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(Manual)
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Docente: António Mauritti
Novos Mundos Novos Sabores
6. Magnificiência: Pag 6
15.A culinária:
Pag 10
16.A cozinha moderna:
Pag 10
17.Cozinha nacional e a universalidade
Pag 11
francesa:
2
21.Ásia e ìndico, um universo de sabores
Pag 15
22.Até à India – Comida de saber e sabor
Pag 16
23.Dos himalaias ao Pacífico
Pag 17
24.Pan America
Pag 18
25.Referências e Bibliografia
Pag 22
2. COZINHA HUMANISTA
O Humanismo influenciou claramente a nova visão gastronómica: humanistas
quatrocentistas italianos defendem o génio culinário da antiguidade clássica, aplicada ao
benefício para a saúde, i.e., saborosa e saudável (práticas dietéticas) para o corpo e a
mente. O ser humano está no centro das preocupações. Daí surgirem diversos debates
sobre o que se come, como se come e, quais as melhores combinações, temperos e
especiarias… O que acaba por provocar uma transformação do paladar na Europa
Moderna.
O 1º livro de culinária “moderna”, Libro de arte coquinara (1450), de Maestro de Martino
of Como, tido como um manual de culinária das cortes, adaptado posteriormente por
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Bartolomeu Sacchi; bem como De Honesta Voluptate et Valetudine (1465), de Platina que,
adaptou as receitas de Martino atribuindo-lhe uma vertente moral e médica (influenciada
pela antiguidade clássica de Apicius e Plínio), revelam claramente o cunho humanista na
gastronomia da Europa moderna.
A relevância da obra de Platina foi tal que, no início do séc. XVI foi traduzido e adaptado
ao francês. Esta obra, tornou-se simultaneamente num manual prático de cozinha, num
guia dietético para uma vida saudável e, numa análise de filosofia gastronómica. Platina
equilibrou a dieta com a ciência da alimentação, a procura de uma vida saudável através
da gastronomia, a arte de comer bem, com o prazer e refinamento cultural.
3. COSMOPOLITANISMO
Tal como a cultura humanista, a cozinha humanista é também ela cosmopolita.
A tradução de várias obras foi um primeiro passo para a divulgação internacional de várias
receitas, bem como descoberta de similaridades entre elas. As receitas de Martino, bem
como em Platina, surgem identificados e comparadas com várias nacionalidades: o prato
de carne de aves assadas (mal passada ) catalã é tão distinta, não ficando atrás da receita
italiana. Políticas ou culturas diferentes, não impediram a abertura, e em última análise
aceitação de outras influências. Tal também é revelado pela presença da gastronomia e
dieta árabe em vários estudos da época.
Disso é exemplo a obra de Platina que frequentemente recomenda o uso de especiarias
tal como açafrão, pimenta e cravinho, comuns na gastronomia árabe e da europa da Idade
Média.
Condimentos considerados saborosos ou doces, eram considerados temperos. A
sobremesa como fase terminal da refeição não existia ainda. O açúcar era um elemento
frequente em todos os pratos: Martino recomenda frequentemente o uso de açúcar como
tempero, sendo que as suas amêndoas, especiarias e molhos incluem passas, ameixas e
uvas, comum na gastronomia árabe.
Apesar da defesa dos clássicos e da identidade nacional, há uma adaptação das inovações
de outras culturas. A gastronomia humanista renascentista deverá ser entendida com um
papel interventivo social, ao debater as inovações modernas e as estipuladas pelos
clássicos.
4. . Dietas saudáveis
Todas as publicações gastronómicas pós renascimento tinham por base a saúde: o que é
bom para alimentar o corpo, proporcionará uma vida mais feliz e consequentemente, uma
sociedade mais próspera. A “moderação” e a “frugalidade” são “mandamentos” desta
época. O próprio Platina na sua obra, recomenda o uso de vários condimentos
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unicamente como intensificadores de sabores na comida, e não com desmedida, luxúria e
intemperança, como acontece em Roma e outras cidades italianas onde reina a
obesidade.
Os benefícios ou perigos de determinados ingredientes é uma influência galénica que
continua presente: o equilíbrio dos fluídos básicos do corpo são definidos e influenciados
pelo consumo alimentar. Neste regime, as carnes e os peixes são considerados alimentos
mais saudáveis que frutas e vegetais, mas deverá sempre ser considerado como se come e
o que se come. Segundo Platina, os cogumelos e os vegetais não devem ser consumidos
após a fruta pois, dificultam a digestão, por serem alimentos frios e ricos em água. No
corpo humano todos os elementos devem estar em equilíbrio: melões e cogumelos,
apesar de serem considerados perigosos (por serem frios e ricos em água), poderão ser
consumidos desde que as suas características nefastas sejam corrigidas ao serem
combinados com outros ingredientes ou especiarias.
A etiqueta à mesa também sofre, nesta época, alterações. A mesa torna-se num local
importante de disciplina social. De civilate morum puerilium, Desiderius Erasmu’s (1536),
um livro onde são apresentadas as boas maneiras para rapazes, bem como boas maneiras
para a elite de toda a Europa; revela a importância que a etiqueta adquire nesta altura
pois, menos de uma década depois a obra é traduzida do latim, para Inglês, Alemão,
Francês e Checo.
Segundo esta obra demonstrar fome é rude, tal como não é educado nem seguro, beber
ou falar com a boca cheia. Outro elemento realçado é o facto de comer sem cessar, pois
deverá sempre haver algumas interrupções para se conversar; é desagradável comer com
as mãos: os talheres deverão ser usados.
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Contudo, de realçar que o uso dos talheres, nomeadamente, do garfo só se tornou
comum nas mesas da elite durante o séc. XVI-XVII, apesar de na corte francesa de Luís XVI
não ter sido aprovado o seu uso pelo Rei.
Outra das alterações, passa pelo uso de guardanapos e toalhas de mesa, bem como
lugares destinados por convidados.
De realçar que criados e convidados humildes não teriam lugar na mesa das elites.
6. Magnificiência
Um elemento característico desta época é a abundância e magnificência dos banquetes
cortesãos.
O realismo visando o impacto e deslumbramento dos convidados. O uso de tons dourados
e avermelhados, estão presentes na apresentação dos pratos. O uso de diversas
especiarias, como é o caso do açafrão, quer para alterar sabores, bem como alterar a
aparência.
Um sinal da abundância nos banquetes cortesãos é claro nos valores disponibilizados para
esse fim. Exemplo disso é o da visita de Maria Medici à corte, em que estava atribuído o
valor de £1600/mês, unicamente para despesas alimentares.
7. O cozinheiro Porfissional
Tal como a importância do humanismo renascentista se refletiu nas mesas dos banquetes
das elites, também o papel (e importância) do cozinheiro foi sofrendo alterações. Platina
sempre salientou a importância da ciência da cozinha. Contudo, os cozinheiros
renascentistas não viram o seu trabalho tão reconhecido e valorizado como os artistas
plásticos da época. Martino foi dos poucos a ver o seu trabalho dignificado pelos
intelectuais humanistas e pelas elites. Mas por mais que tentassem, cozinheiros
seiscentistas e setecentistas, não viram a ciência da cozinha reconhecida como arte liberal
e, apesar te todos os estudos e obras, a arte da gastronomia não foi reconhecida. Só cerca
de duzentos anos mais tarde, os cozinheiros verão a sua profissão reconhecida.
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séc. XVI já eram consumidas em Espanha, Itália, Inglaterra e Europa Central, mas em
reduzidas quantidades. Só no Séc. XVIII começa a fazer parte da dieta (regime/hábito)
alimentar, quando o seu valor agrícola se torna manifesto.
Também o tomate (ou maçã do amor), quer em pasta, ou em base de pratos, ou ainda
molhos, só se torna comum na Europa a partir de 1830. Já o milho foi um dos primeiros
ingredientes americanos a serem adotados pela dieta europeia.
Pelo contrário, outras novas comidas, como as turcas, bem como as “novas bebidas
quentes” (café, chá e chocolate), são rapidamente assimiladas pela gastronomia da
Europa moderna. Contudo, outros produtos exóticos não tiveram a mesma aceitação,
talvez devido a uma teimosia do conservadorismo da cultura clássica, elitista e popular:
inovações e novidades gastronómicas representavam verdadeiras ameaças à ordem social
vigente.
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10. Açúcar e escravidão
Uma das maiores transformações da realidade alimentar da Europa moderna deu-se com
o açúcar. Durante a Idade Média, o açúcar sempre foi existente e uma realidade na
confeção de pratos, mas unicamente como sendo mais um tempero ou especiaria. Era
efetivamente omnipresente.
Durante o séc. XVII o papel deste ingrediente, alterou-se radicalmente. Uma das razões
dessa transformação deveu-se ao crescimento do número de plantações de cana de
açúcar nas índias Ocidentais, bem como à sua já existente implantação nas ilhas
portuguesas e espanholas; o surgimento de colónias de escravos para as plantações, pelos
ingleses (Jamaica e Barbados), franceses (Saint Dominique, Guadalupe e Martinique) e
alemães levaram a um crescimento exponencial da produção de açúcar refinado, o que
facilmente contaminou as colónias europeias do Atlântico. No séc. XVIII o consumo de
açúcar explodiu verdadeiramente, desde um ingrediente próprio das mesas das elites à
rotina diária de plebeus. Mas a realidade é que o sucesso do açúcar na Europa se deveu
essencialmente à exploração do trabalho escravo nas Caraíbas.
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O aumento do uso do açúcar chega também como complemento para adoçar as bebidas
exóticas como o café, chá ou chocolate (já bem implementado no consumo da Europa
moderna).
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sabores naturais de cada prato. Recomendava um lento cozinhar das carnes no seu
próprio caldo.
Depois de La Varenne, os molhos (mais que as especiarias), tornam-se num elemento
central da alta cozinha europeia. O seu mais importante legado é o ragoût, um molho
intenso ideal para acompanhar peixes e carnes. Mas as inovações de La Varenne
abrangem também uma nova linguagem culinária: termos como, “fricassé”, “recheado”,
“embeber”. Introduziu também um uso maior de determinados ingredientes como as
linguiças e as trufas; abriu o caminho a novas criações linguísticas e conjunções de
sabores, muitos deles ainda hoje, usados como no original.
15. A culinária
Durante os séc. XVII e XVIII, e pela primeira vez na história da Europa, os franceses
continuaram a publicar os mais inovadores e importantes livros de cozinha., ajudando
assim na construção de um novo campo de literatura gastronómica.
Apesar da relevância da obra de La Varenne, esta não esteve isenta de críticas,
principalmente pela caneta de um autor unicamente conhecido como L.S.R.
L.S.R. apontava as exageradas semelhanças daquele com a cozinha árabe, por serem
pratos extremamente temperados e extravagantes. Esta era mais uma necessidade de
quebrar com as tradições culinárias da cozinha medieval e renascentista.
Mas a realidade é que o sucesso de La Varenne é indiscutível, além de ter escrito em
francês (numa época em que o uso do latim estava a decair), estabeleceu os primeiros
passos de um debate entre comer bem e comer saudável. Tema este que perdurou em
autores futuros. A cozinha tornou-se objeto de análise e estudos, tornando-se num
domínio literário reconhecido e, levando consequentemente, ao merecido
reconhecimento da profissão de cozinheiro. O próprio conceito de “comer bem” passa,
em finais do séc. XIX, a ser substituído pelo conceito de “gastronomia”.
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reconhecendo a importância do cozinheiro moderno como um ser que possui diversas
competências aliado a um distinto palato.
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19. Principios fundamentais d’A dieta mediterrânica
1. Frugalidade e cozinha simples que tem na sua base a variedade e riqueza de nutrientes
contidos nas sopas, os cozidos, os ensopados;
2. Elevado consumo de produtos vegetais em detrimento do consumo de produtos
alimentares de origem animal, nomeadamente de produtos hortícolas, frutas, cereais
pouco refinados, leguminosas secas e frescas, frutos secos e oleaginosos;
3. Consumo de produtos vegetais produzidos localmente ou de proximidade, frescos e da
época;
4. Consumo de azeite como principal fonte de gordura;
5. Consumo moderado de lacticínios;
6. Utilização de ervas aromáticas para temperar;
7. Consumo mais frequente de pescado e menos frequente de carnes vermelhas e de
gorduras animais;
8. Consumo moderado de vinho e apenas nas refeições principais;
9. Água como principal bebida ao longo do dia;
10. Convivialidade e partilha à volta da mesa.
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nomeadamente os figos, bem como pela recolha do mel. Se no norte de África já se
tratava do gado e se produzia iogurte e queijo, a verdade é que a sul do Sahara, a cultura
era bem diferente.
Todavia, bem no fundo de África, uma grande surpresa surge. Revelada por estudos de
DNA, indicam que uma nova “espécie” de ser humano, existindo pelo menos há 150 mil
anos e que se desenvolveu por essas bandas: os Coissans. Os Coissans são geneticamente
divergentes de outros povos no Mundo, mas não podem ser considerados uma nova raça,
antes sim uma cultura unificada (dos Cois e dos San) que se dedicou à caça e recoleção de
alimentos.
Quando os Europeus os conheceram, chamaram-nos de Bosquimanes, Homens dos
Bosques, ou hotentotes, nome como eram conhecidos pelo colonizadores Holandeses, e
que significava Gagos, claramente com uma conotação perjorativa.
Isto porque os Coissans, ou Koi San, que no fundo são a unificação de 2 grandes cuturas
que tinham como característica não só o modo de vida, mas também uma linguagem
peculiar: estalidos.
Este povo, geneticamente falando, separa-se claramente dos outros povos africanos, os
Bantus, e foram aos pouco sendo dominados pela expansão agrícola e pela necessidade
produtiva que, desde há mais de 4000 anos, se foi espalhando pela África Subsariana;
nomeadamente, com grandes áreas agrícolas e de produção de gado, ficando confinados
a áreas menos desejadas no Deserto do Kalahari, onde ainda hoje subsistem.
Sabemos que há cerca de 10000 anos já usavam Arcos e flecha, utilizavam pequenas
canoas, ou pranchas para pequenos trajetos em rios ou pela orla costeira. Mas sabemos
também, que há cerca de 35000 anos, alguém, na área onde estes povos habitavam e por
isso se crê que tenha origem nesta cultura, criou o que se crê ser o primeiro utensílio de
contabilidade. Falo de um osso com ranhuras, que não sabemos o que contavam, mas que
foi encontrado juntamente com pinturas murais milenares e que relatam parte da vida
comunitária destes dois povos. Este osso conhecido por Tally foi encontrado numa gruta
na África do Sul, a gruta de Lebombo.
Sabemos então, que a áfrica subsariana foi dominada, pelo menos desde há cerca de 4000
anos pelos Bantus, que tinham uma cutura muito ligada à exploração da terra.
É na margem Oriental do Continente Africano que a influência de comerciantes Iranianos
e Indianos, a par de uma comunidade Indonésia que se fixa em Madagáscar, que o grande
comércio do Índico ganha força e influencía a gastronomia tanto de Africanos, como de
Indianos.
É em África que descobrem a cana do açúcar. Existem alguns estudos que também
apontam a banana como sendo originária de África, Contudo também sabemos que há
pelo menos 8000 anos que na índia se cultiva a banana, o que de alguma forma,
possibilita a dúvida, Mas se pensarmos que, alguns milhares de anos antes, já galinhas e
porcos circulavam entre a Ásia e África, podemos afirmar seguramente é que, muitos
destes alimentos, são claramente colocados no mundo por força da intensa atividade
comercial e das trocas que existem entre estes 2 continentes, ligados por este entreposto
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gigante, muito maior que o mediterrâneo e que muitos milhares de anos antes
influenciaram estas grandes tradições mercantis.
Uma das mais fortes matérias primas, que se espalharam por todos o mundo, a par do
açúcar, é claramente o café.
Sabemos que pelo menos há 1000 anos que os povos na região oriental Africana
cultivavam e consumiam o café, não da mesma forma como hoje consumimos, mas
colhendo as bagas vermelhas e produzindo “barras energéticas”, misturando café com
gordura animal, o que era uma dose de força extraordinária.
No século XV, já no império Ottomano, e na península arábica desenvolve-se uma técnica
que deu origem ao café como nós o conhecemos.
Os árabes conseguiram durante muito tempo, preservar a produção e limitar o acesso à
planta do café, para assim, poderem cobrar o que queriam taxando o seu comércio com
preços muito elevados. Mas o seu grande carácter comercial, era mais forte que tudo, ao
levarem este novo produto aos portos Europeus do Mediterrâneo, revelaram esta nova
bebida, mas o Europeus não estavam definitivamente disponíveis para pagar os preços
proibitivos praticados pela bebida.
Entretanto, primeiro os Holandeses e aos poucos todos os Europeus, ao aperceberem-se
que na Europa não era possível cultivar café, mas que na América e que na mesma
latitude, tal como em outros locais dominados pelos Europeus em África, e no continente
Americano e nas Caraíbas, dedicaram-se ao seu cultivo. Estas plantações, tal como as da
cana de açúcar, levaram a um aumento do comércio escravo, desenvolvendo enormes
produções e plantações, que ainda hoje se mantêm.
Nesta altura, já existia uma tradição comercial fortíssima. Com a chegada dos Europeus, e
com a expansão marítima europeia, bem como com a volta de circum-navegação de
Fernão Magalhães, que percorreu todo o planeta, tudo passa a estar ligado e em
comunicação. Surge um novo conceito de mundo, mais alargado, levando mais tarde, à
globalização dos sabores no mundo.
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O Índico, é o oceano dos aromas. Da doçura e tranquilidade das suas águas temperadas e
calmas, que possibilitam uma intensa atividade marítima, tanto piscatória como de
navegação. Este aspeto, possibilita que se transforme num espaço cosmopolita, com
inúmeras culturas e trocas de produtos, que facilmente e consequentemente, chegam à
Europa e depois ao mundo.
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A definição que me refiro, tem a ver com a oportunidade de miscelanização que deve ser
vista como uma evolução de todos os aspetos culturais, e muito importante, da
gastronomia.
Novos marcos e novos produtos, que foram assimilados como sendo de todos.
Curiosamente, se nos primeiros livros da gastronomia europeia, não há referências a
produtos como o tomate ou a batata, já se faziam claras menções a produtos que eram
oriundos do extremo oriente, como as especiarias.
O curioso, que devemos realçar, é que tirando as massas em Italia, ou o arroz, ainda hoje,
o caril é um produto que sendo consumido em grande quantidade na Europa, nunca
perdeu a sua identidade indiana.
Por outro lado, o tomate, a batata e outros ingredientes que resultam do novo mundo e
das novas culturas que foram encontrados, foram assimilados como componente
fundamental de todas a culturas no mundo.
A inumeração dos ingredientes que resultam deste novo encontro, careciam de um
trabalho muito maior que este resumo, mas muito do receituário que conhecemos hoje
tem, de uma forma ou de outra, uma forte influência do novo mundo.
Mesmo que alguns ingredientes não sejam de lá originários, como o açúcar, o café ou a
banana, a verdade é que foi a exploração da disponibilidade de domínios e de uma
produção dominada pelos europeus, que deram à Europa a independência que conseguiu
durante séculos, de muitos produtos, nomeadamente o açúcar.
Não fosse a grande disponibilidade de produtos, vindos da américa, e lá introduzidos,
como a cana de açúcar, e garantidamente, a evolução cultural europeia, o cosmopolismo
que caracterizou a nova Europa, não seria possível o desenvolvimento, certamente, de
conceitos como a sobremesa.
Esta é uma das maiores referências.
A evolução para um novo mundo, maior e mais disponível, e o re-centrar da origens do
que comemos, é o maior contributo que o continente pan americano nos deu.
Fortemente influenciado, iniciamente, pelos colonos europeus, tanto a norte como a sul,
ou no centro da América, este acumulado de oportunidades, tanto de território como de
recursos, faz com que seja um destino de todo o mundo.
Japão, China e mesmo da Índia, para além dos europeus, este recentrar tem reflexo
gerando uma nova dinâmica que nos conduz à actualidade.
Em termos gatronómicos, o mundo deu uma nova volta e, a par de novos ingredientes, a
fusão entre a técnica tradicional de todas as origens, e algumas das mais ricas regiões no
que se trata de técnica de domínio da natureza, re-centram-se.
O chocolate, a batata, tomate, baunilha, o perú…(…) tantos, mas tantos os produtos que
de repente nos surgem-A culinária ganha um novo exotismo, fruto dos próprios
ingredientes.
Esta nova realidade reflete-se em toda a a evolução pan americana da gastronomia.
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A influência dos colonizadores, a par do que se ía aprendendo com os povos indígenas, é
facilmente verificada, nas criações e nas adaptações de receitas que íam chegando ao
novo continente.
Esta prespectiva de novo continente não espelhava, de todo, a realidade e a evolução
tecnológica que se pode verificar ainda hoje, nas culturas que dominavam, principalmente
na América central e do sul, nomeadamente na que se extende pela costa do pacífico.
A constatação pode ser verificada, olhando somente para um dos países do novo
continente. Muita da arte agrícola e do conhecimento que tão rapidamente se espalha
pelo mundo, é de influência Inca e Azteca, mas principalmente os Incas, e o pequeno
paraíso que é o Peru. O Perú é um país onde se pode encontrar a maior parte das
realidades geoclimatéricas do planeta, em 124, no Perú exitem 84. Desde vales profundos
e ricos, montanhas com grande cumes a selvas frondosas, juntamente com o Pacífico, que
ali oferece uma das melhores situações de pesca, em variedade, qualidade e acesso.
Associar o acesso que os povos têm a uma tão grande variedade de produtos, seria
impossível não mencionar a riqueza cultural e civilizacional que por ali se faz sentir.
Esta é só uma fracção do todo que se pode encontrar.
No norte, a disponibilidade de território, o povoamento que ali acontece durante séculos,
a constante deslocação de novas gentes.
A fusão de algum do saber indígena, a par do conhecimento produtivo e da
disponibilidade dos terrenos que aos poucos iam sendo subtraídos às tribos indígenas. O
contacto com os novos produtos, fizeram dos Estados Unidos um país com espirito de
crescimento e empreendorismo, que levaram à criação de novos hábitos.
Falar da culinária americana, é falar de toda uma história de países e culturas, ainda em
estado de definição.
Apesar de ao longo do tempo se identificarem com aspetos únicos, por força de novos
ingredientes; aos poucos, se foram criando novas ligações, com ancestrais conhecimentos
indígenas, que vão marcando cada vez mais os territórios.
Do norte caracterizado pelo “deserto” de actividade transformadora, os povos, muito
nómadas, adaptavam-se às condições climatéricas e aos recursos que o solo lhes ía dando.
Por outro lado, bastava o continente estreitar, que se deparava com uma riqueza cultural
e de recursos.
No México dominado por Aztecas, a cultura gastronómica deixava de ser meramente
recolectora, e demonstrava um grande conhecimento tecnológico, que revelavam
técnicas de produção que influencíam não só o que se come, mas também como se come.
O domínio e a influência do milho, fazia parte de toda a cultura tendo um papel fulcral na
vivência e na mitologia Azteca.
Aliás, o milho era base da alimentação de todo o continente. E mais tarde, com a sua
difusão e domínio, a base da alimentação, a par do arroz, em todo o mundo.
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A cultura Azteca dominava o centro da América e mais a sul, o domínio Inca, era mais rico
culturalmente falando, também por força da riqueza de recursos que caracterizava esta
sociedade.
Os hábitos alimentares curiosamente como no méxico, incluíam o consumo de insectos e
larvas. Ainda hoje, é normal encontar pratos, onde larvas, ou óvos de insectos, são uma
grande fonte proteica, preferida muitas vezes às carnes disponíveis, de alpaca, lama e
outros animais.
Ao longo de todo o continente, a culinária, foi sofrendo uma grande influência dos
colonizadores. A introdução de novos produtos, a par da destruição dos meios produtivos
e símbolos culturais, introduz novos hábitos, mas também novos conhecimentos, fruto de
um acumular de saber, resultado da troca cultural, entre europeus, árabes e as ricas
culturas aqsiáticas. A sul, é notória essa influência.
Se por um lado alguma cultura indígena faz parte dos costumes e tradições que se foram
desenvolvendo, a verdade, é que tal como na América do Norte, o grande afluxo de
migrantes, trouxe com eles hábitos e ingredientes, que se misturaram e alteraram,
adaptando aos recursos disponíveis.
Essa miscelânea de saberes e sabores, gerou uma nova culinária que se sente, não só no
novo mundo, mas em todo o planeta.
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25. Referências e Bibliografia
Três grandes novas invenções ditaram uma transformação na cultura gastronómica da
Europa moderna:
i
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etimologicamente está associado à ideia de Medi (meio) + Terra, no fundo será o mar no meio
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