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Ciclo Virtual ► Preparatório para Concursos públicos - Cargo Psicólogo 01_8 ► Recursos ► 2 -
Entrevistas do Psicodiagnóstico seguido pelos Sub-itens
Assinalar alguns caminhos quando o entrevistado não sabe como começar ou continuar
o que está dizendo;
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A Entrevista Inicial, como qualquer outra, pressupõe uma apresentação mútua, seguida de
um "rapport" e finalmente o esclarecimento, por parte do psicólogo do
enquadramento/contrato, ou seja, tendo o cliente relatado o motivo que o levou a procurar
a ajuda profissional, cabe a esse esclarecer alguns parâmetros que deverão ser respeitados
durante todo processo de psicodiagnóstico, a saber:
É importante ressaltar que o contrato, no caso do psicodiagnóstico, deve ser feito não só com
os pais ou responsáveis, mas também, e principalmente, com o sujeito emergente: a criança
ou o adolescente. E ainda, que o psicólogo deve assumir uma postura permeável e aberta,
com a intenção de não estabelecer condições que logo se tornem insustentáveis, ou por falta
de limites ou por limites muito rígidos. Isso implica em dizer que logo que o cliente exponha
a queixa inicial, os elementos imprescindíveis do contrato devem ser marcados, deixando os
mais variáveis para serem abordados no final da entrevista inicial.
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Perceber a primeira impressão que nos causa o cliente. É importante observar sua
linguagem corporal, suas roupas, seus gestos, sua maneira peculiar de ficar quieto ou
mover-se, seus semblantes.
Estabelecer o grau de coerência ou discrepância entre tudo que foi verbalizado e tudo
que captamos de sua linguagem não verbal, com o intuito de identificar o que é
apresentado como motivo manifesto da consulta e o que é percebido como motivo
subjacente (latente).
Planejar a bateria de teste mais adequada (elementos a utilizar, sequência, ritmo, etc.).
Identificar que tipo de vínculo une o casal. Que tipo de vínculo une o filho a estes e estes
ao filho. O cliente ao psicólogo, os pais...
É importante averiguar desde o início que fantasias, que concepção de vida, de saúde,
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O que diz cada um dos pais, como e quando diz. O que cada um lembra, o que cada um
faz e como faz e o que esquecem.
O "rapport" antecede a entrevista, é uma conversa informal, um "bate papo", que tem
como objetivo principal deixar o entrevistado à vontade.
2 - O Problema
Não obstante, entre a emergência de sinais ou sintomas precoces e incipientes, nem sempre
fáceis de detectar ou de identificar, e a chegada à primeira consulta, podem surgir muitas
dúvidas, fantasias e buscas de explicações, que retardam a ajuda, podem agravar o problema
e, eventualmente, interferem na objetividade do relato do caso.
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Dizem que “os sintomas estão presentes quando os limites da variabilidade normal são
ultrapassados” (Yanger & Gitlin, 1999, p. 694, citado por Cunha, 2000). Então se
considerarmos a aparente continuidade entre ajustamentos que as mudanças de rotina
impõem, os estados emocionais associados a acontecimentos da vida diária, as reações a
situações estressantes frequentes e os sintomas iniciais de um transtorno mental;
evidencia-se a dificuldade de julgar quando se configura um problema que necessite de uma
avaliação clínica. E tal dificuldade tanto pode ser sentida pelo sujeito como pelas pessoas
que convivem com o paciente.
Parece que, se tomarmos num sentido amplo, a distinção torna-se uma questão de ponto de
vista. Um sintoma pode ser um sinal porque se torna significativo na medida em que
evidencia uma perturbação. Então, é considerado como um sinal de perturbação, que pode
precocemente servir de alerta, mesmo que não tenha sido registrada qualquer queixa
explícita, isto, mesmo que não tenha se verificado a identificação de um sintoma.
Por outro lado, na prática, fala-se em sintoma quando parece possível atribuir-lhe uma
significação mais clínica. Pode-se, então, afirmar “que os sintomas estão presentes quando os
limites da variabilidade normal são ultrapassados”.
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Por certo, esses critérios de intensidade e/ou persistência podem ser também aplicados à
dimensão desenvolvimento, considerando os limites de variabilidade para a aprendizagem de
novos padrões de comportamento, para certos comportamentos imaturos serem superados,
em determinadas faixas etárias.
Uma manifestação inusitada, do ponto de vista qualitativo, deve, assim, ser julgada dentro
do contexto em que o indivíduo está e, como sintoma, será tanto mais grave se for compelida
mais por elementos interiores do que pelo campo dos estímulos da realidade, que é
praticamente ignorada. Entretanto, é preciso ficar bem claro que um sintoma único não tem
valor diagnóstico por si.
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Avaliar diferenças individuais envolve algum tipo de mensuração e na maioria das vezes
há uma associação entre o enfoque quantitativo e o qualitativo no desenvolvimento do
processo psicodiagnóstico, onde serão utilizadas estratégias diagnósticas (entrevistas,
instrumentos psicométricos, técnicas projetivas e julgamento clínico) para chegar ao
diagnóstico.
Durante a primeira entrevista o paciente deve expor o que acontece com ele (ou seus pais ou
familiares), esclarecer por que deseja consultar. O motivo apresentado é o que chamamos de
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motivo manifesto, uma vez que o mesmo ou os motivos que afloram na primeira entrevista
não são os mais autênticos. No entanto, nem sempre é assim, e ao longo do processo podem
ser descobertos outros motivos subjacentes, latentes e geralmente inconscientes, sobre os
quais se deverá falar da forma mais ampla possível e aconselhável.
2.4 - O sintoma
Picasso
Chamaremos provisoriamente “sintoma” àquilo que o cliente traz como motivo manifesto da
consulta.
Quando o motivo manifesto parecer trivial demais para justificar uma consulta é que
suspeitaremos com maior segurança da presença de um motivo latente de maior envergadura
e deveremos prolongar a entrevista inicial ou realizar outra até obtermos maiores
esclarecimentos sobre o caso. Da forma possível deveremos aproximar-nos do motivo latente
ou “sintoma” real da consulta, principalmente considerando que deveremos retomar o
diálogo desse ponto na entrevista final.
Para falar sobre sintoma devemos levar em consideração a etapa de desenvolvimento em que
se encontra a pessoa que nos consulta.
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Outro elemento a ser levado em consideração é a razão pela qual esse sintoma preocupa o
paciente ou aos pais deste, ou a ambos, ou então que sintomatologia preocupa a cada um dos
interessados na consulta. É possível que a professora se preocupe com a sua má conduta, o
que para a mãe não é motivo de preocupação, mas sim o fato de que a criança não reaja
quando é agredida. A professora diz que incomoda aos outros sem mostrar a sua agressão, é o
provocador de reações agressivas nas outras crianças. A criança em questão, por sua vez,
pode vir preocupada porque tem pesadelos.
É possível que cada um tenha se detido mais a observar o aspecto da conduta do indivíduo,
que coincide mais com a que é mais conflituosa para si próprio. Então, entre a professora, os
pais e a criança, teríamos a descrição de uma conduta realmente não contraditória e sim
coerente. Seria nossa tarefa integrar essas imagens de uma única personalidade, definir o
que realmente ocorre com a criança, entre todas aquelas projeções feitas pelos outros
evolvidos, e decidir a ordem de relevância de tão rica sintomatologia.
Outra pergunta a ser formulada é por que o sintoma preocupa agora, em casos em que existe
sintomatologia bastante antiga. Por exemplo, enurese permanente em um menino de sete ou
oito anos, tiques que vêm sendo apresentados há dois ou três anos ou problemas crônicos de
aprendizagem em um menino que já está na terceira série e foi reprovado várias vezes.
Quanto maior o tempo transcorrido entre o aparecimento da sintomatologia até o momento
em que se concretiza a consulta, maior a nossa suspeita de que exista outro motivo latente,
que foi o desencadeante para realizar a consulta. Certamente, o problema foi ignorado até
esse momento, mas algo ocorreu que os fez tomar a decisão de consultar. É provável que
fosse “egossintônico” para a família, mas que algo tenha provocado a ruptura deste
“equilíbrio”. Por exemplo, agora o menino pode ter começado a roubar ou não quer comer,
ou aos dez anos começou novamente a chupar o polegar.
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Outro conceito a ser levado em consideração, do ponto de vista teórico, é que em uma
consulta na qual o interessado deve expor a sua preocupação, o motivo que o leva a
consultar, o que ele considera o sintoma preocupante, está implícita uma fantasia de doença
e de cura que guarda uma estreita relação com o motivo latente da consulta.
Há uma fantasia de doença em cada um dos pais, no paciente e no profissional que escuta o
que é relatado. Estas fantasias nem sempre coincidem. Assim, às vezes, para a mãe toda a
patologia do filho é devido a que ela tem sido condescendente demais na educação do
menino desde o início. O pai pode pensar da mesma forma e dizer-nos que na realidade para
ele tudo vai se resolver quando o menino tiver mais experiência na rua ou à medida que for
crescendo, porque tudo pode ser corrigido exclusivamente com a experiência, ou seja, a vida
ensina a cada um como resolver os seus problemas. O menino, por sua vez, pode ter a
fantasia de que o seu problema seja incurável e tem muito medo de não poder ser ajudado.
Detectar isto é importante porque nos informa que as resistências são muitas. A fantasia de
cura na mãe é o rigor vindo de fora, e deixa pouca margem para a reparação de um dano
causado em uma época passada que não pode ser modificada. A fantasia do pai é que o
homem se faz a pancadas, descarta a possibilidade de ajudar o filho e, ainda mais,
desqualifica qualquer intervenção reparadora. A fantasia do menino é a de que tem uma
doença incurável.
Tudo isso alertará ao terapeuta em relação ao enquadre de sua tarefa, e a ser muito
cauteloso na entrevista final para ajudar aos pais de forma que revejam a sua concepção da
vida, da doença e da cura.
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Madeleine Baranger
Madeleine Baranger, citada por Arzeno, enfatizou o conceito de fantasia de análise que vai se
desenvolvendo ao longo do tratamento. Este conceito é importante porque fala da fantasia
de doença com um núcleo enquistado com o qual a pessoa mantém um determinado tipo de
relação; é algo que está ali, dentro dela; é algo diferente de si mesmo, é algo que é sentido
como egodistônico (do contrário não seria fantasia de doença) e que exerce uma enorme
influência sobre si mesmo (self) e com o qual existe um determinado tipo de vínculo. É isto o
que vai se modificando no decorrer do tratamento psicanalítico, até chegar ao ponto em que
essa espécie de núcleo enquistado deixa de sê-lo. Transforma-se no ponto central da análise,
mas, mesmo tornando-se mais frágil e menos perigoso, ficará sempre um resto irredutível à
análise (algo assim como um ponto cego), com o qual manteremos relações mais permeáveis
e maduras. Ou seja, esse núcleo se tornara cada vez menos patológico em si mesmo, no
vínculo que o “self” mantém com ele e nos efeitos (de sua presença e desse vínculo) no resto
da personalidade. É muito importante estudar o material dos testes e das entrevistas,
tentando encontrar essas fantasias.
É importante que durante a primeira entrevista, além de explicitar o sintoma que o paciente
traz, e as suas fantasias de doença e cura, tentaremos obter uma história ou novela familiar.
Os dados cronológicos exatos são importantes, mas mais importante ainda é a versão que os
pais ou o paciente trazem sobre essa história.
Isto significa desvendar a história do sintoma em torno do qual vai se entrelaçando a história
do paciente e de sua família.
O sintoma ou os sintomas trazidos como motivadores da consulta devem ser colocados dentro
de um contexto evolutivo, de forma a não serem superdimensionados e para prever a sua
perda através de terapia ou não.
Como já foi dito anteriormente, o sintoma apresenta:
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Picasso
3. Mas em todo sintoma há um benefício secundário: através de seus medos exige luz e
companhia, que podem funcionar como interferência para a intimidade dos pais.
4. Esta análise, feita a nível individual, deve se estender ao nível familiar. O sintoma está
expressando alguma coisa dentro do contexto familiar. Suponhamos que a fobia desta
criança tenha começado em uma época em que o pai viajava constantemente, deixando-o
sozinho com a mãe. O aparecimento da fobia à escuridão seria explicado pelo incentivo do
desejo edípico da criança, a percepção da privação sexual da mãe e a facilitação paterna
(devido a suas ausências) à realização de seu desejo inconsciente. A angústia da castração é
então acentuada e surge a fobia.
Este enfoque do sintoma dentro do contexto da situação familiar faz com que em alguns
casos se opte por uma terapia vincular ou familiar ou, ao menos, por uma orientação
psicológica aos pais, paralela ao tratamento individual do filho para que consiga superar o
problema.
Na obra El niño, suas efermedad y los otros, Mannoni, citada por Azeno, diz:
O sintoma, como mostrado por Freud, inclui sempre o indivíduo e o outro (...) O sintoma está no
lugar de uma palavra que falta (...) O sintoma vem como máscara ou palavra fantasiada. A mãe,
nesse sintoma, é participante (...) O sintoma então se desenvolve com outro e para outro.
Concluímos: os pais estão sempre, de certa forma, envolvidos no sintoma apresentado pela criança.
Isto não deve ser perdido de vista, porque tocamos as molas mestras da resistência: o desejo
inconsciente de que “nada mude” deve ser encontrado nos pais patogênicos. A criança pode, assim,
responder pelo desejo de que “nada se mova” perpetuando seu sintoma para esconder as suas
fantasias de destruição relativas à sua mãe.
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É oportuno incluir este trecho de Mannoni, pois o que ela diz a respeito da psicoterapia pode
ser perfeitamente aplicado ao processo psicodiagnóstico.
Embora existam casos em que não é tão claro entender o sintoma como uma palavra não dita
pelos pais, há alguns nos quais isto é muito verdadeiro, e por isso, durante o diagnóstico
devemos manter uma posição de abertura a todos os enfoques teóricos seriamente
desenvolvidos, pois cada caso torna-se mais facilmente compreensível se focalizado a partir
de uma determinada teoria.
Quando a ligação é feita pelos pais de uma criança, o primeiro contato será feito com eles.
No caso de jovens adolescentes é diferente. Às vezes, são eles mesmos que nos ligam, e
então as primeiras entrevistas serão com eles. Somente mais tarde, geralmente antes de
decidir se vai ser necessário ou não o tratamento e de que natureza. Será indispensável
incluir a entrevista com os pais, não só para tomar esta decisão, mas também para colher
dados sobre a história do paciente.
Com psicóticos pode ocorrer o mesmo, e atualmente não se rejeita a presença de membros
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Picasso
Geralmente, o paciente psicótico não consulta com um psicólogo, mas com um psiquiatra e
este, por sua vez, solicita o estudo e decide sobre a possibilidade de interná-lo, medicá-lo ou
trabalhar de forma exclusiva ou complementar com psicoterapia.
Não significa que um psicólogo não possa atender um psicótico infantil, adolescente ou
adulto; é uma questão prática em se tratando de pacientes adultos psicóticos, a consulta é
iniciada por um membro da família que, geralmente, se dirige a um psiquiatra, ou leva o
familiar a uma instituição com essa finalidade.
Este primeiro contato, assim feito, nos dá uma imagem dos pais do paciente, do próprio
paciente, conforme ele nos foi enviado, por que motivo, e segundo as características de seu
primeiro vínculo conosco. Assim, por exemplo, respeitar o horário marcado, ligar na hora
combinada, implica desde o início uma atitude de respeito com o profissional. As consultas
canceladas repetidamente não dão uma imagem positiva do paciente ou daquele que
consulta, pois a atitude é evidentemente bastante fóbica. Não só os fóbicos podem ter este
comportamento; também o psicótico ou até mesmo um indivíduo em uma atitude
inconsciente de preservação, quando prevê que iniciar uma consulta vai ser algo muito
mobilizador e talvez desestruturante. De forma que no profissional ficará a dúvida em
relação ao cancelamento da consulta, se esta não foi concretizada porque o paciente
projetou nele o seu temor e evitou o encontro (ou seja, uma conduta fóbico-evitativa), se
cancelou a entrevista porque no momento preferiu manter o status quo e não modificar nada
ou se, finalmente, trata-se de uma conduta psicótica na qual deixar esperando é o cartão de
apresentação do paciente. Sem dúvida, a resposta encontra-se muitas vezes no tipo de
contratransferência que provoca em nós mesmos. Assim, o fóbico é percebido como inseguro,
temeroso, talvez fale de uma forma peculiar e se mostre mais dependente. Inspira
necessidade de tranquilizá-lo. O psicopata provoca sentimentos agressivos ou pelo menos de
impaciência; geralmente são casos que não avisam com a antecipação devida e esse “deixar
esperando” provoca rejeição e um sentimento de não atendê-lo se tornar a ligar. No terceiro
caso, o daqueles que chamaremos de pré-psicóticos, isso não ocorre, mas dá-se uma reação
de espera paciente até a chegada do momento apropriado para concretizar a consulta.
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A história pessoal pressupõe uma reconstituição global da vida do paciente, como um marco
referencial em que a problemática atual se enquadra e ganha significação. Muitos são os
roteiros existentes; diferem-se por serem mais ou menos completos. O que há de mais
importante nesta entrevista é a necessidade de se ter em mente que não é uma simples
entrevista de coleta de dados e datas. Todas as perguntas que fazemos, portanto, devem ter
como objetivo a "construção da história" do sujeito investigado, e bases sólidas para um
diagnóstico e prognóstico futuros.
Cunha (2000) apresenta tópicos que podem servir como pontos de referência para a
exploração da vida do paciente:
Contexto Familiar
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Condições de Nascimento
Picasso
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Alimentação:
Poderemos investigar sobre dificuldades de sucção durante os primeiros dias de vida. Durante
quanto tempo a criança foi alimentada ao seio, condições em que se deu o processo de
alimentação artificial, se teve problemas de vômitos ou desidratação. Sabemos que uma
atitude plenamente negativista por parte da criança no que diz respeito à alimentação pode
ter causas patológicas graves ou ser uma forma de chamar a atenção.
Sono:
Saúde:
A sondagem nesse sentido deve remontar-se aos primeiros dias de vida, febres altas,
desidratação, possíveis intoxicações, assim como a superação das doenças chamadas de
infantis e suas possíveis complicações. É importante, para efeitos de diagnóstico, o tipo de
reação da criança perante a doença e a atitude dos pais durante a mesma.
Motricidade:
Picasso
Geralmente é nesta fase que há um alargamento da rede de relações sociais da criança, pelo
ingresso na “escolinha”. Paralelamente, no começo desta fase, a criança vê-se às voltas com
a experiência e os conflitos, associados com a situação de triangularidade edípica. Aqui é
importante pesquisar:
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Escolaridade:
Essa área deve ser investigada desde os primeiros contatos do paciente com a escola, se o
problema tiver implicações de desajustamento escolar. Caso contrário, é suficiente sabermos
se está estudando a série que lhe corresponde de acordo com a idade e se acompanha a
turma.
Segall
Dinâmica Familiar:
Quando nestas entrevistas um dos pais não admite determinado aspecto do problema, ou o
problema em si, torna-se muito difícil aceitar as sugestões sobre aconselhamento que o
especialista em psicodiagnóstico possa levantar no parecer. Compete ao orientador criar um
clima adequado para que o aconselhamento possa dar frutos.
Por outro lado, achamos muito positivo quando os pais, ao dar as informações sobre o filho,
colocam, junto aos aspectos negativos, características positivas que valorizam e atenuam o
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Também existem pais que idealizam o filho na hora da entrevista a ponto de ter enorme
dificuldade em colocar para o psicólogo o problema e, ao que tudo indica, experimentando
um grande envolvimento acompanhado de sentimentos de culpa, esquecem, literalmente,
qualquer coisa de negativo em relação à criança ou ao adolescente.
3.1 - Observações:
Knobel (1977) enfatiza a importância de conhecer a “história vital” da criança, isto é, a sua
história cronológica biopsicossocial e da família até o momento em que ela vem ao
consultório. Considera que a história vital começa desde o momento da concepção e inclui
todos os elementos que possam influir no desenvolvimento da criança
Mas, devemos nos lembrar de que, na realidade, a investigação necessária não se refere
somente ao processo evolutivo da criança em seu micromundo social, que é basicamente a
sua família, mas também deve levar em consideração o macromundo social, com todas as
influências socioeconômicas, políticas e culturais.
Segundo Adrados (1993), o profissional na hora da entrevista precisa atuar com grande
tolerância e compreensão aceitando que a maior parte das motivações do comportamento
humano são inconscientes. Com isso a autora nos mostra que mais importante que os
fundamentos lógicos desse comportamento, são as causas psicológicas distinguindo a
realidade objetiva da realidade subjetiva do examinando.
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Picasso
Se a consulta chegar diretamente a nós, podemos agir com inteira liberdade e selecionar os
testes conforme as hipóteses provisórias surgidas na primeira entrevista e com base na
história clínica do paciente.
Se, no entanto, a solicitação for feita por outro profissional é imprescindível pedir-lhe que
seja absolutamente claro no que se refere ao motivo da solicitação de psicodiagnóstico, de
forma a selecionar a bateria mais adequada. Algumas vezes eles enviam um paciente com a
solicitação de que façamos um Rorschach ou Bender. O teste não é um objetivo em si mesmo,
mas um meio para chegar a um fim, e é isso que o paciente ou o profissional que o enviou
devem esclarecer. Mas o teste que foi solicitado não deve ser excluído da bateria de testes a
ser aplicada.
Este é um fator muito importante, já que nem todos os testes são usados em todas as idades
e, além disso, a técnica de administração varia.
Uma caixa de brinquedos será imprescindível se a consulta for para uma criança. Na
entrevista familiar também será incluída uma caixa de brinquedos se houver crianças ou
púberes. Nem sempre estes se sentem atraídos pelos brinquedos na entrevista individual, mas
às vezes o usam. Há idades limites que nos despertam dúvidas. Nesses casos deve-se ter
cuidado para não incluir a palavra brincar nas propostas, pois isso está associado à infância.
Talvez lhe dizendo que procure ali alguma coisa que possa lhe interessar para fazer algo, o
sujeito resolva utilizá-la.
Se as crianças forem muito pequenas, se ainda não falarem de forma clara nem tiverem
superado a fase da garatuja, devemos guiar-nos exclusivamente pelas horas de jogo, e
quanto menores elas forem, mais indicado será começar com a entrevista familiar diagnóstica
(logo após a entrevista com os pais). Só depois dessa entrevista deveremos continuar com
uma entrevista vincular mãe-filho e outra pai-filho. É provável que a criança após
conhecer-nos melhor aceite ficar a sós conosco em uma hora de jogo individual ou, pelo
menos, com o pai ou a mãe aguardando-a em outra sala.
Já com adolescentes mais velhos acontece o contrário. Eles preferem vir sozinhos para a
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primeira entrevista e que os pais venham somente depois. Se ainda não tiverem 18 anos, é
imprescindível que os pais se apresentem, pelo menos uma vez, para conhecê-los, para que
eles nos conheçam para dar o seu consentimento ao que viermos a fazer.
Podemos também ter a surpresa de que o adolescente ou adulto chegue com os seus pais, a
sua esposa, um irmão, etc. Nesse caso começaremos a entrevista com todos os que vierem e
deixaremos o restante para o final. Isso, por si só, já é um indicador diagnóstico importante.
Pode-se estar tratando com um psicótico ou um fóbico grave, um paranoide, um débil
mental, etc.
Com pessoas bem mais velhas, os testes mais difíceis de incluir são os gráficos, pois elas já
perderam o hábito da conduta gráfica e sentem-se mal ao perceberem a sua falta de
habilidade. Essas pessoas frequentemente têm problemas de visão e de artrose, ou então a
sua habilidade para essa via de expressão diminuiu bastante.
Existem algumas dificuldades para administrar certos testes e outras que se referem mais à
correta interpretação dos mesmos. A seleção de uma bateria de testes deve levar em
consideração o seguinte:
Que a instrução dada ao sujeito seja perfeitamente entendida. Isso ocorre com uma
maioria estatística do grupo de idêntico nível sociocultural e pertencente ao mesmo grupo
étnico.
Que a conduta através da qual esperamos a resposta à instrução dada seja a habitual
para o sujeito comum pertencente a esse grupo.
Que o material usado como estímulo seja também habitual para a maioria.
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Portinari
Nos níveis socioeconômicos mais baixos a produção fica empobrecida devido a escassez de
estímulos que os indivíduos recebem.
Quando se trata de grupos étnicos diferentes, o entrevistador deve estar bem familiarizado
com o grupo em questão ou, ainda melhor, pertencer a ele. A nossa mentalidade não é a
mesma que a dos japoneses, africanos, suecos ou esquimós. Ainda mais, podemos incorrer no
erro de interpretarmos como pobreza o que na realidade é incapacidade nossa para extrair a
riqueza implícita em uma produção que talvez conste de dez ou doze vocábulos.
Também se modifica aquilo que nós podemos interpretar como melancolia do indivíduo
quando talvez seja uma qualidade endêmica.
No que se refere ao nível social, uma criança muito pobre fica tão deslumbrada diante de
uma caixa com muitos brinquedos como se a tivéssemos levado a uma loja de brinquedos.
Nessa caixa deviríamos incluir materiais com os quais ela está acostumada a brincar com
frequência, especialmente material descartável como papelão, barbante rolhas, alguns
carrinhos baratos, e algumas canetinhas hidrocor em vez de colocar bonecos playmobil,
carros automáticos, tintas e pincéis.
Que fique bem claro que isso não significa subestimar a criança, mas adaptar-nos a ela para
vê-la brincar com aquilo que ela não conhece bem, sem ficar fascinada com o que estamos
mostrando nem humilhada por não possuí-lo. Essas crianças reagem muito bem ao CAT, por
exemplo, pois estão mais acostumadas com os animais e a natureza do que as crianças
criadas em apartamentos e grandes cidades.
Diversos serviços de saúde costumam atualmente pedir que cada criança trouxesse de sua
casa os materiais e brinquedos que prefere. Isso se deve à falta de recursos dos hospitais,
mas é também muito válido, pois a criança acaba usando meios de expressão com os quais
está acostumada.
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errôneo devido a uma escolha inadequada da bateria. A necessidade de ter que diferenciar
surdez, autismos e debilidade mental é uma das situações que oferecem maiores
dificuldades.
Nesses casos a experiência clínica torna-se muito importante e os testes que vierem a ser
aplicados são mais do que nunca um meio complementar. A hora ou as horas de jogo serão
muito importantes não só para observarmos se a criança brinca e como brinca, mas também
os seus movimentos, a expressão do seu rosto, o seu olhar, as suas palavras, as reações a
barulhos ou à nossa palavra, etc.
Os testes com histórias relatadas podem ser transformados em histórias escritas pelo próprio
sujeito se as suas dificuldades são com a fala. Até mesmo o Rorschach pode ser respondido
por escrito (se o sujeito souber escrever). Quando se trata de um cego, podemos usar, por
exemplo, o teste de frases incompletas, os Questionários de Personalidade ou o Questionário
Desiderativo. Já para crianças pequenas existe uma versão do Raven de blocos com sistemas
de encaixe.
e ) O momento vital
O momento ideal é aquele que em que ele pode estabelecer pelo menos um mínimo de
“rapport” com o psicólogo, ou seja, de contato com ele, e que ele consiga também ligar-se
na tarefa que a bateria projetiva lhe propõe. Os testes projetivos exigem um maior esforço
que os objetivos quanto ao trabalho psicológico de introspecção e projeção do inconsciente.
Não pensem aqui em momentos de resistência, que também ocorrem, mas em momentos
evolutivos nos quais necessariamente a capacidade libidinal do sujeito estará voltada para si
mesma (introversão) porque o Ego está enfrentando situações complicadas.
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Sobre crises vitais entenda-se, por exemplo, a puberdade, a franca eclosão da adolescência,
uma decisão vocacional conflituosa, o casamento, o primeiro filho, o casamento de um filho,
a viuvez, o papel de avô (ó), etc. As crises vitais são motivo cada vez mais frequente de
consultas devido à diversas razões.
1. Os momentos críticos são cada vez mais frequentes, deixando pouco tempo para a
assimilação das diferentes etapas.
2. As situações patogênicas estão demasiado próximas do individuo, que antes podia manter
uma distância maior ou criar um “microclima pessoal mais sadio”.
3. Cada vez a família é menos continente dos seus conflitos.
4. A própria sociedade torna-se criadora de conflitos e carente de meios ou instituições que
propiciem à família o holding que em outra época nossos avós encontravam em seus pais e os
nossos pais nos seus.
5. No seio familiar há uma menor distinção entre as gerações, menor espaço para o diálogo e
uma total invasão de elementos de consumo que alienam o indivíduo.
Caravaggio
Todas as crises evolutivas são momentos de luto. O trabalho de luto que o Ego realiza
perante qualquer mudança e as ansiedades que isso pode despertar, desde as mais leves e
lógicas até as mais primitivas, massivas e psicóticas. Peter Blos fala de “regressões a serviço
do desenvolvimento”, expressão usada também por Anna Freud. Essas regressões
distinguem-se das patologias pela brevidade de sua duração e pelo enriquecimento do Eu
quando consegue superá-las. Por isso a importância, na história clínica e no psicodiagnóstico
em geral, do conhecimento da personalidade prévia do paciente sobre a qual se estabelece
essa “patologia” atual.
Há diferenças entre poder dispor do tempo estipulado por nós e precisar fazer um
psicodiagnóstico de emergência, mesmo particularmente, ou então ter que se adaptar ao
tempo estipulado para isso por cada instituição.
Em condições normais podemos fazer a primeira entrevista com os pais, logo depois
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recebemos o paciente para uma entrevista livre (hora de jogo se for uma criança). Após uns
trinta minutos de entrevista é interessante começar com os testes gráficos.
Anteriormente foi esclarecido que essa não é uma sequência mecânica. A entrevista familiar
tanto pode ser a primeira quanto a segunda, pode ser necessário incluir entrevistas
vinculares. Tudo depende de cada caso. No final pode-se fazer a entrevista de devolução com
os pais, o filho e, às vezes, para toda a família. Dificilmente isso tudo levará mais de seis
entrevistas, tendo-se a precaução de que as duas (mínimas) destinadas à aplicação dos testes
sejam feitas, uma de manhã e outra à tarde para garantir ao paciente um tempo para
relaxar.
Sebastião Salgado
No que se refere às instituições, podem ocorrer situações muito especiais, como precisar
trabalhar em uma sala onde se escuta tudo o que é dito na sala ao lado, ou precisar aplicar
os testes gráficos sentado em um pátio porque não há consultórios disponíveis.
O fator tempo também deve ser comentado. É comum que as instituições peçam ao psicólogo
um diagnóstico muito preciso e completo, administrado em condições precárias, sem poder
contar com o material necessário e dentro de um prazo mínimo.
Cabe acrescentar que o psicólogo que possuir uma grande experiência clínica e profundos
conhecimentos poderá trabalhar com baterias menores. Assim, é aconselhável que uma
instituição designe para essas tarefas seus profissionais mais experientes.
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Vik Muniz
O mais útil de todo este trabalho feito pelo psicólogo é observar, durante as diferentes
entrevistas, o momento em que aparece o sintoma, se ele chega a ser observável ou não,
quais as circunstâncias em que isso ocorre e como reagem depois o sujeito e os outros
membros presentes.
Pode acontecer que se registre uma confirmação da sintomatologia descrita pelos pais ou,
pelo contrário, outra completamente diferente que passava despercebida para todos.
O importante é que o psicólogo consiga uma boa integração de tudo o que foi registrado,
incluindo um registro contratransferencial, suas próprias associações, sua própria intuição,
etc.
A personalidade é uma (totalidade) única. Isto significa que em cada caso ocorre uma espécie
de “começar de novo”, já que não podemos trabalhar com um computador nem usar critérios
invariáveis como parâmetros.
Possivelmente seja este o momento mais difícil para o profissional, pois deve incorporar
certo rigor a seu trabalho sem renunciar aos seus conhecimentos sobre a dinâmica da
personalidade, à gestalt, etc. Além disso, deve “contextualizar” as suas conclusões, ou seja,
colocá-las dentro de uma moldura socioeconômica e cultural e dentro de uma história que
abrange três gerações.
Como não se trata de uma ciência exata não podemos aplicar critérios fixos. Trata-se de um
minucioso estudo das recorrências e convergências que vão aparecendo e assim esclarecendo
cada caso.
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Vik Muniz
De forma que não é uma tentativa de encontrar o rótulo adequado para cada indivíduo. Às
vezes não o encontraríamos porque em infinitos casos a patologia é mista e complexa,
constituindo um verdadeiro desafio para o profissional, que, se não souber reconhecer os
seus limites e aqueles que toda ciência possui poderá cair em afirmações tão onipotentes
quanto equivocadas.
Não obstante, muitas vezes o pedido de psicodiagnóstico é feito para um diagnóstico
diferencial e então devemos tentar ser claros e precisos: trata-se de uma crise evolutiva
adolescente ou de um surto esquizofrênico? É uma oligofrenia ou uma oligotimia? Há
organicidade ou não? Trata-se de um autismo secundário ou de uma interrupção do
desenvolvimento? Quem coloca essas perguntas espera respostas definidas porque disso vão
depender as diferentes estratégias terapêuticas a serem aplicadas. Mas mesmo nestes casos o
psicólogo deve reservar-se o humilde direito de dizer: “Não sei”.
Vejamos como proceder para chegar a conclusões claras, simples e convincentes para o
paciente, sua família e para o destinatário do informe que será elaborado a posteriori.
Em primeiro lugar começaremos fazendo uma listagem de tudo o que o paciente traz como
motivo de consulta, assim como o que preocupa seu pai, a sua mãe e irmãos.
Este é o ponto de partida do estudo, e após haver estudado todo o material deveremos voltar
novamente ali para tentar encontrar uma explicação.
A partir da análise de todas e de cada uma das entrevistas teremos esboçado hipóteses
preliminares. Trata-se então de estudar o material para encontrar um grau de certeza tal que
essas hipóteses sejam convincentes. Todos os instrumentos diagnósticos usados são um meio
para se chegar a esse fim.
As entrevistas, tanto individuais, vinculares, familiares, assim como a hora de jogo da criança
ou do púbere, não podem ser tabuladas devido à infinidade de parâmetros de respostas
possíveis. Isso só poderia ser feito escolhendo alguns desses, que é o que têm feito alguns
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pesquisadores. Geralmente esse material permite diversas leituras que dependem, em grande
parte, no que se refere à riqueza de material que ofereçam, da formação, experiência e
abertura antidogmática com a qual o profissional se dispuser a lê-lo.
Por outro lado, os testes gráficos mostram o que é mais profundo e patológico. De forma que,
se precisarmos dirimir dúvidas quanto ao grau da patologia eles nos serão de grande valia.
Mas o diagnóstico não pode passar pelo mais patológico excluindo outros aspectos da
personalidade mais desenvolvidos, adaptáveis e maduros. Por isso escolhemos uma bateria de
testes que nos proporcionem informações sobre um quadro completo. Além do mais, alguns
testes como o Rorschach, assim como alguns gráficos, estão padronizados, o que nos permite
comparar a produção do paciente com a maioria estatística e extrair conclusões que nos
resguardam de cair numa subjetividade que mistura a produção do sujeito com nossos
próprios conteúdos.
A maior patologia aparece nos traços formais, esses traços são os mais relacionados com a
parte estrutural da personalidade e, portanto, os mais estáveis. São os que variam mais
lentamente à medida que o indivíduo amadurece ou se modifica e os mais confiáveis para
medir os resultados de um tratamento ou fazer ou outro teste.
“A validação de um teste é o conjunto das operações através das quais se dá a prova de que o teste
possui um valor, ou mais exatamente um valor triplo: de discriminação dos indivíduos testados
(sensibilidade), da estabilidade da mediação (fidedignidade) e da pertinência do objeto medido
(validade)”.
Quando após algum tempo alguém (psicoterapeuta, professor, pediatra, pais) nos diz que
ficou amplamente demonstrada a certeza de nossas conclusões, experimentamos uma grande
satisfação e sentimento de haver feito um trabalho correto.
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Isso fica muito evidente quando, através deles, poderemos advertir o terapeuta sobre
conteúdos muito reprimidos que, se o tratamento funcionar bem, “explodirão”,
determinando momentos difíceis e cruciais tanto para o paciente como para o próprio
terapeuta, que, já colocado de sobreaviso, poderá conter melhor o seu paciente e manter
com pulso mais firme o rumo da análise.
Mas esse ir e vir não é feito ao acaso azar. Somos guiados tanto por nossos conhecimentos
quanto pelas nossas dúvidas, pelas próprias associações do sujeito observado e ouvido.
Também por nossas próprias associações.
É necessário ainda fazer mais uma advertência: nem sempre será possível fazer com que as
peças do quebra-cabeça se encaixem (por recorrências ou convergências). Pode ocorrer que
encontremos algumas que ”não encaixam”. Pode aparecer algum elemento estranho em
algum desenho e nesse caso devemos pedir associações ao sujeito. Talvez isso esclareça
alguma coisa. Não sendo assim, precisamos aceitar o não entendimento do seu significado.
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Anzieu, já citado anteriormente, adverte sobre duas posições extremas e danosas: uma é o
fato de denegrir os testes projetivos e a sua recusa de plano outra é a posição daqueles que
afirmam que tudo é projetivo e caem em extremos de interpretar psicanaliticamente o que
pode ser um simples produto de crescimento, aprendizagem ou outros fatores evolutivos.
Entre as duas posições Anzieu toma uma terceira e menciona com justiça o psicanalista
norte-americano David Rapaport como o principal representante. Seu livro Teste de
Diagnóstico Psicológico é um exemplo de seriedade científica e pensamento psicanalítico
apresentando uma bateria usada na Meninger Clinic, onde seu trabalho foi desenvolvido, que
demonstra claramente como existe compatibilidade entre a psicoestatística e o pensamento
psicanalítico.
Em outro parágrafo Anzieu destaca a importância de que o psicólogo que realiza esta tarefa
conheça não somente a Psicopatologia como também a Psicologia Geral. Acrescentamos
também a Psicologia Evolutiva de todas as idades, noções de Psiquiatria e logicamente o
domínio (o máximo possível) do conhecimento das Técnicas Projetivas e da Psicanálise.
Isso impediria que ele confundisse as projeções do sujeito estudado com as suas próprias e
coloque o que na realidade não existe deixando de ver o que é óbvio.
A inclusão de testes devidamente validados é outro recurso para obter resultados mais
exatos.
Finalmente é recomendável a supervisão do trabalho por outro colega com mais experiência.
Essa recomendação é feita especialmente para aqueles que estão iniciando, mas não
exclusivamente para eles. Casos difíceis podem surgir para todos e esse é um recurso valioso,
já que alguém que não esteja implicado transferencial e contratransferencialmente no
trabalho pode ver mais “do exterior” e ajudar-nos a desvendar as incógnitas que nos
preocupam ou ratificar nossas dúvidas como legitimas.
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Segundo Ocampo (1981) alguns parâmetros são relevantes para compreensão do "porquê" e do
"para quê" desta entrevista; e ela os analisa sob três aspectos: o do cliente, o dos pais e o do
profissional.
Durante o processo de psicodiagnóstico iremos perceber que, o cliente possui aspectos que
reconhece como adaptativos ou não (identidade manifesta), e outros que reconhece e que
fazem parte da sua atuação no mundo (identidade latente). Devemos retornar a ele essa
identidade latente, que contém também aspectos adaptativos, a fim de possibilitar a ele um
maior contato consigo mesmo.
Existem motivos diferentes que fazem com que os responsáveis pelo paciente procurem o
psicodiagnóstico infantil; para cada um deles a entrevista de devolução assume um papel.
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Se os pais chegam ao psicodiagnóstico, não por iniciativa própria, mas sim enviados por
terceiros, “a entrevista de devolução funciona como uma oportunidade para fazer com que
consigam certo insight a respeito da situação real”.
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Devemos supor, a fim de alcançar todos os objetivos nesta entrevista, uma utilização
constante daquilo que é latente e transferencial, do "não dito", além do manifesto.
A devolução começa sempre pela aquisição de um bom conhecimento do caso. Isso que dizer
que terminado o processo, o psicólogo estudará todo o material colhido e irá elaborar
hipóteses explicativas que serão capazes de situar o cliente dentro de um contexto, um todo,
levando-se em conta as suas capacidades, limitações e defesas.
Visando essa "explicação", o psicólogo irá, a princípio, identificar os aspectos mais sadios e
adaptativos, assim como os menos sadios e adaptativos, tanto do cliente quanto do seu grupo
familiar. Uma vez estabelecido isso, irá fazer uma distinção entre o que pode e não pode ser
dito ao cliente sobre o que é menos adaptativo e consequentemente mais "doente", ou seja,
até onde pode chegar, pois seria um erro, uma perda total de tempo, não respeitar as
possibilidades do cliente e os seus limites.
Com esses elementos bem definidos o psicólogo pode elaborar um roteiro, um "plano-guia"
para a entrevista, suficientemente flexível, que sirva de parâmetro e não de "script". É como
se determinássemos os limites e assuntos a serem abordados. A entrevista inicia-se, portanto,
com os aspectos mais adaptativos do cliente, e continua até chegarmos aos menos
adaptativos, incluindo na medida em que o cliente suporte, a patologia, caso exista.
O que o psicólogo faz ao longo da entrevista é construir juntamente com o cliente (tanto os
pais quanto a criança) a trajetória do processo, ou seja, o que o psicólogo pode perceber da
"história" destes. Deve, porém, ficar atento ao cliente para identificar a tolerância ou não as
informações que estão sendo ditas. É sinal de intolerância quando o cliente diz, por exemplo:
"isso é muito difícil para mim" ou "eu não entendo isso", ou "você não me entende”. Estes são
aspectos verbais conscientes. Há os inconscientes que são os lapsos ou então a aceitação
passiva para simplesmente não pensar no assunto, e ainda os não verbais, tais como os
atrasos, as faltas, a resistência do final do processo. Todavia encontramos também sinais de
tolerância com relação àquilo que é devolvido; novas associações, insights, novos pontos de
vista, são exemplos.
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A fim de construir essa "história", o psicólogo irá utilizar o material colhido, preservando-o e
as informações colhidas durante as entrevistas. É importantíssimo observar o tipo de
linguagem a ser utilizada. Deve ser a mais adequada possível. Para isso é importante não
utilizar termos técnicos e evitar termos ambíguos, na medida do possível lançar mão da
linguagem empregada pelo cliente e seus pais.
Sendo assim, o psicólogo vai passando do menos ansiógeno ao mais ansiógeno. Existem alguns
casos em que é difícil identificar, do ponto de vista do cliente, o que é mais e menos
ansiógeno. Uma atitude segura seria seguir a mesma sequência apontada pelos pais no
momento da queixa.
"De acordo com a idade do cliente o clima de devolução de informações aos pais variará"
segundo Ocampo (1981). Assim como também ao próprio cliente.
Não devemos perder de vista, em momento algum o principal objetivo da devolução que é:
"sintetizar ou unir aspectos reparadores e destrutivos, o que é possível se o paciente ou os
pais podem unir o passado com o futuro. Assim, podemos mostrar como o presente e o futuro
funcionam como elementos de reparação" afirma Ocampo (1981) .
A devolução começa sempre pela aquisição de um bom conhecimento do caso. Isso que
dizer que terminado o processo, o psicólogo estudará todo o material colhido e irá
elaborar hipóteses explicativas que serão capazes de situar o cliente dentro de um
contexto, um todo, levando-se em conta as suas capacidades, limitações e defesas.
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O psicodiagnóstico clínico acaba com uma entrevista (ou com o número de entrevistas que for
necessário) na qual o profissional explica ao entrevistado as conclusões extraídas e conversa
sobre isso. O mesmo é feito com os pais, tanto de uma criança quanto de um adolescente ou
de um adulto psicótico. No caso desse último, a devolução deve ser dada ao cônjuge, aos
filhos, aos seus pais ou a outro membro da família encarregado dessa pessoa.
Essas ideias foram apresentadas pela primeira vez por Grassano, Ocampo, Schust e Amigorena
no trabalho A importância da devolução dos resultados do psicodiagnóstico em crianças. De
todas as razões expostas nos trabalhos apresentados por essas pesquisadoras, duas são
fundamentais:
1. A curiosidade do sujeito e de sua família para saber o que pensamos ocorrer depois de
fazer os estudos.
2. A necessidade do profissional de transmitir esses resultados e o fato de que as reações que
foram registradas nessa entrevista final poderão ratificar o nosso diagnóstico ou modificá-lo
substancialmente.
É comum nessa ocasião o surgimento de lembranças que não tenham sido transmitidas antes
ou associações úteis para o diagnóstico.
A reação emocional diante das nossas mensagens é tão importante quanto as reações verbais.
Assim, por exemplo, se nessa ocasião o pai falta a uma entrevista sem uma justificativa, fica
muito evidente que não deseja saber o que está ocorrendo. Essa possibilidade o assusta, nega
tudo, prefere que sua mulher se encarregue disso, etc. Nesses casos, pode-se fazer a
entrevista com a pessoa que compareceu e depois marcar outra com ambos. Conforme
critérios da terapia familiar, considera-se tão importante a presença daquele que acorreu
quanto a ausência daquele que faltou ao encontro. Anular a entrevista poderia ser adequado
em alguns casos, mas em outros pode significar “entrar no jogo” do ausente que tenta
invalidar a entrevista.
Pode acontecer que só a mãe acorra dizendo que o marido não poderá vir devido aos seus
horários de trabalhado e que concorda com que “nós” resolvermos. Isso também pode
acontecer com o pai, embora seja menos frequente. Se o profissional passar a ocupar o lugar
do ausente estará distorcendo a realidade, prestando-se a certa cumplicidade negativa e
dando por certo o acordo do ausente sem que isso tenha ocorrido na realidade.
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Sendo a consulta feita por um menor de idade ou por um adulto incapacitado devem se
apresentar nessa ocasião todos os que possuem e compartilham o pátrio poder ou a
responsabilidade legal.
Existe a necessidade de que após as entrevistas iniciais e a aplicação dos testes ou outras
técnicas diagnósticas, seja realizada uma ou mais entrevistas de devolução. É necessário
devolver aos pais uma imagem do filho, deles mesmos e do grupo familiar, corrigida,
atualizada, ampliada ou diminuída, que nem sempre coincidem com aquela que eles trazem
na primeira consulta. Mostrando-lhes que o filho é diferente do que eles pensam, os
colocamos em condições de tomar consciência da verdadeira identidade dele, das mudanças
que deverão aceitar no filho, neles e no grupo familiar como um todo, se estiverem
realmente dispostos a modificar o status quo em vigor.
Mas colocá-los em condições de tomar consciência da identidade real do filho não equivale a
dizer que esse é o resultado infalível (e mágico) dessa comunicação. Obviamente devemos
contar com as resistências que isso pode mobilizar. É imprescindível observar como funciona
a resistência, quem é o porta voz dela, etc. Ou seja, agindo “ao vivo” e diretamente. As
reações dos pais e dos filhos perante a nossa comunicação se repetirão durante um
tratamento psicoterápico ou durante a atividade no trabalho, na escola, etc. Por isso, isso
propicia uma orientação mais segura sobre o caso.
Assim, a tarefa do psicólogo não é uma tarefa fácil. Não se trata de “martelar” na cabeça do
sujeito até o seu reconhecimento, mas de chegar a mobilizar as suas resistências e obter um
pouco de “insight”. Nesses momentos estamos trabalhando com um alto risco de cometer
erros, devido ao nosso narcisismo ferido e com um alto grau de responsabilidade profissional.
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toma uma importância enorme quando nela surgem lembranças reprimidas ou atitudes
inesperadas ou não mostradas até aquele momento, que levam a uma mudança do plano
tático idealizado previamente para o caso. Geralmente possibilita fazer uma boa síntese. O
volume de informações fica enriquecido não somente para o profissional que faz o
diagnóstico como também para o terapeuta para quem o caso foi enviado ou que o enviou
para o psicodiagnóstico. Saberão quais são as reações prováveis do sujeito quando tentar
incluir o que habitualmente dissocia, nega, isola, etc., através da interpretação, o que
permite planejar a terapia com um maior senso da realidade.
Sobre aquilo que pode ser planejado pelo psicólogo recomendamos o seguinte: uma vez
concluídas todas as entrevistas prévias, deveremos estudar detalhadamente todo o material
diagnóstico. É interessante interpretar cada teste separadamente e depois procurar as
recorrências e convergências, para chegar assim às conclusões a que elas levam. Esse
material pode ser integrado com as entrevistas iniciais e familiares, se houverem. Logo após,
retoma-se às hipóteses preliminares elaboradas após a entrevista inicial para retificá-las e
explicitá-las de forma acessível para os pacientes.
Uma vez elaborada a hipótese que melhor explica a situação, é importante resumir o ou os
motivos da consulta trazidos pelo sujeito e seus familiares. É importante coloca-los numa
ordem de patologia crescente, ou seja, começar com o mais trivial avançando até o mais
patológico.
Frida Kahlo
Vejamos agora algo a respeito da escolha do método verbal e ou do não verbal para obter
uma melhor devolução tanto para os adultos como para as crianças, mesmo as muito
pequenas. Geralmente é mais fácil comunicar as nossas conclusões aos adultos, mas isto não
pode ser aplicado sem abrir algumas exceções. Com as crianças é mais difícil, pois
geralmente compreendem melhor quando fazemos uso de alguma metáfora, algum jogo ou
então lhes mostramos suas respostas aos testes ou à hora de jogo.
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a) Comecemos com o mais elementar. Se alguém chega pedindo ajuda é lógico que
expressemos a nossa opinião sobre o que achamos que ocorre e a solução possível.
b) A pessoa que consulta colabora mais quando a base de tudo o que fizermos juntos será
para chegar finalmente a esta opinião final.
c) Falar dos resultados significa que não se trata de algo terrível ou incurável, sobre o que
deve ser guardado segredo absoluto.
d) Assim damos aos clientes a oportunidade de que se vejam com maior senso de realidade,
com uma maior objetividade.
e) Já foi demonstrado que, seguindo a teoria da Gestalt, toda forma tende ao seu próprio
fechamento. Isso se cumpre em termos de processos ou de condutas. Tanto para aquele que
consulta como para nós. Aquilo que não é concluído fica como algo pendente e incômodo.
f) Reintegrar ao paciente, aquilo que foi projetado por ele, favorece uma boa condição para
que se fique como depositário crônico do que cada paciente deixar. É esse o motivo pelo qual
em outras especialidades como psicologia do trabalho, forense, educacional, etc., nas quais
não se fala sobre os resultados da parte clínica, as condições de trabalho tornam-se
insalubres para o profissional.
g) Quando a consulta é feita por uma parte da família (geralmente os pais) em relação à
outra (geralmente o filho) a devolução separada a cada uma das partes ajuda a discriminá-la
e a reconhecer que foi trazida como um ser humano e não como um objeto de manipulação e
não como um objetivo de manipulação.
h) Finalmente, porque é uma experiência clínica de valor incalculável que nos dará o maior
grau de segurança possível na delicada tarefa psicodiagnóstica.
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Assim, por exemplo, um paciente trabalhará muito bem na psicanálise se aceitar a sua
responsabilidade no conflito, se mostrar colaboração para fazer associações, contar
lembranças, entrar em sua vida particular, em seu passado.
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Muito diferente seria o caso de outra pessoa que não tolera a entrevista aberta e prefere um
inquérito pautado e sente alívio quando nós damos uma ordem mais precisa. Esta pessoa
trabalhará melhor com uma terapia cara a cara, na qual se combinem interpretações
cautelosas com sugestões e alguns direcionamentos. A situação de solidão e de regressão do
divã seria para ele, por exemplo, insuportável, e só poderia aceitá-la após uma primeira
etapa com as características descritas.
As entrevistas diagnósticas vinculares e familiares são de grande utilidade para decidir entre
a recomendação de um tratamento individual, vincular ou familiar.
8 - O Informe Psicodiagnóstico
O informe deve constar em cada conjunto de documentos, tanto no nosso trabalho particular
como no institucional. Neste último ele é imprescindível devido à rotatividade permanente
de profissionais, permitindo assim que o terapeuta que vier a se encarregar de um caso
deixado por outro possa ter informação adequada sem precisar estudar os testes de todo o
material, o que seria entediante. Além do mais, se numa interconsulta os resultados do
estudo forem solicitados podemos oferecer o informe psicodiagnóstico e não uma cópia dos
testes, que não serão entendidos por neurologistas, pediatras, cardiologistas, etc.
Mas já foi visto e comprovado que é a tarefa mais evitada pelo psicólogo e muitas vezes
acusada de inútil, criticada na sua vitalidade e desprezada como algo obsoleto. No entanto, é
corolário lógico de uma tarefa realizada. Mas é difícil, exige muito conhecimento, muita
experiência clínica e muita dedicação. É uma tarefa que compromete muito e por isso o
profissional inseguro a evita. Provavelmente seria melhor não escrever nada que deixasse
assentada uma serie de informações de certeza duvidosa, que podem ir contra o individuo se
a sua validade não for verificada.
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No sentido estrito, falamos de fazer um informe quando alguém o solicitou por escrito. Nesse
caso pode tratar-se tanto de uma breve síntese ou de um trabalho mais detalhado.
a) A um colega psicólogo
É o informe que relata em linguagem técnica, fazendo referência concreta ao material de
testes do qual foi extraída esta ou aquela conclusão e com uma descrição minuciosa da
estrutura básica da personalidade, das suas ansiedades mais primitivas, das suas defesas mais
regressivas e das mais maduras. O diagnóstico e o prognóstico serão expressos nos termos
comuns à psicopatologia e à psicoterapia, usados corretamente em nosso meio profissional.
b) A um professor
Neste caso o informe será breve, referindo-se exclusivamente ao que o professor precisa
saber, expresso em linguagem cotidiana, e serão tomadas precauções para que não
transpareçam intimidades do caso que não se relacionam com o campo pedagógico.
c) A um advogado
Nestes casos deveremos ser mais cuidadosos com os termos utilizados e a informação que
oferecemos. Geralmente se refere a uma perícia que terá peso numa sentença e isso faz dele
um trabalho difícil, principalmente no campo penal. O informe para um advogado deve ser
expresso em termos inequívocos e com afirmações que não deixem margem para que sejam
usadas conforme convier à causa. Uma vez formulada a nossa conclusão em relação à dúvida
que levou à solicitação do estudo, é conveniente justificar essa conclusão usando como apoio
alguns pontos do material, mas sempre expressando-nos em termos claros e de uso comum no
âmbito forense.
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deve ser mantida pelo psicólogo: dizer o necessário e de tal forma que sempre possa ser
interpretado com objetividade e não possa ser usado em prejuízo do individuo em questão.
f) Aos pais
É muito raro que ocorra, mas pode surgir o caso de que os pais solicitem “algum relatório por
escrito”. Se o motivo for apresentá-lo em algum lugar, perguntaremos onde e elaboraremos o
informe pertinente, que será enviado diretamente ao destinatário. Se, no entanto,
expressam o desejo de conservar algo escrito para que sirva como um auxílio para a memória
sobre tudo o que foi falado, aceitaremos entregar-lhes um informe redigido numa linguagem
simples resumindo tudo o que foi falado de forma tal que possa ser lido também pelo próprio
sujeito (criança, adolescente ou adulto) com quem foi realizado o estudo.
Levantar dados de natureza psicológica, social, médica, profissional e/ou escolar, etc.,
sobre o sujeito e pessoas significativas, solicitando eventualmente informações de fontes
complementares;
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Solange Wechsler
Wechsler (1999) ressalta que este guia se refere mais detalhadamente ao uso de instrumentos
psicológicos do tipo objetivo, não podendo, portanto, responder a dúvidas que possam existir
relacionadas ao uso de várias outras técnicas envolvidas no processo de avaliação psicológica,
tais como: entrevistas, observações, provas situacionais etc.
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instrumento.
O Guia é um instrumento de grande valia para profissionais que trabalham com avaliação
e deve ser lido na integra para que possa efetivamente orientar o trabalho de avaliação
psicológica.
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