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UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

Aline Flores de Moraes, Ana Julia Yukari


Tokuno, Catarina Tosini Machado, Larissa
Stephanie Ferreira, Leonardo Pilatti Bocchi,
Luiza Pedro Costanzo, Luiz José Valotto Neto,
Maria Clara Almeida da Silva, Maria Vitoria de
Almeida Petris, Maria Gabriela Tirolli Silva
Ghirotti, Manuela Páfaro Magnani, Nathalia
Klein Dalbosco, Otávio Simões Girotto, Otávio
Oliveira Furlan, Renato Cesar Moretti Junior,
Victor Tamura dos Santos, Vitória Padilha
Spautz, Vitor Toribio Dall'Agnol, Wanderson
Dieikon Xavier da Silva e professora Flávia
Vilas Boas Ortiz Carli.

A importância do protocolo Spike

Marília - SP
2022
TÍTULO: A importância do protocolo Spike

Palavras-chave: protocol spikes.

Introdução

O protocolo SPIKES é uma abordagem didática projetada para transmitir más notícias
relacionadas ao câncer, mas tem sido usado globalmente e em uma variedade de ambientes
clínicos, incluindo o ensino de habilidades de comunicação para estudantes de medicina e
residentes (Peixoto, Diniz, and Godeiro 2020). As oportunidades de aprender a dar más notícias
e praticar essa importante habilidade são limitadas na maioria dos programas das faculdades de
medicina. Para preencher essa lacuna, um currículo integrado foi criado para estudantes de
medicina do primeiro ano da Escola de Medicina John A. Burns da Universidade do Havaí, que
usou um caso de aprendizado baseado em problemas, uma sessão didática e uma experiência
simulada do paciente para ensinar alunos como dar más notícias usando o protocolo SPIKES
de 6 etapas. A competência dos alunos foi avaliada por meio de um encontro com o paciente
simulado gravado em vídeo. Os alunos também preencheram um questionário pós-experiência
para avaliar sua confiança em dar más notícias antes e depois da simulação, bem como o
benefício percebido de diferentes modalidades de ensino. Uma amostra de 60 alunos completou
uma média de 16/17 (94%) tarefas na lista de verificação SPIKES de 17 itens. A confiança dos
alunos em dar más notícias melhorou de 32% para 91%, antes e depois da experiência
educacional. A maioria dos alunos concordou ou concordou fortemente que o encontro
simulado com o paciente os ajudou a aprender como dar más notícias (96%), sentiu que a
apresentação os preparou para dar más notícias (87%) e expressou o desejo de ter mais
experiências simuladas com pacientes no futuro (87%) (Poei et al. 2022). Nota-se que é
extremamente importante para os alunos seguirem e estudarem o protocolo SPIKES não só para
transmitir más notícias para os familiares da melhor maneira, como também um respaldo para
sua segurança profissional.

O protocolo (SPIKES) consiste em seis etapas e a intenção é habilitar o médico a


preencher os 4 objetivos mais importantes durante a transmissão de más notícias:

 Recolher informações dos pacientes;


 Transmitir as informações médicas;

 Proporcionar suporte ao paciente;

 Induzir a sua colaboração no desenvolvimento de uma estratégia ou plano de tratamento


para o futuro.

Etapa 1 – S (setting up the interview)

S (setting up the interview): Planejar/ensaiar a conversa mentalmente já que é uma situação de


estresse.

Escolha um local que possibilite alguma privacidade; envolva pessoas importantes para
o paciente, se for da sua escolha, como por exemplo os familiares; procure sentar-se (isso relaxa
um pouco o paciente e demonstra que você não está com pressa) e mantenha contado com o
paciente caso seja confortável para ele (contado visual, pegar no braço no paciente, como forma
de acolhimento)

Etapa 2 – P (Perception)

P (Perception): Avaliar a percepção do paciente.

Antes de falar sobre a doença, pergunte ao paciente o que já foi dito para ele sobre sua
condição e quais as suas expectativas. Assim, você consegue entender o que se passa na cabeça
do seu paciente, corrigir possíveis ideias incorretas e moldar a notícia para a compreensão do
mesmo.

Etapa 3 – I (Invitation)

I (Invitation): Obtendo o convite do paciente.

Quando o paciente explicita a vontade de saber sobre tudo, o médico recebe o cartão
verde para falar sobre a verdadeira condição do paciente. Entretanto, quando o paciente não
deixa clara a sua vontade de saber toda a informação ou não quer saber, é válido que o médico
questione ao paciente o que ele quer saber sobre a sua doença e sobre o resultado dos seus
exames. Se o paciente não quer saber dos detalhes, se ofereça para responder a qualquer
pergunta no futuro ou para falar com um parente ou amigo.

Etapa 4 – K (Knowledge)

K (Knowledge): Dando Conhecimento e Informação ao Paciente.


Avisar ao paciente que você tem más notícias pode diminuir o choque da transmissão
dessas notícias e pode facilitar o processamento da informação. Informe ao paciente sua
condição usando um vocabulário que facilite sua compressão e demonstre compaixão. Passe as
informações aos poucos e vá avaliando o grau de entendimento do paciente.

Etapa 5 – E (Emotions)

E (Emotions): Abordar as Emoções dos Pacientes com Respostas Afetivas.

Demonstre compaixão e responda as emoções do paciente. Quando os pacientes ouvem


más notícias a reação emocional mais frequente é uma expressão de choque, isolamento e dor.
Nesta situação o médico pode oferecer apoio e solidariedade com uma resposta afetiva.

Etapa 6 – S (Strategy e Summary)

S (Strategy e Summary): Estratégia e Resumo.

Caso o paciente queira e esteja preparado, apresente as opções de tratamento e


compartilhe a responsabilidade das tomadas de decisões. Mais uma vez, não há fórmula mágica!
Para dar más notícias, devemos sempre entender o paciente, demonstrar compaixão e usar uma
comunicação acessível. Demonstrar compaixão não é dar falsas esperanças ao paciente. Caso
ele queira, seja claro ao falar do prognóstico, mas tenha em mente que sempre temos algo para
fazer por ele, mesmo que não seja a cura. Em situações onde não há tratamento curativo,
devemos oferecer conforto ao paciente e deixar isso claro para ele. O cuidado de fim de vida é
uma situação de estresse para o médico, mas deve ser dada a mesma importância que o
tratamento curativo de uma doença.

Objetivo:

Abordar sobre o protocolo Spikes que tem suma importância no cenário médico,
facilitando assim aos proficionais da saúde que tem o conhecimento sobre este regulamento
abordar assuntos delicados, pricipalmente diante de pacientes com câncer, mas seus principios
podem ser aplicados em diversos contextos da prática médica.

Material e Método:
Foi realizada uma busca pelas principais bases de dados da literatura da saúde
(Medline via Pubmed, Lilacs, Cochrane Library e Embase). Não houve qualquer
limitação para idioma ou ano de publicação. Observou-se que nenhuma das bases possui
termos específicos para o assunto, porém uma busca simples com os termos “breaking
bad news” OR “Spikes protocol” pôde levar aos resultados.

Conclusão:

Diante do exposto, pode-se considerar que o protocolo SPIKES é imprescindível para o


desenvolvimento da habilidade de comunicar más notícias, visto que prepara o
profissional da saúde de forma eficiente, no qual adquire confiança exemplificado pelo
aumento de 32% para 91%, antes e depois da experiência educacional. Além disso, o
conjunto de etapas proporciona conhecimento técnico e afetivo do manejo da situação,
fornecendo aos pacientes e seus familiares o direito de receber uma má notícia de maneira
mais acessível e humanizada.

Referência:
Peixoto, Vgmnp, R. V. Z. Diniz, and C. O. Godeiro. 2020. 'SPIKES-D: a proposal to adapt the SPIKES
protocol to deliver the diagnosis of dementia', Dement Neuropsychol, 14: 333-39.
Poei, D. M., M. N. Tang, K. M. Kwong, D. H. th Sakai, S. Y. th Choi, and J. J. Chen. 2022. 'Increasing
Medical Students' Confidence in Delivering Bad News Using Different Teaching Modalities',
Hawaii J Health Soc Welf, 81: 302-08.

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