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O PROCESSO PSICODAGNÓSTICO E AS TÉCNICAS PROJETIVAS.

Giovanna Correia Magni - RA:G21FAJ0


- Tradicionalmente, a abordagem "de fora" envolvia o psicólogo aplicando testes em
alguém, enquanto a perspectiva "de dentro" implicava o psicólogo cumprindo uma
solicitação com uma demanda a ser realizada, seguindo os passos e utilizando os
instrumentos indicados por outros. O psicólogo atuava como alguém que aprendeu a
aplicar um teste da melhor forma possível. No entanto, o paciente era visto apenas
como um objeto parcial que deveria fazer o teste, com pouca consideração por sua
colaboração ativa.
- Durante muito tempo, os psicólogos adotaram um modelo semelhante ao dos
médicos clínicos, visando eficiência e objetividade em seu trabalho. Isso ocorreu
devido à falta de uma identidade sólida que definisse claramente quem são e qual é
o verdadeiro papel deles dentro das ocupações relacionadas à saúde mental,
levando-os a seguir o modelo de trabalho dos médicos clínicos.
- Alguns psicólogos não seguiram o modelo médico clínico, optando por uma
abordagem autêntica com os pacientes. No entanto, muitos enfrentaram desafios ao
abandonar esse modelo, lidando com sobrecarga emocional e falta de preparo, o
que resultou em uma contra-identificação projetiva que interferiu em seu trabalho.
- Até que a entrevista livre fosse amplamente valorizada, a atitude do psicólogo em
relação ao paciente era influenciada por sua interpretação do modelo analítico, o
que permitia ao paciente desenvolver uma conduta espontânea durante o processo.
- No modelo psicanalítico, é crucial respeitar o ritmo do paciente, mas devido à
limitação de tempo, não podemos permitir silêncios excessivamente longos, lacunas
fundamentais ou a insistência repetitiva em um mesmo tema.
- A integração entre a tarefa psicodiagnóstica e a teoria e técnica psicanalítica
ocorreu através de um esforço colaborativo. É provável que todo ser humano recorra
a diversas defesas conhecidas dependendo da situação interna que enfrenta,
portanto, é mais útil descrever as situações que desafiam essas defesas.
- O processo psicodiagnóstico é uma situação na qual o paciente solicita ajuda e o
psicólogo aceita esse pedido, comprometendo-se a atendê-lo dentro de suas
capacidades. O objetivo é obter uma descrição e compreensão o mais profunda e
abrangente possível da personalidade do paciente ou do grupo familiar.
- O objetivo é examinar mais detalhadamente as queixas do paciente, obtendo uma
descrição e compreensão mais completa da sua personalidade, incluindo aspectos
patológicos, a fim de formular recomendações terapêuticas adequadas.
- O processo psico diagnóstico tem quatro passos o primeiro é o contato e entrevista
inicial com paciente o segundo é aplicação de testes e técnicas projetivas o terceiro
passo é o encerramento do processo onde fazemos a devolução oral ao paciente
e/ou a seus pais e por último informamos por escrito para o paciente.
- O enquadramento envolve manter constantes certas variáveis que afetam o
processo, como esclarecer os papéis respectivos, determinar o local das entrevistas,
o horário e a duração do processo, e, por último, definir os honorários, dependendo
se é uma consulta particular ou dentro de uma instituição paga.
- Para a entrevista inicial, adotamos uma abordagem semi-dirigida, levando em
consideração duas razões principais: em primeiro lugar, para obter um
conhecimento exaustivo do paciente e, em segundo lugar, para extrair da entrevista
dados específicos que nos permitam formular hipóteses.
- Para obter informações durante a entrevista inicial, é essencial estabelecer
objetivos claros. Devemos observar a primeira impressão que o paciente nos causa
e verificar se ela se mantém ou muda ao longo da entrevista, e em caso de
mudança, identificar em que direção ocorre essa alteração. É fundamental
considerar a verbalização do paciente, observando o conteúdo, a forma e o
momento em que se expressa, bem como o ritmo da comunicação. Devemos avaliar
o grau de coerência ou discrepância entre o que é verbalizado e o que é
comunicado por meio da linguagem não verbal. Além disso, é importante planejar a
bateria de testes mais adequada, levando em conta os elementos a serem
utilizados, a ordem de aplicação e o ritmo de administração, incluindo o número de
entrevistas necessárias para a aplicação dos testes escolhidos. Estabelecer um bom
rapport é essencial para reduzir bloqueios ou resistências e criar um clima favorável
para a aplicação dos testes. Ao longo da entrevista, devemos estar atentos ao que o
paciente comunica e às nossas próprias reações. Na entrevista inicial com os pais, é
crucial detectar a qualidade do vínculo entre o casal, entre cada um dos pais e o
filho, e entre o filho e o casal, além de avaliar a capacidade dos pais para lidar com a
situação atual e potenciais mudanças.
- A presença de ambos os pais é fundamental durante a entrevista, evitando assim
que a chamada de apenas um deles destaque um membro específico da família.
Incluir o pai permite que ele assuma a responsabilidade econômica e tenha a
oportunidade de se sentir como um colaborador tanto do filho quanto do psicólogo.
Se durante a entrevista surgirem discussões ou reprovações, ou se o psicólogo se
deparar com uma cena primitiva sádica que reative a fantasia de ter separado o
casal, é essencial que ele esteja alerta. Caso contrário, poderiam ser estabelecidas
alianças perigosas para o filho, os pais e até para o próprio psicólogo
- Outro tema digno de um desenvolvimento mais detalhado, que vamos apenas
abordar superficialmente aqui, é o dos filhos adotivos. O psicólogo deve procurar
envolver ambos os pais, investigando elementos cruciais como as fantasias
individuais de cada um em relação à adoção. Também é importante levantar
informações sobre como os pais adotivos se sentem atualmente com sua condição,
se estão em acordo com a decisão de adoção e se já comunicaram essa informação
aos filhos e aos outros. Recomendamos que, ao surgir a informação de que o filho é
adotivo, o psicólogo dedique-se a elaborar este ponto urgentemente com os pais,
esclarecendo a importância de que o filho conheça a verdade sobre sua origem.
- Outro aspecto a ser explorado na primeira entrevista é o motivo da consulta.
Devemos distinguir entre motivo manifesto e motivo latente. O motivo manifesto é o
sintoma que preocupa aquele que solicita a consulta, enquanto o motivo latente é
mais profundo e significativo do que o motivo manifesto.
- Durante o processo psicodiagnóstico, é quando o paciente se torna consciente
desse motivo mais profundo, o que geralmente resulta em um prognóstico mais
favorável.
- Uma postura recomendável para o psicólogo é ouvir atentamente o paciente,
porém sem aceitar ingenuamente a versão que lhe é transmitida, pois o paciente
relata sua história da melhor maneira que consegue.
- A seguir, analisaremos outro aspecto: investigar se o paciente se posiciona como
terceira pessoa excluída ou incluída em relação ao motivo que levou ao início do
processo psicodiagnóstico.
- Primeiramente, o processo começa com o estabelecimento do enquadramento, no
qual o verdadeiro ponto de urgência é identificado. Em seguida, a tarefa de estudar
o material coletado durante as sessões de jogos e testes se torna mais complexa.
Em terceiro lugar, surgem dificuldades significativas quando o psicólogo precisa
oferecer sua opinião profissional durante a entrevista de devolução; nesse momento,
ele pode optar por não se expressar, o que pode resultar em conivência com os
pais. Por fim, discute-se o destino de uma possível terapia futura, caso seja
necessária.
- A adaptação do paciente e de seus pais ao sintoma tende a reduzir o nível de
ansiedade. Os primeiros indícios de ansiedade geralmente surgem durante a
primeira entrevista, quando os pais começam a relatar a história do filho.
- Outro aspecto relevante ao utilizar a técnica de entrevista livre é a consequência
dos aspectos do filho que os pais vão revelando ou dos aspectos de si que o
paciente adulto vai expondo. Consideramos, em primeiro lugar, o cenário em que os
pais começam destacando os aspectos saudáveis e gradualmente abordam as
queixas, demonstrando uma atitude mais protetora e menos perturbadora em
relação ao filho. No entanto, também é possível que os pais se concentrem
exclusivamente nos aspectos positivos do filho até que o psicólogo questione o
motivo da consulta. Em outros casos, surgem primeiramente os aspectos mais
problemáticos, seguidos pela inclusão dos aspectos saudáveis, sendo este último
caso uma maneira dos pais reconhecerem o papel do psicólogo como um suporte
para lidar com a doença do filho.
- Encontramos também casos em que os pais têm dificuldade em identificar
aspectos positivos do filho e não reconhecem seus próprios aspectos problemáticos,
atribuindo a culpa pela doença do filho a fatores externos. Nesses casos, a
devolução também é desafiadora, pois os pais têm dificuldade em tolerar a inclusão
de aspectos saudáveis e adaptativos do filho, devido à culpa que isso poderia gerar
neles.
- O psicólogo espera que tanto o pai quanto a mãe tragam livremente associações,
incluindo aspectos positivos e negativos, para formar uma imagem completa do filho
ao longo da entrevista.
- Outra dificuldade que pode surgir já na primeira entrevista decorre da semelhança
entre a patologia do filho e a de seus pais. Uma reação defensiva comum pode ser
minimizar a importância da patologia, afirmando que "eu era igual quando pequeno e
agora estou bem".

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