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MMPI – Inventário Multifásico Minnesota de Personalidade (Hathaway e McKinley, 1943)

VERSÃO MINI- MULT

Construção do questionário:

O MMPI (Inventário Multifásico de Personalidade de Minnesota) é um teste


objectivo que avalia uma faixa mais ampla de padrões normais da
personalidade e perturbações da personalidade. Este foi criado na década de
40, mais propriamente em 1941, nos EUA, pelo psicólogo Stark Hathaway e
pelo psiquiatra J.C. McKinley (Davidoff, 2001).

Para a construção e estruturação do MMPI, os autores começaram por


compilar um vasto conjunto de itens de teste, extraídos de outros inventários
anteriormente publicados, de modelos de exame psiquiátrico e da sua própria
intuição clínica, tendo como objectivo a realização de um teste “multifásico”,
isto é, um diagnóstico de diferentes tipos de psicopatologia. Posteriormente,
para a aferição da escala, o conjunto de itens extraídos foi aplicado a um grupo
experimental de 800 indivíduos com perturbações psicológicas e a um grupo de
controlo de 700 indivíduos normais. Seguidamente, efectuou-se a eliminação
de todos os itens que não discriminavam os dois grupos, e reter os que os
discriminavam. Por fim, o resultado da recolha dos autores foi de 550 itens
distribuídos por 26 categorias, abrangendo aspectos como a saúde, hábitos,
relações familiares e sociais, crenças culturais e escolares, e a personalidade,
bem como, se constituiu as seguintes escalas patológicas, para a avaliação
das respostas: Escala de Hipocondria (Hs), Escala de Depressão (D), Escala
de Histeria (Hy), Escala de Psicopatia (Pd), Masculinidade- Feminilidade (MF),
Paranóia (Pa), Psicastenia (Pt), Esquizofrenia (Sc), Hipomania (Ma) e
Introversão Social (Si).

A nota em cada escala indica até que ponto as respostas do sujeito se


assemelham às do grupo- critério relevante.
Passado meio século, o MMPI original foi substituído pelo MMPI-2, no qual o
conteúdo de muitas das questões do MMPI original foi actualizado e algumas
dessas questões suprimidas, contém, no entanto, as mesmas escalas e é
cotado da mesma forma.

A principal alteração da nova versão é a do grupo de aferição. Enquanto os


indivíduos sem queixa, usados na aferição do primeiro MMPI, eram quase
todos brancos e pessoas de meia-idade do Minnesota, o grupo para aferição
do MMPI-2 era constituído por 2.600 indivíduos de diversas áreas dos EUA,
seleccionados para serem representativos da população em factores como
idade, estado civil e raça (Gleitman, 1999).

Aplicação:

O MMPI pode ser aplicado de forma:


 Individual - onde as questões são apresentadas em pequenos
cartões que o sujeito tem de distribuir por 3 grupos (Verdadeiro, Falso e
Não sei);
 Colectivo – onde as questões são apresentadas em cadernos
e as respostas em folhas, sublinhando uma das hipóteses (Verdadeiro, Falso e
Não sei).

A aplicação demora mais de uma hora, podendo prolongar-se em pessoas que


tenham, por exemplo depressão, com hesitação na reposta. Não existe
qualquer problema em aplicar o teste duas vezes.
Diferenças e Semelhanças entre a Versão Integral e a Versão Mini-Mult:

Versão Integral Versão Mini-Mult


Teste- Reteste (TR) Gough (F-K)
Índices de Validade
Gough (F-K) Perfis
Perfis
I.C. (Consistência
Interna)
Escalas de Validade Escala Não Sei, L, F, K L, F, K
Escalas Clínicas Hs, D, Hy, Pd, M/F, Pa, Todas excepto M/F e Si
Pt, Sc, Ma e Si.

Escalas de Validade:

 Escala L (Mentira)

Esta escala é constituída por 15 itens que correspondem a uma situação


socialmente desejável, mas raramente verdadeira, devendo o sujeito admitir
comportamentos desfavoráveis, não ajustados socialmente.

Quando esta escala se encontra elevada, há uma tendência para o indivíduo se


apresentar sob um aspecto demasiadamente favorável. Assim, quanto mais se
eleva a escala L, menores serão as elevações nas outras escalas.

Score bruto de L  10  possibilidade de os resultados serem inválidos


Os diferentes níveis na escala L sugerem diferentes alternativas de
interpretação:

T = 36 – 43 (score baixo e atípico):

Sujeitos que tentam dar uma imagem extremamente patológica de si mesmos,


bem como pessoas normais pouco convencionais e independentes, que se
sentem à vontade para admitir os seus pontos fracos.

T = 46 – 53 (score médio, típico e normal):

Os sujeitos admitem certas falhas, mas tendem a defender-se em relação a


outras que lhes parecem mais criticáveis do ponto de vista social ou moral.

T = 56 – 63 (score moderado):

Os sujeitos querem passar uma imagem favorável de si mesmos. Pode indicar


uma rigidez psicológica ou simulação consciente.

Pessoas extremamente religiosas ou moralistas, que reflectem


convencionalismo, conformismo com valores e normas socioculturais ou, uma
tendência a responder em função da desejabilidade social.

T = 64 – 69 (score alto):

Visão ingénua e irrealista do mundo, que se associa com negação, repressão


e, por vezes, com simulação consciente.

Estes sujeitos exageram as suas qualidades morais e escrúpulos positivos de


uma forma rígida, auto- centrada e de não compromisso, mas,
subjacentemente, tendem a ser auto- críticos e frustrados.
T  70 (score marcante e raro):

Pode associar-se com:


a) Intensificação dos traços correspondentes aos níveis anteriores;
b) Os mecanismos citados, especialmente, a negação da psicopatologia;
c) Tendências ruminativas e introspectivas que, se reflectem nas relações
sociais, com aspectos paranóides, ou;
d) Simulação consciente.

Do ponto de vista clínico, mostra-se, frequentemente elevada na Histeria, em


que a elevação resulta de uma atitude inconsciente; na Paranóia e na
Psicopatia, onde resulta de uma atitude deliberada do sujeito em mostrar-se
favoravelmente e na Hipomania.

 Escala F (Falsificação)

A escala F é composta por 64 itens e mede a frequência de respostas raras em


sujeitos normais.

Esta escala foi criada para detectar respostas atípicas, estranhas, incluindo
sensações bizarras, ideias estranhas, experiências peculiares, sentimentos de
alienação e atitudes atípicas em relação a instituições sociais, bem como, um
certo número de crenças, expectativas e auto- descrições improváveis e
contraditórias.

Score baixo: representa conformidade com os padrões do grupo normal, que


serviu para padronização do teste. Corresponderia a um score bruto de 9 ou
menos (T = 50).

Score alto: significa um exagero da sintomatologia ou uma indicação de


psicopatologia, mas isto nem sempre é verdadeiro.
Diferentes níveis na escala F sugerem diferentes alternativas de interpretação:

Score bruto de 16: probabilidade de um protocolo inválido.

Score de 70 a 90: nem sempre indicam protocolo inválido, especialmente em


pacientes psiquiátricos internados ou mesmo entre detidos.

Elevações moderadas: sugerem, muitas vezes, abertura para experiências


fantásticas e possível psicopatologia, mas, só se suspeita de um protocolo
inválido perante elevações mais extremas.

T  55 (ausência de stress):

Estes sujeitos podem ser descritos como honestos, simples, calmos, confiáveis
e convencionais.

Geralmente, um score baixo significa que o sujeito percebe o mundo como as


outras pessoas. Se os dados sugerirem psicopatologia, existe a possibilidade
de o sujeito minimizar ou negar os seus problemas.

F = 55 – 65 (score médio):

Estes sujeitos apresentam um tipo de pensamento independente menos


convencional e não conformista, o que poderá envolver negatividade e
pessimismo.

Os scores mais elevados a este nível podem reflectir circunstâncias


especiais numa área circunscrita da vida, resultante de algum tipo de rebeldia
contra padrões, normas e valores ou, de alguma forma de comportamento
socialmente desviante ou, ainda, de certa inquietação ou alteração do humor.
F = 65 – 80 (score moderadamente alto):

Pode envolver uma intensificação dos comportamentos, anteriormente,


descritos.

Podem ser incluidos aqui:


a) adolescentes com problemas de identidade e de não- conformismo;
b) pessoas com grandes envolvimentos políticos ou religiosos mais radicais
e,
c) personalidades rebeldes, anti- sociais, esquizóides e boémias.

T = 70 – 80:

É importante considerar a possibilidade de “neurose” severa ou psicose


(desorientação do ego), de um estado limite ou, ainda, de simulação. Os
problemas de leitura e compreensão, também podem constituir a causa
subjacente do score.

T  80:

Scores de 80 a 99 sugerem:
a) simulação; exagero de dificuldades;
b) resistência à testagem ou;
c) níveis significantes de patologia.

Todos os resultados podem ser exacerbados se o F ultrapassar o T = 90.

T = 95: o perfil pode ser inválido, distorcido ou exagerado.

Pessoa com menos de 40 anos e encaminhada pela justiça: possibilidade de


se tratar de um problema de conduta com comportamento de actuação ou
auto- destrutivo.
Pessoa com nível de instrução adequado e não psicótica: considerar um
diagnóstico de personalidade borderline.
 Escala K (Correcção)

Esta escala é constituída por 30 itens. Os valores de K estão associados a


factores intelectuais, culturais e sócio- económicos.

A escala K possibilita a identificação de factores subtis, mais eficazes,


aumentando a sensibilidade do instrumento e proporcionando um meio de
correcção estatística das escala clínicas.

Ex.: enquanto somente os indivíduos ingénuos, moralistas e não refinados têm


score elevado em L, pessoas mais inteligentes e psicologicamente mais
refinadas têm scores mais altos em K e, ainda assim, não apresentam qualquer
probabilidade de uma elevação importante em L.

As escalas clínicas sobre as quais recai a correcção de K são: Hs + 0,5 de K;


Pd + 0,4 de K; Pt + 1 de K; Sc + 1 de K; Ma + 0,2 de K.

Scores altos em K: revelam defensividade ou inibição, ou seja, embora se


possam subentender conflitos subjacentes, em sujeitos com tais scores, eles
não estão dispostos a discutir tais dificuldades e fazem esforços para,
defensivamente, disfarçar os seus verdadeiros pensamentos e sentimentos.


Essa defensividade tem um efeito supressor da psicopatologia, manifestando-
se em: menores elevações do perfil, ao contrário de scores mais baixos em
K, que se acompanham de acentuadas elevações das escalas clínicas.

T  56 (score baixo):
Quanto menor é o score, maior é a probabilidade de que as respostas tenham
sido assinaladas por patologia aguda ou para dar a impressão de
psicopatologia, o que pode ocorrer por exagero ou por simulação ingénua, mas
deliberada, de modo a obter ganhos secundários ou de pedir socorro.

Também pode associar-se a pânico ou confusão.

Pode revelar um sistema de defesas precário, desorientação, confusão,


insatisfação, cinismo e baixo nível de insight.

Mas, tais problemas são menores à medida que os scores vão sendo
maiores a este nível.

As pessoas de baixo nível sócio- económico podem ter scores altos, já que as
suas respostas reflectem a maneira como se percebem a si mesmas, ou seja, o
seu auto- conceito.

De forma idêntica, encontram-se scores baixos em adolescentes, o que pode


indicar mais abertura e maior grau de sensibilidade aos seus problemas.

T = 65 – 70:

São sujeitos que, tendo problemas psicológicos, fazem um esforço para manter
uma imagem positiva para os demais, inclusivé, negando os seus problemas.

A defensividade aumenta com a elevação dos scores, observando-se: falta de


insight e resistência à avaliação psicológica.

Estes sujeitos percebem os problemas psicológicos dos outros como fraquezas


e relutam em ser colocados no papel de pacientes.

T = 65:
Marco significativo em termos de prognóstico para psicoterapia, de forma que
os sujeitos com T menor que 65 poderiam beneficiar do tratamento, enquanto
que aqueles com T maior que 65 encontrariam dificuldade nesse sentido.

Hipóteses de Vincent (1987)*, só aplicáveis em ambiente clínico:


Elevação das escalas de validade Perfil Características dos pacientes
L: T = 70 ou maior
Admitem a patologia; apresentam grande stress; mostram-se
F: T = 70 ou maior e menor que T = 95 Provavelmente válido
defensivos.
K: T = 70 ou maior

L: T = 70 ou maior
Admitem a patologia e grande stress; mostram-se defensivos
F: T = 70 ou maior e menor que T = 95 Provavelmente válido
e ingénuos.
K: T menor que 70

Admitem a patologia ; procuram dar a imagem de bom


L: T menor que 70
ajustamento (provável ajustamento a uma psicopatologia
F: T = 70 ou maior e menor que T = 95 Validade questionável
duradoura ou presença de transtorno grave, com
K: T = 70 ou maior
defensividade sem sucesso).

L: T = 70 ou maior Possível defensividade ingénua, com rebaixamento indevido


F: T menor que 70 Infrequente das escalas clínicas; comum em “neuróticos”, com pouco
K: T menor que 70 insight, repressão e negação.

Defensividade extrema, com rebaixamento indevido das


L: T menor que 70
escalas clínicas; procuram dar impressão de adequação e
F: T menor que 70 Validade questionável
normalidade; resistência à psicoterapia; problemas
K: T = 70 ou maior
psicológicos, frequentes, afectando a condição física.

Sentimentos negativistas em relação a si mesmos; acentuada


L: T menor que 70
perturbação emocional; aceitam psicoterapia; pode haver
F: T entre 80 e 94 Válido
“superdramatização” e/ou reacção a uma crise emocional
K: T menor que 70
aguda.

L: T menor que 70
F: T entre 70 e 89 Válido Presença de importante perturbação emocional.
K: T menor que 70

L: T entre 60 e 69
Acentuada defensividade e evasividade; insight escasso;
F: T menor que 70 Válido
comum em “neuróticos”.
K : T entre 60 e 69

L: T menor que 60
Defensividade, inibição, pouco insight; relações interpessoais
F: menor que 70 Válido
difíceis; comum em “neuróticos”.
K: entre 60 e 69

L: T entre 60 e 69 Ingenuidade e defensividade; procuram dar boa imagem de si


F: T menor que 70 Válido mesmos; convencionalismo e certa rigidez; fraca tolerância ao
K: T menor que 60 stress.

L: T menor que 60
F: T menor que 70 Válido Apresentam atitude honesta na testagem.
K: T menor que 60

*Resumidas e adaptadas

Índices de Validade:

 Índice F-K de Gough Ou Índice de Dissimulação


Este índice resulta da diferença entre os scores brutos de F e K.

Pretende medir a falsificação favorável e desfavorável, em que, se:

F < K  tendência para a falsificação favorável (indivíduos conformistas e


atitude hiperdefensiva);
F > K  tendência para a falsificação desfavorável (indivíduos
hiperdefensivos que não admitem críticas).

E que, se:
Diferença > -11  falsificação no sentido favorável;
Diferença > +11  falsificação no sentido desfavorável.

] – 11; + 11 [

F-K = - 11 ou menos: possível tentativa de dar uma impressão favorável, em


termos de saúde mental, que se pode reflectir nas escalas clínicas. Costuma
indicar uma minimização ou negação de dificuldades, bem como uma
tendência dar uma impressão favorável de si mesmo.

F-H = + 11 ou mais: possível tentativa de simular ou fingir uma patologia. Na


realidade pode representar um “grito de socorro”, devido a uma situação crítica,
mas também pode constituir uma superdramatização de uma pessoa
narcisista, histriónica e instável... que tenta manipular a piedade e a atenção
dos outros. No entanto, pode tratar-se de uma psicose aguda.

No entanto foram sugeridos novos valores de coorte:

] – 11; + 12 [ mulheres normais


] – 11; + 17 [ homens normais

] – 11; + 25 [ pacientes psiquiátricos do sexo feminino

] –11; + 27 [ pacientes psiquiátricos do sexo masculino

F-K = - 20 ou menos: associa-se a uma extrema defensividade. Pode ser


atribuído a fraude consciente ou a uma incapacidade das pessoas em
admitirem qualquer inadequação pessoal. Pode sugerir negativismo, recusa em
cooperar e fraco insight, tendo mau prognóstico para psicoterapia.

 Traçado do Perfil Clínico

Um traçado em dentes de serra, ascendente, com valores pico


correspondentes às escalas pares, sendo as escalas L e K muito baixas e F a
mais elevada das escalas, indica uma falsificação no sentido desfavorável.

Um perfil plano onde a maior parte das escalas se situam abaixo dos T50 com
F muito baixa relativamente a L e a K poderão indicar falsificação no sentido
favorável.

Escalas Clínicas:

As notas obtidas nas diferentes escalas (T) apresentam:


 T50 – valor médio;
 T70 – valor limite entre o patológico e não patológico;
 T > 70 – existência de psicopatologia.

 Escala de Hipocondria – Hs

A hipocondria caracteriza-se por um exagero se sensibilidade às sensações


corporais normais.
Preocupações e sintomas relacionados com a saúde corporal.

A escala Hs é considerada uma escala de sintoma.

Elevação da escala Hs:


Pode ser concomitante com a elevação das escalas D, Hy e Pt, reflectindo
graus correspondentes de depressão, conversão ou estados de ansiedade.

Configuração típica: elevação da Hs e da Hy, acompanhada por baixa


significante de 10 pontos, ou mais, da escala D.

Scores altos (T = 65 ou mais):

Indivíduos imaturos, auto- centrados, lamurientos, queixosos, exigentes,


pessimistas, teimosos, cínicos, narcisicamente egocêntricos e manipuladores.

Queixas que envolvem o aparelho digestivo, de fadiga e cefaleia mas,


raramente, chegam a ser incapacitantes.

No momento em que o score ultrapassa o T = 70, estas características ficam


exacerbadas.
A existência de uma doença orgânica não pressupõe uma elevação desta
escala.
Scores baixos (T = 40 a 50):

Sujeitos activos, capazes e responsáveis, escrepulosos ou até mesmo


moralistas.

Sexo feminino: associa-se com ausência de preocupações e queixas


somáticas.

Implicações terapêuticas:

Sujeitos com dificuldade em admitir alguma explicação psicológica para os


seus problemas; críticos e rebeldes acerca da possibilidade de ajuda
terapêutica.

Se elevação concomitante com a escala Pt: melhor prognóstico pela presença


de ansiedade.

 Escala de Depressão – D

Escala muito sensível e mede o sintoma clínico da depressão.

Recomenda-se a verificação das relações da escala D com a Pt (que sugere


intrapunitividade) e com as escalas Hs, D e Hy, a “tríade neurótica”.

A elevação da escala D, 50 pontos de score T acima da Ma, é compatível com


a hipótese de presença de uma depressão psicótica.

As regras do estado depressivo, apresentadas por Gilberstatd e Duker (1965),


são as seguintes:
1. D entre 70 e 79, Ma  40
2. D entre 80 89, Ma  50
3. D  100, Ma  60

Scores altos (T = 70 a 85):

Os sujeitos são descritos como arredios, insatisfeitos, desanimados,


melancólicos, mal- humorados, lentos, tímidos, apáticos, sensíveis,
acabrunhados, preocupados, pessimistas, auto- punitivos, retraídos.

É a elevação mais frequente entre pacientes psiquiátricos, embora possa


representar uma reacção aguda a uma situação crítica, quando se trata da
única elevação do perfil.

Chegando ao score T = 80, deve satisfazer aos critérios diagnósticos para um


quadro depressivo.

Scores moderados (T = 60 a 69):

É possível que os traços pessoais se acentuem face aos problemas,


observando-se mais pessimismo, desamparo e deseperança, o que pode
suscitar sentimentos de inadequação, com reflexos na área do trabalho e na
vida em geral.

À medida que os scores crescem, os problemas parecem maiores, aumentam


as dificuldades, fazendo com que o sujeito se torne sensível, irritável e,
eventualmente, distraído, com reflexos nas relações interpessoais.

O seu sentimento de desencorajamento pode resultar em atraso psicomotor,


letargia e isolamento.

Aumentam as queixas somáticas, podendo surgir ideias de morte ou de


suicídio.

Scores baixos (T = 28 a 44):


Estes sujeitos podem ser descritos como entusiastas, gastadores, desinibidos,
auto- confiantes, activos, atentos, alegres e enérgicos.

O score baixo pode ser compatível com a negação da depressão ou,


simplesmente, ausência das características associadas com os scores altos,
uma vez que a escala é unipolar.

Implicações terapêuticas:

A elevação na escala e as suas combinações com outras escalas podem estar


associadas a comportamento auto- agressivo.

A elevação da escala D não está só relacionada com depressão, mas é uma


indicação de que as defesas contra a ansiedade não são suficientes.

Score de 80 – quadro de depressão clínica, podendo estar presente um


potencial suicida, cujo risco é maior se houver elevação de outras escalas,
especialmente a Pd e a Ma ou, da Pd, Pt, Sc e/ou Ma.

 Escala de Histeria – Hy

Mede o carácter histérico do indivíduo, estando normalmente associado a uma


personalidade imatura e a sintomas conversivos como paralisias, contraturas,
problemas gastro- intestinais ou sintomas cardíacos.

Desenvolvida com o interesse de diagnosticar pacientes que apresentavam


perturbações com base psicogénica.

No desenvolvimento da escala foi considerada a tendência desses pacientes


em utilizar sintomas somáticos no manejo dos seus conflitos ou, ainda para
evitar responsabilidades mais maduras, embora possa surgir apenas em
situações de stress.
A escala inclui itens que estão associados à presença de queixas e sintomas
somáticos e, com habilidade social em negar tais sintomas, de forma que,
muitas vezes, parecem ser mutuamente contraditórios.

Embora construída, especificamente, visando o diagnóstico da sintomatologia


clássica da conversão, só é geralmente sugestiva a partir de um score de T=80
ou mais.

Uso do mecanismo de defesa da negação em elevações de 60 ou mais.

As suas elevações parecem estar relacionadas com uma tendência de evitar a


consciência de conflitos internos, seja mantendo-os em níveis inconscientes,
seja canalizando-os através de sintomas somáticos, isto é, através da
repressão.

Os sintomas físicos destes pacientes servem de expressão indirecta dos seus


conflitos.

Os seus traços podem ser consistentes com os de uma personalidade


histriónica, no sentido que estes requerem amor e apoio social, mas fazem isto
de uma maneira indirecta e manipulativa.

Têm facilidade em estabelecer relações, mas estas são superficiais.

Podem actuar sexual ou agressivamente, mas têm uma conveniente falta de


insight seja sobre os seus motivos subjacentes ou sobre o seu impacto nos
outros.

Esta escala tem um efeito atenuante sobre as outras escalas, inclusive sobre a
Pa e a Sc, constituindo o seu score alto em contra- indicação de psicose, ou
reduzindo a possibilidade de um diagnóstico de psicose, mesmo face a
presença de elevações das escalas referidas.
Acompanha-se, frequentemente, de elevações das escalas Hs e D.

Scores altos (T = 70 a 80):

Os sujeitos são descritos como imaturos, auto- centrados, exigentes, egoístas,


sugestionáveis e amigáveis.

As suas relações interpessoais são superficiais, imaturas, narcisistas e


sugestionáveis, procurando gerar efeitos emocionais e conseguir afeição e
apoio, utilizando manobras manipulativas para esse efeito.

Têm grande dificuldade em lidar com a agressão e o stress.

Utilizam as defesas de negação e repressão, que resultam num deslocamento


ou conversão dos conflitos psicológicos para a esfera física.

Falta-lhes insight sobre o seu comportamento e sobre a natureza dos seus


conflitos, que se centram na dimensão dependência- independência.

Scores moderadamente elevados (T = 60 a 69):

Pessoas oriundas de bons ambientes sócio- culturais podem demonstrar um


bom ajustamento.

Tende a haver uma certa elevação da Hy em indivíduos que querem


apresentar-se de forma favorável e negar os problemas (ex.: selecção para um
emprego).

Observa-se uma necessidade do sujeito se apresentar de forma favorável,


apesar de ser descrito como ingénuo e egocêntrico.

Quando a elevação aumenta, existe um exagero da negação, somatização,


dissociação e baixos níveis de insight.
Assim as pessoas carecem de insight a respeito de si mesmas e das suas
inter- relações, que acabam por ser manipulativas, para a satisfação de
necessidades pessoais.

Scores baixos (T = 24 a 44):

Os sujeitos são descritos como convencionais, constritos, isolados e


controlados, apresentando campo de interesses estreito e, sendo socialmente
pouco participantes.

Implicações terapêuticas:

Os pacientes aparentam entusiasmo no início da terapia, mas terão


dificuldades em demonstrar algum progresso devido ao seu uso excessivo da
repressão e da negação dos seus problemas, chegando, inclusive, a tentar
manipular o terapeuta ou a mostrar-se verbalmente agressivos.

 Escala de Psicopatia – Pd

Avalia o “nível de ajustamento social”.

Os seu itens abrangem várias áreas, tais como:


 Grau de alienação da família
 Impermeabilidade social
 Dificuldades com a escola ou, com figuras de autoridade
 Alienação de si mesmo e da sociedade

Indivíduos com elevação desta escala apresentam, com frequência,


características associais e amorais, apresentando um padrão de
comportamento repetitivo e persistente de natureza anti- social, em flagrante
desconsideração de normas sociais e com violação dos direitos dos outros.
Estes indivíduos são imaturos, egocêntricos, impulsivos, emocionalmente
instáveis.

Mostram alienação em relação à família e à sociedade e, frequentemente, têm


histórias de fracasso escolar e ocupacional.

As elevações da Pd parecem estar associadas a delinquência ou propensão a


delinquência.

Alguns problemas implícitos parecem estar sintónicos com a fase da


adolescência, especialmente os que tratam de discórdia familiar, dificuldades
com figuras de autoridade e baixa moral.

Deste modo, a elevação da Pd é considerada menos desviante


quando ocorre no fim da adolescência e no começo da idade adulta.

Só é possível levantar alguma hipótese, considerando o restante do perfil, uma


vez que certas escalas podem ter efeito excitante ou inibitório sobre certas
tendências ou comportamentos, associados à elevação da escala Pd.

Pd: considerada uma escala excitativa, pois as características a ela


associadas, inclusive a delinquência, são exacerbadas, à medida que a sua
elevação aumenta.

Quando se combina com escalas inibitórias como a Hs, a Pt e, mais


especificamente, com a D a expectativa de delinquência é muito menor,
em vista da ansiedade e culpa, reflectida sobretudo pela D.

Quando se combina com a escala Ma a possibilidade de comportamento


impulsivo é muito elevada, mesmo que haja elevações na Hs e na Pt.
Se as elevações da Pd e da Ma são apenas relativamente altas, tais
tendências, embora presentes, são canalizadas por meios e limites socialmente
aceitáveis....

....enquanto que, se a combinação é com a D, o comportamento anti- social


aparece de forma menos manifesta e disfarçada.

A elevação concomitante com a Sc associa-se a comportamento anti-


social, porém, num nível sugestivo de psicose.

Scores altos (T = 70 a 85):

Estes sujeitos são descritos como:


levianos, rebeldes, ressentidos, impulsivos, auto- centrados, agressivos, hostis,
irresponsáveis, sociáveis, hedonistas, anti- sociais, irados, alienados, alheios a
leis e regulamentos, com dificuldade de planejamento, superficiais nas suas
interacções sociais, desleais, com descaso pelas consequências dos seus
actos e dificuldade de aprender com a experiência, mesmo em psicoterapia.

Se confrontados com as consequências dos seus actos, podem apresentar


remorso genuíno, mas de curta duração.

As suas características negativas tornam-se, geralmente, manifestas em


períodos de stress, já que, inicialmente, causam boa impressão.

Embora, aparentemente, livres de conflitos e de ansiedade, podem demostrá-


los em situações de dificuldades mais sérias.

Muitas vezes têm histórias de mau ajustamento escolar, profissional, marital e


envolvimento com álcool, drogas e justiça.

Scores moderados (T = 60 a 69):


Entre adolescentes e adultos jovens (14 a 20 anos), certas características
sugeridas pelo perfil podem ser melhor interpretadas se forem tidas como uma
busca da própria identidade e independência do eu, como traços de carácter,
ao contrário dos scores elevados, que podem associar-se com patologia.

Membros de grupos minoritários podem ter score neste nível, reflectindo a sua
desconformidade com normas e valores da cultura dominante.

As descrições positivas associadas a este nível são a franqueza, a segurança,


a deliberação e a sociabilidade.

Scores baixos (T = 20 a 44):

Os sujeitos são descritos como convencionais e rígidos, submissos,


complacentes, conformistas, bonachões, alegres, confiáveis, despretensiosos,
calmos, equilibrados, persistentes, podendo ter, contudo, alguma dificuldade
nas relações heterossexuais.

Se forem confrontados com as consequências dos seus actos podem


apresentar remorso genuíno, mas de curta duração.

Implicações terapêuticas:

Os indivíduos com scores elevados nesta escala parecem ser bons candidatos
à psicoterapia porque, geralmente, se mostram fluentes, vigorosos e
inteligentes, mas a sua hostilidade, impulsividade e sentimentos de alienação
poderão vir à tona.

As intervenções terapêuticas breves, com objectivos bem definidos de


mudanças ou motivações externas (por ex.: continuidade no emprego) podem
ser mais eficazes.

 Escala de Paranóia – Pa
Desenvolvida visando o diagnóstico do quadro clínico da paranóia.

Grande parte dos itens envolve ideias de referência, crenças delirantes,


suspeição difusa, , sentimentos de perseguição.

Deste modo o conteúdo de alguns itens é claramente psicótico,...

...enquanto outros, envolvem apenas preocupação com os motivos percebidos


nas acções de outras pessoas.

Sintomas subtis, como a suspeição, a hipersensibilidade interpessoal,


compatíveis com o uso de defesas paranóides podem encontrar-se em sujeitos
com T inferior a 35,...
...desde que eles sejam capazes de inibir
expressões mais manifestas de patologia, mas que façam
uso de várias formas de projecção e de variantes primitivas
de externalização.

Scores altos (T maior que 75):

Estes sujeitos são descritos como rígidos, suspeitosos e hostis e, de forma


menos frequente, como ressentidos, desconfiados, emocionais e preocupados.

Numa dimensão normal:

Homens – descritos como sensíveis, emocionais, prontos a se preocuparem,


afectuosos, generosos, agradáveis, sentimentais, bondosos, pacíficos,
cooperadores, corajosos e com amplitude de interesses.

Mulheres – são emocionais, bondosas, sensíveis, francas, tensas ou


dependentes, submissas e com pouco auto- confiança.

Os adolescentes – a sua agressividade compromete o sucesso escolar, com a


possibilidade da ocorrência de evasão escolar.
As adolescentes – são inteligentes, têm bom aproveitamento escolar e são,
provavelmente, consideradas como bem ajustadas e populares.

Com scores muito elevados pode registrar-se desorganização do pensamento,


ideias de referência, pensamento delirante, além de obsessões, compulsões e
fobias.

A suspeição é acentuada e as pessoas podem ser descritas como rígidas,


irritadas, ressentidas, vingativas e cismáticas.

Scores moderados (T = 60 a 75):

Associam-se a maior probabilidade de tendências psicóticas, mas ainda é


possível haver susceptibilidade e sentimentos de os sujeitos se acharem de
alguma forma prejudicados, com possibilidade de sugerir suspeição,
ressentimento, com base real ou imaginária.

Os sujeitos projectam a culpa e a hostilidade, expressando os conteúdos


agressivos de formas indirectas, que envolvem outras pessoas, enquanto
assumem uma atitude aparentemente intrapunitiva.

Scores baixos (T = 27 a 44):

Os sujeitos são descritos como confiáveis e alegres.

Com base em alguns estudos refere-se o termo “equilibrado”, como a


característica mais comum a ambos os sexos.

Homens – são alegres, decididos, descrentes de si mesmos, sem escrúpulos,


pacíficos, auto- centrados, cautelosos e com interesses estreitos.
Mulheres – são convencionais, sérias, maduras, pacíficas, razoáveis,
confiáveis ou, ainda, de ajustamento rápido, firmes, à vontade com os outros,
mas não confiáveis.

É importante discernir pessoas normais das pessoas paranóides, que


conseguem ocultar as manifestações mais flagrantes de patologia.

São muitas vezes, obstinadas, evasivas, desconfiadas e sentem que terríveis


consequências advirão se se revelarem aos outros, mas conseguem canalizar
os seus traços paranóides por meios socialmente mais aceitáveis que as de
scores elevados.

Implicações terapêuticas:

Uma vez que os scores muito elevados ocorrem quando está presente um
processo psicótico, é importante avaliar a possibilidade de o paciente
necessitar medicação.

As condições para psicoterapia não são boas, dada a rigidez do sujeito, a sua
dificuldade em lidar com temas afectivos, escasso insight e tendência a
projectar nos outros a culpa.

Tentará manipulara situação, mantendo-se em tratamento com dificuldade,


devido às suas características pessoais.

Caso se mostre demasiado ressentido, é preciso avaliar o potencial da sua


hetero- agressão.
 Escala de Psicastenia – Pt

Esta escala foi desenvolvida tendo em vista a avaliação do padrão neurótico


que, na época, era designado como psicastenia, incluindo aspectos fóbicos e
obsessivo- compulsivos.
Embora não mais em uso, corresponde a uma
característica importante e persistente muitas perturbações psiquiátricas.

É considerada uma escala de sintoma, tal como a Hs, a D e a Sc.

É considerada uma escala mais vulnerável a flutuações, em função de uma


perturbação experienciada.

A sua elevação isolada pode ser interpretada, em termos simples, como


ansiedade e pensamento obsessivo, a que se pode acrescentar medos,
compulsões e dúvidas.

É uma escala transparente em termos daquilo que avalia e, por isso, pode ser
afectada por esforços defensivos, razão pela qual necessita da adição de 1K,
como recurso correctivo.

As pessoas com perturbação obsessivo- compulsiva podem apresentar uma


baixa do score T nesta escala, pois os seus comportamentos e obsessões são
eficazes na redução dos seus níveis de ansiedade.

Elevação da escala D com a Pt sugere desconforto interno, compatível


com a motivação para a terapia, a não ser quando as elevações são
extremamente altas e aí o desconforto interno deve ser tratado com recursos
farmacológicos prévios.

Elevação da Pt com a escala Sc:


Se Pt ultrapassar a Sc significa que o sujeito ainda continua a lutar
contra um processo psicótico, mas....
Se Pt se for tornando significativamente mais baixa que a Sc significa
que a sua luta foi abandonada e o processo psicótico pode ser considerado
instalado.

Scores altos (T maior que 75):

Os sujeitos são descritos como auto- punitivos, sensíveis, individualistas e


sentimentais, bem como, preocupados, ansiosos, conscienciosos, tensos,
medrosos, insatisfeitos, distraídos, emotivos, rígidos.

Homens – são sentimentais, pacíficos, bem- humorados e, também, imaturos e


briguentos.

Mulheres – o componente neurótico é mais intenso e são descritas como


sensíveis, prontas a se preocuparem, emotivas, tensas, mas também são
vistas como conscienciosas, intuitivas e apresentando interesses estéticos.

Alguns sintomas dos sujeitos com esta elevação incluem: tensão, preocupação,
obsessões, fobias, medos irracionais, auto- dúvida mórbida, culpa,
introspecção apreensiva.

Scores moderados (T = 60 a 74):

Os sujeitos tendem a ser escrupulosos, auto- críticos, preocupados com


problemas de menor importância, perfeccionistas e moralistas.

À medida que se eleva a escala (T maior que 65) existe a probabilidade


de grande ansiedade, tensão e preocupação, isto é, embora a racionalização e
a intelectualização se tornem defesas mais claras, é possível que sejam,
geralmente, insuficientes no controlo da ansiedade.
Scores baixos (T = 20 a 44):

Estes indivíduos são descritos como auto- confiantes, calmos, capazes,


relaxados e eficientes.

Homens – são equilibrados, controlados, independentes e, ainda, são


descritos como eficientes, capazes, organizados, adaptáveis, polidos, embora
tímidos e cautelosos.

Mulheres – descritas como alegres, atentas e tranquilas. Apesar de as


mulheres não costumarem parecer “nervosas”, apresentam tendência a terem
pesadelos e se preocupam com pequenas coisas.

Tanto homens como mulheres têm menor probabilidade de serem críticos e,


em geral, têm poucos tremores.

Implicações terapêuticas:

Sujeitos com scores elevados nesta escala sentem muito desconforto e tensão,
além de apresentarem certa ineficiência cognitiva.

Têm motivação para se tratar, bem como para permanecer no


programa terapêutico, mas o seu progresso costuma ser lento.

Foco terapêutico importante: redução da ansiedade.

Notam-se dificuldades no desenvolvimento da terapia de insight, em virtude da


tendência à intelectualização e ruminação que, interferem no processo, em
especial, na adopção de uma atitude voltada para a solução de problemas.

Entre as pessoas que procuram terapia são raros os casos com scores baixos
na escala Pt.
 Escala de Esquizofrenia – Sc

Construída para diferenciar sujeitos esquizofrénicos de normais.

Identifica indivíduos que se caracterizam pela presença de ideias e de


comportamentos bizarros e inusitados e, muito comumente, pela qualidade
específica do afecto, enquanto que outros, pela sua inacessibilidade.

É considerada uma escala fraca apesar de ser numerosa, mas tem uma
melhora operacional obtida com a correcção K.

Classificada como uma escala de sintoma, reflecte distorções da realidade, ou


pensamento confuso, esquizóide e bizarro.

Inclui temas relacionados com a alienação social (e familiar), sentimento de


perseguição, ausência de interesses profundos, dificuldades de concentração e
de controle, dificuldades na área sexual, sensações peculiares, medos
preocupações, etc.

As elevações associam-se com dificuldades nas interacções sociais,


afastamento das mesmas, até a alienação, com ênfase na fantasia interior.

Existem dificuldades na comunicação, que se relacionam com problemas de


concentração e de pensamento, chegando ao comprometimento dos processos
de pensamento.

Os sujeitos não se sentem compreendidos e enfrentam importantes questões,


relacionadas com o valor pessoal e a auto- identidade.

Idade, nível de instrução e outras variáveis podem contribuir para a


determinação do nível de elevação verificada.

Adolescentes – apresentam uma certa elevação, o que pode ser atribuído à


sua maior abertura a experiências inusitadas, à sua perturbação no
estabelecimento de um sentido sólido de identidade e a maiores sentimentos
de alienação.

Os scores também podem estar elevados devido a problemas sensoriais,


défices cognitivos, pelo efeito de drogas, ou ainda, pela familiarização com as
práticas de certos grupos sócio- culturais.

Elevação da Sc com a Pd associada a uma percepção do mundo como


algo perigoso, perante o qual se reage com uma atitude hostil.

Elevação da Sc com a escala Ma sugere uma visão distorcida da


realidade e a possibilidade de o sujeito se comportar de acordo com tal
distorção.

Scores altos (T = 75 a 90):

Score incomum entre os normais, embora possa estar presente entre


adolescentes com baixo nível intelectual e aproveitamento escolar, que muitas
vezes apresentam evasão escolar, especialmente no sexo feminino.

Neste caso é muito difícil que se possa chegar a um diagnóstico


de esquizofrenia, embora envolva algum risco futuro neste sentido.

Os sujeitos são descritos como confusos, retraídos, imaginativos,


individualistas, preocupados, tensos, impulsivos e não convencionais.

Tais termos aplicam-se, especialmente, no caso dos scores


estarem mais próximos de T = 75 sem outras elevações no perfil, tornando
ainda possível um ajustamento social e ocupacional.

Perfil válido  elevações ultrapassam o T = 80 associam-se com uma


significativa perturbação do pensamento, juntamente com confusão e ideias,
crenças e acções estranhas.
Scores moderados (T = 60 a 74):

Os sujeitos são descritos de forma muito diversificada:


Scores moderadamente baixos – encontram-se sujeitos com funcionamento
neurótico...

...mas, de um modo geral apresentam interesses mais abstractos: abordam as


tarefas com uma perspectiva inovadora, podem ser vistos como arredios, sem
envolvimentos, como ocorre em muitos adolescentes.

Entre os scores mais altos – podem apresentar alienação ou traços psicóticos.

Scores baixos (T = 21 a 44):

Os sujeitos são descritos, por alguns autores, como convencionais,


conservadores, responsáveis, submissos.

Outros utilizam os termos: equilibrados, moderados, tímidos, conservadores,


convencionais, responsáveis, precisos, pacíficos, amigáveis, alegres e
honestos.

Outros apresentam, ainda, as seguintes descrições: condescendentes,


submissos, concretos, práticos, controlados, amistosos e adaptáveis.

Implicações terapêuticas:

Dadas as condições de personalidade destes pacientes, o processo terapêutico


é difícil, mas eles tendem a permanecer em tratamento, chegando, por vezes, a
estabelecer uma relação quase estreita, se bem que o prognóstico é mau.

Dependendo do grau de organização do pensamento, podem necessitar


medicação adequada.
 Escala de Hipomania – Ma

Escala desenvolvida para o diagnóstico do estado hipomaníaco e de casos


leves de mania, caracterizado por hiperactividade, excitação emocional e fuga
de ideias.

Uma vez que esta escala reflecte o nível de energia, tende a elevar-se entre
jovens e a baixar entre os idosos.

Encontram-se, muitas vezes, elevações entre os sujeitos não psiquiátricos, que


se caracterizam pelo grau de energia que demonstram e que se reflecte em
características da personalidade.

As elevações da escala Ma, dependendo do perfil, podem ser encontradas na


personalidade psicopática, na forma agitada de depressão, em síndromes
orgânico- cerebrais, bem como em estados hipomaníacos.

Mesmo as elevações moderadas podem associar-se com uma superactividade


ineficaz, utilização da negação como defesa e auto- conceito grandioso, para
além de tais sujeitos demonstrarem nítidas dificuldades nas áreas de controlo
dos impulsos, tolerância à frustração e regulação afectiva, muitas vezes, com
uma propensão para episódios de irritabilidade e explosões excessivas.

Porém, quando os dados do MMPI não servem para caracterizar determinadas


síndromes ou constructos diagnósticos, ainda é possível identificar o estado
maníaco, a partir das seguintes regras:
a) Ma > 70
b) D < 55

Combinação de Ma com a escala D – pode ocorrer em determinados estados


nosológicos como em lesões orgânico- cerebrais ou, em adolescente
perturbados e que enfrentam problemas relacionados com identidade, mas, no
geral, associa-se a um estado agitado no qual a pessoa está a tentar manejar
defensivamente impulsos hostis.
Elevação simultânea com K (com a D e a Pt baixas) – encontra-se numa
personalidade autocrática que procura compulsivamente exercer liderança.

Elevação de Ma com K baixo – associa-se com competitividade, narcisismo e


medo do sujeito de se sentir submisso ou dependente, mas, ao contrário,
procura fazer com que os demais se sintam fracos e dependentes, como meio
de conseguir auto- estima.

Scores altos (T maior que 75):

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