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BALSAS – MARANHÃO
2024
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FACULESTE – FACULDADE DO LESTE MINEIRO
JOSÉ CARLOS DE CARVALHO DO NASCIMENTO
BALSAS – MARANHÃO
2024
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ASPECTOS DA CONTEMPORANEIDADE DA COZINHA BRASILEIRA.
RESUMO
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Introdução
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Desenvolvimento
Ao final do século XVIII, SAVARIN (1995, pág. 61), em seu livro a Fisiologia do
Gosto, conceituou Gastronomia como sendo: “... o conhecimento fundamentado de
tudo o que se refere ao homem, na medida em que ele se alimenta.” Deste modo o
objetivo da gastronomia é o de zelar pela conservação do homem através da sua
alimentação. Em todas as épocas da humanidade, o homem não apenas procurou
meios e modos de sobreviver ou apenas preservar a sua saúde física, buscou da
mesma forma, a sanidade mental. Muito embora o citado conceito2, tenha sido criado
no início da era contemporânea da história da humanidade, período de grande
efervescência social, política e de mudanças culturais, trata-se de uma definição
elaborada no período moderno da gastronomia, que ao final, muito bem vem retratar
as fundações da Gastronomia Contemporânea Brasileira, pois, para SAVARIN (1995,
pág. 65) a gastronomia atinge seu objetivo “... dirigindo, mediante princípios seguros,
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Alguns aspectos de caráter simbólico.
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Conceituação dada por Brillat Savarin
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todos os que pesquisam, fornecem ou preparam as coisas que podem se converter
em alimentos.”
Segundo FRANDIN (2020 pág. 757 e 758) “... a Revolução, permite que a alta
cozinha abandone a corte.” Referindo-se aos chefs de cozinhas que foram forçados,
a época da Revolução Francesa, pelo desemprego, a estabelecerem-se por conta
própria e ao consequente aumento do número de restaurantes em Paris: “Em Paris, é
possível contar 100 restaurantes para cada livraria.”
Sobre a formação da cozinha brasileira DÓRIA (2022 pág. 22) cita “Alguns
autores, como Câmara Cascudo6, entendem que entre os séculos 16 e 18 um
substrato comum se estabilizou, formando um “gosto” nacional que ele chama de
“cozinha brasileira”. O autor salienta que esse gosto, anteriormente citado, foi
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DaMATTA, Roberto. Sobre o simbolismo da comida no Brasil. Correio da Unesco, ano 15, n.7, julho.
1987.
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“Tudo e qualquer tema de interesse contemporâneo nos remete hoje à alimentação.” CRUZ,
MATTE, SCHNEIDER (2016. pág. 95)
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POULAIN, J.P. Sociologia da alimentação: os comedores e o espaço social alimentar.
Tradução de Rossana Pacheco da Costa Proença. Carmen Sílvia Rial e Jaimir Conte. 2.ed.
Florianópolis; UFSC, 2013.
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Luís da Câmara Cascudo. HISTÓRIA DA ALIMENTAÇÃO NO BRASIL.
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constituído pela miscigenação entre as culinárias indígena, portuguesa 7 e a culinária
africana, o que chamou de culinária brasileira, sofre, ao longo dos séculos 19 e 20 um
afrancesamento.
FRANDRIN (2020 pág. 752), através da pergunta: ... onde é que na Europa
dessa época, seria possível tomar uma refeição fora de casa? comenta sobre o
nascimento do restaurante moderno na França ao final do século XVIII e cita:
“Essencialmente, nos estabelecimentos que vendiam bebidas alcoólicas e que
propunham pratos simples e baratos – preparados no próprio local ou fornecidos por
uma estalagem ou boutique de alimentação vizinha – além de vinho, objeto principal
para o seu comércio.”
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A culinária portuguesa que aportou ao Brasil na verdade representa a culinária europeia, uma vez
que já recebera influência de outros país e culturas.
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Segundo FREIXA (2017 pág.213: “Com a abertura dos Portos, a elite usufrui de novos produtos
alimentícios e de grande requinte com influência francesa marcante. Mas a alimentação popular, nas
zonas rurais, não mudou muito em relação ao Brasil-Colônia.”
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MACIEL (2004 apud SAVATI, 2009) esclarece a estruturação conceitual das chamadas “cozinhas
como formas culturalmente estabelecidas, codificadas e reconhecidas de alimentar-se” e “uma cozinha
faz parte de um sistema alimentar - ou seja, de um conjunto de elementos, produtos, técnicas, hábitos
e comportamentos relativos à alimentação -, o qual inclui a culinária, que refere-se às maneiras de fazer
o alimento transformando-o em comida”,
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Com a Proclamação da República a política brasileira volta-se à
industrialização do País, apoiada fortemente pela cafeicultura. São criadas Metrópoles
e Parques Industriais, gerando um grande movimento populacional e de circulação de
pessoas oriundas de todos os pontos do país e do mundo. Registra-se o surgimento
de duas classes sociais importantes, a Classe Trabalhadora e a Classe Média,
resultando no surgimento de um mercado consumidor importante e com muitas
peculiaridades. Segundo DÓRIA (2022 pág. 23) “... é preciso notar que a culinária
moderna de qualquer povo submetido às várias formas de dominação logo se divide
em duas ementas: a popular e a das elites.” De acordo com FRANDIN (2020 pág.
759)” No final do século XIX começa a desenhar-se uma segunda revolução na arte
de comer fora de casa. Ela está associada ao desenvolvimento dos transportes
rápidos e do turismo de luxo.”
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Capital culinário pode ser definido como um conjunto de práticas, conhecimentos, ideologias e representações
sobre alimentação, comida e comer que são utilizados em determinados contextos, para desafiar valores e
ideologias prevalecentes, ou para indicar posicionamentos sociais, econômicos e culturais, que fornecem, nessas
circunstâncias, um sentido de identidade.
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conhecimento histórico. Falta-nos o conceito que unifique a coleção de receitas ou
pratos rememorados, obrigando-nos a esse exercício de exemplificação.” Uma das
características da contemporaneidade da cozinha brasileira encontra-se na arte de
combinar11, de um lado, e de “associar”12, do outro, o classicismo das diversas
cozinhas com adoção de novos conceitos culinários e inovações tecnológicas. Alguns
restaurantes já buscam, na produção ou criação de um prato novo, associar e/ou
combinar técnicas, culturas e ingredientes diferentes; trata-se do conceito de Fusion
Cuisine (inglês); Cuisine fusion (francês); Cozinha de Fusão ou Cozinha Integrativa
(Brasil).
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Combinar nos traz o sentido de harmonizar
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Misturar com o sentido de compor e estruturar
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WEBER-LAMDERDIÉRE, M. As revoluções de Ferrán Adrià: o chef de cozinha que transformou a culinária em
arte. Tradução Luciane Ferreira. Porto Alegre: Editora L & PM editores, 2008.
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No entanto os diferentes modelos de inovações, inclusive a tecnológica, que
muito tem influenciando na contemporaneidade da cozinha brasileira motiva a sua
renovação conceitual. O fato é que a gastronomia contemporânea brasileira tem por
característica ser intensamente dinâmica e renovadora. Para DÓRIA (2022 pág. 218)
“Renovar a cozinha brasileira depende da capacidade de coloca-la, através de
múltiplos expedientes, no centro das atenções e esperanças daqueles que buscam
no ato de comer uma atividade lúdica.” Acreditamos que seja esse o mais adequado
caminho para um bom entendimento do que vem a ser, e o que representa a
contemporaneidade da cozinha brasileira.
Os atuais brasileiros, assim como tudo o que lhes constitui o gosto pelo o que
comem, buscam no cotidiano da cozinha, além da renovação da beleza do cozinhar
através dos sotaques da terra, sobre tudo um reencantamento da culinária brasileira.
Com um jeitinho brasileiro, chegamos até a adotar o conceito de “cuisine du terroir”
dos franceses, uma vez que não deixamos de mesclar em nossa gastronomia, as
bases históricas de diversas cozinhas com as consequentes inovações, porém,
mantendo e recuperando em novos pratos e preparações, as influências culturais e a
diversidade regional que compõe a culinária contemporânea brasileira.
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Comentando sobre a influência e consequências do cosmopolitismo da culinária em
São Paulo, DÓRIA (2022) chama a atenção para um importante fato:
Fundamentos
Estilos Característica
É cozinha brasileira sem grandes “Manutenção das tradições e das raízes da
Estilo Naïf
inovações”, a comida “é como sempre cozinha brasileira.
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foi ... ou ... é assim como sempre se
comeu no Brasil”
Resgate cultural da culinária “A modernidade tem destruído formas de
Estilo
brasileira. “combina o tradicional com comer que tradicionalmente respondem
Etnográfico
o erudito sobre a culinária do país.” pela individualidade da cozinha brasileira.”
Apresenta cozinha brasileira através “O intuito é apresentar, de modo
Estilo uma atividade figurativa e estilizada exemplificado, uma realidade brasileira
Alegórico que não é aquela vivenciada
cotidianamente pela clientela.”
Representa uma “ruptura com a Exibir técnicas modernas da cozinha
Estilo
forma tradicional a qual são tratados nacional.
Experimental
os ingredientes brasileiros.
Remete a uma cozinha generosa de Optado por um cardápio brasileiro
Estilo
fazenda ou dominical, de grande tradicional, mas não “popular, enraizado no
Juscelinista
legibilidade a mesa burguesa gosto das elites nacionais.
Fonte adaptada de DÓRIA (2022.pág 222 -225).
Conclusão
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, L.; MADI, L.; TOLEDO, M.A: REGO & R.A. AS TENDÊNCIAS DA
ALIMENTAÇÃO. Instituto de tecnologia de Alimentação – ITAL, 2020. Disponível
em:
https://aditivosingredientes.com/upload_arquivos/201604/2016040847305001460571
267.pdf Consultado em 12/12/2023 ás 08:45
MELLO, Suellen Ruchane Ribeiro de; PEREIRA, Sueli de Fátima; SILVA, Janaína
Cardoso da; BASTOS, Gabriel Gomes. GASTRONOMIA CONTEMPORÂNEA:
contraste de temperatura e inclusão de PANC. Disponível em:
https://seer.uniacademia.edu.br/index.php/revistadegastronomia/article/viewFile/188
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7/1227#:~:text=A%20gastronomia%20contempor%C3%A2nea%20se%20refere,4%2
04%20LAMDERDI%C3%89RE%2C%202008). Consultado em: 21/12/2023 ás
11:33min.
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