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ANHANGUERA EDUCACIONAL

Unidade Taubaté 1

PSICOLOGIA

Jonathan Lincoln Ferreira da Silva

Importância da Genética para Psicologia

TAUBATÉ

2018
1. Introdução à História da Psicologia

Para entender o conceito da Psicologia é necessário compreender a


relação histórica dela com a Filosofia através da historiografia (Ato de escrever
ou registrar a história). Nesse contexto que remota do séc. V d.C. podemos fazer
especulações a respeito da natureza e do comportamento humano embasado
por estudos dos filósofos pré-socráticos, sendo eles Platão e Aristóteles, que já
desenvolviam estudos relativos ao comportamento, motivação, memória e
aprendizagem. Através do termo Zeitgeist (pronuncia-se “Zaigaist”) que significa
“Espírito da época” ou “Espírito do tempo”, podemos interpretar e melhor analisar
sem julgar quais eram os pensamentos daquela época, suas pretensões e
crenças, visando um melhor entendimento daquela realidade (SCHULTZ,
SCHULTZ, 2009). Pois analisando do nosso modo, esse entendimento sobre
aquela realidade sofreria distorções subjetivas de acordo com nosso
pensamento.

Durante o período pré-socrático houveram grandes estudos referentes a


origem do universo considerando a razão humana como ponto de partida.
Tinham como elemento básico, o formador de coisas, o Arché (Pronuncia-se
“Archê”), o que segundo eles, era o elemento puro, a origem de todas as coisas,
o elemento base de toda existência de todas as coisas. Segundo Tales de Mileto
(625-558 a.C.), o Arché era a água que podia criar tudo através dela: começo,
meio e fim. Jostien Gaarder (Escritor, professor de filosofia e intelectual
Norueguês) acredita que durante uma viajem ao Egito, Tales de Mileto observou
quando o rio Nilo fecundava os campos de plantio após inundá-los. Tales então
notou que o calor necessita de água, que um morto resseca pela falta dela, que
a natureza é úmida e que os alimentos contêm água; e então concluiu que a
água seria o elemento base para criação de tudo, seja em todos seus estados
físicos, não somente o líquido. Dessa forma Aristóteles atribuiu a Tales a origem
de todo universo uma causa material. Em suma, caracterizamos que esses
estudos eram baseados em intuições, generalizações e especulações, de
acordo com experiências vividas pelos filósofos. Essa condução se manteve até
meados do séc. XIX, não havendo o cunho de Psicologia moderna a qual
conhecemos hoje, mas sendo base de estudos até os dias atuais. De certa
forma, um possível início da psicologia, nos levaria a textos filosóficos que mais
tarde seriam atribuídos efetivamente a psicologia.

Podemos considerar a psicologia então, uma ciência muito antiga e muito


recente ao mesmo tempo. Seu marco para ser considerada uma ciência própria,
distinta da filosofia e de outras ciências foi proposta por Wilhelm Wundt (1832-
1920), fundador do primeiro laboratório de Psicologia Experimental do mundo,
na universidade de Leipzig, Alemanha. Entretanto, o próprio Wundt tivera
fundado um laboratório em Heidelberg também na Alemanha, onde visava
realizar seus experimentos psicológicos. Ao contrário de Leipzig que foi
considerado o primeiro centro internacional de formação de psicólogos.

Wundt é inegavelmente responsável pela expansão da psicologia no séc.


XX, mas esta não ganhou uma feição verdadeiramente Wundtiana por quais
motivos? Após sua morte, houve um estrondoso declínio que pode ser
responsável pelo fato de que nem mesmo no século XIX sua influência foi
absoluta, pois haviam muitos programas de pesquisa rivais, como os de
Hermann Ebbinghaus (1850-1909), George Elias Muller (1850-1934), Oswald
Külpe, entre outros (Danziger, 1979; Haupt, 2001; Benetka, 2002). Além disso,
sua influência precisava ser mais bem delimitada. Em outras palavras, o seu
laboratório e, sobretudo os aparelhos e técnicas experimentais foram
assimilados e reproduzidos ou adaptados às condições específicas de cada
país, mas não o seu sistema teórico como um todo, que era bem mais
abrangente e complexo do que era transmitido nas atividades experimentais.
(ARAUJO, Saulo de Freitas. Wilhem Wundt e a fundação do primeiro centro
internacional de formação de psicólogos, 2010).

1.1. Introdução à Genética

A espécie humana surgiu entre 40.000 e 50.000 anos atrás, o que faz
parecer que os conceitos de genéticas são relativamente novos. Existem
gravuras da antiga Babilônia há cerca de 6.000 anos atrás, que mostram
genealogias que foram observadas sobre a transmissão de características de
crinas de cavalos, desde então o homem vem desenvolvendo curiosidade acerca
da hereditariedade, mesmo sem conhecer esse termo.
Aristóteles e Hipócrates acreditavam que as características eram
primeiramente determinadas pelo sêmen do homem, que utilizava sangue
menstrual como meio de cultura dessas características e o útero como
incubadora. Acreditava-se que, por exemplo, pessoas calvas gerariam filhos
unicamente calvos, sendo este um conceito que prevaleceu até meados do séc.
XVII.

Através de Graaf e Leeuwenhoek, foi descoberto a existência de


espermatozoides e óvulos, onde a mulher também era peça fundamental na
participação do processo de transferência de características aos seus
descendentes. O grande responsável pelo nosso conhecimento atual sobre
genética, Gregor Mendel, monge austríaco, apresentou seus resultados sobre
cruzamento experimentais realizados com ervilhas para a Natural Science
Associantion (Associação de Ciência Natural), em Brunn, que os publicou
posteriormente. Poucas pessoas enxergaram ou reconheceram o potencial
desse estudo, afinal, qual a semelhança de ervilhas com seres humanos?

A grande genialidade desse estudo tem duas diretrizes muitos objetivas;


a primeira é que não seria bem visto ou visto de forma repulsiva a ponto de se
tornar uma condenação o fato de um monge realizar experimentos com seres
humanos. A segunda é que as ervilhas possuem ciclos de vida bem reduzidos,
o que trouxe resultados qualitativos e quantitativos a curto prazo, isso se,
comparado com humanos, demandariam de décadas para realizarem tais
estudos. Inclusive foi algo que próprio Charles Darwin (A origem das espécies,
1859) rejeitou. Nesse contexto, Mendel poderia ter esclarecido e exemplificado
todo o trabalho de Darwin sobre heranças da variabilidade, o que sem dúvidas
teria aumentado de forma exponencial o valor científico dos seus estudos.
Infelizmente os estudos de Mendel passaram desapercebidos por 35 anos na
literatura científica e, por coincidência e de forma simultânea, outros
pesquisadores desenvolveram e redescobriram trabalhos sobre a genética,
sendo: Hugo de Vries na Holanda, Carl Correns na Alemanha e Eric Von
Tschermak na Áustria. O desenvolvimento da genética como ciência deveu-se a
artigos posteriores, que de imediato reconheceram as leis de Mendel. Em
1953 houveram grandes avanços na área da genética após a descoberta do DNA
(Ácido desoxirribonucleico) por Francis Crick, James Watson e Maurice Wilkins
em Cambridge, Reino Unido. O DNA se constitui de nucleotídeos. Esses
nucleotídeos são polímeros constituídos de uma molécula de açúcar com
cinco carbonos (pentose), um fosfato (especificamente ácido fosfórico) e
uma base nitrogenada. No caso do DNA, o açúcar referido se trata da
desoxirribose e as bases nitrogenadas, que podem ser púricas ou pirimídicas,
sendo elas: a adenina, guanina, citosina a timina. Nesse sentido, as duas
primeiras são as púricas e as duas últimas as pirimídicas. (ALEIXO, Márcio
Santos, 2014). Após essas descobertas e de todo processo de transferência de
código genético, hoje é possível mapear todos genes, prever através da
dominância e recessividade de fatores que podem implicar, ou não, na
manifestação de síndromes, transtornos e até câncer.

2. Desenvolvimento.

O comportamento do indivíduo pode ser definido em um conjunto de


fatores internos, variados e influenciados por interação de ambientes. O
comportamento não se difere de outros fatores biológicos em essência, como:
digestão, respiração e locomoção. Devido aos grandes avanços da genética,
houveram possibilidade de associar determinados comportamentos, síndromes
e transtornos a condições hereditárias (Genótipo), ao contrário do que a grande
maioria considerava ação de agentes externos ou ambientais (Fenótipos).

Existem diversos estudos de cunho genético que tem grande influência no


sentido de identificar genes que possam ser relacionados a manifestações de
patologias. Podemos listar vários, principalmente de características
comportamentais patológicas: retardo mental, transtornos de humor,
esquizofrenia, transtornos de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo
(TOC), Alzheimer e etc.

O Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno relativamente


conhecido, porém de forma errônea e pouco aprofundada, na maioria das vezes
é disseminado como se fosse uma obsessão leve por organização, simetrias e
padrões de cores. Em verdade, todos temos em nós essa condição, nos
tornamos mais “civilizados”, organizados e criteriosos com as coisas e, de acordo
com sua intensidade pode delimitar o que é saudável ou não para nós. Esse
transtorno é sinalizado por compulsões e obsessões severas do indivíduo,
ocasionando de forma demasiada o desperdício de tempo, sofrimento e
alteração na rotina. Sua abrangência implica em obsessão por pensamentos
violentos, dúvidas e contaminação, uma tradução na necessidade de repetir
esses pensamentos incansavelmente; compulsões mais comuns refletem em
obsessão (rituais) com limpeza de ambientes e a própria higiene, organização
demasiada, há casos compulsivos de pessoas que separam objetos por cores e
tamanhos.

Estudos de gêmeos fornecem dados de concordância entre


monozigóticos e entre heterozigóticos da ordem de 80 a 90% para os primeiros
e de 10 a 15% para os últimos, sugerindo forte componente hereditário nesse
transtorno. Sua prevalência varia de 2 a 4%, sua proporção sexual é de 1:2
(sendo M:F), inicia-se geralmente no começo da fase adula e sua ocorrência em
parentes de 1º grau dos probandos (indivíduo sendo estudado) é de 15 a 17%.

3. Conclusão.

Segundo John Locke (1632-1704) fundador do empirismo que defendia a


liberdade e tolerância religiosa, mas foi como filósofo que propôs a teoria da
tábua rasa, a mente humana era como uma folha em branco que se preenchia
de acordo com as experiências de cada um. Essa teoria era uma crítica a
doutrina das ideias inatas de Platão, segundo a qual princípios noções são
inerentes ao conhecimento humano e existem independente da experiência.
Essa teoria se enquadra perfeitamente no Fenótipo, o mesmo consiste na
expressão de genes através da influência de fatores ambientais e da interação
de ambos, o que pode ser associados a fatores psicológicos a exemplo de
comportamento. O profissional Psicólogo tem grande suporte e embasamento
para diagnosticar e tratar certas condições, podendo levar em conta a árvore
genealógica do paciente, podendo encontrar sinais de hereditariedades, que em
função de interação de ambiente ou natureza venham a se manifestar, tal como
pode ocorrer com câncer, pois a incidência de um gene que o prescreva não é
indicativo de que vá se manifestar. O embasamento da genética ainda pode ter,
a caráter informativo, questões que possam se desenvolver futuramente,
levando o psicólogo a adotar medidas preventivas nesses casos, priorizando a
prevenção no agravamento do quadro ou surgimento de outras síndromes e
transtornos. Outro fator de suma importância é a confiabilidade dos diagnósticos
que podem ter uma crescente melhora, pois os genes que carregam essas
informações não se diferem em sua essência de acordo com as pessoas, exceto
casos que venham a envolver a ação fenotípica.

Em suma, a genética é de grande importância para o profissional da


psicologia, seja para avaliação dos casos, seja pelos diagnósticos ou até mesmo
pela prevenção de quadros futuros.

Referências:

 GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: Romance da história da filosofia.


São Paulo: Companhia das Letras, p. 45-60, 1995.
 SCHULTZ, SCHULTZ. A História da Psicologia Moderna, CENGAGE
LEARNING, 10ª ED, 2009.
 TORRES, André Roberto Ribeiro. História da Psicologia, 2016.
 BORGES-OSÓRIO, Maria Regina; ROBINSON, Wanyce Miriam.
Genética Humana, 2ª ED, 2006.
 Griffiths, A. J. F., Wessler, S. R., Lewontin, R. C., Carroll, S. B.
Introdução à Genética, Guanabara Koogan, 11ª ED, 2016.
 Link: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
389X2009000100002, acessado em 30/03/18.
 Link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
42302005000100001, acessado em 30/03/18.

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