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5.

ELEMENTOS PARA A PRÁTICA DA ORIENTAÇÃO


PROFISSIONAL NA ABORDAGEM GESTÁLTICA

Luiz Lilienthal

Lilienthal, apresenta o tema da dificuldade em escolher uma profissão


como carreira e de como foi a sua escolha, iniciando esta escolha no ensino médio
pelo curso de medicina, mas enfrentou questionamentos e frustrações que
desencadeou sua primeira orientação profissional o que o levou a fazer cursinho,
vestibular e assim cursar “engenharia”.
Porém, devido a reprovações e ilusão com o curso, novamente com a
orientação profissional tendo abordagem em psicodinâmica, concluiu com êxito o
curso de psicologia e toadas as fazes do curso até o doutorado nesta área.
Afirma que hoje esta realizado e possui como “hobbies” atividades ligadas
a como tecnologia e arte. Onde ajusta seu autossuporte em áreas como fotografia,
marcenaria, eletricidade, eletrônica computadores e música.
Diante de seu ajustamento criativo faça os ajustamentos de seus variados
interesses.

O QUE É ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL?

Para o Lilienthal, “orientação profissional” (OP) difere de “orientação


vocacional”, já que a primeira é uma “ESCOLHA” e a segunda um “chamado”.
Então a “OP” como “escolha’, possui duas modalidades:
 a “Psicométrica” e a
 “Psicodinâmica”.
A ‘OP’ Psicométrica caracteriza-se em testes: personalidade, inventários
de interesse, habilidades, inteligência entre outros, e partir destas fontes de
pesquisa o orientador profissional poderá construir um traçar os “pontos fortes e
fracos” do cliente, em um plano cartesiano em que ordenadas sejam a área e a
abcissa os valores correspondentes, os quais quando apresentarem “curvas”
acentuadas (70 e 90) o resultado demonstrará que o cliente possui múltiplas
potencialidades.
Segundo o autor este tipo de ‘OP” inviabiliza identificar no processo de
desenvolvimento os obstáculos com referência a uma escolha por uma determinada
profissão.
E assim, caso haja fracasso por uma determinada escolha será
responsabilidade do profissional e não do cliente.
Com a ‘OP’ Psicodinâmica tecnicamente é breve, podendo apresentar
resultados a partir de oito a 12 sessões e possui como foco a escolha profissional,
podendo ter outros temas abordados desde que o orientador sempre busques
relacionar ao foco principal.
Nesta modalidade de ‘OP” os resultados obtidos no processo da
avaliação tem por objetivo que o cliente tenha clareza e condições de fazer sua
escolha por uma profissão em qualquer tempo e momento.

A CONDIÇÃO TÍPICA

Diz Luiz, que quando é procurado em sua clínica como ‘OP’ por
adolescentes ou por seus genitores (eu diria “responsáveis” e não “genitores”) é de
grande valia, afinal a partir do primeiro contato poderá ter mecanismo de referência
tanto interno e principalmente externo, para melhor ajudar o cliente em sua escolha
com referência aos mecanismos da ‘OP”.
Com a aplicação da modalidade ‘OP’ pode gerar novos sistemas quanto a
escolha que podem afetar, tanto o cliente quanto seu núcleo familiar, porém com o
mapeamento das características de “forças” internas e externas, através de uma
anamnese, como: sociabilidade, interesses, sexualidade, relacionamento familiar,
namoro, vida escolar, esportes, grau de escolaridade e profissão dos pais e
familiares, profissões possíveis e profissões impossíveis, o que admira e o que
execra nos outros., e a partir dai desenvolver mecanismos que diluam processos
que impedem a processo de escolha do cliente.

Assim sendo, Luiz Lilienthal apresenta um diagnóstico com base em


Bohoslavsky, com as seguintes características:

QUESTÕES SOBRE O DIAGNÓSTICO

Na situação pré-dilemática, o adolescente vem para ‘OP’ sem


questionamentos, normalmente impulsionados pelos responsáveis.
Diante deste fato apresenta uma postura de “hostilidade” de receio que
“mexam” em algo que é “melindre” para o mesmo, fazendo com que os
questionamentos sejam respondidos em monossílabos e de má vontade, basta para
o profissional identificar como os responsáveis acatam a decisão do cliente, e
provocar neste processo atitudes de autonomia, liberdade e suporte afetivo.
No processo de orientação, segundo o autor adolescentes entre 11 e 17
anos em determinadas circunstancia cabe ao profissional identificar variações no
processo da ‘OP’, sendo eles:
a) Quanto menor as condições socioeconômicas, menor a duvida pela
escolha de uma profissão e o acolhimento do grupo social que
pertence.
b) As circunstâncias sociais influenciam na tomada de decisão por uma
profissão, independentemente se possuem maturidade psicológica ou
biológica, adequada a esta decisão. Sendo determinada pelas
exigências econômicas do grupo social no qual está inserido.
Cabe ao orientador ‘OP’ acompanhar este processo de vivência do cliente
e assim proporcionar ao mesmo elementos de constroem sua maturidade neste
processo.

SOBRE O TRABALHO EM OP

A partir da caracterização e identificação no processo de ‘OP’:

 pré-dilemática;
 dilemática;
 problemática e de
 resolução

O conjunto destas caracterizações poderá trazer ao orientador


clareza no processo de transição que o cliente pode apresentar.
Sendo que para se chegar a um resultado poderá haver
pressões por um resultado com o cliente de exigência econômica e
psicológica, porém o orientador deve estar atento ao “timing” do cliente,
normalmente se tem uma decisão do cliente entre 8 e doze sessões.
Neste processo é cabível que os responsáveis, com
excepcionalidade, terem uma atitude de negação quanto a decisão do
cliente, cabe assim ao orientador facilitar a aceitação da escolha do
cliente.

OP NA GESTALT

Para o autor não há como ensinar liberdade de forma autoritária.


Para uma discussão detalhada sobre esses temas, bem como para uma
boa apresentação dos conceitos da Gestalt e do trabalho com ‘OP’ na escola,
proponho a leitura de Burow e Scherpp (1985).
Considere os conceitos fundamentais do repertório gestáltico a serem
trabalhados num processo de OP:
 liberdade;
 responsabilidade e
 autossuporte.

Para Lilienthal, apesar de outros conceitos serem importantes, privilegia


uma ‘OP’, de ajustamento criativo, de liberdade, que por sua vez também está
presente em autossuporte – pois, se o indivíduo por alguma razão não se permite
angariar recursos para se desincumbir de determinada tarefa, a primeira suspeita
recai sobre se ele se permite, dá-se liberdade para fazer algo diferente.
A título de exemplo dessa liberdade, cita um exemplo de uma jovem de
17 anos que reclamava não ter com quem conversar a respeito de sua escolha
profissional.
Esse foi o início de um processo de ‘OP’ que se deu num espaço de
tempo muito curto, através do exercício de imaginação trouxe as respostas de que
ela necessitava – que já estava “dentro” dela e impedido vir à tona por meio dessa
“interlocução” com sua cadela.
Encontre-a a cliente tempo depois e estava muito bem e realizada
profissionalmente, numa profissão que não era uma das prediletas de seus pais.
A capacidade de estabelecer autorregulação e de fazer o ajuste criativo
parecem ser um bom parâmetro para entender a situação em que o cliente se
encontra, pois, todo organismo está sempre realizando a melhor autorregulação e o
melhor ajuste criativo possível naquele momento, por mais aberrante e disfuncional
que esse ajuste pode parecer a um observador externo.
Toda vez que o orientador profissional propuser algo novo em termos do
repertório de seu cliente, deve se perguntar se este tem autossuporte para tal; isso
vale tanto para adultos quanto para jovens, que se engastalham ao tentar expressar
algo que não sabem o que é e na maioria das vezes se refere a sensações.

OP INDIVIDUAL

Com referência a ‘OP” individual o terapeuta-orientador deve fazer com


seu cliente um contrato de ‘OP’, no qual a psicoterapia terá continuidade, mas com
seu foco voltado para as questões de escolha.
Isso depende, no entanto, da leitura de que o psicoterapeuta faz da
situação, pois muitas vezes o jovem terá mais benefícios se a ‘OP’ for feita por outro
profissional, em paralelo com a psicoterapia – por exemplo, no caso de um jovem
“fechado” que poderá conhecer o universo novo de outro profissional com o suporte
de sua psicoterapia.
Outra questão a ser considerada é quanto o psicoterapeuta se sente à
vontade para fazer a ‘OP’ com determinado cliente, ou de forma geral.
No caso de receber um jovem para ‘OP’ que esteja em processo
psicoterápico com outro profissional, é essencial deixar claro para o cliente que a
‘OP’ não é “outra terapia”, e sim um processo para auxiliá-lo em sua escolha
profissional.

OP GRUPAL

Se na ‘OP individual o cliente pode se “abrir” com o orientador


compartilhando fantasias e temores que não revelaria a outras pessoas, a ‘OP’ em
grupo tem a vantagem de o jovem estar num grupo de pares, em que entrará em
contato com realidades de outros jovens na mesma situação que a sua.
Não há como solicitar a um cliente aflito com sua escolha profissional que
aguarde meses para o começo do processo, ou informá-lo de que o grupo vai se
iniciar apenas quando houver “quórum”.
Em geral, o processo de ‘OP’ em grupo se dá, com relação aos
interruptores, de forma atraente a um processo individual, em que o autor oriente de
ser os encontros com duração de seis encontros de duas horas e meia.

RECURSOS POSSÍVEIS

Para Lilienthal, uma das coisas que o encantam na Gestalt é ela não ditar
procedimentos técnicos a ser seguidos.
Segundo o autor a esta técnica fica um passo atrás, onde não há
confronto com outras técnicas e fornece elementos de representatividade com
grande liberdade de atuação criativa, como consequência podendo preconizar
técnicas definidas e definitivas.
Os profissionais recém-formados ou em fase de introdução no universo
gestáltico costumam ficar como que perplexos e desamparados quando não são
ensinadas/ensinadas técnicas.
O autor indica que se deve manter coerente com a leitura dos aspectos
teórico de Gestalt e convida o leitor a encontrar a sua forma de atuar
profissionalmente – ou, em outras palavras, estabelecer sua própria identidade
profissional, condição fundamental para o exercício da ‘OP’.
Afinal, o profissional estará procurando, junto com o cliente, o que deverá
se transformar na identidade profissional do mesmo. Nesse contexto, não há espaço
para as duas partes estarem envoltas em dúvidas.
Assim, respondendo ao subtítulo no qual nos encontramos, pode ser
considerado possível todo e qualquer recurso que o orientador profissional se sinta à
vontade para utilizar e que faz sentido no momento em que para o padrão, do que
se espera do orientador profissional.
OUTRAS POSSIBILIDADES EM OP

Luiz Lilienthal, além das tradicionais, há três possibilidade de ‘OP’:

 Re-opção;
 Re-opção por impedimento e
 Re-opção por aposentadoria

Re-opção
Via de regra, pertencer a uma faixa etária pouco superior à tradicional
(20-23 anos), o que torna o trabalho com eles mais fácil, pois, a não ser que sofram
algum tipo de comprometimento psicodinâmico, têm a questão da díade liberdade-
responsabilidade mais desenvolvida.
Nesses casos, é importante entender como se deu a primeira escolha,
com atenção especial sobre uma possível repetição do padrão de escolha.

Re-opção por impedimento

O orientador profissional, quando for procurado para um processo de


‘OP’ com clientes que já tinham feito sua escolha profissional, mas, devido a
sequelas de doenças ou acidentes, ficaram impedidos de continuar exercendo sua
atividade estudantil/profissional.
Caso o cliente ainda experimente intensos sentimentos de raiva e/ou
inconformismo em relação à(s) sua(s) perda(s), é recomendável que trabalhe essas
questões num processo psicoterapêutico à parte da ‘OP’ (para que lhe fique explícito
que sua(s) perda(s) não o impedirá(ão) de encontrar uma nova atividade profissional
que seja satisfatória).

Apesar de esta publicação ter como tema a juventude, atrevo aqui a


contemplar ainda essa possibilidade do trabalho em ‘OP’, em nosso país em que tão
pouco se investe na juventude e tanto se desrespeita os mais velhos e os expõe ao
descaso.
Para o profissional de ‘OP’, é importante voltar sua atenção para se o
cliente está simplesmente querendo ter uma atividade pós-aposentadoria ou se
precisa complementar seus rendimentos para manter um nível de vida digno.
A clareza dessa questão determina o fundo (prazer/necessidade) contra o
qual se está trabalhando a figura (processo de escolha).

MEU DESCONFORTO

O desconforto de Lilienthal, esteve na busca do aperfeiçoamento do artigo


quanto ao “Layout” quanto ao vocabulário do artigo.
Porém para o autor faltava algo.
Afinal, segundo o autor, depois de muitos anos trabalhando com pessoas
carentes, percebeu que seu artigo estava voltado para a elite cultural e econômica,
ou seja para a clientela tradicional de ‘OP’.
Clientela esta que procuram e frequentam consultórios de orientadores
profissionais particulares de ‘OP’.
Considerou-se elitistas com o artigo e suas respectivas propostas, pois
não considerou, segundo ele, mencionar sobre os menos afortunados e com as
mesmas dúvidas, ansiedades e inquietações com referência a esta clientela, ao que
podiam escolher como profissão.
Escolha é escolha, independentemente da opção. Não importa se a
escolha é entre engenharia e medicina, entre técnico em eletrônica e mestre de
obras, ou ainda entre técnico em enfermagem e cabeleireira.
Assim sendo, isto independe dos aspectos culturais ou econômicos, e sim
de aspectos psicológicos no que tange aso segmentos sociais escolares.
É a busca pela satisfação profissional.

CONCLUINDO E PROVOCANDO

Luiz Lilienthal, conclui que no sistema educacional não privilegia ou


autoconhecimento e nem o ato de escolher.
Afinal, a vida é uma sucessão de escolhas! Parafraseando J. P. Sartre,
quando disse que o ser humano está condenado à sua liberdade, segundo o autor,
neste contexto, que o ser humano está condenado a escolher.
A partir deste pensamento o autor sugere que se leia sobre os aspectos
do pensamento de Burow e Scherpp de1985 e suas obra de 2006.
Por fim se disponibiliza como interlocutor para discutir sobre a
“Gestaltpedagogia”, para quem deseja discutir sobre o tema.
Termina apresentando seu e-mail como as referência bibliográficas de
seu artigo.

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