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Existe uma diabetes tipo 3?

Existem vários tipos de diabetes e, apesar de o tipo 1 e o tipo 2 serem os mais conhecidos,
sabe-se hoje que existem outros menos conhecidos. Ouve-se até falar num tipo 3. Afinal
existe ou não a diabetes tipo 3?

Quando ouvimos falar de diabetes distinguem-se sobretudo 2 tipos principais: a diabetes tipo
1 e a tipo 2. No entanto, conhecem-se hoje, o outros tipos mais raros da doença, como a
diabetes LADA (Latent Autoimmune Diabetes in Adults) ou a diabetes MODY (Maturity-
Onset Diabetes of the Young). Contudo, há hoje uma nova designação de que se tem vindo a
ouvir e que vale a pena esclarecer: Será que existe uma diabetes tipo 3?

Existe uma diabetes tipo 3?


Para encetar esta questão é, antes de mais, necessário falar da relação entre a diabetes e a
doença de Alzheimer. Porquê? Porque é esta a doença que poderia ser encarada como
diabetes tipo 3.

A doença de Alzheimer e a diabetes

A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência (representa 50 a 70 % dos


casos). Provoca uma deterioração progressiva e irreversível das funções cognitivas que afeta
a capacidade de a pessoa manter as suas atividades diárias.
Ao nível mundial, os números mostram-nos que a doença de Alzheimer afeta 1 em cada
80 mulheres e 1 em cada 60 homens (com idades compreendidas entre os 65 e os 69
anos). A prevalência aumenta com a idade.

Esta doença neurodegenerativa caracteriza-se pela morte de neurónios (células do sistema


nervoso) em determinadas partes do cérebro. Como consequência a conexão entre estas
células é danificada, o que se traduz numa incapacidade de recordar informação. Assim, à
medida que a doença de Alzheimer vai afectando as várias áreas do cérebro, a pessoa perde
capacidades que não consegue recuperar ou reaprender.

O que tem despertado a atenção da comunidade científica são as descobertas sobre vários
mecanismos no organismo que ligam a doença de Alzheimer à diabetes:

• A glicose é também utilizada como fonte de energia para o cérebro. No entanto,


como o cérebro é incapaz de armazenar glicose, depende do seu transporte através do
sangue. Na doença de Alzheimer, contudo, o transporte que se faz da glicose para o
cérebro está diminuído. O deficiente metabolismo da glicose nas várias fases da
progressão da doença conduz ao aumento do stresse oxidativo e dos processos
inflamatórios no cérebro. A estes processos dá-se o nome de processos de
neurodegeneração;

• Por outro lado, na doença de Alzheimer encontram-se níveis reduzidos de insulina ao


nível cerebral ou mesmo insulinorresistência, o que pode, também, ter consequências
na sensibilidade dos neurónios para a captação de glicose. Esta insulinorresistência
parece, todavia, estar relacionada com os processos neurodegenerativos da
doença de Alzheimer.

Assim, e com base nesta relação entre o metabolismo da glicose e os processos de


degeneração cerebral foi proposto recentemente que a doença de Alzheimer possa, também,
ser uma forma de diabetes, dadas as implicações da insulinorresistência ao nível cerebral no
seu desenvolvimento.

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