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Bebinca: O doce das dez camadas que une

Portugal e Índia pede-nos amor e


perseverança
Esta é uma receita familiar, confecionada no âmbito doméstico e aqui partilhada. Produzir
uma Bebinca é, mais do que uma prova à nossa resistência culinária, um ato de cultura e
amor. É com Cláudia Viegas com raízes familiares na Índia que nos preparamos para oito
horas de labor em torno da Bebinca. No final uma sobremesa construída camada a camada.

Quem lhe toma o gosto pela primeira vez, encontra-lhe na diferença uma estranha
familiaridade. Nunca antes a provámos, mas deixa-nos no palato um travo amigo e de
proximidade. A Bebinca nasceu longe, na geografia e no tempo, nas margens do Índico, das
permutas históricas entre a Europa e a Ásia, mais concretamente entre Portugal e as gentes
dos territórios de Goa, Damão e Diu, atualmente integrantes da Índia.

Uma sobremesa da culinária indo-portuguesa a que facilmente nos afeiçoamos porque não
lhe estranhamos os ingredientes, abundantes nos ovos e no açúcar e na farinha. Junta-lhes no
elenco o exotismo do leite de coco e a mistura de especiarias, com a presença da canela, da
noz-moscada e do cardamomo.

Adiciona a Bebinca à formula um ingrediente que nenhum baú de caravela transportou e que
só o labor do tempo e dos laços cria, a fraternidade familiar. Esta é uma receita que passa de
mãos em mãos dentro da família. Nos laços entre gerações.
Produzir uma Bebinca no forno doméstico é, também, um ato de perseverança. Não é à toa
que estamos perante o doce entre sete a dez camadas, podendo chegar às 16. Cada uma
laborada à vez, horas a fio de atenção e rigor na fórmula de confeção.

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Neste caso acompanhamos Cláudia Viegas na produção deste Bebinca de saber e sabor
caseiro. Cláudia, docente de profissão, recebeu da família com antepassados na Índia, a
receita que aqui nos apresenta.

Mais de oito horas de trabalho culinário para um resultado final que nunca nos deixa
indiferentes. Ainda quente, um aroma bem marcado às especiarias, tom dourado, textura
firme mas sem oferecer resistência à faca. Uma maciez quase de pudim ou de um requeijão
firme.

Já no prato, podemos comparar o corte transversal, camada sobre camada, aos vestígios
arqueológicos, aqui representados em substratos que levaram 25 minutos a assar.

Mãos-à-obra na preparação da nossa Bebinca

É pela mão de Cláudia Viegas que entramos na cozinha para preparar esta Bebinca.
Comecemos pelos ingredientes. Vamos usar 20 gemas (guarde as claras para uso posterior),
1 Kg de açúcar, 1200 ml de leite de coco (3 latas de 400 ml), 750 ml de água, 250 g de
farinha.

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