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DA GASTRONOMIA
PROF. WILLIAM MAXIMO
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
“
A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que está inserida.
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salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a
emissão de conceitos.
ANTROPOLOGIA DA GASTRONOMIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
O alimento tem um poder que vai além de saciar a fome dos seres humanos,
proporciona o convívio (desde o passado para adquirir sua fonte de sobrevivência o
homem percebeu que se estivesse em grupo teria mais êxito). Caçar, pescar, cultivar
em grupo fez o homem conviver com os demais e assim estabelecer as regras sociais
e, principalmente, criar a cultura, os usos e costumes sociais que fizeram as tribos
evoluírem e nos levar até onde estamos agora.
Todos esses fatores definem a palavra antropologia que tem sua origem na Grécia
antiga e seu significado é: Antropo que significa homem e logia que significa estudo.
Essa ciência estuda, principalmente, os costumes, crenças, hábitos e aspectos físicos
dos diferentes povos que habitaram e habitam o planeta. Portanto, os antropólogos
estudam a diversidade cultural dos povos em todos os seus pontos e nós vamos
além observando os fatores que determinaram o patamar em que a gastronomia
atual se encontra.
Alimentação não é apenas forma de sobrevivência, ela vai além. Definindo como um
ato cultural local que acaba se interligando de forma global com a maneira que agimos
na produção de nossas receitas. Uma família que transmite uma receita de comida
de geração para geração está exercendo a função de difundir a cultura alimentar em
sua região.
Existem pratos e preparações que às vezes levam horas ou até mesmo dias para
serem elaborados e necessitam que várias pessoas estejam envolvidas no processo
de produção, assim estas pessoas trocam sensações emocionais e culturais e ao
final terminam celebrando no entorno de uma mesa.
No Brasil tema da nossa disciplina existe uma carga cultural gastronômica muito
grande. Primeiro temos os nativos que já habitavam aqui muito antes dos colonizadores
chegarem, aplicavam suas técnicas gastronômicas e o uso dos alimentos locais.
Posteriormente, com a chegada dos portugueses e espanhóis entre outros, trouxeram
sua gastronomia e produtos da Europa que não existiam no Brasil. Desta forma, grande
miscigenação foi produzida, diria que todos esses elementos foram jogados dentro
de uma mesma panela e cozidos até o ponto em que formaram o que hoje define a
nossa culinária.
AULA 1
[ORIGEM DA GASTRONOMIA
BRASILEIRA]
gastronômicos europeus.
Mas, o que muita gente não sabe, é que o brigadeiro foi inventado em uma
situação bem inusitada. Em 1946, durante a campanha presidencial, um grupo
de mulheres em São Paulo começou a preparar esse doce para favorecer a
campanha do brigadeiro Eduardo Gomes. Pois é, foi justamente por conta
disso que o brigadeiro recebeu esse nome. Interessante, né? Desde então,
ele foi se popularizando no Brasil todo e, hoje, é uma das comidas nacionais
mais famosas e consumidas por aqui.
Fonte: Conquiste sua vida
Dsponível em: https://www.conquistesuavida.com.br/noticia/as-curiosidades-
sobre-a-comida-brasileira-que-valem-a-pena-conhecer_a10685/1
Usar as panelas, fornos de barro para fazer farinha de mandioca, beijus e bebidas
eram uma ocupação feminina dentro as tribos indígenas.
Com o inicio da colonização, onde a principal atividade econômica era a produção
e exportação do açúcar, muitos portugueses vieram com a sua família em definitivo,
trazendo bois, vacas, touros, ovelhas, cabras, variedades de frutas e legumes e
também comemorações como: Natal, São João, Quaresma e Carnaval, tornando o
ambiente familiar.
Foi pelas mãos das mulheres portuguesas que os índios conheceram o açúcar e
que se tornou diário na alimentação. Os pratos doces eram os mais associados à
ideia de passatempo de que a ideia de sustento.
Como o açúcar era fácil nos engenhos, muitas sobremesas nasceram aqui. Faziam
variados tipos de doces de frutas tropicais como: marmeladas, caju, banana e goiaba.
Essa mudança também ia se incorporando à rotina dos negros africanos.
Com o aumento da extração de ouro e o desenvolvimento das imediações das
minas e postos de cobrança portugueses, as pessoas começaram a adaptar sua
culinária de acordo com as novas possibilidades alimentares e consequentemente
começaram a criar a identidade da cozinha brasileira.
A chegada da corte portuguesa trouxe a adaptação do cardápio português
aos produtos nativos e a introdução de novos ingredientes na culinária brasileira.
Paralelamente o consumo de bebidas crescia, e também sofria influências de todos
os povos que chegavam ao país, desde os vinhos portugueses até o chá das classes
dominantes vindas da Europa ao final do século XIX.
Em 1850 o tráfico de escravos foi proibido e o incentivo pela vinda de europeus para
as lavouras cafeeiras foi a solução encontrada. Além da mão de obra os imigrantes
trouxeram seus costumes alimentares, fazendo da cozinha brasileira um mix de
influência portuguesa, indígena, francesa, inglesa, espanhola, japonesa, alemã e italiana
contribuindo o enriquecimento da nossa gastronomia.
Apesar dessas influências estrangeiras, a base alimentar do brasileiro continuava
sendo composta pelo feijão, mandioca, batata, milho, arroz, carne seca, peixe, pimenta,
farinha de mandioca e frutas como banana e laranja.
Neste período o feijão já era considerado o alimento típico dos brasileiros que
o consumiam com acrescentavam no seu cozimento a carne seca e toucinho
acompanhado pela farinha de mandioca transformando-se um prato indispensável
na mesa do rico e a única iguaria na mesa do pobre.
Desta forma, surgiu o mais famoso prato nacional, a feijoada que posteriormente com
o acréscimo de verduras, legumes, outras variedades de carnes e acompanhamentos
tornou a feijoada completa servindo em vários países.
Enquanto a cozinha sofria transformações, a arte de servir não teve muitas mudanças.
O uso de toalha não era comum no dia a dia e todas as comidas e bebidas eram
colocadas nas mesas para que cada um se servisse, diferentemente do serviço de
mesas utilizadas nos países europeus.
O uso de talheres também não era muito frequente e a sua utilização era guardasse
somente para festas e banquetes importantes até mesmo na residência real.
A partir da cultura cafeeira que esse retrato mudou.
O dinheiro proveniente do café impulsionou a industrialização e permitiu, entre outras
coisas, a chegada do fogão a gás, a mudança de panelas de barro para panelas de
alumínio e água encanada.
Com o fim da escravidão, a mulher do início do século XX se deparou com uma
cozinha dentro de casa, sem escravos para cozinhar as refeições diárias.
Nesse momento, as indústrias alimentícias começam a evoluir no país. Com elas,
as propagandas de preparo de alimentos também: ingredientes mais simples e tempo
reduzido para cozinhar foram fatores que ganharam força.
Após a Segunda Guerra Mundial, a industrialização crescente no Brasil levou ao
crescimento da produção e venda de eletrodomésticos. Dessa forma, também ficou
mais simples adicionar outros elementos à culinária brasileira, como os diferentes
sabores trazidos por imigrantes.
Com a evolução da gastronomia, a comida passou a ditar várias tendências a serem
consumidas por diversos segmentos da sociedade. Assim, temos os consumidores
atentos para a forma como o alimento é elaborado, o veganismo, a comida orgânica,
a busca pelo alimento semipronto, os restaurantes premiados, o fastfood, as marmitas
caseiras etc.
AULA 2
[INDÍGENAS OS PRIMEIROS
COZINHEIROS]
Nesse capítulo vamos falar dos indígenas, primeiros habitantes do Brasil que
usufruiam o que a natureza e a floresta lhes ofereciam. Alimentavam-se de mandioca,
macaxeira ou aipim, carne de caças, peixes, raízes, frutas silvestres, palmito, castanhas,
“cocos” de palmeiras e algumas folhas, o que perdura até hoje com os índios que não
têm muito contato com os homens brancos, preservando dessa forma a sua cultura.
Utilizavam-se dos vários tipos de palmeiras brasileira, dentre ela o babaçu, a
carnaubeira, o buriti, extraindo frutos, óleos, bebidas, farinhas e palmitos.
Uma fruta muito importante para o indígena é o caju, que além de ser ingerido
in natura, serve para fazer suco, doce, bebida fermentada, licor, farinha e bolo com
as suas castanhas. Segundo Orlando Parahym (1970, p. 67), havia guerras violentas
entre os cariris e os tapuias para se apoderarem dos cajueiros existentes em áreas
litorâneas. Entre as frutas silvestres que lhes serviam de alimento estão a mangaba, a
jabuticaba, a guabiraba, o mamão pequeno, o maracujá, o pequi e o jenipapo cuja polpa
e as sementes eram saboreados sendo a casca utilizada para pintar o corpo de preto.
A castanha do Pará (conhecida hoje como castanha do Brasil) e o mel de abelha
eram também alimentos fundamentais na dieta do índio brasileiro.
Anote isso
Datam de mil anos antes da Era Cristã os primeiros achados de erva-
mate, moída com outros objetos em oferendas funerárias de sepulturas
pré-hispânicas, no Peru, segundo relata Fredericindo Marés de Souza em A
AULA 3
[A CHEGADA DOS
PORTUGUESES E SUA
INFLUÊNCIA NA GASTRONOMIA]
Nesta aula vamos abordar a fase em que os colonizadores tiveram uma grande
influência na culinária brasileira, seja através dos alimentos de origem europeia que
trouxeram, seja pelas técnicas culinárias que ajudaram a implantar em nosso cotidiano.
A mistura desta cultura de forma mais incisiva durante a colonização, fez com que
a nossa culinária incorporasse hábitos e estilos do velho mundo e ficasse assim
marcada até os dias atuais.
Os colonos que aqui se instalaram trouxeram o hábito português de fazer três
refeições ao dia. Era comum lavar as mãos antes e depois das refeições, com a
assistência de um escravo que carregava uma jarra, bacia e toalhas.
No início da colonização, os serviços domésticos eram feitos pelos índios que também
ajudavam os colonos na extração dos recursos naturais. Conforme se avançava para
uma sociedade açucareira, na qual o escravo africano foi inserido como mão de obra,
esses começaram a participar ativamente do cotidiano da colônia. Realizava desde o
trabalho de limpeza das casas, alimentação, construção e até fabricação de utensílios
de uso diário.
O preparo dos doces ficava a cargo das mulheres e escravas assim como a salga
das carnes. A fabricação de laticínios era praticamente para consumo próprio e não
comércio. As atividades domésticas eram feitas nas próprias casas, desde a fiação
do algodão, tecelagem, confecção de roupas, fabricação dos utensílios domésticos.
Os portugueses foram os responsáveis pelo grande intercâmbio de espécies de
alimentos em razão do comércio marítimo.
nossos dias. Era obrigatório o café da manhã menos para os indígenas e africanos,
que não conheciam esta exigência, já para os europeus pular esta refeição era dar
chance para as enfermidades se instalarem.
Nas casas-grandes ou fazendas era hábito servir estas refeições à base de frutas
frescas, carnes frias e leite. Por aqui o café era bebido desde 1750, porém, só mais
tarde alcançou a popularidade nacional; antes era apenas leite com cuscuz, batata-
doce, macaxeira, amassados numa sopa de leite bovino e bijus de goma e tapioca.
Os mais abastados se diferenciavam apenas no acréscimo de ovos, mingaus, bolos,
biscoitos e manteiga.
O pão aparecia nas cidades e não com frequência, devido ao alto valor da farinha
de trigo, ou farinha do reino.
No Brasil do século XIX havia variação na alimentação conforme os grupos étnicos;
os europeus tinham grande oposição aos hábitos culinários locais que eram bem
diferentes da cozinha europeia. Um português escreveu:
Na Casa Grande dos engenhos coloniais eram servidos carnes de animais criados na
fazenda, tais como galinhas, carneiros e perus. Peixes salgados, pescados no mar ou
nos rios, legumes, hortaliças e frutas em abundância, cultivadas em hortas e pomares.
O Brasil passa a ser conhecido como a terra do açúcar. Começam as uniões culinárias
entre açúcar e mandioca, açúcar e frutas tropicais, saborizados e aromatizados com
as especiarias do Oriente como o cravo, canela e noz-moscada.
A doçaria em Portugal à base de mel já existia há muito tempo, era centenária
quando o açúcar apareceu. O açúcar trouxe para o Brasil os doces das freiras que
aprenderam com os mouros a arte do açúcar e mel para fazer bolo.
A elaboração dos doces, bolos e também enfeites e artes das toalhas de mesa eram
feitos pelas negras que sob a supervisão das ricas e exigentes sinhás preparavam as
antigas receitas e modo de preparo das famílias das casas grandes, que se adaptavam
com os ingredientes que aqui dispunham. Goiabada, marmelada e o doce de caju
eram os principais doces destes tempos. A banana frita e perfumada com a canela
era outro prato servido nas casas grandes, que combinavam os doces com queijos
criando uma combinação única e bem brasileira. Era comum os doces e bolos tomarem
nomes de famílias ou do engenho.
Muitos doces de origem lusitana trazidos ao Brasil mantiveram suas receitas
originais. Lá na península ibérica, as freiras introduziram o hábito de criar doces a
partir das gemas dos ovos que sobravam do trabalho de engoma das suas vestes.
Daí surgiram os quindins, os bombocados, os pudins, os papos-de-anjo e os manjares.
Quando a Família Real chegou aqui os hábitos alimentares dos brasileiros já haviam
sido modificados pelos portugueses que chegaram antes. Porém, foi a partir de 1808
que a alimentação brasileira tornou-se mais elaborada.
A Europa desse período já possuía uma requintada gastronomia. A França e a Itália
já possuíam restaurantes e casas de chá e café; as louças provinham da Inglaterra ou
China; os manuais da cozinha burguesa. E a Família Real chega ao Brasil, com esses
hábitos da boa mesa. Assim, com a presença da corte portuguesa com a abertura
dos portos introduziram ou disseminaram novos produtos que alteraram os hábitos
alimentares, especialmente no Rio de Janeiro.
Vinhos de Lisboa e do Porto passaram a acompanhar a refeição dos mais abastados.
Mas logo foram suplantados pela cerveja cujo consumo cresceu e tornando-se cada
vez mais presente nas refeições. Os pobres, contudo, continuaram servindo-se quase
exclusivamente de água.
D. João marcou nossa culinária, vez que era um apaixonado por ela e seus ingredientes,
principalmente as galinhas, que dizia ter sabor inigualável. O rei as comia em grandes
quantidades, em todas as refeições: três no almoço, três no jantar e três na ceia
(ZARVOS, 2000, p. 111).
Eram apreciados igualmente o chouriço com arroz, a galinha mourisca, o bacalhau,
acompanhado com pão de trigo, que já era comum na Europa, mas desconhecido no
Brasil onde era consumido o pão de mandioca e milho.
Mas, como destaca Romio (2000, p.113) o pão tal qual conhecemos começou a
ganhar as ruas:
Anote isso
Bolo de rolo
AULA 4
A INFLUÊNCIA DOS AFRICANOS
brasileiro é o caruru que originalmente era feito apenas de ervas socadas no pilão e
com o tempo ganhou outros ingredientes, como peixe e legumes cozidos.
Os ingredientes africanos que vieram para o Brasil durante a colonização, trazidos
pelos traficantes de escravos e comerciantes, tornaram-se importantes elementos da
cultura brasileira. Vieram da África, por exemplo, o coco, a banana, o café, a pimenta
malagueta e o azeite-de-dendê.
A religião africana ajudou a difundir a comida de origem negra. O candomblé tem
uma relação muito especial com a comida. Os devotos servem para os santos as
comidas que pertencem à tradição africana.
Rabada, vatapá, cocada, galinha com quiabo, angu e acarajé. É extensa a lista de
comidas que têm influência africana e que estão no cardápio dos brasileiros. A mistura
de aromas e temperos formam pratos que são encontrados na mesa do brasileiro. A
cozinha africana foi responsável por incluir no nosso cardápio ingredientes como o
leite de coco, o azeite de dendê, a banana-da-terra, a pimenta malagueta, o inhame
e o gengibre.
Anote isso
O azeite de dendê também foi um dos ingredientes mais importantes da
culinária negra. O dendezeiro é uma palmeira de origem africana, e de sua
polpa se extrai o azeite que dá a cor, o sabor e o aroma de tantas receitas
deliciosas como o caruru, o vatapá e o acarajé.
Fonte: Educação Uol
Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/
culinaria-afro-brasileira-africanos-enriqueceram-a-cozinha-brasileira.
htm?cmpid=copiaecola
AULA 5
[PARTICULARIDADES DA
GASTRONOMIA BRASILEIRA]
Foi a partir do século XVII que as terras do interior do Brasil passaram a ser
exploradas. O desbravamento e povoação dessas terras foram iniciados por expedições
pioneiras chamadas de Entradas e Bandeiras. Nesse período, bandeirantes e tropeiros
paulistas saíam em viagem levando feijão, carne-seca, toucinho de porco e farinha
que resultaram em criações como tutu de feijão, farofa e angu, que se incorporaram
à cozinha mineira e na mesa do interior paulista.
A alimentação dos mineiros foi influenciada pela culinária indígena. Alimentavam-
se de mandioca e milho, da caça, da pesca e das frutas. Nas fazendas, instaladas na
região na época do Ciclo do Ouro, desenvolveram-se pratos clássicos mineiros que
combinavam gostos portugueses, africanos e indígenas, como o leitão pururuca e da
canjiquinha com costelinha de porco.
Destaca-se a produção de doces e queijos com a utilização de técnicas trazidas
diretamente da Europa, como coalhar, talhar e curar o leite, o que possibilitou criar
laticínios que se tornaram a marca desse estado.
Sabemos da importância da influência europeia e africana para a formação do
cardápio brasileiro. Mas, a gastronomia nacional se refaz constantemente. Assim, hoje
podemos destacar as influências das culinárias árabes, orientais e norte-americanas
na nossa alimentação.
Assim, temos os kibes, esfihas, coalhadas da culinária árabe. Dos orientais, além
do pastel de feira temos os sushis e dos norte americanos, trouxemos o gosto pelos
“fast food” como os hambúrgueres e hot dogs.
A cozinha do Centro-Oeste, por sua vez, revela as influências dos fluxos populacionais
originários de outras partes do país e que se mesclaram com os elementos regionais.
AULA 6
[COZINHA REGIONAL DA REGIÃO
NORTE]
e com isso houve uma junção da culinária local com a culinária dos conquistadores.
Técnicas de preparo a comida e ingredientes vindos da Europa misturaram-se aos locais
criando uma riqueza de aromas e sabores que ajudaram a definir o que atualmente
conhecemos como gastronomia da Região Norte do Brasil.
Mas as tradições deixadas pelos indígenas se destacam até hoje no norte brasileiro,
pois na maioria das casas desta região sempre encontramos artefatos ou objetos que
remetem a essa cultura. Vasos de argila, pilão, potes de barro para armazenar água
entre outros utensílios.
Talvez um dos maiores legados deixados pelos indígenas foi e continua sendo o
consumo da mandioca, alimento esse que pode ser considerado um patrimônio da
culinária brasileira. Os nativos preparam vários pratos a base deste rico tubérculo, o
beiju é um grande exemplo, trata-se de uma espécie de farinha fina que é ligada pelo
glúten quando exposta ao calor.
Não somente a mandioca, mas muitos outros alimentos compõem a diversidade
da gastronomia da Região Norte. Os índios cultivam o milho, extraem o palmito das
palmeiras, pescam nos rios e caçam nas matas. Eles produzem guya (pimentas secas
ou piladas com farinha de mandioca), também o cauim (bebida fermentada feita de
caju), outra iguaria é o turu, um verme que vivem dentro das raízes de árvores que
podem parecer repugnantes para algumas pessoas, mas é uma fonte de calorias
importante para os nativos.
Outro fator que muito contribuiu para constituir as diretrizes da culinária nortista
foi o período em que os nordestinos se deslocaram para a Região Norte, devido o
período do ciclo de extração da borracha. Pratos típicos do nordeste como sarapatel
de porco, buchada de bode, pirão de frutos do mar, caldeirada de tucunaré e bode
assado, passaram a fazer parte da mesa do povo do norte.
Quando olhamos de um modo geral esta região percebemos uma grande quantidade
de receitas executadas no cotidiano do seu povo são diversos pratos dentre eles
podemos destacar: Paçoca (peixe ou carne pilada, misturada com farinha de mandioca);
piracuí (ou “areia de peixe”), peixe torrado no forno e peneirado; moquém (carne ou
peixe assado sobre brasas, embrulhado em folha de bananeira); tanajura frita; arabu
(gema de ovo de tartaruga com farinha); abunã (ovo de tartaruga moquecado, antes de
completar a gestação); mujanguê (mingau de gema de ovo de tartaruga e farinha de
mandioca mole); moqueca de tucunaré; rabada ao tucupi; paxicá (picadinho de fígado
de tartaruga, com sal, limão e pimenta malagueta); tambaqui na brasa; pirarucu no
leite de castanha-do-pará; surubim na telha; tartarugada e farofa de ovo de tartaruga;
juquitaia (condimento preparado à base de pimenta malagueta e sal); mutum e broto
de palmeira guisados, com molho de tocari
e pimenta do reino; macaco cozido com
banana, ou assado no espeto ou no forno;
cobra, lagarto e jacaré fritos, assados ou
refogados, com bastante pimenta; colibri
assado no espeto; rabo de jacaré grelhado;
gambá refogado e jacu assado.
Mas independentemente do prato, cada
estado que forma o norte brasileiro tem suas
Figura 12- Tacacá
características gastronômicas o que ajuda Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Culin%C3%A1ria_do_Amazonas#/
media/Ficheiro:Caravana_da_Cultura_-_Parintins_(19471765536).jpg
Amazonas
muito apreciados não somente pelo povo local, mas também pelos turistas que se
aventuram na região.
Acre
Amapá
A culinária local recebe grande influência da cultura amazônica e isso é percebido nos
pratos preparados que tem em sua composição a presença de traços gastronômicos
usados pelos índios. Essa influência indígena se destaca pelo uso de carne de caça,
dos peixes ribeirinhos e também do uso da mandioca na preparação dos pratos. Além
disso, como possui um vasto litoral banhado pelo Oceano Atlântico, acaba fazendo
muito uso de frutos do mar, haja vista que um famoso prato local é o camarão no
bafo, que leva em sua receita: Camarão, pimenta dedo de moça, cebola, tomate e
cachaça de alambique.
Pará
Reconhecida pelo sua culinária paraense apresenta como sua maior influência a
cultura indígena e os ingredientes básicos são característicos da região. As comidas
típicas são degustadas diariamente pela população e constam em cardápios de
diversos restaurantes. No próximo capítulo vamos abordar todas as características
desta gastronomia.
Roraima e Rondônia
Tocantins
AULA 7
[A GASTRONOMIA DO ESTADO
DO PARÁ]
Desta forma, estes fatores contribuíram para uma riqueza gastronômica que coloca
o estado em evidência no campo da culinária nacional.
Os caboclos basicamente se alimentam de produtos regionais advindos dos rios,
um exemplo disso é a diversidade de espécies de peixes que estão presentes em
suas refeições, outro produto muito consumido é a farinha de mandioca que vem
da terra (tubérculo) e quando processado se torna uma farinha que acompanha as
preparações de pescados.
Outros ingredientes são a gordura vegetal e o sal que são utilizados para a preparação
da vários tipos de pratos, antigamente estes elementos substituíam a farinha de
mandioca na falta da mesma. As frutas também têm o seu lugar, são muitas como
banana, goiaba, melancia e melão que são muitas vezes servidas como complemento
dos pratos locais.
Mujica
Tacacá
O tacacá talvez seja um dos pratos mais exóticos do Pará e definitivamente não
agrada a todos, talvez pela sua intensidade, mas na maioria das vezes quem prova
acaba por repetir.
O tácacá é preparado com o subproduto da mandioca chamado de tucupi ou goma,
a ele acresentam-se camarão seco, folhas de jambú e diversos temperos. Esse prato
geralmente é vendido por mulheres em barracas montadas em praça pública, elas
são chamadas de tacacazeiras.
Preparar o tacacá não é muito simples, mas estas senhoras possuem grande
habilidade na montagem deste prato. Primeiro a goma, tucupi, camarão e jambu
são preparados e colocados em vasilhas para serem levados ao ponto de venda, lá a
preparação final é executada e a montagem é feita na hora para servir o cliente. Uma
curiosidade é que o tacacá é servido em cuias sem o uso de colheres, onde o cliente
deve sorver o líquido e mastigar os ingredientes.
Como existem diversas formas de preparar o tacacá os sabores podem mudar
um pouco de um local para outro. O tacacá se tornou uma comida de rua fortemente
associada às identidades e aos pertencimentos sociais, e pode estar ligado aos
costumes de povos indígenas.
Pato no Tucupi
todos os ingredientes servidos com o pato cozido. O pato no tucupi pode ser considerado
uma das grandes preparações não só deste Estado, mas de todo o norte brasileiro.
Este prato também está associado com celebrações, sendo muito consumido nas
festas de natal, no dia das mães e dos pais, nos aniversários e no tão famoso Círio
de Nazaré.
Maniçoba
A maniçoba já possui maior ligação como os costumes dos povos indígenas e sua
preparação era sempre feita em ocasiões especiais ou comemorações ritualísticas
destes povos.
Com a chegada dos colonizadores a maniçoba sofreu algumas alterações e assim
passaram a acrescentar defumados em sua preparação. Hoje em dia ela é feita como
os ingredientes utilizados na feijoada, substituindo o feijão pela maniva. As folhas
desta planta são muito tóxicas e precisam ser cozidas durante seis dias para eliminar
suas toxinas. Ainda hoje é comum o preparo da maniçoba nos quintais de muitas
famílias paraenses, que utilizam o fogão a lenha para produzir esse prato. A maniçoba,
como o tacacá, é comercializada pelas tacacazeiras nas praças centrais das cidades
paraenses. A maniçoba é preparada com os seguintes ingredientes: maniva, carne
bovina e suína, toucinho, mocotó, linguiça, chouriço, charque, bucho de boi, bacon,
louro, cebola e pimenta-de-cheiro.
Anote isso
Açaí é o fruto do açaizeiro (Euterpe oleracea). Também chamado de juçara,
o mesmo é uma das mais importantes fontes de alimentação para os
habitantes da região Amazônica, terra de origem deste fruto. O açaí é uma
pequena fruta arredondada, de coloração escura, variando entre o roxo e o
preto, que possui um pequeno caroço e pouca polpa. O fruto é encontrado
em cachos; cada tronco do açaizeiro produz até quatro cachos da fruta.
Para ser apreciado, é necessário que o açaí seja amassado. Assim, sua polpa
é retirada e misturada na água, originando o chamado “vinho do açaí”. A fruta
é empregada no preparo de bebidas, doces, sorvetes e geléias. O fruto da
Amazônia conquistou paladares em todo o país.O Brasil é o grande produtor
mundial de açaí, responsável por 85% da oferta mundial.
Fonte: Mundo Educação.
Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/acai.htm
AULA 8
[GASTRONOMIA DA REGIÃO
NORDESTE]
Neste capítulo iremos tratar das influências culturais e gastronômicas que ajudaram
a ditar o rumo da cozinha do nordeste e assim entender um pouco dos fatores que
foram importantes para a criação da sua farta e rica mesa. Também vamos tratar do
estilo da culinária de cada estado e de suas particularidades.
A Região Nordeste é composta por nove estados, cada um deles com cultura,
história e é claro gastronomia própria. É uma região marcada tanto por climas áridos,
sertões e caatingas, como por uma grande área litorânea.
A culinária nordestina é influenciada pela sua condição geográfica e econômica ao
longo da história, assim como pela antiga mistura das culturas portuguesa, indígena
e africana, iniciada ainda no século XVI.
Anote isso
Influência da cana-de-açúcar na culinária nordestina.
Outro fator que influenciou e diversificou a culinária nordestina foi o plantio
de cana-de-açúcar no interior, que incentivou a produção da rapadura, de
doces e outras iguarias. O sociólogo pernambucano Gilberto Freyre enalteceu
essa riqueza nordestina através do livro “Açúcar” em que apresenta diversas
receitas de bolos e doces de famílias tradicionais nordestinas. Herdamos
dos portugueses alguns doces como o quindim e as tapiocas em forma de
“panquequinhas” que surgiram quando as senhoras portuguesas resolveram
tentar fazer pão com o beiju usado pelos índios.
Fonte: Culinária Nordestina
Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.
php?option=com_content&view=article&id=1167%3Aculinaria-nordestina-
no-brasil&catid=38%3Aletra-c&Itemid=1
A base das comidas tem quase sempre produtos vegetais - muitas cultivados pelos
índios antes da colonização portuguesa, carnes bovina e caprino, peixes e frutos do
mar, variando bastante de região para região.
Encontramos traços da herança africana principalmente pela costa litorânea que vai
de Pernambuco à Bahia. Já no restante do litoral e no interior, a presença da culinária
africana tem menos destaque.
queijo de coalho assado na brasa que atualmente é consumido não só nas praias
como nos restaurantes de todo o Brasil, transformando-se em sobremesa quando
servido com melaço.
Nas regiões da caatinga estão os pratos bem temperados e com alto teor calórico.
Incluem ingredientes como a manteiga de garrafa (ou manteiga de gado), queijo
coalho, carne de sol, carne de bode, feijão de corda, farinha e mandioca (popularmente
conhecida como macaxeira).
O café da manhã do nordestino começa com cuscuz, feito com farinha de milho,
sal, água e acompanhado de leite e abóbora.
Culturalmente, uma das tradições mais representativa do nordeste são as festas
juninas que homenageiam os santos católicos Santo Antônio, São João e São Pedro.
Além das danças, música típica e brincadeiras, a comida típica é uma grande atração
e um legado cultural, muito importante para a gastronomia brasileira, vez que essa
festa se faz presente em todo o território nacional.
Os alimentos usados na festa para a preparação dos pratos são aqueles cultivados
pelos indígenas, como a mandioca, o milho e o amendoim. Destacam-se entre os pratos
típicos a pamonha doce ou salgada, o curau, a canjica, o pé de moleque e a cocada.
ALAGOAS
CEARÁ
MARANHÃO
PARAÍBA
PERNAMBUCO
PIAUÍ
O Rio Grande do Norte tem uma culinária que se divide entre os produtos da terra
e os frutos do mar.
Entre as mais variadas comidas que o povo consome, no interior do Estado estão
aquelas que derivam da atividade pecuária: a carne-de-sol, a paçoca, o queijo de
manteiga e de coalho, a coalhada etc. Também é comum as comidas preparadas
com produtos da terra como a mandioca e o milho.
Por ser um estado líder na produção de camarão, o Rio Grande do Norte, seus
pratos mais famosos tem o crustáceo como ingrediente principal, como é o caso do
bobó de camarão.
SERGIPE
AULA 9
[A GASTRONOMIA DA BAHIA]
A gastronomia baiana tem uma das cozinhas mais conhecidas em todo o Brasil. Seus
pratos e receitas têm história e tradição e sua maior influência cultural veio da África.
Azeite de Dendê
AULA 10
[COZINHA REGIONAL DA REGIÃO
CENTRO-OESTE]
Neste capítulo vamos tratar dos traços culturais que definem as características da
culinária do Centro-Oeste brasileiro, além das suas particularidades e os aspectos que
definem sua identidade na preparação de alimentos e hábitos de consumo alimentar.
Em uma visão geral da região apresentamos o que de mais importante constitui o
cotidiano culinário dos seus habitantes.
Assim várias minas de ouro foram abertas e com a exploração do precioso metal teve
início a fundação dos primeiros vilarejos, depois advieram as cidades e consequentemente
o surgimento do comércio que ampliou os recursos locais que fez com que as linhas
de comunicação terrestre ligassem suas cidades a outras regiões do país.
Estes elementos acima citados foram fundamentais para a abertura de espaço para
a entrada de vários povos de outras regiões que trouxeram seus usos e costumes
e também suas tradições culinárias que foram misturadas as dos povos nativos da
região. Podemos dizer de forma breve que a personalidade gastronômica desta região
foi moldada por estes fatores.
É fascinante o fato que mesmo se desenvolvendo, a região não perdeu seus traços
culturais e até hoje é muito forte o artesanato e as danças tradicionais. Além disso,
o folclore é muito rico em lendas que sempre desperta a curiosidade das crianças
e também dos turistas que visitam a região. Tudo isso obviamente está atrelado à
gastronomia com seus pratos populares e também com suas bebidas típicas.
Mato Grosso
A influência principal vem dos primeiros habitantes, os indígenas, por isso o emprego
de raízes é muito comum na produção culinária do Estado. Isso faz com que a mandioca
tenha grande importância na mesa dos moradores locais, mas em um contexto geral,
as receitas produzidas por este povo não são muito complicadas e geralmente o seu
preparo é rápido e simples, onde os principais ingredientes são os peixes e a carne bovina.
Um dos pratos mais conhecidos é o mojica preparado com o peixe pintado que é
muito rico em gordura. Outros peixes que tem grande consumo são o Pacu, Pacupeba,
Piraputanga, Dourado e Piabucu que podem ser preparados em assados ou cozidos
caudalosos acompanhados de mandioca ou arroz.
Anote isso
No Mato Grosso os frutos exóticos e saborosos aparecem em abundância –
de sabor e aroma peculiares – dão cor e enriquecem pratos a base de arroz
e frango, a mandioca, a manga e o caju, o charque, peixes frescos ou secos,
são ricamente combinados pelas mãos hábeis e criativas de tradicionais
quituteiras em suas residências, peixarias ou restaurante especializado em
comida típica.
Fonte: Coisas do Mato Grosso.
Disponível: http://www.coisasdematogrosso.com.br/mato-grosso/culinaria/
As influências nesse estado têm muito das divisas nacionais latino americana,
sendo assim vemos muito de traços culturais e gastronômicos deixados por outros
países no Mato Grosso do Sul.
Assim temos uma grande diversidade à mesa do morador desta região. Devido à
fauna local é muito comum também o consumo de carnes exóticas e peixes como o
pintado, o pacu e o dourado que geralmente são consumidos com o fruto da banana-
da-terra. Estes peixes na maioria das vezes são preparados em cozidos e ensopados,
onde liberam toda a riqueza de seus aromas e sabores.
Vários pratos típicos compõem os costumes locais, tais como, chipa, caribeu, farofa
de carne, arroz boliviano, caribeu, furrundu, pacu assado, puchero, quibebe de mamão,
sopa paraguaia, saltenha, quebratorto, arroz carreteiro e macarrão boiadeiro. Existem
também bebidas típicas como o caldo de piranha, licor de pequi, sorvete de bocaiuva,
geladinho e tereré.
Da influência boliviana vem os salteñas que são pastéis recheados com carne de
frango e assados geralmente em forno a lenha, o que aumenta o sabor deste prato
Do Paraguai vem as chipas que podemos chamar de prima do pão de queijo porque o
sabor lembra muito esta preparação mineira, mas a textura é diferente, sendo sequinha
por fora e úmida por dentro, leva menos gordura que o pão de queijo e geralmente é
moldada em formato de meia lua.
Goiás
Distrito Federal
AULA 11
A GASTRONOMIA DO ESTADO DE
GOIÁS]
A localização de Goiás por ser mais interiorana no seu contexto geográfico, demorou
mais tempo para receber a colonização, pois quando os bandeirantes chegaram ao
Brasil, suas entradas foram primeiro nas regiões litorâneas e somente mais tarde é que
conseguiram desbravar o interior, assim os índios mantiveram seus usos, costumes
e tradições alicerçadas pois mais tempo.
Mas com a chegada dos Bandeirantes, houve a descoberta das minas de ouro e a
colonização se tornou inevitável, logo em seguida chegaram os escravos vindos da
África. Durante esse período todos os movimentos locais estavam voltados para a
extração do ouro e de pedras preciosas e a alimentação acabou ficando somente no
campo da subsistência, pois não havia tempo para preparações mais elaboradas ou
receitas que exigissem grandes empenhos. Para atender a demanda de alimentos
da região e conseguir atender todo o contingente que ali se encontrava, a falta de
gêneros alimentícios era suprida pelos mercados de São Paulo e do Rio de Janeiro o
que limitava os produtos aos que eram fornecidos por estes dois estados.
O consumo de sal na região só aconteceu com a chegada dos portugueses, os
nativos que habitavam o local não tinham contato com este ingredientes e mesmo
quando foram apresentados ao sal, não tinham predileção por ele. O mesmo aconteceu
com os escravos que também não se importavam com o uso do mesmo. Na época
o sal era um ingrediente extremamente raro e caro na época, muitas vezes o sal era
usado como moeda de troca para muitos produtos.
Há descrições que relatam a rejeição do gosto salgado pelos nativos, que
conservavam a carne, por exemplo, pela exposição ao calor ou à fumaça. Portanto,
o sal foi incorporado na cozinha brasileira por meio da aceitação e do uso inevitável
imposto na comida portuguesa que estabeleceu esse critério, além de muitos outros
que fazem parte até hoje do nosso cotidiano.
No século XVIII houve um intenso processo de intercâmbio de espécies vegetais
e animais entre a terra brasileira, Portugal e suas outras colônias. A utilização de
temperos, como alho, cebola e pimenta, por exemplo, é herança dos colonizadores,
trazida da África, Ásia, ilha Madeira e Cabo Verde, os quais foram adequados para o
cultivo em nossa região tropical.
Quanto aos animais, segundo relatos históricos, o porco foi considerado apropriado
para o novo país, apresentando boa adaptação e representando um importante
aspecto social e econômico, visto que o animal ocupava uma condição inferior entre
as espécies, tendo sua carne sido rejeitada nas mesas nobres da Europa, considerada
impura e imprópria (ALMEIDA, 2016; CASCUDO, 2011; FRANÇA, 2000). Apesar de toda
a exuberância e diversidade da natureza brasileira, a segregação social era evidente
entre a alimentação dos grandes senhores e da pobre sociedade colonial.
Pamonha
Essa é unânime entre os goianos, pois além de ser saborosa ainda tem a função
social de reunir as pessoas, devido ao fato de seu preparo ser bem trabalhoso e levar
horas para ficar pronta, é necessários produzir a pamonha em conjunto e desta forma
se estreita os laços sociais. Esse quitute leva milho verde ralado, banha de porco e
temperos, algumas são preparadas com recheios que podem ser queijo, linguiça,
frango ou carne com pimenta.
Os goianos costumam dizer que se for a Goiás e não provar o arroz com pequi, é
como se não tivesse ido. Bem verdade que este prato é famoso não somente na sua
região, mas em muitas outras pelo Brasil. O prato é preparado com arroz, açafrão,
pequi e temperos, mas, pode contar com adicionais, como milho, guariroba e frango.
O sucesso é tanto que a iguaria ganhou releituras gourmet e ficou conhecida em todo
o Brasil.
Empadão Goiano
Anote isso
Empada, em geral, todos nós conhecemos, mas empadão goiano é singular.
Todos no Brasil conhecem a fama que tem, quem não provou, deveria com
toda certeza provar essa iguaria. Algumas pessoas podem dizer que algumas
comidas representam o goiano, como o pequi e guariroba, mas o empadão
seria a alma do goiano.
A receita tem origem na cidade de Goiás (antiga Vila Boa), há quase 150
anos, e já é seguida – a risca – por cinco gerações, famílias tradicionais da
cidade. Acredita-se que o ancestral do empadão goiano é europeu, consumido
principalmente em Portugal e na Espanha, que era basicamente uma torta
salgada recheada com vários tipos de carnes (carne bovina, aves, peixes
ou mariscos).
Fonte: Revista Safra.
Disponível: http://revistasafra.com.br/empadao-goiano/
AULA 12
[GASTRONOMIA DO SUDESTE]
Composta pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito
Santo, a cozinha do Sudeste está dividida em três regiões bem distintas: o interior,
as metrópoles e o litoral. Podemos dizer que se trata de uma culinária misturada e
variada. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, estão na lista dos
melhores lugares para comer, devido as diversas opções gastronômicas.
Tudo isso interfere diretamente na cultura local, fazendo com ela compreenda uma
grande diversidade de sabores. Até o início do século XIX a região era influenciada
pelas cozinhas portuguesa, africana e indígena. Alimentos simples, como raízes, grãos
e vegetais, além da carne foram comuns em quase toda a região. O movimento de
Entradas e Bandeiras, em suas incursões pelo sertão em busca de ouro e pedras
preciosas, espalhou e difundiu os hábitos alimentares dos habitantes dessa região.
Essa pluralidade não é de hoje. As bases da comida típica possuem contribuições
dos índios nativos, portugueses que colonizaram a região, dos africanos e também
dos milhares de imigrantes da Europa, Ásia e Oriente Médio que desembarcaram no
sudeste ao longo de sua história.
Mesmo com a evolução da sociedade e a modernização da gastronomia, as tradições
ainda estão presentes na culinária da região. Vamos ver os principais hábitos culinários
e a as características das comidas típicas dos estados que compõem a região.
Espírito Santo
Em razão da sua proximidade com a Região Nordeste e a sua extensa área litorânea
a culinária do Espírito Santo, tem a sua base nos peixes e frutos do mar. A moqueca
capixaba é um de seus pratos mais famosos e é uma variação de pratos típicos
indígenas do litoral do estado.
A herança indígena se reflete nos preparos
do milho, mandioca (conhecida na região por
aipim) e banana da terra. O uso de panelas de
barro é outra influência indígena. Representa
uma característica típica da culinária capixaba
e é importante fonte de renda para muitas
famílias além de ser indispensável para fazer
e servir a típica moqueca capixaba.
Figura 24- Moqueca Capixaba
A imigração de europeus também Fonte: https://visualhunt.com/f4/photo/5529642115/3ba0dbb407/
Rio de Janeiro
São Paulo
Anote isso
Um sabor que é conhecido no país inteiro. O lanche bauru agrada a todos
os paladares. No fim de semana a rede Ponto Chic, que lançou o sanduíche
no mercado na capital de São Paulo, completou 90 anos, 76 deles com o
bauru no cardápio. Já na cidade que dá nome ao lanche, no Centro-Oeste
do estado, outro tradicional estabelecimento, o Skinão, oferece a saborosa
comida com a receita original há 39 anos. No entanto, o lanche feito em Bauru
e na capital, tem sim, uma diferença: a quantidade de queijos derretidos.
Inaugurado em 24 de março de 1922 durante a Semana de Arte Moderna, o
bar Ponto Chic recebeu a visita de um bauruense anos depois. Casimiro Pinto
Neto foi um radialista que, em 1931, ingressou na Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo, no Largo de São Francisco, onde era conhecido
pelo apelido de Bauru. Ele era frequentador do Ponto Chic e, em uma noite
de 1936, atrasado para uma partida de sinuca, pediu a um funcionário do
local para montar o famoso lanche pela primeira vez.
Fonte: Portal G1
Disponível em: http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2012/03/bar-
que-colocou-o-lanche-bauru-no-mercado-completa-90-anos.html
AULA 13
[A GASTRONOMIA DO ESTADO
DE MINAS GERAIS]
Minas Gerais é o único estado da região sudeste que não tem litoral, assim os
principais ingredientes utilizados na sua gastronomia são legumes e verduras, aves,
carne bovina e suína, além de leite e seus derivados.
O estado de Minas Gerais, assim como a sua culinária, formou-se no fim do século
XVII, com o ciclo da mineração e a chegada dos portugueses.
Em razão da dificuldade de transporte dos alimentos das regiões mais desenvolvidas
na época (Bahia e Rio de Janeiro), todos os habitantes da nova colônia tiveram que
utilizar-se de vegetais de fácil plantio como couve, abóbora, milho, quiabo e animais
de criação doméstica.
O milho, alimento da culinária indígena, passa a estar presente na alimentação de
todos os habitantes da região. Os pratos tendo como base o milho, estão presentes
desde a origem da gastronomia mineira, como o bolo de milho verde, a broa de fubá,
o cural, o angu salgado acompanhado pelo frango com quiabo, a costelinha de porco
com a canjiquinha.
Após 1822, quando o comércio mineiro passa a ter uma relação mais ativa com as
demais regiões brasileiras, surgem a figura dos tropeiros, comerciantes responsáveis
pelo transporte comercial de vários produtos. A comida básica era o feijão misturado
com a farinha, cebola, alho, linguiça, mandioca, couve e tempero, originando assim o
nome do feijão tropeiro.
As preferências pelas carnes de porco e frango não é simples herança portuguesa,
mas possui razões históricas e geográficas. As galinhas eram animais fáceis de criar
que além de ser uma proteína, também forneciam ovos para diversas preparações.
Do porco era aproveitado, sendo que a carne fresca ou salgada era muito apreciada e
depois de frita podia ser armazenada, imersa na própria banha em latas bem fechadas.
A banha era utilizada para o preparo de frituras e refogados e o toucinho dava sabor ao
feijão ou transformava-se em torresmo. Iniciou-se, também, a elaboração de embutidos,
como a fabricação de linguiça, presença constante, até hoje nos pratos típicos mineiros.
Utilizando-se de técnicas portuguesas, o açúcar era utilizado para o preparo de
frutas em compota, cristalizadas ou geleias, itens da doçaria mineira. Como se utilizava
muito açúcar para ajudar na conservação do alimento surgiu o hábito de consumi-los
com queijo, para equilibrar o paladar.
Com o desenvolvimento da pecuária a indústria de laticínios prosperou ampliando o
consumo de leite e derivados e originando a tradição na fabricação do queijo de minas.
Anote isso
Pão de queijo é uma receita típica brasileira, do estado de Minas Gerais. A
sua origem é incerta, especula-se que a receita exista desde o século XVIII,
mas tornou-se efetivamente popular no Brasil a partir da década de 1950.
Alguns países da América Latina possuem pães com receitas semelhantes à
do pão de queijo mineiro, na Colômbia o produto é chamado de pan de Bono
que tem um formato achatado. O Paraguai e Argentina também possuem
um pão com receita bem semelhante, a Chipa que possui formato de “U”. No
Equador, existe o “pan de yuca”, que tem o mesmo formato do nosso pão de
queijo brasileiro, lá é tradição comer o pan de yuca acompanhado de iogurte.
Outros países da Ásia, Europa e America do Norte não possuem a tradição
do pão de queijo, mas algumas empresas do Brasil já estão exportando a
receita brasileira.
Fonte: Café Donuts
Disponível em: https://cafedonuts.com.br/index.php/como-surgiu-o-pao-de-
queijo-mineiro/
AULA 14
[GASTRONOMIA DA REGIÃO SUL]
Assim como demais regiões brasileiras o Sul acumuolu uma grande carga de usos
e costumes de outros povos que nesta localidade se instalaram, assim se tornou uma
área onde muitas culturas passaram a conviver e acabaram por definir a identidade
do povo brasileiro que habita essa região.
No sul se instalaram uruguaios, argentinos, açorianos, espanhóis, alemães, italianos,
poloneses, ucranianos, entre outros povos. Pode-se dizer que, como acontece em todo
lugar densamente miscigenado, o folclore que foi criado é único.
Danças típicas, crenças, festas populares, lendas e todo o tipo de rituais de folclore
podem ser presenciados pelos que visitam a região.
As comidas então são extremamente ricas e trazem os traços culturais destes
colonos e o que eles consumiam em seus países, tanto no cotidiano quanto nas
celebrações e datas especiais.
Mas antes de adentramos às características gastronômicas da região,
precisamos conhecer os principais dados geográficos que formam esta unidade
da federação brasileira.
A Região Sul é formada pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. Com extensão territorial de 576.409,6 quilômetros quadrados, é a menor do Brasil.
Sua população totaliza 27.386.891 habitantes. A vegetação sofre influência direta da
temperatura, variando conforme cada região: nos locais mais frios predominam as
matas de araucária (pinhais) e nos pampas, os campos de gramíneas. Já a agricultura,
por sua vez, é de grande importância para a economia regional e nacional, haja vista que
Muitas das receitas tradicionais demonstram uma das principais bases econômicas
do estado: a carne. A Costela ao fogo de chão, o Porco no tacho, a Costela ferra mula
e o mais conhecido, o Carneiro no Buraco, exemplificam esse fato. Conta-se que o
costume de preparar a carne diretamente no chão foi herdado pelos indígenas que
cavavam um buraco como uma forma de evitar queimadas e conservar a carne por
mais tempo. Esses pratos são servidos com arroz branco, pirão e salada. O símbolo do
Paraná é o pinheiro de araucária. Essa espécie de pinheiro produz o pinhão, alimento
muito presente na cozinha paranaense. O pinhão tem um sabor singular e é altamente
nutritivo. É consumido cozido ou assado e pode ser saboreado com sal, açúcar, mel
ou melado.
Os ucranianos tiveram forte influência na cozinha do Paraná, além de saborosa é
recheada de simbolismos. O kutiá, por exemplo, é um prato feito com uvas passas e
sementes de papoulas, sendo que cada ingrediente tem um valor simbólico. O kutiá é
um dos 12 pratos servidos na ceia de natal ucraniana, em que cada prato representa
um apóstolo de Jesus Cristo.
O Boi no Rolete consiste em assar um boi praticamente inteiro. Churrasqueiras
especiais são construídas para esses fins, com 4 ou 6 locais para se colocar o carvão
e uma chapa de metal em cima para simular o forno.
Esse preparo usa um boi, que em média tem entre 250 a 350 quilos, é assado
sem a cabeça e as partes internas, e demora cerca de 16 horas para ficar pronto.
Para temperá-lo é necessário injetar uma bomba de pressão. Em diversas cidades do
estado são feitas festas tradicionais com o boi no rolete.
Anote isso
O barreado é de origem açoriana e com 300 anos de história no ritual de
seu preparo, o barreado chegou ao Brasil pelas mãos dos portugueses que
foram para o litoral do Paraná, no século XVIII. Esse prato é preparado
com um ou mais tipos de carne bovina, de segunda e magra, como paleta,
maminha e patinho, temperada com cebola, alho, toucinho, pimenta-do-reino,
louro e cominho e cozida até desmanchar. Depois é misturado com farinha
de mandioca, até ganhar a consistência que dá nome ao prato, servido com
arroz e banana-da-terra fatiada. Originalmente, esse prato é feito em panela
de barro lacrada com farinha, mas a panela de pressão ajuda a diminuir o
tempo de preparo.
Fonte: Mesa completa
Disponível em: https://www.mesacompleta.com.br/barreado-o-que-e/
indígenas, criaram ótimas iguarias que fazem sucesso até hoje. Seus temperos mais
usados eram o sal, a pimenta-do-reino, cebola e alho. Deliciosos pratos são preparados
à base de peixe, ostras, camarões entre outras pescas. Carne cozida na cerveja Joelho
de Porco.
Os alemães chegaram em Santa Catarina no século XIX. Eles trouxeram a carne
suína na cerveja e o marreco com repolho roxo (mit rotkohl), o chucrute com vina, o
joelho de porco (eisben), a salsicha (bockwurst), entre outros alimentos. Alguns pratos
ganharam um toque brasileiro e se modificaram com o tempo, como é o caso do
joelho de porco. Outras comidas que vieram bem a calhar, foram os doces e salgados
da confeitaria alemã.
O folhado de maça (appfelstrudel), as cucas e empadas são talvez os quitutes mais
conhecidos pelo Brasil afora. Chucrute com vina, a torta salgada de requeijão, os
pastéis de batata, as maçãs recheadas e a salada de repolho, são pratos herdados
de outros povos, como os ucranianos e poloneses. O cozido de carne bovina com
verdura foi herança dos húngaros. Outros que contribuiriam para a cozinha foram os
holandeses, que trouxeram a tecnologia dos laticínios. Folhado de Maçã.
Estamos ao final deste capítulo no qual não será citado o estado do Rio grande do
Sul, pois o próximo capítulo será dedicado somente a esta região.
AULA 15
[CULINÁRIA DO RIO GRANDE DO
SUL]
O Estado do Rio Grande do Sul possui uma área de 281.748 km², com quase 500
municípios e 11 milhões de habitantes (IBGE, 2016). O estado é comumente retratado
pelas paisagens do bioma do pampa e que nos remete à figura do gaúcho travestido
como botas, lenço vermelho no pescoço, bombacha e o tradicional chapéu.
Esta região é constituída por sua diversidade de paisagens e etnias, aproveitando
estas particularidades para impulsionar sua economia que se baseia, atualmente, na
agricultura (soja, trigo, arroz e milho), na pecuária e na indústria (de couro e calçados,
alimentícia, têxtil, madeireira, metalúrgica e química) (IBGE, 2016).
O Charque
Antigamente, o atual território do Rio Grande do Sul era habitado pelos índios,
os guaranis, que viviam da caça e da pesca. Ocupavam as margens da lagoa dos
Patos, o litoral norte e as bacias dos rios Jacuí e Ibicuí incluindo a região noroeste; os
pampeanos que ocupavam a região sul e sudoeste e os gês, talvez os mais antigos
habitantes no lado oriental do rio Uruguai. Como tentativa de retirar os índios da
mata para poder catequizá-los, os jesuítas introduziram no Estado o gado. Os índios
passaram então a tomar conta do rebanho, que era criado solto, e comer sua carne
tendo sempre farta comida a sua disposição e em troca aprendiam com os jesuítas
a cultura europeia e construíam casas, surgiram assim as missões.
Com a entrada dos tropeiros de São Paulo e Minas Gerais no Sul, os índios foram
caçados e levados como escravos e os jesuítas voltaram para a Europa. O gado, como
era criado solto, continuou a se reproduzir e se espalhar pelo sul do continente, pois
não havia um predador para caçá-lo.
Quando os tropeiros voltaram para o Rio Grande do Sul havia milhares desses
animais, o gado selvagem. Começaram, então, a matá-los para lhes extrair o couro
cru, que era levado e vendido nos outros estados. Para conservarem a carne que
sobrava e a usarem como alimento em suas longas viagens, os tropeiros começaram
a conservá-la rolando-a em sal grosso para desidratá-la surgindo assim o charque.
Anote isso
A história diz que a costela de fogo de chão surgiu nas fazendas antigamente,
onde os patrões matavam o gado para consumo próprio e pegavam para si
as consideradas carnes nobres (picanha, maminha, alcatra, filé mignon…)
e entregavam aos peões as costelas, carnes consideradas não nobres e
difíceis de assar ou usar no dia a dia. Os peões, enquanto cuidavam do
gado do patrão, fazia um buraco no chão, cravavam a costela em lanças
de pau e deixavam assando por horas e horas apenas temperada com sal
grosso (muitas vezes utilizado para alimentar o gado), enquanto trabalhavam,
tomavam um mate e proseavam (conversavam). E assim surgiu um dos
mais bonitos e gostosos costumes. O segredo da costela no fogo de chão é
que geralmente a carne perto do osso, quando assada, fica muito saborosa.
O problema é que a carne da costela em geral é mais dura que a do resto,
tornando o mastigar um pouco pior, mesmo que mais saboroso que muitas
carnes nobres. Então, para amaciar a carne, nada melhor do que ao invés de
O churrasco
Em vista do Rio Grande do Sul ter sido a primeira maior área de criação bovina no
país, o gado faz parte da vida dos gaúchos desde o início da colonização, em meados
do século XVII e foi natural o processo da carne assada sobre um fogo de chão se
tornar o prato tradicional da região. Esta refeição era de fácil preparo, com poucos
ingredientes: somente a carne (abundante na região) e sal grosso, que era espetada
e pousada sobre a brasa.
Certamente a carne preferida é a bovina, mas o churrasco do gaúcho contemporâneo
também inclui o “salsichão” (Linguiça Toscana na gíria gaúcha), “coraçãozinho” de
galinha e outras carnes de origem suína e ovina.
Segundo Anita Ribeiro de Menna Barreto, “gurmê brasileira”, o churrasco típico mesmo,
é o de “Ratão (com pronúncia espanhola) e/ou Gambá”. É um típico prato gaúcho o
churrasco de ratão, quando devidamente tratada a sua carne, sendo necessariamente
retiradas as chamadas “glândulas de cheiro”. Deve-se ainda, o gambá ser caçado com
a utilização da cachaça, de preferência a brasileira, que esse animal aprecia e facilita
a sua captura, uma vez que embebeda o animal. O churrasco da carne de ratão e/ou
gambá lembra em muito a carne de javali. Esse churrasco de ratão era muito apreciado
pelo presidente Getúlio Vargas, em sua estância, e era feito pelos seus peões.
Arroz de carreteiro
AULA 16
[A EVOLUÇÃO DA CULTURA
GASTRONÔMICA BRASILEIRA]
16.1. A globalização
e a curiosidade por novas experiências culturais, que até então, estavam tão distantes.
Por sua vez, a evolução dos métodos de conservação de alimentos aliados ao
transporte aéreo permite que ingredientes possam ser transportados, mantendo suas
características e seu frescor, possibilitando a preparação de pratos fora do local de
origem do alimento.
Anote isso
O pastel, hoje grande atração da feira livre paulistana, só ganhou popularidade
por aqui nos anos 1940. Os imigrantes chineses, na verdade, já faziam pastel
em São Paulo desde 1890. Mas o comércio dos pastéis era discreto até
o final da Segunda Guerra, quando São Paulo recebeu um contingente de
refugiados japoneses. Os japoneses, que junto aos italianos e aos alemães
formavam a potência do Eixo, tinham medo de sofrer preconceito no Brasil,
que apoiava a ação dos Aliados na guerra. Aproveitando-se da ignorância
ocidental quanto às diferenças entre as culturas orientais, os japoneses
camuflaram-se entre os chineses, imitando seu modo de vida. Um dos hábitos
que adotaram foi o de fritar pastéis. Disfarçados de chineses, os japoneses
abriram pastelarias em São Paulo e popularizaram o salgado. O quitute foi
adaptado da receita chinesa do rolinho primavera, feito de massa de arroz
e recheado com legumes e carne de porco. Aqui, o recheio foi logo trocado
para carne bovina, que agradava mais ao gosto do brasileiro.
Fonte: Brasieirices
Disponível em: http://www.brasileirices.com/2019/09/a-origem-do-pastel.html
Atualmente, pratos que eram simples e do nosso dia a dia, agora recebem uma
sofisticação, com a repaginação prato, mas não se perdendo das nossas raízes, fazendo
lembrar da comida da vó e da mãe, nos remetendo ao conforto de casa. Por isso estão
sendo também chamadas de “comfort foods”.
Com a divulgação maciça de programas
culinários nos meios de comunicação, percebe-
se um aumento de interesse e gosto pela
gastronomia. A cozinha passou a ser o local
não só de preparação das refeições diárias, mas
o local de reuniões e de integração da família
e de amigos. Com as facilidades tecnológicas
e de logística, ingredientes deixaram de ser
obstáculo para novas experiências. O brasileiro
hoje tem muito mais interesse pela culinária e Figura 32- Alta gastronomia.
Fonte: https://www.splitshire.com/woman-with-plate/
pelos elementos na nossa cultura. Constata-se
que cada vez mais, as reuniões de amigos e familiares giram em torno de uma mesa,
na qual o cardápio pode refletir em pratos brasileiros como a moqueca, a feijoada e
o bom churrasco.
CONCLUSÃO
Após essa jornada sobre a raiz da gastronomia brasileira, podemos concluir que a
culinária brasileira tem como base a miscigenação. É a mistura de cultura, técnicas e
ingredientes de vários povos. Também reflete a riqueza natural existente na sua grande
extensão territorial, na qual temos diferentes faixas climáticas, solo e vegetação. Não
podemos nos esquecer dos movimentos migratórios internos (entradas/bandeiras e
os tropeiros) e externos (italianos, japoneses, espanhóis, árabes etc).
Uma característica interessante, observando a cultura alimentar primitiva – indígena,
constatamos que, originalmente, a cozinha brasileira é sem glúten. Somente com a
chegada dos portugueses, conheceu o trigo.
Os índios contribuíram com a mandioca e seus vários usos, o consumo dos peixes
e carnes exóticas como antas e tatus. O moquém, técnica que consiste em secar
a carne no fogo para que pudesse ser consumida mais tarde, é, também, criação
indígena. Dos colonizadores, além dos métodos de preparo, ajudaram a fixar o gosto
pelo açúcar e a apresentação de novos ingredientes não nativos. Os escravos africanos,
por sua vez, disseminaram o uso do leite de coco, do azeite de dendê e da pimenta.
Vimos que o Brasil, apesar do seu arroz com feijão, não é um país cuja identificação
gastronômica se resuma em um ingrediente ou em um prato. Conhecer a gastronomia
brasileira é conhecer a própria história do Brasil. Vimos que em razão da sua extensão
geográfica e de suas características humanas e naturais, cada região tem a sua
identidade gastronômica,
Dizem que o norte do país representa a culinária tipicamente nacional, reunindo
características indígenas e europeias. Já a região nordeste, sofre a influência da sua
geografia e variações climáticas, resultando em pratos com ares do litoral como do serão.
Na região Centro Oeste, onde a pecuária é a principal atividade econômica, a presença
de carne bovina, caprina e suína é refletida nos pratos. Ainda, em seu cardápio existem
carnes exóticas e peixes típicos da fauna pantaneira.
Por sua vez, o cardápio mais miscigenado de todas as regiões é encontrado no
Sudeste que sofre influências nacionais e internacionais. Já a região sul apresenta forte
influência das colônias europeias, com referenciais italianos, alemães, portugueses e
espanhóis, mas que também é reconhecida pelo churrasco gaúcho e arroz carreteiro.
ELEMENTOS COMPLEMENTARES
LIVRO
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leitor com referências numerosas. Com humor e erudição, Leonardo Arroyo e Rosa
Belluzzo fornecem um panorama das matrizes culturais do nosso vocabulário à mesa.
LIVRO
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FILME
Título: Estômago
Ano: 2007
Sinopse: Raimundo Nonato (João Miguel) acaba de
chegar a São Paulo vindo do Nordeste. Ele não tem
dinheiro algum, muito menos lugar para ficar. Quando
consegue um trabalho informal num boteco, começa a
mostrar sua verdadeira aptidão: a culinária. Sua coxinha
logo faz sucesso e sua reputação faz com que consiga
um trabalho num restaurante italiano.
FILME
Título: O Quatrilho
Ano: 1995
Sinopse: Em 1910, numa comunidade rural de
imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, dois casais
dividem a mesma casa. O tempo faz com que uma
das esposas se interesse pelo marido da outra. Ambos
decidem fugir e recomeçar uma vida nova, deixando
para trás seus parceiros.
FILME
FILME
WEB
WEB
A revista Food Service News tem feito história no que diz respeito a informações
sobre o mercado de alimentação fora do lar. <https://www.foodservicenews.com.br/>
WEB
Pense no Acervo Culinário como um daqueles livros com poucas ilustrações, mas
muito conteúdo. Um arquivo que deve ser folheado como fonte de informação bem
direta, à moda antiga.
<http://www.acervoculinario.com.br>
REFERÊNCIAS
ATALA, Alex; DÓRIA, Carlos Alberto. Com unhas, dentes e cuca. SENAC São
Paulo, 2009. 352 p.
FISBERG, M.; WEHBA, J.; COZZOLINO, S. M. F. Um, dois, feijão com arroz:
a alimentação no Brasil de Norte a Sul. São Paulo: Atheneu, 2002).
FRIEIRO Eduardo. Feijão, angu e couve: ensaio sobre a comida dos mineiros.
Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1982.