Destarte, partindo da leitura do artigo, se compreende um marcado movimento evolutivo,
que permeia a prática da Orientação Vocacional dentro da área de psicologia, há mais de três décadas. Constituindo-se uma proposta mais dinâmica em relação ao processo, qual anteriormente, foi marcado por testes classificatórios e pouco maleáveis à subjetividade do cliente de forma notável. Com isto, se fez comum o caminhar de um conhecimento de encontro às necessidades deste paciente que está em processo de desenvolver-se; à instigação do autoconhecimento e à proposta de conflitos de ideias, sobre questões e problemáticas envolvendo uma escolha profissional, ou até mesmo a não-escolha de algo que poderia ser promissor. Levando em consideração, é claro, a esfera de identificação, o pertencimento social e o contexto histórico envolvido; assim como sua implicação naquele indivíduo em processo de maturação. Portanto, feito o assentamento deste solo comum de habilidades preconizadas na Orientação Vocacional, entende-se também que pode ser palco de diversas correntes teóricas de atendimento psicológico, visto o empreendimento do orientador-psicólogo.
Orientação Vocacional trata-se de um processo no qual se busca auxiliar e orientar para
um conhecimento das características pessoais, familiares e sociais, criando condições para encontrar afinidades destas características como aquilo que poderá realizar em forma de projeto de vida profissional. A OV oportuniza a reflexão, a discussão e o debate entre os próprios jovens para que eles possam se dar conta daquelas influências que lhe estão sendo prejudiciais, por não lhe permitirem escolher ou por levarem a um grau de angustia insuportável. Sendo que, não se trata de um estudo psicológico do qual necessariamente saem resultados. Ao contrário, trata-se de um processo, uma evolução mediante a qual os orientandos têm a oportunidade de refletir sobre sua problemática de modo que procurem caminhos para sua superação . O processo de OV pode ser desenvolvido tanto em grupo quanto individualmente. É importante para o indivíduo, sentir-se igual aos outros, há possibilidade de compartilhar sentimentos de dúvidas em relação à escolha e ao futuro, cada participante do grupo é um facilitador, pois auxiliam a entender o outro e o conhecimento que cada membro busca de si mesmo , auxiliando o indivíduo na compressão do mundo social em que vive, a construir seu projeto profissional. A relevância do processo de OV pode ser evidenciada quando este, ao passo que faz com que o levem a refletir sobre si mesmo, também o ajuda a escolher um caminho profissional, dando possibilidades para que possa desenvolver todas as suas capacidades.
O objetivo principal da Orientação Profissional é facilitar a escolha do jovem, auxiliando-o a
refletir sobre suas capacidades e dificuldades para que se possa fazer a escolha mais adequada. Podemos dizer então, que a OV tem por objetivo facilitar o momento da escolha ao jovem, auxiliando-o a compreender sua situação específica de vida, na qual estão incluídos aspectos pessoais, familiares e sociais. É a partir dessa compreensão que ele terá mais condição de definir qual a melhor escolha- a escolha possível no seu projeto de vida . Para facilitar essa escolha a autora ressalta que devem ser trabalhados os seguintes aspectos; - Conhecimento de Si: está relacionado à identidade do jovem em quem ele foi, quem ele é e quem ele será, o projeto que ele espera para o futuro em sua vida profissional, suas expectativas em relação a família e pessoais, quais são seus principais valores e interesses – Conhecimento das Profissões: está relacionado às profissões, quais são, o que fazem e como fazem, o mercado de trabalho dentro do sistema político econômico, quais as possibilidades de atuação, visitas aos locais de trabalho e cursos de universidades, informações sobre currículos e entrevista com profissionais.- Escolha propriamente dita: que refere à decisão pessoal, deixar de lado o que não é escolhido, viabilizar a escolha.Cabe ao psicólogo auxiliar com o trabalho de OP ao jovem enfrentar e elaborar suas dúvidas, medos, inseguranças que emergem nesse momento. Portanto, a utilização de uma abordagem dinâmica em OV não implica necessariamente no desuso dos testes psicológicos. No entanto, a utilização deve ser cuidadosa, refletida e “nunca substituir a função do psicólogo” . Eticamente também é necessário que o orientando seja esclarecido, quanto ao que podemos acrescentar ao processo com a utilização do instrumento. Devemos desconstruir a fantasia de que um teste pode trazer “a” resposta que ele não conseguirá por seu esforço reflexivo. Temos ainda que nos certificar sobre qual é o melhor instrumento para contribuir com as informações que consideramos necessárias, ou seja, a escolha do instrumento deve ser fundamentada nas informações contidas nos manuais dos testes. Será este o melhor instrumento para responder às minhas necessidades? Qual é o melhor momento para realizar a aplicação de um teste? Por nossa experiência não indicamos a utilização de um teste no início de um processo. Antes disso deve-se analisar bem o caso, estabelecer o vínculo, compreender sua dinâmica e o significado de sua procura para a OV. O profissional que decide pelo uso do instrumento tem bom domínio e capacitação para utilizá-lo? Na hora da escolha de um teste devemos estar preparados para esta tarefa em termos de conhecimento e habilidade. Ao estabelecer um contrato de trabalho, consideramos importante informar que testes podem ou não ser aplicados, dependendo de haver necessidade, mas se aplicados seus resultados não trarão as respostas, apenas mais informações a respeito do orientando. Este esclarecimento contribui para que, por um lado, o orientando não considere que ao não aplicar testes, não lhe demos toda a assistência e por outro lado, não crie fantasias, como por exemplo, de que introduzimos o teste porque não estamos conseguindo obter as informações necessárias ou que ele possui alguma “patologia” que precisa ser melhor investigada.