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Quando falamos da quebra de sigilo, nunca é tarefa fácil. Quebrar o sigilo dispõem
de dois caminhos muito claros, sendo o primeiro a preservação da integridade do
nosso paciente e em seguida, a integridade de terceiros, então tudo que compete
risco ao nosso paciente ou terceiros, tais como ideação/tentativa de suicídio,
agressão, violência ou outras transgressões devem ser colocadas em pauta
urgente para decidir quebrar ou não o sigilo.
A decisão deve ser pautada unicamente na preservação do paciente ou
terceiros. Em abordagens comportamentais (não tenho lugar de fala sobre as
abordagens psicodinâmicas), muitas vezes somos instruído ou até mesmo por
instinto buscar sinais que sejam o ponto de cisão para dar esse passo. Infelizmente
a verdade é que esse ponto não existe, isso mesmo, não existe um
comportamento ou palavra-chave que seja indicativo disso. Podemos nos basear
pelo que consideramos “esperado” por aquele paciente e algo que saia fora disso
pode chamar atenção, expressões corporais podem indicar alguma alteração mas
é estritamente necessário que ao despertar essa possibilidade, o profissional tenha
muita calma e faça bom uso do questionamento Socrático para “sentir” esse
termômetro, identificar se não é figura de linguagem ou uma expressão equivocada
baseada no estado de humor atual, mesmo assim, permita-se errar pelo detalhe no
excesso, não na falta, isso já é minha opinião.
Ainda é mencionado “pelo menor prejuízo”, pois quebrar o sigilo pode ser um
momento de humor extremamente reativo e afrontoso por parte do paciente, caso,
posteriormente ele ainda permaneça no processo, o vínculo pode ficar abalado e
ser necessário recriar esses passos, como também pode haver um entendimento
racional por parte do paciente, o que pode inclusive reforçar o vínculo depois.
Recentemente tivemos um caso no nosso vizinho Ubatuba, onde o paciente
confessou ao seu psi ter cometido um assassinato, de um vizinho, foi uma notícia
triste, claro, mas também permitiu que muitos de nós tivemos nosso primeiro
contato com essa dinâmica, na ocasião, o psicólogo avisou sobre a quebra de
sigilo, isso deve ser a primeira coisa a ser feita após decisão da quebra de sigilo, o
paciente deve ser informado. Posteriormente esse profissional buscou orientação
com um advogado e na sequência com a Polícia que tomou as devidas
providências. Eu considerei extremamente assertiva a tomada de decisão desse
psi.
Mas em casos outros casos é preciso acionar a rede de apoio ou familiar (eu
particularmente, mesmo pacientes adultos, eu procuro ter o contato de alguém
próximo ou da família), podemos acionar também o SAMU, caso, fora de sessão
identifiquemos um alto risco do suicídio e até mesmo da automutilação (que pode
incorrer óbito por uma lesão muito extensa, profunda ou que atinja algum vaso ou
artéria, por exemplo como a femoral que, ao depender da quantidade massa ou
gordura do corpo pode ser encontrada entre 0.5 e 1.0 cm de profundidade; caso
também de tentativa de intoxicação podem ser acionados).
Aqui, por último, estabelece que mesmo no caso da quebra de sigilo, seja para
rede de apoio, familiares, polícia ou socorristas; o nível de informação prestada
deve ser limitada só ao necessário. Não cabe, nem deve ser cogitado explicar os
motivos da tentativa, por exemplo. O importante é acolher, estabilizar e estabelecer
um plano de intervenção para aquele momento que pode, inclusive, incluir o
acolhimento da família ou rede de apoio. Sendo também importante estar atento a
possibilidade de encaminhar alguém ali presente para acompanhamento, se
necessário.
O que fazer no primeiro atendimento? anotar? anamnese?
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Nichos de atuação na Psicologia
Vamos de polêmica, como sempre. Nichos de atuação é algo que eu vejo que divide
muito, mas muito a opinião do pessoal, me lembra aqueles velhos tempos da turma do 13 e do
22. Mas eu, sinceramente considero uma pauta muito importante, pensa comigo:
O que é um recém-formado que atende de tudo e o que é um profissional com, sei lá,
20 anos de formação que atende tudo?
Primeiramente, que um recém-formado que diz atender de tudo já não passa muita
credibilidade, isso foi o que eu já ouvi de outros psis e até de pacientes, não são vozes da
minha cabeça! Agora um psi com mais de 20 tem esse lugar de fala pois já deve ter entrado de
tudo no consultório com ele fora anos e anos de estudos, pós e por aí vai.
Segundamente é a questão do posicionamento, eu me permito estudar mais com foco
num espectro mais fechado de transtornos, por exemplo, mas isso não me impede de me
manter estudando e atualizado de temas mais “arroz com feijão” e quando digo isso, não digo
que é fácil, mas é o que geralmente estudamos mais pela grande variedade de comorbidade
que esses dois temas tem com vários outros transtornos e quadros. Essa questão de “nicho”,
me permite ocupar um lugar no mercado onde eu posso estar em maior evidência, me destacar
e até acabar virando referência. Se você tem um nicho estabelecido, por exemplo, especialista
em transtornos de humor, se somado a um bom networking, toda vez que a “bandeira”
transtornos de humor for levantada, você será lembrado, é fato. A partir daí, você pode ampliar
seus nichos, além de humor, ser referência nos de personalidade, neurodesenvolvimento,
enfim; ou você pode focar cada vez mais no seu nicho com especializações, mestrado e
doutorado, daí o céu é o limite.
Isso faz tanto sentido que, eu tenho plena certeza, que vocês não deixariam um
pediatra ou gastro fazer uma cirurgia no seu coração ou cérebro, por exemplo. Entende? É
parte desse princípio que devemos começar a espelhar com a medicina, como no exemplo que
citei.
Atualização de prontuários:
Vamos lá, quem gosta de atualizar prontuário é criança! Adulto gosta de dinheiro no
bolso, dormir 8h por dia e não se estressar!!!
Brincadeiras a parte, atualizar prontuário é o vulgo mal necessário! Na legislação e nas
resoluções não estabelece padrão para os prontuários, então, logo, você não é obrigado a
alimentar ele toda sessão, isso vai muito contra o que a faculdade ensina que é o “relato de
sessão”, são coisas totalmente diferente. Acredito que a faculdade cobre o relato de sessão
por se tratar de pessoas muito inexperientes, haver muito supervisionando para um único
supervisor e para garantia de boa eficiência e o princípio da não-maleficência. Mas ninguém
avisa que aqui fora isso não se faz necessário, eu mesmo vivi momentos lindos de fazer uma
folha no prontuário por sessão, normal.
Em função disso, você pode me perguntar: Tá, como faz então?
Vou compartilhar a forma como eu faço. Geralmente no começo você vai inevitavelmente
escrever muito, alimentar anamnese, escrever hipóteses e perguntar para nortear os próximos
atendimento, a partir da conceituação feita, vou estabelecer um plano de intervenção que
esteja de acordo com os objetivos e metas do paciente, isso eu deixo anotado num aplicativo
de anotações e no próprio prontuário. Daí como vou fazendo, primeiro estabeleço a agenda
com o paciente e explico que vamos direcionar as próximas sessões com ferramenta tal por
causa de tal, pronto. Daí vou fazendo pequenas anotações nesse app, tipo: Psicoeducação do
modelo cognitivo e pensamentos automáticos, conforme o paciente vai entrando na dança eu
vou dando um pequeno “ok” do lado daquele objetivo e sigo igual com outras metas e só anoto
algo estritamente relevante com detalhe, se necessário.
Então, de tempos em tempo, a cada 15 dias ou mais, em média, vou lá no prontuário e
coloco: “evolução na identificação e manejo dos pensamentos automáticos e reestruturação” e
repito com base em outros pontos avaliados, seja evolução ou involução também, isso é muito
importante!
Mas, supondo que haja algo muito fora da agenda, um agravamento mais sério de
alguma condição, algo atípico que exija um detalhamento maior, daí não tem jeito, mãos a
obra. Para otimizar tempo, pois isso pode ocorrer num período em que você não tenha muito
tempo na janela de atendimento eu faço o pulo do gato. Lá no seu wpp, aquele grupo de você
consigo mesmo, eu escrevo o nome do paciente e entre o teclado e a barra onde você escreve
deve ter um botão igual ao de falar áudio, no meu telefone se chama “Fale para escrever”, isso
pode variar, mas eu detalho de forma narrativa todo ocorrido e os detalhes, depois só confiro e
coloco no prontuário, é mais fácil e prático. O meu quando você fala alguns comandos, ele
reconhece como “virgula”, “ponto final” e similares. Isso garante também reduzir e muito o risco
de esquecer algum detalhe importante, principalmente.