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ESTUDO DIRIGIDO 1º

Curso: Enfermagem Período: 7º


Disciplina: IENF 311 - Semiologia e Semiotécnica da mulher, criança e adolescente.
Professor: Raphael Vicente Ignacchiti de Andrade Pimentel
Início: 09/02/2022 Final: 18/03/2022

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Caro aluno(a)!
Sou Prof. Raphael Pimentel, tenho grande satisfação em tê-lo na
Disciplina IENF311 Semiologia e Semiotécnica da Mulher, Criança e
Adolescente. Estou aqui para ser o facilitador da sua vida acadêmica, para
orientar a exercitar todo o conjunto de procedimentos que caracteriza a
profissão que escolheu. Para que isso ocorra, conte comigo para mostrar os
diversos caminhos para que você possa atingir seu objetivo primordial - SER
UM ENFERMEIRO (A)! Este será um período bastante enriquecedor, pois
além de adquirir experiência e habilidade na avaliação, no manejo e no
tratamento de pacientes na área da Enfermagem NA SAÚDE DA MULHER,
CRIANÇA E ADOLESCENTE, você terá que aplicar todos os seus
conhecimentos teóricos, bem como adquirir muitos outros por meio da
pesquisa e da leitura criteriosa das diversas modalidades de referência. O
objetivo é prepará-lo para que você possa exercer com qualidade, segurança e
satisfação profissional a carreira que escolheu. Para isso, nós TIME DA
UNIFAGOC não mediremos esforços e o conduziremos à dedicação total. No
final do período letivo você perceberá que valeu a pena e que realmente estará
preparado para ser bem sucedido no mercado de trabalho.
Duas palavras resumem este momento para você – DEDICAÇÃO e
PERSEVERANÇA! Com elas, mesmo encontrando muitas dificuldades, você
perceberá que tudo é possível quando você se dedica e acredita em tudo
aquilo que realmente pode fazer.
Olhar ampliado: mais direitos, mais saúde, menos foco nas doenças.
Ensino clínico tem por finalidade o desenvolvimento de competências
e habilidades para o cuidado à mulher, à criança e ao adolescente no processo
saúde-doença, com base nos determinantes biopsicossociais e culturais nestes
grupos, buscando-se a integralidade das ações, na perspectiva da
humanização e da defesa de direitos.
Promover o aprendizado de conceitos em semiologia e semioétecnica
da mulher, criança e adolescente, que serão úteis para a prática de
enfermagem independentemente da especialidade futura do estudante. Os
temas foram cuidadosamente escolhidos com base na prevalência das
situações em nossa população. As atividades didáticas foram planejadas para

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permitir a aquisição de novos conhecimentos, o desenvolvimento de
habilidades e competências no cuidado com pacientes e o desenvolvimento da
capacidade de renovação constante do conhecimento pelo estudante.

TALVEZ SEJA NECESSÁRIO RELEMBRAR


SOBRE A HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO
Trabalhar em uma instituição de saúde com diversos profissionais de
categorias e especialidades diferentes nos leva a pensar em um trabalho
coletivo em saúde.
 Como é trabalhar com o outro? De que maneira o trabalho do
outro interfere no meu?
 Ajuda, acrescenta ou possibilita algo?
A interdisciplinaridade é construída com conhecimentos diferentes,
olhares diferentes no nosso trabalho diário, no cotidiano, através da nossa
prática, da comunicação clara e democrática em que todos podem e devem
participar e através de parcerias. Não se trabalha mais isolado e sim integrado.
Então o outro é meu parceiro. Para isso, precisamos estar abertos a ouvir e
aprender algo novo, respeitando as diferenças, reconhecendo os limites, a
identidade e as particularidades de cada disciplina.
A interdisciplinaridade permitirá a troca de
conhecimentos diferentes e um enriquecimento dos profissionais, possibilitando
uma visão mais ampla do paciente, diante da qual poderemos oferecer uma
assistência mais qualitativa e eficaz. Na verdade, estamos
falando de uma humanização para as relações interpessoais, envolvendo
profissionais, pacientes, família e instituição. Um ambiente
de trabalho humanizado vai permitir ao profissional dar significado ao
que faz, ser reconhecido e considerado como sujeito. Um ambiente
humanizado para a criança vai favorecer o seu desenvolvimento inicial
proporcionando a integração mãe-filho, fortalecendo o vínculo afetivo e
minimizando os efeitos negativos da doença e da separação dos pais. Um
espaço humanizado para a família permite que ela possa receber as
informações sobre os procedimentos realizados com o seu filho e as
condições do seu estado de saúde, dialogar, expressar e elaborar
sentimentos.
É importante que o profissional que trabalha na equipe de saúde da
família internalize esses conceitos de forma sistematizada e cotidiana.
Esperam-se profissionais mais satisfeitos e integrados, uma redução de
conflitos, um baixo índice de infecções, diminuição do tempo de internação e
uma economia em medicamentos, impactando positivamente a atenção à
saúde. Não queremos aqui negar as dificuldades que esse
tipo de trabalho implica, mas queremos afirmar que ele é possível.

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TÍTULO

A AIDPI E A SITUAÇÃO DE SAÚDE DA CRIANÇA NO BRASIL

Neste estudo dirigido, você irá conhecer a realidade da saúde de


nossas crianças. Será apresentada a estratégia Atenção
Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) e explicada
a proposta de capacitação nessa abordagem de atenção à
criança.

A estratégia AIDPI se alicerça em três pilares básicos: o primeiro é a


capacitação de recursos humanos no nível primário de atenção, com a
consequente melhoria da qualidade da assistência prestada; o segundo é a
reorganização dos serviços de saúde, na perspectiva da AIDPI; e o último é a
educação em saúde, na família e na comunidade, de modo que haja uma
participação de todos na identificação, condução e resolução dos problemas de
saúde dessa família, especialmente os menores de 5 anos de idade.
No Brasil, a estratégia AIDPI foi adaptada às características
epidemiológicas da criança e às normas nacionais. As condutas preconizadas
pela AIDPI incorporam todas as normas do Ministério da Saúde relativas à
promoção, prevenção e tratamento dos problemas infantis mais frequentes,
como aqueles relacionados ao aleitamento materno, promoção de alimentação
saudável, crescimento e desenvolvimento, imunização, assim como o controle
dos agravos à saúde tais como: desnutrição, doenças diarréicas, infecções
respiratórias agudas e malária, entre outros. A operacionalização dessa
estratégia vem sendo efetivada principalmente pelas Equipes de Saúde da
Família (ESF) e capilarizada em todo território nacional.
A estratégia AIDPI só pode ser efetiva se a família levar a criança
doente no momento oportuno a um profissional de saúde que recebeu
capacitação adequada. Por isso, um aspecto importante da prática da atenção
integrada é recomendar às famílias ( e procurar certificar sobre a compreensão
da mensagem transmitida) quais os casos apresentados pela criança doente
que devem procurar atendimento urgente no serviço de saúde, sobre as
consultas de rotina para vacinação e controle de crescimento e
desenvolvimento, assim como aconselhamento sobre os cuidados a serem
prestados à criança em casa e sobre as medidas de prevenção e promoção da
saúde.
Nesse sentido, o trabalho já realizado em numerosos municípios
brasileiros pelo PSF e PACS é fundamental para a implantação e
implementação dessa estratégia. Um trabalho relevante que vem sendo
desenvolvido, especialmente nos últimos quatro anos, é o envolvimento de
docentes de escolas médicas e de enfermagem. Visa, principalmente, a
inserção do conteúdo programático abordados na Estratégia AIDPI nas
diversas disciplinas dos cursos da área da saúde. Muitas dessas escolas

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integram os Pólos de Capacitação do PSF, responsáveis pelos cursos dados
às suas equipes, que utilizam a estratégia AIDPI no atendimento à criança. As
fases ou etapas da implantação de AIDPI na docência são:

1. Preliminar: participação de docentes em Seminário de Sensibilização sobre


AIDPI;
2. Inicial: conta com docentes capacitados em cursos de docentes, de
facilitadores ou curso operacional;
3. Intermediária: conta com disciplinas abordando conteúdo programático de
AIDPI em cursos para alunos e internos;
4. Avançada: realiza cursos formais sistemáticos de AIDPI para alunos e
internos;
5. Ultra Avançada: desenvolve atividades de pesquisa em temas de AIDPI,
além dos cursos regulares.

A seguir, vamos tecer algumas considerações sobre a situação da


saúde de crianças menores de 5 anos, no Brasil, num contexto mais amplo,
objetivando maior compreensão e melhor eficácia no enfrentamento dos
problemas identificados.
A Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) é um dos indicadores mais
eficazes para refletir não somente aspectos da saúde de crianças, como a
qualidade de vida de uma determinada população.
Existem claras associações entre riqueza e nível de desenvolvimento
de um país ou região e suas TMI. Nas regiões pobres do mundo, onde essas
taxas são mais elevadas, a maioria das mortes infantis poderia ser evitada com
medidas simples e eficazes. Mais de 70% desses óbitos devem-se a
pneumonia, diarréia, desnutrição, malária e afecções perinatais, ou uma
associação delas.
Enfrentar os fatores condicionantes e determinantes da mortalidade
infantil tem sido um constante desafio para as autoridades brasileiras nas
últimas décadas, levando o Ministério da Saúde a intensificar, a partir de 1984,
sua atuação na promoção da saúde dos menores de 5 anos, com a criação do
Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC). Esse programa
visa a promover a saúde da criança de forma integral, dando prioridade ao
atendimento de crianças pertencentes a grupos de risco, melhorando a
qualidade do atendimento.
De acordo com o IBGE, a mortalidade das crianças menores de 1 ano é um
importante indicador da condição de vida socioeconômica de uma região. No Brasil, a
média em 2019 foi de 11,9.
A mortalidade infantil, conforme vários estudos demonstram, é um
indicador sensível às condições de vida de uma dada população. Expressa o
acesso dela a itens básicos para sua sobrevivência saudável, tais como
alimentos em quantidade e qualidade, água potável, condições de saneamento
básico e acesso facilitado a serviços de saúde, entre outros.

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 No Brasil, desde os anos 1990, tem havido queda substancial da
mortalidade infantil. Era de 47 óbitos infantis por mil nascidos vivos, um dos
piores entre as nações mais ricas, caindo para 11,9 por mil em 2019, segundo
o IBGE (Em São Paulo, nesse ano, foi de 10,9, com a menor mortalidade no
município de Guararema, de 4,6).
 Essa queda espetacular no Brasil é atribuível à redução da fome no
país, a maior acesso a água potável e saneamento básico e, segundo vários
estudos apontam, à grande expansão da Atenção Primária, através da
Estratégia de Saúde da Família, particularmente nos estados mais pobres da
federação, responsável por mais acesso a serviços de saúde para a população
brasileira.
 Os estudos apontam que um grande componente da mortalidade
infantil no Brasil é o das mortes evitáveis, ou seja, aqueles que por ações
efetivas dos serviços de saúde poderiam não ter acontecido. Em outros termos,
mortes evitáveis por ações dos serviços de saúde são eventos sentinelas de
falhas no sistema, servindo para correções de rumo com mudanças na gestão
e ou nos processos de trabalho das equipes.

Taxa de mortalidade infantil

A TMI do Brasil apresenta declínio no período de 1990 a 2015,


passando de 47,1 para 13,3 óbitos infantis por mil NV. Em 2016, observou-se
um aumento da TMI, passando para 14,0. De 2017 a 2019, voltou ao patamar
de 2015, de 13,3 óbitos por mil NV (Figura 2).

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A Região Norte também apresenta declínio na TMI no período entre
1990 e 2019, passando de 45,9 óbitos infantis por mil nascidos vivos (NV) para
16,6, respectivamente. Na Região Nordeste, o declínio foi de 75,8 para 15,2,
respectivamente. No Sudeste, o declínio foi de 32,6 para 11,9. Na Região
Centro-Oeste, o declínio foi de 34,3 para 13,0. Em todas essas regiões, houve
um pequeno aumento da TMI em 2016. Na Região Sul, o declínio foi de 28,3
para 10,2 (Figura 3).
Em anos mais recentes, de 2017 a 2019, a TMI do período se
assemelha a TMI de 2019. Assim, a TMI de 2019 do Brasil e a TMI média do
triênio para o Brasil ficou em 13,3 óbitos para cada mil NV. As Regiões Norte e
Nordeste possuem as maiores médias de TMI, com 16,9 e 15,3 óbitos para
cada mil NV, respectivamente para o período de 2017 a 2019.
As menores médias da TMI são observadas nas Regiões Sudeste e
Sul, com 11,7 e 10,1 óbitos para cada mil NV, respectivamente. Na Região
Centro-Oeste, a média da TMI se manteve constante no período, com 13,0
óbitos para cada mil NV (Figura 4).

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Considerando as UF, houve redução da TMI em todas elas no
período de 1990 a 2019. As maiores reduções foram observadas nos
estados da Região Nordeste: Alagoas (102,2 para 14,4; redução de 86%),
Pernambuco (77 para 13,0; redução de 83%), Ceará (79,5 para 13,5;
redução de 83%), Paraíba (81,9 para 15,1; redução de 82%), Rio Grande
do Norte (75,7 para 14,5; redução de 81%), Maranhão (76,6 para 16,3;
redução de 79%), Bahia (66,0 para 16,6; redução de 75%), Piauí (65,0
para 17,5; redução de 73%) e Sergipe (65,5 para 17,7; redução de 73%),
conforme apresentado na Figura 5 e na Tabela 1. Figura 4 Taxa de
Mortalidade Infantil (por mil NV).
Brasil e Regiões, 2017 a 2019 Fonte: Sinasc/SIM/Projeto de
Busca Ativa. 2017 2018 2019 Brasil TMI 0 5 10 15 20 25 13.4 13.1 13.3
média = 13.3 2017 2018 2019 Norte Ano 0 5 10 15 20 25 17.3 16.9 16.6
média = 16.9 2017 2018 2019 Nordeste 0 5 10 15 20 25 15.8 15 15.2
média = 15.3 2017 2018 2019 Sudeste TMI 0 5 10 15 20 25 11.7 11.5 11.9
média = 11.7 2017 2018 2019 Sul Ano 0 5 10 15 20 25 10.1 9.9 10.2 média
= 10.1 2017 2018 2019 Centro−Oeste 0 5 10 15 20 25 13 13 13 média = 13

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Em 1990, o Rio Grande do Sul apresentava a menor TMI enquanto que a
maior era observada em Alagoas, com 26,2 e 102,2 óbitos para cada mil
NV, respectivamente.
Em 2019, o Distrito Federal apresentava a menor TMI e o Amapá
a maior, com 8,5 e 22,9 óbitos para cada mil NV, respectivamente. Em
2019, apenas o Distrito Federal e Santa Catarina apresentavam TMI
abaixo de 10,0.

De 1990 a 2019 houve redução da TMI no Brasil e em todas as


Regiões. Em 2019, no Brasil, estima-se que ocorreram 38.619 óbitos
infantis, implicando em uma taxa de cobertura de óbito infantil de 91,4% e
uma TMI de 13,3 óbitos por mil NV, retornando ao mesmo patamar de
2015. As maiores reduções foram observadas nos estados da Região
Nordeste. Em 2019, a menor e a maior TMI foram estimadas para o Distrito
Federal e o Amapá, com 8,5 e 22,9 óbitos para cada mil NV,
respectivamente.
Em todas as Regiões, exceto a Região Sul, houve um discreto
aumento da TMI em 2016 ocasionado, provavelmente, pela epidemia de
vírus Zika, que levou à queda da natalidade e à morte de bebês com
malformações graves, e a crise econômica, que ocasionou um aumento no
número de óbitos por causas evitáveis10. Dos óbitos notificados ao SIM
em 2019, 80,3% foram investigados, variando de 55% na Bahia até 99%
no Distrito Federal.
O Brasil vem avançando na redução da mortalidade infantil, mas
ainda é preciso um grande esforço para enfrentar as diferenças regionais e
alcançar patamares mais baixos. Costuma-se classificar o valor da taxa

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como alto (50 por mil ou mais), médio (20 a 49) e baixo (menos de 20),
parâmetros esses que necessitam revisão periódica, em função de
mudanças no perfil epidemiológico. Valores abaixo de 10 por mil são
encontrados em vários países, mas deve-se considerar que taxas
reduzidas podem estar encobrindo más condições de vida em segmentos
sociais específicos.
A mobilização não somente de todas as esferas de governo, mas
de toda a sociedade e de cada cidadão é importante para consolidar essa
redução, num movimento em defesa da vida.
Nos menores de 5 anos, as principais causas de mortalidade incluem
as afecções perinatais, as infecções respiratórias, as doenças diarréicas e a
desnutrição.
É importante destacar que, nesse grupo etário, numerosos óbitos
ficam com a sua causa básica mal definida (até 49% em alguns estados do
Nordeste). Parte da diminuição observada dessa mortalidade nos últimos anos
é devida a ações simples relativas ao setor Saúde, tais como o controle pré-
natal, o estímulo ao aleitamento materno, a ampliação da cobertura
vacinal, a utilização de sais de reidratação oral (SRO), a educação
materna e, principalmente, à importante queda da fecundidade observada
no País nesses últimos 15 anos.
Outro fator importante tem sido a melhoria da condição nutricional da
população infantil, medida pelo indicador altura/idade, que definia 15,7% da
população infantil desnutrida em 1990, contra 10,5% em 1996, representando
uma redução de 30% nesse período (PNDS).

Atenção Integrada às Doenças Prevalentes Na Infância

O objetivo da estratégia AIDPI não é estabelecer um diagnóstico


específico de uma determinada doença, mas identificar sinais clínicos que
permitam a avaliação e classificação adequada do quadro e fazer uma triagem
rápida quanto a natureza da atenção requerida pela criança: encaminhamento
urgente a um hospital, tratamento ambulatorial ou orientação para cuidados e
vigilância no domicílio.
As condutas de atenção integrada descrevem como tratar crianças
doentes que chegam ao serviço de saúde no nível primário, tanto para a
primeira consulta como para uma consulta de retorno, quando se verificará se
houve melhora ou não. Embora a AIDPI não inclua todas as doenças, abrange
aquelas que são as principais causas pelas quais se leva uma criança ao
serviço de saúde.
Uma criança que retorna com problemas crônicos ou que é acometida
de doenças menos comuns, talvez necessite de atenção especial. Embora os
profissionais de saúde tenham experiência no manejo de doenças comuns da
infância e recebam capacitação específica para cada doença como, por
exemplo, infecções respiratórias agudas ou doença diarréica aguda, muitas

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vezes a capacitação não ajuda a sistematização da consulta clínica, quando a
criança apresenta vários problemas.
Com limitações de tempo e de recursos é difícil para os profissionais
de saúde identificar e tratar todos os problemas de saúde da criança ao mesmo
tempo. É preciso levar em conta que existem relações importantes entre as
doenças. Por exemplo: episódios repetidos de diarréia podem ocasionar ou
agravar a desnutrição; essa por sua vez, nas formas graves ou complicadas,
pode precipitar manifestações de xeroftalmia. O profissional de saúde pode
usar os procedimentos de atenção integrada para avaliar rapidamente todos
os sintomas e sinais que a criança apresenta, classificar o quadro e adotar a
conduta adequada. Se a criança está gravemente doente deverá ser
encaminhada para um hospital. Se a doença não é grave, poderão ser
adotadas as normas de tratamento ambulatorial ou domiciliar, orientando-se a
mãe ou o responsável pela criança quanto ao tratamento, aos cuidados que
lhes devem ser prestados no domicílio, assim como sobre os sinais indicativos
de gravidade daqueles casos que exigirão retorno imediato da criança ao
serviço de saúde para uma reavaliação.

METODOLOGIA DE ATENDIMENTO

Essa estratégia é apresentada em uma série de quadros que mostram a


sequência e a forma dos procedimentos a serem adotados pelos profissionais
de saúde. Esses quadros descrevem os seguintes passos:

1- Avaliar a criança doente de 2 meses a 5 anos de idade ou a criança de


1 semana a 2 meses de idade;
2- Classificar a doença
3- Identificar o tratamento
4- Tratar a criança
5- Aconselhar a mãe ou o acompanhante
6- Atenção à criança de 1 semana a 2 meses de idade
7- Consulta de retorno

Esses passos são provavelmente parecidos com os que você utiliza


atualmente para atender crianças doentes, ainda que possam estar
sistematizados de outros modos. O passo denominado “AVALIAR A CRIANÇA”
implica a preparação de um histórico de saúde da criança, mediante perguntas
adequadas e um exame físico completo.
“CLASSIFICAR A DOENÇA” significa determinar a gravidade da doença;
você selecionará uma categoria ou classificação para cada um dos sinais e
sintomas principais que indiquem a gravidade da doença. As classificações não
constituem um diagnóstico específico da doença, mas, ao contrário, são
categorias utilizadas para identificar o tratamento. Os Quadros de Conduta
recomendam o tratamento apropriado para cada classificação. Quando se

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usam esses procedimentos, bastará procurar a classificação no quadro para
poder “IDENTIFICAR O TRATAMENTO” da criança. Por exemplo, uma criança
que tenha uma DOENÇA FEBRIL MUITO GRAVE, pode ter meningite, malária
grave ou septicemia.
Os tratamentos indicados para DOENÇA FEBRIL MUITO GRAVE são
apropriados porque foram selecionados para cobrir as doenças mais
importantes nessa classificação, não importando quais sejam. “TRATAR”
significa proporcionar atendimento no serviço de saúde, incluindo a prescrição
de medicamentos e outros tratamentos a serem dispensados no domicílio, bem
como as recomendações às mães para realizá-los bem.
“ACONSELHAR A MÃE OU O ACOMPANHANTE” implica avaliar a forma
pela qual a criança está sendo alimentada e proceder às recomendações a
serem feitas à mãe sobre os alimentos e líquidos
que deve dar à criança, assim como instruí-la quanto ao retorno ao serviço de
saúde. A atenção integrada às crianças doentes de 2 meses a 5 anos de idade
é apresentada em três quadros intitulados:

1- Avaliar a criança doente de 2 meses a 5 anos de idade;


2- Tratar a criança;
3- Aconselhar a mãe ou o acompanhante;
4- Atenção à criança de 1 semana a 2 meses de idade é um pouco
diferente daquela que é dada a crianças de mais idade e é descrita em
um quadro intitulado avaliar, classificar e tratar a criança de 1 semana a
2 meses de idade.

FIXAÇÃO BILINGUE

The IMCI approach using CHWs is an effective strategy to address the issues related
to child morbidity and mortality in developing countries, especially in Rwanda.
CHWs have an important role to play in health promotion, disease
prevention, basic curative care and referrals, monitoring of health indicators,
as well as creating vital linkages between community and formal health
systems. They provide case management for sick children with acute
respiratory infections, diarrhea, measles, malaria, and malnutrition.
However, for CHWs to function using the IMCI approach, institutional support is
vital. All CHWs who use the IMCI approach requires support, supplies, and
supervision from facility-based services to succeed. This study explored the
institutional support for CHW Binomes using IMCI at Huye and found that there
was a lack of supportive supervision, insufficient CHWs’ training, and poor
knowledge of IMCI. These aspects could all be attended to through strengthened
supervision, training and addressing the issue of running out of supplies, drugs, and
equipment. The findings of this study will contribute to improving health care

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delivery by CHWs using case management to childhood illness with a result
to reduce the mortality rate. They will also generate evidence on which health
care providers and policymakers can develop new alternatives to improve the
quality of care and also provide necessary information to nursing educators when
developing and implementing their curricula. Findings from this study
contribute with baseline data to support further investigations on the subject
to provide more and new insight concerning community health. Documented
evidence needs more focused institutional support for community health
workers who use the IMCI approach. We recommend the supportive
supervision of CHW Binomes. Supervisors may not have a clear understanding of
their role, thus a further qualitative study is recommended to explore their
perceptions of supportive supervision. Training of supervisors is needed to
provide supportive supervision. It is essential that all supervisors have clear
job descriptions and their performance needs to be evaluated on an ongoing
basis. All supervisors need to be held accountable for the supportive
supervision they provide to CHW Binomes. It is also recommended to
strengthen the institutional support to CHWs through regular provision of
drugs, supplies, and equipment, as well as developing strategies to prevent
and/or address the run out of drugs, supplies, and equipment. Because there is
poor knowledge of IMCI among the CHW Binomes in the Huye district it is
essential for further training to take place. It may be necessary for all CHW
Binomes to complete a full IMCI training course again to ensure a basic level
of knowledge and skills in the use of IMCI for the management of sick children.
Refresher training needs to be undertaken regularly and it is recommended
that one day a month would be useful to keep the CHW Binomes updated
on IMCI. Further training on malaria, especially as this is the most common cause of
death in children under five years old in Rwanda, would be beneficial. This should
include techniques of testing for malaria and the interpretation of results.

Institutional support to community health workers using integrated management


of childhood illness program in Rwanda

https://revistas.ufg.br/fen/article/view/61603/37708

PARA APRENDER MAIS AIDP – Doenças Prevalentes na Infância


Assista a aula da Professora Fernanda Gonçalves e aprenda sobre o tema
AIDPI - Doenças Prevalentes na Infância. Esse tema é muito cobrado nas
provas de Enfermagem, principalmente nas provas da ESA SAÚDE e EAGS
SEF.
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=mAA6mm-npLY&ab_channel=IdealCursosOnline

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DEFINIÇÕES E GLOSSÁRIO

Ácidos graxos essenciais: Gorduras que são necessárias para o


desenvolvimento da visão e do sistema nervoso central da criança. Esses
ácidos não estão presentes no leite de vaca e na maior parte dos leites
preparados para crianças.

Alimentação ativa: Encorajar a criança para que ela se alimente sozinha ou


sente-se com ela, levando-lhe a colher à boca.

Alto conteúdo energético: Alimentos ricos em energia (ou calorias), como os


amidos ou óleo.

Amamentação exclusiva: É quando a criança recebe apenas leite materno,


sem nenhum outro tipo de alimento, água ou outros líquidos (com exceção dos
remédios e vitaminas, caso necessário).

Avaliação da alimentação: É o processo de averiguar, durante a consulta,


qual é a alimentação que a criança recebe quando for recomendado (o quadro
aconselhar a mãe ou o acompanhante indica as perguntas que devem ser
feitas).

Avaliar: Comparar os sintomas apresentados pela criança com um


determinado quadro de referência. Neste curso significa examinar a criança e
identificar os sinais e sintomas da doença.

Baixo peso ao nascer: As crianças que nascem com menos de 2.500 gramas
são consideradas como baixo peso, seja devido ao insuficiente crescimento no
útero ou porque a criança é prematura (nascida antes de 37 semanas de
gestação).

Alimentos de transição ou alimentos complementares: São alimentos


administrados à criança que está sendo amamentada, a partir dos 6 meses de
idade. Toda criança a partir dos 6 meses de idade deve receber alimentos
complementares pastosos e nutritivos, como cereal misturado com azeite e
pedacinhos de carne, verduras ou peixes. Esses alimentos eram,
anteriormente, denominados “alimentos de desmame”.

Bebe muito mal: A criança bebe muito pouca quantidade de líquidos, segundo
a mãe. No contexto deste curso, sugere incapacidade para beber.

Capacidade de comunicação: Técnicas utilizadas para ensinar e recomendar


à mãe, como: perguntar e escutar, elogiar, recomendar e verificar se foi
entendido o que se explicou.

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Classificação grave: Doença muito grave que requer atenção urgente e indica
a necessidade de referir o paciente a um hospital para internação. As
classificações de doenças graves aparecem nas faixas vermelhas no quadro
de AVALIAR E CLASSIFICAR.

Classificar: Significa selecionar uma categoria considerando a gravidade da


doença baseando-se nos sinais e sintomas apresentados pela criança.
Classificar não é fazer um diagnóstico.

Consulta de retorno: Uma visita de retorno ao serviço de saúde solicitada


pelo profissional de saúde para reavaliar a criança, ou seja, certificar se o
tratamento está fazendo efeito ou se é necessário tratamento adicional ou
encaminhamento da criança ao hospital.

Doença: Doença ou grupo de doenças específicas, classificadas segundo


sinais e sintomas. Por exemplo, DOENÇA FEBRIL MUITO GRAVE: essa
classificação inclui várias doenças, como meningite, malária cerebral e
septicemia.

Enfermidade: Conjunto de sinais e sintomas de doenças que precisam ser


avaliados e classificados para eleger o tratamento.

Estado nutricional: Condição de nutrição da criança. Neste curso, a


desnutrição clínica é considerada se a criança apresenta sinais de edema
bilateral de dorso de pés, emagrecimento acentuado ou ambos (classificada
como desnutrição grave). As crianças com déficit de peso para a idade
classificada como peso muito baixo, peso baixo ou ganho insuficiente são
consideradas como portadoras de déficit de crescimento e, indiretamente,
dependendo da história alimentar e socioeconômica, como forma não clínica de
desnutrição.

Febre: No contexto deste curso, febre abrange: uma história de febre (como
informado pela mãe); quando ao tocar a criança nota-se que ela está quente;
que a temperatura axilar é igual ou superior a 37,5ºC ou a temperatura retal
superior a 38ºC.

Fórmulas infantis: São fórmulas de dietas lácteas preparadas especialmente


para crianças menores de 1 ano de idade.

Ganho insuficiente de peso: Quando o sentido da curva de peso está


estacionário ou descendente.

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Hipotermia: Temperatura do corpo abaixo do normal (menos de 35,5ºC axilar
ou menos de 36ºC, temperatura retal).

Hospital: Qualquer instalação de saúde com leitos e insumos para atender os


pacientes internados, onde existem profissionais com experiência para tratar
crianças gravemente doentes.

Atenção integrada: Visão conjunta do atendimento às doenças nos diferentes


aspectos da promoção, prevenção e tratamento. A AIDPI complementa o
Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC/MS) que inclui as
cinco ações básicas de saúde.

Nascido a termo: Criança nascida a partir da 37.ª semana de gestação.

Paciente internado: Paciente que se encontra hospitalizado e recebe


tratamento médico, alimentação e outros cuidados necessários.

Paciente externo: Paciente que é atendido em serviços ambulatoriais de


hospitais, centros, postos de saúde ou outros serviços de atenção primária.

Serviços de saúde do primeiro nível de atenção: São locais como, por


exemplo, um centro de saúde, posto rural de saúde ou o ambulatório externo
de um hospital, onde as pessoas procuram, no início da doença atual, a
atenção básica dentro do sistema de saúde.

Perguntas de verificação: Perguntas para averiguar a compreensão das


pessoas e determinar se necessitam de explicações mais detalhadas. Por
exemplo, depois de ensinar a uma mãe a forma de alimentação apropriada, o
profissional de saúde deve perguntar-lhe: “Que alimentos dará ao seu filho?”

Prematuro: Criança que nasce antes da 37.ª semana de gestação.

Primeira consulta: A primeira visita que se faz a um serviço de saúde por


causa da doença ou problema de saúde atual.

Problemas de alimentação: Diferença entre a alimentação real da criança e


as recomendações que são proporcionadas no quadro aconselhar a mãe ou o
acompanhante, assim como outros problemas, como, por exemplo, a
dificuldade para amamentar, o uso de mamadeira, falta de alimentação ativa e
o que a criança não come bem durante uma doença.

Profissional de saúde: Pessoa responsável pelo atendimento da criança no


primeiro nível de atenção dos serviços de saúde.

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Reavaliação: Reexaminar uma criança para verificar se apresenta sinais de
alguma doença específica, se ela está melhorando, se o estado está inalterado
ou se apresenta piora do quadro.

Reavaliação total: Executar na totalidade o procedimento do quadro avaliar e


classificar, para ver se há melhora do quadro, bem como verificar a existência
de novos problemas e classificálos.

Recomendar: Ensinar ou aconselhar a mãe em um contexto que inclui: fazer


perguntas, escutar as respostas da mãe, orientar e dar conselhos pertinentes,
assim como ajudá-la a resolver os problemas e verificar se ela entende o que
lhe foi explicado.

Relactação: Recomeçar a amamentar e voltar a produzir leite, depois de ter


deixado de amamentar por um curto período de tempo.

Sem risco de malária: Locais onde não há casos autóctones de malária.

Sinais: Evidências físicas de que existe um problema de saúde. O profissional


de saúde procura essas evidências observando, auscultando ou palpando o
paciente. Como exemplos de sinais, podemos citar a respiração rápida, a
tiragem subcostal acentuada, os olhos fundos, a rigidez de nuca e a secreção
purulenta no ouvido.

Sintomas: Problemas de saúde que a mãe mencione, como tosse, diarréia e


dor de ouvido.

Sintomas principais: Aqueles sobre os quais o profissional de saúde deve


perguntar à mãe, quando está avaliando a criança. Os quatro sintomas
principais que aparecem no quadro de avaliar e classificar são os seguintes:
tosse ou dificuldade para respirar, diarréia, febre e problema de ouvido.

Produtos lácteos comercializados para alimentação da criança: Leite de


vaca ou leite em pó (incluindo o de soja) ou outras fórmulas infantis.

Referência: Referir o paciente para uma avaliação mais completa e tratamento


adequado em unidade de saúde de maior complexidade.

REFERÊNCIA(S) BIBLIOGRÁFICA(S)

1 - Duarte CMR. Reflexos das políticas de saúde sobre as tendências da


mortalidade infantil no Brasil: revisão da literatura sobre a última década.
Cadernos de Saúde Pública. 2007; v. 23, n. 7, p. 1511-1528.

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3. Faria R, Santana P. Variações espaciais e desigualdades regionais no
indicador de mortalidade infantil do estado de Minas Gerais, Brasil. Saúde Soc.
2016, v. 25, n. 3, p. 736-749.
4. Aquino R, Oliveira NF, Barreto ML. Impact of the Family Health Program on
Infant Mortality in Brazilian Municipalities. Am J Public Health. 2008; 99: p. 87-
93.
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Desigualdades em saúde: condições de vida e mortalidade infantil em região
do Nordeste do Brasil. Rev Saúde Pública 2015;49:5.
6. Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n. º 72, de 11 de
janeiro de 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2010/prt0072_11_01_2010.html.
7. Szwarcwald CL, Morais Neto OL, Frias PG, Souza Junior PRB, Escalante
JJC, Lima RB et al. Busca ativa de óbitos e nascimentos no Nordeste e na
Amazônia Legal: Estimação da mortalidade infantil nos municípios brasileiros.
In: Saúde Brasil 2010 Uma análise da situação de saúde e de evidências
selecionadas de impacto de ações de vigilância em saúde. 1. ed. Brasília:
Ministério da Saúde, 2011 [acesso em 3 Ago. 2021]. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/saude_brasil_2010.pdf.
8. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de
Atenção à Saúde. Manual de vigilância do óbito infantil e fetal e do Comitê de
Prevenção do Óbito Infantil e Fetal. Ministério da Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. 2. ed. Brasília: Ministério
da Saúde, 2009. p. 27. Disponível em: https://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_obito_ infantil_fetal_2ed.pdf

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