que eu
tinha era de acordá-la com meus beijos, mas morria de medo de que não fosse bem recebida. Levantei
sem fazer barulho e corri para me arrumar. Esperava que ainda desse tempo para ter o meu amor de
volta!
Quando saí do banheiro não encontrei a Nanda. Na cozinha Mazé me informou que ela já havia
saído. “Ai, que merda, de novo! Eu queria ir com ela de moto!”. O jeito foi pegar uma carona com o
Alfredo para a escola. Chegando lá eu vi a “Clarice” estacionada. Procurei a Nanda pela escola e a
achei na arquibancada conversando com a Luiza.
— Oi, meninas. — As duas me olharam de forma estranha como se estivessem me escondendo
alguma coisa.
— Oi, Ana Clara, tudo bem?
— Clarinha... precisa de alguma coisa?
— Por que você sempre pergunta se eu preciso de algo, Nanda? — Me irritei.
— Quem sabe não seja porque você só vai atrás da Nanda quando tá precisando de uma
escrava!?
— Tá, Lu... deixa eu falar com ela. — E minha amiga beija carinhosamente a Luiza. “Oi? O que eu
perdi?” — Vem, Ana Clara...
Nós duas caminhamos por alguns minutos até um lugar mais isolado.
— Nanda, eu queria te agradecer por tudo o que você fez por mim esses meses. Hoje eu vejo o
quanto fui uma cretina com você. Te tratei mal. Não te dei nenhuma satisfação. Não falei com você
sobre a nossa relação. Não terminei... Te deixei no vácuo... Fui tudo aquilo o que eu acho de mais
podre em uma pessoa.
— Tudo bem, Clarinha. Não te preocupa... eu aceito as tuas desculpas. Só quero que você fique
bem.
— Eu… eu quero recomeçar, quero voltar ao que a gente era, ao que a gente tinha, Nanda. —
Tentei me aproximar dela.
— Desculpa, Ana Clara, mas não adianta só você falar. Mano, eu tô muito machucada. — Seu
olhar era sofrido. — Tudo o que eu vi esses meses. Tudo o que eu vi você fazer... Me doeu aqui… —
Apontou para o próprio peito. — Me quebrou e eu decidi cuidar um pouco de mim também. — Ela
estava com os olhos rasos d’água. — Mano... não posso te dizer que as coisas nunca vão ser como
antes. O que eu te prometo é que a minha amizade e o meu carinho, isso você nunca vai deixar de ter.
— Nanda, me dá uma chance por ... — Ela não me deixou terminar e me deu um beijo no rosto.
— Agora não, Clarinha. Ações valem mais que palavras, ok? Eu tô sempre aqui para você.
Sempre vou cuidar de você, porque eu te amo. — Eu chorava baixinho. — Mas eu também me amo.
Então agora o que eu posso te dar é a minha amizade. Amigas forever? — Ela me abraçou apertado.
— Forever. — Eu solucei agarrada ao seu corpo, sabia que havia jogado fora o grande amor da
minha vida...
Nanda
Despertei com uma mensagem da Luiza pedindo que eu a encontrasse antes do início das aulas
porque ela queria muito conversar comigo. Preocupada com a minha amiga me arrumei correndo e fui
para a escola a encontrando nas arquibancadas.
— Oi, Lu, o que foi? Tudo bem com você? — Sua expressão era séria
— Nanda, eu preciso que você me escute e não me interrompa. Juro que se você me interromper,
eu vou perder a coragem de dizer tudo o que eu preciso.
— Lu, você tá me assustando, mano!
— Nanda, eu nunca nutri nenhuma esperança em relação à gente. Você sabe disso. Eu sempre
soube que você era louca pela Ana, mas ver você se machucando cada vez mais tá me matando aos
poucos! Quando você chora no meu ombro, eu choro junto. — Segurou minhas mãos. — Essa semana
vi que as coisas mudaram um pouco e que você tá tentando sair desse círculo vicioso. Nanda... eu... eu
quero ajudar. — Respirou fundo como se buscasse coragem. — Me deixa cuidar de você? Me deixa
tentar te fazer feliz. Olha, não fala nada... sei do teu medo... Ontem mesmo eu abri para os meus pais
que eu sou lésbica e que estou loucamente apaixonada pela menina mais maravilhosa de todo o
universo. Nanda, quer namorar comigo? — “AI, CARALHO!!! PUTA QUE O PARIU!! O QUE EU
FAÇO?”.
— Oi, meninas. — Clarinha apareceu bem no momento mais inapropriado, pedindo para falar
comigo sozinha.
A manhã que estava estranha e surreal, ficou ainda mais porque a minha melhor amiga se
desculpou e queria voltar.
— Nanda me dá uma chance por...
— Agora não, Clarinha. Ações valem mais que palavras, ok? Eu tô sempre aqui para você.
Sempre vou cuidar de você porque eu te amo. — “Ai, porra ela tá chorando, eu não vou conseguir!”. —
Mas eu também me amo. Então, agora o que eu posso te dar é a minha amizade. Amigas forever? —
Eu a abracei fortemente.
— Forever. — Ela se agarrou ao meu corpo soluçando. Deixei ela se acalmar, sequei as suas
lágrimas e a levei até a sua sala. Na porta, me despedi com um beijinho no rosto e fui para a minha.
Chegando lá, vi a Luiza sentada no seu lugar com aquela pose de patricinha entediada dela, que
agora eu sabia que era só fingimento. Ela tinha essa atitude, esse ar mal-humorado, esse humor ácido,
apenas como forma de proteção. Eu sabia o que eu precisava fazer. Me sentei ao seu lado e ela me
olhou com aqueles olhos verdes. Segurei sua mão e sussurrei no seu ouvido apenas uma palavra.

Ana Clara
Não consegui prestar atenção no que nenhum professor dizia. Só conseguia pensar no quanto fui
idiota, no que joguei fora e no que perdi. Limpando uma lágrima que teimava em rolar pelo meu rosto,
pedi ao professor que me deixasse ir até a enfermaria, porque eu não estava me sentindo bem.
Chamaram meus pais e logo mamãe chegou para me buscar. Quando a vi, a abracei fortemente
chorando. Chegando em casa contei tudo a ela e como estava me sentindo.
— Filha, não querendo ser clichê, mas já sendo: toda ação tem uma reação. Nós somos
responsáveis por tudo o que fazemos. A Nanda aguentou o quanto pode filha e eu fui testemunha.
Mesmo sendo uma menina de apenas 18 anos, ela teve a maturidade que muitas mulheres feitas não
possuem.
— Eu sei mamãe... É que tá doendo tanto!
— Ah... meu amorzinho! Vai passar... talvez não o amor. Tenho certeza que o amor não vai
diminuir. Filha a cumplicidade que vocês tinham era muito linda. Essa amizade sim tem que ser
renovada porque você ainda é “Nanda’s Sunshine”. — Eu chorei mais ainda. Mamãe tava certa, o que
eu precisava era ter a minha melhor amiga de volta. AMIGA.
Deitada no seu colo, com o rosto coberto de lágrimas, comecei a cantarolar um pedaço da nossa
música: “...please don’t take my Sunshine away...” ansiando que os versos se tornassem realidade.
Amor sem rótulos
Nanda
O sol entrava pela janela do quarto e eu pisquei meus olhos sonolenta. Ainda bem que era
sábado e poderia dormir até mais tarde. Ela se acomodou melhor com a sua cabeça nos meus seios,
enquanto eu fazia carinho nas suas costas. Seu corpo nu, junto ao meu, me fez lembrar da noite
passada. Sorri pensando em como ela me fazia bem. Suspirando, ainda sentia o seu gosto nos meus
lábios, me fazendo querer mais. Lentamente me movimentei deitando-a na cama.
Cheirei sua pele me inebriando com o seu perfume. “Menina cheirosa da porra!”. Comecei a beijar
seus seios, chupando manhosamente o seu mamilo enquanto descia a mão e acarinhava seu sexo. Ela
se espreguiçou e abriu mais as pernas me dando um espaço maior.
— Eu sabia que você tava acordada, safada. — Falei mordendo de leve o seu mamilo.
— Uhm... se for um sonho não me acorda... — Sua voz estava rouca de sono.
— Por acaso, nos seus sonhos você sente isso? — Chupei seu clitóris lentamente.
— Ah... porra, Nanda! — Arqueou as costas no colchão, seus cabelos jogados no meu lençol
formavam um contraste lindo, seus seios empinados pediam a minha mão...
— Ou isso? — Penetrei dois dedos na sua buceta molhada.
— AI, PUTA QUE LOS PARIU! Não para... me fode mais forte, amor! — Rebolava loucamente nos
meus dedos.
— Vai gozar pra mim gostosa, vai? — Aumentei a força e a velocidade das minhas estocadas.
— Porra, NANDA... ai... que delícia... não pra... — Percebi que ela estava na borda e sabia como
fazer seu orgasmo ser intenso. Baixei minha outra mão e comecei a me masturbar rapidamente, queria
chegar lá junto com ela... Olhando para seu rosto sem parar de fodê-la, chupei com força o seu
grelinho proeminente a fazendo gritar meu nome e se derramar em mim. Gozei logo em seguida,
deitada na sua buceta enquanto ouvia batidas na porta.
— Nanda... papai pediu para eu chamar você!
— Fala pra ele que eu já vou, Clarinha. — Gritei com a cara ainda no meio das pernas da minha
namorada.
— Será que ela nos escutou? — Luiza perguntou constrangida.
— Ai, Lu, ela podia ter mandado uma mensagem, ou ligado. Porra, ela sabe que você dormiu aqui
essa noite.
— Mesmo assim, Nanda…
— Vem, vamos nos arrumar para eu ver o que meu padrinho quer. — Puxei minha namorada até
o banheiro e, é claro, que não ficamos apenas no banho.
Já fazia dois meses que eu e a Luiza estávamos namorando oficialmente. Quando eu contei para
Clarinha fiquei com medo da sua reação, mas ela me abraçou forte e falou que desejava a minha
felicidade. As palavras dela me pareceram verdadeiras e isso fez com que nós duas voltássemos a nos
aproximar.
Naqueles meses, depois de Angra, nós perdemos aquela cumplicidade, sabe? Aquela coisa de se
olhar e saber o que a outra estava pensando. Fazer uma brincadeira que só a gente entendia, tipo
piada interna e ficar rindo o dia inteiro como duas hienas retardadas. Nesses últimos dois meses a
gente recuperou isso, o que me deixava muito feliz. Nossa amizade voltou a ser o que era!
Até mesmo as nossas maratonas de séries, filmes, ou simplesmente dias de "curtir juntas"
voltaram. Algumas vezes, nós tínhamos a Luiza como companhia. Parecia que a Clarinha não se
importava e até gostava de ter a minha namorada por perto.
Quando a Lu não dormia aqui, geralmente eu acordava pela manhã com a minha amiga
estatelada em cima de mim, com aquele seu jeito espaçoso. Um dia, quando fizemos uma "noite do
pijama" assistindo filmes de terror até a madrugada, eu acordei soterrada com a Lu e a Clarinha, cada
uma em um braço, as duas deitadas no meu peito com as pernas por cima de mim.
Se eu estava feliz? SIM. Se eu me sentia completa? NÃO. Ainda amava a Clarinha
profundamente. Morria de tesão por ela. Mas tentava anular essas sensações e priorizar a amizade,
mais ou menos como sempre foi antes das "aulas práticas". Ainda mais que agora fazia quase um mês
que a minha amiga estava namorando o Leo.
Sim, os meus melhores amigos estavam se pegando. Se eu tinha ciúmes dela? MORRIA. Se eu
torcia pela felicidade dela? INTENSAMENTE. Leo era aquele cara boa praça, que sempre estava com
você pra tudo. Sem falar que era gostoso pra cacete, não do jeito dos “crushs” da Clarinha, mais
homem... sei lá. E tinha outra coisa importante: pelo que a Paulinha falava, ele sabia como tratar uma
garota, então eu fiquei tranquila que a minha menina teria todo carinho e atenção que merecia.

Ana Clara
Quando a Nanda me contou sobre o seu namoro, eu me senti sendo sugada para dentro de um
buraco negro. Assisti a toda esperança de tê-la de volta morrer. A única certeza naquele momento era
a de que eu precisava ficar perto dela... como uma planta necessitava de sol. Nanda sempre me disse
que ela era o girassol e eu o seu sol, mas hoje isso havia mudado. Ela era meu sol.
O que eu mais queria era que nós fossemos novamente as melhores amigas. Eu moveria céus e
terra para isso, mesmo que precisasse esconder o quanto a notícia me afetou. Nanda me olhava com a
cara mais linda de preocupação e com medo da minha reação. A abracei fortemente e fiz uma atuação
digna de um Oscar. A única coisa que era verdadeira é que eu queria a sua felicidade, acima de tudo,
seja com quem fosse.
Aos poucos, eu tive a minha melhor amiga de volta. A menina que eu podia perguntar se o
absorvente estava marcando a calça, se eu ficava gorda com aquela roupa, falar dos crushs famosos,
tipo, qual atriz ela pegaria e eu qual ator, essas bobagens de melhor amiga. Tudo bem que tive que a
dividir com a Luiza, mas entre ter cinquenta por cento da Nanda, ou ter zero, fiquei com a primeira
opção.
Suportar e esconder o ciúme era extremamente cansativo. As duas juntas até que faziam um
casal bonito. Morenas com o corpo lindo: a Nanda um pouco mais alta e a Lu com olhos verdes e seios
fartos. Na verdade, a Luiza era muito mais bonita do que eu. Nem sei o que a Nanda um dia viu em
mim. Sempre me achei uma loira muito sem graça, bunduda e com seios avantajados.
Vê-las trocando carinhos, várias vezes, me causava sentimentos contraditórios: ciúme e desejo.
Esses dias tive um sonho superestranho. Eu estava no ofurô transando com a Nanda e a Luiza
chegava. Ao invés de brigar, ou ficar com raiva, ela entrava na água começando a me beijar! Quando
acordei a minha calcinha estava completamente molhada.
Contei para mamãe porque foi estranho demais e isso me deixou muito confusa. Na verdade, a
estranheza era pelo fato de que geralmente meninas não me atraíam. A Nanda foi a única garota que
até hoje me chamou a atenção… me deu tesão. Mamãe explicou que o grande problema que a gente
possuía era a necessidade de rotular tudo: hétero, homo, bi e por aí vai. O importante eram as pessoas
e que o amor nunca deveria ser limitado por questões de gênero, cor e condição social. Amar sempre
foi um sentimento tão bonito que nunca deveria ser rotulado.
Por dias, eu fiquei com aquilo na cabeça. Até que eu compreendi o que ela falou quando, em uma
festa, conversei por horas com o Leo. Se fosse pensar em garotos que eu crushava, ele nunca estaria
na lista, porque não tem aquela beleza que antes eu procurava.
O estilo de garotos que eu curtia era tipo Bieber. Leo sempre foi bonito, mas de uma maneira mais
rústica. Esse garoto era tão maravilhoso e parecido comigo, que após algum tempo conversando eu já
havia me encantado com ele. Nesse dia, ele me beijou e foi bom. Não senti o que a Nanda me
proporcionava, mas foi gostoso.
Algumas semanas depois, ele me pediu em namoro e eu aceitei. Meus pais o tratavam como a
um filho, até porque ele sendo o melhor amigo da Nanda sempre frequentou a nossa casa. A reação da
Nanda quando eu contei foi como se eu estivesse falando que havia comprado um vestido. Nem deu
bola, o que me deixou triste, porque eu tinha uma leve esperança de que ela fosse ficar enciumada.
Percebi que o que eu tive, por um breve momento na minha vida com ela, nunca mais voltaria a
ter.
Hoje pela manhã, papai pediu para que eu enviasse uma mensagem para a Nanda pedindo para
que ela fosse até a garagem, mas eu resolvi ir chamá-la pessoalmente. Quando cheguei perto do seu
quarto, escutei a Luiza gemendo e gritando o seu nome. Não consegui entender o que eu senti. Foi um
misto de inveja, de querer estar no lugar dela, de excitação, misturado com tristeza e arrependimento
por ter sido tão estúpida e perdido o amor da minha vida.
Por fim, consegui bater na porta e chamá-la.

Nanda
Na garagem, Padrinho me mostrou o Gordini 65 que ele havia comprado e que daria um trabalhão
para restaurar, mas que ficaria lindo! Combinei com ele que começaria logo a mexer no motor e
aproveitei para dar um beijo no Carlão, que estava trocando as velas da sua Harley. Agora que a
família precisava de seguranças, eu o via com mais frequência. O homem era como um pai para mim,
já que foi o melhor amigo de Painho e, por seu intermédio, nós viemos parar aqui na casa dos
Alcântara Machado.
— Quer ajuda, mestre? — Perguntei a ele.
— Precisa não, Nandinha... bora acampar na Pedra Branca no feriado?
— Vamos sim, tô com saudade disso! — O abracei. — Depois vai lá tomar um café com Mainha.
— Riu meneando a cabeça. Sempre que eu podia tentava juntar os dois já que ele era divorciado.
Adorava esses passeios com o meu “pai” postiço. Carlão foi paraquedista do exército, especialista
em sobrevivência e sempre que possível, me levava para acampar, com o mínimo possível, para me
ensinar técnicas de sobrevivência.
Encontrei as meninas fofocando à beira da piscina enquanto tomavam café. Sabrino estava bem
acomodado no colo da minha namorada, esse safado sabia o que era bom.
— Nanda, vem tomar café com a gente — Clarinha me chamou.
— O que tem de bom aí? — Enquanto examinava a mesa mordi um pedaço de sanduíche que ela
tinha nas mãos.
— Só coisa gostosa. — Me deu uma colherada da torta que havia no seu prato e lambeu o resto
do chantilly que eu deixei na colher.
— Nossa, tá bom mesmo! — Concordei bebendo um gole do seu copo de suco. Notei que a Lu
nos olhava como que analisando. — O que foi, Lu?
— Eu nunca tinha me dado conta, mas vocês duas comem como se fossem um casal.
— Ah, nada a ver... — Neguei.
— Sério, gente. Sabe aqueles seriados americanos em que aparece um casal no café da manhã?
Só falta ter um menino correndo, chamando vocês de mamães... — Zombou rindo.
— Olha os papinhos da Lu... — Ri me sentando ao seu lado.
— Luiza pirou de vez. — Minha melhor amiga concordou.
— Mudando de assunto, vai rolar piscina hoje?
— Por mim tudo bem, vou chamar o Leo. — Clarinha falou.
— Uiiii, Leo! — Brinquei para não demonstrar o ciúme.
— E aí rolou? — Lu perguntou e fingi que não havia entendido, continuando a comer tudo o que
havia no prato da Clarinha.
— Rolou. — Clarinha sorriu. “AI, CARALHO, PUTA QUE PARIU! Informação demais! Meu melhor
amigo comendo o amor da minha vida. Ai, porra!”.
— Ai, Ana Clara, conta os detalhes! Tô louca pra saber! Fala aí como é o pinto dele: torto,
pequeno, grande, circuncidado, se você gozou... Paulinha fala maravilhas dele!
— Lu, deixa a Clarinha em paz se ela não que falar…
— Médio, não circuncidado e gozei. — Disse completamente envergonhada.
— Ai, que tudo! Arrasou, amiga! — “Cara, a Lu é muito sem noção!”. Levantei, com a desculpa de
ver se Mainha precisava de algo e me escondi na academia. Mano, que merda. Caminhava de um lado
ao outro tentando respirar e me acalmar. “Calma, cara! Você que escolheu isso. Deixa a menina ser
feliz. Ela merece ser feliz. O Leo é o melhor para ela!!”.
Quando retornei, o Leo já havia chegado e fui jogar futevôlei com ele, as meninas ficaram
pegando sol e fofocando. Almoçamos na cozinha, pois meus padrinhos estavam em Búzios,
comprando uma casa lá, já que haviam vendido a de Angra.
Como de costume e sem perceber o que fazíamos, servi o prato da Clarinha e depois o meu,
enquanto ela enchia nossos copos de suco. Luiza e o Leo nos olhavam estranhamente e foi aí que me
dei conta do que a gente sempre fazia. "Caralho! Tenho que conversar com a Clarinha sobre isso. Eles
podem não gostar… ah, quer saber!? Que se foda! A menina é minha melhor amiga e a gente faz
essas coisas a vida inteira. Foda-se!".
Depois do almoço eu e o Leo fomos jogar vídeo game enquanto a Lu e a Clarinha faziam as
unhas. Quando elas terminaram, vieram se sentar no sofá ao nosso lado. E eu não consegui mais
jogar, porque a Clarinha deitou com a cabeça no peito do Leo. “Ai, caralho! Mano... para, Nanda. Te
controla! Porra! Mas…, mas é o jeito que ela deitava em mim, mano...”.
— Pra mim deu por hoje, Leo. Não tô mais na pilha de jogar.
— Vamos ao shopping? Quem sabe ver um filme? — Luiza perguntou. Na verdade, eu queria ficar
em casa, mas como fui voto vencido tive que ir.
No cinema o Leo foi comprar pipoca enquanto eu buscava as entradas. Na fila ele chegou com
um balde de pipoca doce e entregou para a Clarinha que agradeceu dando um sorriso amarelo.
Entramos e nos sentamos nos nossos lugares: Lu, eu, Clarinha e Leo.
— Lu, quer pipoca?
— Não, mas traz um chocolate?
— Tá, já volto. — Comprei um balde de pipoca salgada com pouca manteiga, refrigerante e um
chocolate. Já no meu lugar, entreguei o refri e o chocolate para a Lu e disfarçadamente troquei meu
balde com o da Clarinha, que me olhou sorrindo agradecida. A minha amiga odeia pipoca doce. Na
verdade, ela não odeia, ela tem PAVOR!
O filme começou e logo a Luiza se deitou no meu ombro. Olhei para o lado e Leo estava beijando
a Ana Clara. “Ai, caralho, mano. Não vou aguentar o filme todo.”. Falei para a Lu que ia ao banheiro e
passei boa parte da sessão lá dentro. Até que a Clarinha me procurou para saber se eu estava
passando mal. Inventei uma desculpa de queda de pressão, mas vi que ela não acreditou. Voltamos
para o cinema e Luiza queria saber o que aconteceu. A tranquilizei e assistimos ao restante do filme.
Uma coisa não saía da minha cabeça desde aquela manhã: Leo fodendo a Clarinha. Imaginar que
ele provou aquilo que foi meu um dia me deu uma angústia enorme. Sabia que esse sentimento de
posse não podia mais existir. “Porra, sei lá, mano! Tá tudo confuso na minha cabeça.”. Via os dois
abraçados e pensava na gente abraçada, a minha mão na sua cintura, no seu seio… a expressão que
ela fazia quando gozava para mim. Fechei meus olhos respirando fundo.

Ana Clara
A Luiza me constrangeu perguntando na frente da Nanda sobre a minha transa com o Leo. Putz!
Eu tinha duas opções: não falar, ou dizer a verdade. Então optei pela verdade, quer dizer... não toda.
O meu namorado me tratou muito bem, foi atencioso e carinhoso. No início, fiquei excitada, mas
não gozei quando ele gozou. Não gozei quando ele me masturbou, ou na penetração e nem no oral.
Apesar de todo cuidado que ele teve comigo faltou a maciez no toque e dos lábios. Faltou a pegada.
Leo estava ficando chateado porque ele era aquele tipo de cara que não existia mais por aí: ele queria
fazer a garota feliz, queria proporcionar um orgasmo a ela. Até que ele pegou na mesinha de cabeceira
um halls preto e começou a me chupar novamente.
Veio na minha memória o dia em que a Nanda usou esse artifício pela primeira vez. Fechei os
olhos e magicamente as mãos que estavam nos meus seios e a língua que me lambia, eram as da
minha melhor amiga. Não abri mais os olhos com medo da sensação se esvair. Meu sexo ficou
encharcado, eu gemia alto, começando a rebolar na cara dela e logo fui tomada por um orgasmo
avassalador. Quando eu abri os olhos, vi Leo sorrindo orgulhoso e senti uma tristeza gigante. Eu gozei
imaginando a minha melhor amiga.
No cinema, a Nanda foi uma fofa comigo. Como era bom saber que você tem uma pessoa que
sempre te conheceu tão bem. Leo nem notou que trocamos as pipocas. Durante o filme eu tive a
impressão que a Nanda ficou com ciúme dos beijos que eu e ele estávamos trocando. O que é muito
estranho já que ela nunca aparentou, em nenhum momento, ter esse sentimento.
Após o filme, jantamos no shopping e fomos para casa. Leo não dormiu comigo, porque no outro
dia bem cedo iria para um campeonato. Meus pais ficaram em Búzios, na pousada da dona Jurema.
Fiquei imaginando seu Carlos Eduardo e dona Alice no maior love. A Luiza, claro, dormiu aqui em casa.
Eram umas 3 horas da manhã e escutei um trovão forte. A chuva caía torrencialmente lá fora, com
muitos trovões e raios. Parecia que o mundo acabaria. Meu peito estava apertado e não consegui ficar
deitada me levantando angustiada. Usei meu celular como lanterna, pois a energia elétrica havia
acabado. A minha preocupação era a Nanda!
Logo me acalmei, ao lembrar que Luiza estava com ela e se a minha amiga estava dormindo com
alguém, ficaria tudo bem. Mesmo assim a sensação ruim não passava. Saí caminhando pela casa e
encontrei a minha melhor amiga sentada, encolhida no corredor. Corri até ela.
— Nanda! Cadê a Lu? — Percebi que ela estava completamente transtornada, revivendo o
acidente que ceifou a vida do seu pai.
Naquela noite chuvosa, Nanda ficou muito tempo dentro do carro capotado, com seu pai sem
vida. Se para um adulto isso é terrível, o que se imaginaria para uma criança de seis anos.
— Sangue, só sangue... tem sangue nele, Clarinha... tira dele... tira... o olho tá aberto, mas tem
sangue saindo... tira! — A minha amiga estava em transe. Com todas as forças que eu tinha a puxei
até o meu quarto. “Ai, meu deus, o que eu faço? A Mazé foi visitar os pais! Nós estamos sozinhas!”.
— Nanda, amor, se acalma, eu tô aqui! Olha, sou eu, a sua Clarinha. — Tentava fazer ela
realmente me ver, mas ela me olhava e não me enxergava.
— O trovão... o sangue... não... pai... não sai... pai tem sangue... se mexe, pai... Clarinha ele não
se mexe... — Eu estava desesperada, ela em choque e gelada. Não sabia como trazê-la de volta, mas
tinha que tirá-la de lá… o meu amor estava revivendo o pior momento de sua vida.
— Nanda, sou eu, a Clarinha, tô aqui com você. Nada vai acontecer. Eu tô aqui, olha, sente! —
Desesperada me sentei na sua cintura e tirei meu pijama ficando só de calcinha, segurei as mãos dela
colocando sobre meus seios — Sou eu amor, sente… a sua Clarinha, o seu Sunshine. — Ela me olhou
em dúvida e eu a beijei intensamente.
Nossos lábios se encontravam com saudade, em um beijo desesperado, sofrido, misturado com
lágrimas… Nanda me puxou e eu deitei em cima do seu corpo, gemendo com o contato mais íntimo.
Cega de paixão, tirei a sua camiseta ao mesmo tempo em que abocanhei seu seio, me deliciando com
o sabor. “OMG! Que saudade!”. Senti todo o seu corpo estremecer e ela puxou minha cabeça
aprofundando o contato.
— Clarinha, o quê? — Exclamou confusa quando eu retirei a sua calcinha, a deixando nua na
minha cama.
— Nanda, não me faz parar agora, por favor. Eu preciso te ter. — A minha voz rouca denunciou
toda a minha excitação. Olhei para ela pensando que ela nunca deveria ter saído dali e que ali era o
seu lugar.
Me aconcheguei entre as suas pernas e lambi o seu sexo de baixo para cima. A minha amiga
gemeu me olhando profundamente. Apertei a sua bunda levantando seu quadril, ao mesmo tempo em
que chupei a sua intimidade, me deliciando com o que ela me dava. Nanda se contorcia na minha boca
e agarrava meus cabelos. O gosto dela era inebriante, exatamente como eu me lembrava. Meu sexo
pulsava querendo liberação, mas eu precisava cuidar dela.
A chuva lá fora começava a diminuir e os gemidos dentro do quarto aumentavam. Me sentindo
ousada inseri um dedo na sua entrada encharcada. Ela se retesou por um momento, mas logo em
seguida se abriu mais murmurando meu nome com angústia.
— Clarinha... Vem cá! — No início não entendi. Mas ela nos fez ficar frente a frente, de joelhos e
puxando minha calcinha para o lado me penetrou com dois dedos. SIM! Foi isso que faltou no sexo
com o Leo. O jeito como a minha pele reagia a dela, como meu corpo reagia ao seu.
Penetrei mais um dedo e nós duas nos agarramos, como um reflexo... cheio de erotismo, dando
estocadas nos nossos sexos molhados e pulsantes. Nossos gemidos eram abafados por beijos cada
vez mais sôfregos. Meus dedos estavam sendo apertados cada vez mais pelas paredes de sua buceta.
Nós estávamos em sincronia e eu a puxei em um beijo desesperado. Nanda segurou meu
pescoço enquanto apoiava nossas testas, nossos olhos se encontrando, o azul se perdendo no preto...
até que o gozo veio profundo, intenso e matando uma saudade que nos maltratava.
Completamente esgotadas, nos deitamos lado a lado e nada foi dito. A olhando compreendi que o
sentimento de culpa também habitava o seu coração.
Nós tínhamos acabado de trair nossos namorados.
Rede
Nanda
Aqueles olhos azuis que eu tanto amava brilhavam, mas eu só conseguia pensar em uma coisa:
FUDEU! FUDEU! FUDEU! “Mano, a Lu e o Leo não mereciam isso, caralho. Puta que pariu! O que a
gente fez?!”. O que acabou de acontecer foi tão errado, mas olhando para ela toda nua, cabelos
desarrumados, com a face corada, lábios inchados pelos meus beijos, só pensava no quanto parecia
certo. Ai, caralho!!!
— Clarinha, eu…
— Nanda, esquece. Não foi culpa sua. Foi o único jeito que eu achei de te trazer de volta. Você
teve uma crise.
— Eu… eu não lembro. — Sussurrei com as mãos no meu rosto.
— Hey, não pensa nisso, tá? Eu tava desesperada! Se alguém é culpada aqui sou eu. — Ela falou
arrumando meu cabelo atrás da minha orelha e eu estremeci com seu toque. — Agora vai pro teu
quarto vai…
— Mas, Ana...
— Sem mais, ok? Amigas forever, lembra? Eu faço qualquer coisa por você, como sei que você
faria o mesmo por mim. — E dando um selinho nos meus lábios, ela seguiu para o banheiro nua e
linda. Saí daquele quarto sabendo que deixava ali um pedaço de mim.
Entrei em silêncio no meu banheiro, precisava tirar o seu cheiro de mim, mesmo não querendo.
Luiza abriu o box perguntando.
— Nanda, onde você estava?
— Eu fui buscar suco na cozinha da casa e começou uma tempestade de uma hora para outra.
— Ai, meu amor! E o que aconteceu?? Como você ficou? — Luiza sabia do meu trauma.
— Clarinha tinha ido pegar mais água e ficou comigo até eu me acalmar. — Desconversei.
— Nossa, que bom! Vem cá, vem. Me deixa cuidar de você.
— Não, Lu, me espera lá na cama que eu já vou. — O remorso gritava no meu peito. Quando me
deitei, ela já estava de olhos fechados. — Lu, preciso te contar uma coisa.
— Agora não, Nanda, tô caindo de sono.
— Mas, Lu…
— Amanhã a gente conversa, amor.

Ana Clara
O cheiro da Nanda ficou impregnado nos meus lençóis, meu travesseiro e no meu corpo. Depois
que ela saiu, dormi e sonhei com ela. O jeito que eu a fiz gozar me deu uma sensação de poder tão
grande que eu fiquei extasiada. Sabia muito bem que ela não deixava as meninas a tocarem como eu
fiz. Nem mesmo a Luiza. Como eu sabia disso? A Lu amava falar de sexo e contar tudo, nos mínimos
detalhes. Coisas de Luiza.
No meu celular, uma mensagem fofa de bom dia do Leo me fez ficar com remorso. Precisava
conversar com a Nanda e falar que contarei a ele, mesmo que seja o fim do nosso relacionamento.
Na cozinha, encontro Claudete preparando um chá.
— Oi, filha, senta aí que já preparo seu café. Tô fazendo esse chá para a Nanda, ela está com
uma febre e vomitando. Tadinha dela! Luiza teve que ir embora porque os pais vieram buscá-la.
— A Luiza deixou a Nanda sozinha e doente?
— Deixou sim. Não sei o que eu faço, a menina não para de vomitar e a Mazé só chega à
tardinha!
— Pode deixar, Claudete. Vem comigo. — No quarto a minha amiga estava encolhida, debaixo
das cobertas e suava muito. A sua temperatura era de 39.8 graus! Muito alta!
— Claudete corre no meu banheiro e enche a banheira de água fria. Pede pra Juliane trocar meus
lençóis e arejar bem o quarto. Vou chamar um dos seguranças para levá-la até o meu quarto e ligar pra
mamãe.
Nanda não estava conseguindo se aguentar nas próprias pernas. O segurança de plantão a levou
até o meu banheiro e com a ajuda da Claudete eu a despi e a coloquei dentro da banheira. Nesse
pouco espaço de tempo ela teve mais dois episódios de vômito.
A fiz beber água com os comprimidos de paracetamol que a mamãe receitou. Lavei seus cabelos
e coloquei uma toalha molhada na sua testa. Com carinho ensaboei seu corpo notando que parecia
que ela estava menos quente. Claudete me ajudou a secá-la e colocá-la confortavelmente na minha
cama. Não a vesti porque sabia que ela se sentia melhor dormindo nua.
A sua temperatura já havia diminuído um pouco, mas ainda estava alta. Me deitei ao seu lado
esperando a mamãe chegar. Claudete havia me trazido um lanche porque não queria sair de perto da
Nanda, nem por um minuto. Ela delirava e eu tentava acalmá-la com palavras doces e carinhos nos
seus cabelos.

Nanda
Parecia que um caminhão havia me atropelado, o meu corpo todo doía muito... Abri meus olhos e
não reconheci o lugar onde eu estava. Ao meu lado a Clarinha dormia em uma cadeira perto da cama
que eu estava, notei que estava toda torta e sua aparência era de cansada. A porta abriu e Madrinha
entrou com um sorriso nos lábios.
— A bela adormecida acordou? — Sorriu e me deu um beijo.
— Nanda, você acordou! — Fui amassada por uma Clarinha afoita.
— Calma, filha, Nanda está muito debilitada ainda.
— O que houve comigo, Madrinha?
— Você pegou dengue, filha, e como a febre não baixava resolvi te trazer para o hospital porque
sei que aqui teria todo cuidado e suporte profissional.
— Quando posso voltar pra casa?
— Assim que eu der uma olhada nos seus exames. Quero mesmo tirar você daqui porque a
Clarinha não quis de jeito nenhum te deixar. Dormiu aqui, fez as refeições e a todo custo tomou banho
ali no banheiro. — Segurei a mão da minha melhor amiga a olhando nos olhos.
— Obrigada. — Esse agradecimento era cheio de significados que só nós duas sabíamos.
Clarinha apenas tocou o lugar da sua tatuagem sem tirar os olhos dos meus.
Nada mais precisava ser dito.

Ana Clara
Mamãe chegou e logo chamou uma ambulância do hospital do vovô. O problema era que a Nanda
não parava de vomitar e a temperatura não voltava ao normal. Não quis me separar dela nem um
minuto e fui até mesmo junto a ela, dentro da ambulância.
Avisei a Lu, mas ela falou que não iria ao hospital porque morria de medo de doenças. “Ai, Luiza!”.
Leo apareceu no final do primeiro dia e tentou me levar para casa, mas eu afirmei que só sairia dali
com a Nanda.
Papai e mamãe conseguiram um quarto particular onde eu teria uma cama para dormir, mas eu
preferi ficar na cadeira ao lado do seu leito. Que agonia! A minha amiga não acordava, e mesmo
mamãe me explicando que ela estava sedada aquilo me deixava muito angustiada.
No final do segundo dia a Nanda acordou. Eu chorei de alegria e me agarrei a ela. Agora eu sabia
que tudo ficaria bem.

Nanda
A semana demorou a passar. Fiquei em casa descansando e o tédio era gigantesco. Luiza só
falava comigo por mensagem, dizia que tinha medo de doença. Precisava encontrar com ela
pessoalmente, para contar a ela o que aconteceu. Clarinha tentou me fazer companhia, mas meus
padrinhos a fizeram ir às aulas. Mesmo assim, todos os minutos que ela estava fora da escola, passava
ao meu lado. Nunca fui tão paparicada na minha vida. Não falamos sobre a transa e também não
houve nenhum movimento em relação a isso de minha parte, ou da dela.
Mas a tensão sexual entre nós duas era gigantesca e aumentava a cada momento. Parecia que
nós acordamos um gigante adormecido que agora só queria uma coisa: SEXO.
Toda vez que eu olhava para ela, imaginava várias situações que me deixavam molhada na hora,
como: a jogando na parede e lambendo suas costas, enquanto arrancava toda sua roupa; se ela
chegasse vestida com uma saia, eu já pensava em puxar para cima e entrar entre as suas pernas…
Tava foda!
Um dia ela deitou vestindo pijama, inocentemente de bruços, enquanto comia a sobremesa e via
TV e eu... ah... eu babei, pensando em foder a sua bunda, enquanto ela chupava meu dedo.
Sábado felizmente minha namorada resolveu aparecer. Meus padrinhos convidaram toda a família
para um almoço e fizeram questão que eu estivesse presente. Chico me contava do seu emprego
novo, quando Luiza chegou, me deu um beijo e se sentou no meu colo. Manoel que viu tudo, resolveu
dar o ar da graça.
— Ô, menina, que modernidade é essa? No meu tempo amigas não se cumprimentavam assim
não!
— A Luiza é namorada da Nanda, papai. — Minha Madrinha respondeu calmamente.
— Tia, quando eu crescer quero ser igual à Nanda porquê... puta que pariu, hein! — Chico sem
noção falou, recebendo um tapão na cabeça do tio Júlio.
— Mas…, mas como? As duas são tão femininas... — E ele começou a ficar vermelho como um
peru bêbado.
— Calma, papai, beba um pouco de água.
— Eu não me acostumo, não me acostumo... — E ficou por aí, mas todo o tempo ele me
perseguia com o olhar.
Aquele velho preconceituoso me encheria o saco quando estivesse sozinho comigo… eu percebia
isso, o que acabou não acontecendo, porque o Leo foi apresentado como namorado da Clarinha e
como ele é de “família de bem” o velho ficou todo prosa.
Padrinho começou a falar todo orgulhoso que eu prestaria vestibular para direito e que a Clarinha,
mesmo que no segundo ano, veria como era o de medicina. Seu Manoel cagou pela boca discursando
que achava uma barbaridade os incentivos para as pessoas de baixa renda estudarem e para que eu
não enchesse esse velho de porrada, dei a desculpa de que estava muito cansada ainda por causa da
doença.
Pedi licença e me dirigi para o meu quarto com a Luiza.
— Lu, eu preciso te contar…
— Não precisa, Nanda.
— Como assim, não entendi. — Do que essa maluca falava?
— Nanda, eu te conheço há muito tempo e... eu te amo. Quando você voltou, na noite do
temporal, eu logo vi que rolou algo. Vocês transaram, né? — Eu concordei com a cabeça, mas
completamente envergonhada. — A culpa é minha. Eu sabia onde estava me metendo. Sabia que isso
iria acontecer, mas fui teimosa... quis me enganar. — A tristeza no seu olhar doía no meu coração. —
Você é a Nanda da Clarinha e ela é a Clarinha da Nanda! E não importa o que aconteça, isso não vai
mudar.
— Mas…
— Me deixa terminar, Nanda. — Segurou meu rosto entre as mãos. — Eu sempre vou te amar.
Desculpa a minha infantilidade e ter te deixado essa semana quando você mais precisou de mim, mas
eu tinha certeza que a Clarinha estava com você. Tá... fiquei com raiva... muita! Precisei de um tempo
para pensar sozinha. Uma coisa que nunca vai mudar entre nós é essa nossa amizade. Você está livre
para ser a Nanda da Clarinha.
— Lu... mano... não existe ninguém como você! — Luiza realmente não existia!
— Claro que não! Uma morena de olhos verdes, gostosa, fashion e maravilhosa!? Sem dúvida,
não existe! — Me deu um selinho e me abraçou forte. — Agora, se um dia quiser fazer uma festinha,
como aquela que fizemos com a Paulinha, eu topo.
— Mas é tarada essa menina!
— A Clarinha é um tesão! Ainda mais com essa cara de santa do pau oco. — E começou a rir.
Ficamos até tarde conversando e ela dormiu na minha casa, mas agora como minha amiga.

Ana Clara
No almoço de sábado, meu avô ficou encantado pelo Leo, até porque ele conhecia os pais dele. O
tempo todo perguntava coisas a ele, na verdade enchia o saco. Depois ele pegou a Lu e Nanda para
Cristo, porque não admitia duas pessoas do mesmo sexo namorando. Por fim, começou a falar umas
asneiras sobre bolsas de estudo. O meu avô quanto mais velho, mais retrógrado ficava. Aproveitando
que a Nanda e a Lu saíram, levei o Leo para dar uma volta pelo condomínio.
— Seu avô é bem difícil, né? — Que coisa fofa esse Leo, cheio de dedos para falar mal do vovô.
— Pode falar Leo: é insuportável! Isso sim. — Rimos juntos.
— Essa semana a gente quase não ficou junto, Aninha. Sei que a Nanda tava doente, mas eu
queria ficar mais com você.
— Leo... sobre isso... — Suspirei longamente. — Você sabe tudo o que rolou entre mim e a
Nanda. Você acompanhou tudo… você sempre foi o melhor amigo dela... Ah, Leo... que difícil! O que
aconteceu é que…
— O que foi, Clarinha?
— Eu e a Nanda ficamos novamente… e eu não posso mais namorar com você depois disso. Não
é justo com você, Leo. — Ele não me olhava nos olhos.
— Ana... — Depois de um longo silêncio ele falou. — ...não vou mentir que tô feliz em ser corno,
cara, mas pelo menos você contou e foi sincera comigo.
— Eu não sei ser diferente, Leo. Mesmo quando eu fiz aquele monte de merda, sempre fui
verdadeira.
— Vou embora tá?! — Me beijou na testa e começou a caminhar.
— Mas, Leo, eu queria que a gente continuasse amigo.
— Ana, por enquanto eu não quero falar com você e nem com a Nanda, tá? Respeita, por favor!
— Ele se foi enquanto eu olhava para o chão.

Nanda
Luiza foi embora à tardinha e ao dar tchau para a Clarinha a abraçou forte, com lágrimas nos
olhos, balbuciando coisas como ser madrinha. Luiza dramática como sempre! Clarinha olhava para
mim sem entender nada e eu fui até a porta acompanhar a Lu. Quando voltei a minha amiga estava
deitada na rede da varanda com o Sabrino.
— Será que tem um cantinho aí pra mim? — Perguntei brincando.
— Acho que não, né, Sabrino, você tá muito obesa. — Brincou, mas abriu espaço para que eu me
deitasse.
Assim que me arrumei, ela se ajeitou nos meus braços. Ficamos alguns minutos naquele silêncio
gostoso, onde palavras não se faziam necessárias. Sabrino estava como aquelas tias velhas e
fofoqueiras quando tem separação na família, ou quando algum primo sai do armário: Feliz da vida! A
noite chegou com uma brisa fria.
— Quer entrar? Tá ficando frio. — Passei a mão nos seus braços percebendo que ela estava
gelada.
— Não... tá tão bom aqui! — Nessa hora, o Padrinho, parecendo que lia nossos pensamentos,
chegou com uma manta e nos cobriu com carinho.
— Daqui a pouco Mazé vai chamar para a janta. Sabrino, vamos passear com o vovô? Vem com o
vovô, vem! Dá um sorriso pro vô! Mas é um lindão! — Rimos porque o Sabrino realmente sorria e
abanava o rabo. Quando os dois saíram, Clarinha se aconchegou mais a mim.
— Contei para a Lu.
— É?
— Aham!
— E aí?
— Terminamos. Melhor assim. Mas sabe como é a Lu, ela já sabia, no dia mesmo. Por isso o seu
sumiço.
— Ahm. Eu contei pro Leo.
— E?
— Ficou muito chateado. Não quer ver nenhuma de nós duas.
— Caraca! — Coloquei as mãos no meu rosto. — Vacilei, mano, puta que pariu!
— Calma que com o tempo as coisas se ajeitam. O Leo é um cara legal, a gente errou, mas ele
entendeu.
Ficamos olhando para as estrelas até que ela começou, a timidamente, fazer carinhos na minha
coxa desnuda que estava em cima da dela. Engoli em seco e com a pontinha dos dedos contornei o
seu mamilo esquerdo deixando-o durinho.
— Clarinha?
— Oi?
— Você tava com má intenção já, fala pra mim. — Sorria maliciosa para ela.
— Como assim, Nanda?
— Você cortou as suas unhas. — A pele branca da garota nos meus braços adquiriu um tom
avermelhado. — Tava louca pra me comer, né, safada? Confessa pra mim... — Sussurrei baixinho ao
seu ouvido e ela se mexeu desconfortável, dando indícios da sua excitação.
— Ai, para! Não... quer dizer... talvez. Você está me deixando com vergonha.
— Eu gostei. Daria pra você novamente facinho... facinho...
— Nanda, STOP. — Ela escondeu o rosto com as mãos.
— Que? — Ri da sua cara envergonhada. — Fico até de quatro e faço a passivinha escandalosa:
"Aii, Clarinhaa, me come gostoso... aii, Clarinha, me foooodee!".
— Nanda, eu vou sair daqui, PARA! — Gargalhou.
— E quem diz que eu deixo. — Segurei firme a sua cintura.
— Ah, vai usar a força é? Só assim né!?
— Quem disse que preciso usar a força? — Falei colocando uma mão dentro do seu short e
notando o quanto ela estava molhada. — Isso é força? — Perguntei friccionando o seu grelinho que já
ficava duro.
— Nanda! E se alguém aparecer? — Olhava para os lados preocupada.
— Então, é só você gozar em silêncio — Sussurrei enquanto ela fechava os olhos, com uma
expressão de prazer. — Uhm, que saudade que eu tava dessa bucetinha molhada. — Eu sabia o
quanto aquilo a envergonhava, mas também a enchia de tesão.
— Nanda... — Ela gemeu baixinho.
— Oi?
— Faz mais rápido, por favor! — A minha pequena tentava a todo custo se controlar, mas a
respiração a entregava.
— Não dá, amor, senão vão perceber. — Continuei na mesma velocidade — Tá gostando,
Clarinha? Tá gostando do que os meus dedos estão fazendo? — Dei uma apertadinha no seu clitóris.
— Aiii... si... simmm. — Sussurrou baixinho enquanto se contorcia de prazer.
— Um dia, quero te comer peladinha, numa rede assim. Só nesse balanço, mas sem ninguém
para interromper. Então, eu vou fazer forte e rápido como você gosta. — Puxei para baixo seu short
deixando-o no meio das suas coxas, mas olhei em volta tendo a certeza que estávamos sozinhas.
— Nanda, o que…
— Shiii... calma... é só para eu ter mais espaço. — Continuei o que fazia na frente e coloquei
meus dedos entre a sua bunda, deixando meu pulso separando aquela região, mas meus dedos livres
para penetrarem a buceta melada por trás. E foi o que fiz, causando um gritinho da Clarinha. — Shiiiii...
não pode gritar. — Estocava meus dedos lenta e profundamente.
— Isso... isso... é tortura... — A loirinha gemeu baixinho de olhos fechados.
— Aproveita... quando vier, vai ser intenso. Fica quietinha e me deixa fazer todo o trabalho. —
Continuei enquanto ela arfava a cada movimento. — Sabe que eu adoro te comer gostoso assim, ainda
mais com a possibilidade de alguém chegar. — Ela mordeu sua mão para não escapar um gemido.
A sua lubrificação era tanta que o barulho dos meus dedos na sua buceta podia ser ouvido
mesmo nós estando cobertas pela manta. Mordi o lóbulo da sua orelha, ao mesmo tempo em que
sentia ela jorrar nos meus dedos. Retirei meus dedos com cuidado e a ajudei a se vestir e levantar
porque Mainha logo viria nos chamar.
— Leva a manta e coloca nas costas. Vai pro seu quarto e se arruma... — Dei um beijinho na sua
testa e me dirigi para o meu próprio chuveiro em busca de alívio.

Ana Clara
O que eu senti na rede foi a sensação mais maravilhosa de toda a minha vida! Minhas pernas
estavam bambas. Mesmo sucumbindo ao desejo, tinha a impressão que a Nanda ainda estava muito
magoada. “O que eu faço? OMG!”. Tinha certeza que ela não faria nenhum movimento para que a
nossa relação fosse mais do que apenas uma “amizade colorida”. Aos poucos uma ideia foi tomando
forma em minha cabeça. Achava que tinha tudo o que precisaria guardado no fundo de uma gaveta. “É,
talvez dê certo!”.
Clarice
Nanda
Depois da janta, coloquei meus fones de ouvido e fiz a lição de casa. Deixar a coisa para a última
hora: muito eu! Quando terminei fui me trocar e vi debaixo da porta um cartão.
“My Only Sunshine,
Te aguardo hoje, à uma da manhã, junto a Clarice.
Venha discretamente e use nosso cordão,
Your Sunshine.”
“CARALHO, MANO! PUTA QUE PARIU! PUTA QUE PARIU! O QUE EU FAÇO? O QUE EU
VISTO? AI, CARALHO!”.
Andei de um lado para o outro, sem saber o que fazer… precisava falar com alguém, mano! “Leo
nem pensar! Luiza... será? Ai, cara... será?”.
— Lu, pode falar? — Fiz uma chamada de vídeo.
— Fala, viada. Escuta, fez os exercícios de matemática? Leva amanhã que eu vou copiar na aula
de história.
— Tá... tá... Lu, olha só... — Contei para ela que olhava com cara de paisagem. Até que ela voltou
a ser a Lu de sempre.
— Clarinha, hein, quem diria! Tá me surpreendendo! Vai te dar uma chave de buceta...
— Lu, foco, mano!
— Tá, você ficou doente, então tem que ver como tá se sentindo.
— Tô legal, me sentindo bem.
— Então, vamos ao checklist! Depilação?
— Em dia.
— Então, toma um banho bem demorado, se perfuma e vai ser feliz! Lembra que ela te viu
vomitando até as tripas e ainda te quer… eu morreria de nojo… — Ela riu tanto que quase caiu da
cama.
— Puta que pariu, mano, para de zoar!
— Sério, gatinha, vai ser feliz. — Ela ficou séria. — Vou desligar que a mamys tá me chamando.
Byeeeee.
Então, sem ter outra opção, fiz o que a louca da minha amiga sugeriu e depois de pronta, fiquei
esperando o horário para ir até a garagem. Quando eu percebi eram 00:55h. Saí sem fazer barulho
para que Mainha não acordasse. “Seja o que Deus quiser!”.
Meu coração batia descompassado como se eu estivesse dentro de um surdo na bateria da
Mangueira em plena Apoteose. Andava silenciosamente pelo jardim, olhando para a escuridão ao meu
redor. A garagem onde eu deixava a Clarice era a mesma dos carros antigos, então encontrava-se
mais afastada da casa. Percebi apenas uma luz acesa, muito fraca.
Ao abrir a porta, quase não acreditei no que meus olhos viam: Clarinha estava sentada
sensualmente em cima da “Clarice” e vestia um conjunto de renda preto, cinta liga, saltos altos e uma
jaqueta de couro. Sexy pra caralho! O medo de que a minha imaginação estivesse me pregando uma
peça fez com que eu me aproximasse vagarosamente.
Seus lábios estavam mais carnudos devido ao carmim intenso do batom e a pinta que me
enlouquecia se sobressaía ainda mais. Os olhos ainda mais azuis, realçados pelo delineador e os
cabelos caindo soltos, meticulosamente desarrumados. Linda!
Parei estática sem saber o que fazer, ou o que falar... ela conseguiu me deixar sem ação. Me
olhando fixamente Clarinha se aproximou como se fosse o predador e eu a presa. A sua sensualidade
latente preenchia cada partícula de ar ao seu redor, era como uma aura de puro sexo.
Quando enfim ela parou à minha frente, senti as minhas pernas bambas. Respirava
ofegantemente e a garganta estava seca. Seu perfume me atingiu como um soco no estômago. Nunca
ninguém me deixou nesse nível de excitação como ela acabava de fazer.
— Hoje você vai poder realizar a sua fantasia... — Falava roucamente ao meu ouvido, senti o
incômodo da minha calcinha molhada. — Mas primeiro, você vai ser minha... Vem cá... senta aqui. —
Segurou a minha mão e me fez sentar em uma cadeira que estava estrategicamente disposta próxima
a moto... — Você não pode me tocar, ok? Até eu permitir, tá? — Mordeu a minha orelha, me arrepiando
ainda mais
— T...tá.. — CARALHO! Fiquei gaga agora!?
— Só que antes, quero pedir uma coisa. — Sorriu umedecendo os lábios com a língua. “Porra, de
onde saiu essa mulher? Não tô reconhecendo, mas tô adorando!”. — Essa música é tudo o que eu
sinto longe de você, presta atenção, tá? — Quando eu tentei segurá-la, ela sorriu, fez que não
lambendo meu rosto. “PUTA QUE PARIU!”.
Deu play no seu celular deixando-o de lado e uma música começou a ressoar pelo ambiente. A
reconheci na hora! A música era uma versão do “The White Stripes” para “I Just Don’t Know What to do
With Myself”. Clarinha sabia o quanto eu curtia essa música e, principalmente, o clipe com a Kate Moss
dançando sensualmente como se fizesse um lap dance particular.
“PUTA QUE PARIU!”. Clarinha começou a dançar sensualmente no meu colo, de costas para
mim, com as mãos ao redor do meu pescoço. “EU TAVA GANHANDO UM LAP DANCE DO AMOR DA
MINHA VIDA! CARALHO!”. A minha pequena rebolava levemente contra mim. Coloquei as mãos nos
seus quadris, sentindo o perfume do seu pescoço. Tinha a absoluta certeza que poderia gozar apenas
com seus movimentos sutis.
A minha loirinha se levantou, jogando a jaqueta ao longe... SEXY... Com as mãos nos cabelos, se
remexia em passos de dança. “Mano, vou morrer de tesão!”. Voltou a dançar no meu colo, agora de
frente para mim. Meu sexo pulsava junto com o seu ritmo, o líquido encharcava a minha calcinha, sua
bunda praticamente me moendo. “Eu tô no céu e não sabia, mano!”. Ana Clara aumentava o ritmo das
reboladas, segurando nos meus ombros e eu automaticamente tentei me encaixar melhor a ela,
sentindo o suor escorrendo pelo vale dos meus seios, seu cheiro me dominando.
Completamente louca de tesão, agarrei a sua bunda, deixando meus dedos marcarem sua pele
branquinha. Cheirei seu pescoço, aspirando fortemente como que querendo impregnar meu ser com
aquele aroma que me fazia sentir completa. A música estava perto do fim e seu rebolar cada vez mais
forte, me fazendo delirar. No momento que não ouvimos mais nada vindo da caixa de som, nossas
testas grudadas, olhos fixos, suor, bocas entreabertas, corações batendo forte…
— Eu preciso de você na minha vida, Nanda. Ontem, hoje e amanhã. Exatamente como diz a
música. Eu não sei o que fazer comigo sem você. Quando eu não estou com você tudo perde a graça,
eu não sou eu. Você é meu Norte. Mereci sofrer tudo o que sofri vendo você com outra. Mereci porque
eu te fiz sofrer muito mais…
— Clarinha...
— Nanda, escuta... é verdade! Eu sei! No momento que você aceitou voltar a ser minha amiga a
vida voltou a ter cor. Não conseguiria ficar sem nem ao menos isso. Então, engoli meu ciúme para ficar
junto a você. Eu te amo! Você é o meu raio de sol num dia de chuva… — Ai, Caralho! — Namora
comigo? — Eu vi a emoção nublar aqueles olhos azuis que tanto amava.
— Mas a gente terminou? — Perguntei rindo.
— É... acho que não. — Escondeu a cabeça no meu pescoço, envergonhada. — Fui uma vaca,
né?
— Foi! Mas uma vaquinha linda! — A abracei forte, como se a minha vida dependesse disso. Aos
poucos fomos nos acalmando e ela começou a beijar meu pescoço e eu senti o clima mudar
novamente.
Clarinha levantou do meu colo e encostou-se na “Clarice” com uma sobrancelha levantada.
Aproximei apenas minha boca da sua, mordendo seu lábio inferior e o puxando para mim, ela gemeu
segurando a minha cintura e me beijou sofregamente. Nossas línguas se procuravam sem piedade
nenhuma. Em um movimento brusco a virei de costas para mim, deitando seu torso no banco, mas
deixando-a com os pés no chão.
O salto alto fazia com que sua altura aumentasse e ela empinou a bunda para a minha loucura.
Completamente desesperada, tirei toda a minha roupa rapidamente. Encostei meu corpo ao seu,
friccionando meu sexo na carne farta de sua bunda. “Caralho! Saudade disso!”. Passei as mãos pelas
suas costas retirando o sutiã rendado e vi os seios caindo pesadamente. Não perdi tempo e enchi a
mão naquelas delícias.
— Primeiro... eu vou comer essa bucetinha enquanto te marco com o meu gozo. — Clarinha
gemeu sofregamente e roçou a bunda, mais ainda, no meu sexo. — Depois, eu vou te chupar deitada
em cima da Clarice, para cada vez que eu andar com ela, me lembrar do teu gosto. — Enquanto eu
falava, apertava sua bunda friccionando o dedo médio do ânus até a sua buceta, numa bolinação
gostosa.
— Vai ficar só falando? — Me intimou ao me olhar por cima do seu ombro. Seu corpo jogado
contra o banco da Clarice.
— Tá muito apressadinha... — Puxei a sua calcinha para o lado e inseri dois dedos na sua buceta,
a fazendo arfar e emitir um gemido prazeroso. Dei algumas estocadas rápidas e retirei meus dedos de
dentro dela. Clarinha me olhou furiosa e eu sorri maliciosamente, lambendo meus dedos. — Continua
uma delícia… exatamente como eu lembrava.
Para garantir minha integridade física e não levar uma sapatada de salto quinze na testa,
arranquei sua calcinha, fazendo com que ela me olhasse em expectativa. Cheirando profundamente a
pequena peça de renda, a coloquei no meu retrovisor. — Vai ser o meu amuleto da sorte. — Clarinha
mordeu o lábio e deu um sorriso sacana. Menina possessiva essa minha!
Ajoelhando atrás dela, abri bem sua bunda e lambi toda a extensão da sua buceta até seu
cuzinho. “Bunda gostosa da porra, mano!”. Fiquei com meu rosto todo melado do pré-gozo da minha
menina e para mim não tinha afrodisíaco melhor. Fiquei louca com isso, completamente alucinada!
Então, abocanhei com fome o seu grelinho chupando todo para dentro da minha boca com força e
soltando logo em seguida, o barulho misturou-se aos nossos gemidos.
Chupei mais algumas vezes e me levantei, me posicionando atrás dela. Sua nádega esquerda
roçava na minha buceta. Fiz um vai e vem gostoso algumas vezes e baixei mais ainda sua coluna,
assim eu tive uma visão perfeita das suas costas branquinhas e ela ficou mais confortável se
segurando na Clarice. Após isso, penetrei novamente dois dedos na sua buceta apertada e molhada.
Sua excitação escorria pelas suas pernas. Continuei a estocar forte e fundo, como eu sabia que ela
gostava e a cada novo movimento, ela soltava um gemido ainda mais forte.
— Mais, Nanda! — Choramingou se contorcendo nos meus dedos.
— Mais o que, amor? — Me fiz de desentendida.
— Coloca mais um... ah... — Não a esperei terminar de falar e a penetrei com três dedos, fazendo
com que um grito agudo saísse dos seus lábios.
Minha namorada se moveu vindo em minha direção, fazendo com que a sua bunda friccionasse
cada vez mais o meu clitóris. Nós duas não demoraríamos muito. Nossos movimentos se tornavam
desesperados. Após apenas mais algumas estocadas ela derramou seu mel abundante em mim. Logo
em seguida me deitei nas suas costas e meu gozo marcou a sua bunda.
Enquanto me recuperava, lambia sua nuca, mordia suas costas e a arranhava com as minhas
unhas curtas a fazendo arquejar. Fiquei em pé enquanto ela ainda estava deitada ofegante. A visão
que eu tinha era sexy pra cacete. A minha gatinha, cheia de marcas de dedos feitas por mim na sua
pele alva. Por um bom tempo, fiquei fazendo carinhos nela até notar que a sua respiração já estava
regulada.
Ajudei a minha menina a se sentar no banco, enquanto a beijava sentindo suas mãos puxarem
meus cabelos em uma dor prazerosa. Agarrei seus seios enquanto lambia, mordia, beijava seu
pescoço e colo. Nunca vou enjoar do gosto da sua pele. Clarinha arranhou minhas costas e mordia
meu ombro. “Essa menina parece uma gata selvagem! Criei um monstro!”.
Cheguei aos meus queridos amigos gêmeos. “Ahhhh, queridões, que saudade!”. Fiquei um bom
tempo naquela parte da anatomia da minha namorada, porque sei que ela é muito sensível nesta
região. Chupei os mamilos intercalando um e outro.
— Nanda, eu vou cair. — Por um momento ela se desequilibrou ficando assustada.
— Calma, amor, se deita aqui. Eu te seguro. — Ajeitei ela melhor no banco, com as costas no
meu braço esquerdo e no tanque de gasolina. Depois que ela se sentiu segura, ela puxou a minha
cabeça novamente para seu seio e eu dei uma risada. “Safada!”. Fiz questão de morder seu mamilo,
olhando dentro do seu olho azul.
— Caralho, Nanda... uhm...! — “PARA TUDO! Clarinha falando palavrão?”.
— Caralho, digo eu sua gostosa! Gostosa e minha! Fala que você é minha, fala, só minha! —
Apertei seu mamilo entre o indicador e o médio. Ela gemia de dor e prazer.
— Só sua, sempre fui! — Sorri com seu mamilo entre os dentes, enquanto com a outra mão,
arranhei o interior da sua coxa. Levei a mão ao seu sexo, iniciando uma massagem deliciosamente
lenta no seu grelo durinho.
— Acho bom mesmo, vou tatuar meu nome aqui nessa bucetinha. — Ri mamando seu seio.
— Ridícula... — Ela deu uma risada rouca, mas não parou de rebolar na minha mão. “Gostosa!”.
— Eu nunca mais vou andar nessa moto sem lembrar de você aqui em cima, peladinha, gemendo
gostoso para mim só de cinta liga. — A encarei sem parar de masturbá-la com meus dedos, circulando
seu nervo, descendo e voltando até a sua fenda quente e úmida.
— Aiii... uhmm... — Gemia cada vez mais.
Dei beijos molhados no seu pescoço e lambi toda a extensão da sua tatuagem. Meus dedos
aumentavam o ritmo freneticamente e ela se segurava em mim cravando suas unhas nas minhas
costas. Clarinha puxou meus cabelos, me trazendo até sua boca para um beijo desesperado.
Os gemidos e o cheiro de sexo inundavam o ambiente. Trancando a respiração seu orgasmo
chegou forte, intenso e avassalador a fazendo tremer dos pés a cabeça.
Após alguns minutos, a ajudei a ficar em pé, vesti as minhas roupas e coloquei o roupão nela. A
coloquei no meu colo e silenciosamente fomos para seu quarto. Ao chegar, vi que ela já estava quase
dormindo.
— Vem, gatinha, vamos tomar uma ducha que você vai se sentir melhor para dormir. — Como se
fosse uma criança, eu a levei até o banheiro para nos limpar do suor e cheiro de gasolina.
— Eu estava morrendo de saudade disso. — Disse com os olhos cheios de sono.
— Não mais do que eu. — Nos deitamos e ela espaçosamente tomou o lugar, que sempre foi seu
por direito, no meu peito e no meu coração.
Revenge
Ana Clara
A minha ansiedade estava nas alturas! Mais ou menos como aquele meme que fala: Na fila da
“ansiedade” eu cheguei uma semana antes! “OMG! Será que vai dar certo?”. Borrei o delineador cinco
vezes. CINCO! Daqui a pouco ficaria como uma panda! Tropecei no salto duas vezes, isso porque fiz
dois anos de aula de stiletto! Conferi a música, me olhei no espelho, coloquei o roupão e fui descalça
até a garagem. Imagina o barulho que o salto faria pela casa silenciosa!
“Ai, DEUS, ela que não chega! Será que ela não vem?”. Seria a primeira vez na vida que eu
tentava seduzir alguém, tava nervouser. Morrendo de medo de achar que a estava seduzindo,
enquanto ela pensasse que eu estava tendo um AVC! “Ana Clara Alcântara Machado, se acalme e
lembra de todas as aulas que você fez, aliás: obrigada, dona Alice!”. Escutei o barulho da porta e vi que
ainda estava de roupão! “AI, QUE LERDA!”. Joguei o roupão de qualquer jeito e quase cai estatelada
no chão tentando sentar sensualmente na Clarice.
A minha melhor amiga se aproximou com a cara mais linda do mundo, como se não estivesse
acreditando no que via. Isso me deu segurança para continuar o que queria. Seus olhos cada vez mais
enegrecidos, me devoravam e sentia o meu corpo esquentar. Caminhei sensualmente até ela,
continuando o jogo de provocação.
— Hoje você vai poder realizar a sua fantasia. Mas primeiro você vai ser minha. Vem cá... se
senta aqui. — Coloquei a Nanda sentada na cadeira que estava estrategicamente posicionada. — Você
não pode me segurar, ok? Até eu falar que sim, tá? — Mordi o lóbulo da sua orelha
— T... tá... — “OMG! Que fofa, ela tá nervosa!”.
— Só que antes quero pedir uma coisa. Essa música é tudo o que eu sinto longe de você, presta
atenção, tá? — Lentamente segui até meu celular aparentando uma segurança que estava longe de
sentir.
Tremendo, coloquei a música e comecei a dançar devagarzinho. Andei até a Nanda e de costas
comecei a dançar no seu colo, fazendo os passos que aprendi nas aulas de Stiletto e Pole Dance.
Consegui senti-la puxar o ar e inalando pesadamente, o que me fez sorrir. Sabia como ela amava o
meu perfume.
Joguei longe a jaqueta e me virei de frente para ela, segurando nos seus ombros, sem parar de
dançar ao ritmo da música. Sua respiração ficou mais ofegante ainda. Colei meus lábios em seu
pescoço numa carícia cheia de sensualidade. Uma corrente elétrica percorreu nossos corpos e percebi
que nós duas estávamos em sintonia. Seus dedos marcavam a pele da minha bunda em uma dor
gostosa. Até que a música terminou e ficamos sôfregas com as testas coladas.
Então, falei tudo o que estava dentro do meu coração… tudo! Contei a ela como estive vazia
nesses meses e que eu merecia todo o sofrimento de vê-la com outra pessoa. Falei que eu precisava
dela em minha vida, que como a música dizia: “Eu não sei o que fazer comigo mesma…”. E que,
quando nós duas voltamos a sermos as melhores amigas, a minha vida voltou a ter cor.
E ela? Nanda foi maravilhosa e me aceitou de volta dizendo que como a gente nunca havia
terminado, teoricamente, ainda estávamos namorando. AMO!
— Fui uma vaca, né?
— Foi! Mas uma vaquinha linda! — Me agarrou forte.
Sentindo seu cheiro que me entorpecia os sentidos comecei a beijar onde meus lábios
alcançavam. Notei que sua pele arrepiava com o meu toque.
Levantei do seu colo e ela me fitou com uma expressão confusa. Me encostei na sua moto e ela
prontamente veio até mim. A beijei gemendo e em um movimento brusco ela me virou de costas, me
inclinando sobre o banco. “Uhm, isso aqui tá ficando bom!”.
Senti o seu sexo molhado na minha bunda e, soltando um gemido longo, empinei meu quadril
mais ainda, sendo presenteada com um som quase gutural vindo dela. Não sei em que momento ela
tirou a roupa, mas não me importei nem um pouco. Rebolei sentindo a sensação de tê-la grudada a
mim. Meu sutiã fora jogado longe e ri maliciosamente por cima do ombro. O que vi foi uma Nanda
excitada, segurando a minha cintura e se esfregando em mim. “OMG! Que visão sexy da porra! Ai,
pensei "porra". Se a Nanda soubesse me zoaria muito!”.
— Primeiro... eu vou comer essa bucetinha, enquanto te marco com o meu gozo. — “AI, GEZUIS,
ela me deixa louca quando fala desse jeito!”. Me esfreguei mais ainda nela. — Depois, eu vou te chupar
deitada em cima da Clarice, para cada vez que eu andar com ela, me lembrar do teu gosto. — Ela
acariciava desde o meu clitóris até o ânus, me lambuzando com a minha lubrificação.
— Vai ficar só falando? — Olhei para ela trincando o maxilar. Sentia minha excitação escorrer e
molhar minha calcinha.
— Tá muito apressadinha... — Subitamente senti dois dedos entrando na minha vagina e me
agarrei ao banco da Clarice gemendo. Após poucos movimentos ela parou, retirando a mão, o que me
fez olhar enraivecida para trás… mas meu humor mudou assim que a senti lambendo toda a minha
excitação dos seus dedos. — Continua uma delícia… exatamente como eu lembrava. — Tirando a
minha calcinha, ela colocou no retrovisor da moto, dizendo que aquele seria seu amuleto de sorte.
“Acho muito bom! Para essas piranhas verem que você é minha!”. Sorri sacana para ela.
Nanda se ajoelhou atrás de mim, lambendo toda a minha extensão, causando um arrepio que
atravessou meu corpo inteiro. Então, ela chupou forte meu clitóris colocando-o todo dentro da boca,
chupando e largando, chupando e largando... “OMG!”. Fechei os olhos gemendo alto. Aquilo era bom
demais, eu gozaria rápido, mas ela tinha outra ideia…
Minha namorada levantou-se e começou a roçar o seu sexo na minha bunda, me enlouquecendo!
Enquanto me acomodava melhor na moto, ela me penetrou com seus dedos e eu senti as paredes da
minha vagina se contraírem.
— Mais, Nanda!
— Mais o que, amor? — Eu vou matar essa garota, se fazendo de sonsa!
— Coloca mais um... ah... — Colocando mais um dedo, ela aumentou a velocidade e a
intensidade dos movimentos.
Movia meu quadril desesperadamente em direção aos seus dedos, enquanto isso ela continuava
esfregando seu sexo na minha pele. Meu gozo veio forte e delicioso... Logo depois senti a minha
nádega esquerda encharcar, com o seu líquido abundante.
Deitada na Clarice, ainda ofegante, enquanto sentia seus carinhos, pensava que não poderia ter
sido mais perfeito. Nanda me ajudou a sentar, enquanto agarrava os meus seios. “Ai, ela sabe que eu
morro de sensibilidade aqui!”. Insanamente, cravei minhas unhas nas suas costas mordendo a sua
pele. Quando ela começou chupar meus seios, me mexi tanto que me desequilibrei.
— Nanda, eu vou cair. — A agarrei apavorada.
— Calma, amor, deita aqui. Eu te seguro. — Com todo carinho, minha namorada me acomodou e
quando me senti segura, puxei a sua cabeça novamente até meu seio, que ela mordeu sorrindo, sem
tirar os olhos dos meus.
— Caralho, Nanda... uhm...! — “OMG! Falei palavrão!”.
— Caralho, digo eu sua gostosa! Gostosa e minha! Fala que você é minha fala, só minha! — O
palavrão que eu disse causou um furor tão grande nela que... OMG!!!
— Só sua, sempre fui! — Sorria, sentindo meu mamilo entre seus dentes e seus dedos rodeando
meu clitóris.
— Acho bom mesmo, vou tatuar meu nome aqui nessa bucetinha. — Ela riu mamando meu seio.
— Ridícula... — Soltei uma risada que mais parecia um gemido, sem deixar de me mexer na sua
mão.
— Eu nunca mais vou andar nessa moto sem lembrar de você aqui em cima, peladinha, gemendo
gostoso para mim, só de cinta liga. — “GEZUIS, ME ABANA!”.
— Aiii... uhmm... — Eu gemia cada vez mais.
Nanda lambeu minha tattoo e eu achei aquilo sexy demais! Ao mesmo tempo, ela aumentou o
ritmo no meu sexo e eu a agarrei pelos cabelos, a puxando em um beijo cheio de paixão! Sabia que
amanhã ela me culparia pelo estado das suas costas, mas não conseguia pensar em mais nada, a não
ser em todas as sensações que ela estava me proporcionando. Até que meu orgasmo chegou muito
mais intenso... me fazendo dobrar os dedos dos pés e minhas pernas tremerem.
Carinhosamente, minha namorada me vestiu com o roupão, me levando até o meu banheiro, onde
me deu banho com delicadeza.
— Eu estava morrendo de saudade disso. — Murmurei para ela.
— Não mais do que eu. — Eu deitei no seu seio e ronronei como uma gatinha feliz.

Nanda
Despertei com um cheirinho de café e percebi a minha namorada em pé, ao meu lado, com uma
bandeja toda enfeitada.
— Bom dia! — Falou me dando um selinho. — Come logo senão a gente vai se atrasar
dorminhoca.
— Já tomou café?
— Já sim! Vou só pegar minhas coisas. Busquei umas roupas e você pode tomar banho aqui
mesmo. Te espero lá na garagem. Me lembrei que você deixou seu “amuleto” no retrovisor, vou
correndo guardar no alforje, ok?
— Obrigada, gatinha, você é um anjo. — Comi um croissant de chocolate com um café preto, hoje
precisaria de cafeína. No banho minhas costas arderam pra CACETE! Era nisso que dava namorar
uma gata selvagem! “Mas que eu gosto... ah, se gosto!”.
Depois de pronta fui até a garagem, usando meus óculos escuros estilo aviador e minha jaqueta
de couro. Clarinha estava sentada em cima da Clarice conversando com o Alfredo, como quem não
quer nada. Olhei para a cara dela e sabia exatamente o que ela tava pensando! “Safada gostosa!”.
Enquanto eu colocava o capacete, ela chegou perto de mim.
— Ó, Nanda, você esqueceu seu amuleto... — E com cara de paisagem colocou a calcinha dentro
do bolso interno da minha jaqueta. “Ah, isso vai ter volta!”. Sorri de lado para ela.
Montei na Clarice e esperei ela se ajeitar. No caminho até a escola, a danada ficou o tempo todo
se esfregando em mim, além de apertar minha barriga por baixo da jaqueta. Tentava tirar a mão dela,
mas ela voltava! “CARALHO DE MENINA TESUDA, MANO!”.
Chegamos à escola e parecia que todo mundo estava nos olhando. Clarinha “tascou” um foda-se
no que sua mãe pediu e agarrou minha mão como que falando: “Hellow, bitches: a Nanda tem dona!”.
No pátio encontramos a Lu que se atirou em cima da gente, escandalosamente!
— MEU CASAL! Quero saber todos os detalhes da reconciliação e vou ser a madrinha de todos
os filhos e do casamento! Não quero nem saber! — Luiza não existia. Você nunca saberia o que
esperar dessa maluca, ela tava sempre te surpreendendo.
Carregando a mochila da Clarinha, que parecia que tinha uns cinco tijolos dentro, fomos até a
porta da sala dela, onde a Gabriela e seu séquito estavam conversando. Ela olhou minha namorada de
cima a baixo, e sorrindo para mim passou a mão no patch da Harley da minha jaqueta que ficava bem
acima do meu seio esquerdo.
— Oi, Nanda! Amei essa jaqueta! — Olhei para Clarinha que enlaçou meu pescoço e tomou meus
lábios em um beijo cinematográfico, que me faz ficar com as pernas bambas.
— Aproveita só a jaqueta, Gaby... — Minha namorada disse com a voz falsamente doce,
segurando possessivamente a minha cintura. — Porque o conteúdo é só meu e, garanto, que é
muito…, mas muito mais gostoso. — Dando um selinho em meus lábios, ela entrou na sala de aula sob
os olhares de todos que estavam ali. Sorri e fui para a minha sala. “Ai, ai, sinto que terei problemas...,
mas quero todos eles!”.

Ana Clara
Gabriela passou a aula toda me encarando com raiva. Cris e as outras meninas só falavam na
cara de banana que ela fez e que o queixo dela caiu até o chão. Uma das coisas que mais me
incomodavam quando eu e a Nanda namorávamos em segredo, eram essas piriguetes se jogando para
ela! Prometi a mim mesma que dessa vez não seria assim.
No intervalo encontrei minha namorada conversando com a Paulinha e a Luiza. O assunto: nosso
namoro, claro! Era o assunto da escola! Se dois cachorros estivessem conversando na frente do
portão, esse certamente seria o assunto! Nanda e eu éramos o centro das atenções. Não gostava
disso. Nunca gostei. Sempre tentei ser o mais discreta possível. Claro, menos na época em que eu
estava fora de mim.
— Clarinha, minha heroína! Colocou a VaGaby no devido lugar! ADORO! — Luiza me abraçou.
— Amor, lembra o que a madrinha falou…
— Nanda, cansei dessas ridículas tirarem casquinha de você. Menos você, Lu, você não é
ridícula.
— Oba! Então, eu tenho passe livre? — Lu se entusiasmou.
— Menos, Lu, menos! — Comecei a rir.
— Vocês são o assunto do momento. Estão todos falando que o namoro com a Luiza e com o Leo
era só fachada. — Paulinha comentou.
— Claro que era fachada, acha que eu quero algo com essa daí, Paulinha? Eu sou uma alma
livre! — Luiza dramática como só ela. Leo passa por nós e nos cumprimentou discretamente, mas não
ficou. — Ele tá puto, né?
— Acho que vai demorar até ele ficar normal com a gente novamente. — Falei enquanto a Nanda
me abraçava pela cintura, beijando meu pescoço. Me virei e dei um selinho nela.
— Fernanda e Ana Clara já para a direção! — Cláudia falou com um sorrisinho no rosto.
— Me obrigue! — Respondi no mesmo tom. Queria ver ela me forçar a ir.
— Amor, calma... melhor não fazer escândalo! — Contra a minha vontade, fomos até a direção
falar com o professor Bernardo. Fui, mas fui com a cara amarrada. AFF!
Esperamos na antessala e a todo instante a Cláudia nos olhava com um olhar de vitória.
— Professora Cláudia, pode entrar.
— Bernardo, venho aqui para fazer uma denúncia grave. Você sabe que sou uma pessoa sem
preconceitos nenhum e, até mesmo, assumi publicamente a minha bissexualidade. Mas, veio aos meus
ouvidos que essas duas alunas estavam se agarrando, em pleno corredor dos segundos anos agora
pela manhã, e eu confirmei isso no intervalo. A meu ver, as duas devem ser suspensas, ou melhor,
expulsas!
— Isso é muito grave, meninas...
— Professor Bernardo, acho hipocrisia tudo isso. — A raiva já me tomava. — Então, eu não posso
beijar e abraçar a minha namorada, mas vários casais héteros vivem fazendo isso dentro da escola,
sem problema nenhum?
— Veja bem, Ana Clara…
— Com todo o respeito, professor, homofobia é crime! O senhor mesmo não vive falando que
estamos em uma instituição que preza pela diversidade e inclusão?
— Ana Clara...
— A escola não tem um programa, que, aliás, meu pai é um dos grandes patrocinadores, que
procura diminuir toda a forma de preconceito?
— Sim, mas…
— Então, professor, se o senhor nos suspender, como a escola ficará perante todo conselho
estudantil e o resto da comunidade? Porque eu, como cidadã, usarei meu direito de fazer uma CARTA
ABERTA à população nas redes sociais, contando o fato exatamente como ele ocorreu. — Um silêncio
sepulcral tomou conta do ambiente.
— Meninas, eu já tive a idade de vocês e sei que os hormônios estão a flor da pele. Então, o que
eu peço é que vocês deem uma maneirada. Pelo menos quando estiverem em público.
— COMO É, BERNARDO? VOCÊ VAI CAIR NA LÁBIA DESSA PIRRALHA?
— Posso ser pirralha, Cláudia, mas eu não seduzo alunas menores de idade e faço sexo, dentro
do colégio com elas. Sem falar que não mostro fotos dos meus peitos para todos os alunos dos
primeiros anos.
— Como é? — Bernardo exclamou como se não acreditasse nos seus ouvidos.
— É isso mesmo, professor Bernardo. A professora Cláudia aqui, seduziu a minha namorada
quando ela tinha 13 anos e tirou sua virgindade. Não sei se o senhor era conivente ou não, mas para
mim isso tem um nome: pedofilia.
— Olha aqui sua... — Cláudia partiu para cima de mim, mas a Nanda não a deixou chegar perto.
— Se você encostar um dedo nela, eu vou esquecer tudo o que a gente viveu junto, Cláudia! — A
minha namorada disse firme, com o corpo na minha frente como proteção.
— Fernanda, isso é verdade? — Bernardo estava mais aturdido do que nunca.
— É, professor... e a nossa primeira vez foi na sala de teatro.
— Meninas, saiam que eu preciso ter uma conversa com a professora.
Enquanto estávamos saindo, ouvimos os gritos da louca da Cláudia. No final da aula todo mundo
comentava que a professora tinha sido despedida subitamente, e ninguém sabia o porquê. Eu olhei
para Nanda e sorri para ela.
Baile
Nanda
— Tem certeza que você não quer ser advogada? — Estávamos nuas, deitadas no meu quarto
com as mãos entrelaçadas, tínhamos nos amado por horas e agora falávamos do que ocorrera pela
manhã.
— Absoluta! Acho que a medicina é muito mais a minha cara, amor. — Ela deitou a cabeça no
meu seio, enquanto brincava com a nossa correntinha de compromisso.
— O que a Madrinha falou sobre a conversa com o diretor?
— Ela tá muito preocupada com o vovô! Tem medo que ele venha a fazer algo para nos separar.
Na verdade, Nanda, eu não entendo porque tanta preocupação. O que ele pode fazer? Me tirar a
herança? Grande coisa! Sei que os meus pais trabalham muito e eu vou trabalhar também!
— Morro de orgulho de você, gatinha! — Beijei a sua testa, mas fiquei muito preocupada. Se a
madrinha tinha receio era porque ela conhecia muito bem o próprio pai.
— Nanda?
— Uhm?
— Você gozava com a Lu?
— Sim! Mas nunca foi tão intenso como é com você. — Fazia carinho nas suas costas. — E
quando você gozou com o Leo, foi igual?
— Eu só gozei porque fechei os olhos e pensei em você. — Abri um sorriso de orelha a orelha.
Novamente ficamos em silêncio.
— Nanda?
— Uhm?
— Mamãe falou que o Cléber voltou para o Brasil com a família. — Trinquei os dentes com raiva.
— E o pior é que ela disse que o vovô deu o emprego dele de volta.
— Como assim, Clarinha? Sério que teu avô fez isso? Depois de tudo o que aconteceu com
você?
— Ele disse para a mamãe que Vitor e o Cléber foram conversar com ele, estavam arrependidos,
pediram desculpas...
— O que o Padrinho disse?
— Que ele não se atreva a aparecer em nenhuma festa, reunião ou qualquer coisa em que nós
estivermos.
— Se eu o encontrar... eu quebro aquele babaca no meio. — “MANO, QUE RAIVA!”.
— Fica calma, amor! Vamos pensar em coisas boas. — Começou a fazer carinho no meu mamilo
esquerdo. — As aulas estão terminando, tem o baile e o nosso aniversário. Falei com a mamãe e ela
liberou a casa de Búzios para nós. Vamos ficar lá durante o nosso aniversário e a festa será no final de
semana aqui em casa.
— Só nós duas? Em Búzios?
— Só nós duas... uma semana... em Búzios. — Falou mordendo levemente meu mamilo a cada
palavra.
— Uhm... quero!

Ana Clara
As semanas passavam rapidamente. Acho que quando se está amando nem se percebe o tempo
passar. Quem diria... há um ano, eu estava imaginando como seria o beijo do Vitor e escolhendo o
nome dos nossos filhos. Agora, eu só tinha asco por aquele escroto.
Se soubesse tudo o que eu sei hoje, não teríamos perdido tanto tempo e teria atacado a Nanda
antes. Imaginava o espanto dela se um dia ela acordasse comigo chupando sua buceta! Sim, agora eu
falava buceta! Bu — Ce — Ta! Sonoro, né? Sem falar que era uma delícia, a da Nanda pelo menos!
Sábado será o baile e convenci a minha namorada a ir comigo. Nanda algumas vezes se
comportava como uma ogra! Mas uma ogra fofa! Luiza virá se arrumar aqui conosco e iremos as três
juntas. Queria juntar ela com o Leo, mas não tá rolando. Luiza faz apenas o que a cabeça dela manda!
Chegamos ao baile belíssimas, rimou! Parecíamos uma versão brasileira de “As Panteras”! Sim,
sem modéstia! Tudo bem que eu era um Minion loiro no meio das duas morenas altas e gatas. Por
onde passávamos olhares fascinados nos acompanhavam. Luiza nos puxou para o meio do salão e
começamos a dançar sensualmente. As duas faziam um sanduíche de Ana Clara e eu estava amando
aquilo.
Rindo muito, depois de dançarmos por um bom tempo, nos dirigimos até a mesa, porque meus
pés já estavam doendo. Enquanto a Nanda buscava uma bebida, eu e a Lu fomos até o banheiro.
Fiquei esperando a Luiza na porta, olhando as mensagens do meu celular.
— Ana Clara! — Aquela voz me causou arrepios.
— O que você quer, Vitor? Aliás, o que você tá fazendo aqui? — Olhei em volta procurando a
Nanda, ou o Carlão que estava nos acompanhando naquela noite.
— É verdade o que tão falando? Sobre a Nanda e você? Foi ela? — O garoto estava com os
olhos vidrados, falando rapidamente como se estivesse drogado. Senti medo, porque eu estava
sozinha no corredor esperando a Luiza.
— É! — Vi uma figura se aproximar calmamente atrás dele e suspirei aliviada. — Nanda foi meu
primeiro beijo. Que vou falar pra você... Nossa, Vitor! Mil vezes melhor que o seu, que me babou toda...
E o sexo com ela, então!? — Ele segurou meu braço com força, mas por pouco tempo, porque uma
mão o puxou, sendo logo imobilizado com uma gravata.
— Oi, Mijão! Como você pode perceber, nesse tempo que a gente não se vê eu treinei pra cacete!
— Já vermelho, ele ainda tentava se desvencilhar dos braços minha namorada. — Vou te dar um aviso:
Você vai ficar longe da minha menina, você não vai respirar o mesmo ar que ela, você não vai pensar
nela, porque senão, mano... eu vou cortar essa minhoquinha aí que você chama de pau. Agora, mano,
eu vou te levar até os seguranças e eles vão te tirar daqui. Entendeu? — Ele mexeu a cabeça
rapidamente porque estava com falta de ar. Luiza chegou a tempo de ver a Nanda levar o babaca até o
Carlão.
— Puta merda, Ana Clara, aquele é o Vitor?
— Pior que é, Lu. Ele veio tirar satisfações sobre a Nanda comigo, como se ele tivesse algum
direito. Luiza, ele tava drogado! Me deu medo! Ainda bem que a Nanda chegou. — Meus olhos
estavam cheios de lágrimas, depois que a adrenalina baixou, eu comecei a tremer! A minha amiga me
abraçou e eu chorei no seu ombro.
Nanda voltou e me abraçou forte. Carlão ficou com os seguranças esperando a PM para levar o
Vitor, já que ele tinha uma ordem de restrição e não poderia chegar perto de mim. Fomos nos sentar
afastadas do Salão, porque eu chorava incontrolavelmente. Papai e mamãe chegaram e nos levaram
para casa. Nunca vi meu pai tão furioso, ele gritava com o vovô ao telefone! Pelo que eu entendi vovô
se recusava a despedir o Cléber.

Nanda
Eu não queria pensar no que poderia ter acontecido se eu tivesse chegado alguns minutos
depois. Clarinha se mexeu ao meu lado e a apertei fortemente em meus braços. Eu estava velando seu
sono agitado. Trinquei o maxilar com raiva. Como eu queria ter dado uma surra naquele imbecil. Queria
ter quebrado cada osso daquele corpo marombado, mas eu precisava voltar para a minha menina. Vi
no seu olhar o desespero. Mesmo ela falando aquelas coisas para ele. “Menina danada da porra! Que
gênio do inferno, mano!”.
Uma pessoa que eu não entendia era o seu Manoel. Mano, como ele era conivente com o babaca
do Cléber? Tipo, ele soube o que o Vitor tentou fazer, com a sua única neta e, mesmo assim, deu
emprego para o ridículo do pai dele? Pelo que a Madrinha nos contou, o Cléber sempre foi um
advogado meia-boca que herdou dinheiro da família da esposa e torrou quase tudo. O Padrinho
sempre foi amigo dele, desde a época da faculdade, o que eu achava muito estranho porque aquele ali
boa coisa não era.
Pelo menos as aulas acabaram e na próxima semana iríamos passar nosso aniversário em
Búzios. Só nós duas. Levaremos os brinquedinhos que eu comprei e nunca tive a oportunidade de usar
com a Clarinha. Já tinha ideia do que fazer para surpreender o meu amor!
Ragatanga
Ana Clara
Papai andava muito estranho. Aumentou o número de seguranças e não queria que ninguém
saísse desacompanhada. Pelo menos o Carlão, que ficava quase sempre comigo, era gente boa e
sempre contava alguma piada engraçada. Quando ele e a Nanda estavam juntos não dava para aturar
os dois. Era só zoeira o tempo todo!
Passaríamos três dias em Búzios na casa dos meus pais. O tempo estava nublado, mas não
importava, o que eu queria mesmo era ficar junto dela. Carlão dirigia, enquanto Nanda dormia no meu
ombro. Fiquei admirando o seu semblante tranquilo. Seus cabelos estavam compridos novamente e eu
coloquei alguns fios delicadamente atrás da sua orelha. Acariciei o seu braço desnudo com a mão que
estava livre. Como explicar as sensações que eu tinha em apenas tocar, estar perto e sentir o cheiro
dela? Como explicar o inexplicável?
Toquei seu seio por cima da regata. “Essa mania que ela tem de não usar sutiã me matava!”. O
mamilo logo endureceu e eu fitei seu rosto. Nanda estava de olhos abertos, sorrindo maliciosa. Ela
segurou a minha mão a colocando embaixo da sua camiseta, como quem diz: continua! Apertei seu
seio com gana, ao mesmo tempo em que mordia meu lábio. Nanda gemeu e tomou meus lábios nos
seus em um beijo quente, cheio de promessas.
— Meninas, quase chegando, vocês querem passar no mercado?
— Para sim, Carlão, quero comprar algumas coisas. — Minha namorada pediu a ele.
No supermercado, nós duas parecíamos um casal. Não que não fôssemos, mas me refiro a
aqueles casais de propaganda de margarina, sabe? Comprando coisinhas para cozinhar e tal.
— Amor, leva Haagen Daz?
— Vish, não tenho dinheiro pra isso não, Clarinha.
— Então eu pago.
— Não, eu falei que iria pagar amor.
— Nanda, me deixa pagar algumas coisas. — Olhei a cara amarrada que ela estava fazendo. —
Deixa de bico... imagina onde você pode lamber esse sorvete. — Sorri para ela que acabou
concordando, sempre dava certo quando eu colocava sexo no meio.
Chegamos em casa e fomos trocar de roupa. Vi que a Nanda havia trazido o violão e uma bolsa
que eu não conhecia.
— Vai tocar para mim, amor? Faz tempo que você não toca... eu amo ouvir sua voz!
— Pensei na gente fazer um luau particular.
— E essa bolsa o que tem dentro?
— Surpresa para a minha gatinha. — Me abraçou.
— Uhm, ADORO!
Caminhamos à beira da praia até o anoitecer. Carlão nos seguia discretamente. Resolvemos
comer um petisco no restaurante mexicano por ali mesmo, para a Berenice não precisar cozinhar.
Nanda pediu um mojito e tomei o copo todo sozinha, logo pedindo mais. Que coisa gostosa!
Começaram a tocar ritmos latinos e eu puxei a minha namorada para dançar. Sabia que
estávamos atraindo vários olhares, porque nós duas éramos bonitas, mas não me importava. Nanda ria
das minhas palhaçadas, mas ficava de olho se algum marmanjo resolvesse chegar perto.
Como eu estava feliz! Me sentia tonta e alterada, mas estava me divertindo tanto com o meu amor
e isso era o que realmente importava.
Nanda
Clarinha estava de porre. Diferentemente daquela fase horrível, hoje ela estava leve e feliz.
Durante o tempo que estivemos caminhando na beira da praia, eu tive uma sensação estranha, parecia
que alguém estava nos seguindo. “Claro, deve ser o Carlão..., mas não sei, mano. É um sentimento
ruim como se algo fosse acontecer.”. Fiquei de olhos bem abertos. A mesma coisa rolou no restaurante
mexicano. Uma hora eu vi um vulto atrás de um pilar nos olhando. Não consegui identificar quem era,
mas aquilo me deixou com a pulga atrás da orelha.
Agora estávamos levando minha namorada para casa, mas ela não queria ir. Falei que em casa
eu cuidaria dela com carinho e a menina entendeu tudo errado. Tentava me agarrar no banco traseiro
do carro e o Carlão ria no banco da frente.
— Amooooor... sabe o que é... eu... olha só... prestenção... eu quero dar gostoso pra você... você
não quer? — Clarinha gritava achando que estava sussurrando. Sabe quando o bêbado achava que
tava falando baixo e na verdade não tava? Sim, era isso mesmo!
— Gatinha, o Carlão tá ouvindo tudo. — Rindo eu tentei fazer com que ela se comportasse.
— Carlãaao, fexcha o olho! — E continuava a me bolinar por cima da roupa.
— Clarinha, calma! A gente tá quase chegando.
— Amooor... pres... prestenção... ó... você aluga uma limusine pra eu dar pra você? Sabe, como
nos livros e nos filmes?
— Alugo, Clarinha, alugo! Agora fica quietinha que a gente tá quase chegando.
— Te prepara, amooor... que você não me escapa! Em casa vou te dá uma surra de buc... —
Cobri a sua boca gargalhando.
— Tá, amor, tá. — Olhei para o Carlão que ria também.
Chegamos em casa e levei a Clarinha direto para o banheiro. A coloquei no chuveiro, enquanto
enchia a hidro com sais e espuma de banho. Ela cantava a plenos pulmões!
— Vemm! vem Pro bum bumm tamm tamm mexe o bum bum tam tam... — Eu olhava a minha
namorada bêbada tentando fazer quadradinho e ria cada vez mais.
— Ok, MC Clarinha, me deixa te pegar e levar para a hidro.
— Me peeega, amoooor! Pega, me joga na parede, me chama de lagartixaaaa... — A coloquei na
banheira e ela fundou. — iiih... afoguei, amooor, socorro é fundooo… vou morreeer…
— Tá, gatinha, vem cá, vem. Toma esse comprimido e água. — Dei para ela e me sentei dentro
da banheira.
— Mooorr... olhaaaa aqui meus seios tão estranhos. — Ela começou a pular e os seios pesados
dela faziam “ploc” e borbulhas na água cheia de espuma.
— Ai, Deus, não, gatinha! Eles tão lindos! Tudo no lugar. — Minha barriga chegava a doer de
tanto rir.
— Nanda, xiu! É sério, pára de rir... olha eles tão fazendo espuma. — Ai, caralho, ia ter um troço.
— Eles tão estranho. Nandaaa, para de riiir...
— Tá, gatinha, vem cá. — Fiz ela ficar de costas para mim.
— Mooor... — “AI, CARALHO, nunca mais deixo essa menina beber senão vou morrer de tanto
rir”.
— Uhm?
— Come a minha buceta? — Ela se virou colocando as pernas ao meu redor. — Ó, Nanda, tô
falando palavrão: BUCETA. — E começou a berrar — BUCETA, PORRA, CU, CACETE.
— Clarinha, para! — Os músculos da minha cara estavam doendo de tanto rir.
— FERNANDA! Se você não me quer eu mesmo vou me autocomer… — Ela me olhou com uma
cara linda de dúvida. — Existe essa palavra, morrr? “Eu vou autocomer a minha buuuceta”. — Se eu
risse mais teria uma síncope!
— Vem, Clarinha, vamos sair. Eu te ajudo a se secar, como a tua bucetinha na cama e você vai
nanar, tá?
— Eeee... — Ela saiu e escorregou no chão. — Mooooor, o chão tá balançando, tá estragado!
— Clarinha, deixa que eu te levo, você vai se machucar. — CARALHO! ESSA MENINA VAI SE
MATAR! Saí rapidamente, coloquei o roupão nela e sequei seus cabelos, mas ela fugiu de mim
correndo se atirando na cama.
— Nandaa, vemmm. — Porra de menina que até bêbada tá no cio. Ela começou a se jogar várias
vezes na cama. — Mooor, olha... meus peitos balançam quando eu caio na cama, ó... — E se jogou
novamente. “Era errado isso me dar tesão?”.
— Tá, gatinha. — Ela estava de pé na cama olhando os peitos balançarem no espelho. Cheguei
perto e ela me puxou pelo cabelo e me beijou. “Ai, cacete, agora vai me deixar careca!”.
— Moooor, eu quero você agora, me faz gozarrr... — E se atira na cama como uma rã pronta para
ser assada. “AI, CARALEOU, eu não tô aguentando de rir.” — Vemmm, merdaaa! — Puxou minha
cabeça para o seu peito.
Vou fazer essa menina gozar antes que eu fique careca! Chupei seu seio esquerdo enquanto
apertava o outro. Clarinha colocou suas pernas ao meu redor tentando, desesperadamente, contato da
minha pele com a sua buceta. Abri as suas pernas e abocanhei sua xaninha embriagada, ou seria
melhor dizer etílica? Ela agarrou minha cabeça e começou a literalmente foder a minha cara.
— Gatinha, espera. — Ela quase me matou com o olhar — Calma, olha, fica melhor assim... —
Deitei na cama e a fiz sentar na minha boca podendo se apoiar na cabeceira.
A minha menina estava possuída pelo ritmo da Ragatanga. E não era figura de linguagem. Ana
Clara de Alcântara Machado estava fodendo minha cara cantando: “aserejé ja de je de jebe tu de
jebere seibiunouva majavi...”. Eu não sabia se ria, ou chupava, acabei fazendo um misto dos dois.
Ela gemia, praguejava, falava palavrão como um caminhoneiro, gritava... Fiquei com pena dos
pobres mamilos dela que estavam sendo puxados sem dó nem piedade! Apertei sua bunda enquanto
ela rebolava na minha boca. Sua lubrificação era tanta que escorria pelo meu queixo e... CARALHO...
eu estava amando isso.
Com uma mão, comecei a me masturbar porque eu já estava no limite, assim como ela. Até que o
meu amor deu um grito de prazer e tombou ao meu lado. Olhei para ela e vi que já estava dormindo.
“PUTA QUE O PARIU!”. E roncando! O jeito foi fazer justiça com as minhas próprias mãos. Após me
acalmar fui ao banheiro e trouxe uma toalha molhada com água morna para limpar a minha gatinha
ébria.

Ana Clara
— Nanda, apaga a luz! — Coloquei o travesseiro na cabeça.
— Gatinha, já amanheceu. — Olhei para ela e minha namorada estava com a cara mais linda do
mundo, segurando um bolo. — Feliz Aniversário, meu raio de sol!
— Ai, que dor de cabeça! — Parecia que a minha cabeça explodiria — Nanda me alcançou um
comprimido e suco de laranja. — Obrigada, meu amor.
— O que você quer fazer hoje?
— Você fica triste se a gente ficar em casa?
— Claro que não, gatinha, tá chovendo mesmo! Ainda mais que depois de ontem é melhor ficar
em casa mesmo. — Ela me olhou e começou a gargalhar.
— Ai, dei pt?
— Ficou locaça! Queria que eu te fodesse no banco traseiro do carro, na frente do Carlão.
— Mentira! Ai, que vergonha!
— Depois cantou no banho, pulou, falou que se eu não te comesse você iria se autocomer.
Clarinha eu nunca ri tanto na minha vida.
— Ai, não, que vergonha! — “OMG! Só pode ser mentira!”.
— Depois ficou falando buuu ceee taaa, me atacou como uma jaguatirica no cio, gozou, virou para
o lado e dormiu.
— Ai, gente, tô morrendo de vergonha, Nanda!
— My Sunshine, eu sou a pessoa que você menos deve ter vergonha na vida. Eu te amo! Mesmo
bêbada e querendo se autocomer. — Dei um tapa nela. — Amo! Amo! Amo! — Ela falou me beijando.
Depois ela levou a bandeja para a cozinha e fui ao banheiro. Quando voltei ela já estava deitada
vendo TV.
— Quer ver um filme?
— Aham, escolhe um. — Enquanto ela escolhia o filme, várias coisas passavam pela minha
cabeça. — Nanda?
— Uhm?
— Tô morrendo de vergonha do Carlão.
— Ele deve tá acostumado, gatinha. Imagina o que ele não deve ter visto nessa vida como
segurança.
— Mesmo assim.
— O pior foi você pedindo para eu alugar uma limusine porque você tem a fantasia em que eu
estou te comendo no banco de trás de uma limo. — Ela desatou a rir!
— Falei isso na frente dele? Não acredito!
— Aham, e eu morri de rir! Mas pode deixar gatinha que eu alugo uma bem grande para você,
quer? — Perguntei com cara de safada.
— Ai... sim! — Escondi minha cara no seu pescoço.
— Tá, já que estamos falando nisso. Me conta quais as tuas fantasias?
— Tenho vergonha... — Ainda estava com o rosto no seu pescoço.
— Fala, gatinha…
— Só se eu falar uma e você também.
— Tá combinado, pode começar…
— Você me comer na limo...
— Não, essa já foi, não vale — Riu.
— Ai, tá... tô com vergonha... AFF tá... — Minha namorada me olhou em expectativa. — Eu vi uns
vídeos…
— Uhm, começou bem... safada, nem me chamou…
— Para... — Bati nela. — Deixa eu terminar... Eu assisti uns vídeos onde a menina usava uma
cinta com um pênis. — Fiquei quieta esperando que ela entendesse.
— Ok... Prossiga. — Nanda não estava facilitando para mim!
— Ai... Eu quero que você me coma assim.
— Considere feito!
— Sua vez. — Me arrumei na cama para olhar para ela melhor.
— Anal.
— Nem pensar!
— Por que, amor? É gostoso!
— Por que não é o seu! — Falei indignada. — Como você sabe que é gostoso?
— Me falaram…
— Claro... Luiza... — Minha namorada concordou rindo.
— Olha só, eu nunca iria te machucar. Se um dia você resolver liberar... e doer, eu paro na hora!
Juro de dedinho, gatinha. — Odeio quando ela faz a cara do gato de botas para mim, com aquele olhar
pidão!
— Tá... deixa eu me acostumar com a ideia.
— Pelo menos não é um não. — Mas essa Nanda é uma safada! — Sua vez!
— Lugar público.
— Não entendi.
— Ah, estacionamento de shopping, trocador de loja, praia…
— Mas que namorada safada eu tenho. — Segurou a minha mão e se levantou. — Bora procurar
um shopping nesse momento! AGORA!
— Nanda, PARA! Você leva tudo na brincadeira! — Ri.
— E você ama isso. — A beijei de levinho.
— Amo muito! — Beijei novamente seus lábios. — Tá, tem mais alguma?
— Clarinha, tenho tanto tesão reprimido por você que a minha lista é maior que o número de
maridos da Gretchen!
— Só por mim?
— Você tem dúvida?
— Tenho não. — Rindo me aconcheguei novamente nos seus braços.
— Ok, eu tenho uma vontade louca de ver uma menina te chupando. — Nanda sorri para mim
com uma cara cafajeste.
— Oi? Sério? Não!
— Mesmo?
— Não. Tenho ciúmes.
— Mas não é em mim: é em você. Você não imagina quantas vezes eu sonhei com o beijo que a
Luiza te deu. — A enchi de tapas.
— Como é, Fernanda? Fantasiando com a Luiza?
— Amor, fantasiando com você. A Luiza é só um instrumento. — Beijou meu pescoço, começando
a me acariciar. — Pensa bem. Lembra lá no baile? Você no meio? — “OMG! Se ela soubesse dos
sonhos que eu tive com as duas!”. Eu já estava ficando tonta com ela beijando meu pescoço, passando
a mão por cima da calcinha, já estava com calor…
— Isso... tem que ver o momento, Nanda. Não é assim.
— Pelo menos não foi um não. — Claro que dei outro tapa nela! Ficamos abraçadas e ela
lambendo a minha orelha me causando arrepios.
— Nanda?
— Uhm...
— Você imagina se esse nosso tesão um dia irá diminuir?
— Tenho certeza que não. Nos imagino duas velhinhas taradas que aos finais de semana
recebem os netos e fazem bolo todas comportadas, mas durante a semana fodem em cada canto da
casa.
— Nanda! — Essa garota estava demais!
— Quê? Nós duas velhinhas vamos brincar de que lado cai os peitos. Eu jogo o meu e você joga
o seu. — Morri de rir com essa menina.
— Ai, Nanda... só você mesmo! — Ficamos mais um pouco em silêncio.
— Clarinha?
— Oi?
— Eu não sabia que você era fã do Rouge.
— WTF?
My Valentine
Nanda
O nervosismo fazia com que as minhas mãos ficassem molhadas. Queria que tudo fosse o mais
perfeito possível. Acendi as velas e verifiquei novamente a temperatura da garrafa de espumante que
estava no balde de gelo.
Berenice havia organizado nosso jantar como eu pedi: com ostras, coquetel de camarão e ceviche
de frutos do mar, tudo fresco, pescado pelo próprio marido dela. Como sobremesa, comprei o sorvete
preferido da Clarinha, chocolate belga da Haagen Daz.
Minha namorada estava no quarto “ficando linda”. Como se precisasse de mais alguma coisa.
Sentei inquieta no braço do sofá e conferi pela décima vez se meu violão estava afinado. Vi se o
presente estava ao lado do seu prato… Ok. Tudo pronto!
Um barulho na escada me fez virar e a vi descer. Nunca me cansarei de admirar a sua beleza. A
minha menina trajava um vestido da cor dos seus olhos, leve e curtinho com um decote acentuado
entre os seios fartos que eu tanto amava. Seus cabelos estavam soltos, caindo em cascata pelos
ombros e sua maquiagem era leve. Linda!
— Acho que eu vou subir para trocar minha roupa, tô me sentindo desarrumada. — Mostrei com
as mãos a saia longa com padrões florais e o cropped vermelho que eu vestia. Meu cabelo estava em
um coque desarrumado.
— Você tá perfeita! É a minha Nanda. Gosto de você de qualquer jeito. Vestindo roupas de
academia, jaqueta de couro estilo bad girl, vestido longo de festa, ou esse estilo praia good vibe! Eu te
amo assim. Você não se preocupa com padrões. Você é o que você é. — Segurou o meu rosto me
beijando delicadamente. A abracei forte, aspirando seu perfume como se precisasse daquilo para viver
e, pensando bem, eu precisava.
— Vem menina de 17 anos. — A levei até a mesa sorrindo. — Tenho várias surpresas para você
hoje. Primeiro seu presente!
— Ai, amor! O meu ficou lá em cima, espera então. — E antes que eu falasse algo, ela saiu
correndo para buscar o pequeno pacote, voltando logo em seguida. — Amor, abre e vê se você gosta,
dá para trocar, mas achei a sua cara.
Dentro do embrulho havia uma pequena caixinha contendo uma corrente com uma dog-tag,
aquelas plaquetas de identificação militar e nela fora desenhado nossas tatuagens e nossos nomes e a
outra vazia.
— Sei que temos os nossos colares, Nanda, mas também sei que o colar que você me deu não
tem muito a sua cara. — Ela riu e estava coberta de razão. — Isso sim é a cara da minha Nanda. —
Colocou no meu pescoço. — E você pode usar o colar de sol quando quiser. Essa plaquinha em branco
é para você colocar coisas importantes da nossa vida daqui para frente. — Olhei para ela emocionada
por ela me conhecer tão bem.
— Clarinha, eu amei demais! Abre o seu. — O rosto de Clarinha se iluminou quando ela viu a
pulseira de prata com quatro pingentes: um sol, uma princesa loira, uma princesa morena e um
cachorro.
— Eu não acredito que a gente pensou a mesma coisa, só que em formatos diferentes! —
Exclamou me abraçando e seu rosto procurou a curva do meu pescoço.
— A gente se conhece e se ama, então é normal que esse tipo de coisa ocorra! — Colocou a
pulseira que ficou perfeita no seu braço.
— Amei!
— Tá, vamos comer. Sei que você deve estar cheia de fome! Berê deixou a nossa janta
organizada com tudo o que você mais gosta. — Jantamos entre carinhos e conversas.
A garrafa de espumante já se encontrava pela metade e eu levava sorvete para a boca da minha
namorada. A sua língua lambendo a colher era uma das coisas mais sensuais que eu já vi na vida. A
casa estava silenciosa e Carlão já havia ido dormir
— Gatinha, ano passado nós duas fizemos um pacto, lembra? Até o fim das nossas vidas eu e
você passaremos essa noite tão especial juntas, nos amando. Não importa o que tenha acontecido em
nossa vida, não importa onde nós estejamos, não importa que você tenha me trocado pelo Justin
Bieber. — Ela me deu um tapa, enquanto eu abri um sorriso — Nós encontraremos um jeito para vir a
esta cidade e ficarmos juntas nessa noite. Aceita?
— Com todo o meu coração, Nanda! Eu não quero outro jeito de passar o meu aniversário que
não seja com você! Na verdade, passar o nosso aniversário! — Ela tentou me beijar, mas não deixei.
— Espera um pouco, pequena, ainda não terminei... Você precisa saber o quanto é importante
para mim. Eu… eu sei que você, às vezes, tenta se colocar para baixo... eu sei que, às vezes, você se
acha menos do que você é… Clarinha você é maravilhosa! — Acariciei seus cabelos, nossos olhos já
repletos de lágrimas. — Gatinha, você apareceu na minha vida e foi o meu raio de sol. Eu era uma
criança com um trauma imenso… Porra, mano, eu vi o meu pai agonizar por horas dentro de um carro
destruído… Quando eu te conheci, fazia um ano que eu não falava. Você não se lembra porque você
era muito pequena.
— Eu... quase não lembro, amor... — Nós duas estávamos emocionadas.
— Quando mamãe foi trabalhar na sua casa, eu era um bichinho do mato. Ficava escondida atrás
das portas e não interagia com ninguém. Não emitia uma palavra. Até que você me descobriu e não me
deixou quieta. — Ela riu entre as lágrimas. — Você me levava para todo lugar. Se eu não falava, não
tinha problema para você! Você falava por mim e entendia o que eu queria. Você começou a ser a
minha “intérprete”. Mainha ficou preocupada e falou com a Madrinha porque você queria dormir comigo
todos os dias e fazer tudo ao meu lado. Sabe o que a sua mãe falou?
— Não...
— Que Mainha não se preocupasse porque ela via que nós duas éramos “almas gêmeas” e que
iríamos nos ajudar muito durante a vida toda.
— Dona Alice é demais!
— Sim! Pequena... lembra que Mainha nos fazia dormir cantando a nossa canção. Você cantando
sempre com ela. — Sequei as lágrimas que rolavam no seu rosto. — Até que eu tive que raspar a
cabeça por sua causa. — Começamos a rir. — E você me vendo chorar, foi e cortou os seus cabelos!
Madrinha teve que raspar a sua cabeça também. — Gargalhávamos. — Os seus cabelos começaram a
nascer e eram tão fininhos, Clarinha, tão amarelinhos... eu olhava fascinada por horas. E as primeiras
palavras que eu disse, depois de mais de um ano, foram para você: “My Sunshine”. — Falamos juntas.
— Você é o meu raio de sol depois da tempestade. Você faz com que eu não me importe com a chuva,
desde que você esteja ao meu lado. — Peguei o violão começando a cantar “My Valentine” de Paul
McCartney.
Essa música transmitia tudo o que eu mais queria falar naquele momento: que ela era meu porto
seguro, que ao seu lado eu poderia tudo... Até mesmo voar. Ela me mostrou que não importava a
chuva porque o sol sempre voltaria a brilhar… E quem me mostrou isso? My Valentine, a minha
namorada.
Terminei a canção com a voz embargada e ela se atirou nos meus braços. Larguei o violão
desajeitadamente, a beijando como se a minha vida dependesse daquele ato. O beijo se aprofundou
até que nós duas nos separamos ofegantes nos olhando fixamente.
— Vamos subir? — Ela aproximou os lábios do meu ouvido, mordendo o lóbulo da minha orelha, o
que me causou um arrepio na espinha. Eu concordei e ela agarrou a minha cintura com as suas
pernas. Subimos a escada rindo e fazendo brincadeiras que se tornavam cada vez mais excitantes. No
quarto, a coloquei no chão e comecei a lamber seu maxilar.
Suas unhas arranhavam a pele exposta da minha barriga e percebi que ela tirou a minha saia.
“Essa menina tá apressada!”, pensei rindo. Puxei seu decote para o lado deixando seus seios à mostra,
com os polegares circulei os seus mamilos intumescidos. Sabia muito bem o que isso causava nela.
Era mais, ou menos como um botão de ligar!
Clarinha me olhou com seus olhos azuis mais escuros de excitação e seu corpo chocou-se contra
o meu. Senti dor nas costas onde bati na parede. A minha pequena, enlouquecida, colocou uma perna
entre as minhas e começou a morder meu pescoço. Tirou o resto da minha roupa com desespero.
Coloquei a minha mão por baixo do seu vestido e tive uma surpresa!
— Clarinha... — Soltei um gemido quase dolorido, passando os dedos entre as dobras da sua
buceta molhada. — Safada... Você já tava sem calcinha? — Ela deu um sorriso malicioso, enquanto a
penetrava com meu dedo médio que era prontamente apertado pelas paredes da sua vagina. — Que
delícia! — Dou algumas estocadas fortes, retirando meu dedo melado levando até seus lábios fazendo-
a sentir seu próprio gosto. Senti a minha própria intimidade pulsar diante aquela visão. “Porra de
mulher gostosa, caralho!”.
Ela soltou meus cabelos prendendo-os nos dedos e puxando os meus lábios para os seus. Fiquei
alucinada quando senti o gosto tão peculiar na sua boca. Precisava tomar o controle da situação
porque queria que ela aproveitasse a noite ao máximo. A peguei no colo a colocando deitada na cama.
— Deita de bruços, amor... — Mesmo fazendo uma cara desconfiada ela deitou. Fui até a bolsa,
buscando o que eu usaria deixando aos pés da cama. Quando ela viu os objetos, sorriu mordendo os
lábios maliciosamente. — Agora você relaxa, porque primeiro eu vou fazer uma massagem bem
gostosa com esse gel que eu comprei. — Enquanto falava retirei o seu vestido me deitando totalmente
em cima dela, minha buceta em sua bunda, meus seios em suas costas. — E depois... eu vou te comer
com o brinquedinho que eu trouxe. Até deixo você dar um nome pra ele. — Mordi sua nuca rindo,
enquanto me roçava nela.
— Amei a ideia. — Ela respondeu manhosamente empinando a bunda mais ainda, me
provocando.
Abri o frasco e derrubei uma grande quantidade de gel nas suas costas e bunda. Sorri ao escutar
seu gritinho, devido ao líquido estar gelado. Sentei na sua bunda e comecei a massagear as suas
costas com uma leve pressão o que fazia ela relaxar aos poucos. Por outro lado, a minha buceta na
sua bunda estava me fazendo ficar cada vez com mais tesão.
Me direcionei para os pés, pernas e bunda, vendo que a minha garota estava amando tudo aquilo,
pois soltava gemidinhos de deleite. Fofa! Fiquei por um tempo naquela região que tanto amava até que
me deitei novamente sobre ela começando um vai e vem com todo o meu corpo. Meus seios
massageavam as suas costas e cada vez que eu fazia o movimento, causava um gemido nela.
Sorrindo, vi que estava conseguindo atingir o meu intento. As pesquisas que eu fiz na internet
realmente estavam valendo de algo. “GOOGLE EU TE AMO!”.
A virei de frente e senti seu hálito na minha pele. Clarinha respirava pesadamente com os lábios
entreabertos. Peguei novamente o gel e coloquei bastante nos seus seios, barriga, sexo e pernas.
“Nota mental: lavar os lençóis eu mesma. Tadinha da Berê, essa porra aqui vai ficar uma meleca!”.
Novamente iniciei pelos seus pés e fui subindo.
Minha namorada se apoiava nos cotovelos e seu olhar deixava nítido o quanto aquilo a excitava.
“Sexy pra cacete!”. Cabelos revoltos, queixo erguido, suor entre os seios, boca separada arfando, os
olhos azuis captando tudo o que eu estava fazendo, como que antecipando o que aconteceria. PUTA
QUE PARIU!
Cheguei à coxa e pulei para a barriga o que causou um muxoxo de decepção na minha
namorada. Sorri e logo fui para os seios ao mesmo tempo em que sentava no seu quadril. Ela coloca
as mãos na minha cintura e tentou criar uma fricção entre nossas bucetas. “Gostosa!”.
Deitei e nossos seios se tocaram, minha perna direita pressionou o seu sexo o que a fez,
prontamente, abrir mais a pernas... agarrei o lençol ao lado da sua cabeça começando a me
movimentar novamente. O gel facilitando o atrito, tornando tudo mais gostoso! Ela pressionou a sua
perna direita na minha intimidade e agarrou a minha bunda puxando-a mais para baixo. Lambi seu
queixo e mordi seu lábio. Clarinha desesperava-se e cravava as unhas na minha bunda gemendo.
— Porra de mulher gostosa essa minha... — Intensifiquei os movimentos, sentindo a minha perna
molhar com seu líquido. — Você me deixa a cada dia mais alucinada de tesão.
— Nanda, porra... eu tô enlouquecendo aqui. — Mordeu meu ombro e eu gritei de dor e prazer.
— Goza pra mim, goza, gatinha. — Coloquei a minha mão entre a minha perna e o seu clitóris
durinho para antecipar o orgasmo do meu amor. Rebolando, ela se derramou na minha perna,
gemendo meu nome. Rapidamente, sem esperar ela se acalmar, me ajoelhei e busquei o strapless que
estava aos pés da cama.
— Nanda, não tem cinta? — Perguntou respirando ainda alterada, mas sem deixar de olhar
curiosa quando eu colocava gel nas duas extremidades do artefato.
— Não, amor, esse aqui eu gosto mais. É de dupla penetração e me dá mais liberdade pra te
comer gostoso. — Dei um sorrisinho safado para ela. Inseri o dildo na minha vagina e ela me olhou
lambendo os lábios. — Eu vou bem devagarinho, se doer você diz tá? — Ela concordou e me ajoelhei
abrindo as suas pernas. Passei a ponta do objeto em sua buceta, coletando o seu gozo e fiquei
brincando no seu clitóris. Fiz isso várias vezes para ela se acostumar com a textura.
Lentamente, a penetrei, procurando nas suas expressões o mínimo indício de dor, ou desconforto.
O movimento fez com que o objeto se inserisse mais profundamente na minha buceta e eu soltei um
gemido, mas fiquei parada a esperando.
— Tudo bem pequena? — Eu não me perdoaria se machucasse a minha menina. Enquanto ela se
acostumava com o tamanho, eu fazia movimentos circulares no seu clitóris, mas a minha vontade era
foder forte, como eu gostava. Clarinha estava de olhos fechados e, engolindo a saliva, murmurou que
sim com a voz rouca de excitação. A partir daí não me contive mais.
Iniciei um vai e vem gostoso, ao mesmo tempo em que chupava um de seus mamilos. Clarinha
mais relaxada já rebolava entre gemidos roucos. Levantei a sua perna direita para ter mais espaço e ir
mais fundo, fazendo com que a minha menina desse um gritinho agudo na penetração.
— No... Nossa, Nanda! — Sua cara de tesão era a coisa mais linda do mundo.
— O que, amor? — Falei sem parar de meter.
— Eu... eu não... sabia… que... podia... ser... assim... — As palavras saíam entrecortadas, a cada
estocada forte e funda. A pele branquinha completamente avermelhada. O suor grudando seus cabelos
ao rosto. “Gostosa!”.
Sorri feliz ao perceber que a experiência hétero da minha menina não foi melhor do que o que eu
proporcionei a ela. Retirei por um momento o strapless e ela me olhou com raiva. “Menina braba essa
minha!”. Juntei seus joelhos e coloquei as suas pernas fechadas no meu ombro esquerdo, inserindo o
objeto na sua buceta apertada. Essa posição fazia com que as sensações ficassem mais prazerosas
para ela. Comecei a meter rápido e fundo... o suor escorrendo pelas minhas costas... Clarinha agarrava
seus seios... o objeto me dando cada vez mais prazer... os gemidos cada vez mais altos.
— Nanda... mais fundo.
— Fundo?
— Sim…
— Assim — E aprofundei o movimento.
— Ééé, PORRA! Assim…
— Ai, caralho de buceta gostosa que você tem!
— Nanda... eu...
— Goza pra mim, goza minha safada, goza que eu também... — Não consegui terminar porque
nós duas explodimos em um orgasmo e fomos a um lugar só nosso, onde nada mais existia.
Ana Clara
Passei os dedos pelas costas desnudas da minha amada que ainda dormia. Quando eu pensava
que não teria mais como a Nanda me surpreender, ela fazia uma coisa ainda mais maravilhosa. A noite
de ontem foi fantástica.
Desde a preocupação com a comida, a música, a massagem... o sexo. “OMG! O SEXO!”. Quando
eu tive relação sexual com o Leo, pensei que talvez o problema fosse comigo por não ter conseguido
gozar com a penetração. Mas com a Nanda foi INCRÍVEL! A cada dia eu ficava mais apaixonada por
essa mulher.
Ontem, antes de dormir, tomamos banho e trocamos os lençóis. Nanda fez questão de colocá-los
na máquina de lavar. Essa era uma das coisas que eu mais amava nela. Essa empatia que ela tinha. A
preocupação com o outro. Nanda se mexeu um pouco e virou para o outro lado. Retirei o seu cabelo do
ombro desnudando a sua nuca e passei a beijar e morder o local.
— Humm...
— Bom dia, aniversariante! — Desci os beijos pelas suas costas.
— Humm...
— Vamos nos levantar? São quase duas da tarde. — Cheguei na bunda.
— Humm...
— Não tá com fome? — Abri suas bandas e lambi com gosto aquele pequeno buraco. — Quer
que eu busque algo? — Inseri um dedo na sua buceta encharcada.
— Ahmm…
— Não entendi, amor. — Entreabri mais as suas pernas e coloquei mais um dedo. Com a outra
mão comecei a brincar com o seu clitóris que estava durinho de excitação. — Fala para mim…
— Cala a boca e me chupa. — Ela virou de frente, me dando a visão da sua buceta lisinha. Minha
boca encheu-se de água. Sorri pelo mau-humor dela.
— Acho que você não merece... meninas mal-humoradas não merecem. — Falei enquanto
começava a chupar seu sexo sensualmente.
— Ai, caralho... — Ela fechou os olhos, mordendo os lábios. Amo como ela é boca suja. Nanda
geralmente pela manhã é cheia de sono e mal-humorada. Nada melhor do que um bom orgasmo para
acordar.

Nanda
— Hoje é um dia muito feliz para mim e para minha esposa! As minhas duas princesas são
oficialmente universitárias! Clarinha fez o vestibular só para ver como era e... passou em segundo
lugar! Segundo lugar em Medicina! — Os presentes gritaram felizes. Padrinho ria com o copo na mão.
— E tem mais! Nanda ficou muito bem colocada no vestibular de Direito! Meninas, eu tenho muito
orgulho de vocês. — Ouviu-se um “awn” geral. — Fernanda eu estou muito feliz por ter você como
nora, minha filha não poderia ter escolhido pessoa melhor! — FUDEU, FUDEU, FUDEU! Olhei em volta
e vi o velho Manoel engasgando-se com a bebida. — Então, quero fazer um brinde às universitárias e
aniversariantes Ana Clara e Fernanda! — Padrinho me matava de vergonha! Nunca gostei de ser o
centro das atenções.
A festa de aniversário da Clarinha estava tranquila até que o Padrinho resolveu discursar. Agora
todo mundo ficou alvoroçado com a novidade. Todos os amigos vieram conversar com a gente e a
família também. Vi o Manoel afastado, me olhando com raiva. PUTA QUE PARIU! Clarinha feliz
mostrava para as meninas a corrente e a pulseira. Luiza bêbada dançava agarrada na Cris.
— Nanda, caralho, sou teu fã! — Chico chegou me levantando nos braços. — Falando sério
agora! Sabe que você pode contar comigo sempre, né? O que precisar eu tô aqui!
— Eu sei, Chico! Te adoro, mano! — Dei um beijo e um abraço apertado no meu “irmão”.
— Tá, mas ainda quero te comer, então não arrisca. — Falou rindo, levando uns tapas meus e da
Clarinha.
— Esse privilégio é só meu, seu babaca. — Minha namorada brincou me beijando.
— Hum, Nanda é passiva então!? CARALHO! Vou ter com o que fantasiar…
— Chico, porra mano! Você não presta! — Ficamos rindo e zoando.
A festa estava se dirigindo para o final e algumas pessoas já estavam indo embora. Dona Tereza
se despedia da minha Madrinha quando escutei uma voz desagradável, ao meu lado.
— Você não pensa que me enganou não, Fernanda. Faz tempo que eu sei das suas safadezas.
Você acha que vou deixar minha neta com uma mulher e mestiça ainda por cima?
— Não sei do que o senhor tá falando, seu Manoel.
— Menina, não queira topar de frente comigo. Você tem muito a perder. Vou te dar um único
aviso: se afaste da minha neta.
— Eu não tenho medo do senhor.
— Deveria, Fernanda, deveria.
— O senhor tá me ameaçando?
— Não, claro que não! Acidentes acontecem! Ainda mais com gente pobre e encardida como seu
avô. — E ele saiu sem olhar para trás. Será mesmo que ele seria capaz de algo contra Voinho?
Precisava falar com o Carlão sobre isso.
— Amor, vamos fugir para o quarto?
— Mas tem muita gente na sua festa ainda, gatinha.
— Vamos, por favor?
— Gatinha...
— Mamãe deixou…
— Mas fica feio, linda...
— Mas eu quero dar para você bem gostoso... — Ela sussurrou no meu ouvido. — Com você
usando o Nandão!
— #Partiu!
Mais da autora
“My Only Sunshine”
Segundo livro da “Trilogia My Sunshine”

O dia amanheceu nublado, combinando com o meu humor. Estava desde as seis horas da manhã
no hospital e precisaria correr se quisesse me liberar mais cedo. Amava o meu trabalho, mas, às vezes,
a carga emocional de ser médica especialista em oncologia, cobrava seu preço. Dias como o de hoje,
em que tive que dar um prognóstico desfavorável para os pais de um menino de apenas 3 anos de
idade, faziam com que eu quisesse correr para casa e abraçar meu filho.
— Doutora, seu último paciente ligou cancelando. Então, a senhora está liberada.
— Ai, Odete, vou voar pra casa então, hoje foi terrível!
Passei pela recepção chamando Carlão que logo me acompanhou. Após todos esses anos, o
homem virara o meu anjo da guarda e amigo. Sentei-me ao seu lado no carro e fui respondendo alguns
e-mails, enquanto ele ligava o rádio.
— Que horas vai querer sair, Clarinha?
— Assim que arrumar tudo, Carlão. Você se importa?
— De maneira nenhuma.
Ao chegar em casa, fui para meu escritório, mas no caminho encontrei a Mazé.
— Mazézinha, cadê o João?
— Seu ex-marido já passou pra pegar ele, Clarinha.
— Aí, queria dar um beijo antes dele ir!
— Osh, menina! Amanhã nós todos vamos almoçar juntos, então você mata bastante as
saudades. — Mazé falou sorrindo.
— Tá bom, fazer o que, né? Qual babá foi com ele?
— Carlão enviou a Leticia.
— Ótimo! — Quando meu filho ia visitar a mãe do Luiz, sempre ia acompanhado de uma
segurança treinada que fazia as vezes de babá. Tudo muito inocente para quem visse de fora, mas que
trazia segurança para todos nós.
No meu quarto, admirando as fotos do João, me deu uma dor no coração. Como queria que ele
ficasse para sempre o meu menininho e não crescesse nunca. Sorri triste ao pensar que todas as mães
deveriam achar isso.
O caminho para Búzios foi tranquilo, já que era dia de semana. Enquanto o Carlão dirigia, eu lia
alguns trabalhos científicos que precisava revisar para enviar para publicação. Eram nove horas da
noite e, quando cheguei, Berenice notou a minha decepção: a casa encontrava-se vazia.
— Feliz aniversário, filha!
— Obrigada, Berê.
— Quer um sanduíche?
— Você faz? Vou tomar uma ducha rápida e já venho.
Quando retornei, Berê havia feito o lanche e deixado uma garrafa do meu vinho preferido. Comi
na cozinha mesmo, olhando para algumas fotos que guardava no celular. Uma lágrima teimou em cair
do meu olho. Carregando a garrafa, caminhei até o mirante, cerca de cem metros da casa.
Sentei-me em uma pedra olhando o mar lá embaixo. A garrafa já estava pela metade, quando
acendi um beck. Pensei em tudo o que acontecera durante todos esses anos. O distanciamento, o
casamento, o sequestro, o nascimento do João...
Uma luz forte ofuscou a minha visão. Uma viatura policial parou com o holofote em cima de mim.
— Mãos na cabeça! — A voz falava ríspida.
— Espera, eu posso explicar.
— Explicar o caralho, mãos na cabeça! — Braços tatuados me viraram de costas e apoiei as
mãos em cima da pedra. — Que bonito, heim, minha senhora! Uma hora dessas se drogando... se
entorpecendo num lugar onde as crianças brincam...
— Policial, eu...
— Cala a boca que eu não mandei falar. E não é policial: é delegada!
— Mas..., mas...
— Sem, “mas” ... vou ter que revistar a meliante a fim de constatar que não tem nenhum
armamento escondido, positivo? — Dedos fortes, mas suaves, começaram a me acariciar na
panturrilha e foram subindo pelo meio das minhas coxas. Senti uma pulsação familiar na minha buceta.
— Isso é... é inadmissível... meu pai... meu pai é juiz... meu ex-marido é promotor... — falei com a
respiração entrecortada.
— EU TÔ CAGANDO PRA QUEM É TEU PAI E QUEM É O CUZÃO DO TEU EX-MARIDO, FICA
BEM PARADINHA, CARALHO! — Ela levantou o meu vestido e senti suas mãos apertarem a minha
carne. Minha calcinha branca já deveria estar completamente transparente, devido à minha excitação.
Levei um forte tapa na bunda e gritei. — Parece que alguém aqui está carente.
Dedos passaram a deslizar contra o meu clitóris, ainda sobre a calcinha e só pensava em como
aquilo era gostoso e errado, ao mesmo tempo. Estava ali, completamente exposta, em cima de uma
pedra, em um local público nas mãos daquela mulher. Isso só fazia com que me excitasse mais.
Minha calcinha foi rasgada e jogada longe. Uma língua ávida bateu no meu clitóris. Comecei a
rebolar naquela boca. A mulher mamava minha buceta e meus gemidos ecoavam pelo céu aberto. Dois
dedos foram introduzidos subitamente, enquanto a língua escorregava para frente e para trás, no meu
nervo enrijecido. Sentia meu corpo cada vez mais tenso. Ela não me dava descanso e já via estrelas.
Aquilo era tão sacana, tão errado, tão sujo..., mas tão... tão bom! Foi então que gozei, como se meu
corpo virasse uma “amoeba” e derretesse, junto aquela pedra que, até agora, era o meu único apoio.
Fiquei abraçada a rocha até minha respiração normalizar. A mulher arrumou o meu vestido, bebeu
um gole do vinho e acendeu outro beck, me dando aquele sorriso safado que eu tanto amava.
— Achei que você não vinha mais.
— Eu já faltei alguma vez nesses anos todos, My Sunshine?
O livro físico está à venda no:
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Referências Listadas por Capítulo
Capítulo 1
My Sunshine — “Meu Raio de Sol” em inglês.
Benzadeus — Agradecimento de pessoas mais antigas quando alguma coisa difícil deu certo.
Algo como “Graças à Deus” ou “Deus abençoe”.
You’re My Sunshine — “Você é Meu Raio de Sol” em inglês.
Ronda Rousey — Atriz e lutadora de MMA (artes marciais mistas) e judô.
OMG — expressão muito utilizada por adolescentes americanas, abreviação de “Oh, My God!”, ou
em português: “Ai, Meu Deus!”.
Forever — “Para sempre” em inglês.
Capítulo 2
Pica-Pau — Pica-pau do original em inglês Woody Woodpecker é um personagem de animação
da série estadunidense de mesmo nome, produzido pelo estúdio de Walter Lantz. Animação popular
nos anos 90.
RBD — RBD foi um grupo musical mexicano que surgiu em 2004, na telenovela “Rebelde”
produzida pela emissora mexicana Televisa e exibida no Brasil pela rede de TV aberta SBT.
Capítulo 3
De cor — Expressão popular. Tem a intenção de mostrar que a pessoa lembra de algo sem ajuda
externa. O mesmo que “de memória”. (gíria utilizada em alguns estados do país. Tem a intenção de
mostrar que a pessoa já sabe o caminho sem precisar rememorar ou buscar ajuda em mapa.)
Puta que los pariu — Expressão criada pela personagem.

Capítulo 4
You Are My Sunshine — Música escrita por Jimmie Davis e Charles Mitchell, gravada pela
primeira vez em 1939 nos Estados Unidos.
Crush — Gíria utilizada para se referir à alguém por quem se sente algum tipo de atração.
Candy Crush — Candy Crush Saga é um jogo de puzzle.
Stella Carlin — Personagem da série Orange is The New Black, interpretada pela atriz Ruby
Rose.
OITNB — Orange is The New Black, é uma série de televisão americana baseada em “Orange Is
the New Black: My Year in a Women's Prison”, memória criada por Piper Kerman, sobre suas
experiências na FCI Danbury, uma prisão federal de segurança mínima.
Piu-Piu — Piu-Piu é um passarinho, personagem de desenho animado criado por Bob Clampett.
Faz parte da série Looney Tunes, produzida pela Warner Bros.
Cartoon — Um cartoon, cartune ou cartum é um desenho humorístico, animado ou não, de
caráter extremamente crítico, que retrata, muito sinteticamente, algo que envolve o dia a dia de uma
sociedade.
50 Tons Mais Escuros — é um filme americano, continuação de Fifty Shades of Grey, baseado
no best-seller e livro homônimo da autora britânica E. L. James, com direção de James Foley e roteiro
de Niall Leonard.
Christian Grey — Um dos personagens principais da Trilogia 50 Tons de Cinza, de autoria de E. L.
James.
Anastasia Steele — Uma das protagonistas da Trilogia 50 Tons de Cinza, de autoria de E. L.
James.
Ruby Rose — Ruby Rose Langenheim é uma atriz, modelo e DJ australiana.
Piper — Piper Elizabeth Chapman é um personagem fictício e protagonista da série Orange Is the
New Black.
BV — Gíria adolescente para “boca virgem”. Pessoa que nunca beijou a boca de outra.
Capítulo 5
Trollando — Trollar é uma gíria da internet que significa zombar, chatear, tirar sarro.
LER — Lesão por Esforço Repetitivo.
Loka — Neologismo da personagem.
FUDEU FUDEU FUDEU — Bordão, ou vício de linguagem da personagem.
Aff — Expressão que manifesta descontentamento, desapontamento, indignação ou insatisfação.
Mr. Grey — Personagem do livro Fifty Shades Of Grey; Cinquenta Tons de Cinza, no Brasil.
“O” — “Big O” é uma expressão em inglês para orgasmo intenso.

Capítulo 6
Hot — Quente, em inglês.
"Que Tiro Foi Esse" — Música de JoJo Maronttinni.
“Vai Lacraia” — Música cantada por MC Serginho.
Rolo — “Estar de rolo com alguém” o mesmo que estar com uma pessoa mas não em um
relacionamento sério.
Oshi — Regionalismo, abreviação de "oxente" e pode ser utilizada como algo relacionado a
espanto.
Pepeka — Gíria para vagina.
“Sua linda, sua louca, sua feiticeira” — Referência à música “Ela é demais.”, cantada pela dupla
sertaneja Rick e Renner, foi lançada em 1998.
WTF — Abreviação de What The Fuck, o equivalente a “Que porra é essa?”, em inglês.
Marco Polo — O jogo de Marco Polo é um tipo de pique-pega jogado em uma piscina.
Dr. Xavier — Personagem de X-men, história em quadrinhos da Marvel Comics.
X-men — equipe de super-heróis de histórias em quadrinhos épicas publicadas nos Estados
Unidos pela Marvel Comics. Criados por Stan Lee e Jack Kirby.
Mimimi — Gíria que se refere a algo como “reclamação”.

Capítulo 7
Deusulivre — Forma mais coloquial de falar, o mesmo que Deus me livre.
Lauren Jauregui — Lauren Michelle Jauregui Morgado mais conhecida como Lauren Jauregui, é
uma cantora e compositora cubano-americana.
Contar com o ovo no cu da galinha — Expressão popular; contar com algo que ainda não está
concretizado, que não se tem certeza de que vai acontecer.
Nervouser — Gíria adolescente, o que mesmo que nervosa (o).
Minions — Minions é um filme estadunidense de animação computadorizada, um spin-off da
animação Meu Malvado Favorito.
“Vai comer o meu fígado” — Expressão popular para dizer que a pessoa vai ficar muito brava.
Barbie — Barbie é uma boneca usada como brinquedo infantil, cuja criação data de 9 de março de
1959 e é produzida pela Mattel.
“Mó” — Gíria, o mesmo que “maior” ou “muito”.
Expert — Especialista, em inglês. Indivíduo que domina determinada área ou assunto.
Zuar — Gíria. Zuar, o mesmo que zombar, tirar sarro.
Bang — Canção da artista musical brasileira Anitta, contida em seu terceiro álbum de estúdio de
mesmo nome. Posteriormente tendo versão gravada pelo cantor Tiago Iorc.
Just Dance — Just Dance é um jogo eletrônico de música desenvolvido pela Ubisoft.
X-Box — Xbox é uma marca de consoles de videogame criada pela Microsoft.

Capítulo 8
My Little Sunshine — “Meu pequeno raio de sol”, em inglês.
Gato-sapato — Como se sabe, “fazer gato-sapato de (alguém)” significa “maltratar, destratar,
humilhar” ou ainda “submeter aos próprios interesses, transformar em joguete”.
Safa — Gíria que quer dizer algo como “esperta” de raciocínio rápido.
"Vai Malandra" é uma canção gravada pelos cantores brasileiros Anitta e MC Zaac e pelo rapper
estadunidense Maejor com a participação especial dos produtores brasileiros Tropkillaz e DJ Yuri
Martins.
Viada — Gíria. O feminino de “viado” que é gíria usada para se referir a homossexuais
masculinos, pode ser de forma pejorativa ou não.
Travesti do meme — Vídeo popular que viralizou na internet de uma travesti falando a palavra
“ótimo” de forma cômica.
Laura Prepon — Laura Helene Prepon é uma atriz norte-americana.
Nick Jonas — Nicholas Jerry Jonas, mais conhecido como Nick Jonas, é um músico, cantor,
compositor, produtor e ator estadunidense.

Capítulo 9
Singular — Música da dupla AnaVitória, lançada em 2016.
AnaVitória — Anavitória é um duo musical brasileiro formado por Ana Clara Caetano Costa e
Vitória Fernandes Falcão.
Playlist — Uma lista de reprodução (em inglês, playlist) designa uma determinada lista de
canções, que podem ser tocadas em sequência ou embaralhadas.
Fuças — Nome popular dado ao nariz. “Não ir com as fuças” de alguém é um dito popular que
seria o mesmo que não gostar da pessoa.
“Peru é que morre de véspera” — Dito popular para dizer que não se deve sofrer por
antecedência.
Gastura — O mesmo que incômodo.

Capítulo 10
“Aham, Claudia, senta lá” — Referência à um video viral da internet, em que uma apresentadora
de programa infantil diz essa frase para uma criança. Frase usada quando algo não é verdade, ou a
pessoa duvida da informação.
Estar de tromba — Gíria, o mesmo que estar de cenho fechado.
“Brincar de DJ” — Gíria para masturbação feminina.
Ever — “Sempre”, em inglês. Também usado para se referir a algo que nunca houve igual.
Léa Seydoux — Léa Seydoux é uma atriz francesa.
I Follow Rivers — "I Follow Rivers" é uma canção da cantora sueca Lykke Li de seu segundo
álbum de estúdio, Wounded Rhymes.

Capítulo 11
Telegrama — Telegrama é uma das mais famosas músicas de Zeca Baleiro.
“Soltar fogo pelas ventas” — Dito popular para dizer que alguém está com muita raiva.

Capítulo 12
Mestre dos Magos — Personagem do desenho animado “Caverna do Dragão”.
Yoda — Yoda foi um personagem fictício no universo de Star Wars, criado por George Lucas.
“No céu tem pão” — Referência à uma história contada por um humorista, repetidamente, o que
fez com que os internautas a usassem de forma jocosa e se tornasse um viral na internet.
Blablabla Wiskas sachê — Referência à uma propaganda de uma marca que produz ração para
gatos, a propaganda dizia que os donos falavam várias coisas ao gatos mas eles só entendiam
“blablabla whiskas sachê”. Ou seja, só entendiam a parte que lhes interessava.

Capítulo 13
Bullet — Acessório erótico. Pequeno aparelho formado por um mecanismo que ao ligar seu motor
vibra, proporcionando prazer quando colocado em determinadas regiões.

Capítulo 14
Forks — Forks é uma cidade do Condado de Clallam, no estado de Washington, nos Estados
Unidos, ficou conhecida como cenário da Saga Crepúsculo da escritora Stephenie Meyer.
Kristen Stewart — Kristen Jaymes Stewart é uma atriz, diretora, roteirista, produtora e modelo
americana. Foi uma das atrizes principais da Saga Crepúsculo.
Fight — Briga, em inglês.
“Explicar que Urubu não é meu louro” — Dito popular, diz de uma situação em que alguém que
olhe de fora pode confundir.
MAZOQUE — Maneira que a personagem se expressa, o mesmo que “mas o que?”.
“Será só imaginação” — Referência à música “Será” da banda Legião Urbana, cujo vocalista era
o cantor Renato Russo.
Capítulo 16
Muay Thai — Muay Thai é uma arte marcial tailandesa ou boxe tailandês, é uma arte marcial
originária da Tailândia, onde é considerado desporto nacional.
Jiu-Jitsu — Jujutsu, mais conhecido na sua forma ocidentalizada Jiu-jitsu é uma arte marcial
japonesa.
Cataratas do Iguaçu — Cataratas do Iguaçu é um conjunto de cerca de 275 quedas de água no
rio Iguaçu, localizada entre o Parque Nacional do Iguaçu, Paraná, no Brasil, e o Parque Nacional
Iguazú em Misiones, na Argentina, na fronteira entre os dois países.
Loka — Espécie de gíria das personagens.
Bumbo — Um bumbo ou bombo, é um tambor cilíndrico de grande dimensão, de som grave e
seco.
Meu — Gíria. O mesmo que “cara, “mano”, e etc.
Capítulo 17
Aff — Gíria. Demonstra frustração ou descontentamento.
Tattoo — Tatuagem, em inglês.
Capítulo 18
Bobes — Acessório de cabeleireiro usado no cabelo para cachear, alisar e dar volume aos fios.
Bullying — Bullying é a prática de atos violentos, intencionais e repetidos, contra uma pessoa
indefesa, que podem causar danos físicos e psicológicos às vítimas. O termo surgiu a partir do inglês
bully, palavra que significa tirano, brigão ou valentão, na tradução para o português.
Capítulo 20
Game Of Thrones — Game of Thrones é uma série de televisão norte-americana criada por David
Benioff e D. B. Weiss, e baseada na série de livros As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R.
Martin.
Cersei — Cersei Lannister é uma personagem fictícia dos livros da série As Crônicas de Gelo e
Fogo, e também personagem da adaptação para a televisão Game of Thrones. É interpretada pela atriz
britânica Lena Headey.
Chapolin Colorado — Chapolin Colorado é uma série de televisão mexicana, cujo protagonista
tem o mesmo nome.
Hulk — O Hulk, por vezes referido como O Incrível Hulk é um personagem de quadrinhos do
gênero super-herói, propriedade da Marvel Comics.
Arreto — Regionalismo para: preliminares quando em privado; ou agarramento quando sendo em
público ou diante de poucas pessoas.

Capítulo 23
Demônio da Tasmânia — O diabo-da-tasmânia ou demônio-da-tasmânia é um mamífero
marsupial da família Dasyuridae endêmico da ilha da Tasmânia, Austrália.

Capítulo 24
Gal Gadot — Gal Gadot Varsano é uma atriz e modelo israelense, conhecida principalmente pelos
papéis de Gisele na franquia The Fast and the Furious e Diana Prince em Mulher-Maravilha no
Universo Estendido DC
Capítulo 26
My Girl — "My Girl" é uma canção gravada pelo grupo norte-americano The Temptations.
Good morning, My Sunshine — Bom dia, meu raio de sol.
Capítulo 27
BFF — Abreviação de “Best friends forever” — Melhores amigas para sempre, em inglês.
Capítulo 28
Loser — Perdedor, em inglês.

Capítulo 29
Happy hour — Nome dado à comemoração informal, feita geralmente por colegas de estudo e
trabalho, após a execução de alguma tarefa ou ao fim de um expediente.
Capítulo 36
Stiletto — Stiletto Dance: aula de dança com salto alto.
Hellow, bitches — “Olá, vadias”, em inglês.
Séquito — Conjunto das pessoas que acompanham outra.
Patch da Harley — Bordado da Harley.
Capítulo 39

Rouge — Rouge foi um girl group brasileiro de música pop com cinco integrantes. Dentre os hits
do grupo está a música “Ragatanga”.
Capítulo 40
My valentine — “Minha namorada”, em inglês.
Häagen-Dazs — Häagen-Dazs é uma marca de sorvete americana.
Paul MacCartney — Sir James Paul McCartney é um cantor, compositor, multi-instrumentista,
empresário, produtor musical e cinematográfico britânico.
Beck — Cigarro de maconha.
Amor em Jogo
Amor em Jogo Livro escrito em prceria com Alice Reis

Sobre a parceria: Eu, Alice Reis, conheci a Rose quando ela era apenas uma de minhas leitoras.
Nos esbarramos em um grupo de literatura lésbica e conversamos muito sobre meus livros publicados
e os que ainda estão sendo escritos. Mostrei o rascunho de um conto chamado Amor em Jogo e ela
comentou que poderia ser maior, pois era um bom enredo. Embarcamos na aventura de escrever à
quatro mãos e o resultado foi esse livro. Aprendi e ri muito com essa parceria, espero que tenham
gostado do resultado. Eu, Rose, sempre fui fã da escrita da Alice, principalmente por causa de “M”.
Para mim, foi um aprendizado trabalhar com ela porque eu sai da minha zona de conforto. Escrever
com outra pessoa é deixar de lado o ego e saber ouvir o outro, entendendo o que será melhor para a
obra. E isso Alice tem de sobra, sabe ouvir. Muitas vezes discordando nós concordamos em coisas que
fizeram com que o Amor em Jogo ficasse melhor. Muito obrigada pela oportunidade de ter dividido esse
filho, que era apenas seu, comigo!

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ou
rosesaintclair.com.br
Sinopse
O acirrado campeonato sueco de futebol feminino chegava no seu grande desfecho com um jogo
entre FC Rosengård e Bollklubben Häcken. Paloma foi considerada a melhor atacante do campeonato
e Bárbara apelidada de Muralha por ter feito uma campanha excepcional como goleira e não ter levado
nenhum gol, até aquela final histórica.
Com a derrota do Bollklubben Häcken, Bárbara terá que se adaptar ao novo time, às novas
colegas de trabalho e a reaproximação de sua ex-namorada, Mikaela, gerente de marketing do FC
Rosengård.
Paloma se sente estranha com a repentina aproximação com a goleira e deixa seu namoro com
Gina Cabrini, uma modelo internacional, jogado para escanteio. A modelo não gosta de ser deixada de
lado e fará de tudo para as duas jogadoras não ficarem juntas.
Intrigas e mentiras são o ponto forte para Gina manter Paloma ao seu lado. Mas até quando
essas atitudes serão mais fortes do que o amor?
Capítulo 1
Bárbara estava revendo o vídeo do amargo jogo contra o Rosengård, melhor time da atualidade
do Damallsvenskan, campeonato sueco de futebol feminino. A jovem goleira do Bollklubben Häcken
levou cinco gols e ainda estava tentando entender de onde a linda atacante do outro time aparecia.
Paloma era a melhor jogadora da seleção do seu país, a Itália, mas há alguns anos fez de Estocolmo o
seu lar e mesmo recebendo inúmeras ofertas de outros times, sempre declinou todas.
Juntamente com Charles, seu buldogue, a brasileira gostava de assistir aos jogos do seu próprio
time, para ver seu desempenho e encontrar possíveis erros. A narração era de sua melhor amiga e
cunhada, Fernanda, diretora executiva de uma nova emissora brasileira, WTV, voltada para esportes
femininos. Ela e o marido, estavam investindo em transmissões de campeonatos internacionais e o
Damallsvenskan seria o primeiro a ser narrado dentro da cabine de transmissão do estádio.
“Estamos na bela cidade de Malmö, berço do bicampeão Rosengård, para o grande embate do
ano: a final do Campeonato de Futebol Feminino Sueco de 2018!
O juiz apita o começo do jogo entre FC Rosengård e Bollklubben Häcken. As arquibancadas
lotadas e o grito da galera já começam a agitar as jogadoras. Eu sou Fernanda e estarei com vocês
nos próximos noventa minutos para a grande decisão sueca. A goleadora do campeonato é Paloma,
camisa nove do Rosengård e a melhor goleira, que segue sem levar gols, é Bárbara do Häcken. Será
um duelo de gigantes! Paloma Aguerri e Bárbara “Muralha” dos Santos. A atacante veterana e a jovem
goleira! Quem vencerá esse embate?
Uma ótima chance do Rosengård, a jogada foi armada por uma bola alta vinda da lateral direita
direto para o gol adversário, Bárbara faz sua primeira defesa espalmando a bola para escanteio. Karin
se posiciona para cruzar na grande área e Paloma está bem posicionada esperando o lance. Chutou a
bola e Bárbara faz uma linda defesa socando para longe da grande área. É lateral para o Rosengård! A
bola é colocada nos pés de Paloma que sai driblando as adversárias com maestria. Entrou na grande
área e chutou, Bárbara se esticou toda para desviar a bola para fora. Escanteio novamente meus
amigos! Que linda defesa!
Karin vai para a cobrança de escanteio novamente! Bárbara está concentrada e Paloma pronta
para subir, estão lado a lado, se olham com o cenho fechado, a bola é lançada e vai direto para as
mãos da goleira brasileira. Häcken sai em contra-ataque rápido e com um lance perigoso ganha
escanteio. A bola foi levantada na grande área e cabeceada direta para dentro do gol, sem chance da
goleira defender. Gooool do Häcken. Paloma foi reclamar com a juíza, mas ela mandou seguir o jogo.
Foi um lance limpo, veja no replay que belo lance da zagueira do Häcken!”
Bárbara adiantou o vídeo para os últimos dez minutos do primeiro tempo.
“Paloma recebe a bola, avança sozinha em direção ao gol, dá uma caneta na zagueira. A bola
passou no meio das pernas, gente! Que lance maravilhoso! A número 9 fica cara a cara do gol
adversário. É ela contra Bárbara, o muro do Häcken. Chutou, Bárbara defendeu espalmando! Olha o
rebote. Chutou. Goooooool é goooool do Rosengård! Tudo empatado na final sueca.”
A goleira parou o vídeo e deu replay no gol, observando a atacante chutar. As pernas bem
torneadas da loira, a coxa musculosa, o pedaço de tatuagem que aparecia na barra do calção: “Será
que é uma cobra?”. Por fim, percebeu que não estava observando o jeito dela chutar, mas sim, o seu
corpo. Em um meneio negativo de cabeça passa o vídeo para frente.
“Cinco minutos do segundo tempo e o jogo está preso no meio de campo. Rosengård pressiona
Häcken e Karin, a meio-campista, rouba a bola, rola para Paloma, que está em posição legal e avança
sozinha novamente. Cadê a defesa do Häcken? A atacante se move e as zagueiras ficam sem saber
de onde ela veio! Que habilidade meus amigos! Chutou e Bárbara espalmou para fora! Que linda
defesa! Escanteio para o time da casa que será cobrado por Karin. A sueca cobra baixo, passando
para Paloma que bate de primeira. Goooool do Rosengård! Paloma corre para abraçar Karin seguida
de outras companheiras do time.”
Bárbara se lembrou da raiva que sentiu com o segundo gol, dos gritos com o restante da equipe
por causa da falha na defesa e por Paloma ter chegado sozinha na grande área. Chute certeiro e forte,
não pegaria mesmo se tivesse melhor posicionada, mas queria culpar alguém. Logo depois desse
lance, Bárbara teve um encontrão com Paloma na grande área. As duas subiram para alcançar a bola
e Paloma se desequilibrou caindo em cima da goleira. Paloma esticou os braços para ajudá-la a se
levantar.
— Você está bem? — a atacante olhou-a preocupada.
— Si...sim...lance normal.
Bárbara apertou play no vídeo e se xingou de idiota, quem responde “sim, lance normal” para a
adversária. Ainda mais para “aquela” adversária. Ela deve ter imaginado que a goleira tinha algum
problema cognitivo! Gagueira talvez? Avançou até o terceiro gol, de falta, fora da grande área batida
por Karin. Desistiu de assistir os outros dois gols. Admitiu que tinha sido um péssimo jogo e foi tomar
banho, pois tinha uma entrevista marcada com Fernanda.
No bar escolhido para ser entrevistada, Bárbara estava sentada nas banquetas perto do bar,
tomando um drink de cranberry para relaxar. Alguém se aproximou ficando em pé ao seu lado, era
Paloma. Seu cheiro doce foi inconfundível, mesmo durante o jogo seu aroma adocicado tomava conta
da grande área. A atacante olhou-a com interesse, pediu sua bebida e esticou a mão para
cumprimentá-la.
— Sou Paloma, atacante do Rosengård. Você é a Bárbara, certo?
Fernanda tocou o ombro de Bárbara, deixando-a sem tempo de responder ou estender a mão.
— Já estão fazendo amizade? Que bom! Vai ser uma ótima entrevista.
— O que está aprontando? — a morena perguntou apreensiva.
— Nada, amor. Relaxa! — Fernanda apertou a bochecha da goleira e se afastou rindo.
— Desculpe, acabei deixando você sem resposta. Sim, sou a Bárbara.
— Fizemos um bom jogo domingo.
— Você fez. — Bárbara riu negando com a cabeça — Eu joguei muito mal.
— Não seja dura consigo mesma. — a atacante falou enquanto arrumava uma mecha do cabelo
da morena e colocou atrás da orelha. A goleira estremeceu e torceu para que a italiana não notasse. —
Fez um campeonato espetacular. Melhor goleira de toda Suécia!
— E errei quando não podia errar. — sussurrou quase que para si mesma. Fernanda se
aproximou e interrompeu o papo.
— Quem vai primeiro?
— Primeiro as damas. — brincou Bárbara causando um sorriso safado na loira.
Paloma acompanhou Fernanda e sentaram-se em frente às câmeras, uma em cada poltrona.
Bárbara ficou de longe observando as duas. A desenvoltura de Paloma em responder e as risadas que
dava lhe causavam sensações há muito não sentidas. Já tinha jogado contra Rosengård no começo do
campeonato, embate que terminou empatado. Nos meses seguintes, secretamente viu os jogos do
Rosengård, torcendo para Paloma, disfarçava dizendo que era para estudar a adversária, mas na
verdade sentia-se levemente atraída por ela. Os movimentos que a atacante fazia com a bola, o corpo
talhado pelo treinamento intenso, a pele bronzeada que realçava mais ainda os perfeitos dentes
brancos e o olhar de um azul profundo não deixavam que ela tirasse os olhos da italiana.
Seu celular apitou avisando a chegada de um novo e-mail, era da diretoria do time. Iriam fazer
cortes na equipe, não mencionaram nomes, mas tinha certeza que o seu estaria na lista. Seu contrato
estava para acabar e o fim de temporada dava total liberdade para ser dispensada. Não sabia o que iria
fazer. Tinha vontade de voltar ao Brasil porque se sentia muito sozinha na Suécia, mas sabia que ali as
suas chances na profissão eram maiores. Lembrou-se de como foi difícil a adaptação em um país
estranho e frio. Chorava todas as noites abraçada à Charles, com saudades de casa. Apenas após
longos meses ela conseguiu se enturmar com as meninas da sua equipe e, com a vinda esporádica de
Fernanda e Tiago, tudo mudou.
Chegou a vez da morena responder às perguntas da entrevista. Trocou de lugar com Paloma e
sentiu-se observada pela atacante o tempo todo. Seu celular começou a tocar, desculpou-se e atendeu.
Era o diretor do Häcken, avisando que seu contrato estava encerrado.
— O que houve? — Fernanda perguntou preocupada com a expressão de Bárbara.
— Fui dispensada do Häcken, o anúncio oficial sai amanhã cedo.
— Que canalhas!
— Eu já imaginava que isso poderia acontecer. — disse conformada.
— Você quer um tempo para se recuperar da notícia?
— Não. Vamos continuar. — Bárbara encarou Fernanda, sabia que dela não conseguiria
esconder a dor que estava sentindo. O sentimento de fracasso tomava conta do seu ser.
— Não precisamos terminar correndo. — disse segurando-lhe a mão.
Paloma se aproximou com um copo de suco de mirtilo, Bárbara agradeceu e tomou um gole por
educação, odiava mirtilo.
— Você vai achar um time melhor. — disse Paloma.
— Acho que nem o Quinze de Piracicaba vai querer me contratar. — disse rindo de nervoso.
— Não seja exagerada. Você é a melhor goleira da Suécia. Tenho certeza que no próximo
mundial você será convocada pela Seleção Brasileira — Fernanda disse empolgada.
Voltaram para as perguntas e no fim, Fernanda propôs que as duas aparecessem juntas para
terminar a entrevista.
— O que planejam para o futuro?
— Não tenho nada oficial, mas creio que não continuarei no Häcken.
— Vem jogar pelo Rosengård! — Paloma se empolgou. Bárbara riu alto do convite.
— Adoraria, mas preciso estar do lado adversário para revidar os cinco gols que levei na final. —
disse provocativa e Paloma riu.
— Pensa no lado bom! Seria uma boa oportunidade para você não perder mais. — Paloma riu
tocando o braço de Bárbara.
— E qual a emoção nisso? — também riu e segurou-lhe a mão. O toque quente da mão da
morena fez um arrepio subir-lhe a espinha. Puxou a mão rapidamente tentando disfarçar.
— Sabe que isso me deu uma ideia? Os fãs do Rosengård podiam começar uma campanha a
favor da contratação da Bárbara. Assim, não preciso penar para fazer gol contra ela. Vou começar e
vocês me seguem. — pegou o celular do bolso, tirou uma foto com Bárbara e fingiu postar nas redes
sociais.
Fernanda terminou a entrevista com as duas e olhou Bárbara e Paloma.
— Isso vai ao ar hoje à noite. Tem certeza que não preciso editar essa parte?
— Não! Vou postar a foto como se fosse ao vivo, já salvei aqui. Quero tumultuar os diretores do
Rosengård.
— Não precisa ficar com dó de mim, meu contrato já estava no fim mesmo. — a morena falou
mas no fim se sentia feliz com a atenção que a atacante estava dando a ela.
Paloma estava sempre rodeada pelas mulheres mais lindas da Europa e a goleira sabia que
nunca seria objeto de desejo da loira. Bárbara sempre foi muito magra e alta demais. E o bullying
sofrido ainda criança deixou sua timidez pior do que já era. Ela não conseguia ver que era uma linda
mulher.
— Não é dó não. Não quero mais ter que jogar contra você. — riu — É difícil fazer gol em você.
— Difícil? — riu — Você fez quatro e Karin um.
— A defesa estava muito desorganizada, só por isso. — Bárbara riu concordando. — Você é uma
muralha menina!
Paloma despediu-se das duas e saiu do ambiente com aquela aura de sedução que ela tinha sem
nem ao menos fazer força para isso. Bárbara observou-a se afastando mordendo o lábio inferior.
— Está gamada na atacante? — Fernanda perguntou em clima de gozação.
— Ciúme? — riu.
— Não, né! Alguém precisa cuidar dessa sua cabeça oca. Não quero que você se machuque
novamente.
— Ligeiramente gamada. Mas não se preocupe, ela nunca iria olhar diferente para mim. Já
prestou atenção no quão maravilhosa aquela mulher é? — levantou-se e deu um beijo na testa de
Fernanda despedindo-se.
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