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SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................ 3
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NOSSA HISTÓRIA
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Introdução
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entrevistador deve ser acolhedor, atento, cuidadoso, etc., gostaríamos de
assinalar que os pacientes psiquiátricos, mas também dos consultórios de
psicologia, tendem a estar passando por uma situação de perda de confiança na
humanidade e neles mesmos. Isso, por si só, deve ser motivo para que
procuremos ser sinceros e francos, inclusive em relação às nossas próprias
limitações.
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Existe ainda, uma série de correlações que se costumam estabelecer
entre os dados da identificação e um risco aumentado para certas condições
psiquiátricas:
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5- Naturalidade e Nacionalidade – As doenças mentais são das que
melhor se distribuem do ponto de vista social, pois atingem todas as classes,
raças, povos, indiscriminadamente. Uma coisa, porém, comprovadamente,
aumenta o risco de uma pessoa desenvolver uma delas, a ruptura de laços
culturais e sociais. Essa é a razão pela qual, os emigrantes (ou imigrantes,
dependendo do referencial) em geral, apresentam um risco aumentado para
adoecer, do ponto de vista psiquiátrico.
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Ao conduzir uma entrevista diagnóstica, você gera um diagnóstico. Os
diagnósticos gerados por uma entrevista baseada no DSM-5 são chamados de
transtornos, em vez de doenças ou enfermidades. Os três termos descrevem
prejuízos do funcionamento normal, mas o sistema DSM usa transtornos para
reconhecer a complexa interação entre os fatores biológicos, sociais, culturais e
psicológicos envolvidos na perturbação mental.
Por sua vez, uma paciente pode dizer que se sente bastante enferma e
que está sofrendo por estar longe de casa, mas os médicos não reconhecem
isso como uma doença. Doenças e enfermidades são, com frequência,
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experiências divergentes, e não meras perspectivas diferentes, conforme os
antropólogos têm documentado repetidamente.
Quando uma cultura particular reconhece que uma pessoa sofre de uma
condição que altera sua posição na comunidade, a pessoa entra naquilo que o
sociólogo Talcott Parsons reconhecidamente chamou de “papel de doente”.
Parsons observou que uma pessoa reconhecida como doente está isenta de
papéis sociais normais, não precisando desempenhar seus papéis costumeiros;
no entanto, o grau de isenção de seus papéis sociais está relacionado à natureza
e à gravidade de sua enfermidade, bem como à sua idade e aos seus papéis
culturais. Para usar exemplos atuais, a criança não vai para a escola por conta
de febre moderada e diarreia, mas o adulto que sofre de dores nas costas só
será declarado como inválido após experimentar anos de dores refratárias.
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descrevem uma disfunção nas faculdades que, acredita-se, definem a qualidade
de pessoa de um indivíduo, eles frequentemente constituem uma ameaça para
o sentimento de identidade de uma pessoa.
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da perturbação mental. Mais precisamente, nós simplesmente não sabemos o
suficiente. Em vez disso, podemos considerar o uso corrente de transtorno em
nossos sistemas diagnósticos como uma oportunidade para sermos mais
humildes e também como um incentivo para estudos mais aprofundados.
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Association, 2013), tem diversas implicações importantes para a entrevista
diagnóstica.
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próxima ou a perda do emprego – ou seja, a eventos que induzem perturbações
mentais em muitas pessoas. A definição do DSM-5 menciona respostas
“aprovadas culturalmente”, mas não define o que constitui uma cultura ou sua
aprovação, o que indica ainda mais a necessidade de se avaliar a relação entre
os sintomas que você deduz em uma entrevista diagnóstica e seu contexto na
vida de uma pessoa. Portanto, você pode perguntar para a pessoa, ou para sua
família, amigos, companheiros e colegas, se sua resposta é consistente com as
respostas de sua cultura, porque precisa explorar o contexto cultural da pessoa
com perturbação mental.
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As Perguntas Produzidas por uma Entrevista Diagnóstica
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técnicas terapêuticas básicas em sua entrevista diagnóstica. Muitos professores
recomendam um texto clássico, A entrevista psiquiátrica na prática clínica, para
que se aprenda como organizar uma entrevista psiquiátrica para a estrutura de
personalidade de seu paciente. Se você ainda não se sente capaz de introduzir
técnicas terapêuticas em sua entrevista diagnóstica, deve, pelo menos, começar
a formular mentalmente o caso e a identificar os recursos apropriados aos
problemas particulares e aos pontos fortes da pessoa enquanto a entrevista. As
maneiras de fazer isso são discutidas nos próximos capítulos.
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entre certos tipos de temperamento, características comportamentais, hábitos
desenvolvidos, etc... e o risco aumentado para certas doenças, vem
progressivamente ganhando importância no exercício da medicina e na pesquisa
médica.
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Tendo sido bem caracterizados e denominados os sinais e sintomas,
estamos capacitados, ou mesmo obrigados a atribuir um Diagnóstico
Sindrômico, que consiga reunir os principais sinais e sintomas caracterizados em
um paciente. Um diagnóstico sindrômico é completamente referenciado a um
exame psíquico efetivamente realizado. Para usar uma linguagem histológica ou
anatômica, ele representa um “corte transversal” na observação, ou seja, a
caracterização daquelas algumas dezenas de minutos de observação, ao
contrário das observações longitudinais. Um paciente pode apresentar mais de
uma síndrome, mas há que ser muito criterioso nessa atribuição, fazendo valer
sempre aquele princípio denominado da “parcimônia” (aplicando o que ficou
conhecido por “Navalha de OCKAM”): o esforço da procura por um único
diagnóstico que possa enfeixar todas as manifestações observadas.
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Se a combinação de sinais e sintomas se desse ao acaso, haveria infinitas
síndromes, ou, em verdade, não haveria síndrome alguma, pois elas não teriam
qualquer utilidade. Felizmente, essa combinação se dá de forma a que se
consiga caracterizar pouco mais de dez síndromes psiquiátricas, variando esse
número de autor para autor e dependendo da inclusão na lista de uma variedade
de síndromes orgânico-cerebrais descritas nas últimas décadas.
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não se deve esquecer: os diagnósticos são ideias (constructos), fundamentais
para o trabalho científico, para o conhecimento do mundo, mas não objetos reais
e concretos.
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o diagnóstico possibilita a comunicação mais precisa entre profissionais e
pesquisadores. Sem o diagnóstico, haveria apenas a descrição de aspectos
unicamente individuais, que, embora de interesse humano, são ainda
insuficientes para o desenvolvimento científico da psicopatologia.
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2. O diagnóstico psicopatológico, com exceção dos quadros psico-
orgânicos (delirium, demências, síndromes focais, etc.), não é, de modo geral,
baseado em possíveis mecanismos etiológicos supostos pelo entrevistador.
Baseia-se principalmente no perfil de sinais e sintomas apresentados pelo
paciente na história da doença e no momento da entrevista. Por exemplo, ao
ouvir do paciente ou familiar uma história de vida repleta de sofrimentos, fatos
emocionalmente dolorosos ocorridos pouco antes do eclodir dos sintomas, a
tendência natural é estabelecer o diagnóstico de um transtorno psicogênico,
como “psicose psicogênica”, “histeria”, “depressão reativa”, etc. Mas isso pode
ser um equívoco.
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é prever e prognosticar a evolução e o desfecho da doença (o diagnóstico deve
indicar o prognóstico). Porém, às vezes, isso se inverte no contexto da
psiquiatria. Não é incomum que o prognóstico, a evolução do caso, obrigue o
clínico a reformular o seu diagnóstico inicial.
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outro procedimento diagnóstico prévio (“padrão ouro”), que seja bem-aceito e
reconhecido como mais acurado, capaz de identificar.
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explicativo referente ao caso, servindo, assim, de base para a escolha das
estratégias terapêuticas que serão utilizadas ao longo da terapia.
Nesse tipo de terapia, Souza (2005) afirma que as entrevistas iniciais têm
como objetivo iniciar o diagnóstico do cliente, através de um processo dinâmico
e longitudinal, sendo preciso considerar aspectos socioculturais, étnicos, estágio
do ciclo vital em que a família se encontra, adequação ou não-adequação ao
mapeamento da estrutura familiar, avaliação dos subsistemas, alianças e
fronteiras. Além disso, é importante perceber o estilo de funcionamento da
família e analisar tanto o papel, quanto a relevância do sintoma para ela.
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entrevista. Esta permite ao profissional conhecer o modo de chegada do cliente
ao tratamento, por exemplo, se foi ele quem decidiu, se foi encaminhado por
outro profissional ou pelo conselho de alguém.
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do caso, história pessoal e social, dados que, em conjunto, permitirão formular
hipóteses, bem como planejar técnicas e estratégias a serem utilizadas.
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sistema familiar, bem como investigar para além deste sistema, por exemplo,
considerando o contexto social, cultural e econômico em que ele está inserido.
Considerando, então, estes apontamentos sobre as características e os
objetivos das entrevistas iniciais, tanto em processos de avaliação clínica quanto
em psicoterapias de diferentes orientações teóricas, reforça-se a relevância do
presente estudo, uma vez que tais entrevistas possibilitam ao psicólogo obter
informações sobre o cliente e sobre sua história de vida, bem como sobre os
contextos nos quais está inserido.
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REFERÊNCIAS
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