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Apresentação do tema

O tema saúde mental ganhou relevância após a pandemia, a prevalência


dos casos de saúde mental aumentou de forma significativa.
Esse é um tema complexo, são vários os fatores causais, há uma parcela
de responsabilidade pessoal, outra parcela pode ser biológica ou genética
e/ou social.
No âmbito do trabalho, o estabelecimento do nexo causal entre o
trabalho e o adoecimento é, ainda, mais complexo. É preciso avaliar além
dos fatores acima, a dinâmica da pessoa, o ambiente que vive,
dificuldades financeiras, condições de higiene, cada situação precisa ser
avaliada individualmente, pois envolve a história de vida e de trabalho de
cada sujeito.
Tratamos aqui de uma análise do tema e suas implicações no contexto do
trabalho, através de entrevistas de anamnese investigaremos e
demonstraremos possibilidade de abordagem do tema saúde mental no
trabalho.
Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e
analisados os conteúdos, aplicação de pesquisa de clima, que buscaram
apresentar resultados sobre a carga de trabalho, o modo de atuação da
gestão, benefícios, injustiça, insegurança no trabalho, dentre outros.
Em geral, o trabalho é considerado como um fator protetivo, mas há
situações em que o trabalho pode ser um fator de risco, contribuindo ou
até mesmo sendo a causa de um adoecimento.
Esperamos contribuir para a problematização e o debate, ampliando, de
alguma forma, o conhecimento sobre o tema e auxiliando as empresas na
abordagem sobre saúde mental no trabalho.

1º artigo: O estigma

A revista Lancet publicou que, em países em desenvolvimento, apenas ¼


(um quarto) das pessoas diagnosticadas com depressão recebem
tratamento de saúde mental, por falta de profissionais, mas também por
outra barreira, qual seja, o estigma. O preconceito, o medo e a
discriminação das pessoas portadoras de doença mental, muitas vezes
rotuladas por ter um diagnóstico.
Estigma é um termo amplo que abrange:
 Questões de conhecimento (ignorância ou desinformação);
 Atitude (preconceito);
 Comportamento (discriminação);
O estigma desvaloriza a pessoa portadora de doença mental e a coloca
numa posição de inferioridade. Infelizmente, não fomos ensinados sobre
saúde mental, problemas de saúde que atualmente acometem 20% da
população, ou seja, 1 em cada 5 pessoas, estão passando por sofrimento
em saúde mental. O comportamento discriminatório segrega, afasta, tira a
pessoa do convívio, o que aumenta a dificuldade no desenvolvimento. As
pessoas portadoras de doença mental. Essa perda de oportunidades, gera
estresse e agrava a doença mental.
Precisamos combater o estigma, pois tais atitudes e comportamentos
negativos em relação à pessoa portadora de doença mental, gera nelas a
falta de vontade de pedir ajuda, gerando um auto estigma, por medo de
pedir ajuda. Também gera baixa adesão aos tratamentos, resultados
insatisfatórios, baixa qualidade de vida. E, ainda, risco de pensamentos e
comportamentos suicidas.
As atitudes negativas incluem: Culpar a pessoa pela doença, afastá-la do
convívio e das funções familiares, no ambiente ocupacional as pessoas
portadoras de doença mental não buscam ajuda, porque tem medo de
perder o emprego.
Como podemos interromper o ciclo do estigma em saúde mental?
Trabalhando a empatia, a compaixão, autocuidado, é preciso que nos
engajemos e nos esforcemos para interromper esse ciclo. Entender o
sentimento do outro e compartilhar desse sentimento, sabendo que o
sentimento é do outro. E, com isso, nos movamos a ajudar com o que o
outro precisa e não com o que eu acho que o outro precisa.
A compaixão vai de encontro com aquela velha máxima: “ Faça pelo outro,
o que você gostaria que fosse feito a você”. Não! Faça pelo outro, o que o
outro precisa! Depois de ouvi-lo, deixando seus julgamentos e
preconceitos de lado, abandone as crenças negativas e os vieses
inconscientes que constituiu ao longo da vida. Ouça as pessoas de um
lugar mais empático, validando o que a pessoa portadora de doença
mental está sentindo.
Vamos estimular intervenções no ambiente de trabalho, para aumentar a
consciência emocional, diminuir o comando e controle, aumentar a
autonomia, estimular e promover a atividade física.
Vamos ensinar as pessoas sobre o tema, vamos implementar estratégias
para obter e manter uma boa saúde mental, realizar campanhas de
comunicação, com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre o tema,
não somente no mês de janeiro (mês da saúde mental) e setembro (mês
do combate ao suicídio).
E, para finalizar, façamos como o mestre Rubem Alves, em seu livro “O
Amor Que Ascende a Lua”, diz: “O que as pessoas mais desejam é alguém
que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar
conselhos. Sem que digam: 'Se eu fosse você…' A gente ama não é a
pessoa que fala bonito.” Vamos ouvir bonito!”

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