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A aprovação da lei da eutanásia, que define as regras para a morte medicamente assistida, foi
um processo longo e complexo. Neste artigo, explicamos a lei da eutanásia.
Por sua vez, a eutanásia consiste na toma de fármacos letais, mas administrados “pelo
médico ou profissional de saúde devidamente habilitado para o efeito”.
A lei prefere o primeiro método. De acordo com o Artigo 3.º, a eutanásia só poderá ocorrer
quando “o suicídio medicamente assistido for impossível por incapacidade física do doente”.
Ao longo do processo — em que o doente, a qualquer momento, tem o direito a revogar a sua
decisão — são consultados vários especialistas. Estes responsáveis irão confirmar, nas várias
etapas, se o doente reúne as condições exigidas pela lei para se concretizar a morte
medicamente assistida. Caso um dos pareceres não seja favorável, o processo deve, nesse
momento, ser cancelado e encerrado. O doente pode, ainda assim, iniciar um novo pedido.
O primeiro passo para a realização da morte medicamente assistida (não punível) é a abertura
do procedimento clínico. O doente deve entregar um documento escrito, datado e assinado
por si ou pela pessoa por si designada, ao profissional de saúde seleccionado para ser o seu
médico orientador. Segundo a lei, será o médico orientador a coordenar toda a informação e
assistência ao doente, sendo o seu principal interlocutor.
Se o profissional concluir que o doente reúne os critérios necessários, deverá prestar-lhe toda
a informação e esclarecimentos sobre a sua situação clínica, assim como os tratamentos
“aplicáveis, viáveis e disponíveis”, incluindo na área dos cuidados paliativos, para a sua
condição. Este médico fica ainda responsável por verificar se o doente reitera a sua vontade.
A confirmação deverá ficar registada por escrito.
2. Médico especialista
O processo segue depois para um médico especialista na patologia que afeta o doente. O seu
parecer, que deve ser entregue no prazo de 15 dias, confirma se estão reunidos os requisitos
para a realização da morte medicamente assistida.
Os pareceres de cada um dos especialistas integram o Registo Clínico Especial (RCE). Caso
se conclua que o processo pode avançar, é remetido para a Comissão de Verificação e
Avaliação dos Procedimentos Clínicos de Morte Medicamente Assistida (CVA). Esta
comissão analisa o processo e, no caso de dúvidas, convoca os profissionais de saúde para
prestarem declarações.
5. Parecer positivo
Se o parecer desta comissão for positivo, o médico orientador informa o doente. Nesse
momento estabelecem-se “o dia, a hora, o local e o método a utilizar para a prática da morte
medicamente assistida”.
Todos os passos do processo têm de ficar registados por escrito, com a assinatura do doente.
Se este não conseguir escrever ou assinar, é substituído por “pessoa da sua confiança, por si
designada apenas para esse efeito”, sendo-lhe reconhecida a assinatura. No entanto, diz a lei,
esta pessoa “não pode vir a obter benefício direto ou indireto da morte do doente,
nomeadamente vantagem patrimonial, nem ter interesse sucessório.” O processo é
interrompido se o doente ficar inconsciente antes da data marcada para a morte medicamente
assistida.
Qual o local da morte medicamente assistida?
O doente escolhe o local, indica o Artigo 14.º. Este poderá optar por estabelecimentos do
Serviço Nacional de Saúde ou dos setores privado e social (desde que devidamente
licenciados, autorizados e equipados), bem como noutro sítio indicado por si. Nesse caso, é o
médico orientador o responsável por garantir que o local escolhido reúne as “condições
clínicas e de conforto adequadas”.
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