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ROTEIRO ENTREVISTA:

PSICOLOGIA CLÍNICA- PSICANÁLISE

1) Formação acadêmica:
Resposta:
Bacharel em psicologia pela faculdade Anhanguera- concluiu em 2016
Especialização em docência do ensino superior pela faculdade Católica
Pós graduação em andamento em psicologia do trabalho pelo Instituto de
Pedagogia Brasileiro
Formação em psicanálise

2) Princípios morais do campo de atuação:


Resposta:
Começa falando que acha que é uma pergunta um pouco complexa, mas pega de
base o que é moral para a psicologia que é o bem estar físico e psíquico do ser
humano e completa dizendo que a psicanalise traz esse conceito um pouco
diferente, dizendo que a moral em si é basear a questão da maturação do ser
humano com seu desejo, assumir esse desejo (sexualidade na psicanalise é
totalmente distinta do senso comum). Diz que em um contexto geral esses dois
conceitos se casam porque uma vez que o ser humano assume seu desejo e
consegue trabalha-lo da forma adequada, dentro das condições daquele individuo,
ele encontra seu bem estar.

3) Como outros profissionais contribuem no seu campo?


Resposta:
Cada uma agindo de acordo com a sua formação, cada profissional tem uma
contribuição muito grande.
Da o exemplo da clínica que as vezes nos deparamos com pacientes que
precisam de intervenção medicamentosa (função do psiquiatra)

4) O que é exigido pelo mercado de trabalho nesse campo de atuação?


Resposta:
Primeiro a formação concluída (hoje em dia existem muitos profissionais
desqualificados teoricamente trabalhando na clínica) e uma formação contínua,
os 5 anos da graduação não são suficientes e não te garantem ter sucesso na
vida profissional, a faculdade não nos prepara para o mercado, tampouco para a
finitude que é a ciência da psicologia e finaliza dizendo que análise pessoal é
importante também.
5) Desafios e limitações do campo de atuação:
Resposta:
Nada é completo porque o ser humano está em constante evolução.
Limitações: o acesso a análise no sentido de valor econômico, tornar a
psicanálise um pouco mais acessível, completa dizendo que é uma teoria muito
rica e interessante e que Freud é transcendental, escreveu coisas que foram
teorizadas há mais de 100 anos e que parecem que foram escritas hoje, por se
encaixar tanto com o que estamos vivendo.
Tornar mais acessível não no sentido de deixar de graça ou em preços muitos
baixos, mas criar um desejo nas pessoas de autoconhecimento nas lentes da
psicanálise.
Desafios: os profissionais se solidificarem, permanecer no mercado, com esse
mundo imediatista que vivemos, nos deparamos com profissionais que dão
alternativas mais rápidas e a curto prazo, mas que não são eficazes e é preciso
que as pessoas comecem a compreender isso, pois trabalhar o agora de forma
superficial é um prejuízo posteriormente.

6) Qual característica ou ponto forte pessoal é bem aproveitado no seu contexto


clínico?
Resposta:
A escuta, antes mesmo de começar a graduação já tinha isso apurado, pois é
através dela que se consegue aplicar a teoria da psicanálise e interpretar aquilo
que o paciente traz e com o passar do tempo e da prática vai se desenvolvendo
a escuta analítica.

7) Você teve uma mudança muito significativa em relação ao que você achava que
queria no começo do curso e a atual área em que você trabalha?
Resposta:
Nunca se arrependeu da graduação e sempre foi uma pessoa que gostava de
leituras mais profundas e sempre teve um olhar mais cético para as coisas,
entrou na faculdade já com algumas leituras prévias, porém superficiais sobre
Freud e seu primeiro contato com a abordagem foi no primeiro período e já se
identificou, foi a abordagem que mais fez sentido para ele desde o inicio porque
sempre foi muito crítico.

8) Qual foi ou ainda é seu maior objetivo dentro da Psicologia?


Resposta:
Ganhar dinheiro e ter condições de fazer o máximo que puder pelo próximo, justifica
que o próximo está em segundo plano porque ele acredita que se não estivermos bem
com nós mesmos não vamos estar capacitados para ajudar outras pessoas, com o seu
trabalho quer ajudar o máximo de vidas que ele conseguir, quer deixar marcas positivas
na vida delas para que elas também transformem outras vidas e fazer com que as
pessoas ao seu redor aprendam/ descubram coisas novas todos os dias.
Ele tem um projeto de estudar a maturação psíquica de comunidades marginalizadas
como no caso os LGBTQIA+, ele conta que a sua transição foi tranquila graças a
psicologia e sabe que a maioria que passa por esse processo não tem esse privilégio.

9) O que influenciou na escolha da Psicanálise?


Resposta:
Por ser uma pessoa que sempre foi muito curiosa e crítica, quando entrou na
faculdade foi se aprofundando cada vez mais nas teorias de psicanálise porque
eram elas que mais fizeram sentido para ele desde o início por casarem com traços
fortes da sua personalidade.

10) Qual foi a situação mais marcante no seu campo de trabalho?


Resposta:
Ottoni é um homem trans e a situação mais marcante no seu campo de trabalho foi o
virar da chave da sua transição (acontecimento recente) porque ele está em análise
pessoal há mais de 9 anos e desde o começo ele vem trabalhando a questão da
identidade de gênero e mesmo se encontrando profissionalmente muito cedo ele
entendia que esse caminho perpassava o pessoal e ele já não conseguia mais seguir
sem ter a total liberdade de mostra o que ele realmente é.
A partir dessa situação ele chegou a cogitar escolher entre esse processo pessoal que
ele precisaria passar e continuar exercendo sua profissão (o paradoxo entre seguir com
o que ele escolheu ser ou seguir com o que ele não escolheu- no caso a sua identidade
de gênero), então a situação mais marcante foi essa mudança de nome, se apresentar
no seu ambiente de trabalho daquela forma.
Deu o exemplo de uma empresa que o procurou e ele ainda estava na fase de terapia
hormonal e a pessoa recuou justificando que a empresa era muito conservadora e ele
não sabia como as pessoas reagiriam, ele respondeu que quem havia o procurado era
ele e que para trabalhar lá seriam naquelas condições e diante dessa situação ele
percebeu que profissionalmente ele não precisaria ficar refém.

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